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INTRODUÇÃO
A odontologia engloba o tratamento de patologias da cavidade bucal OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
e seus anexos, envolvendo terapias clínicas e cirúrgicas. O grau de
• Conhecer a queixa principal do
complexidade de um procedimento odontológico está associado aos
paciente
sinais patognomônicos, à patologia a ser tratada e às condições de
• Entender como aplicar a ficha de
saúde do paciente.1
anamnese
Na implantodontia, assim como em qualquer abordagem cirúrgica, • Identificar os fatores de risco
devem ser consideradas: a capacitação e formação do profissional e previamente à instalação do
sua equipe de apoio técnico, os ambientes disponíveis, o consultório implante
odontológico (ambulatorial) ou o hospital (ambulatorial e internação).
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
A avaliação pré-operatória objetiva identificar as possíveis doenças
que possam comprometer o ato cirúrgico e o pós-operatório,
determinar se o paciente pode ser submetido ao procedimento
cirúrgico e traçar a conduta adequada para minimizar as morbidades
trans e pós-operatória.2
EXAME CLÍNICO
Inicia-se o exame clínico no primeiro contato com o candidato
à prótese implantossuportada pela verificação e anotação dos sinais
vitais – temperatura corporal, frequência cardíaca, frequência
respiratória e pressão arterial. Em seguida, realiza-se uma análise
mais detalhada para o planejamento com implantes (linha do sorriso,
fenótipo tecidual, corredor bucal e formato dos dentes).4
ETIOLOGIA DO EDENTULISMO
A etiologia do edentulismo é importantíssima na estimação do risco
ao fracasso da osseointegração.
CONDUTA CLÍNICA
ATENÇÃO
ASA I: o plano de tratamento deve ser mantido.
A classificação ASA6 é utilizada
ASA II: pertencem a esta categoria pacientes que apresentam: somente para procedimentos
ansiedade extrema, história de mal-estar ou síncope; obesidade cirúrgicos eletivos, como é o
moderada; mais de 65 anos; hipertensão arterial controlada; diabetes caso das cirurgias para
instalação de implantes.
tipo 2 controlado; distúrbios convulsivos controlados; asma com uso
eventual de broncodilatador em aerossol; tabagismo sem doença
pulmonar obstrutiva crônica; angina estável assintomática; história
de infarto do miocárdio ocorrido há mais de 6 meses sem
sintomatologia. O médico clínico assistente deve ser consultado para
esclarecimentos sobre o estado de saúde desses pacientes, ainda
que apresentem risco mínimo para complicações anestésicas durante
o tratamento odontológico.
ANSIEDADE
Existe um estigma relacionado à dor e ao desconforto que podem ser
desencadeados durante o tratamento. Atualmente, a dor durante
o tratamento odontológico é totalmente controlada pelas técnicas
anestésicas. Porém, o profissional deve ter controle das sensações
de fundo psicológico, como o medo e a ansiedade.9
HIPERTENSÃO ARTERIAL
É o termo utilizado para definir a pressão arterial (PA) cronicamente
elevada. Pode danificar as artérias, embora esse feito ocorra muito
lentamente, ao longo de vários anos. A hipertensão arterial sistêmica
(HAS) é altamente prevalente, e sua ocorrência eleva
progressivamente com o aumento da idade. Isso ocorre, em parte,
devido à perda da elasticidade das paredes arteriais resultante
do processo de envelhecimento. Estima-se que 60% das pessoas
acima de 60 anos sejam hipertensas. É considerado um importante
fator de risco para aterosclerose e outros eventos como infarto do
miocárdio, angina pectoris, acidente vascular encefálico (AVE) e outras
complicações (p. ex., insuficiência renal e doença arterial periférica).
