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Resumo

Reanimação
Neonatal

Gabriella Amâncio Matos


Universidade Federal de Campina Grande
Revisor: Nathália da Costa Sousa
Resumo de Reanimação Neonatal 2

1. Introdução
Refere-se ao atendimento do recém-nascido na sala de parto. A maioria dos
recém-nascidos completa a transição para a vida extrauterina sem dificuldades,
entretanto uma pequena porcentagem precisará de reanimação depois do parto, sendo
importante por isso a assistência adequada. A emergência mais comum para os
neonatos na sala de parto é secundária à falha para iniciar e manter a respiração,
seguidas de choque, anemia grave, convulsões e abordagem de malformações
congênitas que colocam a vida em risco.

– 1 a cada 10 recém-nascidos (RN) necessita de ventilação com pressão positiva para


iniciar ou manter movimentos respiratórios efetivos
– 1 a cada 100 neonatos precisa de intubação e/ou massagem cardíaca
– 1 a cada 1000 requer intubação, massagem cardíaca e medicações desde que a
ventilação seja aplicada corretamente

2. Preparação para a assistência

✓ Equipe adequada: É fundamental que pelo menos um pediatra esteja presente.


Em caso de antecipação do parto, é preciso profissionais treinados e capacitados a
reanimar o RN de maneira efetiva, pelo menos um deles pediatra;

✓ Preparo do material adequado: Todo material necessário deve ser preparado,


testado e estar disponível, antes do nascimento. Ele é destinado à avaliação do
paciente, manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e
administração de medicações;

✓ Anamnese Materna: É necessária uma análise de condições maternas, fetais e


relacionadas ao parto, as quais apresentam relação com a necessidade de o RN
precisar de reanimação

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Idade <16 anos ou >35 anos; Sinais de infecção: Febre, ruptura prolongada de
membranas, líquido amniótico fétido; outras condições maternas: Diabetes gestacional,
Maternas
hipertensão, uso de substâncias, história prévia de óbito neonatal, oligo/polidrâmnio,
anormalidades placentárias, patologias clínicas

Prematuridade, pós-maturidade, anomalias congênitas, gestações múltiplas,


Fetais
isoimunização Rh, hidropsia fetal.

Apresentações anômalas, parto prolongado ou com instrumentação, líquido amniótico


Relacionadas meconial, alteração dos batimentos cardíacos fetais, asfixia pré-natal, administração de
ao Parto narcóticos à mão até 4 horas antes do nascimento, prolapso de cordão, hipertonia
uterina

3. O atendimento
✓ Material preparado;
✓ Preparo do ambiente: Manter a temperatura da sala de parto entre 23°C e 26°C
✓ Profissional com higienização completa de mãos e uso de luvas, avental e
máscaras;
✓ Logo após o nascimento do recém-nascido, realizar 3 perguntas fundamentais:

Recém-Nascido com boa vitalidade


1. GESTAÇÃO A TERMO? ✓ Clampeamento tardio do cordão (1-3 minutos)
SIM ✓ Manter vias aéreas pérvias
✓ Iniciar aleitamento (no colo materno)
2. RESPIRANDO OU CHORANDO?
✓ Prover calor (manter temperatura entre 36,5 a
37,5°C) e secar o corpo com compressas secas
3. TÔNUS MUSCULAR BOM?
✓ Avaliar Vitalidade: Frequência cardíaca (FC) com
estetoscópio no precórdio, respiração/ choro do RN
e o tônus muscular
NÃO

Conduzir RN à mesa de reanimação com clampeamento imediato do cordão*

*Se RN não for a termo, mas estiver respirando/chorando e com tônus bom
podem ter cordão clampeado tardiamente, porém ele irá para mesa de reanimação

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4. A reanimação

NÃO CHOROU / RESPIRAÇÃO INADEQUADA / TÔNUS INADEQUADO


CLAMPEAMENTO IMEDIATO DO CORDÃO
Passos iniciais:
✓ Aquecer
✓ Posicionar 30 segundos
✓ Aspirar, se necessário
✓ Secar

