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Ecoturismo

Patrícia C ôrtes C osta


ECOTURISMO

Patrícia Côrtes Costa


Copyright © 2002 by Editora Aleph
Coleção ABC do Turismo - Ecoturism o

C r é d it o s

S u p e r v i s ã o EDITORIAL: Betty Fromer Piazzi


CAPA: André Felipe de Paula
I l u s t r a ç ã o d a CAPA: Nathalia de Castro e Paula
C o o r d e n a ç ã o EDITORIAL: Adriano Fromer Piazzi
REVISÃO: Hebe Ester Lucas
P r o d u ç ã o GRÁFICA: José Roberto Petroni
PROJETO GRÁFICO: Neide Siqueira (JOIN)
E d i t o r a ç ã o E FOTOLITOS: JOIN Bureau de Editoração

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Costa, Patrícia Côrtes


Ecoturismo / Patrícia Côrtes Costa. - São Paulo : Aleph, 2002. -
(Coleção ABC do Turismo)

ISBN 85-85 8 8 7 -65-6

1. Ecoturismo - Brasil 2. Turismo - Brasil I. Título. II. Série

0 2 -1 7 1 5 C D D - 3 3 8 .4 7 9 1 8 1

índices para catálogo sistemático:


1. Brasil : Ecoturismo : Pólos 338.479181
2. Ecoturismo : Pólos :Brasil 338.479181
3. Pólos : Ecoturismo :Brasil 338.479181
SUMÁRIO

Apresentação.......................................................... 7
Introdução.............................................................. 9
1. O ecoturismo é uma “coisa” nova?................. 13
2. Quem disse que isso é ecoturismo?................ 19
3. Comoé? .. ........................................................ 39
4. Onde praticar?................................................ 61
5. Quem pratica?................................................. 67
6. Quem trabalha com isso?............................... 69
7. Que cuidados to m ar?...................................... 73
8. Questões propostas.......................................... 83

Referências bibliográficas.................... .................. 85


Sobre a autora........................................................ 87
APRESENTAÇÃO

D inâmica e promissora, abrangente e eclética, a área


de Turismo surge como um verdadeiro manancial
de oportunidades profissionais, exigindo de seus estu­
dantes uma ampla gama de conhecimentos técnicos e
generalistas. E como estar por dentro de tantos assun­
tos quando o tempo é curto e, muitas vezes, o dinheiro
também?
A necessidade estava ali, e do espírito inovador do
amigo Marcos Mendonça, da MJ Livros - um apaixona­
do por livros e por turismo - nasceu a idéia pela qual lhe
somos profundamente gratos: publicar uma coleção de
títulos que tivesse por objetivo fixar conceitos e esclare­
cer dúvidas sobre os principais tópicos da área de uma
forma rápida, mas eficiente. Sucinta, mas interessante.
Simples, mas conclusiva.
8 ♦ Coleção ABC do Turismo

Nós demos asas a essa idéia e agora ela levanta vôo


com a Coleção ABC do Turismo. Em volumes com­
pactos, linguagem fácil e visual atraente, os estudantes
de Turismo e Hotelaria encontrarão conteúdos de alta
qualidade e informações atualizadas em textos elemen­
tares escritos por alguns dos mais conceituados profis­
sionais do segmento. Não há nada igual no mercado.
Agora é com você, leitor. O conhecimento está aqui,
pronto para ser absorvido com clareza, objetividade e,
por que não dizer, com muito prazer.

Editora Aleph
INTRODUÇÃO

uito foi escrito sobre o ecoturismo, mas há pouco


M consenso sobre o seu significado, devido às mui­
tas formas em que as atividades do ecoturismo são ofe­
recidas por uma grande diversidade de operadores,
praticadas por uma variedade ainda maior de tipos de
turistas.
Procurar-se-á, neste livro, abordar o assunto de for­
ma direta e prática, fornecendo material para pesquisa
e discussão, principalmente para estudantes e apaixo­
nados pelo assunto.
Enquanto não há consenso acerca de uma definição
universal para o ecoturismo, suas características gerais
podem ser enumeradas como segue:

1. Toda forma de turismo em que a motivação prin­


cipal dos turistas são a observação e a apreciação
10 ♦ Coleção ABC do ULrism o

da natureza, bem como as culturas tradicionais


que prevalecem nas áreas naturais.
2. Contém elementos educacionais e de interpretação.
3. Em geral, mas não exclusivamente, organizado
para pequenos grupos por empresas especializa­
das e pequenas, de propriedade local. Os opera­
dores estrangeiros de tamanhos variáveis também
organizam, operam e/ou comercializam, inva­
riavelmente para grupos reduzidos.
4. Procura reduzir ao mínimo os impactos negati­
vos sobre o entorno natural e o sociocultural.
5. Contribui para a proteção de áreas naturais:
• gerando benefícios econômicos para as co­
munidades, as organizações e as autoridades
locais, controlando áreas naturais com finali­
dades de conservação;
• fornecendo oportunidades alternativas de em­
prego e de renda para comunidades locais;
• incrementando a conscientização para a con­
servação de recursos naturais e culturais en­
tre habitantes locais e turistas.

Levando em consideração tais características, fun­


damentais ao bom entendimento do tema, tentou-se
Ecoturismo ♦ 11

atingir as dúvidas mais freqüentes mediante a formula­


ção de perguntas, às quais se segue a exposição de res­
postas.
Um pequeno número de questões, para estudo e fi­
xação do assunto, encontra-se no final do livro.
Espera-se, com esta obra, não esgotar o tema, mas
ampliar os horizontes de uma discussão em franco de­
senvolvimento.
1. 0 ECOTURISMO É UMA
“COISA’ NOVA?

U M BREVE RESGATE HISTÓRICO

o levar-se em consideração o que movimenta - no


A real sentido de deslocamento - a raça humana, a
curiosidade e o interesse por construir e aumentar seus
horizontes de conhecimento, pode-se retroceder até o
tempo das cavernas, sugerindo que os homens-maca-
cos foram os primeiros ecoturistas. Mas não devemos
chegar a tanto.
Buscando as raízes desse segmento do turismo, che­
gamos à mais simples motivação: a contemplação de
belezas naturais. A partir dela, podem-se evocar inúme­
ras experiências, dentro do processo de apropriação da
natureza. Conforme afirma Corbin (1989), “o que é novo
não é a contemplação no seio da natureza, mas [...] o
desejo de usufruir um panorama”.
14 ♦ Coleção ABC do Turismo

De monges da era medieval e de viajantes naturalis­


tas do século XIX encontram-se relatos sobre desloca­
mentos motivados por locais paradisíacos ou atrativos
naturais exóticos.
Mas é claro que nem o termo ecoturismo, nem os
princípios que delimitam esse segmento existiam naquela
época.
Os antecedentes do que hoje conhecemos como eco­
turismo podem ser assim destacados:

• caminhadas de longo curso, com a busca por no­


vos conhecimentos e lugares;
• expedições, como a procura pela fonte da eterna
juventude, pelo “fim da terra”;
• peregrinações por trilhas sagradas e áreas intoca­
das cultuadas por povos antigos.

Da Antigüidade até meados do século XX, ficou cla­


ra a busca por um conhecimento cultural, seja por cau­
sa do interesse na natureza, seja pelo interesse na
sociedade.
Como exemplo prático cite-se o Caminho de Santia­
go, peregrinação que tem por finalidade percorrer em
tomo de 880 quilômetros entre a região de Pamplona,
Ecoturismo ♦ 15

na divisa da Espanha com a França, e Santiago de


Compostela, no oeste da Espanha.
No século XIX, a preservação de áreas para gerações
futuras mitifica a natureza e ocasiona um novo com­
portamento sobre áreas naturais, o que até os dias de
hoje caracteriza a atividade ecoturística.
A história do ecoturismo está ligada a uma noção de
turismo ao ar livre, o que carrega uma interpretação -
um tanto falha - de atividade específica de desloca­
mento para áreas naturais. O ecoturismo é mais do que
isso: é, antes de mais nada, uma atividade que compre­
ende em si um posicionamento ambiental de conserva­
ção do patrimônio natural e cultural, tanto em áreas
naturais como não naturais.
É importante lembrar que o ecoturismo é um seg­
mento da atividade turística e, portanto, uma atividade
humana.

