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CURSO

Agente de Desenvolvimento Socioambiental

UNIDADE CURRICULAR 2

Elaborar proposta
de melhoria
socioambiental
CURSO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL - Eixo Ambiente e Saúde

Agente de Desenvolvimento Socioambiental

UNIDADE CURRICULAR 2

Elaborar proposta
de melhoria
socioambiental
CRÉDITOS
UNIDADE CURRICULAR 2

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac/SC


Departamento Regional em Santa Catarina
FECOMÉRCIO

Presidente do Conselho Consultivo


Bruno Breithaupt

Diretor Regional
Rudney Raulino

Diretoria de Educação Profissional


Ivan Luiz Ecco

Diretoria do Centro de Educação Profissional – Senac EAD


Anderson Redinha Malgueiro

Conteudista
lton Agostini Júnior

Coordenação Técnica
Setor de Educação a Distância

Coordenação Editorial e Desenvolvimento


Equipe do Setor de Produção – Senac EAD

© Senac | Todos os Direitos Reservados


SUMÁRIO
UNIDADE CURRICULAR 2

APRESENTAÇÃO DA UNIDADE CURRICULAR 2........................................................... 05

1 DIAGNÓSTICO DE ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS VULNERÁVEIS NA COMUNIDADE... 06


CONTEXTUALIZANDO........................................................................................ 06
1.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA DE CAMPO .................... 07
1.2 COLETA DE DADOS: CONCEITO, TIPOS E ORGANIZAÇÃO DAS
INFORMAÇÕES.............................................................................................. 27

2 REGISTRO E SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS E INFORMAÇÕES................................. 33


CONTEXTUALIZANDO ....................................................................................... 33
2.1 LEVANTAMENTO E REGISTRO DE DADOS................................................ 33
2.2 ETAPAS DE PESQUISA.................................................................................. 57

3 LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS E SEGMENTOS DA SOCIEDADE............................... 70


CONTEXTUALIZANDO ....................................................................................... 70
3.1 CONCEITO, TIPOS E PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DE
LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS.................................................................... 70
3.2 A SOCIEDADE E SEUS SEGMENTOS.......................................................... 74

4 PLANO DE AÇÃO...................................................................................................... 78
CONTEXTUALIZANDO ....................................................................................... 78
4.1 CONCEITO E ESTRUTURA DO PLANO DE AÇÃO..................................... 78

CONSIDERAÇÕES........................................................................................................ 91

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 92
APRESENTAÇÃO DA
UNIDADE CURRICULAR 2

Elaborar proposta
de melhoria
socioambiental

Para a apresentação de uma proposta de melhoria socioambiental abrangente e sistemática e


que contenha embasamento técnico em uma determinada comunidade, faz-se necessário cole-
tar, antecipadamente, informações confiáveis que nortearão a tomada de decisão. É necessário
considerar que a coleta de informações deve seguir critérios e metodologias adaptados às pecu-
liaridades de cada região e devem estar alinhados com os objetivos e as metas de cada proposta
de melhoria.

Nesta Unidade Curricular estudaremos a importância e as definições das pesquisas de campo,


as formas de registros e as etapas, assim como estratégias de sensibilização e colaboração no
planejamento do plano de ação. Esses conhecimentos são relevantes para que uma proposta de
melhoria contemple os vários segmentos de uma comunidade.

Esta Unidade Curricular apresentará, ainda, o diagnóstico de aspectos socioambientais vulnerá-


veis na comunidade; o registro e a sistematização de dados e informações; as lideranças comuni-
tárias, os segmentos da sociedade e o plano de ação.

Bons estudos!
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

1 DIAGNÓSTICO DE ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS


VULNERÁVEIS NA COMUNIDADE

CONTEXTUALIZANDO
Para obter o resultado esperado de uma proposta de melhoria social e ambiental
numa determinada comunidade ou em algum de seus segmentos, muitas vezes
se faz necessário ir a campo para coletar dados e informações que subsidiarão
futuras tomadas de decisão.

Dessa maneira, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá identificar


os pontos vulneráveis e passíveis de melhoramento no que tange aos indicadores
sociais e ambientais do local analisado e, com proatividade, realizar a coleta de
dados abordando cordialmente a comunidade na busca por esses indicadores.

Também é essencial que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental identifique


a metodologia mais adequada para a obtenção dos dados. Assim, o conceito e a
classificação de pesquisa de campo tornam-se assuntos importantes na atividade
de coleta de dados, utilizando seus diversos tipos e métodos de organização das
informações.

Com os dados coletados e de maneira sigilosa, o Agente de Desenvolvimento


Socioambiental articula, com os diversos atores sociais, a busca por minimizar
os problemas anteriormente identificados, usufruindo dos dados coletados em
campo com responsabilidade e organização.

O estudo desta Unidade Curricular permitirá que o Agente de Desenvolvimento


Socioambiental conheça como mapear situações passíveis de melhoria
socioambiental, por meio de pesquisa em indicadores sociais e ambientais
locais, órgãos públicos, privados e agentes comunitários locais. Esse futuro
profissional também terá condições de definir a metodologia de coleta de dados
mais adequada, tendo como base os tipos de pesquisa e os interesses dos atores
sociais envolvidos.

Neste período de diagnóstico, fica evidenciada a necessidade de um planejamento


cauteloso para o recolhimento de dados em campo, zelando pelo sigilo das
informações e por sua utilização coerente na elaboração de uma proposta de
melhoria socioambiental.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

1.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA DE CAMPO


A qualidade de vida tem sido um assunto
bastante discutido na atualidade, sendo
concebida pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) como a percepção do
indivíduo sobre sua posição na vida, no
contexto da cultura e dos sistemas de
valores nos quais ele vive, e em relação
a seus objetivos, suas expectativas,
seus padrões e suas preocupações
(WHO, 1995). Essa é uma definição importante para quem atua ou irá atuar no
âmbito das ações socioambientais, como é o seu caso.

Importante
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, ao coletar infor-
mações de campo, necessariamente precisará avaliar os dados e
transformá-los em informações claras e objetivas, que subsidiarão
as tomadas de decisão, a fim de atender aos padrões considera-
dos sinônimos de qualidade de vida numa sociedade.

Qualidade de vida é um termo multifacetário


Multifacetário é tudo aquilo que possui vá-
e, ao mesmo tempo, subjetivo, pois a con- rias dimensões, particularidades, facetas.
cepção de qualidade de vida varia de pessoa
para pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada indivíduo, conforme a evo-
lução da sociedade e a inserção do próprio indivíduo nela.

Importante
Nesse sentido, a qualidade de vida pode ser definida como a “con-
dição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais
e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as con-
dições em que vive o ser humano” (NAHAS, 2006, p.14).

Quando o Agente de Desenvolvimento Socioambiental estiver em campo coletan-


do dados e informações, precisará estar atento ao fato de que o entendimento de
qualidade de vida varia de pessoa para pessoa. Esse entendimento geralmente
está de acordo com o contexto cultural e o estilo de vida de cada indivíduo, in-
cluindo alguns parâmetros socioambientais que devem ser considerados e anali-
sados, como moradia, assistência médica, condições de trabalho e remuneração,
educação, opções de lazer e meio ambiente.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Essas informações são importantes para compreender a estrutura de uma socie-


dade e, com base nelas, realizar as articulações necessárias para promover a me-
lhoria no campo socioambiental, com cordialidade na abordagem à comunidade e
sigilo das informações coletadas.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental irá focar suas ações no conceito


de qualidade de vida, que inclui as facetas ambientais e sociais, para identificar os
pontos vulneráveis na sociedade e propor melhorias adequadas à peculiaridade
de cada região, com responsabilidade e organização na coleta e no armazena-
mento de dados.

Nesse cenário, a educação ambiental assume um papel transformador dentro


da sociedade, uma vez que integra as questões socioambientais num contexto
histórico-cultural, fornecendo informações inerentes ao processo de identificação
de pontos vulneráveis.

Dessa forma, é importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental


compreenda a importância da educação ambiental como ferramenta de sensibili-
zação e mudança de hábito das pessoas, promovendo ações coletivas que visam
à qualidade de vida e à sustentabilidade em suas diversas abordagens.

Além disso, atualmente existe uma constante aproximação entre os movimentos


sociais e os movimentos ambientais, fazendo com que haja uma percepção de
que eles não são antagônicos, ou seja, constituem-se de maneira abrangente e
conjunta na problemática socioambiental, evidenciando que ambas as esferas são
complementares e não podem ser analisadas separadamente. Em outras palavras,
o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisa identificar os pontos sociais
e ambientais vulneráveis, realizando uma pesquisa de campo com visão sistêmica,
a fim de propor uma estratégia de melhoria articulada com os atores sociais que
contemple, ao mesmo tempo, as duas áreas.

Portanto, o mapeamento de situações passíveis de melhoria socioambiental é im-


portante para uma proposta de melhoria contextualizada com a prática. A coleta
e filtragem de dados, quando transformadas em informações, podem subsidiar a
tomada de decisão e nortear a proposta de melhoria. Na etapa de mapeamento,
é fundamental que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental seja cauteloso e
criterioso com a escolha das ferramentas de coleta de dados utilizadas (pesquisa),
para que elas forneçam informações reais e objetivas.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

E quando a intenção é pesquisar a percepção socioambiental?

Importante
Quando se trabalha com aspectos socioambientais numa comuni-
dade, a educação ambiental se torna uma ferramenta imprescindí-
vel na sensibilização da comunidade e, posteriormente, na própria
mudança de hábito e de concepções que se firmam na susten-
tabilidade, um propósito de qualidade de vida em sua plenitude.

A educação ambiental nutre-se da prática social, dos costumes e das tradições


e da percepção que a comunidade tem sobre o meio em que está inserida. Por
isso, não é possível separá-la da formação do cidadão, ou seja, o Agente de De-
senvolvimento Socioambiental precisa entender que as pessoas e suas relações
sociais fazem parte do meio ambiente e que suas ações interferem diretamente na
conservação ambiental e, consequentemente, na qualidade de vida.

Por isso, uma pesquisa de campo sobre percepção ambiental deverá, necessa-
riamente, contemplar essa visão, sob pena de apresentar dados não condizentes
com a realidade. Nesse contexto, a educação ambiental poderá ser utilizada como
ferramenta complementar à pesquisa, fornecendo alternativas de abordagem da
problemática ambiental com a comunidade, para que ela defina quais são os pon-
tos vulneráveis que merecem prioridade, enfatizando o coletivo e não apenas o
problema individual, que, às vezes, não condiz com a realidade da região.

Por esses motivos, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental e a comunidade


precisam compreender a situação ambiental e social em que estão inseridos, para
que a coleta de dados e informações seja confiável e para que elas possam ser
utilizadas no plano de ação, visando a melhorias que atendam aos anseios da
comunidade.

O estudo realizado por Marczwski (2006) exemplifica uma pesquisa de percepção


ambiental:

A pesquisa de Marczwski (2006) foi desenvolvida com alunos


da 5ª e 8ª séries do Ensino Fundamental de duas escolas de
Educação Básica. Essas turmas representam realidades socio-
econômicas e ambientais diferentes e adotam processos pe-
dagógicos diferenciados. Uma das escolas é municipal-rural, e
a outra é particular-urbana. O questionário foi estruturado com
base em dois enfoques: i) Percepção do meio ambiente e seus
recursos; ii) Percepção da relação ser humano/meio ambiente.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Quadro 1 traz algumas perguntas utilizadas na pesquisa de percepção ambiental reali-


zada por Marczwski (2006).

Quadro 1 – Perguntas utilizadas por Marczwski (2006) em pesquisa de percepção ambiental

I. Percepção do meio ambiente e seus recursos


Pergunta: O que é meio ambiente?
( ) a) É o mesmo que natureza.
( ) b) São os seres vivos e os recursos (ar, água, solo e alimentos) que a natureza oferece.
( ) c) São os animais e as plantas.
( ) d) É o lugar onde os seres vivos (plantas, animais e seres humanos)
habitam e relacionam-se uns com os outros.
( ) e) É o lugar onde o ser humano vive.

Pergunta: Qual dessas alternativas apresenta elementos que fazem parte do meio ambiente?
( ) a) A mata, o rio e a tua casa.
( ) b) O solo, os animais e as ruas.
( ) c) O ar, a água e os insetos.
( ) d) Os morros, o campo e o terreno do teu vizinho.
( ) e) Todas as respostas anteriores estão corretas.

Pergunta: De onde vem a água que chega à tua casa?


( ) a) De Caxias do Sul.
( ) b) De arroios.
( ) c) De poços artesianos.
( ) d) De represas.
( ) e) Não sei.

II. Percepção da relação ser humano/meio ambiente


Pergunta: Qual a principal fonte de produção de energia elétrica que abastece tua região?
( ) a) Petróleo.
( ) b) Queima de carvão ou lenha.
( ) c) Usinas hidrelétricas.
( ) d) Água do mar.
( ) e) Ação dos ventos.

Pergunta: Qual a diferença entre lixo e poluição?


( ) a) A poluição é o lixo colocado na natureza, e o lixo é qualquer tipo de resíduo.
( ) b) A poluição existe na natureza, e o lixo existe em casa.
( ) c) A poluição é causada por indústrias, carros e máquinas,
e o lixo é produzido pelo ser humano.
( ) d) O lixo é reaproveitável; e a poluição, não.
( ) e) Nenhuma.

Pergunta: Para onde vai e o que acontece com o lixo que produzes na tua casa?
( ) a) A Prefeitura recolhe, e uma parte vai para a reciclagem.
( ) b) A Prefeitura recolhe, e vai direto para o lixão.
( ) c) A Prefeitura recolhe, e eu não sei para onde vai.
( ) d) É jogado num terreno vazio, perto de casa.
( ) e) É queimado.

Fonte: Adaptado de Marczwski (2006).

As pesquisas desenvolvidas na esfera da educação ambiental favorecem as abor-


dagens qualitativas e crítico-dialéticas. Essas abordagens não permitem uma vi-
são simplista e fechada dos problemas, representada apenas por números e es-
tatística, considerando-se somente um fator. Muito pelo contrário: permitem uma
abordagem mais ampla e sistêmica das relações humanas com o ambiente em
que os problemas estão inseridos, levando-se em consideração fatores difíceis de
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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

quantificar e representar por números. O Agente de Desenvolvimento Socioam-


biental, conhecendo a realidade socioambiental da comunidade, pode identificar
soluções, por meio de uma abordagem mais ampla e focada na causa do proble-
ma, e não na sua consequência, imprimindo, dessa forma, uma visão crítica nos re-
sultados apresentados e transformando-os em informações para possíveis melhorias.

Sendo assim, há constantes questionamentos direcionados aos pesquisadores


que se propõem a coletar dados dessa natureza em campo. Vejamos alguns des-
ses questionamentos.

Como se produz?
Qual tipo de abordagem e de pergunta você fará para as pessoas, a fim de obter
respostas condizentes com a realidade do local?

Para quem?
Que público terá acesso aos dados coletados e de que maneira eles serão expostos?

Com quais finalidades ou compromissos as pesquisas são realizadas?


Sua pesquisa deve ter um caráter informativo e com o compromisso de propor
melhorias no campo socioambiental.

As pesquisas no âmbito da educação ambiental podem apresentar inúmeras abor-


dagens, dependendo, principalmente, de seu contexto:

XX Contexto ontológico: trata da essência do ser e sua natureza comum.

XX Contexto epistemológico: trata da origem e validade do conhecimento


nas suas diferentes áreas, provocando duas posições: uma sobre o co-
nhecimento baseado na experiência durante a vida, e outra que prega o
conhecimento encontrado na razão.

XX Contexto metodológico: trata dos métodos de condução de uma pes-


quisa, ou seja, um conjunto de regras, com explicação minuciosa, de-
talhada, rigorosa e exata de toda a ação desenvolvida no caminho do
trabalho de pesquisa.

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental tenha essas in-


formações durante a elaboração e o planejamento de sua pesquisa de campo, a
fim de que tenha uma abordagem mais abrangente e representativa da realidade
encontrada no local, e para que a proposta de melhoria seja baseada em informa-
ções precisas e confiáveis.

Quanto às pesquisas de educação ambiental, serão conduzidas e adaptadas con-


forme o modelo escolhido pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental. Tais
pesquisas seguem, basicamente, três vertentes: positivista, interpretativa e crítica.

XX A investigação positivista é considerada mais tradicional, restringindo-se


aos aspectos conservacionistas da educação ambiental, colocando o
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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

pesquisador no centro do sistema de investigação e controlando todos


os elementos que a compõem. Portanto, o Agente de Desenvolvimento
Socioambiental terá apenas informações relacionadas à causa e ao efeito,
desconsiderando-se a origem dos problemas ambientais e a complexi-
dade dinâmica inerente a eles, como os aspectos culturais, religiosos,
dentre outros.

XX A investigação interpretativa faz um resgate histórico humanista, ou


seja, considera outros aspectos na sua linha de raciocínio (aspectos his-
tóricos, culturais, econômicos, religiosos, dentre outros). Por meio da in-
vestigação interpretativa, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
pode fazer uma interpretação mais ampla e abrangente das informações
coletadas em campo, propondo, inclusive, a ruptura de paradigmas da
modernidade. Nesse sentido, é importante que ele analise todas as fa-
cetas socioambientais de uma comunidade e adapte sua pesquisa de
campo para responder aos objetivos já estipulados.

XX A investigação crítica busca uma mediação dos conhecimentos, ou seja,


o Agente de Desenvolvimento Socioambiental, ao optar por esse tipo de
investigação, deverá considerar o conhecimento popular da comunida-
de, assim como o conhecimento científico. Além disso, deverá analisar
criticamente as informações coletadas em campo e transformá-las em
conhecimento para futuras tomadas de decisão que visem à melhoria na
qualidade de vida das pessoas.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve estar atento às necessidades da


sociedade, articulando uma proposta de melhoria a fim de suprir a demanda e os
anseios sociais, sendo essa uma maneira de antecipar os resultados e estabelecer
um dispositivo para avaliação. Ele deverá assumir o papel de observador externo e
de participante em uma ou outra situação, dependendo do momento da investigação.

A pesquisa de campo realizada pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental


deve ter visão sistêmica, responsabilidade e organização na coleta e armazena-
gem de dados. Dessa forma, será possível alinhar uma proposta de melhoria so-
cioambiental condizente com as necessidades da comunidade estudada.

O conceito de pesquisa pode ser esclarecido de inúmeras


maneiras. Entretanto, o Agente de Desenvolvimento Socio-
ambiental precisa entender que uma pesquisa de campo
consiste num processo sistemático para a construção do
conhecimento, gerando novos saberes e informações e
auxiliando no desenvolvimento, ampliação, atualização e
reelaboração de conhecimento preexistente.

Dessa maneira, a pesquisa de campo baseia-se na observação de fatos e fenôme-


nos exatamente como ocorrem no cotidiano. Por isso, a coleta de dados, análise e
interpretação deles visa ao esclarecimento e à compreensão dos fatos.
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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

É importante ser cauteloso ao planejar uma pesquisa de campo, tomando o cui-


dado de realizar uma revisão bibliográfica do assunto analisado e elaborando um
sucinto panorama da região em que pretende realizar a pesquisa, apontando os
principais aspectos sociais e ambientais do local, devendo, ainda, ser curioso e
criativo durante a pesquisa, e primando pelo profissionalismo, pelo sigilo das infor-
mações e pela cordialidade na abordagem com a comunidade.

É importante saber que uma pesquisa de campo consiste em encontrar a solução


para um problema, que, neste caso, é identificar os pontos vulneráveis numa co-
munidade no que tange aos aspectos socioambientais. Por isso, a pesquisa deve
seguir um roteiro de questionamentos racionais, sistemáticos e articulados, desde a
formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados. Em razão
disso, o domínio da técnica de coleta e interpretação de dados é extremamente im-
portante ao Agente de Desenvolvimento Socioambiental, para que ele possa expor
os resultados de maneira segura e clara, atendendo aos anseios da comunidade.

A Tabela 1 apresenta um roteiro para o planejamento de pesquisa com o intuito de


exemplificar alguns passos e algumas sugestões de planejamento de uma pesquisa.

Tabela 1 – Exemplo de roteiro para o planejamento de sua pesquisa

Etapa Exemplo 1 Exemplo 2 Exemplo 3

1° Definição do tema Definição do tema Definição do tema

Identificação do problema Introdução, justificativa


2° Problemática
social e/ou ambiental e histórico do local

3° Hipóteses Objetivos Objetivos

Objetivo:
Metodologia, cronograma
4° Geral Justificativa
e plano de execução
Específicos
Histórico do local Conclusão e resultados
5° Justificativa
da pesquisa esperados
Metodologia utilizada
6° Revisão bibliográfica Bibliografia utilizada
para a coleta de dados
Metodologia utilizada Cronograma de

para a coleta de dados execução
Conclusão e
8° Cronograma de execução
resultados esperados
Referências
9° Orçamento
Bibliográficas
Conclusão e resultados
10°
esperados
Fonte: Elaborada pelo autor.

Pesquisa é um conjunto de ações propostas para descobrir a solução de um pro-


blema e/ou obter dados que, posteriormente, serão utilizados como ferramentas
na identificação do panorama e de aspectos socioambientais de uma determinada
região, seguindo procedimentos racionais e sistemáticos.
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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

É necessário, portanto, distinguir o conceito entre procurar e pesquisar.


XX Procurar, do latim procurare, significa a ação, o esforço para achar ou
descobrir alguma coisa. Por exemplo: eu posso procurar meu lápis no
estojo escolar, minhas chaves em casa, meus amigos em um evento.

XX Pesquisar significa colocar em evidência duas dimensões fundamentais


que devem acompanhar uma investigação sistemática: o trabalho de re-
flexão (refletir sobre problemas, sobre dificuldades encontradas) e o es-
forço de investimento, que requer uma pesquisa (métodos de coletas).

A Tabela 2 apresenta o roteiro de uma pesquisa de campo sobre aterro sanitário.


Esse roteiro pode servir de orientação ao Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental, quando em situações semelhantes.

Tabela 2 – Exemplo de roteiro para observação em aterro sanitário

Roteiro de visita em aterro sanitário


Etapa Procedimento
Analise e observe o processo inicial de disposição dos resíduos.
Questione:

1° • Todos os resíduos visualizados podem ser depositados no aterro sanitário?


• Existe algum resíduo que poderia ter outro destino?
Descreva como são depositados os resíduos tendo em vista as máquinas e os
equipamentos utilizados nesse processo (ficam a céu aberto ou enterrados?).
Questione:
• É possível visualizar alguma impermeabilização do solo?

• Se a resposta for afirmativa, qual a importância dessa impermeabilização para
o ambiente?

Sobre as canaletas de águas da chuva, observe-as e responda:


• Elas existem no aterro sanitário?
3° • Qual sua importância para o bom funcionamento do aterro?
• Há obstrução da passagem da água? Se sim, que tipo de obstrução?
• As canaletas estão danificadas? Se sim, qual tipo de dano?

Sobre o chorume, responda:


• Qual a localização na área do aterro?
4° • Existe curso d’água próximo?
• Que aspectos o chorume apresenta (odor, cor, viscosidade, outros)?
• Como é feito o tratamento do chorume?

Em relação às chaminés de queima de gás metano, responda:


• Qual é a sua localização na área do aterro?
5° • Qual é o material utilizado para a construção das chaminés?
• Qual é a importância delas para o bom funcionamento do aterro?
• O gás produzido pode ser utilizado para outro fim? Qual?