REAVALIAR

FC < 100 ou Apneia ou ✓ Ventilação com pressão positiva


30 segundos
Esforço respiratório irregular (VPP)

REAVALIAR

✓ Checar a técnica
FC < 100 bpm
✓ Considerar IOT

✓ IOT
FC < 60 bpm 60 segundos
✓ Massagem cardíaca externa

REAVALIAR
✓ Checar a técnica
FC < 60 bpm
✓ Epinefrina

Golden minute: a criança deve começar a ser ventilada ainda no primeiro minuto de vida

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PASSO INICIAIS

1°. Prover calor: Manter normotermia (36,5 e 37 °C°) com calor radiante, campos
secos e aquecidos e controle ambiental da temperatura da sala. Em recém-nascidos com
idade gestacional menor que 34 semanas recomenda-se o uso do saco plástico
transparente de polietileno e touca dupla, depois de coloca-lo em fonte de calor
radiante e antes de secar. Com < 1.000g: utilizar colchão térmico.

2°. Permeabilidade das vias aéreas: Posicionar neonato com leve extensão do
pescoço.

3°. Aspirar boca e narinas, se necessário: Usar sonda traqueal conectada ao


aspirador a vácuo, sob pressão máxima aproximada de 100 mmHg. Evitar aspiração de
hipofaringe, devido ao risco de apneia e bradicardia.

4°. Secar o paciente: Com campos secos

Esses passos devem ser executados em, no máximo, 30 segundos

5°. Avaliar FC: Com estetoscópio em precordio (em 6 segundos x 10)

6°. Avaliar respiração: Observar

✓ Oxigênio Complementar:

Presença de respiração espontânea + frequência cardíaca > 100 bpm + Cianose central
✓ Administração de O2 5 L/min

Para ventilar um RN é necessário decidir a concentração de oxigênio a ser administrada:


✓ Se: ≥ 34 sem: iniciar em ar ambiente (21%)
✓ <34 sem: iniciar com 30% de O2

TÉCNICA
Avaliar oximetria de pulso – sensor em Membro Superior Direito para avaliar a circulação pré-ductal
Monitor cardíaco - eletrodos em ombro esquerdo, ombro direito e coxa anterior
Uma vez constatada a estabilidade clínica, procede-se às manobras de rotina na sala de parto

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✓ Ventilação: A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante


e efetivo na reanimação neonatal, sendo a reversão da hipoxemia, acidose e
bradicardia dependente de uma insuflação adequada dos pulmões.

É indicada quando, após a realização dos passos iniciais (em no máximo 30


segundos), o recém-nascido apresenta pelo menos um dos seguintes aspectos:

✓ Apneia e/ou respiração irregular;


✓ Frequência cardíaca menor que 100bpm;
✓ Cianose persistente, apesar da administração de O2

• Equipamentos: Balão autoinflável (mais utilizado), balão anestésico e respirador


mecânico manual (sendo esse uma boa alternativa para prematuros de idade
gestacional <32 semanas,além de ser ajustável a resposta clínica do paciente,
porém é de alto custo). Além de interfaces como máscara facial (deve cobrir a
ponta do queixo, boca e nariz) ou a cânula traqueal

TÉCNICA

A elevação imediata da FC é o desfecho mais importante em relação a adequação da ventilação

Deve-se sempre analisar o movimento da caixa torácica

A VPP é feita na frequência de 40 a 60 movimentos/minuto no ritmo “aperta-solta-solta”

Considera-se falha da ventilação se, após 30 segundos do procedimento, o RN mantém FC < 100 bpm.

A técnica deve ser reavaliada após a VPP (tamanho de máscara, adequação à face).

