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PUERICULTURA

● Acompanhamento integral do processo de desenvolvimento infantil

Os primeiros mil dias


● Vai da gestação até os 02 anos da criança
● Neste período ocorre a fase do crescimento acelerado e desenvolvimento do SNC
● As intervenções realizadas neste período permitem que o indivíduo atinja o seu
máximo potencial de crescimento e desenvolvimento para a vida adulta

Diagnósticos da puericultura
● Crescimento físico
→ Altura para a idade (aferida com estadiômetro até os 02 anos de idade)
- Estatura normal
- Baixa estatura (abaixo do percentil 3 ou do ‘Z score -2)
● Estado nutricional
→ Peso/IMC para a idade
- Eutrofia
- Distrofia: desnutrição proteico-calórica (ou energético-proteica), risco de sobrepeso,
obesidade
● Vacinação
● Alimentação
- Oferta de alimentos adequados para a idade/ingesta e aceitação adequadas
● Desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM)
- 3 meses: sustentar cabeça
- 4 meses: sentar com apoio
- 6 meses: lalação
- 9 meses: engatinhar
- 12 meses: ficar de pé, andar
- 2 anos: fala várias palavras, forma frases
- 3/4 anos: brinca sozinho ao lado de outras crianças, imita os adultos
- 5 até 11/12 anos: leitura, cores, números
● Ambiente físico e emocional

Periodicidade das consultas pediátricas


● MS

● SBP
Divisões etárias na pediatria

Sinais vitais

● Febre → temperatura axilar >= 37.8ºC


● PA → deve ser feita a partir dos 3 anos de idade (depende do sexo, idade e estatura)
Calendário vacinal
Alimentação
REANIMAÇÃO NEONATAL

Preparando a sala de parto


● Berço com fonte de calor radiante
● Fonte de oxigênio
● Fonte de ar comprimido
● Vácuo disponível ou aspirador a vácuo
● Oxímetro de pulso
● Ventilador mecânico manual em T
● Monitor cardíaco
● Na sala de parto → 30s para definir se o bebê está bem ou não

Materiais de reanimação
● Campos para recepcionar o RN
● Compressas para enxugar o RN
● Sonda para aspiração
● Balão auto-inflável com reservatório
● Laringoscópio com lâminas, pilhas e lâmpadas sobressalentes
● Máscara para ventilação com pressão positiva
● Cânulas OT de tamanhos variados
● Estetoscópio
● Aspirador de mecônio
● Touca de lã/algodão
● Kit para cateterismo umbilical

Sala de parto ao nascimento


● Logo após o nascimento:
1) Gestação a termo? (37-41 semanas)
2) Respirando ou chorando?
3) Tônus adequado? (Adequado → em flexão)
- Se as resposta for SIM para todas as perguntas:
Golden hour (primeira hora)
Imprinting (olho no olho)
Contato pele a pele (pelo menos 20 min)
Amamentação (sugar pela primeira vez; apojadura → preparo da mama para a
produção de leite)
Clampeamento tardio do cordão umbilical (1 a 5 min ou até parar de pulsar)
OBS: O clampeamento tardio é importante para diminuir a incidência de hemorragia
intracraniana, de enterocolite necrotizante e a necessidade de transfusão
- Nem todo bebê chora (não é obrigatório, não precisa ser imediato)
● Logo após a assistência imediata → Cuidados de rotina:
- Manter o RN em ambiente aquecido (campos estéreis aquecidos) → estabilização da
temperatura
- Secar
- Observar ritmo respiratório, frequência cardíaca, palidez, cianose, tremores,
gemidos, hipo e hipernatremia, malformações, tipo de choro, etc
- Vitamina K 1 mg IM → prevenção da doença hemorrágica do RN (a criança nasce
com defeito nos fatores dependentes da vitamina K)
- Colírio de Nitrato de Prata % (gota em cada olho) → prevenção da conjuntivite
gonocócica (controverso, mas ainda se faz atualmente)
- Avaliação detalhada
- Vacina hepatite B e BCG (previne Tb miliar e meníngea)
- Classificação do RN
- Execução do plano de parto (GO+pediatra), caso seja possível/desejável

APGAR
● Determinado no 1º e 5º minutos de vida
● Indicador da qualidade da assistência ao parto e da qualidade da assistência
neonatal
● Não serve para indicar manobras de reanimação neonatal, mas a qualidade dessas
manobras. É uma medida retrospectiva feita após todas as medidas de reanimação
● Se <7 no 5º min, repetir a cada 5 min até 20 min de vida

Passos iniciais da reanimação


● As 3 perguntas: Gestação a termo? Respirando ou chorando? Tônus muscular em
flexão? → Não → Clampeamento de cordão umbilical imediato e passos iniciais da
reanimação
● Em 30s:
- Prover calor
- Cabeça em leve extensão
- Aspirar VAS se necessário
- Secar o RN e desprezar os campos úmidos
- Avaliar a respiração e FC

Avaliação da vitalidade ao nascer


● FC → principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de
reanimação
● Logo após o nascimento: FC>100 bpm. A FC deve ser feita através da ausculta do
precórdio
● APGAR: Não é indicado para determinar o início da reanimação nem as manobras a
serem instituídas no decorrer do procedimento.
- Permite avaliar a resposta do RN às manobras realizadas e a eficácia dessas
manobras.
- Se o escore é inferior a 7 no 5º minuto, realizar a cada 5 minutos, até 20 minutos de
vida.
Passos iniciais da estabilização/reanimação (30’)
● Idade gestacional diferente do termo (< 37 semanas ou ≥ 42 semanas) e/ou que não
iniciam movimentos respiratórios regulares e/ou aqueles cujo tônus muscular está
flácido precisam ser conduzidos à mesa de reanimação, indicando-se os seguintes
passos:
- Prover calor → Temperatura: 36,6 - 37,5°C.
● < 34 semanas: saco plástico transparente de polietileno, TOUCA
- Posicionar a cabeça em leve extensão: PERMEABILIDADE
- Aspirar boca e narinas, se necessário
- Secar o paciente.
● Prover calor, cabeça leve em extensão, aspirar VAS s/n, secar o RN, avaliar
respiração e FC → RN em apneia ou respiração irregular e/ou FC<100 → Iniciar
Ventilação com pressão positiva (VPP)

Ventilação com pressão positiva (VPP)


● Iniciada nos primeiros 60 segundos de vida (“MINUTO DE OURO”)
● Oxigênio suplementar
- Iniciar a ventilação com ar ambiente.
- Monitorar a oferta do oxigênio suplementar pela oximetria de pulso.
- A leitura confiável da saturação de oxigênio demora 1 a 2 minutos após o
nascimento. Quando o RN ≥ 34 semanas não melhora e/ou não atinge os valores
desejáveis de SatO2 com a VPP em ar ambiente: REVER A TÉCNICA DA
VENTILAÇÃO (ajuste face/máscara, permeabilidade VA, pressão inspiratória)

Equipamentos para ventilação


● Balão autoinflável e o ventilador mecânico manual em T.
● A quantidade de escape de ar entre face e máscara e a complacência pulmonar
● A pressão inspiratória máxima a ser administrada é limitada pela válvula de escape,
ativada em 30 a 40 cmH2
● Balão autoinflável: concentração de oxigênio apenas de 21% (ar ambiente, quando
não está conectado ao oxigênio e ao reservatório) ou de 90 a 100% (conectado à
fonte de oxigênio a 5L/minuto e ao reservatório).
● Ventilador mecânico manual em T tem sido empregado de maneira crescente na
reanimação neonatal, em especial em prematuros.
- Fonte de gás comprimida
● Máscara facial ou a cânula traqueal.
● As máscaras faciais estão disponíveis em três tamanhos: para o RN a termo,
prematuro e prematuro extremo → ponta do queixo, a boca e o nariz
● Já as cânulas traqueais devem ser de diâmetro uniforme sem balão, com linha
radiopaca e marcador de corda vocal.

Sequência
● Ventilação com pressão positiva, monitorar SatO2, considerar monitor para avaliar
FC → FC <100 bpm, apneia ou respiração irregular? → Sim → Garantir adaptação
face/máscara, assegurar ventilação adequada com movimento do tórax, considerar
intubação → FC < 60 bpm? → Sim → Intubação traqueal, massagem cardíaca
coordenada com ventilação adequada (3:1), considerar O2 a 100% (vai fazendo VPP
antes de entubar para ter uma saturação adequada) durante 60s → avaliar FC
contínua com monitor, considerar cateterismo venoso → FC < 60 bpm? → Sim →
Adrenalina EV, considerar hipovolemia (considerar expansão volêmica com SF) →
Checar FC novamente (se persistir <60, repetir)
● OBS: Se VPP com O2 21% → FC < 100 bpm ou respiração irregular e presença de
mecônio → Aspiração traqueal sob visualização direta, mantém VPP com O2 21%

Massagem cardíaca
● Asfixia → vasoconstrição periférica → hipoxemia tecidual → diminuição da
contratilidade miocárdica → bradicardia → parada cardíaca.
● Ventilação adequada reverte esse quadro.
● Massagem cardíaca:
- Iniciada se, após 30 segundos de VPP com técnica adequada e uso de oxigênio 60 a
100%, o RN PERSISTIR com FC < 60 bpm.
- Terço inferior do esterno por meio da técnica dos dois polegares, com os polegares
sobrepostos posicionados logo abaixo da linha intermamilar, poupando-se o
apêndice xifóide. As palmas das mãos e os outros dedos devem circundar o tórax do
RN.
- Comprimir 1/3 da dimensão anteroposterior do tórax, de maneira a produzir um pulso
palpável. Expansão plena do tórax após a compressão para que ocorra o enchimento
das câmaras ventriculares e das coronárias.
● 2 técnicas:
- Polegares sobrepostos: terço inferior esterno, comprimir ⅓ diâmetro (melhor)
- 2 dedos (cansa muito, não é tão eficaz)

Cateterismo umbilical
● Geralmente é feito quando o bebê nasceu em parada
● 2 minutos para diagnosticar e tratar
● Via preferencial: veia umbilical → acesso para fazer a adrenalina
● Após a medicação, infundir 0,5 a 1,0 mL SF 0,9%
OBS: Interrupção da reanimação → assistolia após 10 min de reanimação adequada ou até
20 minutos de reanimação
BLS/PALS

BLS
● Segurança da cena
● Checar responsividade → não responde → chamar ajuda com DEA
● CAB
- Circulação
- Airway
- Breathing
● Checar o pulso (10s) e respiração simultaneamente: braquial ou femoral no lactente,
carotídeo//femoral na criança
● Respira + pulso presente → suporte até chegar serviço de emergência
● Pulso presente mas não respira → parada respiratória: 12-20 ventilações por
minuto (1 a cada 3-5 segundos); ventilação boca-nariz-boca (<1 ano), boca-boca
(>1ano); dispositivo bolsa-valva-máscara
- Após ventilação, se FC<60, iniciar RCP!
- Checar pulso a cada 2 minutos
● Não respira/gasping + pulso ausente → RCP!
- 15 compressões : 2 ventilações ; alternar a cada 2 min com o outro socorrista