6° • Descreva a ocupação humana ou atividade desenvolvida no entorno do aterro.

Fonte: Adaptada de Castellar et al. (2012).

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Existem várias formas de classificar as pesquisas. Entretanto, a pesquisa a ser


utilizada na identificação de pontos vulneráveis na comunidade dependerá do ob-
jetivo e das informações de que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
necessitará para articular as mudanças. As pesquisas comumente utilizadas são
classificadas em relação à Natureza da Pesquisa, em relação ao Objetivo da Pes-
quisa e em relação à Abordagem da Pesquisa. Essas pesquisas são organizadas
da seguinte forma:

Natureza da Pesquisa Pesquisa Básica


Pesquisa Aplicada

Pesquisa Exploratória
Objetivo da Pesquisa Pesquisa Descritiva
Pesquisa Explicativa

Abordagem da Pesquisa Pesquisa Quantitativa


Pesquisa Qualitativa

Da Natureza da Pesquisa

Pesquisa Básica: visa gerar novos conhecimentos que sejam úteis para o
avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais.

A pesquisa básica tem como objetivo compreender fatos e fenômenos sem pre-
tensão de usar ou aplicar imediatamente o conhecimento adquirido, ou seja, não
faz parte do contexto da pesquisa básica analisar propriedades, estruturas e co-
nexões com vistas a formular e averiguar hipóteses, restringindo-se apenas ao
levantamento de dados.

Exemplo de questão de pesquisa científica básica:

XX Por que a mata ciliar protege os cursos d’água?


XX Quais são as consequências da erosão?
XX Que mecanismos os peixes utilizam para retirar o oxigênio da água?

Com esses exemplos, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental pode verifi-


car que a pesquisa básica não compreende a articulação dos resultados, ou seja,
não visa à obtenção de informações para subsidiar melhorias na comunidade, mas
de informações apenas para compor o panorama do perfil daquela comunidade
estudada.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Pesquisa Aplicada: visa à obtenção de conhecimentos, para a aplicação prá-


tica e efetiva, voltados à solução de problemas sociais e ambientais específicos da
comunidade, com envolvimento de fatos verídicos e interesses coletivos.

A pesquisa aplicada pode utilizar a pesquisa básica como suporte para a aplica-
ção de novas ideias que visam à solução imediata de problemas identificados e
específicos daquela comunidade, com objetivo e aplicação mais prática em rela-
ção à pesquisa básica.

Do objetivo da pesquisa

Exploratória: visa conhecer melhor o assunto que está sendo investigado e/ou
que está em fase de levantamento de dados, ou seja, algo ainda pouco conhecido.

Esse tipo de pesquisa será largamente utilizado pelo Agente de Desenvolvimen-


to Socioambiental quando ele estiver em campo coletando informações, ou seja,
quando ele precisar identificar os pontos sociais e ambientais vulneráveis numa
comunidade. Entretanto, esses pontos não estão descritos num livro, revista ou
afins: necessariamente o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisa criar
uma metodologia adaptada à realidade de cada comunidade, a fim de coletar as
informações necessárias que servirão de alicerce para políticas públicas no local,
ou, ainda, de proposta de melhoria para a área analisada.

Pela característica exploratória desta pesquisa – sondagem –, não é necessária


a elaboração de hipóteses, como acontece em outros tipos de pesquisa, pois
o objetivo não é averiguar fatos, mas entendê-los sistematicamente. Entretanto,
poderão surgir, ao final da pesquisa ou no decurso dela, algumas hipóteses, que
serão analisadas pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental em outra etapa
da proposta de melhoria.

É interessante que esse profissional saiba que a maioria das pesquisas dessa na-
tureza envolve alguns procedimentos, como:

a) Levantamento bibliográfico: mesmo que existam poucas referências


sobre o assunto analisado, nenhuma pesquisa começa do zero. Haverá
sempre alguma obra ou exemplo equivalente que podem servir de base
para direcionar a busca pela informação.

b) Entrevistas e conversas com pessoas que tiveram experiências práticas


e/ou vivenciaram/vivenciam o problema pesquisado.

c) Análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Ao final de uma pesquisa exploratória, o Agente de Desenvolvimento Socioam-


biental conhecerá mais sobre o problema pesquisado e terá informações mais
precisas para construir hipóteses.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Gráfico 1 apresenta a aplicação de uma pesquisa exploratória realizada no


campo da educação ambiental com o objetivo de identificar e analisar a evolução
dos estudos sobre o ensino da educação ambiental no Brasil no período de 2001
a 2011.

Gráfico 1 – Temas abordados na pesquisa relacionados com a educação ambiental

 Desenvolvimento Sustentável
 Ensino de Educação Ambiental
 Formação de Professores em Educação Ambiental
 Políticas Públicas e Educação Ambiental
 Transversalidade da Educação Ambiental

Fonte: Costa et al. (2013).

Durante o mapeamento de situações passíveis de melhorias socioambientais, a


pesquisa exploratória será a mais utilizada, uma vez que o Agente de Desenvolvimento
Socioambiental busca informações em campo desconhecido, na maioria das vezes.

Descritiva: coloca em evidência características de uma determinada popula-


ção ou fenômeno.

Neste tipo de pesquisa é necessário que o Agente de Desenvolvimento Socioam-


biental estipule e descreva a situação que motiva a busca de informação e sua
relação com a causa, ou seja, após identificar o problema socioambiental (lixo nas
ruas, por exemplo), esse profissional deverá correlacionar as possíveis causas en-
contradas durante a pesquisa, como falta de sensibilização da comunidade, falta
de lixeiras, dentre outras causas. Esse tipo de pesquisa objetiva descrever os fatos
e fenômenos de determinada realidade, e, por isso, exige do Agente de Desenvol-
vimento Socioambiental uma série de informações sobre o que deseja pesquisar.

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental saiba que esse tipo


de pesquisa não tem como objetivo explicar o fenômeno ou situação que está ocor-
rendo, porém, pode servir de suporte para tal explicação, estabelecendo correlações
entre as variáveis (fenômenos) e definindo sua natureza (origem social ou ambiental).

A vantagem da pesquisa descritiva é que ela pode ser criticada porque geralmente
existe uma descrição minuciosa dos fenômenos e dos fatos encontrados. Entre-
tanto, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisa tomar cuidado com a
técnica de coleta de dados e informações (sendo os mais utilizados para esse tipo
de pesquisa os questionários e as entrevistas), pois elas podem ser subjetivas e ape-
nas fornecer números, não sendo possível qualificar os dados por falta de precisão.

17 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

As pesquisas descritivas possuem como objetivo principal a descrição de caracte-


rísticas inerentes a uma determinada população ou grupo, tendência de comporta-
mento ou fenômeno (por exemplo, descrevem quais são as características de um
determinado grupo, considerando o gênero, a faixa etária, a renda familiar, o nível
de escolaridade, entre outras características referentes à separação dos resíduos
em recicláveis e não recicláveis).

A pesquisa descritiva pode estabelecer relações entre variáveis (características ou


fenômenos sobre os quais se quer saber). Exemplo: quando um contaminante A
entra em contato com o solo e com a água, seu comportamento se diferencia entre
os dois meios. Ao final de uma pesquisa descritiva, será possível reunir e analisar
muitas informações sobre o assunto pesquisado.

Importante
A diferença básica em relação à pesquisa exploratória é que o
assunto pesquisado já é conhecido. A grande contribuição das
pesquisas descritivas é referente à obtenção de novas visões
sobre uma realidade já conhecida.

Ademais, nada impede que uma pesquisa descritiva assuma a forma de um estudo
de caso, possibilidade mais comum das pesquisas exploratórias. Entretanto, as
pesquisas descritivas geralmente assumem a forma de levantamentos de dados e
informações. Quando o aprofundamento da pesquisa descritiva permite estabele-
cer relações de dependência entre variáveis, é possível generalizar e sistematizar
os resultados. O Gráfico 2 apresenta o resultado de uma pesquisa descritiva reali-
zada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Gráfico 2 – Pesquisa descritiva realizada pelo IBGE que avaliou o rendimento monetário da população de Santa
Catarina com 10 anos ou mais de idade no ano de 2010

2.000.000 Sem rendimento


Até 1 salário mínimo
1.500.000 Mais de 1 a 2 salários mínimos
Mais de 2 a 3 salários mínimos
1.000.000 Mais de 3 a 5 salários mínimos
Mais de 5 a 10 salários mínimos
500.000
Mais de 10 a 20 salários mínimos
Mais de 20 salários mínimos
0
Pessoas

Fonte: IBGE (2010).

18 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Explicativa: visa transformar algo ou um fenômeno inteligível (ou seja, de fácil


entendimento), justificando e explicando os motivos que fomentaram tal situação.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, ao optar pela pesquisa explicativa,


deverá esclarecer quais fatores contribuíram, de alguma forma, para a ocorrência
de um determinado fenômeno ou ação.

Por exemplo: para que esse profissional esclareça quais são as fontes de po-
luição de um rio e porque isso ocorre, explicando detalhadamente a situação, é
necessário que ele se assegure das informações prestadas com fundamentação
bibliográfica de estudos já realizados e que tenham confirmação técnica/científica
incutida no estudo.

É importante o Agente de Desenvolvimento Socioambiental saber que este tipo de


pesquisa se preocupa em identificar os fatores que determinam ou que contribuem
para a ocorrência de um fenômeno específico, ou seja, explica o porquê dos acon-
tecimentos através dos resultados oferecidos. Uma pesquisa explicativa pode ser
a complementação de uma pesquisa descritiva, uma vez que a identificação de
fatores que determinam um fenômeno ou situação exige descrição detalhada.

O Quadro 2 apresenta um exemplo de pesquisa explicativa que analisou a prática


pedagógica do ensino de educação ambiental nas escolas públicas de João Câ-
mara – RN. Nesse trabalho, os pesquisadores utilizaram a pesquisa explicativa em
complemento à pesquisa descritiva, ou seja, coletaram informações e analisaram
o fenômeno estudado, determinando-os. Dessa maneira, a pesquisa descritiva é
representada pelo gráfico; e a explicativa, pela análise dos autores. Vejamos as
quatro perguntas da pesquisa e suas respectivas análises.

Quadro 2 – Modelo de pesquisa explicativa

Pergunta 1: Como você desenvolve, na prática, o ensino da educação ambiental?


8%
26%
 Passagem de conteúdos
 Brincadeiras
 Outras atividades

66%
Análise dos autores: a pesquisa mostra que, dos resultados obtidos nas três escolas,
foi típica a opção de passagem dos conteúdos da educação formal (66%), mostrando
que essas instituições não seguem as orientações dos PCNs de passarem, em sua
metodologia, o tema educação ambiental transversalmente, por todas as disciplinas
e áreas. Apenas 8% fazem isso em forma de brincadeiras, com o objetivo de tornar o
tema mais atrativo para os alunos; 26% abordam o assunto de outras formas; já nas
aulas de artes o tema não é contemplado em nenhum momento.

19 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Pergunta 2: Quantas vezes por semana você aborda a questão ambiental?


9%
31%
 Uma vez
 Duas vezes

37%  Mais de duas vezes


 Nenhuma vez

23%

Análise dos autores: a pesquisa mostra que 37% dos entrevistados abordam o tema
mais de duas vezes por semana. Porém, as outras alternativas também foram bastante
escolhidas, mostrando que as escolas não oferecem aos professores um plano de
ensino uniforme, com transparência da questão, e que deixe os docentes cientes da sua
responsabilidade de tornar o meio ambiente saudável e com garantias de boa qualidade
para a sobrevivência das gerações futuras.

Pergunta 3: Sua escola tem programa de educação ambiental?

31%
 Sim
 Não

69%

Análise dos autores: a pesquisa mostra que, apesar de 31% dos professores afirmarem
que a escola tem programa de educação ambiental, a maioria (69%) diz o contrário.
Esses dados nos induzem a pensar que a Secretaria de Educação do Município não está
preocupada com a questão e que, no Projeto Político-Pedagógico (PPP) das escolas,
sequer é vislumbrada essa questão.

Pergunta 4: Você acha que, na sua disciplina, é fácil aplicar a questão ambiental?

9%

 Sim
91%  Não

Análise dos autores: a pesquisa mostra que a maior parte dos professores
concordam que, em sua disciplina, é fácil trabalhar a questão ambiental. Apenas 9%
dos professores (das disciplinas História, Matemática e Física) discordam da maioria,
apontando que não é fácil trabalhar a temática em questão. Esses dados revelam que
os professores têm noção da possibilidade de transmitir a educação ambiental através
da sua disciplina, o que facilitaria a introdução do tema transversal na dinâmica escolar.
Assim, falta apenas uma política no sentido de tornar efetiva a prática por todos da
comunidade escolar.

Fonte: Adaptado de Saraiva et al. (2008).

Da abordagem da pesquisa

As pesquisas de campo apresentam diversas formas de abordagem e coleta de


dados. É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental conheça
os principais métodos de coleta de dados utilizados em pesquisas de campo a

20 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

fim de analisar as características de cada abordagem e verificar qual delas é mais


adequada à sua pesquisa, fornecendo informações importantes e confiáveis para
a futura proposta de melhoria.

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a pesquisa é classificada


em quantitativa e qualitativa.

Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável. Isso signifi-
ca traduzir as informações em números e opiniões para classificá-las e analisá-las.
Utiliza-se de alguns recursos específicos e técnicas estatísticas, como percenta-
gem, média, desvio-padrão e outros recursos. Vale lembrar que a média é consi-
derada o valor que direciona para onde mais se concentram os valores encontra-
dos de uma distribuição, sendo o desvio-padrão o valor que mostra o quanto de
variação existe em relação à média. Assim, um baixo desvio-padrão nos dados
encontrados indica que eles tendem a estar próximos da média. Para melhor or-
ganizar e sistematizar os dados colhidos no campo, o Agente de Desenvolvimento
Ambiental deve buscar o auxílio de softwares ou de pessoas com experiência em
ferramentas estatísticas, caso não domine o assunto.

Importante
A razão primordial para se realizar uma pesquisa quantitativa é
encontrar quantas pessoas de uma determinada comunidade
compartilham uma característica em comum, projetando
medidas precisas e confiáveis, que permitam uma análise
estatística dos dados.

A pesquisa quantitativa é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e prefe-


rências quanto comportamentos. Se o objetivo do Agente de Desenvolvimento
Socioambiental for o de identificar quantas pessoas separam o lixo em casa ou
realizam a compostagem, a pesquisa quantitativa deverá ser utilizada. Com os re-
sultados obtidos, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental terá subsídio para
alinhar a sua proposta de melhoria, ou, ainda, elaborar um perfil de comportamento
daquela comunidade. Essa pesquisa também pode ser usada para estimar o po-
tencial ou volume de um negócio sustentável, medir o tamanho e a importância de
segmentos da utilização de produtos sustentáveis numa região, entre outras ações.

Essa pesquisa também deve ser usada quando se quer determinar o perfil de um
grupo de pessoas, baseando-se em características que elas têm em comum (como
características demográficas, por exemplo). Através de técnicas estatísticas, ela
pode criar modelos capazes de predizer se uma pessoa terá uma determinada
opinião ou agirá de determinada forma, com base em características observáveis.
Por isso é tão importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental bus-
que o auxílio de uma pessoa especializada na área e que saiba utilizar os recursos
estatísticos para criar condições de tendências dentro de uma comunidade.
21 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A pesquisa quantitativa não é apropriada nem tem um custo razoável para com-
preender os “porquês”. As questões devem ser diretas e facilmente quantificáveis
(números, quantidades, entre outros fatores), e a amostra deve ser representativa
da região ou do grupo de pessoas que o Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental está analisando, para possibilitar uma análise estatística confiável.

O Gráfico 3 apresenta um exemplo de pesquisa quantitativa sobre “O cuidado no


domicílio: a visão da pessoa dependente e do cuidador”. As autoras entrevistaram
quarenta clientes matriculados no Departamento de Atendimento Domiciliar e que
receberam pelo menos dez atendimentos da equipe antes do momento da entrevista.
Observe o resultado dessa pesquisa quantitativa.

Gráfico 3 – Modelo de pesquisa quantitativa e a porcentagem de pessoas dependentes por faixa etária

25,0%
22,5%

17,5%
15,0%
12,5%

5,0%
2,5%

11 a 20 21 a 30 51 a 60 61 a 70 71 a 80 81 a 90 91 a 100

Fonte: Zem-mascarenhas & Barros (2009).

A pesquisa quantitativa pode ser usada com a intenção de entender por que um
indivíduo tem determinada atitude. Costuma ser usada para elucidar a “lógica de
compra e/ou comportamento”, que é a explicação sobre por que um indivíduo
compra um produto específico ou assume um comportamento que visa à sus-
tentabilidade. Já a sustentabilidade serve como base para identificar segmentos
de mercado reais ou grupos de pessoas que compram pelos mesmos motivos e
razões, ou, ainda, para identificar o comportamento de um determinado grupo de
pessoas que separam o lixo em casa.

É importante o Agente de Desenvolvimento Socioambiental saber que esse tipo de


pesquisa é influenciada pelo positivismo, ou seja, não avalia a situação de maneira
ampla (com a interferência de aspectos econômicos, religiosos, climáticos, geo-
gráficos, entre outros): essa pesquisa considera apenas que a realidade só pode
ser entendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de
instrumentos padronizados e neutros, recorrendo à linguagem matemática para
descrever e sistematizar as causas de um fenômeno, das relações entre variáveis,
etc. Caso o Agente de Desenvolvimento Socioambiental necessite informações
mais complexas e fundamentadas, é recomendável que utilize a pesquisa qualita-
tiva e a quantitativa conjuntamente, pois terá mais informações do que poderia se
conseguir isoladamente.

22 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Pesquisa Qualitativa: visa analisar as inúmeras influências que o fenômeno


e/ou ação estudados estão sofrendo, ou seja, essa subjetividade não pode ser
traduzida em números, como na abordagem quantitativa. Assim, não requer o uso
de métodos e técnicas estatísticas. A interpretação dos fenômenos e comporta-
mentos faz parte do processo de abordagem qualitativa.

A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas,


sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organi-
zação, dentre outros fatores.

É oportuno mencionar que a abordagem qualitativa não se baseia num modelo posi-
tivista, ou seja, não possui uma visão simplista de interpretação apenas dos números.

Nesse cenário, se o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisar ter uma


abordagem mais ampla e sistêmica do fenômeno ou comportamento que está es-
tudando, é recomendável a abordagem qualitativa. Essa abordagem favorece uma
visão holística, ou seja, uma visão que procura compreender os fenômenos na sua
totalidade e considera, em sua análise, a pressão decorrente de outras variáveis
(religiosas, econômicas, geográficas, dentre outras) para organizar e sistematizar
os resultados obtidos, sendo possível, ainda, sua adaptação conforme a peculia-
ridade da área analisada.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, ao optar pela abordagem qualitati-


va, deve ser sigiloso nas informações coletadas, além de buscar explicar o porquê
dos problemas, situações, entre outros fatos, podendo sugerir as melhorias. Po-
rém, ele não pode quantificar os dados e nem submetê-los à prova de fatos, pois
os dados analisados não podem ser mensurados numericamente.

Se o Agente de Desenvolvimento Socioambiental estiver preocupado em conhe-


cer os aspectos da realidade que não podem ser quantificados, fixando-se apenas
na compreensão e explicação da dinâmica das relações que permeiam o estudo, a
abordagem qualitativa é a recomendada devido à sua característica multifacetária
de inúmeros significados, motivos, crenças, valores e atitudes, o que corresponde
a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que
não podem ser reduzidos a números.

As pesquisas qualitativas são compostas por perguntas abertas, ou seja, a pessoa


que responder às questões será livre para fazer seus comentários e dar as res-
postas que quiser. Vejamos alguns exemplos de perguntas abertas que servem às
pesquisas qualitativas:

XX O que você entende sobre meio ambiente?


XX A sustentabilidade é importante para a sociedade?
XX Em sua opinião, qual é a maior fonte poluidora da cidade?

Perceba que não há alternativas de respostas especificadas. Esses modelos de


questões são conhecidos como qualitativos, pois as respostas são analisadas
pela sensação em vez da estatística.
23 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Nesse contexto, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve estar atento


a alguns riscos da pesquisa qualitativa, tais como:

XX Confiança demasiada no Agente de Desenvolvimento Socioambiental


como instrumento de coleta de dados.

XX Reflexão e interpretação exaustiva acerca dos dados de campo, podendo


representar uma tentativa de dar conta do objeto estudado, além de for-
çar o resultado para alcançar o desejado pelo Agente de Desenvolvimen-
to Socioambiental, ou seja, para que os dados reforcem uma hipótese já
preestabelecida pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental.

XX Falta de visão holística de aspectos que estejam sob diferentes enfoques.

XX Sensação de entender o suficiente de seu objeto de estudo.

XX Envolvimento do Agente de Desenvolvimento Socioambiental na situação


pesquisada, não sendo imparcial com os resultados.

A pesquisa qualitativa revela áreas de consenso, tanto positivo quanto negativo,


nos padrões de respostas. Ela também determina quais ideias geram uma forte
reação emocional. Além disso, é especialmente útil em situações que envolvem o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas ideias.

Por outro lado, não é recomendado que o Agente de Desenvolvimento Socioam-


biental use a pesquisa qualitativa quando o que se espera é saber quantas pesso-
as irão responder de uma determinada forma ou quantas terão a mesma opinião. A
pesquisa qualitativa não é projetada para coletar resultados quantificáveis. Depois
de descobrir, por exemplo, porque uma pessoa optaria por utilizar produtos sus-
tentáveis, é relativamente fácil contar quantas pessoas pensam da mesma forma
através da pesquisa qualitativa, pois a pesquisa qualitativa costuma ser seguida
de um estudo quantitativo.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve saber que os dados qualitativos


consistem de descrições detalhadas de situações, eventos, pessoas, interações e
comportamentos observados, bem como de citações diretas das pessoas acerca
de suas experiências, atitudes, crenças e pensamentos. Os dados são coletados
sem que se tente enquadrá-los em categorias predeterminadas e padronizadas.
Em vez de se apresentar como um processo linear, a abordagem evolui em direção
ao seu final no que poderia ser melhor descrito como uma série de interações.

É importante, contudo, observar que estas não são amostras ao acaso, sendo de
grande valia como ferramenta para determinar o que é importante para os cidadãos
de uma comunidade e porque é importante. Esse tipo de abordagem também é usa-
do para identificar a extensão total de respostas ou opiniões que existem em uma
comunidade ou segmento dela. Com esse objetivo em mente, também é importan-
te que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental trabalhe com uma amostra
heterogênea de pessoas enquanto se conduz uma pesquisa qualitativa, para evitar
que os dados sejam coletados apenas de uma parte da situação analisada.

24 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Finalmente, a pesquisa qualitativa é essencialmente indutiva em sua abordagem, o


que quer dizer que essa pesquisa é conduzida pelos dados, sendo os resultados e
conclusões extraídos diretamente desses dados. Isso contrastaria com a aborda-
gem dedutiva propriamente dita, através da qual a ideia e as hipóteses formuladas
são testadas em dados coletados especialmente com esse propósito. A pesquisa
qualitativa tende a evidenciar os aspectos dinâmicos, holísticos e individuais da
experiência humana numa determinada situação socioambiental, para entender a
totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando o fenômeno.

