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Exame dos nervos cranianos: Em particular, o movimento facial deveria ser testado e a
sensação facial determinada. A simetria facial é melhor observada quando o paciente
está falando. O movimento da boca quando o paciente fala é importante, especialmente,
quando ele realiza alguma expressão emocional. A parte superior da face é
bilateralmente inervada e, assim, a perda de enrugamento de uma metade da testa ou
ausência de piscar sugere uma lesão na inervação motora inferior. O exame da face
superior (ao redor dos olhos e fronte) é realizado na seguinte maneira:
• Se o paciente é solicitado a fechar os seus olhos a paralisia pode tornar-se óbvia, com
a pálpebra afetada caindo ao fechar e o globo ocular virando para cima de modo que a
parte branca dos olhos é mostrada (Sinal de Bell).
• Fraqueza dos músculos oculares orbiculares com força suficiente para fechar o olho
pode ser comparada com o lado normal, pedindo ao paciente para fechar os olhos
firmemente e observando o grau de força requerida à parte da pálpebra.
• Se o paciente é solicitado para franzir a testa, a fraqueza pode ser detectada pela
diferença entre os dois lados. A face inferior (em volta da boca) é melhor examinada
solicitando ao paciente a:
- Sorrir.
- Revelar os dentes ou franzir os lábios.
- Soprar as bochechas ou apito.
ORIENTAÇÕES GERAIS:
• Fragmento de tecido indesejável: incisão rasa, remoção muito superficial da lesão sem
poder verificar a relação com tecido vizinho sadio (neoplasias malignas invadem tecido
vizinho, neoplasias benignas não invadem).
• Fragmento de tecido desejável: incisão estreita e profunda, removendo uma margem
de tecido sadio.
Quando temos redução de duas das três linhagens de células do sangue, chamamos de
bicitopenia. Quando os três tipos de células estão reduzidos, damos o nome de
pancitopenia.
• Eritrograma: é a primeira parte do hemograma. É o estudo dos glóbulos vermelhos, ou
seja, das hemácias, também chamadas de eritrócitos. O eritrograma fornece várias
informações sobre o perfil dos glóbulos vermelhos. Podem ser observados parâmetros
quantitativos (contagem de eritrócitos, dosagem de hemoglobina e hematócrito) e
qualitativos (volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média e
concentração de hemoglobina corpuscular média).
Avaliações Quantitativas: Esses três primeiros dados devem ser analisados em conjunto
e são: contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito.
- Contagem normal de hemácias em homens varia de 4.400.000 a 6.000.000 por
milímetro cúbico de sangue e em mulheres varia de 4.200.000 a 5.500.000 por
milímetro cúbico de sangue. Após 65 anos há decréscimo dos valores, influenciando a
resposta tecidual frente a procedimentos cirúrgicos.
- Dosagem de hemoglobina: reflete a quantidade de hemoglobina nos eritrócitos, logo a
capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Valores de normalidade: para
homens 15,3 gramas por decilitro de sangue, e 13,8 gramas por decilitro de sangue para
mulheres.
- Hematócrito: analisa a proporção de volume da amostra de sangue ocupada pelas
hemácias. Normalidade - 42 a 47% da amostra de sangue, podendo variar conforme
sexo, altitude e grau de atividade física. Pode-se notar, portanto, que praticamente
metade do sangue é, na verdade, composto por células vermelhas.
Avaliações Qualitativas: Essas outras informações fornecem dados a respeito do
tamanho e a forma das células vermelhas.
- Volume corpuscular médio: volume médio dos eritrócitos, ou seja, o tamanho da
célula. Utilizada para realizar diagnóstico diferencial entre as diferentes anemias.
Calcula-se dividindo o hematócrito pelo número de eritrócitos. Os valores variam de 80
micras cúbicas até 98 micras cúbicas. Quadros anêmicos onde o tamanho da célula é
normal são chamados de anemia normocítica, enquanto nos que o volume da célula é
menor, ou seja, as células são menores que o normal, são denominados de anemia
microcítica. Já nos quadros em que o volume está aumentado, ou seja, as células são
maiores que o normal, denominamos anemia macrocítica. Por exemplo, anemias por
carência de ácido fólico cursam com hemácias grandes, enquanto que anemias por falta
de ferro se apresentam com hemácias pequenas. Existem também as anemias com
hemácias de tamanho normal.