MUDANÇAS A PARTIR DO ANO


INTERNACIONAL DO ECOTURISMO
As Nações Unidas, por intermédio de seu organismo
setorial, denominado Organização Mundial do Turismo
(OMT), estabeleceram o ano de 2002 como o Ano Inter­
nacional do Ecoturismo.
16 ♦ Coleção ABC do Turismo

Em consonância com as megatendências mundiais,


direcionar um ano ao ecoturismo é uma forma de reco­
nhecimento da importância econômica e social que essa
atividade vem adquirindo em nível mundial.
É certo que, além disso, a Assembléia Geral das Na­
ções Unidas quis chamar a atenção dos governos e da
comunidade internacional para as potencialidades que
esse segmento do turismo possui e, ainda, alertar sobre
a geração de impactos - positivos e negativos - no am­
biente natural e no ambiente cultural, em comunidades
onde existe este tipo de turismo.
Com a designação do Ano Internacional do Ecotu­
rismo, a OMT visou estimular governos, empresários,
comunidades receptoras e os próprios turistas a dedicar
mais esforços para que o ecoturismo se tome um verda­
deiro motor de desenvolvimento sustentável e não um
novo obstáculo para a sustentabilidade.
Na esfera política mundial as mudanças são lenta­
mente percebidas, mas tornam o ano de 2002 um mar­
co referencial para a temática ecoturismo: a Rio +10
(Eco 2002), na África, e a Conferência de Quebec (Con­
ferência Mundial de Ecoturismo), no Canadá, são even­
tos de destaque na discussão política sobre a utilização
sustentável dos recursos naturais.
Ecoturismo ♦ 17

Uma das conseqüências naturais desse ano é a afir­


mação da terminologia Ecoturismo, o que virá a gerar
maior facilidade no controle de sua utilização comer­
cial, bem como na fiscalização e indicação legal.
No Brasil, a Embratur vem apresentando uma polí­
tica de valorização desse segmento mediante publica­
ções como as Diretrizes para uma política nacional de
ecoturismo (1996) e, mais recentemente, com a criação
dos Pólos de Ecoturismo e a publicação de um CD-ROM
e uma coletânea de mesmo nome (2000).
O Ibama é o outro organismo estatal empenhado em
incentivar a prática ecoturística, atuando por meio da
criação de novas Unidades de Conservação - principal­
mente parques nacionais - e estabelecendo uma polí­
tica de terceirização no atendimento aos visitantes de
algumas dessas áreas.
Como nos demais países, espera-se que no Brasil o
marketing em tomo desse ano do ecoturismo aja bene­
ficamente, estimulando o planejamento e o uso susten­
tável dos recursos do País.
2. QUEM DISSE QUE ISSO
É ECOTURISMO?

PRIMEIROS CONCEITOS

D a mesma forma que o turismo, os segmentos não


possuem - ainda - definições. Diversos autores,
com base em conhecimentos culturais de várias regiões
do Brasil e do mundo, vêm criando conceitos para de­
signar as diferentes vertentes surgidas com as tendên­
cias do mercado turístico. Com isso, encontram-se em
processo de construção do conhecimento os conceitos
científicos que diferenciem melhor o que ocorre, hoje,
no turismo de retorno às origens.
Existe, na atualidade, conforme mencionado, uma
grande confusão conceituai. Tentaremos aqui não im­
por um conceito, mas antes disso, fazer com que seja
entendido de onde ele surge.
20 ♦ Coleção ABC do Turismo

Primeiro, devemos retroceder à mais fundamental


base que temos do conhecimento: o dicionário. Com ele,
será feita a primeira diferenciação da qual necessitamos
para entender os conceitos. Extraindo dos dicionários (Au­
rélio Buarque de Holanda, Michaelis ou outros autores
de renome), temos a diferença entre RURAL e NATURAL.
RURAL (do latim ruralé) = Pertencente ou relativo
ao campo ou à vida agrícola; campestre. Próprio do cam­
po. Situado no campo. Agrícola, campesino, camponês,
rústico.
NATURAL (do latim naturalè) = Que pertence ou se
refere à natureza. Produzido pela natureza, ou de acor­
do com suas leis. Derivado da natureza. Originário,
oriundo. Em que não há trabalho do homem. Diz-se das
ciências que tratam da natureza e suas produções.
Levando-se em conta essas definições, percebe-se que
o rural diz respeito ao ambiente ou meio em que o ho­
mem se insere e, além disso, já realizou mudanças. O
ambiente rural - ou meio rural, ou espaço rural - apre­
senta alterações significativas efetuadas pelo homem,
tais como:

• inserção de animais não nativos (bois, cavalos,


porcos, cachorros, galinhas, etc.);
Ecoturismo ♦ 2i

• plantio de vegetais exóticos (milho, banana, to­


mate, café, etc.);
• construção de prédios (casa de moradia, paiol,
galinheiro, baia, etc.);
• realização de obras (capina, abertura de poços,
construção de barragem, desvio de rios, abertura
de estradas, etc.).

Ao contrário, o ambiente ou meio natural, como a


própria definição expressa, é derivado da natureza e não
foi alterado pelo trabalho do homem.
É preciso deixar claro que os impactos causados pelo
homem não entram nos conceitos como “trabalho” e sim
como efeitos derivados, ou seja, são ações indiretas. (Por
exemplo, os rios são ambientes naturais, feitos pela
natureza. A alteração deles não os torna ambientes ru­
rais, mas sim, gera efeitos artificiais.)

ECOTURISMO, TURISMO RURAL


E AGROTURISMO

Alguns autores incluem no segmento denominado


Turismo Rural outros segmentos, como o Agrotuiisrno
22 ♦ Coleção ABC do Turismo

e o Ecoturismo. Olga I\ilik (in Rodrigues, Turismo e de­


senvolvimento local, 1997) afirma que

a avaliação da literatura existente sobre turismo rural


mostra grande riqueza de termos, expressões e concei­
tos que variam conforme a realidade de cada país e
expressam diferentes maneiras de aproveitar os recur­
sos do espaço rural e os programas e as ações empreen­
didas nessa área.

Assim, temos, no Espírito Santo, o Agroturismo, mo­


delo com base na realidade européia (Itália), onde o turis­
mo é praticado em propriedades agrícolas. Para melhor
entendimento, vejamos uma das conceituações existentes:

Modalidade de turismo em espaço rural praticada den­


tro das propriedades, de modo que o turista entra (sic),
mesmo que por um curto período de tempo, em contato
com a atmosfera da vida na fazenda, integrando-se de
alguma forma aos hábitos locais. (Portuguez, 1998)

O Agroturismo, como o Turismo Rural, tem seus con­


ceitos com base na realidade européia de espaço. Como
já sabido, a Europa há muito se desenvolveu, industria-
lizou-se e, com a Revolução Industrial, dizimou a maior
parte de suas áreas naturais. As áreas não urbanizadas
Ecoturismo ♦ 23

são as propriedades rurais, que produzem o alimento


das nações.
Em toda a Europa, pouquíssimas são as áreas natu­
rais ainda existentes, e essas, normalmente, só se man­
tiveram naturais porque de alguma maneira não
puderam ser exploradas (belezas naturais tombadas,
áreas de difícil acesso, locais com clima de difícil adap­
tação...). Para os estudiosos do turismo de países euro­
peus, sobretudo os pequenos países, ecoturismo e
agroturismo dizem respeito a um mesmo ambiente, o
rural, pois eles não possuem mais o natural.
No Brasil, a realidade é completamente diferente.
Temos uma natureza exuberante, em um vastíssimo ter­
ritório; possuímos, também, a área rural, com poten­
cialidades a serem exploradas pelo turismo. Porém, faz-se
necessário que o estudioso do turismo tenha bem claras
em sua mente essas diferenças, para que melhor admi­
nistre o turismo em cada situação apresentada.
Conceitos como Agroturismo, Turismo Rural, Turis­
mo no Meio Rural e Turismo no Espaço Rural surgiram
para tentar caracterizar a fatia do mercado que se inte­
ressa pelo retomo ao campo, ao meio rural.
Nessa área, a confusão existente para criar um con­
ceito é grande e a falta de uma definição consistente
24 ♦ Coleção ABC do Turismo

acaba por encorpar meios diversos. Algumas conceitua-


ções associam o rural ao espaço agrícola, enquanto ou­
tras se baseiam em critérios populacionais (de acordo
com o IBGE, no caso do Brasil).
A terminologia rural, atualmente, engloba aspectos
socioculturais, econômicos, demográficos e físicos, en-
tendendo-se por rurais os lugares afastados dos núcleos
urbanos e centros industriais, caracterizados por baixa
densidade demográfica e que mantêm vivas tradições
culturais.
Para facilitar o entendimento, disponibilizo a seguir
alguns conceitos estabelecidos por diferentes setores,
para reflexão.1