ANGINA PECTORIS
Angina pectoris é a expressão clínica da doença arterial coronariana,
principal causa do infarto agudo do miocárdio; é o sinal de uma
isquemia cardíaca transitória, e se caracteriza por dor torácica súbita
com ou sem sensação de pressão ou queimação. A sintomatologia
tem curta duração e a intensidade pode variar, podendo ser
desencadeada através de estímulos externos como é o caso do
estresse durante uma consulta odontológica. Geralmente, a crise
cessa com a utilização de um agente vasodilatador coronariano
(via sublingual).
INFARTO DO MIOCÁRDIO
É a necrose ("morte") de uma região do músculo cardíaco em
consequência de uma interrupção abrupta do suprimento sanguíneo
que irriga tal região (Fig. 1.1). Manifesta-se, em geral, por meio de dor
semelhante à da angina, porém, mais intensa e duradoura (em média
30 minutos), constritiva, irradiada para o braço direito e/ou esquerdo.
A B
ANEMIA
É uma alteração caracterizada pelos baixos valores de hemoglobina
ou do hematócrito (Fig. 1.3). É geralmente causada pela perda
de sangue e deficiência de íons ferro e vitamina B. Os sintomas
costumam ser cansaço, fraqueza, dificuldade de concentração,
insônia e palidez da conjuntiva ocular e surgem quando os níveis
do hematócrito estão abaixo de 30%, que devem ser compensados
previamente ao procedimento cirúrgico.12
A B
Hemácias Hemácias
Leucócitos Leucócitos
Plaquetas Plaquetas
OSTEOPOROSE
É um distúrbio osteometabólico caracterizado pela diminuição
da densidade mineral óssea (DMO), com deterioração da
microarquitetura óssea, levando a um aumento da fragilidade
esquelética e do risco de fraturas (Fig. 1.4). Segundo a National
Osteoporosis Fundation,16 um terço das mulheres e um quinto dos
homens com mais de 50 anos de idade irão experimentar fraturas
osteoporóticas. O risco combinado de fraturas do antebraço, quadril
e vértebras é de aproximadamente 40%, equivalente ao risco para
doença cardiovascular. Esta condição atinge 2 vezes mais as mulheres
do que os homens como resultados da diminuição dos níveis de
estrógeno no período da menopausa ou após a remoção dos ovários.
Com relação à osseointegração, os estudos não demonstram uma
associação entre a baixa densidade óssea e a falha na osseointegração.
Porém, atenção deve ser dada aos pacientes com osteoporose que
fazem uso de bifosfonatos. Apesar de não haver contraindicação total
para procedimentos cirúrgicos, é importante ficar atento durante
o planejamento para instalação de implantes, pois existe o risco de
desenvolvimento de osteonecrose.17
ASMA BRÔNQUICA
É uma doença pulmonar obstrutiva, caracterizada pela reatividade
da traqueia e brônquios a vários estimulos que se manifestam
clinicamente por meio do estreitamento das vias aéreas (Fig. 1.5).
Músculo liso
contraído Via aérea normal
B
Vasos sanguíneos
infiltrados por
células do
sistema imune
Inflamação e
intumescência
Excesso de Diminuição
muco de diâmetro Revestimento Lúmen
do lúmen de muco Músculo Vasos sanguíneos
liso
Figura 1.5 – Imagem de via aérea obstruída, representativa de asma brônquica, Figura 1.4 – (A) Osso normal
e normal. e (B) com osteoporose.
TABAGISMO
Existem fatores externos que também influenciam bastante durante
o planejamento com implantes. O fumo é considerado um destes
fatores, pois exerce efeitos locais e sistêmicos, tais como
imunossupressão devido ao decréscimo na população de linfócitos
(T, T4 e T8) e diminuição nas funções do linfócito T auxiliar (T-helper),
com consequente comprometimento da produção de imunoglobulinas.