O primeiro parâmetro a melhorar é a FC e o segundo é a manutenção da respiração espontânea

Se durante os períodos prolongados de ventilação ou quando a frequência cardíaca não estiver


melhorando, recomenda-se inserir sonda orogástrica para diminuir a distensão gástrica.
Caso a técnica esteja correta, mas a ventilação esteja sendo inadequada, considera-se IOT

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✓ Ventilação com cânula traqueal (máscara laríngea é uma opção):

INDICAÇÃO
- Existe necessidade de aspiração traqueal, em neonatos deprimidos com líquido
amniótico meconial
- Ventilação com máscara facial é ineficaz ou prolongada após correção de possíveis erros
em seu uso
- A aplicação de massagem cardíaca é necessária
- Suspeita ou diagnóstico de hérnia diafragmática
- Considerar a intubação traqueal em prematuros com idade gestacional inferior a 30
semanas que receberão surfactante exógeno profilático de acordo com o serviço

TÉCNICA

Diante do insucesso da IOT após 20 seg, interromper os esforços e ventilar o RN com balão e máscara

Se após IOT e verificação da técnica a FC permanece < 60 bpm, inicia-se o uso de droga (epinefrina)

Quando o quadro de asfixia persiste apesar da ventilação efetiva (balão ou IOT), iniciar a RCP

✓ Reanimação Cardiopulmonar (RCP):

Deve ser iniciada quando a expansão e a ventilação estiverem bem


estabelecidas, ou seja após 30 segundos de ventilação com balão e cânula realizada com
técnica correta, o recém-nascido apresentar ou persistir com FC inferior a 60 bpm. Deve
ser sempre acompanhada de ventilação com pressão positiva.

TÉCNICA
Realizada no terço inferior do esterno na profundidade de 1/3 do tórax AP- técnica dos dois polegares

Intercalar compressões torácicas com as ventilações com 3 compressões : 1 ventilação

Se possível realizar cateterismo da veia umbilical (via preferencial para infusão de medicações)

Tempo de massagem de 60 segundos, depois reavalia-se, se persistir FC < 60 bpm, usar medicação

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✓ Medicações:

O procedimento mais importante para corrigir a bradicardia é a ventilação


pulmonar adequada. Mas se a frequência permanecer abaixo de 60 bpm, a despeito da
ventilação efetiva e de massagem cardíaca adequada. A adrenalina está indicada
quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não obtiveram êxito no
sentido de elevar a frequência cardíaca do recém-nascido para >60 bpm.

COMO USAR?
Adrenalina via traqueal - via rápida - uma única vez, se não houver ainda acesso à veia umbilical

Adrenalina via veia umbilical, 0,1 a 0,3 ml/kg/dose de solução a 1/10000, repetir a cada 3/5 min

Expansão volêmica 10ml/kg (SF 0,9% ou Ringer-lactato) se choque e/ou RN nascido em função de DPP

→ Bicarbonato de sódio 2ml/kg: Indicado durante reanimação prolongada;

5. Questões Éticas

Deve-se considerar a interrupção dos esforços de reanimação, após a realização


de todos os procedimentos com a técnica adequada, quando o recém-nascido
permanece em assistolia por mais de 10 minutos. Em condições de prognostico
duvidoso e com alta chance de sequelas o desejo dos pais deve ser discutido.

5. Sintetizando

Os fluxogramas de conduta abaixo foram retirados do Programa de Reanimação


Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria.

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Reanimação do recém-nascido ≥34 semanas

Disponível em http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/DiretrizesSBPReanimacaoRNMaior34semanas26jan2016.pdf

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Reanimação do recém-nascido < 34 semanas

Disponível em http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/DiretrizesSBPReanimacaoPrematuroMenor34semanas26jan2016.pdf

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Referências bibliográficas

1. LOPEZ, F.A.; JUNIOR, D.C.; Tratado de Pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria.


Manole, 2009.
2. NELSON. Tratado de Pediatria - Richard E. Behrman, Hal B. Jenson, Robert Kliegman.
18ª Edição. Elsevier. 2011.
3. NELSON. Tratado de Pediatria - Richard E. Behrman, Hal B. Jenson, Robert Kliegman.
19ª Edição. Elsevier. 2013.
4. SITE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Documentos e Informações. Disponível
em: http://www.sbp.com.br/especiais/reanimacao-neonatal/

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