AGROTURISMO

“Segmento do turismo baseado na oferta de serviços -


de alimentação, de hospedagem, de produtos manufa­
turados e de serviços com forte ligação à empresa (ou
ao cultivo) agrícola.” (por exemplo, propriedades

1. Para que sua reflexão sobre o tema seja completa, sugiro


procura em dicionários renomados da língua portuguesa, das defini­
ções dos seguintes termos: Meio; Espaço; Ambiente; Agrícola.
Ecoturismo ♦

agrícolas como de plantio de hortaliças, de laranjais,


de uvas [vinícolas], etc.)
(Emater, 1998)

“Designação que se dá, em Portugal, ao turismo no es­


paço rural.”
(Domingues, 1990)

TURISMO RURAL

“Vivência no ambiente de fazendas ou outras proprieda­


des rurais, em meio à lida diária dos trabalhadores.
Contato com técnicas de plantio, trato com gado, cos­
tumes e tradições regionais.”
(Embratur, 2001)

“Segmento do turismo baseado na oferta de serviços,


como hospedagem, alimentação, e serviços relaciona­
dos a empresas (ou propriedades) que atuam no meio
rural e têm por base economia não agrícola.” (por exem­
plo, fazendas de gado, haras, etc.)
(Emater, 1998)

“Conceito amplo, abrangendo tanto as férias nas pro­


priedades agrícolas quanto qualquer outra atividade
desenvolvida nas áreas rurais.”
(Crosby, 1993)
26 ♦ Coleção ABC do Turismo

“Atividade turística no meio rural, incluindo o litoral.”

(Comissão das Comunidades Européias, 1989)

TURISMO NO MEIO RURAL

“Conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio


rural, comprometido com a produção agropecuária, agre­
gando valor a produtos e serviços, resgatando e promo­
vendo o patrimônio cultural e natural da comunidade.”

(Embratur, 1997)

TURISMO NO ESPAÇO RURAL

“A atividade turística realizada em espaço rural, com­


posta por uma oferta integrada de ócio, dirigida a uma
demanda cuja motivação principal é o contato com o
entorno autóctone e que tenha uma inter-relação com a
sociedade local.”
(Fuentes, 1995)

“Todas as atividades turísticas endógenas desenvolvidas


no meio ambiente natural e humano.”

(Prates & de Paula, 1999)


Ecoturismo ♦ 27

TURISMO VERDE

“Nome que se dá, na França, ao turismo praticado em


zonas rurais.”
(Domingues, 1990)

CONCEITUAÇÕES NO MUNDO E NO BRASIL

Um dos primeiros a utilizar e definir a atividade


ecoturística foi Ceballos-Lascuràin, na década de 1980,
conceituando turismo ecológico como

a realização de viagens para áreas naturais não pertur­


badas ou contaminadas, com o objetivo de admirar, go­
zar e estudar a paisagem, sua flora e fauna, assim como
as culturas passadas e presentes em tais áreas.

(Ceballos-Lascuràin, 1987)

Inicialmente, esse segmento do turismo foi apresen­


tado como o retomo do ser humano às suas origens, ou
seja, o reencontro do homem com a natureza em seu
estado primitivo.
Realizado em 1992, o Congresso Mundial de Eco­
turismo (Belize) gerou uma nova abordagem do con­
ceito:
28 ♦ Coleção ABC do Turismo

turismo dedicado à apreciação da natureza em forma


ativa, com o objetivo de conhecer e interpretar os valo­
res naturais e culturais existentes, em estreita interação
e integração com as comunidades locais e com o míni­
mo de impacto sobre os recursos, e ser base de apoio
aos esforços dedicados à preservação e ao manejo das
áreas naturais onde se desenvolvem as atividades ou
naquelas cuja prioridade seja a manutenção da
biodiversidade.

Outras propostas conceituais surgiram, no decorrer


dos anos.
Chavez (1993) aborda o ecoturismo como o

aproveitamento econômico não destrutivo e conserva-


cionista da natureza, realizado em certas áreas protegi­
das onde existam atrativos naturais e culturais a serem
preservados.

Lindberg & Hawkins (1996) descrevem como uma

viagem responsável a áreas naturais, com conservação do


ambiente e melhoria do bem-estar das populações locais.

Turismo Ecológico foi uma das primeiras nomencla­


turas surgidas no Brasil, em fins da década de 1980, para
Ecoturismo ♦ 29

esse segmento de mercado. Antes dela, outras denomi­


nações surgiram, tais como: Turismo de Natureza, Tu­
rismo Verde, Turismo Natural. Era praticada por poucos,
sem orientação adequada. Nesse período, em 1987, sur­
giu a primeira iniciativa governamental de ordenação
deste mercado, por intermédio da Embratur2 e do
Ibama3.
Já na década de 1990 convencionou-se a utilização
de um termo mais específico: o Ecoturismo.
A terminologia ecoturismo - absorvida com o tem­
po pelo trade turístico - foi conceituada pela Embratur,
em 1991, como:

Turismo desenvolvido em localidades com potencial


ecológico, de forma conservacionista, procurando conci­
liar a exploração turística com o meio ambiente, har­
monizando as ações com a natureza, bem como oferecer
aos turistas um contato íntimo com os recursos naturais
e culturais da região, buscando a formação de uma cons­
ciência ecológica.

2. Instituto Brasileiro de T\irismo.


3. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu­
rais Renováveis.
30 ♦ Coleção ABC do Turismo

A mesma Embratur, em 1994, por meio do seu docu­


mento “Diretrizes para uma política nacional de ecotu­
rismo”, oferece outra definição:

Segmento da atividade turística que utiliza, de forma


sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a
sua conservação e busca a formação de uma consciên­
cia ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

O segmento empresarial brasileiro diretamente liga­


do ao ecoturismo, o chamado trade ecoturístico, com
base na conceituação oficial de 1994, cunhou sua pró­
pria caracterização para o setor:

O ecoturismo é a prática do turismo recreativo, es­


portivo ou educativo, que se utiliza de forma susten­
tável dos patrimônios natural e cultural, incentiva a
sua conservação, promove a formação de consciência
ambientalista e garante o bem-estar das populações
envolvidas.
(Instituto de Ecoturismo do Brasil, 1995)

Percebe-se a evolução da abordagem do termo, que


partiu originalmente da utilização de áreas naturais
protegidas para, posteriormente, abarcar componentes
Ecoturismo ♦ 31

tanto naturais como culturais, inserindo, ainda, a preo­


cupação social e o enfoque comercial, ligados ao lucro.
Em todas as conceituações citadas, ficam claros os
pontos em comum, que constituem a base do que é o
ecoturismo:

• é uma atividade econômica;


• promove o uso sustentável dos recursos;
• busca a conscientização ambiental;
• envolve as populações locais.