- Hemoglobina corpuscular média: representa a quantidade de hemoglobina média no
interior das hemácias, o peso da hemoglobina na hemácia. Valor de normalidade: 24 a
33 Quando os valores dos dados quantitativos estão reduzidos, indicam anemia, isto é,
baixo número de glóbulos vermelhos no sangue. Quando estão elevados indicam
policitemia (eritrocitose), que é o excesso de hemácias circulantes. picogramas. Anemia
hipocrômica é a diminuição de hemoglobina no interior de hemácias. Anemia
hipercrômica é o aumento de hemoglobina no interior de hemácias.
- Concentração de hemoglobina corpuscular média: Reflete a relação do valor de
hemoglobina contido em uma quantidade de sangue e o volume globular expresso em
porcentagem. Nos mostra a concentração de hemoglobina dentro da hemácia. A
coloração da hemácia depende da quantidade de hemoglobina (quanto mais
hemoglobina, mais corada e vice-versa). Normalidade: 32 a 36%.
*Aumento da concentração de hemoglobina corpuscular média: anemia hipercrômica.
Acima de 36%.
*Diminuição da concentração de hemoglobina corpuscular média: anemia hipocrômica.
Abaixo de 32%.
Anormalidades no Eritrograma:
Anemia: condição na qual o número de eritrócitos ou a quantidade de hemoglobina
presentes nas células estão abaixo do normal. Reflete um déficit no transporte de
oxigênio. Lembrando que existem vários tipos de anemia e que em alguns quadros de
anemia há diminuição de hemoglobina, em outros há diminuição dos eritrócitos, ou
então há diminuição de ambos. A forma mais comum de análise de anemia se baseia na
hemoglobina (Hb) sendo considerada anemia leve para os valores de Hb entre 12 e 10,
anemia moderada Hb entre 7 e 10 e anemia severa quando os valores de Hb < 7. Se por
um lado a falta de hemácias prejudica o transporte de oxigênio, por outro, células
vermelhas em excesso deixam o sangue muito espesso, atrapalhando seu fluxo e
favorecendo a formação de coágulos.
Sinais clínicos: astenia (fraqueza muscular), dispneia (alterações respiratórias),
hipotensão ortostática (baixa de pressão quando paciente levanta), picos de taquicardia,
mucosas pálidas, glossite e queilite angular, pele fria e seca, cabelo sem brilho e
quebradiço. Em casos mais graves pode-se notar alterações neurológicas, como
parestesia das extremidades, cefaleias e irritabilidade.
Causas: falta de produção dos eritrócitos, aumento da demanda de eritrócitos, excesso
de destruição dos eritrócitos, perda hemorrágica. A falta de produção usualmente está
relacionada à deficiência de ferro, ácido fólico, ou vitamina B12. Pode também estar
associada a defeitos genéticos, má formação de tecido hematopoiético, falta de estimulo
da eritropoietina. A deficiência de ferro é a mais observada na clínica, estando
relacionada a uma dieta carente em ferro ou à deficiência na absorção dele. A
deficiência do ferro impossibilita o transporte de oxigênio, sendo denominada de
anemia ferropênica ou ferropriva. O aumento da demanda de eritrócitos é observado
durante a gravidez e o crescimento. O excesso de destruição de hemácias é observado
em casos de hemólise e esplenomegalias. Perdas hemorrágicas ocorrem em quadros de
sangramento digestivo, hipermenorreias e ruptura de vasos importantes.
