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Clínica Neonatal

Índice 3. Tem bom tônus muscular?

1. Reanimação neonatal Se SIM para todas → RN com boa vitalidade, sem


2. Doenças respiratórias do RN necessidade de manobras de ressuscitação.
3. Hipotermia terapêutica neonatal Segue a rotina neonatal, fica com a mãe, em
TEMA: REANIMAÇÃO NEONATAL contato pele-a-pele e mantém a temperatura.

INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO INICIAL Se NÃO para qualquer pergunta → sequência da


#DICA: atente para as principais manobras e ordem ressuscitação neonatal, encaminhado à mesa de
dos passos da reanimação! reanimação.
O sucesso nascimento de um bebê depende da Clampeamento do cordão umbilical
adaptação fisiológica da vida intrauterina para
extrauterina. A reanimação neonatal inclui todas Qual é o melhor momento para o
as medidas realizadas no RN em sala de parto. clampeamento do cordão umbilical?
Clampeamento tardio!
A emergência mais comum, nesse caso, é a falha
em iniciar e manter a respiração. Sabe-se que: Vantagens
- Menos hemorragia intraventricular
1 em 10 RN necessitará de VPP para - Maiores níveis pressóricos
respiração - Maior volume sanguíneo
1 em 100 RN necessitará de intubação e/ou - Menor necessidade de transfusão
massagem cardíaca - Menos enterocolite necrotizante
1 em 1000 RN necessitará de intubação,
massagem e medicações. Desvantagens
- Aumenta o risco de icterícia e necessidade
PREPARAÇÃO de fototerapia
Antes do nascimento é de suma importância ter - Não reduz mortalidade
uma equipe experiente de prontidão, checar todos - Não reduz incidência de hemorragia
os materiais que podem vir a ser necessários e intraventricular grave
avaliar os potenciais riscos do bebê de necessitar Recomendações
de reanimação.
RN a termo → 1 a 3 minutos
Nesse sentido, devemos estar atentos para RN prematuro com boa vitalidade → 30 a 60
condições maternas e fetais e complicações ou segundos
intercorrências do pré-natal e do parto. RN que não está respirando ou hipotônico
Bebês prematuros têm maior risco de necessitar → imediatamente
de intervenções após o nascimento,
principalmente quando < 1000g.
PARÂMETROS AVALIADOS
IMPRESSÃO INICIAL Frequência cardíaca
Deve ser > 100 bpm
A impressão inicial consiste em identificar os RN
Melhor forma de avaliação: ECG
que precisaram de manobras de reanimação. Os
Outras formas: ausculta do precórdio é
neonatos que requerem ou não manobras de
melhor que a palpação do pulso no cordão
ressuscitação são identificados através de 3
umbilical e é mais utilizada, apesar de
perguntas:
imprecisa.
1. O neonato é a termo? (a partir de 37 Obs: a cor da pele e das mucosas NÃO é
semanas) mais utilizada (RN com respiração regular e
2. Está respirando ou chorando?
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Este material é elaborado de forma colaborativa, sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou violem direitos autorais e/ou de propriedade intelectual.
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FC > 100 podem demorar minutos para a via aérea aberta. Pode ser necessário um coxim
ficar rosados) em alguns casos.
Respiração
3. Aspirar vias aéreas
Deve ser eficiente e regular (sem número
de referência) Apenas indicada em pacientes que apresentem
obstrução da ventilação por secreções. Logo, se o
Saturação de oxigênio (SpO2)
RN está chorando, não é necessário aspirar (pode
Avaliada por oximetria de pulso, induzir bradicardia por aspiração excessiva!). Ao
posicionado no membro superior direito aspirar, iniciar pela boca e depois as narinas.
(pré-ductal).
Líquido meconial não é aspirado de rotina, sendo
PRÓXIMOS PASSOS indicada aspiração nas mesmas condições que RN
sem líquido meconial.
Segue os passos básicos “ABCs”:
A aspiração de esofago e estômago deve ser
A: Medidas iniciais de estabilização evitada.
B: Ventilação
C: Compressões torácicas
4. Secar
D: Adrenalina ou expansão volêmica
Devemos secar o RN e desprezar os campos
MEDIDAS INICIAIS DE ESTABILIZAÇÃO úmidos. Se a criança estiver envolta por saco
1. Aquecer / Prover calor plástico não devemos secar.
Temperatura ambiente da sala de parto de A secagem, assim como aspiração, promove
23 a 26 ° C estímulo tátil para o RN.
Usar campos previamente aquecidos
Mesa de reanimação com fonte de calor #DICA: todo bebê ao nascer quer “A PAS” (aquecer
radiante - posicionar - aspirar s/n - secar).
RN com peso < 1500g: utilizar touca e saco
plástico 5. Reposicionar e reavaliar
Manter temperatura do RN não asfíxico Essas medidas devem ser feitas em 30
entre 36,5°C e 37,5°C SEGUNDOS.
Uso de ar aquecido e umidificado
Contato pele-a-pele quando possível Após, vamos avaliar simultaneamente a respiração
Evitar hipertermia (> 38°C) e a FC:

Riscos da hipotermia A FC é avaliada em 6 segundos pela


ausculta do precórdio (FC = batimentos em
- Hemorragia intracraniana 6 seg x 10)
- Problemas respiratórios Melhor forma de avaliar a FC = ECG
- Hipoglicemia A respiração é avaliada pela regularidade e
- Sepse neonatal de início tardio eficiência.
Se após essas medidas, o RN é de termo, tem bom
2. Posicionar cabeça tônus, está chorando ou respirando sem
dificuldades e tem FC > 100, ele segue para
A cabeça é posicionada virada para o examinador cuidados de rotina. Caso haja alguma dificuldade
com discreta extensão cervical, de forma a manter em qualquer um dos parâmetros citados, partimos
para os próximos passos.

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b. Aumentar de 20 em 20% nos casos


de não melhora, a cada 30 segundos
VENTILAÇÃO
Se após os cuidados iniciais, o RN mantém apneia, Não há Blender ou Oxímetro de pulso?
respiração ineficaz ou FC < 100 bpm:
Iniciar VPP com ar ambiente por 30s
Iniciamos VPP (bolsa + máscara) nos primeiros 60 Se não houver melhora, fazer VPP com
segundos de vida = THE GOLDEN MINUTE! oxigênio a 100%
RN > 34 SEMANAS Obs: a única indicação de intubação antes de VPP
é a suspeita de hérnia diafragmática (por exames
Iniciar VPP com ar ambiente
de pré-natal ou abdome escavado ao nascimento).
Monitorizar SatO2 através do oxímetro de
pulso colocado na região do pulso da radial Qual é o sinal de que a ventilação está
direita por medir a SatO2 pré-ductal sendo útil na ressuscitação? Aumento da FC
Monitorar com ECG, se disponível ( > 100 bpm).
Objetivo dos valores de SatO2
Até 1 minuto de vida = SatO2 entre 60 a 3. Se após 30 segundos com VPP, o paciente
65% tem FC > 100 mas com respiração irregular
Até 5 minutos de vida = SatO2 entre 70 a a. Posicionar e limpar vias aéreas
80% b. Fornecer O2 suplementar
5 a 10 minutos de vida = SatO2 entre 80 e c. Considerar uso de CPAP
90% 4. Se após 30 segundos com VPP, o paciente
> 10 minutos de vida = SatO2 entre 85 e manter FC < 100 bpm ou não retomar a
95% respiração regular?
a. Corrigir técnica da ventilação
A VPP é realizada 40-60 vezes/minuto, no ritmo
b. Aumentar a oferta de oxigênio
aperta-solta-solta, por 30 segundos, com posterior
c. Se FC < 60, considerar intubação
reavaliação da frequência cardíaca, principal
traqueal (IOT), solicitar acesso
parâmetro que guia a reanimação.
venoso, seguido por compressões
É utilizado um dispositivo com balão auto-inflável torácicas.
ou ventilador mecânico manual neonatal em T, ou
Intubação traqueal
mesmo a máscara laríngea.
Ventilação com máscara ineficaz ou
Reavaliação
prolongada
1. RN melhorou após 30 segundos de VPP Necessidade de massagem cardíaca e/ou
adrenalina
(FC >100 e respiração espontânea) ⇒
interromper VPP e dar O2 em fluxo livre, Como ter certeza que o tubo está na traqueia?
observando a SpO2.
CAPNÓGRAFO (melhor forma)
2. RN não melhorou após 30 segundos de Avaliação da ausculta e expansão do tórax
VPP com ar ambiente ⇒ Checar a técnica
de ventilação e movimentos torácicos. Se não conseguir intubar, pode ser utilizado a
máscara laríngea?
Se tudo certo, seguir com oxigênio
SIM, mas o neonato precisa ter pelo menos
suplementar guiado pela oximetria de
34 semanas e 2 kg de peso
pulso:
a. Inicialmente O2 a 40% (Blender)