MASSAGEM CARDÍACA

● Posição dos dedos: entre os mamilos, no esterno

DESFIBRILADOR
● Ligar o DEA
● Posicionar as pás no paciente
● Conectar as pás no DEA
● Se choque indicado - apertar o botão do choque (afasta todo mundo)
● Ritmo chocável? Choque - retomar RCP por 2 minutos (DEA avisa quando checar
novo ritmo)
● Não chocável - retomar RCP por 2 minutos
Pás pediátricas do BLS → até 8 anos

PALS
● Paciente arresponsivo
● Checar respiração e pulso
- Não responde, não respira, não tem pulso
● Chamar por ajuda com carrinho de parada/sala de emergência e iniciar
imediatamente RCP
● Comprime e ventila, preferencialmente 15:2

Iniciar a reanimação
● Ofertar oxigênio no ambu
● Conecta o monitor
● Compressões: pelo menos 1⁄3 do tórax (lactentes - 4cm; crianças 5 cm)
● Permitir o retorno total do tórax
● FC 100-120 bpm
● Minimizar interrupções entre as compressões
● Sem via aérea avançada - 15 compressões : 2 ventilações
● Com via aérea avançada - dissociar compressões/ventilações, 1 ventilação a cada 6
segundos (10/min) (entubação)
- Reduz a frequência da ventilação por conta do tubo
● Evitar ventilação excessiva!!
● Rodiziar pessoas para compressão a cada 2 min
● Afastar o oxigênio
● Colocar a pá e avaliar se o ritmo é chocável ou não
● Antes de chocar → gel

Ritmos chocáveis
● Fibrilação ventricular
● Taquicardia ventricular
- Checar se tem pulso porque muda de RCP para cardioversão

Ritmos não chocáveis


● Atividade elétrica sem pulso
● Assistolia
Choque administrado
● Retorna a massagem e checa o pulso em 2 minutos
● 1º choque: 2J/kg
● 2º choque: 4J/kg
● 3º choque e demais: >= 4J/kg, máx 10 J/kg ou dose adulto (6J/kg)
● Pás pediátricas → até 1 ano de idade ou 10 kg!
● Todos se afastam
● Afaste a fonte de Oxigênio
● Gel na pá, 1,21 3

Drogas
● 2 choques e deu ritmo chocável novamente → administrar droga
● Adrenalina
- A cada 3-5 minutos
- EV: 0,01 mg/kg; 0,1 mL/kg da solução 1:10.000 (1 mL adrenalina + 9 mL AD OU SF
0,9%)
- IOT: 0,1mL/kg da solução 1:1.000 (não diluída)
● Ritmo chocável de novo → chocou → RCP 2 min → chocável novamente → pode
usar outras drogas
- Amiodarona
- Lidocaína

RItmo não chocável


● Geralmente a PCR é por causas reversíveis, geralmente hipóxia e acidoses
progressivas
● Continua a RCP
● Adrenalina imediata
- A cada 3-5 minutos
- Logo de cara, não espera ciclos
- Por conta da dificuldade do acesso, não eleva membro após flush da criança para
não ter risco do acesso sair
● Considerar via aérea avançada
● Passou 2 minutos → checa ritmo → continua em não chocável → pensar nas causas
reversíveis de parada
● OBS: assistolia → checar cabos, ganhos e derivação
- “CAGADA”

PRINCIPAIS CAUSAS REVERSÍVEIS


● 6 Hs
- Hipóxia
- Hipo/hipercalemia
- Hipovolemia
- H+
- Hipoglicemia
- Hiponatremia
● 5 Ts
- Tóxicos
- Tamponamento
- Pneumotórax
- Trombose coronariana
- Trombose pulmonar
● BicNa 8,4% → 1meq/kg/dose = 1ml/kg/dose
● Corrigir hipoglicemia
● Corrigir hipovolemia
● gluCa 10% → 0,5 a 0,75 ml/kg (1 ml = 9 mg Ca elementar)
- Pra vida: cuidado com cálcio em veia periférica → necrose!!
● Punção de alívio: pneumotórax / tamponamento cardíaco

ESPECIFICIDADES DO PALS
● Lactente: até 1 ano; criança: acima de 1 ano
● ACLS: adolescentes (presença de caracteres sexuais secundários)

Via aérea
- Ventilação com bolsa-valva-máscara
● Oxigenação e ventilação adequadas para uma criança que não respira ou que
respira de modo inadequado, apesar de uma via aérea patente
● Apneia, frequência respiratória anormal, sons respiratórios inadequados e hipoxemia,
apesar de O2 suplementar
● Quando corretamente executada é tão eficaz quanto a ventilação por tudo
endotraqueal por períodos curtos
● Máscara que cubra da ponte nasal à fenda do queixo da criança, recobrindo o nariz e
a boca, mas sem comprimir os olhos
● Borda macia
● Transparente

● Parada respiratória: 12-20 ventilações por minuto (1 a cada 3 segundos)


● RCP: 10 ventilações por minuto (1 a cada 6 segundos)
● IOT:
- Cânula com ou sem cuff?
➢ Idade/4 + 3,5 (com cuff); >24kg com cuff; <24kg com ou sem cuff
➢ Idade/4 + 4 (sem cuff)
- Coxim: lactente (subescapular), crianças (suboccipital)
- Lâmina reta ou curva? (usar a que tiver mais habilidade)
➢ Bebê pequeno (6-7kg) - 3 anos: lâmina 1 reta
➢ Criança pequena (12-14 kg): lâmina 2 reta
➢ Criança (19-29 kg): lâmina 2 reta ou curva
➢ Criança >30kg: lâmina 3 reta ou curva
- Fixação: 3x COT (cânula orotraqueal)
● Máscara laríngea - peso do paciente

Acesso venoso
● Acesso venoso
- AVP
- Intra-ósseo
➢ Acesso vascular da emergência
➢ Temporário
➢ Contra-indicações: fratura do osso, celulite ou queimadura, osteoporose,
osteogênese imperfecta, tentativa anterior no mesmo osso
➢ Complicações: osteomielite (pois é uma porta de entrada), embolia gasosa e
gordurosa, síndrome compartimental, fratura
➢ Superfície anteromedial da tíbia proximal
➢ Aspiração da medula e infusão SF
➢ Fixação

● IOT
- Absorção errática
- ANEL → adrenalina (1:1000), naloxona, lidocaína, atropina
BRADICARDIA SINTOMÁTICA
● FC<60bpm + comprometimento cardiorrespiratório
- Oxigenioterapia com pressão positiva (30-60s) → VENTILAR!!
- Comprometimento persiste → compressão + ventilação + adrenalina
- BAV, tônus vagal aumentado, intoxicação exógena (chumbinho) → atropina

TAQUIARRITMIAS
● QRS estreito
- Sinusal - causa de base (mais frequente)
- Supraventricular (não tem onda P)
➢ Estável: manobra vagal (não é tão indicado fazer), adenosina (0,1 mg/kg máx 6 mg)
➢ Instável - cardioversão elétrica sincronizada (0,5-1 J/kg)
Aperta tecla SYNC que vai sincronizar com o QRS e dar o choque
● QRS largo
- Taquicardia ventricular
➢ Com pulso: cardioversão
➢ Sem pulso: parada
- Torsades de Pointes
➢ A mais: sulfato de magnésio
ANTIBIÓTICOS EM PEDIATRIA

Penicilinas e inibidores de beta-lactamase


● Mecanismo de ação: bactericida; inibe a síntese da parede celular
● Penicilinas naturais:
○ Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos
- Infecções de pele, de vias aéreas superiores e inferiores
- Streptococcus pyogenes: 100% sensível
- Pneumococo
- Resistência intermediária: dobrar a dose
- Resistência plena: NÃO ADIANTA DAR INIBIDOR DE BETA
LACTAMASE!!!
- Cocos Gram-negativos: meningococo, bacilo diftérico, bacilo tetânico,
gonococo.
- Treponema, leptospira
1) OXACILINA
● Espectro: estafilococos
- Infecções de pele e partes moles comunitárias
- Infecções relacionadas à assistência à saúde: altas taxas de resistência à NÃO
USAR OXACILINA NA SUSPEITA DE INFECÇÃO HOSPITALAR POR
ESTAFILOCOCO!!!
2) AMPICILINA
● Espectro:
➔ Gram-positivos: estreptococos, Listeria sp
- Resistência = penicilina
- Listeria sp: infecção em neonatos → entra no protocolo de FSSL em RN
➔ Gram-negativos: resistência pela produção da beta-lactamase
3) AMPICILINA-SULBACTAM
● Inibidor de beta-lactamase: aumenta espectro para Gram-negativos
- H. influenzae, E. coli, Proteus sp., Serratia sp.
- ATB de escolha para Acinetobacter sp., quando sensível.
4) AMOXICILINA
● Espectro = ampicilina
● Dobrar a dose na suspeita de pneumococo
5) AMOXICILINA-CLAVULANATO
● Associado ao inibidor de beta-lactamase: aumenta o espectro para gram-negativos
- Haemophilus influenzae, etc.
- Cuidado ao dobrar a dose: ácido clavulânico produz diarréia!!!
6) PIPERACILINA-TAZOBACTAM
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos, enterococos
- Gram-negativos: Pseudomonas sp, Acinetobacter sp, Klebsiella sp, Enterobacter sp
- Anaeróbios
Cefalosporinas
● Mecanismo de ação: bactericida; inibe a síntese da parede celular

A) 1ª GERAÇÃO
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos e estafilococos MSSA
- Gram-negativos: meningococo, gonococo, leptospira, Klebsiella, E. Coli, Proteus,
Salmonella, etc.
- Não tem ação contra Pseudomonas!
● Cefalotina e cefazolina: EV; utilizados para profilaxia cirúrgica
● Cefalexina e cefadroxil: VO
- Infecções de pele, ITU em situações especiais (RN, gestantes)
B) 2ª GERAÇÃO
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos e estafilococos MSSA
- Gram-negativos: meningococo, gonococo, clostrídios, enterobactérias, Haemophilus
sp.
● Cefuroxima
● Cefaclor
● Cefoxitina
C) 3ª GERAÇÃO
● Espectro:
- Gram-positivos
- Gram-negativos
- Inativação de beta-lactamases
● Cefotaxima
- Não interage com metabolismo da bilirrubina → adequado para RN com icterícia!
● Ceftriaxone
- Meningite; infecção por pneumococo resistente à penicilina; pielonefrite
● Ceftazidima
- Ação anti-Pseudomonas
D) 4ª GERAÇÃO
● Espectro
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos
- Gram-negativos: E. Coli, Proteus sp., Serratia sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp.,
Citrobacter sp., Pseudomonas sp., Haemophilus sp., meningococo, gonococo
● Cefepime
- Monoterapia na neutropenia febril em alguns serviços
E) 5ª GERAÇÃO
● Espectro: amplo; cobertura contra Gram-negativos e Gram-positivos, inclusive
Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
● Ceftarolina (Zinforo®)
● Ceftobiprol (no Brasil ainda não foi liberado pela Anvisa)
F) Novas cefalosporinas
● Ceftazidima-avibactam (Torgena®)
- Cobertura para enterobactérias produtoras de ESBL, AmpC, algumas
carbapenemases (KPC, OXA-48) e para Pseudomonas aeruginosa multi
- Indicado para:
- Infecções intra-abdominais complicadas
- Infecções do trato urinário complicadas
- Pneumonias nosocomiais, incluindo PAVM
- Não apresenta cobertura para metalo-beta-lactamases