Muitas pessoas ainda confundem e utilizam os termos


ecoturismo e turismo ecológico como sinônimos adequa­
dos ao segmento do turismo. Apesar da semelhança, o uso
da terminologia turismo ecológico há muito foi descarta­
do pelos órgãos oficiais, nacional e internacionalmente.
Tanto o Ibama como a Embratur, órgãos responsáveis pelo
setor, utilizam o termo ecoturismo no Brasil, como o fa­
zem também a OMT4e a Ecotourism Society.5

4. Organização Mundial do Turismo, sediada em Madri,


Espanha.
5. The International Ecotourism Society - TIES, com sede nos
Estados Unidos.
32 ♦ Coleção ABC do Turismo

É relevante frisar a importância da utilização da


terminologia correta. Quer o estudioso do assunto quer
o empreendedor com fins comerciais, preocupados com
a atitude profissional, demonstram assim conhecimento
da área, interesse e responsabilidade pelo assunto.

ECOTURISMO NO BRASIL
Conhecido mundialmente por suas belezas naturais
e pelo seu “exotismo”, o patrimônio natural do Brasil
atrai demanda interna e externa, principalmente para
áreas de ainda difícil acesso, como a região central do
País e as áreas do sertão, e regiões pouco ou nada habi­
tadas, como a Amazônia e o Pantanal.
A procura por esses locais, invariavelmente dotados
de ecossistemas frágeis e/ou de grande importância am­
biental, gera, por conseqüência, um contato com as Uni­
dades de Conservação - UC - que protegem essas áreas,
o que ocasiona, naturalmente, uma demanda para as
UCs brasileiras.
O ecoturismo teve um incremento mundial a partir
da década de 1980; na mesma época, houve um aumento
do número de UCs brasileiras com a formação dos par­
ques nacionais, categoria que constitui a principal ofer­
ta de atrativos para o ecoturista no País.
I(t í i
BIBLIOTEC.i
BRAG
Ecoturismo ♦ 33

Assim, essa atividade vem crescendo no País, junto


com a busca pelo atrativo parques nacionais, inclusive
dinamizando todo um processo de viagens de brasilei­
ros - e estrangeiros - ecoturistas.
Derivado da crescente importância do setor, a Em-
bratur lançou um programa de pólos de ecoturismo, que
possuía o apoio da TAM e do IEB (Instituto Brasileiro de
Ecoturismo), em nível nacional e internacional (Embra-
tur, 1999/2000).
Os pólos de ecoturismo surgiram com o objetivo de
identificar as localidades brasileiras onde o ecoturismo
já ocorria com algum sucesso. Com o projeto “Pólos de
Desenvolvimento do Ecoturismo no Brasil” realizou-se
um levantamento das características, potencialidades
e das condições de infra-estrutura nos locais onde o
ecoturismo se apresentava como nova alternativa de
desenvolvimento.
Foram visitados 26 Estados brasileiros, com o intui­
to de estabelecer um processo de discussão de caminhos,
de difusão de informações e de trocas de experiências.
Como resultado, foram identificados os pólos que seguem.
Esse trabalho é considerado um importante avanço
nas políticas de turismo do Brasil, contribuindo enor­
memente para a valorização do segmento no País.
34 ♦ Coleção ABC do Tlirismo

Pólos de Desenvolvimento do
Ecoturismo no Brasil6
ESTADO CÓDIGO DENOMINAÇÃO

Acre AC 1 Vale do Acre


Amapá AP 1 Pólo Amapá
Amazonas AM 1 Pólo Amazonas
Pará PAI Pólo Tapajós
Rondônia RO 1 Vale do Guaporé
Tocantins TO 1 Pólo do Cantão
Maranhão MA 1 Reentrâncias Maranhenses
Maranhão MA 2 Patrimônio Histórico
Maranhão MA 3 Lençóis Maranhenses
Maranhão MA 4 Delta do Pamaíba
Maranhão MA 5 Chapadas
Piauí PI1 Parque Nacional da Capivara
Piauí PI 2 Parque Nacional Sete Cidades
Piauí PI 3 Delta do Pamaíba
Ceará CE 1 Vale Mon. Ceará
Ceará CE 2 Serra do Baturité
Ceará CE 3 Pólo Cariri
Ceará CE 4 Pólo Ibiapaba
Ceará CE 5 Litoral Oeste
Ceará CE 6 Litoral Leste
Rio Grande do Norte RN 1 Leste Potiguar
Rio Grande do Norte RN 2 Norte Potiguar
6. Outros pólos existem, porém ainda não foram catalogados.
Ecoturismo ♦ 35

Pólos de Desenvolvimento do
Ecoturismo no Brasil
ESTADO CÓDIGO DENOMINAÇÃO

Rio Grande do Norte RN 3 Serras do Sul


Rio Grande do Norte RN 4 Pólo Cabugi
Rio Grande do Norte RN 5 Pólo Seridó
Rio Grande do Norte RN 6 Serras Sudoeste
Paraíba PB 1 Pólo João Pessoa
Paraíba PB 2 Norte Paraibano
Paraíba PB 3 Serra da Borborema
Paraíba PB 4 Sertão Paraibano
Pernambuco PE 1 Fernando de Noronha
Pernambuco PE 2 Norte Pernambucano
Pernambuco PE 3 Sul Pernambucano
Pernambuco PE 4 Buíque/Pesqueira/Venturosa
Pernambuco PE 5 Bonito/São B. do Sul
Pernambuco PE 5] Afogado/Ingazeira/Serra Talhada
Pernambuco PE 7 Bacia do São Francisco
Alagoas ALI Norte Alagoano
Alagoas AL 2 Mata Alagoana
Alagoas AL 3 Sertão Alagoano
Alagoas AL 4 Baixo São Francisco
Sergipe SE 1 Sertão Sergipano do SãoFrancisco
Sergipe SE 2 Pólo Propriá
Sergipe SE 3 Pólo Cotinguiba
36 ♦ Coleção ABC do Turismo

Pólos de Desenvolvimento do
Ecoturismo no Brasil
ESTADO CÓDIGO DENOMINAÇÃO

Sergipe SE 4 Agreste de Itibaiana


Sergipe SE 5 Litoral Sul Sergipano
Bahia BA 1 Chapada Diamantina
Bahia BA 2 Costa dos Coqueiros
Bahia BA 3 Baía de Todos os Santos
Bahia BA 4 Costa do Dendê
Bahia BA 5 Costa do Cacau
Bahia BA 6 Costa do Descobrimento
Bahia BA 7 Costa das Baleias
Espírito Santo ES 1 Pólo Itaúnas
Espírito Santo ES 2 Delta do Rio Doce
Espírito Santo ES 3 Passos de Anchieta
Espírito Santo ES 4 Serra do Caparaó
Espírito Santo ES 5 Serras Capixabas
Minas Gerais MG 1 Grutas, Serras e Diamantes
Minas Gerais MG 2 Zona da Mata
Minas Gerais MG 3 Circuito do Ouro
Minas Gerais MG 4 Terras Altas da Mantiqueira
Minas Gerais MG 5 Pólo Canastra
Minas Gerais MG 6 Pólo Caminhos do Cerrado
Rio de Janeiro RJ 1 Costa Verde
Rio de Janeiro RJ 2 Região de Atibaia
Ecoturismo ♦ 37

Pólos de Desenvolvimento do
Ecoturismo no Brasil
ESTADO CÓDIGO DENOMINAÇÃO

Rio de Janeiro RJ 3 Rio/Niterói


Rio de Janeiro RJ 4 Região Serrana
Rio de Janeiro RJ 5 Região dos Lagos
Rio de Janeiro RJ 6 Vale do Paraíba
Rio de Janeiro RJ 7 < Pólo Costa Doce
São Paulo SP1 Alto Paranapanema
São Paulo SP 2 Serras Paulistas
São Paulo SP 3 Região das Costas
São Paulo SP 4 Vale do Ribeira de Iguape
São Paulo SP 5 Paraíba do Sul
São Paulo SP 6 Mantiqueira
São Paulo SP 7 Litoral Paulista
São Paulo SP 8 Grandes Lagos
Paraná PR 1 Paranaguá/Graciosa
Paraná PR 2 Campos Gerais
Paraná PR 3 Costa Oeste
Santa Catarina SC 1 Vale do Itajaí
Santa Catarina SC 2 Ilha de Santa Catarina
Santa Catarina SC 3 Planalto Serrano
Rio Grande do Sul RS 1 Serra Gaúcha
Rio Grande do Sul RS 2 Região Central
3. COMO É?