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1. Se após 30 segundos intubado com VPP, o 3 compressões para 1 ventilação


paciente manter FC < 100 bpm ou não 120 eventos por minuto = 90 compressões
retomar a respiração regular? + 30 ventilações
a. RN com apneia ou respiração
Reavaliação
irregular + FC > 60 ⇒ Manter
intubação e encaminhar para a UTI 1. Após 1 minuto de massagem cardíaca +
neonatal intubação orotraqueal com VPP, a FC se
b. RN com apneia ou respiração mantém < 60 bpm
a. Corrigir a técnica
irregular + FC < 60 ⇒ MASSAGEM
b. Sem melhora ⇒ Uso de adrenalina
CARDÍACA
c. Se a FC ficar entre 60 e 100 bpm ⇒ ADRENALINA
MANTER VENTILAÇÃO até que a
Dose: 0,01a 0,03 mg/kg
FC fique abaixo de 60 ou acima de Solução diluída (1:10.000 ou 0,1
100 bpm mg/mL de epinefrina, então 0,1 a
0,3 mL/kg)
Via intravenosa periférica ou pela veia
Obs: RN com desconforto respiratório + abdome umbilical, a cada 3-5 minutos (se manter FC
escavado = hérnia diafragmática. Faz intubação <60)
imediata e evita uso de máscara. Via traqueal pode ser feita uma única vez
(dose 0,05 a 0,1 mg/kg da solução 1:10.000)
RN < 34 SEMANAS
Inicia VPP com oxigênio suplementar, VOLUME
inicialmente O2 a 30% (Blender)
Colocar oxímetro de pulso colocado no Solução cristaloide isotônico ou sangue
pulso da radial direita ou na palma da mão total (10 mL/kg em 5-10 minutos)
Indicado para RN hipotenso, com
hemorragia aguda, palidez e evidências de
choque ou refratário à epinefrina.

Se no início da sala de parto o neonato já


estiver com FC < 60 BPM? Mantém a
sequência de reanimação iniciada pela
ventilação

ROTEIRO DE ATENDIMENTO AO RN
1. Pré-atendimento: anamnese, carteirinha e
MASSAGEM CARDÍACA E ADRENALINA
se apresentar à mãe
2. Preparar e testar materiais
MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA
a. Sala aquecida 23-26°C
Método de realização b. EPI
3. Avaliar: termo + respiração + tônus
Técnica dos dois polegares na linha
intermamilar (⅓ inferior do esterno) a. Vigoroso: a termo (3 kg), eupneico,
Profundidade: 1/3 diâmetro em flexão
anteroposterior do tórax b. Não vigoroso: pré-termo, apneico,
Sincrônica = 3:1 (apenas no RN com via flácido
aérea avançada) Se vigoroso → rotina junto à mãe

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4. Clampeamento tardio (1-3min) → prevenir