Tanto a abordagem quantitativa quanto a abordagem qualitativa apresentam dife-


renças, tendo pontos fracos e fortes. Contudo, os elementos fortes de um comple-
mentam as fraquezas do outro. Por isso, é recomendável que o Agente de Desen-
volvimento Socioambiental perceba esse aspecto para que saiba utilizar os pontos
fortes e fracos de maneira otimizada e objetiva em sua pesquisa.

A Tabela 3 mostra, resumidamente, a comparação entre o método quantitativo e


o método qualitativo.

Tabela 3 – Comparação entre os métodos qualitativos e quantitativos

Método quantitativo Método qualitativo


Verificação e validação sustentadas por Os dados são baseados em categorias
quadros conceituais ou teóricos. de pensamento dos participantes.
Generalização dos resultados em
Estudo profundo de um número limitado de casos.
função da amostragem.

Predições. Fácil descrição de fenômenos complexos.

Controle de variáveis. Rica descrição de fenômenos em seu contexto local.

Dados precisos, rapidamente


Possibilidade de análises comparativas de casos.
coletados e analisados.
Independência relativa dos dados
Dados coletados habitualmente em contexto natural.
em relação ao pesquisador.

Larga amostragem. Análise dinâmica (ex.: processo de construção).

Mais do que focalizar conceitos específicos,


Focaliza uma quantidade pequena de conceitos.
tenta compreender a totalidade do fenômeno.
Possui poucas ideias preconcebidas e salienta
Inicia com ideias preconcebidas do modo
a importância das interpretações dos eventos
pelo qual os conceitos estão relacionados.
mais do que a interpretação do pesquisador.
Utiliza procedimentos estruturados e Coleta dados sem instrumentos
instrumentos formais para coleta de dados. formais e estruturados.
Não tenta controlar o contexto da pesquisa,
Coleta os dados mediante condições de controle.
e, sim, captar o contexto na totalidade.
Enfatiza a objetividade na coleta Enfatiza o subjetivo como meio de
e na análise de dados. compreender e interpretar as experiências.
Analisa os dados numéricos através Analisa as informações narradas de uma
de procedimentos estatísticos. forma organizada, mas intuitiva.

Fonte: Adaptada de Polit et al. (2004) e Lenoir (2006).

25 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A análise da Tabela 3 indica que os métodos quantitativos e qualitativos apresen-


tam peculiaridades que os diferem numa coleta de dados em campo. O Agente
de Desenvolvimento Socioambiental deve estar livre para optar pelo método mais
conveniente naquele momento, a fim de coletar dados e informações claras e con-
dizentes com os objetivos propostos. É importante conciliar os dois métodos para
uma análise sistêmica do problema socioambiental identificado, para um possível
desdobramento e para sua minimização na comunidade.

O Gráfico 4 apresenta um exemplo de modelo de abordagem quantitativa com


complemento qualitativo, decorrente de um estudo sobre a doença da dengue,
que teve como objetivo principal identificar os problemas ambientais que provo-
cam o aparecimento desse tipo de doença, verificando a incidência dessa enfermi-
dade em uma cidade do estado do Mato Grosso no período de outubro de 2009 a
março de 2010. A fim de sintetizar o estudo realizado, foi adotado como exemplo
apenas a análise de casos registrados no ano de 2009.

Gráfico 4 – Casos de dengue notificados no período de outubro de 2009 a março de 2010

1400 1348

1200
1000 905
800
582
600
400 375
220
200 104
0
Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março

Fonte: Luciano & Koetz (2011).

O exemplo apresentado no Gráfico 4 apresenta apenas números, ou seja, é uma


abordagem quantitativa. Entretanto, a pesquisa não se restringe a isso: ela também
apresenta uma abordagem qualitativa do assunto, apontando possíveis situações
e aspectos que podem influenciar no resultado. Perceba que, nesse exemplo, é
possível fazer uma análise mais detalhada do motivo que levou ao acréscimo dos
casos de dengue nos meses de dezembro a março.

Caso você realize essa análise mais detalhada (por exemplo,


atribuir o aumento de casos de dengue à falta de sensibilização
da população, ao índice de chuva nessa época do ano, e,
consequentemente ao acúmulo de água, ou ainda, ao lixo
espalhado nos terrenos baldios), você começa a qualificar
os dados encontrados, e, dessa maneira, sua pesquisa terá
um caráter quantitativo devido aos números, à estatística e,
também, a um caráter qualitativo, pelo detalhamento e pela
visão crítica colocados nos números encontrados.

26 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Por isso, é importante realizar uma abordagem quantitativa e qualitativa conco-


mitantemente, para que as propostas de melhorias sejam norteadas por múltiplas
abordagens, diminuindo o risco de erros e análises parciais.

1.2 COLETA DE DADOS: CONCEITO, TIPOS E ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES


Após a definição dos objetivos e das metas de uma pesquisa (pesquisa explora-
tória ou descritiva, ou, ainda, explicativa) e do modelo de abordagem (quantitativa
ou qualitativa), o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá escolher qual
procedimento técnico e/ou metodológico irá utilizar para efetivamente conduzir a
pesquisa de campo.

Pesquisa é a construção de conhecimento original,


de acordo com certas exigências.

Para que um estudo e/ou levantamento de pontos vulneráveis seja considerado


eficiente devem ser obedecidos critérios de coerência, consistência, originalidade
e objetivação. Nesse sentido, é importante que a pesquisa de campo preencha os
seguintes requisitos:

XX a existência de uma pergunta que se deseja responder;

XX a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta;

XX o cruzamento de dados obtidos com os parâmetros dos indicadores so-


ciais e ambientais pertinentes.

O planejamento de uma pesquisa de campo dependerá, basicamente, de três fa-


ses, descritas a seguir:

XX Fase decisória: referente à escolha do tema, à definição e à delimitação


do problema que se pesquisa.

XX Fase construtiva: referente à construção de um plano de pesquisa e à


execução da pesquisa propriamente dita, contemplando todas as etapas
já citadas aqui, delimitando qual pesquisa e abordagem serão empregadas.

XX Fase redacional: referente à análise dos dados e informações obtidas


na fase construtiva. É a organização das ideias de forma sistematizada e
organizada, visando à elaboração do relatório final, e, consequentemente,
à elaboração de uma proposta de melhoria no campo socioambiental.

As pesquisas sociais podem abranger um universo de elementos tão grande que


se tornará impossível considerá-los em sua totalidade. Por essa razão, nesse tipo
de pesquisa é muito frequente trabalhar com uma amostra, ou seja, com uma
parte representativa do universo. Para tanto, é necessário o esclarecimento dos

27 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

conceitos básicos de população (ou universo) e de amostra, lembrando que os


conceitos aqui expostos são relacionados para a aplicação prática do Agente de
Desenvolvimento Socioambiental. Vamos aos conceitos:

XX População ou universo: é o conjunto de pessoas que apresentam, pelo


menos, uma característica em comum. Exemplo: população de um muni-
cípio, catadores de materiais recicláveis, pessoas que realizam a separa-
ção do lixo, entre outros grupos.

XX Amostra: é uma porção ou parcela da população ou universo (acima des-


crito), que foram selecionados e deverão ser representativos, ou seja, a
amostra selecionada deverá ter dimensão suficiente para afirmar que o
resultado obtido nela é a tendência a ser seguida pela população (universo)
em geral.

Depois de concluída a fase de definição da amostragem, o Agente de Desenvol-


vimento Socioambiental definirá o procedimento de coleta de dados em campo
mais conveniente e adequado à sua pesquisa, atuando de maneira proativa du-
rante a coleta de dados e informações. Nesta fase, o Agente de Desenvolvimento
Socioambiental irá se deparar essencialmente com dois grupos de procedimentos
de coleta de dados: o grupo pautado em informações impressas (provenientes de
revistas, documentos eletrônicos ou impressos, livros, recortes, dentre outras fon-
tes), e o grupo norteado por informações obtidas de pessoas (relatos, entrevistas,
dentre outras fontes) ou experimentos.

Vamos conhecer os tipos de pesquisas que o Agente de Desenvolvimento Socio-


ambiental pode utilizar a fim de definir qual se adequa melhor aos seus objetivos.

1. Pesquisa bibliográfica: é o estudo sistematizado desenvolvido com base em


materiais publicados em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material
acessível ao público em geral.

Um trabalho científico começa com uma detalhada pesquisa bibliográfica do as-


sunto, para que, ao pesquisar, se conheça o que já foi trabalhado neste ramo e
quais são as tendências a serem estudadas, conhecendo ainda outros pesquisa-
dores com a mesma linha de estudo.

2. Investigação documental: é a investigação realizada em documentos que po-


dem estar em posse dos órgãos públicos. Caso sejam documentos públicos, o
cidadão pode ter acesso a eles, desde que siga as formalidades exigidas por lei.
O mesmo ocorre no acesso a documentos privados de qualquer natureza, como
boletins internos, registros, relatórios, anais, regulamentos, ofícios, filmes, docu-
mentários, informações em CDs, e outros.

A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica,


entretanto, a bibliográfica geralmente se baseia em informações de caráter
técnico/científico, com a busca de inúmeros autores que comentam sobre o fato

28 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

em análise. Já a documental baseia-se, geralmente, em fontes mais diversificadas


e sem tratamento analítico (estatístico), o que torna difícil, por vezes, distingui-las.

3. Pesquisa metodológica: consiste na inserção de uma metodologia de coleta


de dados que, para o Agente de Desenvolvimento Socioambiental, será importan-
te na obtenção de dados em campo, a fim de organizar e sistematizar a coleta, ou
seja, estipular um método de coleta e análise dos dados. A coleta de dados em
campo não necessariamente precisa seguir uma metodologia. Entretanto, é de
suma importância que as pesquisas metodológicas (seguem um método de coleta e
análise de dados) sejam realizadas de maneira coordenada e de fácil entendimento.

4. Pesquisa intervencionista: visa à mediação do Agente de Desenvolvimento


Socioambiental, ou seja, não se restringe a apenas estudar e analisar uma deter-
minada realidade, mas qual ação o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
vai tomar para modificar a realidade encontrada, se o caso requerer. Esse tipo de
pesquisa não fica apenas no campo da explicação, mas segue para o campo da
ação e da articulação com os atores sociais.

Nesse caso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental propõe e executa me-


lhorias de maneira coletiva e participativa com os demais cidadãos, articulando,
inclusive, a participação de segmentos sociais na tomada de decisão e visando a
uma mudança social. Importante destacar que, ao optar por esse tipo de procedi-
mento, ao final, esse profissional obterá um conhecimento prático e a aproxima-
ção com a comunidade, situação importantíssima para suas reflexões e, principal-
mente, para as propostas de melhorias.

5. Pesquisa de campo: é a investigação empírica,


Investigação empírica é aquela
ou seja, uma investigação na qual o conhecimento é que resulta da prática, da obser-
adquirido através da observação, realizada no local vação, e não da teoria.
onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe
de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionários,
testes e observação.

A pesquisa de campo é realizada após os estudos bibliográficos, pois isso permite


que o pesquisador tenha conhecimento sobre o assunto. É nessa etapa que ele vai
definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, qual é o meio de coleta de dados e
a metodologia aplicada.

A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente


como ocorrem, à coleta de dados referentes a esses fatos e fenômenos, e, final-
mente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação
teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.
Esse tipo de pesquisa exige, também, a determinação das técnicas de coleta de
dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que
serão empregadas para o registro e a análise dos dados. Dependendo das técni-
cas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser
classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa.
29 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

6. Pesquisa experimental: é uma investigação na qual o pesquisador manipula e


controla variáveis independentes e observa as variações num determinado espa-
ço de tempo e lugar e permite observar e analisar um fenômeno, sob condições
determinadas.

O estudo experimental segue uma metodologia rigorosa,


muitas vezes determinada por protocolos científicos ou
NBR (Norma Brasileira de Regulamentação). Esse tipo de
pesquisa se inicia pela formulação da problemática e das
hipóteses, que posteriormente serão testadas e compa-
radas com outros estudos já existentes.

A pesquisa experimental pode ser desenvolvida em laboratório, onde o ambiente


é artificial, sob condições controladas; ou no campo, onde são adaptadas condi-
ções de manipulação dos sujeitos para melhor controlar a influência de variáveis
não desejadas.

Um exemplo de aplicação desse tipo de pesquisa pode ser visto em experimentos


que testam a toxicidade de produtos no solo: os pesquisadores colocam um tipo
de solo conhecido (nutriente, composição e estrutura do solo) em potes de plásti-
co e adicionam, em cada um deles, quantidades diferentes de contaminante para
avaliar o seu comportamento em diferentes concentrações. Porém, esses testes
são realizados em condições ambientais controladas, ou seja, os potes recebem
as mesmas quantidades de água, temperatura, umidade, luminosidade, dentre
outros aspectos. Esses tipos de teste seguem rigorosamente uma metodologia
científica e são conduzidos em laboratórios especializados.

Vale lembrar que esse tipo de pesquisa não será muito utilizada pelo Agente de
Desenvolvimento Socioambiental, uma vez que sua linha de atuação não está vol-
tada a pesquisas em laboratório, e sim a pesquisas de campo com a comunidade.

7. Pesquisa ex post facto: refere-se a um fato já ocorrido. O Agente de Desenvol-


vimento Socioambiental deverá ser cauteloso com esse procedimento, uma vez
que ele apenas fornecerá informações do que já ocorreu, não sendo possível o
controle ou a manipulação das variáveis, ou seja, das condições que afetaram
diretamente o resultado.

Essa pesquisa busca investigar, basicamente, a causa e o efeito de uma situação


previamente identificada, pois a coleta de dados ocorre depois do acontecimento.
Como exemplo desse tipo de pesquisa, pode-se citar um estudo sobre a poluição
de um rio quando se tenta analisar suas causas e efeitos. Num estudo experi-
mental, ocorreria o inverso, tomando-se primeiramente um grupo de pessoas ao
qual seria dado um determinado tratamento (capacitação, sensibilização, dentre
outros tratamentos), e observar-se-ia, depois, a incidência de poluição daquele rio.
30 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Assim, a pesquisa ex post facto será utilizada apenas para analisar fatos que já
aconteceram e para fornecer informações sobre as causas e os efeitos oriundos
do fato analisado.

8. Pesquisa de Levantamento: o Agente de Desenvolvimento Socioambiental po-


derá utilizar esse procedimento de pesquisa em estudos exploratórios e descriti-
vos. Esses estudos demandam um senso de investigação para esclarecer e des-
crever o que está acontecendo e para encontrar suas possíveis causas, podendo
atingir uma parcela da comunidade (amostra) ou a comunidade toda (censo). O
Agente de Desenvolvimento Socioambiental tem como vantagem, nos levanta-
mentos, o conhecimento prático e direto da realidade e a obtenção de dados agru-
pados sistematicamente em tabelas que possibilitam uma análise estatística. O
levantamento de dados mais comumente utilizados são os estudos de opiniões e
as atitudes das pessoas numa determinada situação.

9. Pesquisa com Survey: restringe-se, basicamente,


Survey é um método que
a uma pesquisa de opinião pública e, atualmente, a
busca a obtenção de dados
pesquisas sociais que buscam descrever e/ou expli- sobre um determinado grupo.
car características de um lugar ou população mediante É indicado quando se busca
responder: o quê? Quando?
uma amostra extraída do todo. O Agente de Desenvol-
Como? Quanto? Por quê?
vimento Socioambiental utilizará esse procedimento
quando o objetivo for analisar e coletar informações e características de um grupo
de pessoas especificamente, podendo, para isso, utilizar um questionário como
instrumento de pesquisa.

Nesse tipo de procedimento, o sigilo é essencial. São exemplos desse tipo de


estudo as pesquisas de opinião sobre determinado produto, utilização e consumo
de água, dentre outras pesquisas.

10. Pesquisa participante: não se esgota na figura do pesquisador. Caracteriza-se


pelo envolvimento e pela identificação do pesquisador com as pessoas investigadas,
ou seja, o Agente de Desenvolvimento Sociambiental, ao optar por esse procedimento,
deverá ter noção de que sua participação na pesquisa vai além da coleta e do registro
de dados. Ele passa a ser parte integrante do processo de mudança daquela comunida-
de, atuando juntamente com os atores sociais da comunidade na busca pela resolução
dos problemas identificados durante a pesquisa. Exemplos de aplicação da pesquisa
participante são o estabelecimento de ações e programas públicos e a participação
efetiva do Agente de Desenvolvimento Sociambiental em associações comunitárias,
como, por exemplo, no plano de gerenciamento de resíduos recicláveis do município.

11. Estudo de caso: o Agente de Desenvolvimento Socioambiental poderá utilizar


este procedimento para estudar e analisar um segmento da sociedade, um proble-
ma social, um problema ambiental, um grupo de pessoas, uma característica de
hábito de uma comunidade, dentre outras situações. Atende ao objetivo de conhe-
cer e refletir detalhadamente o motivo de uma determinada situação, buscando
elucidar suas características mais peculiares.

31 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental não deverá intervir sobre o obje-


to e/ou característica a serem estudados, mas deverá expô-los tal como ele os
identifica. O estudo de caso pode transcorrer uma perspectiva interpretativa, que
procura esclarecer os fatos do ponto de vista dos participantes daquele evento;
ou uma perspectiva pragmática, ou seja, aquilo que habitualmente se pratica – o
costumeiro.

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental saiba diferenciar


os tipos e objetivos de cada pesquisa e escolher a que mais se adapta ao objetivo
pretendido, a fim de fornecer dados confiáveis e que representem a real situação
dos pontos vulneráveis de melhorias no cenário socioambiental. A Figura 1 apre-
senta, em forma de esquema, as múltiplas abordagens da pesquisa.

Figura 1 – Abordagens da Pesquisa

Quanto à Natureza

Pesquisa Básica Pesquisa Avançada

Quanto aos Objetivos

Exploratória Descritiva Explicativa

Quanto à Abordagem

Quantitativa Qualitativa

Ex Post Facto Quanto aos Procedimentos Survey

Bibliográfica Documental Metodológica Intervencionista Experimental

Pesquisa de Campo Levantamento Participante Estudo de Caso

Fonte: Elaborada pelo autor.

32 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

2 REGISTRO E SISTEMATIZAÇÃO
DE DADOS E INFORMAÇÕES

CONTEXTUALIZANDO
Após definir e estruturar a pesquisa, a qual contempla os objetivos e metas es-
tabelecidas pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental, é importante ter
alguns cuidados no que tange ao registro de dados, uma vez que essa etapa é
fundamental para materializar e justificar possíveis melhorias na esfera socioam-
biental da comunidade.

Nesse cenário, é importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental


tenha conhecimento prévio sobre a metodologia de pesquisas de campo, a fim de
realizar sistematicamente a coleta, armazenagem e interpretação de dados adqui-
ridos durante a pesquisa, transformando-os em conhecimento.

2.1 LEVANTAMENTO E REGISTRO DE DADOS


Os registros e as coletas de dados em campo
são de suma importância, uma vez que são esses
registros que embasarão as futuras tomadas de
decisão no contexto da melhoria socioambiental
e, por isso, necessitam de atenção e procedimento
metódico em suas etapas.

De acordo com o que já estudamos, o Agente


de Desenvolvimento Socioambiental possui uma
gama de procedimentos de coleta de dados a
seu dispor. A escolha do procedimento dependerá, é claro, dos objetivos e das
metas da pesquisa que está sendo desenvolvida. Por essa razão, é necessário
conduzir a pesquisa de maneira sistemática e organizada, incluindo o registro de
dados e suas dimensões, como levantamentos fotográficos, filmagens, tutoriais,
documentários, croquis, dentre outros meios. O Agente de Desenvolvimento So-
cioambiental deverá sempre primar pela responsabilidade e organização na coleta
e armazenamento de dados, tendo sigilo das informações coletadas e cordialida-
de na abordagem com a comunidade. Esses são valores e atitudes indispensáveis
para o perfil desse profissional.

33 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A observação sistemática utiliza os sentidos na obtenção de dados da realidade – ver,


ouvir, examinar fatos ou fenômenos. Para que se torne um instrumento válido,
essa observação precisa ser controlada e sistemática, o que implica um plane-
jamento cuidadoso por parte do Agente de Desenvolvimento Socioambiental.
A coleta de dados deve:

XX ser estruturada, planejada e controlada.

XX fazer uso de instrumentos para a coleta de dados.

XX responder a propósitos preestabelecidos.

XX atender ao que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental procura.

XX permitir que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental seja objetivo,


reconheça possíveis erros e elimine sua influência sobre o que vê ou recolhe.

XX possibilitar que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental se utilize de


meios e equipamentos para realizar o registro de dados.

A coleta de dados em campo é a fase mais importante do mapeamento de situa-


ções passíveis de melhorias socioambientais, pois é nessa etapa que se destina o
maior volume de tempo e de recursos financeiros e humanos, constituindo-se,
dessa maneira, a base para gerar todas as informações que serão produzidas e
organizadas sistematicamente.

Portanto, a equipe de campo, constituída


pelo Agente de Desenvolvimento Socio-
ambiental, deve estar preparada para os
trabalhos que irá desenvolver e familiari-
zada com a metodologia de organização
das informações. Dessa forma, será pos-
sível à equipe adquirir o maior volume de
informações e dados em campo, otimi-
zando tempo, recursos humanos e logísticos, com qualidade e proatividade.

Assim, os registros de dados durante a coleta de informações se tornam de extre-


ma importância para a proposta de melhoria, pois eles darão suporte às decisões
e comprovarão a situação que ocorre num determinado local. Em outras palavras,
será por meio desses registros que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
se orientará nas suas propostas.

Os dados coletados em campo devem ser registrados e organizados em formu-


lários próprios, a fim de manter a organização e sistematização das informações
para consultas e elaboração do panorama dos pontos passíveis do melhoramento
socioambiental.

34 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Quadro 3 apresenta um exemplo de formulário utilizado para realizar o controle e


a organização dos dados. Vale ressaltar que o Agente de Desenvolvimento Socio-
ambiental e/ou sua equipe podem adaptar o formulário conforme a especificidade
do levantamento a campo.

Quadro 3 – Modelo de formulário para organização dos dados coletados em campo


Dados do projeto
Projeto: N° doc.:
Área:
Ponto Amostral:
Nome do Agente de Desenvolvimento Socioambiental:
Data da coleta:
Observações:

Dados do entrevistado
Nome:
Data nasc.: / / RG:
Idade: Sexo: M ( ) F( )
Naturalidade: UF:
Nome do pai:
Nome da mãe:
Endereço:
Bairro: Cidade:
Ponto de referência:
Telefone: ( )
Tipo sanguíneo:
Observação:

Fonte: Elaborado pelo autor.

É necessário discorrer detalhadamente sobre cada dado identificado e realizar o


registro de maneira clara e objetiva. Para isso, podem ser utilizados o levantamen-
to fotográfico, a coleta de relatos, dentre outros instrumentos. Também é oportuno
identificar alguns atores sociais do local a ser pesquisado, a fim de promover uma
futura articulação e ação compartilhada para minimizar o impacto social e/ou am-
biental identificado.
35 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A coleta de dados compreende o con-


junto de etapas por meio das quais o
modelo de análise é confrontado e
correlacionado com os dados coleta-
dos, ou seja, os dados serão passí-
veis de análises conforme a ferramen-
ta estatística utilizada pelo Agente de
Desenvolvimento Socioambiental.