Carbapenêmicos
● Mecanismo de ação: bactericida; inibe a síntese da parece celular
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos MSSA, enterococos sensíveis a
ampicilina
- Meropenem: Listeria
- Gram-negativos: Pseudomonas, Klebsiella, E. Coli, Proteus, Morganella, Salmonella,
Shigella, etc.
- Anaeróbios
- Imipenem, meropenem, ertapenem
- Infecções intra-hospitalares

Monobactâmicos
● Mecanismo de ação: bactericida; inibe a síntese da parede celular
● Espectro:
- Somente Gram-negativos
- Alta resistência às beta-lactamases
● Aztreonam
- Infecções intra-hospitalares, germes sensíveis somente a este agente

Aminoglicosídeos
● Mecanismo de ação: bactericida; inibe a síntese protéica
● Espectro:
- Gram-negativos: enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa
● Não penetram bem a barreira hematoencefálica
● Sinergismo com penicilinas contra Streptococcus viridans e enterococos
- Endocardite
● Ex: amicacina, gentamicina, estreptomicina
● Indicações: ITU, síndrome disentérica, etc.
● Efeitos adversos: nefrotoxicidade, ototoxicidade
- 1 dose ao dia diminui a nefrotoxicidade

Lincosaminas
● Mecanismo de ação: bacteriostática; bloqueia síntese protéica
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos
- MRSA da comunidade costumam ser sensíveis à clindamicina!!!
- Anaeróbios
● Ex: clindamicina
● Indicação: estafilococos MRSA da comunidade, infecções anaeróbias
Glicopeptídeos
● Mecanismo de ação: inibe a síntese da parede celular; altera a permeabilidade
celular
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos, enterococos.
● Resistência à vancomicina: problema crescente em hospitais
● Indicação:
- MRSA, enterococo resistente a ampicilina
- Intra-hospitalar
- Presença de cateter intravascular
● Efeitos adversos: nefrotoxicidade, sd. do homem vermelho
● Ex: vancomicina, teicoplanina

Lipopeptídeos
● Mecanismo de ação: inibição da síntese de DNA, RNA e proteínas
● Espectro:
- Gram-positivos: S. aureus (MRSA), enterococos (VRE) e estreptococos
● Indicação:
- Infecções de pele e partes moles complicadas (MRSA)
- Sepse por S. aureus (MRSA)
- Endocardite por S. aureus (MRSA)
● Eventos adversos: miosite
● Ex: daptomicina

Oxazolidinonas
● Mecanismo de ação: inibe a síntese protéica
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos (incluindo os resistentes à penicilina), estafilococos
(inclusive os MRSA e VRSA), enterococos (incluindo os resistentes à ampicilina e
vancomicina)
● Ex: linezolida
● Indicação: infecções causadas por Gram-positivos multi-resistentes

Rifamicinas
● Mecanismo de ação: inibição da síntese do ARN
● Espectro:
- Gram-positivos: estafilococos MRSA
- Gram-negativos: diversos cocos e bacilos Gram-negativos
- Micobactérias: tuberculose e lepra
● Rifampicina
● Indicação: tuberculose, estafilococos MRSA

Quinolonas
● Mecanismo de ação: interfere na disposição do DNA
A) 1a geração:
● Espectro:
- Bacilos Gram-negativos entéricos
● Ex: ácido nalidíxico
● Indicação: ITU
B) 2a geração:
● Espectro:
- Gram-positivos: estafilococos MSSA
- Não agem contra pneumococos
- Gram-negativos: cocos e bacilos
● Ex: norfloxacino, ciprofloxacino
● Indicação: ITU
C) 3a geração:
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos MSSA
- Gram-negativos: cocos e bacilos
- Outros: germes atípicos
● Ex: levofloxacino
● Indicação: pneumonias comunitárias

Sulfas
A) DIAMINOPIRIMIDINAS:
● Mecanismo de ação: interferem na síntese de ácidos nucléicos
● Ex: pirimetamina, trimetoprim
● Indicações:
- Pirimetamina: toxoplasmose congênita
- Já foi utilizada no tratamento da malária
- Trimetoprim
- Ação sinérgica com sulfas
- Estafilococos MRSA da comunidade; coqueluche; profilaxia da
pneumocistose
B) SULFONAMIDAS
● Mecanismo de ação: interfere no crescimento bacteriano, inibindo a síntese de ácido
fólico
● Espectro:
- Bactérias: Gram-positivas e Gram-negativas
- Fungos
- Protozoários
● Ex: sulfadiazina, sulfametoxazol
● Indicações:
- Sulfadiazina: toxoplasmose congênita
- Sulfametoxazol:
- Ação sinérgica com trimetoprim
- Estafilococos MRSA da comunidade; coqueluche; profilaxia da
pneumocistose

Macrolídeos
● Mecanismo de ação: inibe a síntese protéica
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos, Listeria
- Gram-negativos: meningococo, gonococo
- Outros: espiroquetas, germes atípicos, Bordetella pertussis
● Ex: eritromicina, azitromicina, claritromicina
● Indicação: coqueluche, pneumonias atípicas

Anfenicóis
● Mecanismo de ação: bacteriostático; inibe a síntese protéica
● Espectro:
- Gram-positivos: estreptococos, estafilococos, enterococos, Listeria
- Gram-negativos: enterobactérias, meningococo
- Anaeróbios
- Outros: treponemas
● Ex: cloranfenicol

Tetraciclinas
● Mecanismo de ação: bacteriostáticas; inibem síntese protéica
● Espectro:
- Gram-positivos
- Gram-negativos
- Outros: riquétsias, micoplasmas, clamídias, espiroquetas, micobactérias
● Ex: doxiciclina
● Indicação: riquetsioses (droga de 1a escolha), tracoma, psitacose, etc.

Glicilciclinas
● Mecanismo de ação: inibe a síntese protéica
● Espectro:
- Gram-positivos: inclusive estafilococos MRSA
- Gram-negativos
- Anaeróbios
● Ex: tigeciclina

Polimixinas
● Mecanismo de ação: bactericidas; interferem na permeabilidade seletiva da
membrana celular
● Espectro: Gram negativos
- Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa multirresistentes
● Ex: Polimixina B
● Indicação: tratamento de infecções hospitalares por germes multirresistentes
INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES

Impetigo
● Infecção superficial da pele
● 2 a 5 anos de idade (pico de incidência)
● Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes
● Quadro clínico:
➔ Impetigo bolhoso: vesículas, por vezes coalescentes
- S. aureus (cepas produtoras de toxinas)
- 4 a 5 dias de evolução
- Sintomas sistêmicos: febre, mal estar
- Quadros disseminados: síndrome da pele escaldada

➔ Impetigo não bolhoso: pápula de halo hiperemiado → vesículas → pústulas →


crostas
- S. aureus/S. pyogenes
- 4 a 6 dias de evolução
- Face e extremidades; região oral e perinasal
- Em geral, sem sintomas sistêmicos

Ectima
● Acometimento da parte mais profunda da pele (derme)
● Mais comum em extremidades
● Úlcera coberta de crostas amarelo-esverdeadas, com margens elevadas e violáceas
● S. aureus e S. pyogenes
Exames complementares
● Não há necessidade de rotina
● Eventualmente: Cultura de secreção de vesículas e pústulas

Tratamento
● Poucas lesões (+ localizada)
- Ambulatorialmente
- Tópico: mupirocina 5 dias
● Múltiplas lesões ou comprometimento do estado geral
- Avaliar necessidade de internação (ATB parenteral)
- Antimicrobiano sistêmico 7 dias
- Cefalosporina 1a geração: cefalexina, cefazolina
- Penicilina de ação antiestafilocócica: oxacilina
- Penicilina +inibidor de beta-lactamase: amoxicilina-clavulanato
- Na suspeita de CA-MRSA: clindamicina, SMX-TMP (bactrim)

Síndrome da pele escaldada


● Impetigo bolhoso disseminado
● Etiologia: Staphylococcus aureus (cepas produtoras de toxinas esfoliativas)
● Quadro clínico:
- Vesículas e bolhas por todo o corpo (podem ser considerados como grandes
queimados, cuidado com a hidratação)
- Não há acometimento de mucosas
- Comprometimento sistêmico importante:
- Febre
- Irritabilidade e/ou letargia
- Pode cursar com: desidratação, distúrbios ácido básicos e/ou eletrolíticos, Síndrome
do choque tóxico estafilocócico (instabilidade hemodinâmica, disfunções orgânicas)

● Exames complementares
- Pesquisa do agente etiológico
- Líquido de vesícula/bolhas intactas (cultura; PCR)
- Hemocultura (por conta do acometimento sistêmico)
- Hemograma,
- Prova de atividade inflamatória,
- Gasometria, eletrólitos, função renal, enzimas e função hepática (conforme a
necessidade)
● Tratamento
- Internação
- Antibioticoterapia parenteral por 7 a 14 dias
- Penicilina de ação antiestafilocócica
- Suspeita de CA-MRSA: Clindamicina, SMX-TMP, Vancomicina
- Choque tóxico estafilocócico: associar clindamicina (por conta da endotoxina
que a bactéria libera quando morre)
- Suporte clínico
- Imunoglobulina intravenosa (IVIG): nos casos de choque tóxico estafilocócico

Celulite
● Da epiderme ao tecido subcutâneo
● Fator de risco: trauma local
● Etiologia: S. aureus e S. pyogenes
- Celulite periorbitária pós-septal: S. pneumoniae, Moraxella catarrhalis, Haemophilus
influenzae
● Quadro clínico:
- Histórico de porta de entrada
- Edema, hiperemia e dor local
- Limites imprecisos
- Pode haver: comprometimento de linfonodos regionais; sintomas sistêmicos (febre,
mal estar
● Tratamento
- Cefalosporinas de 1a geração: cefalexina, cefazolina
- Penicilinas antiestafilocócicas: oxacilina
- Suspeita de CA-MRSA: clindamicina, SMX-TMP
- Suspeita de HA-MRSA: vancomicina, linezolida
- Celulites periorbitárias pós-septais:
- Cefalosporina 3a geração: ceftriaxone

Erisipela
● Área mais superficial da pele
● Acometimento linfático é possível
● Fatores de risco: obesidade, estase venosa, comprometimento linfático
● Etiologia: S. pyogenes (mais comum) e S.aureus
● Quadro clínico
- Acometimento de extremidades
- Lesão avermelhada, endurada, dolorosa e de contornos mais bem definidos
- Pode haver sintomas sistêmicos
● Tratamento
- Penicilina
- Alérgicos: macrolídeos

Exames complementares
● Hemocultura:
- Imunocomprometidos
- Toxemia ou bacteremia
● Hemograma
● Provas de atividade inflamatória
● USG de partes moles: descartar coleções passíveis de drenagem
● Celulite periorbitária:
- TC de crânio: avaliar comprometimento pós-septal

Abscessos
● Coleções purulentas
● Derme ou subcutâneo
● Nódulo avermelhado e doloroso → flutuação → drenagem espontânea

Furúnculos/carbúnculos
● Furúnculos: Infecção dos folículos pilosos
● Carbúnculos: Furúnculos coalescentes
● Áreas de fricção + folículos pilosos: regiões axilar, cervical e glútea
● Evolução semelhante aos abscessos, associados a folículos pilosos

Quadro Clínico
● Comprometimento sistêmico é pouco comum
● Complicações:
- Celulite
- Bacteremia
- Focos à distância

