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PARTE V - BASES ORGANIZACIONAIS E POLÍTICAS PARA AS AÇÕES DE

CONTROLE DA TB

Priorização Política do Controle da Tuberculose


A parceria entre estados e municípios é fundamental para que medidas
preconizadas globalmente e nacionalmente sejam de fato implementadas e
beneficiem a pessoa com TB, sua família e sua comunidade. Além disso, potenciais
parcerias dentro do setor saúde entre os vários eixos de atenção, entre unidades de
saúde e até mesmo entre setores de uma mesma unidade devem ser identificadas e
fomentadas.

Papel das Três Esferas de Governo: O SUS organiza a rede de atenção à saúde
de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. Para
a implementação dessa rede, distribui competências para os entes políticos
federados (União, estados, Distrito Federal e municípios).

Atribuições das instâncias no controle da tuberculose


Instância federal: Compete à Coordenação Geral do Programa Nacional de
Controle da Tuberculose: propor, coordenar, supervisionar, monitorar e avaliar as
ações de vigilância, de prevenção e de controle da tuberculose; monitorar as
informações relativas à tuberculose, por meio dos sistemas oficiais de informação
em articulação com as demais unidades competentes; promover o processo de
educação permanente junto aos estados, municípios e Distrito Federal, relacionados
às ações de promoção à saúde, prevenção e controle da tuberculose e etc.

Instância estadual: Compete à área técnica ou aos Programas Estaduais de


Controle da Tuberculose: monitorar os indicadores epidemiológicos e acompanhar o
cumprimento das metas estabelecidas nos instrumentos de gestão do SUS; executar
as rotinas de vinculação dos casos de tuberculose de transferências intermunicipais
notificados no Sinan e monitorar a completitude dos dados com vistas à melhoria da
qualidade da informação.

Instância regional: Em determinados estados e municípios, a estrutura


administrativa inclui um nível intermediário definido como “regional de saúde”. Para
tais casos, essa estrutura deverá promover maior proximidade entre o nível estadual
central e os níveis locais, possibilitando agilidade na implantação e/ou
implementação de ações de controle da tuberculose ou na resolução de problemas.

O Programa Nacional de Controle da Tuberculose


A atuação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) compreende
coordenar os esforços nacionais e a formulação de políticas públicas e estratégias
para a redução da morbimortalidade por tuberculose no Brasil, respeitando os
direitos individuais e em consonância com os princípios e diretrizes do SUS.

A tuberculose nas redes de atenção à saúde


Atenção básica e tuberculose: As pessoas com suspeita de tuberculose devem
ser identificadas, atendidas e vinculadas à atenção básica, por meio da ESF ou das
unidades básicas de saúde. A atenção básica deve ser a principal porta de entrada
do SUS, utilizando-se de tecnologias de saúde capazes de resolver os problemas de
maior frequência e relevância em seu território.

Competências da AB: Realizar vacinação BCG e monitorar coberturas vacinais;


realizar a “Busca Ativa de sintomáticos respiratórios” – de modo permanente na
unidade de saúde e/ou nos domicílios (por meio da ESF ou PACS ), assim como em
instituições fechadas na sua área de abrangência; realizar coleta de escarro e outros
materiais para o exame de baciloscopia, TRM-TB, cultura, identificação e teste de
sensibilidade (TS); solicitar cultura, identificação de micobactérias e teste de
sensibilidade, para os casos previstos no capítulo Diagnóstico Bacteriológico.

Unidades de referência secundária para tuberculose


Estrutura mínima recomendada: Equipe com profissional médico especialista ou
com experiência no tema, enfermeiro e técnico de enfermagem, farmacêutico ou
pessoa com capacidade para a gestão dos medicamentos; trabalho por equipe
multidisciplinar com outros profissionais como Assistência Social e Saúde Mental.

Atenção hospitalar na tuberculose


Os hospitais constituem importantes componentes da rede de assistência à
tuberculose, com seus diferentes perfis. As unidades pré-hospitalares e de pronto
atendimento também fazem parte da estrutura da porta de entrada do SUS e, muitas
vezes, recebem os pacientes com TB. Compreendem as UPA (Unidades de Pronto
Atendimento) – estruturas de complexidade intermediária entre as UBS e a urgência
hospitalar – integrantes do componente pré-hospitalar fixo e implantadas em
unidades estratégicas para a configuração das redes de atenção à urgência.

Intersetorialidade no Controle da Tuberculose: Diversos estudos sobre


tuberculose têm apresentado como determinantes sociais mais recorrentes a
pobreza, desnutrição, baixa escolaridade, moradias precárias, alta densidade
populacional, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, viver em áreas de alta
incidência de TB, uso abusivo de álcool e outras drogas.

Desenvolvimento social: A política de desenvolvimento social visa a garantir os


direitos e o acesso a bens e serviços a cidadãos e grupos em situação de
vulnerabilidade, risco social e pessoal. É composta pelo Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SISAN ) e programas e ações intersetoriais para superação da pobreza.