Na etapa de coleta de dados devem ser consideradas três questões. Vamos ao


estudo de cada uma delas:

1) O que coletar? O Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisa


tomar o cuidado de coletar dados que realmente sejam úteis para testar
as hipóteses ou descrever um perfil da comunidade.

Mas quais informações são necessárias para atingir os objetivos da pes-


quisa? Para responder a essa pergunta, é necessário se reportar aos ob-
jetivos e metas preestabelecidas.

2) Com quem coletar? O Agente de Desenvolvimento Socioambiental pre-


cisa atentar-se para a fonte em que busca informações, considerando o
espaço geográfico e social em que ela está inserida, bem como o espaço
de tempo compreendido para sua pesquisa. De acordo com o caso, o
Agente de Desenvolvimento Socioambiental poderá estudar a população
total ou somente uma amostra representativa dessa população.

Algumas perguntas podem auxiliar o Agente de Desenvolvimento Socio-


ambiental nessa etapa. Vejamos quais são:
§§ Que limites o Agente de Desenvolvimento Socioambiental quer for-
necer ao campo da análise?
§§ Quantos indivíduos, instituições, segmentos, associações o Agente
de Desenvolvimento Socioambiental pretende analisar?
§§ Qual é a área geográfica a ser considerada pelo Agente de Desen-
volvimento Socioambiental?
§§ Qual é o período de tempo disponível e que deve ser considerado
pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental?

Em função dessas delimitações, o Agente de Desenvolvimento Socioam-


biental terá subsídios para decidir se coletará dados sobre a totalidade da
população, sobre uma amostra representativa ou somente sobre uma amos-
tra ilustrativa de certas características dessa população, levando em conta
seu prazo de execução, seus recursos e o método de coleta de dados.

3) Como coletar? Esta terceira questão refere-se aos instrumentos e ferramen-


tas de coleta de dados utilizados pelo Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental, sendo importante que esse profissional considere os seguintes pontos:
36 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

§§ Optar por um instrumento ou procedimento capaz de fornecer in-


formações adequadas e necessárias para atingir os objetivos da
pesquisa. Exemplo: um questionário ou um roteiro de entrevistas
ou de observações.
§§ Testar o instrumento antes de utilizá-lo para assegurar-se de seu
grau de adequação, clareza, precisão e aceitação. Exemplo: a apli-
cação de pré-teste para identificar irregularidades na aplicação de
questionários.
§§ Colocar os instrumentos e ferramentas sistematicamente em práti-
ca, ou seja, inseri-los numa rotina controlada e organizada, proce-
dendo, dessa maneira, à coleta de dados pertinentes e adequados
ao tipo de pesquisa.

Para um levantamento e registro de dados eficiente e útil, é


importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
fique atento quanto ao método utilizado, para que os dados e
registros obtidos sejam representativos e forneçam um panorama
real dos pontos vulneráveis, ou, ainda, um comportamento
peculiar de uma comunidade.

Dessa maneira, as variáveis (o que se pretende conhecer) devem estar alinhadas


com o objetivo da pesquisa.

Em estatística, uma variável é um atributo mensurável que varia entre indivíduos,


ou seja, é alguma característica ou comportamento peculiar, em uma situação,
que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental pode facilmente identificar.

Já um indicador é um parâmetro que mede a diferença entre a situação desejada


(objetivo da proposta de melhoria) e a situação atual (panorama encontrado pelo
Agente de Desenvolvimento Socioambiental), ou seja, é um parâmetro que indica
o estado atual do ponto analisado. O indicador permite quantificar um processo ou
comportamento. Os indicadores sociais e indicadores de sustentabilidade podem
ser utilizados pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental como suporte de
justificativa da implantação de melhorias na comunidade.

XX Indicador social: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), índices de


alfabetização, taxas de mortalidade, dentre outros indicadores.

XX Indicador de sustentabilidade ambiental: emissões atmosféricas, qualida-


de da água, efluentes tratados, dentre outros indicadores.

A escolha entre os diferentes métodos de coleta de dados, para elucidação de um


fenômeno ou característica, depende das hipóteses de trabalho e da definição pro-
postas pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental. É igualmente importante
que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental leve em consideração alguns

37 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

pontos, como validez, confiabilidade e precisão no momento de coleta dos dados


em campo, diminuindo, dessa maneira, possíveis erros oriundos da parcialidade
da coleta, da não clareza dos objetivos e técnicas de coletas, dentre outros erros.

Os registros dos dados coletados são de suma importância na pesquisa realizada


pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental. Por isso, a seguir, serão apre-
sentados os mais importantes instrumentos de registro de dados e suas vanta-
gens. Dentre esses instrumentos, podemos citar: levantamento fotográfico, filma-
gens, croquis, formulários, entrevistas e questionário.

a) Levantamento fotográfico
Um levantamento fotográfico eficien-
te fornecerá informações precisas da
situação encontrada num determina-
do local. Por isso, é importante que o
Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental sempre realize um levantamen-
to fotográfico em suas saídas a campo
e registre todos os aspectos sociais
e ambientais que julgar interessantes
para fundamentar sua proposta de melhoria.

As fotografias devem ter vários focos (paisagens diferentes), ou seja, o Agente de


Desenvolvimento Socioambiental deve registrar uma situação pontual e focar no
aspecto que pretende evidenciar, além de realizar o registro mais amplo, apare-
cendo na mesma imagem o cenário em que aquele aspecto se encontra. Exemplo:
registrar a presença de lixo num rio, focando o lixo apenas; e outra imagem regis-
trando onde o rio se encontra no contexto, com as casas próximas, com vegeta-
ção danificada, com fonte de esgoto e outros detalhes.

Todas as imagens registradas devem ser precedidas de data, local, autoria e de


um breve título para esclarecer a situação do registro, a fim de controlar e organi-
zar as imagens e de fazer o acompanhamento durante um espaço de tempo.

A produção de um levantamento fotográfico bem estruturado e organizado eviden-


ciará a seriedade e transparência da proposta elaborada pelo Agente de Desen-
volvimento Socioambiental, dando-lhe credibilidade e base para futuras decisões.

b) Filmagens
Assim como no levantamento fotográ-
fico, a filmagem é um instrumento es-
sencial para registrar uma situação de
interesse do Agente de Desenvolvimen-
to Socioambiental. É importante que,
durante a filmagem, o Agente de De-
38 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

senvolvimento Socioambiental realize uma narração do que está acontecendo no


local e direcione o foco conforme sua narrativa. Exemplo: quando estiver filmando
a presença de lixos no rio, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental pode
narrar o tipo de lixo encontrado, qual a possível fonte desse lixo, as condições das
áreas ribeirinhas, das casas, das fontes de esgoto, dentre outras condições.

Com o avanço da tecnologia, atualmente qualquer aparelho celular tem a opção


de realizar vídeos. Essa opção pode ser aproveitada pelo Agente de Desenvolvi-
mento Socioambiental, que não precisará de um equipamento específico para tal
função (isso dependerá, claro, do entendimento do Agente de Desenvolvimento
Socioambiental).

As filmagens devem ser identificadas com data, local, autoria e título, e são uma
ferramenta didática de grande impacto quando utilizadas em apresentações ao
público ou em debates. Por isso, é muito importante a confecção de uma filmagem
séria e narrativa, que forneça informações verídicas da situação encontrada pelo
Agente de Desenvolvimento Socioambiental.

c) Croquis
Croqui é um mapa ou desenho de
localização do local analisado pelo
Agente de Desenvolvimento Socio-
ambiental, ou seja, a identificação
geográfica do local de estudo. É
uma ferramenta importante para o
projeto, pois delimita o local estuda-
do e os seus acessos.

Um croqui bem elaborado deve fornecer informações sobre as ruas de acesso,


as distâncias, os pontos de referência, os mapas e as informações detalhadas de
como chegar ao local analisado, facilitando o acesso ao local por pessoas que
nunca estiveram lá.

d) Formulários
Os formulários são compostos por
um conjunto de questões que são
aplicadas e registradas por um en-
trevistador para obter informações
diretamente do entrevistado. Essas
informações podem ser obtidas face
a face, numa entrevista pessoal; ou
numa entrevista a distância, por in-
termédio do telefone, correio, e-mail
ou de outros instrumentos.

39 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, quando utilizar de formulários para


a obtenção de informações, deve se certificar de que as perguntas sejam formu-
ladas de maneira clara, objetiva e precisa, em linguagem acessível, para serem
entendidas com facilidade pelas pessoas que fornecerão as informações. A dispo-
sição das perguntas deve ser sistemática, ou seja, precisa seguir uma progressão
lógica, possibilitando que o informante:

XX seja conduzido a responder voluntariamente, apenas pelo interesse des-


pertado, sendo as perguntas atraentes e não tendenciosas;

XX seja levado a responder primeiramente os itens mais fáceis, passando


progressivamente para os mais complexos e demorados;

XX não se defronte, logo no início, com informações delicadas e polêmicas;

XX seja levado paulatinamente de um referencial a outro, favorecendo o en-


tendimento da pergunta e, consequentemente, de sua resposta.

O formulário é o termo designado geralmente para um aparato de questões que


são formuladas e anotadas por um entrevistador, que no caso é o próprio Agente
de Desenvolvimento Socioambiental, numa situação face a face com o entrevistado.

Importante
O questionário e o formulário são instrumentos que se di-
ferenciam apenas no que se refere à forma de aplicação:
o questionário é preenchido pelo próprio entrevistado; já o
formulário é preenchido indiretamente, isto é, pelo Agente
de Desenvolvimento Socioambiental.

A Tabela 4 apresenta as vantagens e desvantagens da utilização de formulários


nas coletas de dados em campo.

Tabela 4 – Vantagens e desvantagens da aplicação de formulários em pesquisa de campo

Vantagens Desvantagens

Utilizado para quase todos os segmentos


Menos liberdade nas respostas em
da população: alfabetizados, analfabetos,
virtude da presença do entrevistador.
populações heterogêneas.

Presença do pesquisador, que pode explicitar os


objetivos da pesquisa, orientar o preenchimento Risco de distorções devido à
do formulário e elucidar significados de influência do aplicador.
perguntas que não estejam muito claras.

Flexibilidade para adaptar-se às necessidades


Menor prazo para responder às perguntas;
de cada situação, podendo o entrevistador
não havendo tempo para pensar, as
reformular itens ou ajustar o formulário
respostas podem ser invalidadas.
à compreensão de cada informante.

40 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Mais demorado, por ser aplicado


Obtenção de dados mais complexos e úteis.
a uma pessoa de cada vez.

Facilidade na aquisição de um
Insegurança nas respostas, por
número representativo de informantes
não haver anonimato.
em um determinado grupo.

Pessoas detentoras de informações


Uniformidade dos símbolos utilizados, pois necessárias podem estar em localidades
é preenchido pelo próprio pesquisador. muito distantes, tornando a resposta
difícil, demorada e dispendiosa.

Fonte: Gerhardt & Silveira (2009).

e) Entrevista
A entrevista é uma comunicação verbal entre duas
ou mais pessoas, numa sequência lógica de per-
guntas e com um grau de estruturação previamen-
te estipulado, cujo objetivo principal é a obtenção
de informações oriundas das pesquisas de campo
por parte do Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental. As perguntas são realizadas oralmente, e
as respostas são registradas pelo Agente de De-
senvolvimento Socioambiental numa caderneta de
campo ou num formulário previamente definido, ou,
ainda, registradas com o auxílio de um gravador de
voz ou instrumento similar, se o entrevistado permitir. É importante ter ciência de
que, quando em realização de uma entrevista, o Agente de Desenvolvimento So-
cioambiental deve apenas coletar dados e/ou informações, não discutindo sobre
eles com o entrevistado, sendo totalmente imparcial na sua pesquisa e mantendo
o sigilo das informações coletadas.

Com a realização da entrevista, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental le-


vantará informações inerentes a opiniões, crenças, sentimentos, interesses, ex-
pectativas, situações vivenciadas por um grupo de pessoas ou por uma comu-
nidade inteira, dependendo da abrangência da pesquisa. Para conseguir isso, o
Agente de Desenvolvimento Socioambiental necessariamente deverá utilizar uma
linguagem simples e direta, facilitando a interpretação pelo entrevistado e obtendo
respostas claras do entrevistado.

Outro ponto forte da aplicação de uma entrevista é a obtenção de dados não do-
cumentados sobre determinado tema, ou seja, dados não escritos e nem disponí-
veis para consulta.

O método da entrevista se caracteriza pela existência de um entrevistador (Agente


de Desenvolvimento Socioambiental), que fará perguntas ao entrevistado (pessoa
da comunidade), anotando as suas respostas; e pode ser organizado em três tipos:

41 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

entrevistas padronizadas (estruturadas), despadronizadas (não estruturadas) e


mistas (semiestruturadas).

Vamos conhecer melhor esses tipos de entrevistas.

1) Padronizadas (estruturadas): nos formulários, costuma-se usar ques-


tões fechadas, e o entrevistador não pode alterar a ordem das questões
nem criar novas questões. Apresenta uma série de perguntas, conforme um
roteiro preestabelecido. Esse roteiro deverá ser aplicado a todos os entre-
vistados, sem alteração do teor ou da ordem das perguntas, a fim de que se
possam comparar as diferenças entre as respostas dos vários entrevistados.

2) Despadronizadas (não estruturadas): os formulários usam questões


abertas, e o entrevistador tem liberdade de formular novas questões,
conduzindo a entrevista. Consiste de uma conversação informal com per-
guntas abertas ou de sentido genérico, proporcionando maior liberdade
para o entrevistado. Esse tipo de entrevista é mais difícil de ser tabulada.
Exemplos de perguntas não estruturadas:

§§ Em sua opinião, uma melhoria social e ambiental de uma comuni-


dade pode contribuir para o desenvolvimento do município?
§§ O Senhor(a) conhece quais são os atores sociais responsáveis pe-
las questões socioambientais de uma comunidade? Em caso afir-
mativo, qual é a sua opinião sobre eles?

3) Mistas (semiestruturadas): O Agente de Desenvolvimento Socioambien-


tal organiza um conjunto de questões (roteiro) previamente definido so-
bre o tema que está sendo analisado, mas permite que o entrevistado se
pronuncie livremente sobre assuntos que vão surgindo no decorrer da
entrevista. É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambien-
tal deixe fluir a conversa e que o entrevistado se sinta livre e seguro para
relatar as experiências e os fatos, como se estivesse em um bate-papo.
Nesta situação, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisará
filtrar as informações relevantes e desconsiderar o excesso. É possível
que, no desenrolar da conversa, apareçam evidências de outras situações
que podem ser alvos de novas pesquisas.

As vantagens da utilização de entrevistas para a coleta de dados são inúmeras, e


o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve conhecê-las:

XX Permitem tirar dúvidas com o entrevistado.

XX Permitem explicar as questões de outra maneira, mantendo o objetivo


dessas questões.

XX Permitem identificar as discordâncias entre os entrevistados.

42 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

XX Favorecem o controle da amostra (parte que está sendo analisada), com


elevado índice de respostas, o que, consequentemente, gera uma grande
quantidade de dados.

No sentido oposto, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental pode ter des-


vantagens ao optar pela entrevista. Algumas desvantagens são:

XX Podem ocorrer problemas de comunicação entre o Agente de Desenvol-


vimento Socioambiental e o entrevistado.

XX A entrevista pode demandar muito tempo para ser concluída, o que gera
elevados custos e motiva a utilização de amostras pequenas a serem ana-
lisadas pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental.

XX As respostas podem ser mascaradas pelo fato da presença do Agente de


Desenvolvimento Socioambiental na coleta das informações, o que não
garante o anonimato do entrevistador. Também podem ocorrer desvios
nas respostas. Por isso, a cordialidade na abordagem com a comunidade
é fundamental, já que minimiza esse tipo de desvantagem, fazendo com
que o entrevistado tenha confiança no Agente de Desenvolvimento So-
cioambiental e entenda que as informações verdadeiras são importantes
para propor melhorias no âmbito socioambiental.

XX A entrevista pode favorecer a interpretação pessoal das respostas em ques-


tões abertas por parte do Agente de Desenvolvimento Socioambiental, o
que pode mascarar dados e não condizer com a realidade.

O roteiro é fundamental na condução de uma pesquisa de campo que utiliza a


entrevista como metodologia de coleta de dados. Sendo assim, o roteiro pode ser
composto por uma lista dos tópicos que o Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental deve seguir durante a entrevista. Na elaboração do roteiro, o Agente de
Desenvolvimento Socioambiental deve:

XX levar em consideração o compartilhamento do tempo para cada área ou


assunto a ser analisado;

XX levar em consideração a elaboração de perguntas cujas respostas pos-


sam ser descritivas e analíticas, evitando, assim, respostas dicotômicas
(sim/não);

XX manter o controle e o foco nos objetivos a serem atingidos pela pesquisa, evi-
tando, assim, que o entrevistado extrapole o tema proposto e desvie o assunto.

43 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A Tabela 5 apresenta algumas vantagens e desvantagens da utilização de entre-


vista nas coletas de dados em campo.

Tabela 5 – Vantagens e desvantagens da aplicação de entrevista em pesquisa de campo

Vantagens Desvantagens

Acarreta custos com o treinamento de


Não exige que o entrevistado saiba ler e escrever.
pessoal e a aplicação das entrevistas.

Apresenta muita flexibilidade, pois o


entrevistador pode facilmente adaptar-se às
Requer mais tempo.
características das pessoas e às circunstâncias
em que se desenvolve a entrevista.

Possibilita captar a expressão corporal


do entrevistado, bem como a tonalidade Implica ausência de anonimato.
da voz e a ênfase nas respostas.

Possibilita ao respondente o Propicia influência exercida pelo


esclarecimento das questões. aspecto pessoal do entrevistador.

Permite a obtenção de dados com Permite influência das opiniões pessoais do


elevado nível de profundidade. entrevistador sobre as respostas do entrevistado.

Oferece maior garantia de respostas Acarreta dificuldade na tabulação e na análise


do que o questionário. dos dados, no caso das entrevistas abertas.

Possibilita que os dados sejam analisados


Não há desvantagens.
quantitativa e qualitativamente.

Fonte: Gerhardt & Silveira (2009).

f) Questionário
O questionário é outro instrumento de
coleta de dados largamente utilizado
em pesquisas de campo. É consti-
tuído por uma série sistematizada e
ordenada de perguntas previamente
estipuladas e sequencialmente dis-
postas em itens que contemplam o
tema da pesquisa e os seus objetivos.
Os questionários devem ser respondi-
dos por escrito e sem a presença do Agente de Desenvolvimento Socioambiental.
Por isso, esse profissional deve ter responsabilidade e organização na coleta e no
armazenamento desses dados.

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O questionário é a forma mais usada para coletar dados.


Possibilita obter informações que dizem respeito, por exemplo,
ao perfil das pessoas, ao que fazem, ao que pensam, às suas
opiniões, aos sentimentos, às esperanças, aos desejos, às
necessidades, dentre outras informações.

O questionário é um conjunto de perguntas que a pessoa lê e responde. Ele pode


ser enviado ao entrevistado de várias maneiras, como via correio, fax e internet.
Normalmente, é devolvido pelo mesmo meio pelo qual foi enviado.

No início do questionário, é preciso colocar as informações que servem para carac-


terizar o informante: sexo, idade, estado civil, ou outras informações que o Agente
de Desenvolvimento Socioambiental julgar pertinentes. Depois disso, é necessário
colocar uma síntese (resumo) dos objetivos da pesquisa, além da instrução para
o preenchimento e do agradecimento, sempre primando pela cordialidade com a
comunidade. O sigilo sobre as informações pessoais dos participantes é recomen-
dável ao Agente de Desenvolvimento Socioambiental, que deve tomar cuidado
com esse ponto para que as respostas sejam mais livres e sinceras e para que seja
garantido o anonimato. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e
direta, para facilitar o entendimento de quem vai responder.

Ao elaborar um questionário, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve


considerar as seguintes questões:

XX Que decisões preciso tomar com essa pesquisa?

XX Sobre qual problemática desejo obter respostas?

XX Que hipótese preciso testar, se for o caso?

XX Quais são os objetivos e as metas que preciso alcançar?

Para que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental obtenha o máximo de in-


formações com a aplicação de um questionário em um procedimento de coleta de
dados em campo, ele precisa organizar a estrutura do questionário para aumen-
tar sua eficácia e validade, levando em consideração, ainda, que a aplicação do
questionário pode predeterminar o perfil, as percepções das pessoas, indicando,
ainda, as possíveis lideranças e atores sociais que têm potencial para futuras ar-
ticulações. Nesse cenário, existem, basicamente, três tipos de questões: abertas,
fechadas e mistas. Vamos conhecer cada uma delas.

1) Questões abertas: nas questões abertas, a pessoa responde livremente


ao questionário, da forma que desejar e da maneira como ela percebe
o problema que está sendo analisado pelo Agente de Desenvolvimento
Socioambiental.

45 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O informante responde às questões com suas próprias palavras, de modo


dissertativo. Por isso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve
dispensar ao informante uma atenção, uma preocupação com a proble-
mática, e demonstrar interesse em buscar soluções para os problemas,
utilizando-se de linguagem clara, objetiva e em conformidade com o pú-
blico com o qual está trabalhando.

O questionário com questões abertas traz algumas vantagens ao Agente


de Desenvolvimento Socioambiental, pois proporciona uma maior quan-
tidade de dados e informações, diminuindo a influência de perguntas
predeterminadas. De outro lado, pode apresentar desvantagens, como o
difícil agrupamento das respostas e a tabulação dos dados, dificultando
a análise por parte do Agente de Desenvolvimento Socioambiental sobre
a problemática em estudo. Para demonstrar as dificuldades com as quais
o Agente de Desenvolvimento Socioambiental pode se deparar ao tabular
e analisar as respostas, imagine a aplicação das seguintes perguntas a
uma comunidade que apresenta inúmeros problemas sociais, sendo que,
no planejamento da pesquisa de identificação de pontos vulneráveis, um
dos objetivos era coletar a percepção de 100 pessoas sobre o assunto:

• Em sua opinião, qual aspecto social é mais importante na sua cidade?


• O que o senhor(a) pensa sobre o bairro onde mora?

Perceba que essas perguntas possibilitam inúmeras respostas e, neste


caso, temos 100 entrevistados (assim, podemos ter 100 respostas
diferentes). Em razão dessa situação, o Agente de Desenvolvimento
Socioambiental deve ter cautela na elaboração das perguntas e organizá-
las em grupos de afinidade para que, mesmo havendo respostas
diferentes, elas possam ser colocadas numa mesma categoria.

2) Questões fechadas: nas questões fechadas, a pessoa que irá responder


ao questionário deve escolher uma resposta entre as alternativas prede-
finidas e que constam numa lista, a fim de indicar a resposta que melhor
expresse sua opinião.

O questionário com questões fechadas torna mais simplificada a atuação


do Agente de Desenvolvimento Socioambiental, em razão da facilidade
de aplicação e tabulação dos dados, favorecendo uma padronização e
uniformização das informações coletadas. De maneira contrária, também
pode apresentar uma especificidade muito elevada, o que pode cessar a
visão sistêmica (ou seja, o conhecimento do todo e a análise ou a interfe-
rência nele) que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisa ter
de uma determinada problemática.
46 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Vejamos exemplos de duas perguntas fechadas utilizadas em questionários:

Exemplo
1) Seu nível de escolaridade é:

( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino Médio
( ) Graduação
( ) Pós-graduação

2) Em que bairro o senhor(a) mora?