CARACTERÍSTICAS DO ECOTURISMO

S egundo Chávez & Omarzabal (1989), as principais


características do ecoturismo são:

• Possuir um caráter inter e multidisciplinar em to­


das as suas etapas de desenvolvimento;
• Necessitar de uma organização adequada e de dis­
cernimento com vistas a evitar grandes grupos de
visitantes, já que os ecoturistas aspiram desfrutar
de exclusividade e privacidade;
• Proporcionar opções de visitas e excursões diri­
gidas;
• Englobar grupos que desejam contato mais es­
treito com as populações locais para conhecer
seus costumes e sua cultura;
4*0 ♦ Coleção ABC do Turismo

• Constituir-se de grupos exigentes quanto ao tra­


tamento de algumas questões éticas, ecológicas ou
ambientais;
• Proporcionar atividades de relaxamento com ou­
tras de índole desportiva, tais como caminhadas,
escaladas, ciclismo, etc.

Para a Embratur (1994), a atividade ecoturística deve


abranger como características conceituais:

• a dimensão do conhecimento da natureza,


• a experiência educacional interpretativa,
• a valorização das culturas tradicionais locais, e
• a promoção do desenvolvimento sustentável.

CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA ECOTURÍSTICA

O ecoturismo, como modalidade de oferta, pode ser


fragmentado, ou desenvolvido, em segmentos, propor­
cionando assim variados produtos em razão de parti­
cularidades de ecossistemas e dos recursos das áreas
de visita. Dessa forma, poderíamos utilizar uma classi­
ficação com base em um critério de temas ecoturísticos,
ou ecotemas, para abordar produtos componentes da
oferta ecoturística.
Ecoturismo ♦ 41

Bozzano (2001) apresenta uma visão resumida de


alguns tipos de oferta ecoturística de caráter represen­
tativo em termos mundiais, a saber:

Caracterização da Oferta Ecoturística por Ecotemas


ECOTEMAS AMBIENTES SIGNIFICAÇÃO

Paisagem e ecos­ Áreas de montanha, Valorização paisagística,


sistemas de mon­ vulcões, altiplanos. conhecimentos de
tanha, glaciares, fenômenos geológicos
vulcanismo. e formas de vida.

Biodiversidade, Áreas de selva, Interpretação de inter-


ecossistemas, bosques,mangue- relações e processos dos
fauna e flora. zais, alagados e ecossistemas, espécies
uma gama variada de flora e fauna
de ecossistemas. relevantes.

Espeleologia. Cavernas, grutas. Formações geológicas,


elementos singulares,
usos antrópicos, traços
culturais, biota.

Biota e paisagens Zonas marinho- Caracterização de


marinhas, costeiras. paisagens, formações
avifauna, flora geológicas e biota
e geologia. associada.

Insularidade, Ambientes Caráter de isolamento,


geomorfologia, insulares, análise de processos
fragilidade, arquipélagos. de evolução e diferen­
adaptação. ciação de unicidade e
endemismo de espécies,
intervenção antrópica.
42 ♦ Coleção ABC do Uirismo

Caracterização da Oferta Ecoturística por Ecotemas


(continuação)
ECOTEMAS AMBIENTES SIGNIFICAÇÃO

Manejo da água, Áreas lacustres, Contemplação da paisa­


hidrologia, quedas d’água e gem, valores de produ­
conservação de rotas fluviais. ção, uso e conservação
nascentes. dos recursos hídricos.
Obras humanas e usos.

Termalismo. Fontes termais, Propriedades medicinais


balneários, e de recuperação na
mananciais e natureza. Interesse por
águas minerais. lugares e práticas tradi­
cionais, banhos rituais.

Interação entorno Áreas culturais his­ Valores testemunhais,


cultural-ambiente tóricas, centros e singularidade e diferen­
natural. monumentos, zonas ciação histórico-cultural
arqueológicas, relevante, ecologia
entomos naturais humana.
e urbanos.

Etnografia, Territórios indíge­ Identidade cultural,


integração nas, comunidades adaptação ao meio,
ecocultural. tradicionais, entomos naturais
assentamentos. modificados por
práticas tradicionais,
convivência cultural.

Agronaturalismo. Espaços rurais, Produção sustentável,


paisagem cultural cultivos agroecológicos,
ou adaptada. processos de recuperação
de solos, reflorestamento,
agroreflorestamento.
Ecoturismo ♦ 43

O produto ecoturístico, segundo o autor da tabela an­


terior, caracterizou-se por sua alta dinâmica de posiciona­
mento no mercado internacional, “constituindo-se como
uma modalidade de operação de ampla cobertura que conse­
guiu desenvolver uma variada gama de oferta especializada”.
No mercado internacional, as formas de comercializa­
ção do ecoturismo recebem diversas nomenclaturas dife­
rentes. Em capítulo anterior já foram delineadas algumas
dessas denominações, com fundamentação teórica.
A confusão das nomenclaturas, misturando termi­
nologias científicas e termos comerciais, inclui também
a união entre o ecoturismo e os esportes.
Dois segmentos do turismo se vinculam ao ecoturis­
mo para a prática de modalidades que englobam exercí­
cio físico: o Turismo Desportivo e o Turismo de Aventura.
Para facilitar o entendimento, apresentam-se as ca­
racterísticas resumidas de ambos:

MODALIDADE ESPAÇO ATIVIDADES

Turismo de Áreas naturais, Senderismo, acampa­


Aventura rotas naturais e mento, expedições,
históricas. excursões marítimas,
snorkeling, trekking.
Turismo Áreas naturais, Montanhismo, escalada,
Desportivo acidentes e ciclismo, canoagem,
elementos rafting, caça e pesca
geográficos. sustentáveis.
44 ♦ Coleção ABC do Turismo

TURISMO DE AVENTURA

Um dos conceitos de Turismo de Aventura divulga­


dos no Brasil apresenta essa modalidade como sendo:

Segmento do mercado turístico que promove a prática


de atividades de aventura e esporte recreacional, em
ambientes naturais e espaços urbanos ao ar livre, que
envolvam emoções e riscos controlados, exigindo o uso
de técnicas e equipamentos específicos, a adoção de
procedimentos para garantir a segurança pessoal e de
terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e
sociocultural.

As principais modalidades do Turismo de Aventura


conhecidas são:

AR
Pára-quedismo
Sky-surf
Base jump
Asa-delta
Parapente
Balonismo
Ultraleve
Ecoturismo

TERRA
Espeleologia
Excursionismo, caminhadas - trekking e hikking
Adventure racing (corridas de aventura)
Rallies - classe turismo
Bungjump
Rope swing1
Cavalgada
Orientação - caminhada, corrida
Canionismo (rapei, tirolesa)
Montanhismo (escalada, caminhada)
Ciclismo
Mountain bike - cicloturismo
Off-road
Arborismo
Motocross
Sand board

ÁGUA
Caiaque
Surfe

1. Espécie de pêndulo com corda.


4*6 ♦ Coleção ABC do Uirismo

Mergulho
Vela
Acqua-rider
Bóia-cross
Rafting
Outrigger2
Canoa
Windsurf
Body board
Waveski

Como se pode perceber, muitas são as modalidades


esportivas que podem se aliar ao turismo. Dentre estas,
as técnicas e modalidades esportivas mais praticadas por
ecoturistas em Unidades de Conservação são: caminha­
das e corridas; montanhismo e escalada; canionismo;
rafting (rios e corredeiras); mountain bike e ciclismo.

CAMINHADAS E CORRIDAS
Ao contrário do que muitos pensam, as caminhadas
nem sempre são atividades leves quando o assunto é eco­
turismo.