Segurança alimentar e nutricional: As condições nutricionais do indivíduo podem


deixá-lo mais suscetível ao adoecimento por tuberculose, destaca-se, ainda, que
entre os sintomas da doença está a perda de apetite e de peso. Para a recuperação
do estado nutricional da pessoa com TB, é fundamental o acesso à alimentação
apropriada, contribuindo para a redução dos efeitos colaterais da medicação e
consequente abandono do tratamento.

Previdência Social: A Previdência Social tem caráter contributivo e funciona como


um seguro social. É uma instituição pública que tem como função assegurar aos
seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção quando perdem a
capacidade de trabalho, seja por motivo de incapacidade (doença ou acidente),
desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e
prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

Auxílio-doença: O auxílio-doença é um benefício previdenciário para os


contribuintes e funciona como um seguro. O segurado terá direito a recebê-lo caso
fique incapaz para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos em razão de
adoecimento.

Aposentadoria por invalidez: É um benefício previdenciário para os segurados


que, por motivo de doença ou acidente, forem considerados pela perícia médica do
INSS incapacitados para o trabalho total e definitivamente.

Segurança Pública

Transportes
Há locais em que, com o vale transporte, adultos e crianças portadores de
doenças crônicas (entre elas, a tuberculose) que estejam em tratamento têm direito
à gratuidade em barcas, metrô, ônibus intermunicipais e trens.

Participação Comunitária, Mobilização Social e Advocacy

Advocacy: Consiste na realização de ações individuais e de grupos organizados


que procuram influenciar autoridades para que se sensibilizem para as
necessidades diversas da sociedade. Essa é a ferramenta responsável por garantir
que os governos permaneçam fortemente comprometidos na implementação de
políticas de controle da tuberculose.

Mobilização Social: É uma ação que tem como objetivo unir a comunidade, a
sociedade civil organizada e outros atores em prol de uma causa, seja por meio da
realização de atividades ou do controle social sob as atividades do governo.
Pesquisas em Tuberculose: A Organização Mundial da Saúde, em sua Estratégia
Fim da TB, traz um acordo global para acabar com a TB como uma pandemia. A
Estratégia Fim da TB amplia as ações de controle da doença, assentadas em três
pilares e, pela primeira vez, reconhece e posiciona a pesquisa como um de seus
pilares centrais.

Vigilância Epidemiológica
Objetivo: Reduzir a morbimortalidade por tuberculose, conhecer a magnitude da
doença, sua distribuição e tendência e os fatores associados, fornecendo subsídios
para as ações de controle.

Definição de caso
Caso suspeito de tuberculose pulmonar: O sintomático respiratório é o indivíduo
com tosse com duração de 3 semanas ou mais, acompanhada ou não de outros
sinais e sintomas sugestivos de tuberculose.

Caso confirmado de tuberculose: O caso de tuberculose pode ser confirmado


pelos critérios a seguir: critério laboratorial, critério clínico, caso descartado.

Notificação: Mediante confirmação de um caso de tuberculose, a unidade de saúde


(pública ou privada) que identifica o caso é responsável por sua notificação. Outros
serviços também podem notificar o caso, como os laboratórios.

Investigação epidemiológica
Visita domiciliar: A visita domiciliar tem como objetivo identificar sintomáticos
respiratórios, agendar exame de contatos, reforçar as orientações, verificar possíveis
obstáculos à adesão, procurar soluções para superá-los e evitar o abandono.

Investigação de contatos: É necessária investigação epidemiológica das pessoas


que tiveram contato com o indivíduo infectado. A investigação de contatos é de
fundamental importância para controle da doença, uma vez que, por meio dessa
investigação, é possível identificar os casos de tuberculose ativa, iniciar
precocemente o tratamento e interromper a cadeia de transmissão da doença.

Vigilância em ambiente hospitalar: Em hospitais, é preciso atentar para a


descoberta precoce de casos de tuberculose, pronta instituição de medidas de
biossegurança, tratamento e notificação.

Vigilância da infecção latente pelo M. tuberculosis: A vigilância da IL TB se


estrutura em cinco pilares principais: (1) identificação das pessoas com maior
probabilidade de ter IL TB ou com maior risco de adoecimento; (2) identificação de
pessoas com a ILTB ; (3) indicação correta do tratamento e acompanhamento
adequado; (4) notificação das pessoas que irão realizar o tratamento da IL TB; e (5)
monitoramento e avaliação da realização do tratamento da ILTB.

Medidas de prevenção e controle: As principais medidas de prevenção e controle


da tuberculose dizem respeito à identificação precoce de casos suspeitos e
tratamento adequado dos casos confirmados. Também são importantes a oferta da
vacina BCG que previne as formas mais graves em crianças.

Vigilância dos casos de tratamentos especiais para tuberculose


Sistemas de Informação: Todos os casos confirmados de tuberculose devem ser
notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, por meio
da ficha de notificação/investigação.

O sistema de informação de agravos de notificação: Tem como objetivo coletar,


transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância
Epidemiológica das três esferas de governo.