( ) Cidade de Deus ( ) Bom Jesus ( ) Petrópolis


( ) Outro. Qual? ________________________

Perceba que esse tipo de pergunta não abre espaço para questionamento
ou argumentação do informante, sendo a sua resposta direta e única.

As perguntas fechadas de um questionário podem ser subdivididas em


dicotômicas, tricotômicas e de múltipla escolha. A seguir, vamos conhe-
cer esses tipos de perguntas.
§§ Perguntas dicotômicas: nas perguntas dicotômicas, o informante
escolhe a resposta num conjunto de duas opções (por exemplo,
“sim” ou “não”).
Assim como nos outros procedimentos de coleta de dados, este
tipo de pergunta pode apresentar vantagens e desvantagens. Sua
vantagem está no rápido preenchimento e na posterior análise e
tabulação dos dados e informações. A desvantagem é caracteri-
zada pela possível existência de erros sistemáticos, ou seja, erros
que ocorrem numa sequência de preenchimento do questionário
no caso de o informante não concordar com nenhuma das duas
opções de respostas. Nessa situação, os resultados podem ser
mascarados e prejudicar os resultados e a análise do Agente de
Desenvolvimento Socioambiental, que adotará como base para a
tomada de decisão os dados não verídicos obtidos pela má aplica-
ção do questionário de levantamento de dados em campo.

§§ Perguntas tricotômicas: as perguntas tricotômicas são fechadas


e oferecem três alternativas de resposta. Por exemplo: “1- Sim”;
“2- Não”; “3- Não sei”. Esse tipo de abordagem possui as mesmas
vantagens das perguntas dicotômicas, entretanto, podem reduzir
o erro de respostas falsas, evitando que o informante assinale uma
alternativa por falta de opção de resposta.

§§ Perguntas de múltipla escolha: as perguntas de múltipla escolha


são perguntas fechadas que permitem ao informante uma variedade
de opções de resposta. Por isso, o Agente de Desenvolvimento

47 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Socioambiental deve informar a maneira como responder à


pergunta, ou seja, se o informante pode escolher apenas uma
resposta, ou, opcionalmente, pode escolher mais de uma.
As perguntas de múltipla escolha podem ser utilizadas como indi-
cativo de prioridade, aceitação, satisfação, dentre outros indicati-
vos; e as respostas podem ser traduzidas na forma de escala cres-
cente ou decrescente.
As vantagens são as mesmas das perguntas dicotômicas, além, é
claro, de coletar dados mais específicos e detalhados. As desvan-
tagens concentram-se na necessidade de mais tempo para a prepa-
ração e em um possível aumento nos custos da pesquisa de campo.

Uma boa alternativa é a combinação de perguntas abertas


com múltipla escolha, o que possibilitará maior obtenção de
dados sem dificultar a tabulação desses dados.

Também é possível optar por elaborar um questionário com perguntas mistas.


Nesse caso, o questionário se caracteriza por apresentar perguntas fechadas e
abertas, ou seja, são aquelas em que, dentro de uma lista predefinida pelo Agente
de Desenvolvimento Socioambiental, há um item aberto, como, por exemplo, “ou-
tros” ou “justifique”.

Contudo, a maioria dos questionários confeccionados para coletar dados dessa


natureza apresenta uma proporção igualmente dividida entre os tipos de questões.
Sugere-se, aqui, que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental opte por esse
direcionamento, mas caberá o alinhamento das suas perguntas, da melhor ma-
neira possível, para obter respostas úteis e que representem a realidade daquela
comunidade em estudo.

48 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A Tabela 6 apresenta algumas vantagens e desvantagens da utilização de questio-


nários nas coletas de dados em campo.

Tabela 6 – Vantagens e desvantagens da aplicação de questionários em pesquisa de campo

Vantagens Desvantagens

Economiza tempo e viagens e obtém É pequena a percentagem dos


grande número de dados. questionários que voltam.

Atinge maior número de pessoas Deixa grande número de


simultaneamente. perguntas sem respostas.

Abrange uma área geográfica mais ampla. Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas.

Economiza pessoal, tanto em treinamento Não é possível ajudar o informante em


quanto em trabalho de campo. questões mal compreendidas.

Leva a uma uniformidade aparente


Obtém respostas mais rápidas e mais precisas. devido à dificuldade de compreensão
por parte dos informantes.
Uma questão pode influenciar outra quando
Propicia maior liberdade nas respostas,
é feita a leitura de todas as perguntas
em razão do anonimato.
antes do início das respostas.

Dá mais segurança, pelo fato de suas A devolução tardia prejudica o


respostas não serem identificadas. calendário ou sua utilização.

O desconhecimento das circunstâncias


Expõe a menos riscos de distorções,
em que foram preenchidos torna
pela não influência do pesquisador.
difícil o controle e a verificação.

Dá mais tempo para responder, Nem sempre é o escolhido quem responde ao


e em hora mais favorável. questionário, invalidando, portanto, as respostas.

Permite mais uniformidade na avaliação, em


Exige um universo mais homogêneo.
virtude da natureza impessoal do instrumento.

Obtém respostas que materialmente


Não há desvantagens.
seriam inacessíveis.

Fonte: Gerhardt & Silveira (2009).

49 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Para um melhor entendimento sobre a elaboração e os modelos de questionários


de percepção socioambiental, vamos conhecer alguns modelos que podem ser
utilizados em pesquisas dessa natureza.

Em pesquisa sobre a percepção ambiental entre habitantes da região Noroeste do Estado


do Rio de Janeiro, foram selecionadas 243 pessoas, entre os meses de julho a outubro de
2005, que responderam a um questionário que abordou questões relacionadas à interação
indivíduo/ambiente; a ações individuais em favor da área ambiental; à preocupação com o
impacto ambiental e consumo; e a hábitos pessoais e ao ambiente. O Quadro 4 apresenta
as perguntas do questionário e, na sequência, as perguntas já tabuladas e com uma
prévia dos resultados obtidos.

Quadro 4 – Modelo de questionário e tabulação de dados utilizados na pesquisa sobre percepção socioambiental

1ª Etapa – Aplicação do questionário

Relação indivíduo/ambiente

O que significa ambiente? Quais doenças podem ser transmitidas pela água?
( ) Natureza ( ) Verminose
( ) Lugar em que se vive ( ) Dengue
( ) Outras respostas ( ) Leptospirose
( ) Não sabe ( ) Hepatite
( ) Outras respostas
( ) Não sabe

Ações individuais em favor da área ambiental


Você fecha a torneira enquanto se ensaboa durante o banho?
( ) Sim
( ) Não
Você separa papel, vidro, plástico e metais na hora de jogar fora o lixo?
( ) Sim
( ) Não
Você faz alguma reciclagem do seu lixo?
( ) Sim
( ) Não

Preocupação com o impacto ambiental e consumo


Você procura comprar material biodegradável, como alguns detergentes?
( ) Sim
( ) Não
Você escuta aparelhos eletrônicos com volume elevado?
( ) Sim
( ) Não

Hábitos pessoais e ambiente


Você joga lixo na rua ou em rios?
( ) Sim
( ) Não

Você escova os dentes após cada refeição, inclusive após comer doces, todos os dias?
( ) Sim
( ) Não

Você cospe no chão?


( ) Sim
( ) Não

50 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

2ª Etapa – Tabulação dos dados


Faixa etária (anos)
Questões
n (%) 0-15 16-30 31-45 >45
O que significa ambiente?
Natureza 45 (18,5) 5 (2,0) 24 (9,9) 8 (3,3) 8 (3,3)
Lugar em que se vive 71 (29,2) 8 (3,3) 25 (10,3) 15 (6,2) 23 (9,4)
Outras respostas 84 (34,6) 6 (2,5) 19 (7,8) 22 (9,0) 37 (15,3)
Não sabe 43 (17,7) 6 (2,5) 15 (6,2) 11 (4,5) 11 (4,5)
Quais doenças podem
ser transmitidas pela água?
Verminose 50 (20,6) 4 (1,6) 11 (4,5) 16 (6,7) 19 (7,8)
Dengue 46 (18,9) 5 (2,1) 17 (7,0) 9 (3,6) 15 (6,2)
Leptospirose 28 (11,5) 3 (1,2) 15 (6,2) 6 (2,5) 4 (1,6)
Hepatite 20 (8,2) 0 (0,0) 6 (2,4) 7 (2,9) 7 (2,9)
Outras respostas 42 (17,3) 0 (0,0) 21 (8,7) 11 (4,4) 10 (4,2)
Não sabe 57 (23,5) 13 (5,4) 13 (5,4) 7 (2,9) 24 (9,8)
Você fecha a torneira enquanto se
ensaboa durante o banho?
Sim 125 (51,4) 12 (4,9) 30 (12,3) 32 (13,2) 51 (21,0)
Não 118 (48,6) 13 (5,4) 53 (21,9) 24 (9,8) 28 (11,5)
Você separa papel, vidro, plástico e
metais na hora de jogar fora o lixo?
Sim 70 (28,8) 7 (2,9) 12 (4,9) 18 (7,4) 33 (13,6)
Não 173 (71,2) 18 (7,4) 71 (29,3) 38 (15,6) 46 (18,9)
Você faz alguma reciclagem do seu lixo?
Sim 58 (23,9) 8 (3,3) 15 (6,2) 16 (6,6) 19 (7,8)
Não 185 (76,1) 17 (7,0) 68 (28,0) 40 (16,4) 60 (24,7)
Você procura comprar material
biodegradável, como alguns detergentes?
Sim 155 (63,8) 6 (2,5) 50 (20,6) 43 (17,7) 56 (23,0)
Não 88 (36,2) 19 (7,8) 33 (13,6) 13 (5,3) 30 (9,5)
Você escuta aparelhos eletrôni-
cos com volume elevado?
Sim 162 (66,7)12 (5,8) 54 (15,3) 21 (16,0) 9 (29,6)
Não 81 (33,3) 12 (4,5) 26 (18,9) 33 (7,0) 65 (2,9)
Você joga lixo na rua ou em rios?
Sim 202 (83,1) 14 (5,7) 63 (25,9) 50 (20,6) 75 (30,9)
Não 41 (16,9) 11 (4,6) 20 (8,3) 6 (2,4) 4 (1,6)
Você escova os dentes após cada refeição,
inclusive após comer doces, todos os dias?
Sim 202 (83,1) 18 (7,4) 67 (27,6) 47 (19,3) 70 (28,8)
Não 41 (16,9) 7 (2,9) 16 (6,6) 9 (3,7) 9 (3,7)
Você cospe no chão?
Sim 171 (70,4) 15 (6,2) 47 (19,3) 43 (17,7) 66 (27,2)
Não 72 (29,6) 10 (4,1) 36 (14,9) 13 (5,3) 13 (5,3)

n (%) = Corresponde ao número de pessoas que responderam aquela opção, do total de 243 entre-
vistados. Exemplo: 45 pessoas, do total de 243, responderam NATUREZA, o que equivale a 18,5%.

Fonte: Adaptado de Villar et al. (2008).

51 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Continuando com os exemplos de modelos de questionários, conheça um modelo


com perguntas abertas e fechadas.

Este questionário foi utilizado no levantamento da percepção ambiental da população de


Alagoas sobre os resíduos sólidos. O questionário foi aplicado em todas as regiões que
compõem o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) de Alagoas.

Quadro 5 – Questionário de percepção ambiental aplicado à população de Alagoas para levantamento de dados
do Plano Estadual de Resíduos Sólidos

PLANO ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PERS/AL


LEVANTAMENTO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO SOBRE OS
RESÍDUOS SÓLIDOS
QUESTIONÁRIO
DADOS PESSOAIS:
NOME:
SEXO: ( ) M ( ) F IDADE:
MUNICÍPIO (ONDE MORA):
ESCOLARIDADE: ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( )
Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior

1) Você conhece alguma área de encosta, no seu municí-


pio, onde existe disposição irregular de resíduos sólidos que já
provocou ou pode provocar deslizamentos de terra?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Nome ou localização da(s) área(s):

2) Você conhece algum rio no seu município em que a po-


pulação joga algum tipo de resíduo?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Qual?

2.1) (Se sim para a pergunta anterior): Você acha que os resí-
duos jogados nesse(s) rio(s) aumentam as ocorrências de ala-
gamentos e inundações em épocas de chuva?
( ) Sim ( ) Não

3) Na área urbana do município existem locais em que o lixo


atrapalha o escoamento das águas das chuvas?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Em que locais?

4) No seu município existe algum local em que a disposição ina-


dequada de resíduos sólidos modifica a paisagem local?
( ) Sim ( ) Não
4.1) (Se sim para a pergunta anterior): Quais são os tipos
de resíduos e em que locais isso ocorre?
Resíduo Onde?
1.
2.
3.

5) Como você avalia o sistema de limpeza pública (serviço de coleta


de lixo, varrição, podas, capina, etc.) existente no seu município?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
Por quê?
6) Na sua opinião, o que o poder público deveria fazer para
melhorar o sistema de limpeza pública do município?

52 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

7) No seu município, os problemas relacionados aos resíduos sólidos


prejudicam ou podem vir a prejudicar alguma atividade econômica?

( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Qual atividade?

8) Você conhece algum fato ou evento que ocorreu ou tem ocorrido nos
últimos anos que tem aumentado a geração de resíduos sólidos no município
e gerado problemas para a população e para o meio ambiente?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Quais são os eventos ou fatos?

9) No seu município existem catadores/as de materiais recicláveis?


( ) Sim ( ) Não
(Se sim para a pergunta anterior, responder às perguntas 9.1 a 9.3)

9.1) Eles estão organizados em cooperativa ou associação?


( ) Sim ( ) Não

9.2) Na sua opinião, que tipo de problemas dificulta o


desenvolvimento dessa atividade pelos catadores?

9.3) Você acha que essa atividade contém algum


risco para a saúde dos catadores?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim) Quais?
(Se a resposta foi NÃO para a pergunta 9, responder à pergunta a seguir)

9.4) Na sua opinião, por que não existem catadores/as


de materiais recicláveis no seu município?
( ) O município não produz quantidade de resíduos
suficiente para atrair catadores/as.
( ) Por causa do preconceito da população.
( ) Porque o poder público não oferece condições adequadas
de trabalho para o desenvolvimento dessa atividade.
( ) Os trabalhadores não se interessam porque existem
empregos suficientes em atividades menos perigosas.
( ) Outro: ___________________

10) Você acha que a população pode participar e contribuir para


melhorar a situação da gestão dos resíduos sólidos?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Como?

11) Você acha que o Plano de Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas pode
causar algum efeito sobre o meio ambiente e sobre a vida das pessoas?
( ) Sim ( ) Não. (Se sim): Quais?

Fonte: Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Alagoas – PERS/AL (2014).

Atualmente, os questionários on-line, ou seja, aqueles que são elaborados e dis-


ponibilizados numa plataforma digital (internet), estão sendo cada vez mais utiliza-
dos devido à facilidade de aplicação e ampla abrangência, além da facilidade em
tabular os dados quando comparados aos questionários impressos, pois, além de
reduzir o consumo de papel, os dados são automaticamente plotados em plani-
lhas preexistentes.

Após a estruturação do questionário, acontece a publicação em um endereço na


internet, realizando um link com o sistema de origem (geralmente é utilizado o
Google Docs), que está apto para receber as respostas dos informantes.
53 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A elaboração de um questionário eficiente, que transmita sem


viés (ou seja, sem uma tendência ou propensão desvirtuada
ou preconceituosa a realidade encontrada no local da coleta
de dados), começa com um estudo bibliográfico referente ao
assunto sobre o qual se buscam melhorias.

Dessa forma, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental poderá direcionar o


questionário para responder aos objetivos definidos no planejamento da pesquisa.

Ainda sobre os questionários de pesquisa, é importante conhecermos algumas


dicas sobre a redação das questões, sobre o preenchimento, sobre a ordem das
questões, sobre o layout final, sobre a tabulação dos dados e sobre o diário de
campo. Vamos a este estudo!

a) Redações das questões de um questionário


Durante a redação das questões, deve ser
observado o uso de uma linguagem clara, de
fácil entendimento e que contemple termos
de conhecimento geral para leigos no assun-
to. Se forem utilizadas siglas nas perguntas,
deve ser colocado o significado ao lado de
cada uma.

Procure elaborar o questionário com poucas questões, sendo o menos maçante


possível. Caso não consiga, priorize as questões impessoais (que responderão
efetivamente aos objetivos da pesquisa), com redação direta.

b) Orientações de preenchimento do questionário


Outro fator importante é a elaboração de
orientações para o preenchimento do ques-
tionário. As orientações deverão estar no iní-
cio do questionário. Como possíveis orienta-
ções, sugere-se:
XX Selecione apenas uma das alternativas.

XX Pode ser assinalada mais de uma opção.

XX Selecione uma opção para cada item relacionado na lista.

XX Escreva sua resposta.

XX Selecione um número, na escala de 1 a 5, para cada item relacionado na lista.

XX Numa escala de 0 a 10, qual a prioridade para cada ponto descrito?

XX Numa escala de 0 a 10, qual seu grau de satisfação em relação aos pon-
54 tos destacados abaixo?06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Conforme a complexidade da pergunta, é oportuno que conste, no corpo da per-


gunta, um texto explicativo sobre o que exatamente se quer saber.

c) Ordem das questões


As questões devem ser agrupadas e ordena-
das de modo que seja adotada uma sequên-
cia lógica. Pode-se, por exemplo, iniciar as
questões com perguntas simples e genéri-
cas, e terminar com as mais difíceis e mais
específicas. É importante que o Agente de
Desenvolvimento Socioambiental faça um
teste preliminar da aplicação do questioná-
rio e/ou formulário da pesquisa antes de sua
utilização definitiva, ou seja, ele deve aplicar
alguns exemplares em uma pequena população, a fim de verificar falhas, imperfei-
ções, perguntas não claras, entre outros detalhes.

Importante
Os pré-testes são de extrema importância para a coleta de dados
por parte do Agente de Desenvolvimento Socioambiental ou de sua
equipe. O objetivo principal é o de captar uma análise minuciosa e
crítica por uma pessoa que não faz parte da equipe e não conhece
o contexto da pesquisa, diminuindo ou eliminando uma tendência
desvirtuada do objetivo e/ou alguma pergunta confusa. Essas
situações certamente trariam dados não confiáveis, prejudicando
sobremaneira a pesquisa de identificação de pontos vulneráveis.

d) Layout final
O layout é outro fator importante na confec-
ção do questionário, pois, após a revisão do
questionário, pela aplicação do pré-teste,
esse questionário deverá ser padronizado na
sua estrutura e formatação. Além disso, to-
dos os questionários devem ser numerados
em séries, pois isso demonstra organização
e planejamento do Agente de Desenvolvi-
mento Socioambiental na coleta e armazenamento dos dados e pode influenciar
significativamente no percentual de retorno dos questionários. Um questionário
bem estruturado e padronizado transmite uma impressão de seriedade e organi-
zação ao informante.

55 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

e) Tabulação dos Dados


Na tabulação dos dados, o Agente de De-
senvolvimento Socioambiental precisa estar
atento a alguns detalhes que, ao final, podem
interferir na análise dos dados coletados.
Após a aplicação, os questionários devem
passar por uma revisão detalhada, no intuito
de identificar se há rasuras que podem elimi-
nar aquele dado; se todas as questões foram
respondidas conforme orientação do cabeçalho; se o texto escrito pelo informante
nas questões abertas é compreensível e pode ser considerado, existindo coerên-
cia nas respostas; dentre outros detalhes.

Na sequência dessa análise, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental pre-


cisa demonstrar responsabilidade no armazenamento das informações. Por esse
motivo, as respostas devem ser submetidas a um processo de tabulação sistemá-
tico, atribuindo, se for o caso, códigos às respostas.

Importante
Na etapa de tabulação é importante a utilização dos recursos
da informática, como planilhas e gráficos, que sejam facilmente
analisáveis e que permitam a aplicação da estatística, a fim de
permitir fácil e claro entendimento dos dados obtidos.

Após a tabulação dos dados, passa-se, então, a analisá-los. Nessa etapa o Agente
de Desenvolvimento Socioambiental interpretará e analisará os dados que tabulou
e organizou na etapa anterior. A análise deve ser feita para atender aos objetivos
da pesquisa e para comparar e confrontar dados com o objetivo. Dessa forma, os
resultados encontrados nesta etapa servirão de base para subsidiar futuras deci-
sões e articulações que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental precisará
realizar, visando a melhorias nas condições ambientais e sociais de uma comuni-
dade, mediante a identificação de pontos vulneráveis.

f) Diário de Campo
É válido o Agente de Desenvolvimento So-
cioambiental possuir um diário de campo que
sirva como um instrumento de anotações.
Pode ser um caderno com espaço suficien-
te para anotações, reflexões, apontamentos
e comentários frente a uma problemática
identificada, evitando que informações se
percam no transcorrer da pesquisa.

56 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Importante
O uso do diário de campo facilitará que o Agente de
Desenvolvimento Socioambiental desenvolva o hábito de
escrever e observar com atenção, descrever com precisão
e clareza os fatos e, principalmente, possibilitará que ele
reflita sobre esses dados.

É responsabilidade do Agente de Desenvolvimento Socioambiental a organização


na coleta e no armazenamento de dados, a escolha de um procedimento e ins-
trumento de coleta de dados em campo que seja condizente com a pesquisa e o
entendimento sobre o fato, atentando-se para a diferença entre os métodos de co-
leta e a escolha do mais adequado para responder aos objetivos e metas da pes-
quisa, e otimizando, dessa maneira, os recursos logísticos e humanos envolvidos.

2.2 ETAPAS DE PESQUISA


O desenvolvimento de uma pesquisa pressupõe algumas etapas. A seguir, estuda-
remos as etapas de planejamento da pesquisa e execução da pesquisa de campo.

Planejamento da Pesquisa
A pesquisa se inicia antes mesmo de o Agente de Desenvolvimento Socioambien-
tal ir a campo, ou seja, na preparação dos equipamentos e instrumentos de coletas
de dados. Um bom planejamento evitará muitos desconfortos e situações que
podem comprometer todo o trabalho. Por isso, a elaboração de um checklist, ou
seja, uma lista de verificação, é interessante para prevenir possíveis contratempos
durante a pesquisa.

O checklist que apresentaremos a seguir pode nortear e auxiliar o Agente de De-


senvolvimento Socioambiental sobre os equipamentos e procedimentos que de-
vem ser adotados em várias situações.

A lista apresentada no checklist está em ordem alfabética, e não por critério de


prioridade. Vale observar que talvez não seja necessário levar todos os itens elen-
cados em todas as saídas de campo e que o Agente de Desenvolvimento Socio-
ambiental deverá adaptar-se a cada situação.

A primeira ação a ser tomada pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental ao


iniciar sua pesquisa é o planejamento com a delimitação da área a ser analisada,
ou seja, ele deverá demarcar geograficamente o local em que a coleta vai se con-
centrar, pois, a partir disso, toda a logística será pensada para fornecer o apoio
necessário a esse profissional e à sua equipe.