• Leucograma: Identifica os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos do
sangue) tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo morfológico. A média de
leucócitos no sangue é de 5.000 a 10.000 por milímetro cúbico de sangue. Esse valor de
referência de normalidade se modifica conforme idade, sexo, raça, temperatura
ambiente, situações de repouso ou exercício físico, ansiedade, depressão, alimentação,
gravidez e período menstrual. Quando o leucograma apresenta índices aumentados na
contagem de leucócitos, denominamos de leucocitose pode ser causada por uma
infecção e até uma leucemia. Em casos de diminuição na contagem, é chamado de
leucopenia que pode ser causada pelo uso de medicamentos ou quimioterapia, por
exemplo, e cada uma destas situações necessita de um tratamento específico. Os
leucócitos são células mais volumosas quando comparadas com as hemácias. A
principal função dos leucócitos é participar da defesa imunológica, quando requeridos,
dessa forma saem da corrente sanguínea e defendem os tecidos. A produção dos
leucócitos também depende do estímulo sistêmico, na presença de quadros infecciosos
há um considerável aumento na produção, visando debelar o processo a defesa. Os
leucócitos podem ser divididos em granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e
agranulócitos (linfócitos e monócitos). Os grânulos presentes no citoplasma são
compostos por enzimas que participam da resposta imunológica que cada célula vai
desempenhar. O número total de leucócitos circulantes varia de 5.000 a 10.000 por
milímetro cúbico de sangue. Em valores abaixo de 5.000, há um quadro de leucopenia.
Em valores acima de 10.000 há um quadro de leucocitose, refletindo uma resposta da
medula óssea a estímulos que produzem aumento da produção de linhagem neutrofílica
ou linfocítica. Esses estímulos podem ser inflamatórios ou neoplásicos. O leucograma
permitirá verificar quantitativamente cada um dos leucócitos. Sabe se que em situações
de normalidade há um predomínio de neutrófilos (50-70%), seguido de linfócitos,
monócitos, eosinófilos e basófilos.
- Pápula/Nódulo
Representam crescimentos sólidos com menos do que 5 mm de diâmetro (pápula) ou
mais do que 5 mm de diâmetro (nódulo). Podem ser solitários (únicos) ou múltiplos,
estar associados a algum fator irritativo (biofilme bacteriano ou trauma) ou ter
surgimento espontâneo. Neste grupo, estão incluídas as lesões que se caracterizam pelo
crescimento tecidual, incluindo lesões de natureza reacional/inflamatória e neoplasias,
em particular as de natureza benigna. Na maioria dos casos indicam lesão benigna, mas
em alguns casos, trata-se de tumor maligno.
Principais hipóteses:
• Hiperplasia inflamatória, granuloma piogênico, fibroma ossificante periférico, lesão
periférica de células gigantes, papiloma, lipoma, fibroma, carcinoma espinocelular.
Considerações sobre a descrição das lesões: Alguns detalhes são fundamentais para a
descrição apropriada destas lesões e a boa condução do diagnóstico:
• Consistência: mole, firme/ fibroelástica/ borrachóide ou dura
• Base da lesão: pediculada (estreita) ou séssil (ampla)
• Cor
• Presença de áreas avermelhadas ou ulceradas na sua superfície: sim ou não
LÁBIO DUPLO
Anomalia oral rara, caracterizada pelo crescimento exuberante de tecido na mucosa
labial. A sua maior frequência é de natureza congênita, porém pode ser adquirido
tardiamente durante a vida. Acredita-se que os casos congênitos se desenvolvam durante
o segundo ou terceiro mês da gestação como resultado da persistência do sulco entre a
parte vilosa e a parte glaba do lábio. O lábio duplo adquirido pode ser um componente
da síndrome de Ascher, ou pode ser causado por traumatismo ou hábitos orais, como
sugar o lábio. O lábio superior é afetado com frequência bem maior que o inferior e,
ocasionalmente, ambos podem estar envolvidos. Com os lábios em repouso, a condição
em geral não é percebida, porém quando o paciente sorri ou quando os lábios são
tensionados, o excesso de tecido se torna visível.
GRÂNULOS DE FORDYCE
Glândulas sebáceas que ocorrem na mucosa oral. Lesões semelhantes já foram relatadas
também na mucosa genital. As glândulas sebáceas são consideradas estruturas dérmicas
anexas, por isso, quando encontradas na cavidade oral, são muitas vezes consideradas
“ectópicas”. Entretanto, como os grânulos de Fordyce são relatados em mais de 80% da
população, sua presença deve ser considerada uma variação anatômica normal.