Notificação do caso: Na ficha de notificação/investigação de tuberculose, estão


contempladas informações obtidas sobre o paciente, o lugar, a situação clínica e a
classificação do caso de acordo com seu tipo
de entrada em, caso novo, recidiva, reingresso após abandono, não sabe e pós-
óbito.

Acompanhamento dos casos de tuberculose: atualização dos dados: Uma vez


confirmado o diagnóstico, o paciente deve ser acompanhado até o seu
encerramento.

Encerramento dos casos: O encerramento de casos é realizado de acordo com os


critérios, cura, abandono, abandono primário, óbito por tuberculose, transferência,
mudança de esquema, tuberculose drogarresistente e falência.

Rotinas para qualificação dos dados do Sinan


Duplicidade de registros: É possível identificar a existência de registros duplicados
por meio do Sinan. O relatório padrão emitido para essa rotina seleciona registros
que tenham os seguintes campos idênticos: primeiro e último nome do paciente,
data de nascimento e sexo.

Análise de dados do Sinan


Os dados gerados no Sinan permitem o cálculo de indicadores operacionais e
epidemiológicos importantes para a análise do perfil epidemiológico da tuberculose
no país e para o monitoramento e avaliação das ações de controle.
Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose
Casos especiais de tuberculose são aqueles que não tiveram indicação de uso do
esquema básico, seja pela ocorrência de reações adversas, de certas comorbidades
ou ainda por resistência a algum medicamento antituberculose. Esses casos
deverão ser notificados no Sistema de Informação de Tratamentos Especiais de
Tuberculose (SITE-TB), um sistema online, complementar ao Sinan, que permite
notificar, acompanhar e encerrar esses casos, além dos casos de micobacterioses
não tuberculosas (MNT) que foram identificados como diagnóstico diferencial de
tuberculose.

Fluxo de notificações: Sinan – SITE-TB


Todos os casos confirmados de tuberculose devem obrigatoriamente ser
notificados no Sinan.
Casos que devem ser encerrados no Sinan e notificados no SITE-TB: Os casos
de tuberculose que iniciaram tratamento com o esquema básico e necessitarem
utilizar algum esquema especial de tratamento. Os casos de tuberculose que
iniciaram tratamento com esquema especial, seja por comorbidades ou resistência,
devem ser notificados no Sinan, encerrados como mudança de esquema ou TB DR
e notificados no SITE-TB. Os casos de MNT não devem ser notificados no Sinan. Os
casos com monorresistência à isoniazida ou à rifampicina deverão ser encerrados
no Sinan como TB DR. Os casos com diagnóstico de resistência à rifampicina pelo
teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) devem ser encerrados no Sinan
como TB DR e notificados no SITE-TB.

Outras recomendações para casos com histórico de tratamento especial de


tuberculose: Casos encerrados no SITE-TB como cura ou tratamento completo que
apresentarem recidiva deverão ser notificados e encerrados novamente no Sinan.
Casos encerrados no SITE-TB como abandono deverão ser renotificados e
encerrados no Sinan, para posterior notificação no SITE-TB. Casos notificados no
SITE-TB com o diagnóstico de resistência à rifampicina pelo TRM-TB e,
posteriormente, classificados como tuberculose sensível pelo teste de sensibilidade
e cujo reinício do esquema básico seja decidido pelo médico assistente devem ser
encerrados no SITE-TB como mudança de esquema.

Acompanhamento dos casos de TB DR: As informações do caso, tais como


inserção de resultados laboratoriais, devem ser preenchidas, no mínimo,
mensalmente, para que os dados estejam atualizados no momento da realização do
pedido de medicamentos. Esse procedimento é repetidamente realizado, até o
encerramento do caso.

Encerramento dos casos de TB DR: Esses casos serão encerrados no SITE-TB


como “cura”, “tratamento completo”, “abandono”, “falência”, “óbito por tuberculose”,
“óbito por outra causa”, “transferido para outro país”, “mudança de esquema”, “TB
DR”, “mudança de diagnóstico” ou “abandono primário”.
Acompanhamento pós-cura: É preconizado o acompanhamento do caso de
tuberculose resistente por, pelo menos, 5 anos após a cura, com o objetivo de
detectar precocemente a recidiva.

Gerenciamento de medicamentos para esquemas especiais: O SITE-TB também


possibilita o gerenciamento dos medicamentos especiais. Recomenda-se verificar os
esquemas, datas de início e fim do tratamento, dose, frequência semanal e
concentração de cada medicamento prescrito antes de realizar o pedido no sistema,
que deve ser feito pelo profissional responsável pela gestão de medicamentos da
unidade.

Planejamento, monitoramento e avaliação


Planejamento: No que se refere aos modelos de planejamento, existem distintos
métodos, que se adaptam às diferentes realidades. Seja qual for a opção, a
operacionalização do planejamento deve acontecer de maneira integrada e coletiva.
Monitoramento e avaliação: Têm como propósitos avaliar as intervenções para
aprimoramento e mudança, prestação de contas e incorporação de novos
conhecimentos. Ele pode ser definido como a coleta e análise sistemática dos
dados, destinada a conhecer o desempenho das atividades programadas para
eventuais ajustes.

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