Exames complementares
● Laboratoriais: sem necessidade quando não houver comprometimento sistêmico
● USG de partes moles

Tratamento
● Quadros de repetição:
- Investigação de imunodeficiências relacionadas à disfunção neutrofílica
- Descolonização: mupirocina tópica nasal + banho com clorexidina 4% por 5
dias (diminui o risco de fazer novas infecções, mas não é muito comum
precisar fazer)

Fasceíte necrotizante
● Infecção de tecido subcutâneo com comprometimento de fáscias musculares
● Uma dor desproporcional ao quadro que você está vendo clinicamente
● Etiologia: polimicrobiana
- S. aureus
- S. pyogenes
- Gram-negativos
- Anaeróbios
● Quadro clínico
- Qualquer parte do corpo
- Mais frequente em extremidades
- Região genital/perineal: gangrena de Fournier
- Presença de porta de entrada: trauma, cirurgia
- Edema + eritema + calor local + muita dor → coloração violácea e escurecida →
redução da sensibilidade → necrose
- Comprometimento sistêmico importante (febre, mal-estar, sepse, choque séptico;
desproporcional à lesão cutânea visível)
● Exames complementares
- Hemograma
- Provas de atividade inflamatória
- Hemocultura
- Cultura de secreção ou tecido desvitalizado
- Demais exames conforme a necessidade
- Garantir suporte clínico ao comprometimento sistêmico (sepse/choque
séptico)
● Tratamento
- Internação
- Controle do foco: abordagem cirúrgica (limpeza, desbridamento de tecidos
desvitalizados)
- Suporte clínico: estabilidade hemodinâmica, suporte ventilatório, correção de
distúrbios metabólicos
- Terapêutica antimicrobiana: amplo espectro
- Clindamicina + (cefalosporina de 3a geração ou penicilina + inibidor de beta-
lactamase)
- Imunocomprometidos: pensar em Pseudomonas aeruginosa
- Cefalosporinas com cobertura para este agente (ceftazidima,
cefepime)
- Piperacilina-tazobactam
- Carbapenêmicos (meropenem, imipenem)
- Infecções relacionadas à assistência à saúde: acrescentar cobertura para
HA-MRSA + Gram negativos multirresistentes
- Vancomicina/linezolida + carbapenêmicos
Piomiosite
● Também conhecida como piomiosite tropical
● Afecção purulenta de tecidos musculares profundos
● Predomínio: sexo masculino, 2 a 5 anos de idade
● Primária ou secundária (disseminação hematogênica)
● Etiologia:
- S. aureus (50-95% dos casos)
- S. pyogenes
- Gram-negativos
● Quadro clínico
- Dor local → hiperemia + edema + calor local
- Comprometimento sistêmico (febre, mal estar, pode evoluir para sepse/choque
séptico)
- Musculatura mais acometida: região do tronco
● Exames complementares
- Hemograma
- Provas de atividade inflamatória
- Hemocultura
- Cultura de secreção/tecido
- Exames de imagem: RNM (padrão ouro; precisa de sedação), USG e TC
● Tratamento
● Antibioticoterapia endovenosa
- Cefalosporinas de 1a geração
- Penicilinas de ação anti-estafilocócica
- Suspeita de CA-MRSA: clindamicina, SMX-TMP
- Imunocomprometidos: acrescentar cobertura para Gram-negativos
- Cefalosporina com cobertura para Pseudomonas aeruginosa
- Penicilina + inibidor de beta-lactamase
- Ausência de melhora após 72 horas de ATB adequado: considerar limpeza cirúrgica

INFECÇÕES OSTEOARTICULARES
● Fator de risco: sexo masculino; idade <5a
● 20% de associação a trauma local nas 2 semanas anteriores
● Etiologia
- Modos de infecção: disseminação hematogênica, contiguidade, inoculação direta
- Gram positivos: Staphylococcus aureus, Kingella kingae
Artrite séptica
● Quadro clínico
- Início agudo (2-4 dias)
- Sintomas mais frequentes: dor local, edema, redução da mobilidade da articulação,
febre
- Articulações mais frequentes: joelho, quadril, tornozelo, cotovelo, ombro
● Diagnóstico
- Suspeição clínica
- Auxílio de exames de imagem:
- Radiografia simples: aumento do espaço intra-articular e edema de partes
moles]
- USG: suficiente para diagnóstico
- TC/RNM: suspeita de complicações ou diagnóstico diferencial com outras
patologias
● Exames complementares
- Hemograma
- Provas de atividade inflamatória
- Hemocultura
- Cultura de líquido sinovial
- Pesquisa de agente etiológico por métodos moleculares
- Kingella kingae
● Tratamento
- Controle do foco:
- Drenagem e limpeza cirúrgicas
- Coleta de material para cultura
- Terapia antimicrobiana:
- Cefalosporinas de 1a geração
- Penicilinas de ação anti-estafilocócica
- Suspeita de CA-MRSA: clindamicina, SMX-TMP, vancomicina, linezolida
- Duração: 14 a 21 dias

Osteomielite
● Quadro clínico:
- Classificação:
- Aguda: < 2 semanas
- Subaguda: entre 2 semanas e 3 meses
- Crônica: > 3 meses
- Sintomas mais frequentes: febre e alterações locais (dor, edema, calor local)
- Ossos mais frequentemente acometidos: fêmur, tíbia, úmero
● Diagnóstico
Exames de imagem:
- Radiografia simples: elevação do periósteo (0 a 21 dias para surgir); visualiza lesões
de lise
- TC: Menos sensível, porém mais prática e mais disponível que a RNM
- RNM: padrão ouro; diagnóstico precoce (3-5 dias de evolução)
● Exames complementares
- Hemograma
- Provas de atividade inflamatória
- Hemocultura
- Cultura de tecido ósseo
- Pesquisa de agente etiológico por métodos moleculares
- Kingella kingae
● Tratamento
- Terapia antimicrobiana
- Cefalosporinas de 1a geração
- Penicilinas de ação anti-estafilocócica
- Suspeita de CA-MRSA: clindamicina, SMX-TMP, vancomicina, linezolida
- Osteomielite plantar pós trauma com material perfurante através de solado de
borracha: pensar em Pseudomonas aeruginosa
- Cefalosporina de ação anti-Pseudomonas (ceftazidima, cefepime)
- Piperacilina-tazobactam
- Carbapenêmicos
- Duração: 4 a 6 semanas
- Controle do foco: limpeza cirúrgica

Espondilodiscite
● Quadro Clínico
- Insidioso: tempo médio de 27 dias entre o início dos sintomas e o diagnóstico
- > 4 semanas em até 70% dos casos
- Sintomas mais frequentes:
- Dor lombar
- Recusa em movimentar as costas
- Recusa em se sentar, ficar em pé ou andar
- Associação a dor abdominal e constipação
- Região mais acometida: lombar (L4/L5)
● Diagnóstico
Exames de imagem
- Radiografia simples: Diminuição do espaço intervertebral e erosão da vértebra
adjacente (2 a 3 semanas para aparecer)
- TC: Menos sensível, porém mais prática e mais disponível que a RNM
- RNM: padrão ouro
● Exames complementares
- Hemograma, provas de atividade inflamatória e hemocultura
● Tratamento
- Terapia antimicrobiana:
- Cefalosporinas de 1a geração
- Penicilinas de ação anti-estafilocócica
- Suspeita de CA-MRSA: clindamicina, SMX-TMP, vancomicina, linezolida
- 6 a 8 semanas (geralmente 2 semanas parenteral, depois, VO, seguimento
ambulatorial)

OBS: bebês <6m → sempre pensar em bactérias de canal de parto (gram -)


IVAS EM PEDIATRIA

Resfriado comum
● Infecção viral aguda
● Autolimitada
● Predomina em outono e inverno
● Transmissão: contato secreção nasal com mucosas; inalação de gotículas.
● Tempo de incubação: 24h a 72h (pico de transmissão)
● Sintomas:
- Espirros
- Coriza / rinorréia
- Tosse
- Obstrução nasal
- Febre baixa (38-39°C)
- Cefaléia
- Odinofagia
- Mialgia/ mal-estar
- Irritabilidade
● Etiologia
- Rinovírus
- VSR
- Parainfluenza
- Influenza
- Adenovírus
- Enterovírus (echovírus e coxsackievirus)
- Coronavírus
- Metapneumovírus
● Evolução normal: secreção nasal transparente → amarelo-esverdeada → resolução
espontânea do quadro em 7 a 10 dias
● Complicações
- OMA
- Rinossinusite bacteriana aguda
- Pneumonia
- Exacerbações de Asma
● Tratamento
➔ Fluidificar e remover secreções
- Lavagem nasal
- Inalação com SF 0,9%
- Aumentar oferta de líquidos
➔ Antitérmicos e analgésicos
- Paracetamol/dipirona
- Evitar AAS (sd reye)
➔ Orientações de sinais de alerta
➔ Indicação de máscara (covid-19) a partir de 02 anos

Síndrome gripal
● Maiores de 6 meses: febre de início súbito E tosse ou dor de garganta e pelo menos
1 dos sintomas - cefaleia, mialgia ou artralgia
● Menores de 6 meses: febre de início súbito e sintomas respiratórios
● Síndrome Respiratória Aguda Grave:
- Indivíduo de qualquer idade com sd gripal que apresente:
- Sat < 95% AA OU sinais de desconforto respiratório
- E/OU: Aumento da FR; Hipotensão arterial; Batimentos de asa de nariz,
cianose, tiragem intercostal, desidratação.
● Fatores de risco
- Criança < 2 anos
- Adultos > ou = 60 anos
- Grávidas em qualquer IG ou puérperas até 2 semanas do parto.
- Pneumopatas (incluindo Asma), Cardiopatas, Nefropatas, Hepatopatias, Doenças
Hematológicas, DM, Neuropatas, Síndrome de Down.
- Imunossupressão.
- Obesos Mórbidos.
- População Indígena.
● Tratamento
- Pacientes com Síndrome Gripal e Fatores de Risco
- Pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (e colher pesquisa viral).
➔ Oseltamivir: 12/12h por 5 dias ( dose varia com faixa etária)

Rinossinusite aguda
● Inflamação da mucosa de um ou mais seios paranasais.
● Parte de uma síndrome respiratória aguda (viral) ou complicação secundária
(bacteriana)
● Clínica em crianças
- Rinorréia purulenta (pode ser viral)
- Tosse diurna com piora noturna
- Obstrução nasal
- Febre
- Halitose
- Cefaléia
- Gotejamento pós nasal
● Diagnóstico é clínico (não precisa de radiografia de seios da face)
● AAP – Critério de sintomas persistentes ou graves:
- Persistentes: descarga nasal anterior ou posterior com qualquer característica
associada à tosse diária, que pode ter piora noturna, por mais de 10 a 14 dias.
- Graves: temperatura > 39°C e descarga nasal purulenta por 3 a 4 dias com
comprometimento do estado geral.
- Evolução “bimodal”
● Rinossinusite bacteriana aguda
- PNEUMO, HAEMOPHILUS E MORAXELLA!
- Amoxicilina, cefuroxima, claritromicina, amoxicilina + clavulanato
- Em geral durante dias
● Complicações
- Celulite periorbitária
- Celulite orbitária (realizar TC de crânio; avaliação ORL e OFT)
Otite média aguda
➔ Definida pela Academia Americana de Pediatria como:
● Quadro de início agudo
● Presença de efusão em orelha média:
- Diminuição da motilidade da membrana
- Nível Líquido
- Otorréia
● Sinais e Sintomas de inflamação:
- Hiperemia da membrana
- Otalgia