anemia fisiológica do lactente 2. Esforço respiratório
a. Ausente: 0 pontos
5. Secar e prover calor
b. Choro fraco: 1 ponto
6. Contato pele a pele
c. Choro forte: 2 pontos
7. Amamentação na 1ª hora
Se não vigoroso 3. Tônus muscular
8. Clampeamento imediato a. Hipotônico: 0 pontos
9. Secar e prover calor b. Reflexão de extremidades: 1 ponto
10. Posicionar em leve extensão c. Ativo: 2 pontos
11. Pedir acesso umbilical
12. Aspirar S/N → 1ª) Boca 2ª) Nariz 4. Irritabilidade reflexa
13. Avaliar: FC + respiração a. Ausente: 0 pontos
b. Careta: 1 ponto
a. FC < 100 → conduta
c. Tosse/espirro: 2 pontos
14. Iniciar VPP 21%
----------------------------------------------------Minuto de Ouro 5. Cor
15. Reavaliar: FC + respiração (após 30 seg) a. Cianótico/Pálido : 0 pontos
16. VPP com O2 aumentando de 20 em 20 %, se b. Cianose de extremidades: 1 pontos
possível c. Rosado: 2 pontos
17. Reavaliar: FC + respiração + considerar via
aérea avançada CLASSIFICAÇÃO DO RN
18. VPP em IOT IDADE GESTACIONAL
19. Reavaliar: FC + respiração < 37 semanas = prematuro
a. FC < 60 → conduta 37 a 41+6 semanas = termo
20. Iniciar RCP 3:1 (“1, 2, 3, ventila”) > 42 semanas = pós-termo
a. Técnica dos 2 polegares PESO
21. Reavaliar: FC + respiração
22. RCP <2500 g = baixo peso ao nascer
23. Reavaliar <1500 g = muito baixo peso ao nascer
24. Droga vasoativa: epinefrina <1000 g = extremo baixo peso ao nascer
a. ET: sem diluir 0.1 ml/kg + 5ml soro PESO PARA IDADE GESTACIONAL (IG)
b. CU: diluir 1:10 de soro → 0.1 ml/kg +
p>90 = grande para IG (GIG)
5 ml de SF
p10-90 = adequado para IG (AIG)
ESCALA DE APGAR p<10 = pequeno para IG (PIG)
Pode ser constitucional ou por
O Apgar não é utilizado para indicar reanimação, RCIU.
não avalia prognóstico, nem define passo a passo.
Seu objetivo é avaliar a resposta à reanimação. Um Obs: RN GIG tem maior risco de hipoglicemia
Apgar baixo traduz um maior risco de morte. neonatal devido à hiperinsulinemia materna
(principal causa de GIG). RN PIG também têm risco
Avalia 5 parâmetros e vai de 0 a 10 pontos: aumentado de hipoglicemia, mas por falta de
glicogênio (dependem de alimentação ou
gliconeogênese).
1. FC
a. Ausente: 0 pontos
b. < 100: 1 ponto
c. > 100: 2 pontos TEMA: DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DO RN
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A transição da vida fetal para neonatal durante o responde aumentando a ventilação na tentativa
parto requer uma série de adaptações do sistema de melhorar a oxigenação.
cardiorespiratório, que resultam em
Nos prematuros, a imaturidade afeta todos os
redirecionamento da respiração da placenta para
níveis de controle respiratório e, ao invés do corpo
os pulmões. As mudanças principais são:
responder com hiperventilação, ele responde com
1. Troca do líquido alveolar por ar mais hipoventilação, levando à apneia.
2. Início da respiração regular
Risco e gravidade
3. Aumento no fluxo pulmonar (resultado do
aumento na resistência vascular sistêmica e O risco é inversamente proporcional à idade
redução da resistência vascular pulmonar) gestacional. Quanto menor a idade gestacional,
maior o risco. Ocorre geralmente em pacientes
Com isso, a PaO2 aumenta de 25 para 60-80
com menos de 36 semanas.
mmHg nos primeiros minutos e reverte a
depressão respiratória hipóxica, contribuindo para Quando é grave, dura mais de 20 segundos e é
uma respiração regular. associado à bradicardia.
Entretanto, 10% dos RN terão dificuldades nesse CLÍNICA
processo, como retenção de líquido intra-alveolar,
obstrução de vias aéreas, hipertensão pulmonar - RN com <37 semanas, principalmente <28
ou apneia, e necessitarão de reanimação ao semanas
nascer. - Evidenciada com 2-3 dias de vida após
nascimento, sendo associada à bradicardia
APNEIA IDIOPÁTICA DO RECÉM-NASCIDO e hipoxemia durante as pausas
É consequência da imaturidade do sistema de - Persiste com episódios por algumas
controle respiratório e é definida como semanas.
interrupção da respiração por mais de 20
segundos ou pausas curtas com dessaturação e/ou DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
bradicardia em RN < 37 semanas. A apneia é um diagnóstico de exclusão. Deve ser
Sua frequência aumenta com a redução da idade feito diferencial com algumas condições antes de
gestacional e é praticamente universal em <28 firmar o diagnóstico:
semanas. - Anemia
FISIOPATOLOGIA - Infecções e sepse
- Hipoglicemia e outras desordens
Imaturidade do centro respiratório → resposta metabólicas
atenuada ao CO2 → acúmulo de CO2 (hipercapnia) - Instabilidade térmica do ambiente
→ resposta anormal à hipóxia = HIPOVENTILAÇÃO - Administração de sulfato de magnésio ou
opioides para mãe
e APNÉIA.
- Doenças neurológicas
A apneia pode ser central (sem esforço - Enterocolite necrosante
inspiratório), obstrutiva (com esforço inspiratório) - Entre outras.
ou mista.
TRATAMENTO
1. Metilxantinas: Aminofilina, Teofilina, Cafeína
Resposta anormal à hipóxia
2. CPAP nasal: impede colabamento dos alvéolos
Em qualquer indivíduo com hipóxia, conforme
sinalização dos quimio e neuroreceptores pelas
SÍNDROME DA MEMBRANA HIALINA
alterações na PaCO2, PaO2 e pH, o organismo
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Também conhecida por angústia ou desconforto - RN entre 32 e 36 semanas → pode haver


respiratória do recém-nascido. - RN > 36 semanas → muito raro
É a principal causa de morbimortalidade em RN - > 35 semanas de idade → não há mais
pré-termos, tendo incidência muito elevada em membrana hialina
pré-termos extremos. - Acima de 36 semanas de idade → não há
FISIOPATOLOGIA mais apneia da prematuridade