Apresentam-se como múltiplas pápulas amareladas ou branco-amareladas, mais
frequentemente encontradas na mucosa jugal e na porção lateral do vermelhão do lábio
superior. Às vezes, tais glândulas aparecem também na região retromolar e no pilar
amigdaliano anterior. São mais comuns em adultos do que em crianças, provavelmente
devido a fatores hormonais; a puberdade parece estimular o seu desenvolvimento. As
lesões são tipicamente assintomáticas, embora os pacientes sejam capazes de sentir uma
leve rugosidade na mucosa. Podem ocorrer variações clínicas consideráveis; em alguns
casos, os pacientes podem ter uma quantidade pequena de lesões, enquanto que outros
podem ter literalmente centenas destes “grânulos”.
LEUCOEDEMA
Condição comum da mucosa oral de etiologia desconhecida. Ocorre mais
frequentemente em indivíduos negros do que em brancos, sustentando a probabilidade
de predisposição genética para o seu desenvolvimento. Tem sido relatado em 70% a
90% dos adultos negros e em 50% das crianças negras. Tal variação pode refletir
diferenças nos grupos populacionais, condições de exame e rigor do critério utilizado
para a obtenção do diagnóstico. Independente disto, o leucoedema apresenta-se de
forma muito mais sutil em brancos e muitas vezes, é de difícil percepção. A diferença
da predileção pela raça pode ser explicada pela presença de uma pigmentação na
mucosa em indivíduos negros que torna mais visível a alteração edematosa. Como o
leucoedema é muito comum, parece ser razoável argumentar que o leucoedema
representa mais uma variação da normalidade do que uma doença. Esse argumento pode
ser sustentado pelo achado semelhante de mucosa edemaciada na vagina e na laringe.
Embora o leucoedema pareça ser uma alteração do desenvolvimento, alguns estudos
mostraram que o leucoedema é mais comum e mais acentuado em pacientes tabagistas e
se torna menos pronunciado quando o paciente abandona o hábito do tabagismo.
Caracteriza-se pela aparência difusa, opalescente e branco-acinzentada cremosa da
mucosa. A superfície apresenta-se frequentemente pregueada, resultando em estrias
esbranquiçadas ou rugosidades. As lesões não são destacáveis. Em geral, o leucoedema
acomete a mucosa jugal bilateralmente e pode estender-se até a mucosa labial. Em raras
ocasiões, pode haver envolvimento do soalho bucal e dos tecidos palato-faringeanos. O
leucoedema pode ser facilmente diagnosticado clinicamente, porque o aspecto
esbranquiçado diminui muito ou até mesmo desaparece quando a mucosa é evertida e
distendida.
MICROGLOSSIA
Alteração de desenvolvimento incomum, de etiologia desconhecida, caracterizada por
uma língua anormalmente pequena. Em casos raros, a língua pode estar ausente
(aglossia). A microglossia isolada pode ocorrer e um grau pequeno de microglossia
pode ser difícil de diagnosticar, podendo não ser notado. No entanto, a maioria dos
casos relatados tem sido associada a um grupo de condições sobrepostas conhecidas
como síndromes de hipogênese oro-mandibular-membros. Tais síndromes são
caracteristicamente associadas a anomalias dos membros, como hipodactilia (ausência
de dedos) e hipomelia (hipoplasia de parte ou de todo o membro). Outros pacientes têm
anormalidades simultâneas, como fenda palatina, bandas intraorais e transposição das
vísceras. A microglossia está frequentemente associada a hipoplasia da mandíbula e os
incisivos inferiores podem estar ausentes.