● Epidemiologia
- Incidência: pico 6-12 meses
- Indicação mais comum de antibióticos na infância
- Características anatômicas favorecem a OMA na infância
- Principal complicação bacteriana dos resfriados e gripes!
● Fatores de risco
- Uso de Chupeta
- Frequentar creche
- Tabagismo passivo
- Desmame precoce
- Alterações anatômicas (OVAS)
- IVAS de repetição
● Fisiopatologia
- Precipitada por infecção viral
- Edema/ disfunção da tuba auditiva
- Acúmulo de secreção
- Infecção secundária bacteriana
● Sinais e sintomas
- Opacidade
- Hiperemia
- Aumento da vascularização
- Abaulamento
- Alteração da mobilidade
- Efusão ou otorréia
- Otalgia
- Febre
- Irritabilidade
- Anorexia
- Vômitos
- Ouvido “tapado”
- Hipoacusia
- Supuração: melhora da dor, orientar tampão
● Etiologia
- Viral
- Streptococcus pneumoniae (maioria)
- Haemophilus influenzae
- Moraxella catarrhalis
- Coinfecção Viral
● Tratamento
➔ Tratar com ATB
- < 6 meses
- < 2 anos (relativo): toxemia, febre >= 39ºC, otalgia intensa, perfuração/otorreia,
imunodeficiência, anormalidades anatômicas
➔ 80% apresentam cura espontânea
➔ Observação, analgesia e reavaliação em 48 - 72 h:
- > 2 anos
- Previamente hígidos
- Sem os critérios de complicação
➔ Introduzir ATB se após 72h não houver melhora espontânea
➔ Amoxicilina: 50- 90 mg/kg/dia 2-3x dia
➔ Cefalosporina 2a geração: Cefuroxima 30mg/kg/dia 2x dia
➔ Amoxicilina + Clavulanato: 50- 90 mg/kg/dia 3x dia
➔ Cefalosporina 3a geração: Ceftriaxone 50 mg/kg/dia 1x dia, por 3 dias
● Complicações
- Mastoidite (febre, dor e eritema retroauricular)
- Osteomielite base de crânio
- Trombose seio sigmóide
- Meningite
- Abscesso intracraniano
- Otite Média Serosa

Bronquiolite viral aguda


● Inflamação das vias aéreas de pequeno calibre
● Tosse e congestão nasal / coriza → desconforto respiratório, sibilância
● Indicadores de gravidade:
- Desidratação
- Taquipneia / sinais de desconforto respiratório
- Cianose ou hipoxemia
- Letargia
● Epidemiologia
- Predomina em outono/inverno
- Faixa etária mais acometida: 2 a 8 meses (frequente até o 2o ano de vida)
● Etiologias
- VSR: mais comum
- Outros: rinovirus, metapneumovirus, parainfluenza, influenza, adenovirus, bocavirus
e coronavirus
● Não necessita de exames laboratoriais / imagem de rotina
● PVR: nem sempre disponível
● Hemograma: inespecífico
● Rx tórax somente se suspeita de complicações (hiperinsuflação, espessamento
brônquico difuso)
● Gasometria arterial: para os casos de insuficiência respiratória

Crise asmática
● Asma: doença inflamatória crônica das vias aéreas
● Episódios recorrentes de sibilância, tosse e desconforto respiratório, que podem ser
desencadeados por IVAS, mudança de temperatura, esforço físico, entre outros
● Atenção para: tosse crônica, pneumonias de repetição (2 em 6 meses ou 3 na vida)
● Tratamento nas crises
- Broncodilatador + corticoide

Laringite aguda/Crupe viral


● Síndrome clínica caracterizada por:
- Rouquidão
- Tosse ladrante
- Estridor inspiratório
- Graus variados de desconforto respiratório
● De acordo com local de acometimento:
- Laringite: rouquidão e tosse ladrante
- Laringotraqueíte: estridor
- Laringotraqueobronquite: sibilos e tempo expiratório prolongado
● Agentes:
- Parainfluenza tipos 1, 2 e 3
- Influenza A e B
- Vírus Sincicial Respiratório
● Epidemiologia
- Idade: 1 a 6 anos, pico aos 18m
- Maioria outono e inverno (ano todo)
● Apresentação clínica
- Rinorréia clara; faringite; tosse leve e febre baixa → após 12-48h sinais de OVAS
(obstrução de via aérea superior) e febre alta
- Pode haver sinais de insuficiência respiratória e obstrução progressiva de VAs →
mais intenso à noite
- Maioria tem quadro leve e autolimitado
● Gravidade
● Conduta

Amigdalite aguda
● Criança saudável: 2 a 3 episódios/ ano
● Etiologia:
- Viral (50-85%)
- Bacteriana: 15-30% → Strepto B hemolítico do Grupo A de Lancefield –
Streptococcus pyogenes (90%) → Importante devido às complicações não
supurativas: febre reumática e Glomerulonefrite
● Tonsilite aguda:
- Escolares e adolescentes (e a partir de 2 anos)
- Odinofagia Aguda
- Febre > 38°C
- Linfadenopatia cervical anterior
- Exsudato amigdaliano
- Ausência de tosse, coriza ou rouquidão
● Outros sintomas: disfagia, cefaleia, dor abdominal, náusea ou vômito, exantema (em
lixa)
● Diagnósticos diferenciais:
- Mononucleose: hepatoesplenomegalia; rash; linfocitose no HMG
- Difteria: exsudato -> membrana acinzentada
● Métodos microbiológicos
- Cultura aeróbia de orofaringe
Sensibilidade 90 – 95% e Especificidade 100%
- Prova rápida para SBGA
Antígenos do carboidrato do SBGA, Sensibilidade 65 a 90% (técnica de coleta),
Especificidade 95%
* Atenção para falsos + (indicar corretamente o teste)
● Tratamento
- Tempo de doença
- Morbidade
- Complicações supurativas
- Abscesso periamigdaliano (trismo; desvio do palato, voz de “batata na boca”)
- Abscesso retrofaríngeo
- Linfadenite supurativa cervical
- Reduz transmissibilidade (24 hs com ATB até 7 dias após redução dos sintomas sem
ATB)
- Reduzir complicações não supurativas
- Febre Reumática: auto-anticorpos
- GNDA: imunocomplexos (ATB não previne GNDA!!)
- Escarlatina: exotoxina 24 a 48hs após o início dos sintomas.
- Penicilina G benzatina
- 25.000-50.000UI/kg/dose ou
- < 27kg: 600.000UI e > 27kg: 1.200.000UI
- Obs.: Aplicação dolorosa
- Melhor opção se má aderência
- Amoxicilina (50 mg/kg/d 2x dia por 10d)
- Eritromicina ou claritromicina: alergia à penicilina
- Afastar da escola nas primeiras 24h do tratamento

Coqueluche
● Agente etiológico: Bordetella pertussis
● 3 fases clínicas: catarral / paroxística / convalescência
● Definição de caso (MS)
- Tosse por pelo menos 2 semanas e:
- Paroxismos
- Ou guincho inspiratório com vômitos após, sem causa aparente
● Critério laboratorial
- Bordetella pertussis isolada em espécime clínica OU
- Reação de cadeia da polimerase positiva para B. pertussis
● Quadro clínico
- Fase catarral, com duração de 7 a 14 dias: cursa com rinorreia, lacrimejamento,
febre baixa, e no final desta fase inicia a tosse seca
- Fase paroxística, com duração de 1 a 4 semanas: cursa com 5-10 episódios de tosse
durante uma expiração, guincho na inspiração forçada, vômitos pós-tosse,
paroxismos em torno de 30 episódios a cada 24 h (espontâneos ou por estímulo).
Durante o paroxismo pode ocorrer cianose, olhos salientes, salivação,
lacrimejamento e distensão das veias do pescoço.
- Fase de convalescença, com duração de 1 a 2 semanas: cursa com diminuição da
frequência e gravidade da tosse. Neste período o epitélio do paciente fica vulnerável
e podem ocorrer paroxismos novamente se o paciente apresentar uma infecção
respiratória concomitante
● Agente etiológico: Bordetella pertussis
● 3 fases clínicas: catarral / paroxística / convalescência
● Síndrome coqueluchoide: VSR, adenovirus, micoplasma, clamidia
● Cultura de swab de nasofaringe (PCR)
● HMG: linfocitose
● Rx tórax: coração felpudo ou normal
● Tratamento
- Macrolídeos
● Quimioprofilaxia
- Mesmos medicamentos e mesma duração que o tratamento!
- Independentemente da vacinação, mas até 21 dias do início da tosse no caso índice:
para todos contactantes domiciliares e contactantes próximos (creches)
- Após 21 dias do início da tosse no caso índice, somente nos de alto risco: lactentes,
gestantes, contactantes de lactentes
● Vacinação → penta (2m, 4m, 6m) e DTP (15m, 4a)
- Prematuros → DTPa!
- Gestantes → DTPa!
- Profissionais de saúde → DTPa!
- Reações vacinais graves → DTPa!
● Transmissão: gotículas (transmite até 5 dias após o início do ATB)
● Doença de notificação compulsória