57 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Checklist de uma saída de campo e de registro de dados


( ) Água potável
( ) Alimentação
( ) Alimento com carboidrato (açúcar) de rápida absorção para pessoas com
hipoglicemia
( ) Aparelho receptor de sinal GPS
( ) Área de coleta de dados delimitada
( ) Caderneta de campo
( ) Caneta, lápis e afins
( ) Capa de chuva
( ) Chapéu, boné ou similar
( ) Confecção de relatórios de saída de campo
( ) Croqui de acesso
( ) Definição da função de cada integrante do grupo e sua responsabilidade (se a
situação assim exigir)
( ) Definição da quantidade de dias para a coleta de dados (incluir gastos com
pernoite, hospedagem, combustível, roupas extras, material de higiene pessoal, etc.)
( ) Documento pessoal de todos os integrantes
( ) Equipamentos de Proteção Individual - EPIs
( ) Equipamentos para coleta de amostras sólidas e/ou líquidas, contaminadas ou
não (conforme o objetivo da saída de campo)
( ) Filmadora
( ) Gravador de voz
( ) Identificação do Agente de Desenvolvimento Socioambiental
( ) Lanterna
( ) Luva de procedimento
( ) Mapa de localização
( ) Máquina fotográfica
( ) Pilhas e/ou bateria carregadas e sobressalentes
( ) Planejamento contendo os objetos e as metas
( ) Prancheta
( ) Protetor solar
( ) Repelente
( ) Roupas confortáveis
( ) Telefone celular
( ) Verificação da localização de hospitais e centro de pronto atendimento próximo ao
local de coleta
( ) Verificação das condições climáticas (tempo chuvoso, nublado, ensolarado, etc.)
( ) Verificação do kit de primeiros socorros (conforme a necessidade e o local de coleta)
( ) Verificação dos locais de acesso (pavimentado, chão batido, trilha, rio, dentre outros)
( ) Verificação do meio de transporte (a pé, automóvel, motocicleta, bicicleta,
entre outros; assim como as suas condições de uso, principalmente no quesito
segurança)
( ) Verificação do bom funcionamento dos aparelhos
( ) Verificação dos locais para coleta (Google Earth, fotos, mapas, etc.)
( ) Verificação do tempo de deslocamento total (avisar alguma pessoa sobre seu
deslocamento e sobre o tempo previsto para realizar tal atividade, alertando-a
sobre um possível imprevisto)

O planejamento é considerado um plano para alcançar os objetivos estipulados.


Uma pesquisa precedida de planejamento em cada etapa demonstra organização
e comprometimento por parte do Agente de Desenvolvimento Socioambiental, sen-
do que essa pesquisa, necessariamente, deverá apresentar os seguintes elementos
básicos: problemática, objetivo, metodologia, recursos e cronogramas, e resultados
e divulgação. Vamos conhecer melhor cada um desses elementos da pesquisa.
58 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

XX Problemática: está relacionada à qual situação ou aspecto requer melho-


rias e por quê.

XX Objetivo: está relacionado a quais metas e melhorias são importantes


numa determinada situação.

XX Metodologia: está relacionada a quais instrumentos e métodos serão uti-


lizados para coletar as informações reais de uma situação.

XX Recursos e cronogramas: estão relacionados a quais recursos logísti-


cos e humanos são necessários para realizar tal pesquisa, bem como às
datas-limite e ao cronograma de execução.

XX Resultados e divulgação: estão relacionados à definição de datas, locais


e meios para apresentação dos resultados e proposta de melhoria.

Imagine que um Agente de Desenvolvimento Socioambiental irá fazer uma pesqui-


sa sobre a elevada concentração de lixos no rio que passa por um bairro. Vejamos
como são definidos os elementos dessa pesquisa no Quadro 6.

Quadro 6 – Definição dos elementos da pesquisa

A problemática desta pesquisa é a presença de lixo no recurso


Problemática hídrico, causando a poluição da água e do solo do entorno, mau
cheiro e possibilidade de transmissão de doenças pela água.

O objetivo desta pesquisa é a diminuição de lixo no rio, mediante


Objetivo a correta destinação desses resíduos e a sensibilização da
comunidade no tocante à conservação dos rios.

A metodologia de aplicação da pesquisa será feita da seguinte forma:


aplicação de questionário e entrevista de percepção ambiental daquele rio pela
comunidade ribeirinha, para saber o que a população entende por preservação
Metodologia de recursos hídricos, qualidade de vida, importância da água, coleta seletiva,
materiais recicláveis, além de saber o que a comunidade pensa sobre o
problema evidenciado e como pode ser resolvido; se acredita que essa situação
possa ser melhorada e se a comunidade é suscetível a essas mudanças.

Os recursos e cronogramas deverão contemplar a quantidade de pessoas envolvidas


na pesquisa e os gastos com aquisição de equipamentos e serviços prestados, bem
Recursos e
como as datas-limite de cada etapa da pesquisa, ou seja, quantos meses serão
Cronogramas
necessários para coletar os dados em campo, quantos meses para a tabulação
dos dados, quantos meses para a divulgação dos resultados, e outros prazos.

59 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá tabular os dados, colocá-


los em planilhas e gráficos para melhor entendimento do leitor e apresentá-
los à comunidade e às autoridades competentes. Nesta etapa, o Agente
de Desenvolvimento Socioambiental deverá esclarecer o planejamento de
identificação dos pontos vulneráveis, a metodologia de pesquisa e a coleta de
Resultados e dados utilizados e os resultados encontrados, propondo a solução ou mitigação
divulgação dos problemas mediante a apresentação de uma proposta de melhoria. Ainda
nesta etapa, deverá fazer ampla divulgação nos meios de comunicação (jornais,
telejornais, revistas, internet e outros), assim como palestra nas escolas, em
audiências públicas, em reuniões de bairros e outras palestras de caráter público,
que devem ser realizadas para dar publicidade aos problemas identificados
e às possíveis melhorias apontadas quando da aplicação da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em um mapeamento de pontos vulneráveis na esfera ambiental e social, é impor-


tante que os dados e as informações que serão coletados em campo sejam de
qualidade e contemplem os objetivos e metas estabelecidos anteriormente. Esse
conjunto de dados e informações coletados em campo constitui o que chamamos
de variáveis. Assim, devido à enorme gama de informações que se pretende cole-
tar por meio de saídas de campo, as variáveis podem ser classificadas de maneira
a facilitar o seu entendimento, e organizadas em duas esferas básicas: esfera
social e esfera ambiental.

No Quadro 7 é possível verificar os pontos identificados com vulnerabilidade nas


esferas social e ambiental. Esses pontos podem sofrer variações conforme a pe-
culiaridade da comunidade e/ou região analisada.

Quadro 7 – Pontos identificados com nível de vulnerabilidade ambiental e social

Esfera social Esfera ambiental

Desigualdade social Falta de saneamento básico


Miséria Falta de coleta seletiva de resíduo
Aspectos de vulnerabilidade

Exclusão social Lixão


Analfabetismo Desperdício de água
Violência Contaminação de águas
Prostituição Contaminação de solo
Drogas ilícitas Animais silvestres em cativeiro
Alcoolismo Desmatamento
Preconceito Poluição do ar

Fonte: Elaborado pelo autor.

A esfera social e a esfera ambiental interagem entre si e não podem ser estudadas
separadamente. Entretanto, a separação fez-se necessária apenas para distinguir
a articulação a ser utilizada com os atores sociais, o que o Agente de Desenvol-

60 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

vimento Socioambiental deverá proporcionar depois de identificados os pontos


vulneráveis da comunidade, no intuito de prosseguir com os devidos encaminha-
mentos, conforme cada situação apontada.

Nesse cenário, por se tratar de questões na área socioambiental e de extrema


importância nas tomadas de decisões, algumas na esfera pública, evidencia-se a
necessidade da obtenção das variáveis mencionadas no Quadro 7, para esclare-
cer o panorama de percepção que a comunidade tem com o assunto, bem como
sua receptividade e sua tendência a mudanças.

Para monitorar o desenvolvimento dos trabalhos em campo e promover melhorias


na estratégia e na captação de dados e informações, também é necessária a cole-
ta de variáveis administrativas, as quais estão relacionadas aos recursos humanos
e logísticos utilizados na pesquisa.

Como exemplo de variáveis administrativas podemos considerar:


XX equipamentos adequados para coletar as referidas variáveis;

XX localização dos pontos, que facilita a coleta de dados;

XX tempo gasto com o mapeamento das vulnerabilidades;

XX outras variáveis que auxiliarão no planejamento e melhoramento contínuo


das atividades em campo.

Conforme a necessidade, a peculiaridade de cada região e


o objetivo de cada proposta de melhoria, outras variáveis
podem ser incluídas na pesquisa. A resposta a essas variáveis
fornecerá informações importantes para o desempenho da
coleta de dados, possibilitando a identificação de pontos
fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades.

O mapeamento feito com base na coleta de dados em campo consiste no regis-


tro das informações obtidas em formulários específicos para cada modalidade
de pesquisa (questionário, entrevistas, estudo de caso, levantamento de pontos,
entre outros).

Esses registros devem ser feitos de forma sequencial e sistemática, de acordo


com o planejado, a fim de manter a organização dos dados, bem como o acesso
rápido e eficiente das informações adquiridas, transformando-as em relatórios,
gráficos estatísticos, artigos, informativos, dentre outros documentos.

Execução da pesquisa de campo


As etapas e os procedimentos necessários para efetivar o mapeamento dos pon-
tos sociais e ambientais vulneráveis na comunidade são formados por 26 itens
sequenciais e constituem uma sugestão de roteiro que poderá servir como uma
61 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

orientação a ser seguida pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental. Vale


considerar que poderão ocorrer alterações no roteiro de execução da pesquisa
conforme o objetivo de cada projeto.

Analise, no Quadro 8, os itens que podem constituir um roteiro de mapeamento


dos pontos sociais e ambientais vulneráveis na comunidade.

Quadro 8 – Itens do mapeamento dos pontos sociais e ambientais vulneráveis na comunidade

Itens Descrição
No ponto-base, antes de ir a campo, o Agente de Desenvolvimento
1. Ponto-base Socioambiental deve conferir todo o material previamente
selecionado e se está devidamente organizado.
Em campo, verificar novamente o material, a fim de certificar-
se de que tudo esteja organizado e identificado para facilitar a
2. Em campo
posterior compilação dos dados e sua real interpretação, evitando
deslocamentos desnecessários e perda de dados coletados.
Quando necessário, utilizar os recursos de identificação pessoal (crachá,
3. Identificação pessoal
carta de apresentação, camiseta, dentre outros instrumentos).
Sempre utilizar os equipamentos de proteção individual – EPIs –, uma
vez que o local pode ser hostil, e a precaução é fundamental para evitar
4. EPIs
possíveis imprevistos que coloquem em risco tanto a coleta de dados
quanto a integridade física do Agente de Desenvolvimento Socioambiental.
Identificar e elaborar croquis dos melhores acessos e estradas, utilizando
5. Croquis
imagens de satélite, mapas, informações secundárias, dentre outras fontes.

6. Otimizar tempo Otimizar o tempo e os recursos logísticos e


e recursos humanos na coleta de dados em campo.
Os pontos a serem analisados e vistoriados devem constar no
planejamento. Caso o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
7. Pontos Vulneráveis se depare com outro ponto vulnerável, não constante no
planejamento, deverá proceder com a análise, e tal fato deverá
ser relatado em ata, relatório de campo, caderneta ou similar.
A aproximação do Agente de Desenvolvimento Socioambiental
no ponto de análise para coletar os dados, caso esse ponto
8. Ponto de Análise
esteja próximo a residências ou em lugar com grande trânsito
de pessoas, deverá ser tranquila, discreta e sem alardes.
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve observar sempre a
9. Segurança existência de cercas elétricas, animais de guarda, vigilantes armados ou
outro similar quando a coleta de dados transcorrer em perímetro urbano.
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve atentar-
10. Educação se para manter portões, cercas, portas, objetos como os
encontrou, demonstrando educação e bons modos.
Caso o Agente de Desenvolvimento Socioambiental dispuser de aparelho
receptor de sinal GPS, este deverá ser utilizado para demarcar as
coordenadas. O Universal Transversal de Mercator (UTM) é um sistema
de coordenadas baseado no plano cartesiano (x,y) e usa o metro (m)
11. Demarcar pontos
como unidade para medir distâncias e determinar a posição de um
objeto no ponto exato do problema socioambiental identificado. Esse
procedimento facilitará a elaboração de mapas com identificação dos
pontos, bem como um possível retorno ao local outrora identificado.

62 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá abordar


as pessoas de forma calma, amistosa, educada e com
12. Abordagem profissionalismo, utilizando saudações comuns (olá, bom dia,
boa tarde, com licença, senhor(a), obrigado, permissão) e
evitando a utilização de gírias e expressões pejorativas.
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá estabelecer uma
13. Confiança relação de confiança com os entrevistados, respeitando-os e conhecendo
seus hábitos e sua cultura, a fim de coletar dados confiáveis e precisos.

14. Autorização O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá


para abordar solicitar autorização para aproximar-se das pessoas.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá solicitar


autorização antes de fotografar as pessoas e o local, caso este não
15. Autorização seja um lugar público, evitando, dessa maneira, possíveis desconfortos
para fotografar e procedimentos jurídicos, pautando-se sempre pelo bom senso.
É importante que essa autorização seja formal, ou seja, mediante
assinatura de termo de autorização e direito de uso de imagem.
Caso a coleta de dados seja mediante a aplicação de questionários,
o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá impor
16. Informações condições para a sua aplicação, ou seja, será necessário identificar
o público-alvo, a idade mínima, a condição financeira, a formação
escolar, dentre outras condições que julgar pertinentes.
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá esclarecer o
que pretende analisar e qual é seu objetivo, externando a importância
17. Colaboração
da colaboração do entrevistado e as possíveis articulações para
promover a melhoria socioambiental daquele ponto identificado.

Informalmente, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental


18. Participação deverá solicitar a participação do entrevistado para realizar
a aplicação do questionário ou da entrevista.

19. Local para O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá solicitar


responder ao que o entrevistado indique um local no qual ele se sinta à
questionário vontade para responder ao questionário ou às perguntas.

Com a finalidade de demonstrar transparência e seriedade,


o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá
20. Transparência
permitir que outras pessoas acompanhem a entrevista,
desde que o entrevistado conceda esta autorização.
Caso seja uma entrevista ou um levantamento de situação que dependa da
coleta de dados oriunda do depoimento de pessoas, as perguntas devem
21. Tranquilidade ser realizadas uma de cada vez e pausadamente, para não confundir
o entrevistado e causar uma pressão negativa e, consequentemente,
uma informação desvirtuada da realidade nas respostas.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá manter uma


22. Respeito postura que transmita interesse na conversa com o entrevistado,
demonstrando respeito e sensibilização com as respostas.

Ressalta-se que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental


23. Interrupção deve permitir ao entrevistado interromper a entrevista
no momento que ele considerar oportuno.

63 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá relatar, em


caderneta de campo ou formulário próprio, as alterações que julgar
24. Relatar alterações
pertinentes, fazendo isso de maneira completa, detalhada, clara e
objetiva, a fim de levantar a maior quantidade de dados possível.
Caso a aplicação do questionário e/ou a entrevista não seja concedida, o
Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá perguntar o motivo que
25. Negativa
levou o cidadão a tomar tal posicionamento e, posteriormente, agradecer
a atenção e disponibilizar um contato caso o cidadão resolva conversar.

26. Agradecimento Ao final, agradecer a colaboração do entrevistado.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após o retorno da coleta em campo, os dados devem ser imediatamente identifi-


cados, ordenados e arquivados sistematicamente para evitar perdas, extravios e
falta de coerência.

A organização é peça fundamental quando se trabalha com


banco de dados, uma vez que quem coletou os dados (ou outra
pessoa que não participou da coleta) poderá, futuramente, ter
acesso a esses dados. Essa organização permitirá que todos
tenham certeza e clareza sobre os dados e sobre o local onde
ocorreu a situação registrada.

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental siga o código de


boa postura e convívio numa sociedade organizada. Vejamos algumas recomen-
dações sobre isso:

XX Respeitar as leis de trânsito, incluindo a manutenção do veículo utilizado


e uma postura de direção defensiva, dirigindo com segurança.

XX Usar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

XX Usar, de maneira visível, objetos (crachá, colete, camisa) de identificação


individual.

XX Prezar pela saúde e segurança do trabalho, tomando as medidas preven-


tivas que concernem a esse assunto.

XX Não cometer ou comportar-se de maneira a comprometer a segurança e


integridade física da equipe ou a sua própria.

XX Agir de maneira discreta, profissional e séria, primando pelo bom senso.

XX Prever possíveis riscos de acidentes e agir de maneira proativa a fim de


minimizá-los.

XX Prestar os primeiros socorros, quando necessário, aos colegas acidenta-


dos, e providenciar o atendimento necessário o mais breve possível.

64 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

XX Ser cordial e educado com a comunidade.

XX Zelar pelos equipamentos e materiais de trabalho.

XX Destinar corretamente o resíduo produzido durante a coleta de dados em campo.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental estará suscetível a inúmeros riscos


durante sua atividade de coleta de dados em campo e mapeamento dos pontos
vulneráveis ao melhoramento socioambiental de uma comunidade. Conforme o
objetivo e as metas, por vezes a coleta dos dados acontecerá em lugares distan-
tes do perímetro urbano e em condições hostis. Dessa maneira, o cuidado com a
segurança da equipe e com os equipamentos deve ser maior, principalmente pelo
uso e manuseio de máquinas portáteis, equipamentos e ferramentas (GPS, máqui-
na fotográfica, gravador de voz, filmadora, dentre outros).

Em função disso, impreterivelmente, antes de ir ao campo, o Agente de Desenvol-


vimento Socioambiental deve assegurar que:

XX o planejamento das atividades esteja em mãos e com todos os pontos


esclarecidos;

XX a identificação individual de todos os membros da equipe esteja de ma-


neira clara e visível às pessoas;

XX os Equipamentos de Proteção Individual estejam em condições de uso e


em conformidade com o objetivo da coleta de dados em campo;

XX os mapas e as informações de acesso ao local de análises estejam atua-


lizados e em posse da equipe de campo;

XX a equipe esteja em posse de um sistema de comunicação (telefone celular


ou via satélite, rádio, rastreadora via satélite, dentre outros equipamentos);

XX a equipe tenha acesso à água potável e a alimentos em quantidade su-


ficiente para suprir a demanda no período de trabalho e uma reserva em
caso de emergência, precavendo-se em relação à potabilidade da água e
a seu armazenamento adequado;

XX os equipamentos a serem utilizados em campo devem estar em bom es-


tado de conservação e manutenção periódica;

XX tenha-se em mãos um protocolo de procedimentos de emergência, assim


como material de primeiros socorros;

XX atente-se para o veículo a ser utilizado em campo, conferindo sua manu-


tenção rotineira, bem como se o veículo é adequado para o tipo de terre-
no encontrado no local da coleta de dados.

Ainda em relação aos pontos vulneráveis, o Agente de Desenvolvimento Socioam-


biental, quando em campo, poderá se deparar com inúmeras adversidades no que

65 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

tange às condições topográficas do ambiente, às condições climáticas e de riscos


de contaminação, principalmente quando a coleta de dados ocorrer em perímetro rural.

Dentre as adversidades encontradas em perímetro urbano,


podemos considerar as condições climáticas, os aclives e
declives acentuados, os terrenos alagados, as pedras soltas
no terreno, os buracos, a vegetação arbórea e arbustiva densa,
as plantas espinhosas, as plantas tóxicas, as plantas cortantes,
os cipós; o risco de cortes, arranhões, intoxicação, ferimentos,
quedas, deslizamentos, dentre outros riscos que representam
causas de acidentes no campo.

Os demais membros da equipe poderão também, em algum momento na execu-


ção das atividades, ficarem expostos às mesmas condições adversas.

Esses fatores influenciam diretamente no andamento da pesquisa de campo e,


consequentemente, no desempenho da equipe no campo, aumentando a frequên-
cia de erros e acidentes durante as atividades.

Os riscos biológicos também merecem a atenção da equipe de campo, princi-


palmente porque ela estará exposta aos mais variados tipos de riscos biológicos,
como vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, insetos, animais peçonhen-
tos, dentre outros riscos.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve, portanto, ter alguns cuidados


básicos, porém fundamentais para a manutenção da saúde da equipe. Para tanto,
devem ser tomados cuidados como:

XX uso de Equipamentos de Proteção Individual;

XX administração das vacinas necessárias;

XX estabelecimento de procedimentos de emergência;

XX condições de higiene durante as saídas de campo;

XX cuidado em relação à procedência e ao acondicionamento da água e dos


alimentos;

XX posse de material de primeiros socorros.

Outro fator importante refere-se à segurança em rios. Quando o levantamento de


dados requerer o uso de embarcações, o líder da equipe deve sempre certificar-se
de que:

XX a embarcação possui os equipamentos exigidos por lei e que eles estão


em bom estado de conservação e manutenção;

XX a embarcação possui capacidade para o número de pessoas que está


transportando;
66 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

XX a embarcação possui colete salva-vidas para todos os membros da equipe;

XX o piloto da embarcação seja capacitado e possua a autorização para pilotar


embarcação expedida pelo órgão marítimo competente;

XX o rio seja navegável;

XX o líder da equipe e/ou guia conheça o local em caso de navegação em


alagados (represamentos de usinas hidroelétricas, por exemplo) a fim de
evitar que a equipe fique perdida e desorientada nesse tipo de ambiente;

XX a navegação não seja feita no período noturno.

Ainda considerando o fator segurança, o trânsito é um tema importante para o


Agente de Desenvolvimento Socioambiental quando ele está se deslocando para
os pontos de análises. Dessa forma, a direção defensiva e preventiva deve ser
considerada na segurança da equipe de campo. Para que o condutor tenha uma
direção defensiva e preventiva, é necessário:

XX conhecer as leis e normas de trânsito;

XX conhecer as condutas que regem o trânsito, seus direitos e deveres como


condutor ou pedestre, para evitar tomar atitudes que possam causar aci-
dentes ou danos aos usuários da via e promover uma saída de campo segura;

XX que se preveja/antecipe uma situação de risco. Essas características são


executadas em uma ação de curto prazo (exemplo: o condutor prevê a
possibilidade de riscos ao transpor uma ponte, com pedestres ou outros
veículos) ou de longo prazo (exemplo: revisão de itens de segurança do
veículo, abastecimento, dentre outros).

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental e sua equipe te-


nham conhecimento sobre a prevenção de algumas doenças, mesmo que o cam-
po de coleta de dados apresente baixo risco para contrair uma. É necessário con-
siderar que, em campo, os membros da equipe entrarão em contato com novos
ambientes, expondo-se a alterações climáticas, topográficas e a agentes trans-
missores de doenças que podem pôr em risco a saúde.

Os riscos de Hepatites A e B, Tétano, Difteria, Febre Tifoide,


Pólio, Malária, Filaríase e Leptospirose podem ser reduzidos
se o Agente de Desenvolvimento Socioambiental e sua
equipe agirem de forma preventiva, por meio de antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequente controle dos pontos
de risco existentes ou que possam existir no ambiente da
coleta de dados.

67 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Vacinas: para os casos de Hepatites A e


B, Tétano, Difteria, Febre Tifoide e Pólio, é
oportuno que os membros da equipe es-
tejam imunizados com as devidas vacina-
ções, levando sempre em conta os pra-
zos entre as doses e validade das vacinas.