É causada basicamente pela deficiência de FATOR DE RISCO


surfactante, fluido que reduz a tensão alveolar
A mãe diabética pode passar muita glicose para o
superficial, o que reduz a pressão necessária para
feto, levando a uma hiperglicemia fetal e,
manter os alvéolos insuflados e estáveis. Quando
consequentemente, uma HIPERINSULINEMIA
deficiente, resulta em atelectasia progressiva e
fetal, diminuindo a capacidade de produção de
difusa e com isso, leva à hipoxemia e insuficiência
surfactante. Logo, filhos de mãe diabética podem
respiratória, com distúrbio de ventilação-perfusão,
ter membrana hialina mesmo com 35 semanas de
shunt direita-esquerda e aumento da resistência
gestação.
vascular pulmonar. A prematuridade e associada à
redução da quantidade e qualidade do Outros fatores de risco são a prematuridade,
surfactante. asfixia e sexo masculino.
Resumindo… Obs: bebês PIG ou com RCIU tem uma maturação
pulmonar acelerada pelo estímulo à produção de
Prematuridade (< 35 sem) → Diminuição do cortisol devido ao estresse crônico. Entretanto, os
SURFACTANTE que é responsável por diminuir a bebés com muito baixo peso (<1000g) tem risco
tensão superficial intra-alveolar → AUMENTO da aumentado para desenvolver displasia
tensão intra-alveolar → ATELECTASIA broncopulmonar.
(colabamento dos alvéolos). QUADRO CLÍNICO
Surfactante - Taquidispneia minutos após o nascimento
(quando a taquidispneia ocorre
O surfactante é composto por 90% de lipídios e
tardiamente = buscar outro diagnóstico)
10% de proteínas (lecitina) e é produzido a partir
- Sinais de esforço: retração subcostal,
de 20-24 semanas pelos pneumócitos tipo II, mas
gemidos, batimento de asa nasal, cianose
só atinge quantidade suficiente com 34 semanas.
- Tem piora (se não tratada), com pico da
Sua função é reduzir a tensão superficial na
doença em 48-72h dias e posterior melhora
interface ar-líquido no interior dos alvéolos,
progressiva, até 1 semana de idade,
impedindo o colapso alveolar na expiração, o que
conforme aumento da produção de
poderia causar hipoxemia e hipercapnia.
surfactante
- Pode haver redução do débito urinário,
palidez, abafamento das bulhas cardíacas,
edema periférico e redução de pulso
INCIDÊNCIA periférico.
- Sinais de melhora: menor necessidade de
A partir de 35 semanas de idade gestacional já são O2 e aumento da diurese
produzidos níveis adequados de surfactante. A
incidência aumenta quanto menor for a idade Achados radiológicos
gestacional.
- Infiltrado reticulonodular difuso e
- RN < 28 semanas → predominante aerobroncograma (resultado de atelectasia
+ áreas ventiladas)
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- Padrão vidro fosco/moído (regiões de - Surfactante exógeno na traqueia (via tubo


microatelectasias justapostas à áreas traqueal) logo após o nascimento
insufladas - Suporte ventilatório = CPAP iniciado
precocemente
Obs: além do RX, podemos solicitar uma
- Se falência respiratória = intubação e
gasometria arterial e dosagem de sódio, pois a
ventilação mecânica
hiponatremia pode aparecer com a progressão da
- Antibióticos (para tratamento de sepse -
doença.
diferencial)
Falencia respiratoria
MEMBRANA HIALINA x SEPSE DE INÍCIO Falência respiratória significa paciente já em uso
PRECOCE de CPAP com:

A sepse neonatal precoce é aquela com início nas - FiO2 entre 40 e 70%
primeiras 48h de vida, causada por S. agalactiae ou - pH > 7,20
E. coli e outros germes da flora materna. A - PCO2 > 60 mmHg
prematuridade é um fator de risco, assim como - SatO2 < 90%
bolsa rota > 18h, corioamnionite e colonização
Suporte geral
materna por germes patogênicos.
Líquidos e calorias devem ser ofertados pela via
Pode ser assintomática ou cursar com desconforto
IV.
respiratório, distermia e disfunção orgânica. O
padrão radiológico é idêntico ao da síndrome do CUIDADO! Liquidos infundidos em excesso
desconforto respiratório. podem causar:
Conduta 1. Persistência do canal arterial → Insuficiência
- Não é possível diferenciar = TRATA OS cardíaca
DOIS 2. Displasia broncopulmonar = dependência
- Tratar a membrana hialina de O² mesmo depois de 36 semanas de
- Colher culturas idade gestacional corrigida, tendo feito
- Iniciar antibiótico tratamento com O2 por, no mínimo, 28 dias
- Se o resultado das culturas forem (pulmão evolui com fibrose)
NEGATIVOS e o tratamento da membrana
hialina for bem sucedido, pode-se
descartar o antibiótico. COMPLICAÇÕES
A broncodisplasia pulmonar é uma complicação da
SMH e é definida por necessidade de O2 com
PREVENÇÃO FiO2>21% após 28 dias de vida.
- Evitar prematuridade Que vitamina pode diminuir o risco de
- Fazer corticoterapia (betametasona ou aparecimento da broncodisplasia
dexametasona) 48 horas antes do parto de pulmonar? R.: Vitamina A
fetos entre 24 e 34 semanas (estimula Qual é o tratamento da broncodisplasia
produção de surfactante e acelera o pulmonar? R.: Diuréticos +
desenvolvimento pulmonar) broncodilatadores. Além disso, é indicada a
- Intubação precoce para terapia e CPAP ou profilaxia contra o Vírus Sincicial
PEEP já na sala de parto Respiratório com palivizumabe.
TRATAMENTO
TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN
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Este material é elaborado de forma colaborativa, sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou violem direitos autorais e/ou de propriedade intelectual.
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Também é chamada de Síndrome do Desconforto - Desconforto respiratório moderado,


Respiratório tipo II ou Síndrome do Pulmão Único. autolimitado, se resolve com oxigênio
suplementar
FISIOPATOLOGIA
- Dura poucos dias, geralmente se resolve
- Semelhante à membrana hialina, mas não em 24-72h
há deficiência de surfactante, e sim retardo - Não há acidose (se houver é leve), nem a
na absorção de líquido intra-alveolar, radiografia típica vista na membrana
resultando em excesso de fluido pulmonar. hialina
- Fator de risco: pré-termo tardio (34-37
O parto induz liberação de catecolaminas semanas) com cesárea eletiva.
que sinalizam a reabsorção do líquido. Nas
cesáreas eletivas, não ocorre esse #DICA: História clássica ⇒ parto por cesariana
estímulo. eletiva realizado em data limítrofe para
prematuridade (entre 37 e 38 semanas), não
O líquido em excesso flui para o interstício
ocorrendo a maturação completa
extra-alveolar, onde se deposita nos
tecidos perivasculares e fissuras Achados radiológicos
interlobares, até ser absorvido pela
- Congestão hilar e aumento da trama
circulação linfática.
vascular bilaterais
- O RN tem uma absorção ineficiente do - Hiperinsuflação, retificação do diafragma e
líquido pulmonar após o nascimento, o que áreas de hipotransparência
reduz a complacência pulmonar e aumenta - Melhoram bastante em 24-48h
resistência ao fluxo aéreo, levando à - Cardiomegalia discreta
taquipneia (pulmão com líquido = - Líquido livre nas fissuras, derrame pleural
taquipneia).
- Com a absorção do líquido pela circulação
linfática, a congestão reduz e a frequência TRATAMENTO
respiratória retorna ao normal, sendo uma
condição autolimitada. - Suporte ventilatório: oxigênio suplementar
- Via CPAP, Hood, canula nasal
Fatores de risco - Pouca necessidade de O2 (FiO2 de
40%), mantendo SatO2 > 90%
- Ausência de trabalho de parto (cesárea
- Considerar sonda nasogástrica e
eletiva)
hidratação venosa em taquipneia
- Pré-termo tardio (34-37 semanas)
grave ou esforço respiratório
- Mãe diabética (redução do clearance do
- Recuperação em até 3 dias
pulmão fetal e maior número de cesárea)
- Suporte geral
- Obesidade materna
- Considerar restrição hídrica em
- Mãe com asma
casos graves
Obs: a administração de corticoide antenatal é - Furosemida e outros diuréticos não estão
considerada um fator protetor. indicado
QUADRO CLÍNICO A ausência de melhora ou necessidade de altas
concentrações de O2 ou mesmo ventilação
- Início nas primeiras 2 horas de vida
mecânica, requer diagnóstico diferencial com
- Taquipneia (>60 irpm) é o principal, mas
outras condições (pneumonia, sepse,
pode haver batimento de asa nasal,
cardiopatias).
retração inter e subcostal, gemido
expiratório e cianose. Obs: se persistir com taquipneia por 4-6h após
tratamento ou se o hemograma for alterado,
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Este material é elaborado de forma colaborativa, sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou violem direitos autorais e/ou de propriedade intelectual.
Clínica Neonatal