ARBOVIROSES E LEPTOSPIROSE EM PEDIATRIA

Dengue
● RNA vírus do gênero Flavivirus com 4 sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3,
DENV-4)
● Transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti
● Problema de saúde pública
● Quadro clínico
- Quadro clínico variável
- Período de incubação de 3 a 14 dias
- Assintomáticos 🡺 quadros graves e óbito
- Quadros mais graves tendem a ocorrer após uma infecção prévia por outro sorotipo
- Piora tende a ocorrer após a defervescência da febre, entre 3 e 7 dias
- Aumento da permeabilidade vascular
- Hipovolemia
- Choque
- Febre < 7 dias
- Mialgia
- Dor retro orbitária
- Rash maculopapular
- Artralgia
- Dor abdominal
- Petéquias
- Sangramentos
● Caso suspeito → notificação compulsória
- Epidemiologia positiva
- Febre entre 2 e 7 dias
- Duas ou mais das seguintes: náusea, vômitos, exantema, mialgia, artralgia, cefaléia,
dor retroorbitária, petéquias, prova do laço positiva, leucopenia
- Crianças: quadro febril agudo entre 2 e 7 dias sem foco definido
● Exames complementares
- Hemograma (hemoconcentração, leucopenia, plaquetopenia)
- NS1 (pesquisa antigênico, altamente sensível e específica, coleta até o 3º dia da
doença)
- Sorologia (pesquisa de anticorpos, após o 6º dia doença)
● Manejo
- Anamnese: início dos sintomas e pesquisar sinais de alarme
- Dor abdominal intensa e contínua
- Vômitos persistentes
- Acúmulo de líquidos
- Hipotensão postural
- Hepatomegalia
- Sangramento de mucosa
- Letargia e/ou irritabilidade
- Aumento progressivo de hematócrito
- Pesquisar condições preexistentes de maior risco
- < 2 anos ou > 65 anos
- Gestantes
- HAS e/ou doenças cardiovasculares
- Diabetes mellitus
- DPOC
- Doenças hematológicas crônicas
- DRC
- Doenças autoimunes
● Prova do laço
- Desenhar um quadrado de 2,5 x 2,5 cm no antebraço do paciente
- Insuflar o manguito até o valor da PA média [(PAs + PAd) / 2] por 3 minutos
- Contar o número de petéquias:
> 10 em crianças = +
> 20 em adultos = +
● Classificação
- A: sem sinais de alarme, sem comorbidade, prova do laço negativa
- B: sem sinais de alarme, com comorbidade ou com sangramento da pele
(espontâneo ou induzido pela prova do laço)
- C: com sinais de alarme
- D: dengue grave
- Sinais de choque
- Sangramento grave
- Comprometimento grave de órgãos
● Tratamento
- Hidratação oral
Volume diário:
< 10 kg: 130 ml/kg
10 a 20 kg: 100 ml/kg
> 20 kg: 80 ml/kg
1/3 TRO, 2/3 outros líquidos
1/3 nas primeiras 4 a 6 horas
Manter durante todo o período febril
- A:
Exames complementares ACM
Sintomáticos
Hidratação oral
- B:
Exames complementares
HG → Ht normal: alta com reavaliação diária; Ht elevado: passa a ser classificado
como C
Observação até resultado de exames
Hidratação oral
- C:
Expansão SF 10 ml/kg em 1 hora (pode repetir até 3 vezes, se não houver melhora
de Ht
Exames complementares: (HG, albumina, transaminases, Rx Tórax, USG abdome,
Exames confirmatórios: NS1 ou sorologia)
Se melhora do Ht após expansão: hidratação de manutenção; Manter em
observação por pelo menos 48 horas
Se não houver melhora do Ht: passa a ser classificado como D
- D:
Conduta para choque: Expansão SF 0,9% 20 ml/kg em 20 minutos, repetir até 3
vezes, considerar necessidade de drogas vasoativas
Internação em UTI por pelo menos 48 horas, até estabilização do quadro
Exames complementares: HG, albumina, transaminases, rx tórax, USG abdome,
exames confirmatórios
Suporte ventilatório e hemodinâmico
Correção de distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos
● Critérios para alta
- Estável hemodinamicamente há pelo menos 48 horas
- Afebril há pelo menos 48 horas
- Melhora visível do quadro clínico
- Hematócrito normal há pelo menos 24 horas
- Plaquetas > 50.000/mm3
● Prevenção
- Medidas de controle do vetor
- Vacina:
- Recombinante e atenuada
- Contém os 4 sorotipos
- Indicada para quem tem de 9 a 45 anos
- 3 doses com intervalo de 6 meses
- Contraindicada para imunodeprimidos, gestantes e quem nunca teve dengue (Risco
aumentado de quadro grave de dengue ao entrar em contato com o vírus após
imunizado)

Zika
● RNA vírus do gênero Flavivirus
● Transmissão:
- Pela picada do mosquito Aedes aegypti
- Via sexual
- Vertical
● Quadro Clínico:
- Período de incubação: 3 a 12 dias
- Doença aguda febril auto-limitada, com duração de 3 a 7 dias
- Sintomas associados:
- Rash cutâneo
- Hiperemia conjuntival
- Artralgia
- Mialgia
- Neurotropismo
- Associação a Sd. Guillain-Barré
- Associação a mal formação de SNC (microcefalia) em RN de mães que foram
infectadas durante a gestação
- Diagnóstico diferencial com sarampo!!!
● Caso suspeito → notificação compulsória
- Todos os pacientes com exantema maculo-papular pruriginoso associado a dois ou
mais dos seguintes:
- Febre
- Artralgia
- Hiperemia conjuntival sem secreção com prurido
- Edema periarticular
- Doença neuroinvasiva associada a arboviroses: encefalite, mielite, Sd. Guillain-Barré
- Gestante:
- Gestante com exantema
- Feto com alteração em USG em gestante assintomática
- Síndrome congênita associada ao Zika
- RN com critério antropométrico ou clínico
- Abortamento > 22 semanas, óbito fetal ou óbito neonatal precoce
● Diagnóstico
- Detecção de RNA viral (PCR): até o 5º dia de história
- Instituto Adolfo Lutz (IAL)
- Somente doença neuroinvasiva, gestantes e síndrome congênita
- Detecção de anticorpos: após o 6º dia de história
- Teste rápido (Laboratório de Saúde Pública até o fim do estoque)
- Sorologia (IAL)
- Imunohistoquímica/histopatológico
● Tratamento
- Sem tratamento específico
- Suporte

Chikungunya
● Vírus Chikungunya, gênero Alphavirus
● Transmissão:
- Picada do Aedes aegypti
- Vertical (Infecção neonatal grave)
● Quadro clínico
- Período de incubação: 1 a 12 dias
- Fases:
- Aguda: até 10 dias
- Febre
- Poliartralgia
- Mialgia
- Cefaléia
- Subaguda: até 3 meses
- Comprometimento articular
- Crônica: > 3 meses
- Comprometimento articular
- Complicações: SNC, cardiológicas, renais, etc.
- Letalidade:
- < Dengue
- Extremos de idade e pacientes com comorbidades
- Caso suspeito: febre súbita + artralgia ou artrite intensa aguda + epidemiologia
positiva
● Diagnóstico
- Pesquisa de RNA viral (PCR) - Até o 5º dia de história
- Sorologia (IgM) - Após o 6º dia de história
● Tratamento
- Suporte
- Hidratação
- Analgesia (protocolo específico; avaliação da escala da dor)

Diagnóstico diferencial (dengue, zika e chikungunya)

Febre amarela
● Febre hemorrágica viral de alta letalidade (chegando a 50% dos casos mais graves)
● RNA vírus da família Flaviviridae
- Sorotipo único
● Transmissão pela picada do mosquito:
- Aedes aegypti (áreas urbanas)
- Haemagogus e Sabethes (áreas silvestres)
● Sazonalidade de dezembro a maio
● Quadro clínico
- Período de incubação: 3 a 6 dias
- Período de infecção: 4 a 5 dias
- Febre, mal estar, mialgia, artralgia, cefaléia
- Leucopenia precoce
- Alteração de TGO/TGP neste momento: preditor de evolução para quadro
grave
- Período de remissão: cerca de 48 horas
- Melhora dos sintomas
- Período toxêmico:
- Retorno dos sintomas associados a sinais de gravidade: icterícia,
manifestações hemorrágicas, oligúria, rebaixamento do nível de consciência,
instabilidade hemodinâmica, etc.
● Caso suspeito → notificação compulsória
- SINAN
- Coleta de material para pesquisa diagnóstica (IAL)
- Sorologia: A partir do 6º dia da doença
- PCR: Até o 5º dia da doença
- Histopatológico
- Quadro febril agudo (< 7 dias) associado a icterícia e/ou manifestações
hemorrágicas, proveniente de região endêmica ou de surto e não vacinado
previamente
● Exames complementares
- Diagnósticos:
- PCR: até o 5º dia da doença
- Sorologia: após o 6º dia da doença
- Outros: HMG, provas de atividade inflamatória, transaminases, função hepática,
função renal, eletrólitos
● Manejo
Critérios de internação:
- Alterações clínicas:
- Icterícia
- Manifestações hemorrágicas
- Rebaixamento do nível de consciência
- Instabilidade hemodinâmica
- Alterações laboratoriais:
- Plaquetopenia
- Elevação de transaminases
- Alteração de função hepática
- Alteração de função renal
● Tratamento
- Não há tratamento específico!
- Suporte conforme necessidade:
- Hemodinâmico: volume, correção de distúrbios hidroeletrolíticos, drogas
vasoativas, hemoderivados
- Ventilatório
● Prevenção
➔ Imunização
- Vírus vivo atenuado
- Alta imunogenicidade
- Recomendada para residentes e viajantes de áreas endêmicas entre 9 meses e 59
anos
- Dose única garante imunidade vitalícia
- Contraindicação: imunodeprimidos, gestantes
- Complicações:
- Doença neurotrópica: encefalite vacinal
- Doença viscerotrópica: febre amarela pelo vírus vacinal
- Letalidade de 63%
- Não há tratamento específico
- Fator de risco: ≥ 60 anos

Leptospirose
● Leptospira interrogans
- Bactéria helicoidal (espiroqueta)
● Transmitido pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados
- Hospedeiro: roedores
- Homem é hospedeiro acidental e terminal
● Período de incubação de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 dias)
● Quadro clínico
- Variável, desde casos assintomáticos até manifestações fulminantes
- Fases:
- Fase precoce: sintomas inespecíficos (febre, mialgia, anorexia, etc.), autolimitada (3
a 7 dias)
- Sufusão conjuntival nessa fase é característica de leptospirose
- Fase tardia: cerca de 15% dos pacientes, após 7 dias
- Icterícia – não é obrigatória!
- Insuficiência renal: não oligúrica e hipocalêmica
- Manifestações hemorrágicas, em especial pulmonar
- Letalidade de 50% nestes casos
- Convalescença: 1 a 2 meses
- Sintomas inespecíficos
● Caso suspeito → notificação compulsória
- Paciente com febre, cefaleia e mialgia e que apresente pelo menos 1 dos critérios
abaixo:
- Epidemiologia positiva nos últimos 30 dias (exposição a enchentes,
alagamentos, fossas, esgoto, exposição ocupacional, etc)
- Presença de pelo menos 1 dos seguintes sinais ou sintomas: icterícia,
aumento de bilirrubinas, sufusão conjuntival, hemorragia ou insuficiência renal
aguda
- Preencher SINAN
- Coleta de material para diagnóstico (Laboratório de Saúde Pública)
- Sorologia
● Exames complementares
- HMG, ureia, creatinina, BB total e frações, TGO/TGP, CPK, Na, K
- Considerar: ECG, rx tórax e gasometria arterial
● Diagnóstico
- Fase precoce:
- Visualização direta
- PCR
- Cultura
- Fase tardia
- Sorologia
● Diagnóstico diferencial
➔ Fase precoce
- Dengue
- Influenza
- Malária
- Riquetsiose
- Toxoplasmose
➔ Fase tardia
- Hepatites virais agudas
- Hantavirose
- Febre amarela
- Malária grave
- Dengue grave
- Riquetsioses
- Sepse
- Colelitíase, coledocolitíase,colangite, colecistite
- SHU
- Vasculites
● Tratamento: Antibioticoterapia
➔ Fase precoce
- Doxiciclina: 100 mg VO 12/12 horas por 5-7 dias
- Amoxicilina: 500 mg VO 8/8 horas por 5-7 dias
- Pediatria: 50 mg/kg/dia VO 8/8 horas por 5-7 dias
➔ Fase tardia
- Penicilina cristalina: 1.500.000 UI EV 6/6 horas por 7 dias
- Pediatria: 100.000 UI/kg/dia EV 6/6 horas por 7 dias
- Ceftriaxone: 1-2g EV 12/12 horas por 7 dias
- Pediatria: 80-100 mg/kg/dia EV 12/12 horas por 7 dias
- Outras opções: ampicilina, cefotaxima
● Prevenção
- Controle da população de roedores
- Armazenamento adequado de alimentos
- Manter terrenos limpos
- Alertas de risco para enchentes e alagamentos
- Limpeza da lama residual das enchentes
- Limpeza de reservatórios domésticos de água
- Melhorias nas condições de saneamento básico
A CRIANÇA VOMITADORA