2. Canoa havaiana.
Ecoturismo ♦ 47

Dispensando mais explicações quanto à sua origem,


as caminhadas podem ser feitas em trilhas predetermi­
nadas, sinalizadas ou não; a constância e a velocidade
também são medidas, quando se trata de caminhadas
em competições.
Existem modalidades de caminhada em que a posi­
ção de chegada não é a meta do participante - e, sim,
chegar ao final do percurso. É o caso de percursos liga­
dos a eventos, ou a peregrinações religiosas, que unem
a contemplação da natureza à fé. O Caminho de Santia­
go, na Espanha, e os Passos de Anchieta, no Espírito San­
to, são exemplos.
As Corridas de Aventura (ou Adventure Racing), ao
contrário do que muitos pensam, foram criadas em 1985
quando o francês Patrick Bauer, após completar um
trekking de mais de 300 quilômetros pelo Deserto do
Saara, decidiu dividir sua experiência e criou o Marathon
des Sables no Marrocos, que alguns chamam de a ver­
são não motorizada do Rally Paris - Dacar.
Basicamente a corrida exigia muita resistência, ve­
locidade e muito conhecimento em orientação para se
cruzar o Saara.
Porém, em 1989, outro francês chamado Gerard
Fusil idealizou o atual formato das corridas de aventura,
48 ♦ Coleção ABC do Uirismo

criando o Raid Gauloises (ou simplesmente The Raid),


cuja primeira edição foi na Nova Zelândia e a cada ano
é realizada em um país diferente.
O formato dessas corridas envolve vários esportes de
aventura como: montanhismo, canoagem, equitação,
trekking, mountain bike, rafting, entre outros. Além dis­
so, o percurso é revelado às equipes (geralmente forma­
das de três a cinco membros de ambos os sexos) minutos
antes da largada, e deve ser seguido mediante o uso de
mapas e bússola; não é permitido o uso de equipamento
de orientação por satélite.
O percurso, por onde as equipes viajam 24 horas por
dia (sem dormir), passa por rios, lagos, desertos, mares,
montanhas com picos nevados, etc., com uma extensão
que varia entre 100 e 300 quilômetros, dependendo de
cada evento. A primeira equipe que cruzar a linha de
chegada completa é a vencedora.

MONTANHISMO E ESCALADA
Montanhismo é a prática de subir montanhas por
meio de caminhadas ou escaladas.
O montanhismo faz parte do excursionismo, um con­
junto de atividades mais amplo que envolve o campismo,
a exploração de cavernas, a canoagem, o mergulho, etc.
Ecoturismo ♦ 49

No Brasil, a palavra alpinismo é usada como sinôni­


mo de montanhismo, pois a técnica e o nome destes es­
portes nasceram nos Alpes. Em outros lugares, no
entanto, recebe nomes diferentes. Os argentinos o cha­
mam de andinismo, por ser praticado nos Andes. E há
quem o chame de himalaísmo, quando praticado no
Himalaia.
Na verdade, o alpinismo pode ser considerado uma
técnica em que o montanhista escala em gelo, indo sem­
pre em direção ao cume da montanha. Por outro lado,
himalaísmo seria a técnica em que o montanhista, em­
bora também escalando em gelo, necessita subir aos
poucos, voltando periodicamente a um acampamento
anterior para melhor aclimatar-se no ar rarefeito das
altas montanhas do Himalaia.

CANIONISMO
Canionismo é, em síntese, a exploração de cânions
utilizando várias técnicas.
Seu precursor, o francês Alfred Martel, acabou “in­
ventando” suas técnicas básicas enquanto pesquisava a
hidrologia e geologia de cânions de difícil acesso na ca­
deia montanhosa dos Pirineus, fronteira da França com
a Espanha, no fim do século passado. Para vencer rios
50 ♦ Coleção ABC do TUrismo

acidentados, desfiladeiros e vales profundos, esse cien-


tista-aventureiro teve de combinar recursos utilizados
no montanhismo e no que seria batizado, futuramente,
de espeleologia.
Mas, se no começo o que conhecemos por canyoning
era apenas um meio de se alcançar cavernas escondi­
das atrás de cachoeiras, hoje esse meio se tornou uma
finalidade. Agora, o objetivo não é mais chegar à escuri­
dão das cavernas, mas fazer tudo às claras, a céu aber­
to, em integração com o ambiente natural.
No Brasil, o canyoning chegou somente no início da
década de 1990, também pelas mãos de espeleólogos.
Depois de conhecerem publicações européias que fala­
vam sobre o rapei aquático (descida por corda em ca­
choeiras), um pequeno grupo iniciou a prática da nova
modalidade. Tornou-se também conhecido como rapei
outdoor, confundindo-se com a técnica que utiliza.
O rapei é uma técnica de descida usada em espeleo­
logia (exploração de grutas e cavernas) e resgates que
vem sendo muito praticada como esporte radical. Os
rapeleiros, como são chamados seus praticantes, des­
cem de cachoeiras, grutas e prédios usando uma cadeiri­
nha especial e alguns acessórios, tais como mosquetões,
oito ou oitavos, etc. Durante a descida, pode-se balançar
Ecoturismo ♦ 51

e fazer várias manobras, o que realmente toma o espor­


te atraente e gostoso de praticar.

RAFTING
A primeira viagem registrada de barco em corredei­
ras foi em 1869, quando John Wesley Powel organizou
a primeira expedição no rio Colorado, Estados Unidos,
em barcos com remo central. No começo, os aventurei­
ros não possuíam nenhuma técnica para manobrar seus
barcos nas corredeiras, tiveram problemas de capota-
mentos e choques com pedras.
Quase 30 anos mais tarde, Nataniel Galloway revo­
lucionou as técnicas de rafting com uma modificação
muito simples: colocando o assento do bote virado para
a frente, possibilitou encarar de frente as corredeiras,
facilitando as manobras. Em 1909, foi realizada a pri­
meira viagem de rafting com finalidade comercial.
No Brasil, a história do rafting é bem mais recente.
Os primeiros botes para corredeira chegaram em 1982,
quando foi montada a primeira empresa brasileira. Em
1990, começaram a surgir empresas do ramo e, no final
da década de 1990, Brotas, em São Paulo, tornou-se o
município-símbolo do rafting no País.
As modalidades de rafting são:
52 ♦ Coleção ABC do Turismo

• Remos individuais. Cada pessoa do bote possui um


remo e todos remam juntos. É a modalidade mais
praticada no Brasil.
• Oar boat. Apenas uma pessoa controla um par de
remos longos que fica preso em uma estrutura de
alumínio sobre o bote.

Para a prática do rajting são necessários desde equi­


pamentos coletivos como os botes infláveis - de grande
resistência a impactos - a equipamentos individuais obri­
gatórios, como o colete salva-vidas (com flutuador) e
capacete.

M.OUNTAIN BIKE E CICLISMO


De acordo com os praticantes, essa modalidade co­
meçou na década de 1970, nos Estados Unidos, país onde
muitos esportes radicais também surgiram. Um grupo
de veteranos do ciclismo olímpico, cuja diversão era en­
frentar desafios cada vez maiores dentro do esporte,
adotou como passatempo preferido a subida de um
monte ao norte da baía de São Francisco, na Califórnia.
As adaptações às dificuldades encontradas, como uti­
lização de pneus mais largos, foram surgindo com o tem­
po e as necessidades. E o primeiro modelo considerado
Ecoturismo ♦ 53

mountain bike (ou bicicleta de montanha), chamado


stump jumper (pula-toco), passou a ser produzido em
série, já na década de 1980.
Alguns anos depois, no Brasil, houve um boom de
bicicletas do gênero até chegar ao primeiro campeona­
to brasileiro de mountain bike, em 1988.
Para quem não tem interesse em participar de com­
petições, o ideal, mesmo, é o espírito esportivo do ciclis­
mo aliado ao turismo, com o intuito de contemplação e
integração à natureza. Essa modalidade foi batizada de
cicloturismo - mais para fins comerciais que por neces­
sidade técnica.
A caracterização de cicloturismo é bem clara quan­
do se imagina um grande número de pessoas aprovei­
tando o fim de semana ou as férias para pedalar em
parques, praias, trilhas ou outras áreas arborizadas. É
cada vez mais comum ver grupos pedalando em estra­
das vicinais e mesmo em rodovias, rumo ao litoral ou
subindo as serras.
No exterior, os bikers escolhem destinos parecidos
com os de trekking. São lugares conhecidos por suas
belezas naturais, e pelas dificuldades de acesso.
Para o praticante de mountain biking, as dificuldades
fazem parte da emoção que encontram durante a ati-
54 ♦ Coleção ABC do Turismo