MACROGLOSSIA
Condição incomum caracterizada pelo aumento da língua. Este aumento pode ser
causado por diversas condições, incluindo malformações congênitas e doenças
adquiridas. As causas mais frequentes são as malformações vasculares e a hipertrofia
muscular. Ocorre mais em crianças e sua apresentação pode variar de leve a grave. Nos
recém-nascidos, a macroglossia pode se manifestar inicialmente pela respiração ruidosa,
incontinência salivar (“baba”) e dificuldade na alimentação. O aumento da língua pode
causar gagueira. A pressão da língua contra a mandíbula e os dentes pode produzir
endentações na margem lateral da língua, mordida aberta e prognatismo mandibular. Se
a língua se projeta constantemente para fora da boca, ela pode apresentar ulcerações,
infectar-se secundariamente, ou até sofrer necrose. Nos casos de macroglossia
acentuada pode ocorrer obstrução das vias aéreas. A macroglossia é um achado
característico da síndrome de Beckwith-Wiedemann. Nos pacientes com
hipotireoidismo, ou com síndrome de Beckwith-Wiedemann, a língua exibe um
aumento difuso, liso e generalizado. Nos pacientes acometidos por outras formas de
macroglossia, a língua apresenta-se multinodular. O aumento da língua nos pacientes
com síndrome de Down exibe uma superfície fissurada e papilar. Nos pacientes
edêntulos, a língua apresenta-se muitas vezes elevada e tende a se espalhar lateralmente
devido à perda dos dentes, podendo trazer dificuldades no uso de próteses.
TIREOIDE LINGUAL
Entre a terceira e quarta semana de vida intrauterina, a tireoide começa a se desenvolver
pela proliferação epitelial no soalho do cordão faringiano. Por volta da sétima semana
de vida embrionária, o botão tireoidiano migra inferiormente para o pescoço e,
finalmente, posiciona-se anteriormente à traqueia e à laringe. Posteriormente, o local de
onde o botão migrou invagina-se e torna-se o forame cego, localizado na junção dos
dois terços anteriores e terço posterior da língua, na linha média. Se a glândula primitiva
não migrar normalmente, um tecido tireoidiano ectópico pode ser encontrado entre o
forame cego e a epiglote. De todas as tireoides ectópicas, 90% são encontradas nesta
região. Com base nos estudos de necrópsia, pequenos remanescentes assintomáticos de
tecido tireoidiano podem ser encontrados na porção posterior do dorso lingual em cerca
de 10% tanto dos homens quanto das mulheres. Entretanto, as tireoides linguais
evidentes clinicamente ou sintomáticas são muito menos comuns e são quatro a sete
vezes mais comuns em mulheres, talvez por causa das influências hormonais. Os
sintomas geralmente surgem durante a puberdade, adolescência, gestação ou
menopausa. Em 70% dos casos, essa glândula ectópica é o único tecido tireoidiano do
paciente. A tireoide lingual pode variar de lesão nodular pequena e assintomática a
grandes massas, que podem bloquear as vias aéreas. Os sintomas clínicos mais comuns
são a disfagia, a disfonia e a dispneia. Muitas vezes, o aumento de volume é vascular,
porém a aparência clínica é variável e não existem aspectos confiáveis para diferenciá-la
de outras massas que também podem se desenvolver nesta área.
LÍNGUA FISSURADA (LÍNGUA ESCROTAL)
A língua fissurada é uma condição relativamente comum caracterizada pela presença de
várias fissuras ou sulcos na superfície dorsal da língua. A sua causa é incerta, mas a
hereditariedade parece ter um papel significante. Fatores ambientais e idade também
podem contribuir para o seu desenvolvimento. Os pacientes com língua fissurada
exibem múltiplos sulcos ou fissuras, na superfície da língua, variando de 2 a 6 mm de
profundidade. Variações consideráveis podem ser observadas no aspecto clínico da
língua fissurada. Nos casos mais graves, fissuras numerosas cobrem completamente a
superfície dorsal e dividem as papilas linguais em múltiplas “ilhas”. Alguns pacientes
apresentam fissuras localizadas preferencialmente na porção dorsolateral da língua.
Outros exibem uma fissura central ampla, com fissuras menores ramificando-se
perpendicularmente. Em geral, tal condição é assintomática, embora alguns pacientes
queixem-se de uma ardência discreta ou dor. Tal condição pode ser encontrada em
crianças e adultos, porém a prevalência e a gravidade parecem aumentar com a idade.