Refluxo gastroesofágico fisiológico/Regurgitação do lactente


● Retorno do conteúdo gástrico para esôfago, atingindo, algumas vezes, a faringe, a
boca e as vias aéreas superiores. processo fisiológico normal que ocorre várias
vezes por dia em todas as pessoas saudáveis, independentemente da idade
● Regurgitações que não se associam a redução no ganho de peso ou nas
manifestações clínicas
● Dependente da imaturidade funcional do aparelho digestivo no primeiro ano de vida
(critérios de Roma IV)
● Inicia-se antes de oito semanas de vida
● 90% a 95% dos casos resolvem até o primeiro ano de vida
● Critérios de Roma IV:
- Obrigatória a presença das duas seguintes condições em lactentes sadios (3
semanas a 12 meses):
1. Dois ou mais episódios de regurgitação por pelos menos 3 semanas;
2. Ausência de náuseas, hematêmese, aspiração, apneia, déficit de ganho ponderal,
dificuldade para alimentação ou deglutição, postura anormal .
● Manejo clínico:
- Acompanhar a evolução natural com resolução dos sintomas até 12 meses
- Tranquilizar os pais e orientá-los quanto aos cuidados ambientais e dietéticos
- Postural:
- Permanecer no colo em posição vertical após as mamadas cerca de 20-30
minutos (arroto → significa que o esfíncter fechou)
- Dormir em posição supina (barriga para cima) com elevação da cabeceira do
berço 30-40 graus
- Alimentação:
- Se aleitamento materno exclusivo: manter aleitamento materno exclusivo.
Rever técnica de amamentação, reduzindo a possibilidade de ingestão de ar
excessiva.
- se em aleitamento misto ou apenas fórmula láctea: Utilização de fórmula
espessadas (anti regurgitação); Amidos de milho, de arroz ou de batata, de
pH neutro, tornam-se viscosos em pH ácido a 37oC, proporcionados pelo
meio gástrico e fracionamento da dieta
- Evitar exposição passiva ao fumo

Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)


NO LACTENTE
● Outras manifestações além das regurgitações:
- Vômitos intensos
- Dificuldades nas mamadas
- Irritabilidade
- Choro intenso
- Alteração na posição cervical
- Déficit de ganho ponderoestatural
- Hematêmese
- Disfagia e odinofagia
- Sibilância e estridor
- Esofagite, estenose de esôfago e esôfago de Barrett
- Inflamação de laringe ou de faringe
- Pneumonia de repetição
- Anemia
- Erosão dentária
- Outras alterações no exame otorrinolaringológico

Principal problema → alergia a proteína do leite da mãe; orientar a mãe a excluir leite de
vaca e derivados (durante 2 a 4 semanas) e orientar quanto à leitura de rótulos

● Tratamento:
- Possibilidade de Alergia alimentar - exclusão da proteína do LV
- Exclusão PLV da dieta materna -aleitamento materno exclusivo (2-4 semanas)
- Fórmula extensamente hidrolisada ou à base de aminoácidos
- Antiácidos ou procinéticos deve ser reservado para as situações mais graves após
avaliação criteriosa
● Fórmulas especiais no tratamento da alergia alimentar
- Fórmula de aminoácidos livres
- Fórmula extensamente hidrolisada
● Alimentação
- Manter aleitamento materno exclusivo
- Modificação dietética - fórmula espessada – (se aleitamento misto ou apenas com
fórmula láctea)
- Fórmula AR anti regurgitação (quando necessário, sem condições de AM)
● Investigação (não há nenhum exame considerado padrão-ouro)
- Esôfago-estômago-duodeno contrastado:
- Deve ser solicitado para excluir anormalidades anatômicas do trato digestório
- pHmetria esofágica prolongada de 24h: identifica apenas os episódios de refluxo
ácido; quantifica a frequência dos episódios de refluxo ácido e sua duração no
esôfago distal; permite avaliar se existe associação do registro dos episódios de
refluxo ácido com sintomas digestivos e extra digestivos (indicada quando há
suspeita de refluxo sem sinais clássicos, exemplo otite de repetição ou não melhora).
É CONFIRMATÓRIA!
- IR índice de refluxo é parâmetro mais importante
● IR<10% no 1o ano de vida
● IR <7% crianças maiores
● Tratamento farmacológico
- Se não for manifestação clínica de alergia alimentar e falha terapêutica com medidas
posturais e uso de fórmula anti refluxo
- IBP 🡪 p. ex: Omeprazol 1-2mg/kg/dia cedo em jejum ( 30min antes da mamada da
manhã): ciclo de 4-8 semanas

NA CRIANÇA MAIOR E ADOLESCENTE


● Sintomas
- Pirose
- Dor retroesternal
- Dor epigástrica
● Tratamento
- Se condição de sobrepeso ou obesidade – recomendação de perda de peso
(pensando em hérnia de hiato)
- Evitar se alimentar ingerindo líquidos
- Elevação de decúbito durante o sono
- Evitar se alimentar antes de deitar (mínimo de 2 horas)
- Evitar alimentos ácidos - chocolates , frituras, café e bebidas cafeinadas,
refrigerantes , apimentados , alimentos ácidos, a base de tomate
- Evitar consumo cigarro, álcool
- Medicamentoso (já entra com a medicação em conjunto com as orientações)
1. Inibidores da bomba de prótons (IBPs) - esofagite
Dose alvo🡪 omeprazol 1-2,3mg/kg/dia
Preferir otimizar dose 1x ao dia.
2. Antieméticos → tratamento da crise emética (avaliar a idade)
● Não tem necessidade de realizar exame antes de iniciar a medicação
● Investigação (quando necessário)
- Endoscopia digestiva alta com biópsia: solicitada na suspeita de complicações
(esofagite de refluxo; esofagite eosinofílica (tem disfagia) e pesquisa de H. pylori)
- pHmetria esofágica prolongada de 24h

Infecção crônica pelo H pylori


● Pensar quando há despertar noturno
● Bactéria espiralada
● Vive no muco
● Antro gástrico
● Pode levar à gastrite crônica e virar um adenocarcinoma gástrico (quando adulto)
● Investigação
- Endoscopia digestiva alta com biópsias e teste de urease (H. pylori produz urease);
no teste, faz coloração para urease, e se ficar positivo, a coloração rosa fica azul,
confirmando a infecção
● Tratamento
- Inibidor de bomba de prótons + amoxicilina + levofloxacino durante 10 dias

Estenose hipertrófica de piloro


● Sinais e sintomas
- Vômitos após mamadas, com piora gradativa e aumento de frequência, parece ter
fome, perda de peso, distensão abdominal em região epigástrica com ondas
peristálticas visíveis, nódulo palpável na região epigástrica
● Investigação
- Ultrassonografia de abdome total
- Radiografia contrastada (EED)
● Tratamento
- Pilorotomia

Síndrome dos vômitos agudos


● Causas de vômitos agudos
- Infecciosas: gastroenterite, infecções respiratórias, meningite,hepatite
- Doenças gastrointestinais: úlcera péptica, apendicite, pancreatite
- Síndromes obstrutivas: estenose esofágica adquirida, invaginação intestinal, hérnia
encarcerada, aderências pós cirurgia
- Neurológicas: hipertensão intracraniana
● Tratamento
- Sintomáticos + hidratação → atentar aos sinais de desidratação. A depender da
clínica: exames complementares (avaliação da necessidade de antibioticoterapia→
Azitromicina 10mg/kg/dia)
- Distúrbio orgânico de etiologia infecciosa→ viral na grande maioria dos casos
● Planos de hidratação:

DOR ABDOMINAL CRÔNICA


● Quadro de dor abdominal de longa duração, > 3 meses, de modo contínuo ou
intermitente
● Critérios de Apley:
- Caracterizado por 3 ou mais episódios de dor abdominal que ocorrem ao longo de
um período de pelo menos 3 meses, suficientemente fortes para interferir nas
atividades habituais da criança
● Prevalência: 4 a 6 anos; 7 a 12 anos
● Conduta:
- Construir interrogatório adicional ao histórico apresentado
- Conhecer a dor da criança
- Conhecer a criança
● Dor abdominal orgânica: quando associada a uma causa anatômica, inflamatória ou
dano tecidual
● Dor abdominal funcional: dor abdominal que ocorre na ausência de uma causa
anatômica, inflamatória ou dano tecidual
● Pelos critérios de Roma IV
- Dor abdominal funcional
Após investigação apropriada (investigação completa, com história clínica, EF e
exames laboratoriais como hemograma, PPF, urina tipo 1 sorologia para doença
celíaca, sorologia H. pylori), os sintomas não podem corresponder a outra condição
médica
1. Habitualmente localização periumbilical ou epigástrica
2. Raramente existe irradiação da dor
3. Duração dos episódios de dor de minutos a horas
4. Episódios de dor intercalados com períodos de bem-estar
5. Caracteristicamente durante o dia (algumas vezes é uma dor que acorda)
6. Pode ter intensidade que leve ao choro
7. Pode interromper atividades habituais (pode ocorrer dor que interrompe atividades
prazerosas)
8. Podem aparecer sintomas neurovegetativos: palidez, sudorese, náuseas, e vômitos

● Sinais de alarme em dor abdominal crônica:


- Início antes de 4 anos de idade
- Perda de peso ou desaceleração do crescimento
- Vômitos persistentes
- Febre recorrente
- Recusa alimentar
- Dor de localização periférica no abdome e constante no local (ex apendicite)
- Dor que se irradia para as costas, escápula ou membros inferiores
- Dor bem localizada, não periumbilical
- Dor que repetidas vezes desperta a criança no sono
- Presença de manifestações sistêmicas como perda de peso, febre, anemia, diarreia
crônica
- História familiar de doença
- Alterações no exame físico
- Recusa alimentar associada à dor
- Atraso da puberdade
- Sangramento gastrointestinal
- Artrite
- Doença perianal
- Rash cutâneo
- Hepatoesplenomegalia
- História familiar de doença péptica, doença celíaca ou doença inflamatória intestinal
- Massa abdominal palpável
- Incontinência fecal
● Fisiopatologia da dor abdominal funcional (desbalanço entre SNC e TGI)
- Multifatorial e não completamente esclarecida
- Decorrente de hipersensibilidade visceral ( diminuição do limiar da dor) e alodinia
(percepção de dor por estímulo que normalmente não causa dor ) e / ou alterações
na motilidade do TGI por acometimento paroxístico do eixo SNC- tubo digestivo
- Fatores como: predisposição genética
- Gatilhos estímulos neonatais dolorosos, disbiose, infecções gastrointestinais e
transtornos psicológicos ( ansiedade e depressão)
● Critérios diagnósticos para Distúrbios gastrointestinais funcionais (DGIFs) – critérios
Roma IV
O diagnóstico dos DGIFs que cursam com dor abdominal crônica, considerando o
critério de Roma IV, deve preencher 3 requisitos:
1. criança não apresentar qualquer alteração ao exame clínico e testes
complementares
2. preencher os critérios de Roma IV para cada problema; e, após avaliação médica
apropriada,
3. os sinais e sintomas não serem atribuídos a outra entidade nosológica