vidade, mas as paisagens também são igualmente indis­


pensáveis, o que caracteriza sua aliança com o segmen­
to do ecoturismo.
A prática dessas modalidades exige integração com
o ambiente natural, e respeito ao ecossistema “invadi­
do” pelos desportistas.
Em propriedades particulares, a realização dessas ati­
vidades é controlada por seus proprietários ou em nome
destes, obedecendo aos critérios de uso legal dos espaços
naturais. Já a prática de esportes em áreas protegidas,
como parques e reservas, deve ser monitorada e restrita
a áreas consideradas seguras para as atividades.
Para isso, as UCs possuem um zoneamento especifi­
cando, dentro de seu território, as áreas onde pode ou
não haver a prática esportiva, ou mesmo o simples acesso
ao turista.
Pode-se citar, como principais destinos do Turismo
de Aventura no Brasil, divididos por regiões brasileiras:

SUL
Parque Estadual Marumbi, Pau Oco, Graciosa,
Campos Gerais - PR
Costa Oeste do Paraná
Represa Ribeirão Claro - PR
Ecoturismo ♦

Guaraqueçaba, Ilha do Mel, Antonina, litoral - PR


Bombinhas - SC
Florianópolis - SC
Serra Gaúcha
Campanha Gaúcha

CENTRO-OESTE
Buraco das Araras - GO
Pirinópolis - GO
Itiquira - GO
Bonito - MS
Jalapão - TO

NORDESTE
Natal - RN
Xingó - RN
Lençóis - BA
Ilhéus - BA
Morro de São Paulo - BA
Delta do Parnaíba - PI

NORTE
Manaus - AM
56 ♦ Coleção ABC do Turismo

Barcelos - AM
Transamazônica
Serra do Navio - AC

SUDESTE

Parati - RJ
Ilha Grande - RJ
Cabo Frio - RJ
Angra dos Reis - RJ
Ouro Preto - MG
Carmo do Rio Claro - MG
Araxá - MG
Estrada Real - MG
Serra do Espinhaço - MG
Terras Altas da Mantiqueira - MG
Diamantina - MG
RPPN Caraça - MG
Circuito das Águas - MG
Ibitipoca - MG
Serra do Lenheiro - MG
São José/Carrancas - MG
Brotas - SP
Juréia (Peruíbe) - SP
Ecoturismo ♦ 57

Bertioga - SP
Ubatuba - SP
Faixa litorânea - Juréia, Superagui,
Ilha Bela - SP
São Sebastião - SP
Santos - SP
Vale do Contestado
Parque Estadual da Serra do Mar - SP
Parque Estadual da Serra da Cantareira - SP
Parque Estadual Ilha do Cardoso - SP
Parque Estadual Intervales/Petar - SP
Domingos Martins - ES
Venda Nova do Imigrante - ES

No Brasil, outra terminologia para designar a prática


de atividades em ambiente natural é bastante utilizada:
a de Esportes de Aventura, que abarca grande parte dos
dois segmentos anteriormente citados.

O ECOTURISMO E OS ESPORTES
DE AVENTURA

A ligação entre turismo e esportes teve seu clímax


quando, nos anos 80, os esportes de ação pegaram
58 ♦ Coleção ABC do Turismo

carona no movimento ambientalista. Diversas são as


formas de se praticar o ecoturismo. Podemos citar, den­
tre as mais internacionalmente conhecidas:

• exploração de cavidades subterrâneas;


• montanhismo;
• cavalgada;
• tropeirismo;
• pesca esportiva, tipo catch-and-release;
• esportes aquáticos de baixo impacto (canoagem,
bóia-cross);
• acampamentos;
• corridas de regularidade (enduro a pé, trekking de
regularidade);
• ciclismo;
• corridas de aventura;
• mountainbike;
• arborismo;
• orientação (leitura de mapas, GPS e orientação
geográfica).

O ECOTURISMO “LIGHT"

Podemos separar as modalidades de atividades físicas


ligadas ao ecoturismo em baixo impacto e alto impacto.
Ecoturismo ♦ 59

As modalidades de baixo ou nenhum impacto são


aquelas em que as agressões, ou a perturbação ao am­
biente, ao ecossistema visitado são mínimas ou inexis­
tentes. É o que podemos chamar de ecoturismo “light”.
Hobbies bem conhecidos e comuns, também prati­
cados por eco turistas, tais como: fotografia; observa­
ção de animais; filmagem am adora3, podem ser
considerados de baixo impacto.
A caminhada contemplativa também é uma ativida­
de ecoturística de baixo impacto. Tem como caracterís­
tica um público interessado em apreciar a natureza, que
produz um mínimo de ruído e possui profundo respeito
à área visitada.
A observação de animais - ou animal watching -
tem diversos segmentos e inúmeros adeptos em todo o
mundo.
Um de seus segmentos mais conhecidos e praticados
é o bird watching, ou observação de aves - e que já pos­
sui um bom número de adeptos no Brasil.

3. É necessário lembrar que tanto a fotografia quanto a filma­


gem devem ser amadoras, posto que existem leis que regulam a utili­
zação de filmagem e fotografia em Unidades de Conservação para fins
comerciais.
60 ♦ Coleção ABC do Turismo

Outro segmento do animal watching executado e co­


mercializado no País é a observação de baleias - ou whale
watching - comum no litoral sul brasileiro.
Além destas, podem-se enumerar as seguintes ativi­
dades de baixo impacto:

• caminhadas por trilhas de interpretação da na­


tureza;
• expedições científicas de botânica, zoologia, ar­
queologia, etc.;
• safáris fotográficos;
• mergulhos contemplativos;
• passeios em embarcações rústicas (jangada, ca­
noa, balsa);
• vôos panorâmicos (ultraleve, asa-delta, balão);
• observações panorâmicas da paisagem.
4. ONDE PRATICAR?

EM ÁREAS NATURAIS PÚBLICAS

s áreas naturais existentes no Brasil são generica­


A mente denominadas Unidades de Conservação.
As Unidades de Conservação (UCs) podem ser públi­
cas ou privadas. As UCs públicas mais conhecidas são os
Parques Nacionais e as Áreas de Proteção Ambiental -
APAS e as Reservas Biológicas.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação -
que engloba essas categorias de UCs, além de outras mais
- em seu artigo 2Q, define oficialmente Unidades de Con­
servação como:

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo


as águas jurisdicionais, com características naturais re­
levantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
62 ♦ Coleção ABC do Turismo

especial de administração, ao qual se aplicam garan­


tias adequadas de proteção.

Percebe-se que, além dos objetivos existentes na de­


finição da lei, uma das características das UCs é a impo­
sição de critérios que devem limitar atividades dentro
dessas áreas.
Cada categoria de UC tem características e normas
próprias, que regulam seu uso e protegem seus recur­
sos, a saber:

APA

A Área de Proteção Ambiental - APA - é uma cate­


goria de UC pública, com características e normas va­
riáveis de caso a caso. Isso porque, apesar de pública,
ela é criada em áreas que também podem ser particula­
res, ou mistas.
Essa UC pode possuir, em seu território, um certo
grau de ocupação humana, mas deve ser dotada de atri­
butos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especial­
mente importantes.
Uma das características mais marcantes dessa cate­
goria é o fato de que podem ser estabelecidas normas e
Ecoturismo ♦ 63

restrições para a utilização de uma propriedade privada


localizada em uma Área de Proteção Ambiental. Nor­
malmente essas restrições dizem respeito a empreendi­
mentos potencialmente poluidores, e não abrangem o
segmento do ecoturismo.