recomenda-se solicitar hemocultura e iniciar - Tórax hiperinsuflado


antibioticoterapia empírica (ampicilina e - Risco de pneumotórax e de
gentamicina) pneumomediastino (enfisema subcutâneo)
- Redução da complacência pulmonar
(aumento da força necessária para
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL insuflação)
Corresponde à desconforto respiratório em RN’s
- Mecônio pode causar pneumonite química
que nasceram com líquido amniótico com
e infecção secundária
sintomas que não são explicados por outras
condições. CLÍNICA
FISIOPATOLOGIA - Inicia nas primeiros minutos ou horas de
vida
Ocorre devido à eliminação (pela asfixia fetal) e
- História de líquido meconial
aspiração do mecônio intrauterina, que quando
- Desconforto respiratório grave, com
presente no pulmão causa hipoxemia e acidose.
taquipneia intensa e cianose
O mecônio, uma secreção espessa, esverdeada, - Há redução da complacência e uso de
sem odores e estéril, resulta de debris celulares e musculatura acessória com retrações
se acumula durante a gestação. É eliminado costais.
quando ocorre asfixia fetal. - Na ausculta, ouvimos roncos e estertores

Em ambiente ideal, a peristalse fetal é Achados radiológicos


desorganizada e não-propulsiva, sendo que o
- Infiltrados alveolares grosseiros
mecônio chega na ampola retal mas não é
- Aumento do volume pulmonar, com
eliminado pois o esfíncter anal está contraído. A
hiperinsuflação e retificação do diafragma
asfixia e a consequente hipóxia promove o
- Pneumotórax e pneumomediastino em
relaxamento esfincteriano e, se houver mecônio
casos graves
na ampola retal, este será eliminado e pode ser
aspirado devido ao gasping ou primeiras Obs: os achados são similares à TTRN, fazendo o
respirações após o nascimento. diferencial pela idade gestacional e progressão da
doença.
Somado a isso, a asfixia aumenta a frequência
respiratória, fazendo com que o mecônio chegue Em pacientes graves, solicitamos gasometria
mais facilmente à traquéia, podendo atingir as vias arterial e ecocardiografia, além de cultura de
aéreas inferiores. O mecônio quando aspirado aspirado traqueal para diferencial com outras
estimula reação inflamatória e cardiovascular no patologias.
bebê além de obstruir as vias aéreas total ou
TRATAMENTO
parcialmente e inativar o surfactante, resultando
na SAM e predispondo à infecções. - RN com mecônio sem asfixia → não há
Fatores de risco necessidade de ventilação por pressão
positiva
- RN termo e pós-termo e RN pequenos para
- RN com mecônio com asfixia = passos
idade gestacional
iniciais da reanimação (“APAS”) e, se
- Sofrimento fetal e depressão neurológica
necessário, ventilação por pressão positiva
ou respiratória ao nascimento
- Pode ser necessário intubação após
- Líquido meconial evidenciado
a ventilação
Consequências - O surfactante deve ser reposto, pois há
aumento do seu consumo pelo RN
- Obstrução de pequenas vias aéreas por
mecônio espesso
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Este material é elaborado de forma colaborativa, sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou violem direitos autorais e/ou de propriedade intelectual.
Clínica Neonatal

Obs: não se faz mais intubação e aspiração da


traquéia de rotina para RN de líquido meconial.