● Dor abdominal funcional – critérios de Roma IV Manifestações


- Síndrome do intestino irritável
- Dispepsia funcional
- Dor abdominal funcional
- Migrânea abdominal
- Regurgitação do lactente
- Cólica do lactente
- Disquezia do lactente (resolve ao evacuar)
● Abordagem de tratamento
- Realizar o acolhimento da família
- Orientar que a dor é real, e não mera simulação
- Definir e explicar a doença funcional: possível papel da alteração da motilidade e da
sensibilidade visceral
- Tranquilizar a família sobre a ausência de doença orgânica grave
- Tentar identificar e reverter possíveis fatores de comportamento que desencadeiam
ou pioram o quadro doloroso.
- Abolir os ganhos secundários da dor recorrente
- Orientar manter as atividades diárias e escolares
- Orientar técnicas que reduzam a ansiedade da dor durante as crises

Causas orgânicas de dor abdominal


● Constipação intestinal
● Doenças ácido pépticas (esofagite, gastrite, úlcera péptica)
● Doenças inflamatória intestinal
● Doença celíaca
● Intolerância a carboidratos
● Parasitoses
● Gastroenterite eosinofílica
● Tumores
● Doenças cirúrgicas: ( sinais de obstrução intestinal)
● Intussuscepção intestinal, má rotação, volvo

Constipação intestinal funcional


● Dor abdominal crônica
● Histórico de fezes ressecadas
● Intervalos longos sem evacuar
● Evacuação dolorosa
● Incontinência fecal (escape fecal)
Parasitoses
● Manifestações clínicas - depende de fatores:
- Individuais: relacionados ao hospedeiro - desnutrição, comprometimento imunológico
- Parasitário: carga parasitária e virulência do parasita infectante
- Ambientais: habitação sem saneamento básico, hábitos higiênicos inadequados
- Sintomas gastrointestinais crônicas: diarreia, má absorção (giardíase e,
estrongiloidíase), náuseas, vômitos, dor abdominal e prurido

Sinais de Alarme na Constipação

● Tratamento Educacional
- Treinamento das evacuações
- Horários relativamente frequentes para evacuação
- Entendimento da palavra familiar que designa fezes
- Capacidade de sensação de reto cheio e associá-la à evacuação
- Capacidade de reter voluntariamente as fezes por curto período
- Uso do penico em local adequado, geralmente ao lado do vaso sanitário
- Posição para evacuar
- Não ficar sentado por tempo excessivo, nem obrigado ou distraído por brinquedos
● Tratamento - Constipação Intestinal Crônica
- Tratamento Dietético
1. Não modificar radicalmente o cardápio da família
2. Respeitar gosto e “tabus”
3. Pouca proibição de alimentos
4. Muita introdução e substituição de alimentos
5. Aumento da ingesta de fibras alimentares
6. Orientação gradual
7. Orientação na compra de produtos industrializados
- Treinamento das evacuações
- Medicamentos (se necessário)
Doenças ácido pépticas
● Esofagite, gastrite, duodenites , úlcera péptica gástrica e duodenal
● Processo inflamatório
● Fisiopatologia: falha na homeostase entre fatores de defesa e agressores da mucosa
gastrointestinal
● Avaliação histopatológica
● Causas:
- Conteúdo ácido e péptico alto
- Irritação
- Baixo suprimento sanguíneo
- Pouca secreção de muco
- Infecção (H. pylori)

Infecção por H. pylori


● Investigação
- Endoscopia digestiva alta com pesquisa de H. pylori
● Tratamento
- Omeprazol (pantoprazol), claritromicina e amoxicilina
- Orientação alimentar

Intolerância à lactose
● Hiperemia perianal (assaduras, fezes ácidas), dor, fezes explosivas, distensão
abdominal, piora após ingerir leite
● Diarreia osmótica
● Deficiência da dissacaridase (lactase) - defeito bioquímico
- Aumento da osmolaridade luminal
- Aumento da lactose não digerida na luz intestinal
- O excesso de açúcar fermentado por bactérias que fazem parte da microbiota
colônica dá origem a ácidos graxos de cadeia curta e radicais ácidos
● Criança: mais frequente pós enterite infecciosa
● Escolar e adolescente: intolerância à lactose ontogenética

Doença celíaca
● Diversas apresentações clínicas: clássica com diarreia crônica e perda de peso
● Dor abdominal crônica recorrente
● Processo imune mediado acarretando dano da mucosa intestinal
● Esteatorréia (diarréia gordurosa)
● Prejuízo no ganho pondero-estatural

Esofagite eosinofílica
● Doenças gastrointestinais eosinofílicas – mecanismo imune mediado
● Inflamação mucosa e infiltração muscular da mucosa
● Dor abdominal epigástrica, disfagia, impactação alimentar
● Investigação e diagnóstico: EDA e biópsias
MENINGITES E ENCEFALITES

Meningites agudas
● Inflamação das meninges caracterizada por pleocitose no LCR
● Etiologia:
- Infecciosa:
Viral: enterovírus, vírus do grupo herpes, vírus da caxumba, HIV
Bacteriana: S. pneumoniae, N. meningitidis, H. influenzae
RN: Listeria monocytogenes, S. agalactiae
● Quadro clínico: febre, cefaléia, vômitos, rebaixamento de nível de consciência

Encefalites agudas
● Processo inflamatório envolvendo parênquima cerebral levando a disfunção
neurológica
● Infecção direta do parênquina
● Reação imunológica: encefalite pós-infecciosa ou pós-vacinal
● Etiologia:
- Infecciosa
Viral: vírus do grupo herpes (herpes simples, VZV, EBV), enterovírus, arbovírus,
caxumba, sarampo
- 30 a 60%: sem etiologia definida
● Quadro clínico: febre, cefaléia, alteração do nível de consciência, confusão mental,
crises convulsivas, déficits focais
● Critérios diagnósticos:
Alteração do estado mental por ≥ 24 horas sem outra causa + 2 ou mais dos
seguintes:
- Febre até 72 horas antes da entrada
- Crises convulsivas novas
- Déficits focais novos
- LCR: ≥ 5 células/mm3
- Alteração de parênquima cerebral em exame de neuroimagem sem outra causa
- Alteração em EEG compatível com encefalite sem outra causa

Criança “bem” → meningite; comprometimento neurológico → encefalite


Anamnese
● Pesquisa de outros sintomas que possam levar a um diagnóstico etiológico:
- Lesões de pele: varicela, HSV, enterovírus, doença meningocócica
- Sintomas gastrointestinais
- Sintomas respiratórios
- História de viagens recentes (nas últimas 2 ou 3 semanas)
- História de vacinação recente

Exame físico
● Confusão mental
● Sinais de irritação meníngea
● Déficits focais: hemiparesia, afasia, ataxia, disfunção autonômica, alteração de pares
cranianos
● Alterações de pele e mucosas: rash petequial, vesículas, úlceras orais, etc.
● Lactentes: irritabilidade, sonolência, fontanela anterior abaulada e tensa

Escala de coma de Glasgow modificado na pediatria


Líquor cefalorraquidiano
● Pressão de abertura: 5 a 20 cm H2O (não é todo lugar que dá para conferir isso)
● Análise citológica
- Até 4 células/mm3 (até 25 células/mm3 para RN)
● Análise bioquímica:
- Proteinorraquia: Até 40 mg/dL (até 120 mg/dL para RN)
- Glicorraquia: acima de 2/3 da glicemia (SEMPRE coletar glicemia concomitante,
dextro ou glicemia por punção periférica, para comparar)
● Lactato (até 19 mg/dL)
● Bacterioscopia (coloração de Gram) (precisa solicitar, não vem junto)
● Pesquisa de antígenos: látex, PCR
- Encefalite: solicitar PCR para herpes vírus e enterovírus
● Pesquisa de anticorpos
● Cultura
➔ Paciente precisa estar hemodinamicamente estável (o paciente que nao esta bem
pode descompensar por conta da manipulação)

→ Infecção bacteriana X infecção viral:

● Meningite tuberculosa: líquor com celularidade aumentada mas nem tanto, às custas
de linfócito, proteína aumentado de maneira desproporcional e glicose bastante
consumida

Quando fazer imagem do SNC antes do LCR


● Imunocomprometidos
● Doença conhecida de SNC
● Crises convulsivas
● Alteração do nível de consciência
● Déficits focais
● Sinais e sintomas e hipertensão intracraniana

RNM ou TC?
● Tomografia computadorizada:
- Mais acessível no Pronto Socorro
- Pode ser realizada sem sedação
- Suficiente para identificar hipertensão intracraniana
- Preferencial na emergência
● Ressonância nuclear magnética:
- Exame demorado
- Necessidade de sedação com anestesista em criança
- Mais sensível a lesões específicas de quadros de encefalite
Outros exames complementares
● Exames gerais: hemograma, proteína C-reativa, hemocultura
● Exames pertinentes ao quadro do paciente:
- Gasometria
- Eletrólitos
- Função renal
- Enzimas e função hepática
- Lactato

Eletroencefalograma
● Deve ser realizado em todos os casos de encefalite, porém não no PS
● Alterado em cerca de 90% dos casos e encefalite
● Achados: lentificação generalizada
- Alterações focais em lobos temporais: HSV

Tratamento
● Suporte:
- Via aérea
- Controle hemodinâmico
- Correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos
- Tratamento das crises convulsivas
- Tratamento da hipertensão intracraniana
● Monitorização intensiva:
- Encefalite e doença meningocócica: deterioração rápida

Tratamento específico
● Meningite bacteriana:
- ATB empírico:
➔ ≥ 2 meses: Ceftriaxone
Anafilaxia a beta-lactâmicos: Cloranfenicol
➔ <2 meses: Ampicilina (pega Listeria) + Aminoglicosídeo (Amicacina ou Gentamicina)
ou
Cefotaxima
● Encefalite viral:
- Antiviral:
Aciclovir
Benefício somente nas infecções por HSV e VZV
Duração: 14 a 28 dias

Corticoide
● Meningites:
- Benefício controverso (maioria não prescreve!)
- Redução de sequela auditiva nas infecções por Haemophilus influenzae
- Dexametasona: 0,15 mg/kg/dose de 6/6 horas por 48 horas
- Iniciar antes do ATB
● Encefalites:
- Hipertensão craniana: redução de edema cerebral
Vigilância epidemiológica
● Meningite: doença de notificação compulsória (mesmo na suspeita)
● Precauções de gotículas: (isolamento; uso de máscaras)
- Meningite bacteriana: precauções de gotículas por 24 horas do início do ATB
- Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae
- Meningites virais: sem necessidade de isolamento
● Profilaxia de contactantes: Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis
- Rifampicina
- Alternativas: ceftriaxone ou ciprofloxacino
● Encefalites: precaução padrão (como na meningite viral)
● Profilaxia para profissionais de saúde: contato direto com secreções ou realização de
procedimentos invasivos sem EPI.

Punção lombar na pediatria

● Posicionamento:

- Decúbito lateral, ventral, ou com a criança sentada

● Técnica
- Palpar a coluna e a crista ilíaca. O espaço intervertebral na altura da crista ilíaca é o
L4-L5
- Antissepsia
- Campo estéril
- Inserir a agulha entre os processos espinhosos das vértebras, com o bisel para cima.
Se a agulha tocar em um osso, ela deve ser retirada até a camada subcutânea e
reintroduzida em outra angulação.
- A agulha encontra resistência firme no ligamento amarelo, seguida de uma leve
resistência (atravessa a dura-máter e aracnóide). Em seguida, deve ocorrer o
escoamento do LCR

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