Em algumas pesquisas, observou-se uma predileção pelo gênero masculino. Uma forte
associação entre a língua fissurada e a língua geográfica foi encontrada, com vários
pacientes apresentando ambas as condições. A base hereditária também foi sugerida
para a língua geográfica, e o(s) mesmo(s) gene(s) pode(m) estar relacionado(s) com as
duas condições. Inclusive, foi sugerido que a língua geográfica pode causar a língua
fissurada. A língua fissurada pode ser um componente da síndrome de
MelkerssonRosenthal.
LÍNGUA PILOSA (LÍNGUA PILOSA NEGRA; LÍNGUA SABURROSA)
A língua pilosa caracteriza-se por acúmulo acentuado de ceratina nas papilas filiformes
do dorso lingual, resultando em uma aparência semelhante a pelos. Aparentemente, essa
condição ocorre por um aumento na produção de ceratina ou por um decréscimo na
descamação da ceratina normal. A língua pilosa é observada em aproximadamente 0,5%
dos adultos. Embora a sua causa seja incerta, muitos pacientes afetados são tabagistas
crônicos. Outros fatores possivelmente associados são: debilitação geral, higiene oral
deficiente e um histórico de radioterapia na região de cabeça e pescoço. A língua pilosa
é mais comum na linha média anterior às papilas circunvaladas, espalhando-se para as
margens lateral e anterior. As papilas alongadas geralmente são acastanhadas,
amareladas ou enegrecidas, como resultado do crescimento de bactérias cromogênicas,
pigmentos do tabaco e alimentos. Algumas vezes, a maior parte do dorso da língua pode
estar envolvida, resultando em uma aparência espessada. As múltiplas papilas filiformes
individualmente aumentadas podem ser elevadas utilizando-se uma gaze ou um
instrumental. A condição é em geral assintomática, embora, às vezes, alguns pacientes
queixem-se de uma sensação de náusea ou de um gosto desagradável na boca. Em
alguns pacientes, células epiteliais descamadas e numerosas bactérias acumulam-se no
dorso da língua, porém sem as projeções filiformes semelhantes a pelos. Estes casos,
que são frequentemente denominados língua saburrosa, também podem ser a fonte de
halitose.
VARICOSIDADES (VARIZES)
Consistem em veias anormalmente dilatadas e tortuosas. A idade parece ser um fator
etiológico importante, uma vez que as varizes são raras em crianças, mas comuns em
adultos. Tal fato sugere que o seu desenvolvimento possa ser uma degeneração
relacionada à idade, ocorrendo perda do tônus do tecido conjuntivo que suporta os
vasos. As varizes orais não têm sido associadas à hipertensão sistêmica ou outras
doenças cardiopulmonares, embora um estudo tenha observado que pacientes com
varizes nas pernas eram mais propensos a ter varizes na língua. O tipo mais comum de
varicosidade oral é variz sublingual, a qual ocorre em dois terços das pessoas com mais
de 60 anos de idade. As varicosidades sublinguais apresentam-se classicamente como
vesículas papulares ou elevadas múltiplas, azul-purpúreas, na margem lateral e no
ventre da língua. As lesões em geral são assintomáticas, exceto em circunstâncias raras
quando ocorre trombose secundária. Com menos frequência, varizes solitárias ocorrem
em outras regiões da boca, especialmente nos lábios e na mucosa jugal. Essas
varicosidades solitárias apenas são notadas após sofrerem trombose. Clinicamente, uma
variz trombosada apresenta-se como um aumento de volume azul-purpúreo, firme,
indolor, que pode ser semelhante a um fragmento de projétil de chumbo abaixo da
superfície mucosa.