Risco de pneumonia e insuficiência respiratória


- Pode ser necessário intubação e ventilação
mecânica de alta frequência
- Óxido nítrico é eficaz
- Antibióticos

RESUMINDO... LINHA DO TEMPO:


INCIDÊNCIA
#DICA: as questões costumam apresentar um caso
clínico e pedir o diagnóstico. Atente para os fatores
de risco presentes no caso! Os achados radiológicos
também são muito cobrados.
35 semanas para baixo = membrana hialina,
apneia idiopática
A partir de 36 semanas = apneia idiopática
37 a 38 semanas + cesárea eletiva + quadro
benigno = taquipneia transitória
Termo/ pós-termo = síndrome da aspiração
meconial

OUTRAS CONDIÇÕES
HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR
PERSISTENTE
- É resultante da persistência de resistência
vascular pulmonar elevada, o que ocasiona
shunt direita-esquerda do sangue
desoxigenado pelo forame oval e ducto
arterioso, resultando em hipoxemia
- É uma combinação de
subdesenvolvimento, mal desenvolvimento
e mal adaptação do leito vascular pulmonar
à vida extra-uterina.
- Ocorre geralmente em bebês de termo.
- Líquido meconial é um fator de risco, assim
como história de infecção bacteriana, baixo
crescimento intra-uterino, FCF com padrão
não tranquilizante.
- A clínica inclui taquipneia e cianose,
diferença na saturação pré e pós-ductal.
Sopro de insuficiência tricúspide pode
estar presente

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- São condições associadas: sepse, isquemia- 1. Evidência de asfixia perinatal


hipóxia, síndrome de aspiração meconial,
- Gasometrial arterial (cordão umbilical ou
hérnia diafragmática congênita. Nesses
periférico) com pH < 7 ou BE < -16 (acidose)
casos, é frequente a ocorrência de acidose
- Evento agudo perinatal (descolamento de
metabólica.
placenta, prolapso de cordão,
- O padrão radiológico é decorrente das
cardiotocografia categoria III)
doenças de base ou mostra campos
- Perfil biofísico < 6/10 nas primeiras 6h de
pulmonares livres com redução da trama
vida
vascular.
- O tratamento inclui oxigenação, digoxina e - Apgar ≤ 5 no 10º minuto
antiarrítmicos e varfarina se necessário - Necessidade de ventilação além do 10º
(conforme a etiologia). minuto

LARINGOMALÁCIA 2. Evidência de encefalopatia moderada a grave


(nas primeiras 6 horas de vida)
- Início nos primeiros dias de vida com piora
progressiva - Convulsão
- Cursa com estridor inspiratório, que piora - Alteração em nível de consciência
ao choro ou agitação, sem demais sintomas - Anormalidade na postura, tônus, reflexos
(febre, tosse, vômito, coriza, diarreia, ou sistema autonômico/responsividade
cianose). Pode ocorrer esforço respiratório
e taquipneia FISIOPATOLOGIA
- O diagnóstico é feito por ENCEFALOPATIA HIPOXICO-ISQUEMICA
nasofibrolaringoscopia A lesão cerebral secundária à hipóxia/isquemia
OUTROS DIFERENCIAIS ocorre em duas fases:

- Pneumonia 1) Fase aguda: necrose neuronal


- Cardiopatias congênitas Seguida por um período de latência entre
- Pneumotórax
as duas fases de 6 horas ⇒ período na qual
- Hérnia diafragmática congênita
é feita a hipotermia terapêutica
- Malformações congênitas pulmonares
(fistula traqueoesofagica, malformação (primeiras 6 horas de vida)
adenomatosa cística e discinesia ciliar 2) Fase tardia: apoptose neuronal (dura dias)
primária)
CONTRAINDICAÇÕES
Idade gestacional < 35 semanas
TEMA: HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Peso ao nascer < 1800 g
NEONATAL COMO É FEITA?
- Início em até 6h de vida para RN >36
INDICAÇÕES
semanas e peso >2000g, com indicações
acima
Constitui uma prática eficaz no que se refere ao - Ajusta a temperatura em 33,5 °C
prognóstico neurológico nos casos de asfixia - Termômetro no esôfago
neonatal. Tem mostrado importância na redução - Tempo de tratamento: 72 horas
da deficiência do desenvolvimento - Reaquecimento: 0,5 °C por hora até
neuropsicomotor a longo prazo, para RN de termo chegar em 36,5 °C
ou >35 semanas. - Não há necessidade de o paciente estar em
Existem 2 critérios para a indicação: ventilação mecânica

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- Bradicardia é esperada: FC entre 80 e 100


bpm
- Risco de hiponatremia (manter sódio no
limite superior)

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intelectual. Qualquer prática dessa natureza ou
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