Medicamentos: para a Malária, há remé-


dios que podem ser ingeridos antes, du-
rante e após o período de exposição. A
forma de prevenir a Malária e a Filaríase,
que são transmitidas por mosquitos, é o
uso diário de repelentes.

Proteção e limpeza: a Leptospirose in-


fecta o ser humano através do contato
com a urina de diversos animais (rato,
porco, cão, rã e cavalo), ou do contato
com a água contaminada pela urina des-
ses animais, em cortes e arranhões na
pele e nas mucosas. Limpar e proteger os
cortes e evitar o contato com água sus-
peita são as únicas ações de prevenção.

Assim, vacinar-se, fazer exames médicos, proceder com a


adequada limpeza e desinfecção de ocasionais ferimentos,
além de evitar contato com os agentes transmissores, são
formas de prevenção de doenças transmissíveis com as quais
os trabalhadores poderão entrar em contato.

Com base em todos esses cuidados necessários, é fundamental que o Agente de


Desenvolvimento Socioambiental realize o registro e a coleta de dados em campo
com precisão, e que estes estejam alinhados com os objetivos estabelecidos
no início da pesquisa. Além disso, após a coleta e o registro das informações
em campo, essas informações deverão ser arquivadas de forma organizada e
sistemática, a fim de possibilitar que outras pessoas tenham acesso a elas.

68 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A coleta de dados é a fase da pesquisa que tem por objetivo


obter informações sobre a realidade dos acontecimentos. Por
isso, os instrumentos utilizados para a coleta de dados devem
ser condizentes com o que se procura esclarecer, com validez,
confiabilidade e precisão.

As técnicas de coletas utilizadas pelo Agente de Desenvolvimento Socioambiental


devem responder a três perguntas básicas:

XX O que coletar?

XX Com quem coletar?

XX Como coletar?

Outro fator de decisão importante a ser tomado pelo Agente de Desenvolvimento


Socioambiental é a escolha dos instrumentos de coleta de dados, ou seja, esse
profissional deve escolher qual é a opção que mais se adequa aos objetivos da
pesquisa. Os três instrumentos mais comumente utilizados são:

1) Formulário: consiste em um conjunto de questões que são dirigidas ao


entrevistado e anotadas por um entrevistador durante uma entrevista face
a face.

2) Entrevista: é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com


um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obten-
ção de informações de pesquisa. As perguntas são feitas oralmente, e
as respostas são registradas pelo pesquisador, por escrito ou com um
gravador, se o entrevistado assim o permitir.

3) Questionário: é um instrumento de coleta de dados, constituído por


uma série ordenada de perguntas preelaboradas, sistemática e sequen-
cialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa. Essas
questões devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pes-
quisador.

69 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

3 LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS
E SEGMENTOS DA SOCIEDADE

CONTEXTUALIZANDO
A liderança comunitária é exercida pelo cidadão escolhido pela comunidade para
representar o seu bairro ou uma determinada região e tem um papel decisivo no
processo de desenvolvimento local. Uma comunidade que possui um líder comu-
nitário desenvolve-se de forma mais sustentável, tendo consciência da relação de
interdependência de seus membros e os impactos socioambientais decorrentes
do modo de vida adotado por eles.

Nesse cenário, fica evidente que o líder comunitário seja detentor de uma postura
ilibada e cooperativa com os diversos atores sociais, conseguindo, assim, identifi-
car os pontos vulneráveis e propondo, de maneira articulada, as melhorias neces-
sárias que visam ao bem-estar das pessoas concomitantemente com o equilíbrio
ambiental daquela comunidade.

Dessa maneira, é importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental


conheça o conceito, os tipos e processos de constituição de lideranças comuni-
tárias para melhor articular suas propostas de melhoria, sendo que, ao final desta
unidade, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental terá subsídios necessários
para classificar as prioridades da comunidade a partir da articulação e participa-
ção das lideranças comunitárias e segmentos da sociedade interessados na miti-
gação dos problemas socioambientais.

3.1 CONCEITO, TIPOS E PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DE LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS


O líder comunitário é um representante do local onde reside, sendo que, com suas
atitudes e representatividade, faz crescer o trabalho social e político, partilha ideias e
sai em busca dos objetivos tratados pela comunidade que
representa, o que se traduz em melhorias para a comunidade.

É oportuno que o Agente


de Desenvolvimento So-
cioambiental saiba que
uma liderança comuni-
tária eficaz, que visa ao
desenvolvimento susten-
tável local, deve otimizar
70 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

o controle e a utilização de recursos, estabelecer eficientemente suas atividades e


distribuir equitativamente as oportunidades entre a população.

Dessa maneira, o Agente de Desenvolvimento Socioambien-


tal deverá priorizar atividades e ações que, articuladas com
os atores sociais, priorizem coletivamente as necessidades
de uma comunidade.

Essa postura de liderança não acontece por acaso. É preciso sensibilizar a popu-
lação de que o surgimento de um processo de liderança não irá resolver todos os
problemas socioambientais que assolam a comunidade. Porém, é inquestionável
o senso de cooperação mútua que determinadas pessoas têm e expressam em
buscas constantes por melhorias dentro de uma comunidade, utilizando a criativi-
dade, o empreendedorismo e até mesmo a inovação de ações para, coletivamen-
te, buscarem soluções referentes à problemática ambiental e social com as quais
se deparam diariamente.

Por isso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve ser um articulador,


identificando esses líderes e promovendo atividades coletivas e que visam ao bem comum.

Esse processo de envolvimento comunitário permite aos ci-


dadãos assumirem posições de liderança comunitária, sendo
que a sua raiz cresce das ações de envolvimento de grupos
de pessoas, que providenciam o contexto através do qual as
pessoas influenciam e são influenciadas pela comunidade.

Considerando que a liderança comunitária possui influência e, de certa maneira,


autonomia de intervenção nas tomadas de decisões coletivas, é de suma impor-
tância que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental articule ações em con-
junto com essas lideranças, a fim de facilitar sua pesquisa e coleta de dados em
campo e de implantar uma proposta de melhoria socioambiental que venha ao
encontro das necessidades e dos anseios da comunidade e suas lideranças.

O desenvolvimento socioambiental numa comunidade existe


quando as pessoas são motivadas e sensibilizadas sobre
seus problemas históricos e as implicações que eles trazem
ao dia a dia. Isso faz com que elas acreditem que a ação
coletiva provocará uma mudança e um despertar em cada
integrante da comunidade sobre sua importância na solução
desses problemas: esse é o papel do líder.

71 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Ressalta-se que alguns Agentes de Desenvolvimento Socioambiental são natu-


ralmente líderes em suas comunidades, ou, ainda, podem vir a se tornar um líder.
Isso vai depender do nível de envolvimento que ele tiver com os problemas identi-
ficados na sua pesquisa de campo.

Caso o Agente de Desenvolvimento Socioambiental se torne um líder comunitário,


é necessário que ele tenha ciência de que o líder comunitário deverá, dentre outras
atividades, atuar junto à comunidade nas seguintes ações:

XX Organizar encontros com as pessoas da comunidade, buscando estimular,


em cada uma, a responsabilidade coletiva pela melhoria das condições de
vida, tanto do ponto de vista individual quanto, principalmente, coletivo.

XX Estabelecer a visão da comunidade num objetivo claro e abrangente.

XX Diagnosticar possíveis ameaças e oportunidades da comunidade para


combatê-las.

XX Identificar e propor alternativas de solução para minimizar ou eliminar as


ameaças, traçando um plano de ações no sentido de fortalecer as opor-
tunidades e virtudes da comunidade.

XX Formular os objetivos de uma melhoria focada na combinação dos fato-


res econômicos, ambientais e socioculturais, incorporando o conceito de
sustentabilidade em todas as etapas.

XX Definir as estratégias de ação, evitando envolver apenas uma parte da co-


munidade e articulando com os demais segmentos da sociedade, dentro
da concepção de cooperação mútua.

O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve saber que a liderança comuni-


tária deve ser uma liderança de equipes, sendo que cada um dos seus componen-
tes terá o direito de expressar-se e deve ser reconhecido como parte do processo
de desenvolvimento da comunidade.

O perfil do líder comunitário deve ser de alguém respeitado e admirado na comu-


nidade, com grande capacidade de articulação com os atores sociais. Além disso,
deve ser assertivo, transmitir suas ideias com clareza, criar vínculos de confiança
com as pessoas, dentre outros valores e atitudes.

Para isso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve assegurar-se de


algumas características essenciais de um bom líder comunitário:

1) Ser carismático: o líder deve ter capacidade de atrair e cativar as demais


pessoas em decorrência do seu modo de agir e pensar.

2) Dispensar atenção personalizada: o líder deve se mostrar solícito e pre-


ocupado com o problema de cada um, mas priorizar o coletivo, buscando
adequar as necessidades de cada um com a realidade dessa comunidade.

72 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

3) Sensibilizar as pessoas da comunidade: o líder deve sensibilizar as


pessoas sobre a responsabilidade de cada membro e sobre a participa-
ção delas na resolução dos problemas identificados.

4) Ser contínuo e flexível: o líder deve ser contínuo e flexível, adaptando-se


às circunstâncias que provocam mudanças, sem perder de vista os obje-
tivos de desenvolvimento e os conceitos de sustentabilidade.

Desse modo, a liderança comunitária terá a capacidade de incentivar outros mem-


bros da comunidade à participação, levá-los a terem a percepção de que podem
controlar e melhorar a sua qualidade de vida e a da comunidade. Também poderá
ajudar os demais membros, enquanto grupo, a alcançarem os objetivos estabele-
cidos, valorizando a diversidade, que é considerada um bem pela multiplicidade e
riqueza de ideias e perspectivas que apresenta, pautada em valores que facilitarão
a promoção de comunidades saudáveis e a criação de parcerias e/ou redes de
suporte dentro e fora dessa comunidade.

Essas características evidenciam ao Agente de Desenvolvimen-


to Socioambiental que, de fato, a liderança comunitária é um
mecanismo eficaz para a criação de comunidades saudáveis e, por
isso, merece uma atenção especial de sua parte. Nesse sentido,
esse profissional poderá articular coletivamente com as lideranças
e propor melhorias norteadas no conceito de sustentabilidade.

A Tabela 7 apresenta os mecanismos que compõem a construção de modelo co-


munitário pautado na sustentabilidade.

Tabela 7 – Mecanismos para a criação de comunidades sustentáveis

Elementos Princípios
Honrar as suas heranças e cuidar dos seus membros.
Comunidade Identificar e construir valores e interesses comuns.
Valorizar a diversidade.

Partilhar a responsabilidade.
Liderança Promover a colaboração.
Planejar a ação.

Impulsionar as atividades locais.


Fortalecer o conhecimento em assuntos de partilha de
Desenvolvimento interesses, mas não limitá-lo apenas a temas específicos.
Oferecer um contexto de aprendizagem.

Fonte: Adaptado de Ramsey, Reed, Vandenberg & Climb (1998).

Nesse cenário, o líder comunitário deve ser um entusiasta na efetivação das me-
lhorias numa comunidade, evidenciando a sua importância no contexto de comu-
nidades sustentáveis.

73 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

3.2 A SOCIEDADE E SEUS SEGMENTOS


Um dos grandes problemas quando se
fala em lideranças comunitárias talvez
seja definir o conceito de sociedade, prin-
cipalmente se considerarmos a existência
de diferentes correntes e conceitos sobre
a definição de sociedade, o que implica a
ocorrência de concepções também diver-
sas sobre tal conceito.

De modo geral, a sociedade é uma rela-


ção harmônica entre indivíduos da mes-
ma espécie, sendo composta por um
conjunto de regras e normas que regulam o convívio das pessoas, especialmente
nos espaços considerados públicos, ou seja, espaços de uso comum de todos.

Nesse sentido, a sociedade também é composta por padrões


de conduta, pensamentos, crenças e sentimentos que moldam
o retrato cultural daquele lugar.

Diante disso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá ter atenção ao


propor uma proposta de melhoria, pois deverá considerar todos os aspectos, a fim
de conseguir a aceitação e a parceria da comunidade para a implementação da
respectiva proposta.

Quando se faz a pergunta “O que é privado?”, certamente a


resposta será “É o que não é público.” Do mesmo modo, se a
pergunta fosse “O que é público?”, a resposta será “É o que
não é privado.”

Apesar de as respostas parecerem simplistas, o conceito está correto, uma vez


que a delimitação do que é público e privado não é estática e que, pelo contrário,
as fronteiras entre o que é público e o que é privado já se movimentaram há muito
tempo ao longo da história.

Na sua origem, o termo público remete à esfera da coletividade e ao exercício do


poder, à sociedade dos iguais. Em contrapartida, o privado se relaciona com as
esferas particulares, à sociedade dos desiguais.

Perceba que o público remete aos espaços públicos, ou seja, lugares que a coletivi-
dade frequenta e aos quais tem livre acesso. Por isso, o Agente de Desenvolvimento
74 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Socioambiental identificará os problemas nessas áreas (rios, áreas verdes, praças,


ruas e outras áreas). Já o privado remete ao espaço privado, ou seja, ao local onde
o acesso é restrito, como as propriedades particulares e empresas privadas, sendo
que, nesses lugares, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental não atuará.

A necessidade de regular as relações entre a instituição


Estado, a economia e a população fez com que se produzissem
diferenciações entre eles. Dessa maneira, a distinção básica
entre público e privado tende a associar o privado à família,
na qual há uma relação humana desigual, principalmente entre
homem e mulher; e o público à ordem política e econômica,
lugar de igualdade entre os homens, onde o coletivo e a
liberdade de expressão são evidenciados.

Por isso, as ações do Agente de Desenvolvimento Socioambiental devem focar


nos espaços públicos, ou seja, nos locais onde a coletividade tem, no ambiente, um
bem de uso comum, de utilidade pública. Entretanto, o Agente de Desenvolvimento
Socioambiental não pode deixar de considerar que o espaço privado, ou seja, as
relações familiares, interferem na tomada de decisão. Por isso, a abordagem da
problemática socioambiental deverá ser sistêmica e voltada a atender à comunidade.

Espaço Público e Espaço Privado


O significado do termo espaço público é muito debatido, necessitando constante-
mente de novas redefinições em relação à sua estrutura, função e ao seu caráter
social. Por isso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental, ao abordar esse
assunto na sua proposta de melhoria, precisa entender que a definição de espa-
ço público pode conter diferentes significados e dimensões que não acontecem
isoladas. Para que essa compreensão aconteça, necessita de uma visão sistêmica
tanto na abordagem do problema identificado como na proposta de melhoria.

Os espaços públicos são aqueles que permitem o acesso e a


permanência coletiva das pessoas, como os espaços verdes,
as ruas, as praças, a valorização da paisagem urbana, o
mobiliário urbano, e outros espaços.

O espaço público é aquele espaço que, dentro do território urbano tradicional, es-
pecialmente nas cidades capitalistas, onde a presença do privado é predominante,
é de uso comum e posse coletiva e pertence ao poder público.

Os espaços privados são lugares de propriedade privada de pessoas ou empre-


sas. Nesses lugares o acesso é restrito, ou seja, não é um lugar aberto ou acessível
75 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

à coletividade. Nas empresas, existem normas internas que regulam o comporta-


mento e a função de cada pessoa. Essas normas não necessariamente são exigi-
das nos espaços públicos.

No mesmo sentido, nas propriedades privadas (casas) existem normas de convívio


familiar, geralmente caracterizadas por hábitos, crenças e cultura comum entre
os membros da família. Nos espaços públicos, não necessariamente se aplicam
esses costumes, entretanto, eles podem ser expressos e respeitados por todos.

Considerando que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental atua essencial-


mente no campo social e ambiental, o espaço público torna-se um lugar impor-
tante na dinâmica e estratégia de sua atuação, pois as problemáticas ambientais
e sociais concentram-se nos espaços comuns de todos. Em outras palavras, as
problemáticas ambientais se concentram num espaço que constitui, ou deveria
constituir, uma fonte de representação pessoal, cultural e social de discursos e
atuações, às vezes contraditórias, dos agentes políticos, sociais, religiosos, cultu-
rais e intelectuais que constituem uma comunidade. É nesse cenário multifacetário
que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental atua e realiza sua pesquisa.

A necessidade de distinguir o público do privado passa pelas


mudanças que os espaços públicos vêm sofrendo ao longo do
tempo. Essas mudanças são fruto das alterações nas formas
de consumo e de serviço prestados, principalmente, nos
grandes centros.

As políticas urbanas de intervenção têm importante influência nessas mudanças


estruturais da dimensão social do espaço público, pois, além de fomentarem a
proliferação desses espaços, reduzem a qualificação dos espaços públicos a me-
ros excedentes da urbanização, ou então atuam vinculadas a um zoneamento de
intervenção estratégico, conforme a vocação de consumo e serviço local.

Os espaços públicos abertos são essencialmente polivalentes, dedicados a usos


diversos, onde um uso pode predominar sobre outros. Assim, as ruas e as pra-
ças, os passeios e as avenidas, os parques e os jardins servem para circular e
comunicar, para passear e encontrar-se, para trabalhar e passar o tempo, para
contemplar e ser contemplado. Já os espaços privados restringem-se à moradia
das pessoas e às empresas privadas.

A partir do conceito de espaço público é possível perceber que o Agente de De-


senvolvimento Socioambiental necessitará de uma abordagem cautelosa com a
comunidade, respeitando esses espaços de uso comum e a cultura local, adaptan-
do os procedimentos de coletas de dados em campo para que esses instrumentos
forneçam informações condizentes com a realidade identificada e, posteriormente,
sirvam de suporte à proposta de melhorias socioambientais.

76 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

A liderança comunitária é essencial para o desenvolvimento sustentável de uma


comunidade. O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, por preocupar-se
com a qualidade de vida da comunidade com base numa proposta de melhoria,
deve se portar como um líder comunitário. Essa postura facilitará a articulação
com os diversos segmentos da sociedade, a busca constante por melhorias na
comunidade em que atua, primando pelo respeito, pela organização, coordenação
e sustentabilidade nas tomadas de decisão, as quais são norteadas e fundamen-
tadas nas informações coletadas durante sua pesquisa de campo.

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental considere que sua


área de atuação é o espaço público, sempre conciliando o bem-estar comum com
a qualidade ambiental do local e considerando as relações de hábitos e costumes
que acontecem nos espaços privados, as quais interferem no âmbito público. Des-
sa maneira, o posicionamento do Agente de Desenvolvimento Socioambiental, na
sua proposta de melhoria socioambiental, deverá sempre atender a coletividade.

77 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

4 PLANO DE AÇÃO

CONTEXTUALIZANDO
O plano de ação define e norteia as ações a serem tomadas após a coleta e análise
de dados de campo, ou seja, norteia a pesquisa. Além disso, incide sobre ações
que devem ser tomadas geralmente em curto prazo, descrevendo como colocar
em prática as ações estratégicas. Porém, nada impede de ser projetado a médio
e longo prazo. A definição e até mesmo a aplicabilidade do plano de ação geram
divergência entre as pessoas que trabalham na área social e ambiental.

É importante que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental adote uma pos-


tura pautada na pesquisa que identificou os pontos socioambientais vulneráveis
dentro da comunidade para a sua tomada de decisão.

Nesse sentido, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve conhecer o


conceito, a estrutura e as etapas de um plano de ação. Ao final do estudo desta
Unidade Curricular você terá embasamento e capacidade para relacionar as me-
lhorias socioambientais em conformidade com a situação-problema priorizada no
mapeamento, alinhando as sugestões de melhorias aos parâmetros exigidos pelas
Políticas Públicas.

Dessa forma, a proposta de melhoria apresentada pelo Agente de Desenvolvimento


Socioambiental deverá contemplar um plano de ação, ou seja, definir quais medidas
e articulações devem ser tomadas a partir daquele momento para atingir os objetivos
propostos e promover melhoria. Para isso, é essencial que o plano de ação seja co-
ordenado e controlado num processo sequencial e contextualizado com a realidade.

4.1 CONCEITO E ESTRUTURA DO PLANO DE AÇÃO


Para você, Agente de Desenvolvimento Socioambiental, é interessante o esclare-
cimento de alguns pontos, a fim de sustentar e orientar a elaboração e a aplicação
do plano de ação numa determinada comunidade, visando à melhoria no âmbito
social e ambiental.

O plano de ação é algo extremamente importante, tão fundamental que pode dar origem
a um planejamento estratégico, ou basear-se neste, tanto para medidas de correção de
problemas quanto para sua prevenção. Registros históricos, atas de reuniões, pesquisas
e relatórios de campo, dentre outros constituem uma variedade de fontes de informações
relevantes, que podem ser utilizadas na elaboração de um plano de ação consistente.
78 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Nesse cenário, o planejamento de todas as ações necessárias para atingir um


resultado desejado é imprescindível. O principal, sem dúvida, é a tomada de deci-
são, que consiste na ação prática propriamente dita.

Dessa maneira, a proposta de melhoria indicará o que deve ser feito numa determinada
situação, correlacionando-a às atividades e em conformidade com os dados coletados.

Exemplo
Uma tomada de decisão pode ser identificada, por exemplo, numa proposta
de melhoria que caracterizou que 90% da população de um bairro não sepa-
ra o lixo reciclável. Assim, a tomada de decisão será relativa à implantação
de campanhas de sensibilização ambiental para reverter esse quadro.

Dessa maneira, quando o Agente de Desenvolvimento Socioambiental se defron-


tar com um problema simples, o plano de ação pode seguir uma regra prática que
consiste em relacionar tudo do fim para o começo. Vejamos um exemplo de um
plano de ação simples.

Exemplo
Um líder comunitário de um bairro, preocupado com a constante falta de
água, procura um Agente de Desenvolvimento Socioambiental. Esse líder
deseja realizar uma ação para diminuir em 50% o consumo de água no
bairro até o final do mês.

Como o Agente de Desenvolvimento Socioambiental poderá estruturar


um plano de ação?
Perceba que essa informação foi fornecida pelo líder comunitário e que o
Agente de Desenvolvimento Socioambiental não conhece as causas do
problema. Entretanto, já possui uma meta: diminuir em 50% o consumo
de água no bairro.

Nesse cenário, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá


elaborar um plano de ação pautado na meta estipulada. Para isso, deve:
§§ planejar uma reunião com a comunidade;
§§ divulgar nos meios de comunicação a reunião com os moradores;
§§ realizar reuniões com a comunidade, informando-a do problema, e
procurar sensibilizá-la para diminuir o consumo de água e evitar o
desperdício;
§§ confeccionar uma ata de reunião, na qual constarão todas as ques-
tões debatidas e sugestões fornecidas pelos participantes;
§§ promover, periodicamente, ações de educação ambiental, durante
aquele mês, sobre o consumo consciente de água;
§§ elaborar, ao final do mês, um relatório detalhado com as ações prati-
cadas e os resultados obtidos e apresentá-los à comunidade;
§§ apontar possíveis erros e corrigi-los, continuando com as ações de
sensibilização ambiental na comunidade se a meta não for atingida.

79 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Para os problemas complexos, existem inúmeras técnicas e métodos de aborda-


gem do problema. Vamos tornar o exemplo apresentado anteriormente um pouco
mais complexo.

Exemplo
Um líder comunitário de um bairro, preocupado com a constante falta de
água, procura um Agente de Desenvolvimento Socioambiental. Esse líder
deseja realizar uma ação para diminuir em 50% o consumo de água no bairro
até o final do mês. Além dessa meta, solicita informações sobre quais são as
fontes de desperdício de água na comunidade e o que fazer para reduzir o
desperdício e o consumo irregular.