O tabaco ainda diminui a quimiotaxia e a fagocitose dos neutrófilos e
aumenta a liberação de mediadores da inflamação
(prostaglandinas-E2, fator de necrose tumoral-alfa e interleucina-6)
pelos monócitos, podendo contribuir com a perda óssea peri-implantar
e a falha na osseintegração.19-21
IDADE
A idade não tem influência na taxa de sucesso em relação a implantes
instalados em adultos jovens e idosos saudáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consentimento informado O laudo profissional e o consentimento informado devem ser
redigidos de forma clara, a fim de evitar dificuldades de compreensão,
Documento formulado com base na
e devem ser apresentados ao paciente ou ao seu representante legal.
autonomia do paciente. Inclui as
informações prestadas pelo
Este documento não se resume à mera adesão do paciente à proposta
profissional referentes às do profissional ou permissão para a realização do tratamento. Por meio
alternativas terapêuticas e suas dele, o paciente toma uma decisão consciente e voluntária quanto
possibilidades de sucesso, risco, à realização de um tratamento ou à eleição de outra opção.
sequelas ou complicações. Após
sua discussão, havendo
concordância, deve ser assinado
pelo paciente ou por seu
representante legal.
Exames laboratoriais
GABRIEL LEONARDO MAGRIN
RICARDO DE SOUZA MAGINI
INTRODUÇÃO
O processo de diagnóstico passa por etapas fundamentais, OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
abordadas neste livro, que são a anamnese e o exame clínico.
• Caracterizar a inserção dos
Porém, aproximadamente um quinto dos pacientes odontológicos
exames laboratoriais na
apresentam doenças sistêmicas não diagnosticadas e que, implantodontia
consequentemente, não são relatadas no histórico de saúde.1
• Apresentar os principais exames
Ainda, a necessidade de investigação do estado de saúde para o manejo do paciente que
pré-operatório de pacientes que serão submetidos a procedimentos passará pelo tratamento com
cirúrgicos não pode ser mensurada apenas pelas manobras implantes dentários
semiológicas tradicionais.2 É neste contexto que utilizam-se os • Dar noções de interpretação dos
exames complementares, importantes instrumentos no resultados dos exames
diagnóstico do estado de saúde individual. laboratoriais
Os testes laboratoriais, por mais sofisticados que sejam, não devem ser LEMBRETE
considerados obrigatórios para todos os pacientes. É preciso reconhecer
É importante que o cirurgião-
a real necessidade do exame, o estado físico do paciente e o tipo de
-dentista oriente o paciente quanto
procedimento que será realizado, para que os exames mais indicados ao preparo necessário para alguns
sejam solicitados, considerando seus riscos e benefícios.2 O cirurgião- exames laboratoriais, como tempo
-dentista sempre deve ter consciência que estes são exames de jejum e redução de atividades
complementares, e que a anamnese e o exame clínico são soberanos físicas. Se o profissional
na elaboração do diagnóstico. desconhecer esses cuidados, ele
deve pedir para que o paciente entre
A interpretação dos exames laboratoriais não se faz apenas pela em contato com o laboratório que
verificação dos valores arbitrados, como de referências de normalidade.2 realizará os exames.
EXAMES HEMATOLÓGICOS
Os exames hematológicos são realizados a partir de amostras de sangue
venoso e possuem grande importância na avaliação pré-cirúrgica de
pacientes. São também os exames mais comumente requisitados para a
implantodontia. Nesta categoria de exames, destacam-se o hemograma,
o coagulograma e a análise bioquímica do soro.
HEMOGRAMA
O hemograma é considerado um exame laboratorial de rotina e avalia
quantitativa e qualitativamente os elementos figurados do sangue.1-5
As suas principais indicações incluem as suspeitas de doenças
relacionadas às alterações na hematopoiese e o diagnóstico de
estados mórbidos que determinam alterações na parte celular
do sangue (p. ex., neutropenia, agranulocitose, anemias, etc.).
ERITROGRAMA
O eritrograma irá avaliar a séria vermelha ou eritrocitária do sangue.
Os dados desse exame auxiliam no diagnóstico, quantificação e
classificação das doenças hematológicas. Suas determinações
incluem: contagem de eritrócitos, dosagem de hemoglobina e
SAIBA MAIS o hematócrito.1-5