HIPERPLASIA CORONOIDE
A hiperplasia do processo coronoide da mandíbula é uma alteração de desenvolvimento
rara que pode resultar na limitação dos movimentos mandibulares. Sua causa é
desconhecida, mas a razão de incidência entre homens e mulheres é de 5:1. Como a
maioria dos casos é observada em homens na puberdade, uma influência hormonal tem
sido sugerida. A hereditariedade também possui um papel significante, uma vez que
alguns casos foram identificados em membros de uma mesma família. Pode ser uni ou
bilateral, embora casos bilaterais sejam quase cinco vezes mais comuns do que os
unilaterais. O aumento unilateral do processo coronoide também pode ser resultante de
um tumor verdadeiro, como um osteoma ou osteocondroma, e tais casos devem ser
distinguidos daqueles de uma hiperplasia coronoide simples. Em um paciente com
hiperplasia coronoide unilateral, o aumento do processo coronoide toca a superfície
posterior do zigoma, restringindo a abertura da mandíbula. Além disso, a mandíbula
pode desviar-se para o lado afetado. Em geral, não há dor ou anormalidades na oclusão.
As radiografias podem revelar um crescimento nodular e irregular da ponta do processo
coronoide. Na hiperplasia coronoide bilateral, a limitação da abertura mandibular pode
piorar progressivamente durante anos, desde a infância, até atingir a gravidade máxima
no final da adolescência. O aspecto radiográfico caracteriza-se por aumento regular de
ambos os processos.
(não encontrei nenhuma imagem )
HIPERPLASIA CONDILAR
A hiperplasia condilar é uma malformação rara da mandíbula, causada pelo crescimento
excessivo de um dos côndilos. A causa desta hiperplasia é desconhecida, porém
alterações circulatórias locais, distúrbios endócrinos e trauma foram sugeridos como
possíveis fatores etiológicos. A hiperplasia condilar pode ser difícil de distinguir da
hiperplasia hemifacial; entretanto, na hiperplasia hemifacial os tecidos moles e dentes
associados também podem estar aumentados. A hiperplasia condilar pode se manifestar
de formas distintas, incluindo assimetria facial, prognatismo, mordida cruzada e
mordida aberta. Algumas vezes, ocorrem um crescimento maxilar compensatório e
inclinação do plano oclusal. Esta condição é mais identificada em adolescentes e adultos
jovens. As características radiográficas são bastante variadas. Alguns pacientes têm um
alongamento da cabeça do côndilo, e outros exibem alongamento do colo do côndilo.
Muitos casos também apresentam hiperplasia de todo o ramo, sugerindo que a condição
algumas vezes afeta mais do que o côndilo.
EXOSTOSES
Protuberâncias ósseas localizadas que surgem da cortical óssea. Estes crescimentos
benignos afetam frequentemente a maxila e a mandíbula. As exostoses orais mais
conhecidas são o tórus palatino e o tórus mandibular, que serão descritas posteriormente
ainda neste capítulo. Outros tipos de exostoses também podem acometer os maxilares e
são descritos aqui. São identificadas preferencialmente em adultos. As exostoses
vestibulares ocorrem como aumentos de volume ósseos bilaterais ao longo da face
vestibular dos rebordos alveolares da maxila e/ou mandíbula. Geralmente, as exostoses
vestibulares são assintomáticas, a menos que a fina mucosa de revestimento se torne
ulcerada por trauma. As exostoses palatinas (tubérculos palatinos) são protuberâncias
ósseas semelhantes que se desenvolvem no lado lingual das tuberosidades palatinas.
Estas lesões são geralmente bilaterais, mas podem acometer apenas um lado. Elas são
mais comuns em homens e os relatos variam de 8% a 69% em várias populações.
Muitos pacientes que possuem exostoses palatinas ou vestibulares apresentam também
tórus mandibular ou palatino. Com menos frequência, as exostoses solitárias podem
ocorrer, possivelmente em resposta à irritação local. Estas lesões podem se desenvolver
no osso alveolar por baixo de enxertos gengivais livres ou enxertos cutâneos.
Provavelmente, a colocação do enxerto age como um estímulo para o periósteo formar
novo osso. Outra variante rara e interessante é a exostose subpôntica reacional
(proliferação óssea subpôntica, hiperplasia óssea subpôntica), a qual pode se
desenvolver da crista óssea alveolar, abaixo do pôntico de uma prótese fixa na região
posterior. Se uma quantidade excessiva de osso está presente, as exostoses podem
mostrar uma relativa radiopacidade nas radiografias dentárias. Em casos raros, uma
exostose pode se tornar tão grande que é difícil diferenciá-la de um tumor, como o
osteoma.