Perceba que, além da meta, o líder comunitário deseja saber a fonte do


desperdício e, ainda, uma alternativa para solucionar o problema.

Esse é um problema mais complexo do que aquele apresentado anteriormente,


pois apenas uma conversa com a comunidade não atenderá à solicitação do
líder comunitário.

Qual plano de ação deve ser adotado pelo Agente de Desenvolvimento


Socioambiental neste caso?
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá elaborar um
planejamento para obtenção das informações necessárias que subsidiarão
a tomada de decisão. Para isso, deverá ir a campo coletar dados sobre a
real situação na comunidade (registro de imagens, croquis, filmagens e
outros dados) e fazer um levantamento da percepção que as pessoas têm
sobre o consumo consciente da água (aplicação de questionário, entrevista,
formulários e outros instrumentos), considerando que, ao final, deverá
apresentar alguma alternativa de melhoria. O Agente de Desenvolvimento
Socioambiental também deverá seguir a metodologia adequada. Para isso,
deverá retomar os conceitos de pesquisa de campo e optar pelo método
de pesquisa que seja mais adequado à situação, tomando cuidado com a
organização, a sistematização das informações e os registros de dados.
Deverá, ainda, estar atento às etapas da pesquisa no que se refere ao
planejamento e execução. Além disso, deverá considerar o segmento da
sociedade ao qual a pesquisa será aplicada. Nesse caso, a mudança ocorrerá
no espaço público, entretanto, algumas mudanças de hábitos deverão ocorrer
no espaço privado.

Além disso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental (ou uma equipe


formada) deverá ir a campo e identificar os pontos vulneráveis, que são os
focos de desperdício e consumo irregular da água, realizando os devidos
registros e justificativas de cada ponto analisado.

Posteriormente, para identificar as prioridades de melhorias que deverão


ser apontadas no plano de ação, é importante ter o auxílio de algumas
ferramentas de gestão, como o Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe ou
Causa e Efeito), que é um dos mais usados.

Vejamos como esse diagrama poderá auxiliar na identificação dos pontos vulnerá-
veis e nas prioridades de melhorias no exemplo que estamos analisando.

80 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa é uma ferra-
menta de gestão que auxilia no entendi-
mento das causas de um determinado
problema, que, nesse caso, é o desper-
dício e consumo irregular da água.

Esse diagrama ainda auxilia na execu-


ção de um projeto, podendo também
ser uma excelente ferramenta a ser uti-
lizada pelo Agente de Desenvolvimento
Socioambiental quando ele estiver realizando o levantamento de informações de
causas sobre uma problemática identificada na comunidade.

Diferentemente de alguns entendimentos, essa ferramenta não tem sua aplicação


restrita apenas à indústria: pode ser utilizada em inúmeras situações, até mesmo
em projetos de melhoria socioambiental.

A elaboração de um Diagrama de Ishikawa é bastante simples. A parte mais difícil


está em começar: é recomendável reunir uma equipe multidisciplinar que esteja,
de alguma forma, envolvida com o problema. A ideia é obter diferentes pontos
de vista a respeito de um mesmo assunto, a fim de verificar inúmeras causas e
prioridades.

Vejamos o início da estruturação do Diagrama de Ishikawa: inicialmente, deve-se


traçar uma reta horizontal e, em uma de suas extremidades, escreve-se o proble-
ma (efeito) em que se baseia o estudo. Nesse caso, é o desperdício e consumo
irregular da água.

Feito isso, devem ser criadas linhas diagonais que interceptem a linha anterior
(efeito), para que elas representem categorias de possíveis causas principais para
o efeito. Vejamos possíveis causas:

XX rede de distribuição;

XX residências;

XX estabelecimentos comerciais;

XX edificações públicas.

81 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Após traçar as diagonais, o diagrama confeccionado terá a forma apresentada na


Figura 2.

Figura 2 – Diagrama de Ishikawa com o problema e as causas principais

Rede de distribuição Residências

Problema
(Efeito) Desperdício
de água e consumo
irregular
dela

Causas
Principais
Estabelecimentos Edificações
comerciais públicas

Fonte: Elaborada pelo autor.

As categorias de causas principais poderão ter subclasses, as quais deverão ser


relacionadas através de uma seta (na horizontal) que direcione a diagonal ligada
ao seu problema/causa. Essas causas deverão ser levantadas por meio da técnica
de brainstorming (tempestade de ideias), que deve contar com a participação da
equipe, a fim de minimizar erros. Toda possível causa levantada deve ser consi-
derada. Dessa maneira, depois de colocadas as diagonais que representam as
subcausas, o diagrama encontrado terá a forma apresentada na Figura 3.

Figura 3 – Diagrama de Ishikawa com o problema, as causas principais e as subcausas

Rede de distribuição Residências

Vazamento
Vazamento Mau uso
Desperdício
de água e consumo
irregular
dela
Mau uso Vazamento

Estabelecimentos Edificações
comerciais públicas

Fonte: Elaborada pelo autor.

82 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Podem existir, também, subcausas de segundo nível, conforme a peculiaridade do


projeto e de sua execução, as quais devem ser relacionadas às suas subcausas
por meio de uma seta diagonal, conforme apresentado na Figura 4.

Figura 4 – Diagrama de Ishikawa com o problema, as causas principais, as subcausas e as subcausas de segundo nível

Rede de distribuição Residências

Vazamento
Vazamento Mau uso
Banho demorado
Defeito nos registros
Lavação de calçadas Desperdício
de água e consumo
Lavação de calçadas irregular
Defeito nos registros dela
Mau uso
Vazamento

Torneiras antigas
Estabelecimentos Edificações
comerciais públicas

Fonte: Elaborada pelo autor.

Assim, quando todas as possíveis causas estiverem esgotadas, deverão ser


estabelecidos os focos do trabalho, pois poderão ser encontradas inúmeras
causas e nem todas poderão ser solucionadas inicialmente. Por esse motivo,
é necessário que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental estabeleça um
critério de prioridade.

Um método bastante eficiente é o de atribuir uma pontuação, de 0 a 10, para cada


uma das subcausas de segunda ordem encontradas. Esses valores devem ser
encontrados coletivamente pela equipe participante do projeto.

Posteriormente, deve-se encontrar o valor referente às subcausas de primeira or-


dem; tais valores devem ser obtidos com o cálculo da média de suas subcausas
de segunda ordem. Para o caso de não existirem subcausas de segunda ordem,
deve-se atribuir um peso diretamente à subcausa de primeira ordem.

83 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Por fim, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve quantificar os pesos


das categorias do problema/causa, os quais também devem ser encontrados atra-
vés do cálculo da média de suas subcausas de primeira ordem. A Figura 5 mostra
como deve ser realizado o procedimento.

Figura 5 – Diagrama de Ishikawa: definição do foco de trabalho

Rede de distribuição 07 Residências 8,75

Vazamento 09
Vazamento 07 Mau uso 8,5

Defeito nos registros 07


Banho demorado 09
Lavação de calçadas 08 Desperdício
de água e consumo
Lavação de calçadas 08 irregular
Defeito nos registros 07 dela
Mau uso 08 Vazamento 6,5

Torneiras antigas 06
Estabelecimentos Edificações
comerciais 08 públicas 6,5

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para esclarecer melhor, vamos tomar por base apenas a seguinte categoria: cau-
sas principais de Residência.

Exemplo
Perceba que, nessa categoria, encontramos duas subcausas
de segunda ordem: banho demorado, com pontuação 9; e
lavação de calçadas, com pontuação 8. A média entre elas é 8,5.
Essa pontuação foi atribuída a uma subcausa de primeira ordem:
mau uso.

Veja que temos duas subcausas de primeira ordem: mau uso,


agora com pontuação 8,5 (obtida pela média das duas subcausas
de segunda ordem) e vazamento, com pontuação de 9. Dessa for-
ma, a média entre as duas subcausas de primeira ordem (mau uso
e vazamento) ficou em 8,75. Essa pontuação foi atribuída à cate-
goria de causa principal de Residências como pontuação final.

Finalizada essa etapa, o Diagrama de Ishikawa estará concluído, e o Agente de De-


senvolvimento Socioambiental deverá priorizar a solução dos itens com maiores
pontuações. Perceba que, neste exemplo, a maior nota foi atribuída à categoria de

84 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

causa principal Residências. Dessa forma, a tomada de decisão do Agente de De-


senvolvimento Socioambiental, ao propor uma melhoria, deverá necessariamente
priorizar o atendimento a essa categoria, focando as primeiras ações nela.

Dessa maneira, a tomada de decisão será mais eficiente, pois estará fundamen-
tada em dados coletados por uma pesquisa que seguiu sistematicamente uma
metodologia e sem desvios da real situação apresentada na comunidade, além de
seguir uma etapa de prioridade de atendimento.

Os pontos vulneráveis foram identificados mediante uma pesquisa de campo, que


contemplou todas suas etapas. Também foi utilizada uma ferramenta de gestão,
Diagrama de Ishikawa, para identificar os principais problemas relacionados ao
desperdício de água e ao seu consumo inadequado, elencando as prioridades de
melhorias para a tomada de decisão do Agente de Desenvolvimento Socioambien-
tal. Assim, o plano de ação deverá delegar algumas atribuições e responsabilida-
des para concluir a proposta de melhoria.

Para isso, a coordenação do plano baseado no método 5W2H é recomendada.

Método 5W2H
Esse método de controle e coordenação é
bastante utilizado em todo o mundo e apre-
senta excelentes resultados quando aplica-
do de maneira correta.

Esse método é extremamente útil para as


empresas, entretanto, pode ser adaptada a
diversos fins, incluindo a proposta de melho-
ria na área socioambiental, uma vez que for-
necerá suporte ao controle e à correção de
todo o processo até o alcance dos objetivos
e metas estipulados, eliminando por completo qualquer dúvida que possa surgir
sobre uma atividade.

O 5W2H é, basicamente, um checklist de determinadas atividades que precisam


ser desenvolvidas com o máximo de clareza possível por parte dos colaboradores
da proposta de melhoria socioambiental. Ele funciona como um mapeamento des-
sas atividades, e nele ficará estabelecido:

XX o que será feito;

XX quem fará o quê;

XX em qual período de tempo será feito;

XX em qual área do projeto; e

XX todos os motivos pelos quais essa atividade deve ser feita.

85 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Esse método parte do princípio de que todos os itens devem ser lembrados sem-
pre. Caso o Agente de Desenvolvimento Socioambiental opte por utilizar esse mé-
todo, basta checar e responder cada um dos 5Ws e dos 2Hs, conforme apresenta
a Tabela 8.

Tabela 8 – Significado e orientação sobre o conceito dos 5Ws e dos 2Hs

Inglês Português Orientação

O que é a atividade? O que é o assunto?


What? O quê?
O que deve ser medido?
Quem executa a atividade? Quem é a equipe responsável?
Who? Quem?
A atividade depende de quem para ser iniciada?
Onde a atividade será realizada? Em que lugar?
Where? Onde (local)?
Onde serão feitas as reuniões da equipe?

Why? Por quê? Por que a atividade é necessária? Ela pode ser omitida?

Quando será feita a atividade (data)? Quando será


When? Quando?
o início da atividade? Quando será o término?
Como a atividade será executada? De que maneira?
How? Como?
Como acompanhar o desenvolvimento dessa atividade?

How much? Quanto custa? Quanto custa a execução dessa atividade?

Fonte: Adaptada de Santos (2015).

No exemplo relativo ao desperdício de água e seu consumo irregular, o quadro da


Tabela 8 pode ser representado da seguinte forma:

1) O que será feito? Descreva todas as etapas necessárias para atingir o


objetivo de utilizar a água de maneira consciente (ações de educação am-
biental, treinamento com os moradores, palestras e outras ações) e para
evitar o desperdício (consertar os registros, trocar as torneiras antigas,
varrer as calçadas em vez de lavá-las e outras ações).

2) Por quem será feito? Delegue responsáveis para cada etapa e evite des-
gastes relativos ao conflito de competências. Defina quem realizará a sen-
sibilização ambiental na comunidade (ações e palestras); quem realizará
oficinas e treinamentos; quem fará a articulação com o poder público a fim
de reivindicar melhorias na rede de distribuição de água; e outras ações.

3) Onde será feito? Em qual local? Defina em qual bairro a proposta será
implantada; qual será o local de reunião com a comunidade; quais serão
os locais escolhidos para efetivar a melhoria.

4) Por que será feito? Por que ele é importante? Elabore uma justificativa
relativa à proposta norteada pela falta constante de água na comunidade
e sua qualidade. Busque, constantemente, a qualidade de vida e ambien-
tal; dentre outras ações.

86 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

5) Quando será feito? Qual o prazo? Coloque o fator tempo em seu plano
para evitar que ele caia em uma gaveta e nunca saia do papel. Defina o
cronograma de execução, detalhando cada etapa da proposta.

6) Como será feito? Defina qual será o método utilizado para realizar as eta-
pas do plano de ação. Agende uma reunião com a comunidade; busque o
apoio de ONGs, do poder público; faça um levantamento sobre qual será
a fonte de recursos financeiros, caso precise realizar mudanças estrutu-
rais ou cursos de capacitação; questione se as melhorias serão feitas através
de reivindicações e se terão o apoio da comunidade; dentre outras questões.

7) Quanto custará fazer? Dificilmente um plano de ação não apresentará


gastos financeiros. Porém, caso não necessite de recursos financeiros, os
recursos humanos devem ser incluídos neste item.

Finalizada esta etapa, é hora de apresentar a proposta ao líder comunitário e também à


própria comunidade. Para isso, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental deverá:

XX Divulgar nos meios de comunicação, estabelecimentos comerciais da re-


gião, sindicatos, associações e outros a reunião com os moradores, a fim de
apresentar uma proposta de melhoria socioambiental. É oportuno o Agente
de Desenvolvimento Socioambiental solicitar o auxílio do líder comunitário
e de outros atores sociais para divulgar o local, a data e a pauta da reunião.

XX Realizar reunião com a comunidade, abordando a temática de maneira


objetiva e numa linguagem compatível com o público, mostrando o atual
cenário da disponibilidade de água na comunidade, as fontes poluidoras,
os desperdícios identificados na comunidade, conforme os registros de
dados coletados. Apresentar, ainda, o resultado da pesquisa de percep-
ção ambiental realizada na comunidade, evidenciando o que as pessoas
entendem sobre o tema, enfatizando a importância da água para a comu-
nidade e de conservar esse recurso. Expor, caso tenha dados, as articu-
lações realizadas pela equipe na busca por resolver o problema. Nesse
sentido, apresentar também algumas alternativas de melhorias, como o
consumo consciente mediante a captação da água da chuva; o reaprovei-
tamento da água da máquina de lavar; banhos mais rápidos; varreção das
calçadas (em vez de lavá-las); conserto de registros danificados e substi-
tuição dos antigos que apresentam problema; além de outras ações que
o Agente de Desenvolvimento Socioambiental julgar pertinentes.

XX Promover reuniões periódicas com a comunidade para mantê-la informa-


da sobre os procedimentos adotados.

XX Promover periodicamente ações de educação ambiental, durante aquele


mês, sobre o consumo consciente de água.

XX Monitorar as atividades de melhoria com a elaboração de relatórios e seus


devidos arquivamentos.
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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

XX Confeccionar uma ata de reunião, na qual constarão todas as questões


debatidas e sugestões fornecidas pelos participantes.

XX Elaborar um relatório detalhado com as ações praticadas e os resultados


obtidos e apresentá-los à comunidade no final de cada mês.

Caso a meta não seja atingida ou a proposta necessite de um aditivo, ou, ainda,
de uma adaptação à realidade local, não se preocupe! É possível realizar essas
alterações com base em um método que organize e controle as mudanças. Nesse
cenário, o método recomendado é o Ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo
de Deming.

Ciclo PDCA
O pdca é uma das primeiras ferramentas de gestão da qualidade (ou ferramentas
gerenciais) que permitem o controle do processo. Sua sigla, em inglês, define cada
etapa do ciclo. Vejamos:

XX Plan: planejar;
XX Do: fazer ou agir;
XX Check: checar ou verificar; e
XX Action: no sentido de corrigir ou agir de forma corretiva.

O PDCA é um método amplamente aplicado para


o controle eficaz e confiável das atividades de
uma organização, principalmente daquelas rela-
cionadas às melhorias, possibilitando a padroni-
zação nas informações do controle de qualidade
e a menor probabilidade de erros nas análises ao
tornar as informações mais entendíveis, confor-
me apresentado na Figura 6.

Figura 6 – Ciclo PDCA

Action Plan
Corrigir Planejar

Ação corretiva no insucesso Localizar problemas


Padronizar e treinar no sucesso Estabelecer planos de ação

Acompanhar indicadores Execução do plano


Verificar atingimento de meta Colocar plano em prática

Check Do
Acompanhar Fazer

Fonte: Periard (2006).

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UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

Ainda aproveitando o exemplo sobre o desperdício e o uso inadequado da água,


o ciclo PDCA pode ser útil no controle das ações de mudanças da proposta de
melhoria, ou seja, quando as metas não forem alcançadas e a proposta necessitar
de alterações, o ciclo PDCA é um método eficiente na coordenação dessas altera-
ções. Vejamos a definição de suas etapas e como ele pode auxiliar neste exemplo.

XX Etapa PLAN: a primeira etapa para a aplicação do PDCA é o estabeleci-


mento de um plano, ou um planejamento que deverá ser constituído com
base nas melhorias propostas do projeto e no qual devem ser considera-
das três fases importantes:

Primeira fase: é o estabelecimento dos objetivos.

Segunda fase: é o estabelecimento do caminho para que o objetivo


seja atingido.

Terceira fase: é a definição do método que deve ser utilizado para


alcançar os objetivos. A boa elaboração do plano evita falhas e per-
das de tempo desnecessárias nas próximas fases do ciclo. Esta
fase é caracterizada pelo planejamento das atividades a serem co-
locadas em prática na proposta de melhoria, como ações de sen-
sibilização ambiental na comunidade sobre o consumo consciente
da água, a manutenção periódica das estruturas, as mudanças de
hábitos sobre a utilização da água, dentre outras atividades.

XX Etapa DO: a segunda etapa do PDCA é a execução do plano que consis-


te no treinamento dos envolvidos no método a ser empregado, na exe-
cução propriamente dita e na coleta de dados para posterior análise. É
importante que o plano seja rigorosamente seguido.

Esta etapa é caracterizada pela execução propriamente dita: é o “colo-


car a mão na massa”, efetivando as medidas apontadas na proposta de
melhoria, como a manutenção periódica das estruturas, o treinamento e a
capacitação dos moradores sobre a temática, a implantação de sistemas
de captação da água da chuva, dentre outras medidas.

XX Etapa CHECK: a terceira etapa do PDCA é a análise ou verificação dos


resultados alcançados e dados coletados. Ela pode ocorrer concomitan-
temente com a realização do plano, quando verificamos se o trabalho
está sendo feito da forma correta, ou após a execução, quando são feitas
análises estatísticas dos dados e verificação dos itens de controle. Nesta
fase podem ser detectados erros ou falhas.

Esta etapa é caracterizada pela confecção de relatórios sobre cada im-


plantação efetuada durante a aplicação da proposta de melhoria, veri-
ficando e apontando os pontos positivos, negativos, as dificuldades e
oportunidades sobre o desperdício de água e o seu consumo inadequa-

89 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

do. Esta etapa requer uma visão crítica do Agente de Desenvolvimento


Socioambiental sobre a real eficiência das alterações efetuadas e se real-
mente elas atenderam aos objetivos e às metas estipuladas.

XX Etapa ACT ou ACTION: a última etapa do PDCA é a realização das ações


corretivas, ou seja, a correção das falhas encontradas no passo anterior.
Depois de realizada a investigação das causas das falhas ou dos desvios
no processo, deve-se repetir ou aplicar o ciclo PDCA para corrigir as fa-
lhas (através do mesmo modelo, planejar as ações, fazer, checar e corri-
gir), de forma a melhorar cada vez mais o sistema e o método de trabalho.

Esta etapa é caracterizada pela correção dos erros encontrados pelo Agen-
te de Desenvolvimento Socioambiental na aplicação da proposta de melho-
ria sobre o desperdício de água e seu consumo inadequado, adaptando sua
proposta para a nova realidade encontrada a fim de fornecer um constante
aperfeiçoamento e eficiência das ações sugeridas na sua proposta.

Importante
Perceba que, ao aplicar o plano de ação numa situação-exemplo
(esse caso foi representado pelo desperdício e uso incorreto
da água), foram utilizados três métodos distintos com funções
específicas: Diagrama de Ishikawa, 5W2H e o Ciclo PDCA.

Podemos, dessa maneira, considerar que esses métodos são complementares e


não concorrentes. Entretanto, dependendo da proposta de melhoria e do plano de
ação que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental colocar em prática, ele
não precisará, necessariamente, utilizar os três métodos concomitantemente. Ele
poderá optar por outros métodos similares, conforme preferência e peculiaridade
das ações desenvolvidas. O fundamental é que o plano de ação seja precedido de
planejamento e tenha uma metodologia a ser seguida para obter resultados con-
fiáveis e ter subsídios adequados à argumentação e defesa da proposta de me-
lhoria socioambiental e, se for o caso, aos resultados obtidos com sua aplicação.

90 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

CONSIDERAÇÕES
UNIDADE CURRICULAR 2

Estudamos que, para o Agente de Desenvolvimento Socioambiental elaborar uma


proposta de melhoria, é necessário realizar o mapeamento das situações passíveis
de melhoria socioambiental, por meio de pesquisa baseada em indicadores so-
ciais e ambientais locais, órgãos públicos, privados e agentes comunitários locais.

Após o mapeamento será necessário definir a metodologia de coleta de dados,


tendo como base os tipos de pesquisa e os interesses dos atores sociais envolvi-
dos. Tomamos como exemplo, neste estudo, a necessidade de diminuir em 50%
o uso da água em um bairro, onde o Agente de Desenvolvimento Socioambiental
classifica as prioridades da comunidade a partir da articulação e participação das
lideranças comunitárias e dos segmentos da sociedade interessados na mitigação dos
problemas socioambientais, considerando-os como parceiros e envolvendo-os no
processo. Essas estratégias contribuem positivamente para o trabalho do Agente
de Desenvolvimento Socioambiental e para a elaboração da proposta de melhoria.

O plano de ação é extremamente importante na coordenação de melhorias apon-


tadas numa comunidade. Ele tem por função nortear futuras tomadas de decisões
e fornecer ferramentas de gestão e avaliação de processo, a fim de verificar se as
ações estão alinhadas com os objetivos e metas preestabelecidas.

Há situações em que um plano de ação é simples e viável, não requerendo maior


controle. Porém, há situações em que é necessária a criação de um documento
para fins de controle, arquivamento, reflexão e, principalmente, comunicação efi-
ciente entre os participantes do processo, com visibilidade para todas as pessoas
envolvidas.

O plano de ação fornece ao Agente de Desenvolvimento Socioambiental subsí-


dios necessários para articular e promover melhorias dentro de uma comunidade,
primando pelo controle, pela organização, pelo arquivamento, pela publicidade e
transparência em todas as etapas do processo.

91 06
UNIDADE CURRICULAR 2: Elaborar proposta de melhoria socioambiental

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