ERITEMA MIGRATÓRIO (LÍNGUA GEOGRÁFICA; GLOSSITE MIGRATÓRIA
BENIGNA; EXANTEMA VIAJANTE DA LÍNGUA; ERITEMA AREATA;
ESTOMATITE AREATA MIGRATÓRIA)
Condição benigna comum que afeta principalmente a língua. As mulheres são afetadas
com maior frequência do que os homens em uma razão de 2:1. Os pacientes podem
ocasionalmente consultar um profissional de saúde na ocorrência da aparência incomum
de sua língua ou quando a mucosa lingual se torna sensível a alimentos quentes ou
picantes. O eritema migratório não foi observado com maior frequência em pacientes
fumantes, enquanto não foi observada diferença significativa na frequência relacionada
à idade, gênero, utilização de contraceptivos oral, presença de alergias, diabetes melito,
condições psicológicas ou dermatológicas. As características das lesões do eritema
migratório são observadas nos dois terços anteriores da superfície dorsal da língua. Elas
se apresentam como múltiplas áreas bem-demarcadas de eritema concentradas na ponta
e bordas laterais da língua. Esse eritema está relacionado à atrofia das papilas filiformes
e essas áreas atróficas são tipicamente circundadas, ao menos parcialmente, por bordas
sinuosas ou festonada, branco-amareladas levemente elevadas. O paciente conhecedor
da doença geralmente é capaz de descrever que as lesões surgem rapidamente em uma
área e regridem dentro de poucos dias ou semanas, e então se desenvolvem em outras
áreas diferentes. Em geral, a lesão se inicia como uma pequena placa branca, que em
seguida desenvolve uma zona central atrófica eritematosa e aumenta centrifugamente.
Com frequência os pacientes com língua fissurada também são afetados pelo eritema
migratório. Alguns pacientes podem ter somente uma lesão solitária, porém isto é
incomum. As lesões geralmente são assintomáticas, embora possa ocorrer uma sensação
de ardência ou sensibilidade a alimentos quentes ou picantes quando as lesões estão
ativas. Raramente a sensação de ardência é mais constante e intensa. Raramente, o
eritema migratório ocorre em outras localizações da mucosa bucal que não seja a língua.
Nesses casos, a língua é quase sempre afetada; no entanto, outras lesões podem
desenvolver na mucosa jugal, na mucosa labial e com menos frequência no palato mole.
Essas lesões normalmente não produzem sintomas e podem ser identificadas como áreas
eritematosas circundada por uma borda branco-amarelada sinuosa ou festonada. Essas
características podem evitar confusão com outras condições, como a candidíase ou a
eritroplasia.
LINHA ALBA
Alteração comum da mucosa jugal, geralmente associada a pressão, irritação por fricção
ou trauma de sucção das superfícies vestibulares dos dentes. Nenhuma outra condição,
como sobreposição horizontal insuficiente dos dentes ou restaurações irregulares, é
necessária para o desenvolvimento da linha alba. Assim como indica o nome, esta
alteração consiste em uma linha branca que geralmente é bilateral. Pode ser escamosa e
está localizada na altura da linha de oclusão. Esta linha varia em proeminência e é
comumente restrita a áreas dentadas. Frequentemente, é mais pronunciada em áreas
adjacentes aos dentes posteriores.
PAPILITE FOLIADA
As papilas foliadas são encontradas na margem póstero-lateral da língua, na junção dos
dois terços anteriores com o terço posterior. O tamanho e a forma das papilas foliadas
são variáveis e ocasionalmente elas incham, se irritadas mecanicamente ou se existe
uma infecção das vias respiratórias superiores, e essa condição é denominada “papilite
foliada”. Localizadas em um sítio de alta predileção para câncer lingual, podem dar
origem a uma preocupação desnecessária sobre câncer.