PARQUES NACIONAIS

Os Parques Nacionais são UCs criadas em nível fede­


ral pelo Ibama. A legislação que os regulamenta, dentro
do SNUC, prevê, ainda, variáveis dessa categoria cria­
dos pelo Estado e pelos municípios - Parque Estadual e
Parque Natural Municipal, respectivamente.
Foi por intermédio do modelo de Parques Nacionais
- trazido dos Estados Unidos em meados do século XIX
- que surgiram as demais categorias. Os Parques Nacio­
nais, bem como os Estaduais e os Parques Naturais Mu­
nicipais, representam um grande atrativo turístico para
o País, e são grandes atrativos para o segmento de eco­
turismo.
A prática do ecoturismo está sujeita às normas e res­
trições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, e
às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração.
64 ♦ Coleção ABC do Turismo

RESERVAS BIOLÓGICAS

As Reservas Biológicas - Rebios - têm como objetivo a


preservação integral da biota e dos demais atributos natu­
rais existentes em seus limites, sem interferência humana
direta ou modificações ambientais. São de posse e domí­
nio públicos, mas não permitem o uso direto do turismo.
Nas Rebios é proibida a visitação pública, exceto
aquela com objetivo educacional, de acordo com regu­
lamento específico. Isso não impossibilita por completo
o uso ecoturístico da área, mas limita as modalidades
de ecoturismo e impede a exploração comercial.

EM ÁREAS PARTICULARES

O ecoturismo pode também ser praticado em áreas


particulares. Ainda dentro do SNUC, existe uma catego­
ria de Unidade de Conservação que prevê a posse priva­
da, e a prática turística é autorizada: é a categoria
denominada Reserva Particular do Patrimônio Natural.

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

A Reserva Particular do Patrimônio Natural, ou sim­


plesmente RPPN, é uma área privada, gravada com per-
Ecoturismo ♦ 65

petuidade - ou seja, o dono não pode vendê-la, ficando


como herança de pai para filho - com o objetivo de con­
servar a diversidade biológica.
Por iniciativa de seu proprietário, uma área se toma
RPPN mediante reconhecimento do Poder Público (em
nível federal, pois requer o aceite do Ibama), se conside­
rada de relevante importância pela sua biodiversidade,
aspecto paisagístico ou por características ambientais
que justifiquem ações de recuperação.
Os proprietários dessas áreas têm no turismo sua
maior fonte de renda, incentivando, assim, o desenvol­
vimento do ecoturismo. Como essas áreas não podem
ser alteradas, a solução para obter lucros é o planeja­
mento voltado para o turismo, com ênfase na promo­
ção de atividades ecoturísticas, como as citadas no
capítulo anterior.
Outros tipos de áreas particulares podem, também,
promover o ecoturismo. Porém, há de se ter, nessas
áreas, atrativos naturais preservados, com proteção cla­
ra e território delimitado, mesmo que não amparado
por lei.
5. QUEM. PRATICA?

TIPOS DE ECOTURISTA

cima de tudo, os ecoturistas são pessoas partici­


A pantes. Existe participação e interação com o
ambiente:

• na maioria dos casos são pessoas adultas ou da ter­


ceira idade, mas também adolescentes e - integran­
tes de grupos familiares ou escolares - crianças;
• possuem espírito de aventura e são curiosas;
• desejam adquirir novas experiências de vida e,
também, compartilhá-las com seres do seu conví­
vio social;
• suas viagens não são necessariamente difíceis: em
suas aventuras, raramente são submetidos a de­
safios e a testes de habilidades especiais ou prévia
68 ♦ Coleção ABC do Turismo

experiência; são, isso sim, interessados em mos­


trar suas capacidades e seus conhecimentos.

Hoje, o ecoturismo é considerado um segmento eli-


tizado: o turista que procura essa fatia do mercado, cos-
tumeiramente, possui um grau de cultura elevado e de
poder aquisitivo de médio a alto. Social e economica­
mente, a chamada classe média (média-média e média-
alta) é o público característico.
Existem os ecoturistas praticantes e os eventuais.
Os praticantes caracterizam-se por uma busca con­
tínua de contato e integração com a natureza; são adep­
tos fiéis de uma ou várias práticas ecoturísticas, em que
essa fidelização não necessariamente representa “obri­
gatoriedade” ritual da prática de determinada atividade
- o mais comum é a alternância na prática de várias
atividades.
Os eventuais são os que buscam um contato esporá­
dico com a natureza utilizando-se, para isso, do ecotu­
rismo; normalmente, são pessoas que procuram aliviar
a tensão e o estresse do dia-a-dia, e quase sempre pro­
curam atividades de mais ação para tanto.
6. QUEM TRABALHA COM ISSO?

O PROFISSIONAL DE CAMPO
ode-se dizer que o profissional de campo é a chave
P para uma experiência ecoturística bem-sucedida.
Para que isso ocorra, ele tem de estar apto a satisfazer
as necessidades e vontades do ecoturista que, como já
vimos, não possui um único perfil.
O profissional deve possuir conhecimentos de geogra­
fia, história, biologia, ecologia, botânica, entre outras ciên­
cias, além de noções de primeiros socorros e cultura local,
de cada uma das áreas que percorre.
Vários são os nomes dados aos profissionais de cam­
po que são encontrados trabalhando no País. Guia de eco-
turismo, condutor de áreas naturais, monitor de trilha1,

1. Existem várias denominações para diversos cursos de guia:


Guia de Ecoturismo; Guia Condutor para Áreas Naturais; Condutor
70 ♦ Coleção ABC do Turismo

ou até mesmo mateiro (este, normalmente é o morador


da região aproveitado para o serviço).
Ao invés de nos ater à questão legal que implica o
exercício dessa profissão, deve-se ressaltar a importân­
cia desse profissional que, além de manter o controle e
fornecer informações ao grupo ou ao ecoturista, deve
manter-se permanentemente preparado para as mais
inesperadas situações.

OBJETIVOS DO PROFISSIONAL DO
TURISMO NO SEGMENTO ECOTURISMO

PROMOVER O ECOTURISMO

PRESERVAR O PATRIMÔNIO NATURAL


(que é o atrativo turístico)

DESENVOLVER O EQUILÍBRIO ENTRE AMBOS

de Visitante Ecoturístico, etc. Todos são cursos em nível de ensino


médio e necessitam ser feitos em instituições de ensino profissionali­
zante, reconhecidas pelo MEC e pela Embratur, sendo o Senac uma
das mais conhecidas e respeitadas.
Ecoturismo ♦ 71

0 PLANEJADOR E ORGANIZADOR

O planejador é o indivíduo capaz de estruturar todo


o planejamento do ecoturismo, ou seja, elaborar rotei­
ros, verificar viabilidades de usos de áreas, identificar
preferências do público-alvo, definir infra-estruturas,
criar apoio logístico, etc. Ao agir dessa forma, o plane­
jador já toma para si o papel de organizador, pois ao
determinar o universo de informações e ações que irão
compor as atividades ecoturísticas oferecidas, o plane­
jador já estará construindo o produto final.
Para agir como um bom planejador de ecoturismo é
necessário ter capacitação técnica e recomendável ser
formado por um curso superior.
Dentre as funções do planejador de ecoturismo, pode-
se destacar:

• planejar;
• organizar;
• mensurar;
• avaliar;
• propor soluções para os problemas encontrados.

Existem algumas diferenças entre o profissional de


nível superior da área de ecoturismo e o guia de ecotu-
72 ♦ Coleção ABC do lürismo

rismo - como existem no turismo em geral. O guia é um


executor; ele age conforme as regras impostas, sob orien­
tação ou após treinamento.
O profissional de nível superior é, normalmente, um
mentor; ele idealiza e planeja, avalia e propõe, cria a
estrutura para o desenvolvimento do ecoturismo em de­
terminado local.

0 INSTRUTOR

No equilíbrio da balança entre criação e execução


está o instrutor.
Esse ator tem papel fundamental no processo ecotu-
rístico, pois é ele o responsável pela construção do co­
nhecimento, necessário aos demais personagens.
São vários os tipos de instrutores necessários ao
aprendizado para o desenvolvimento do ecoturismo, já
que muitas são as habilidades necessárias: primeiros so­
corros, natação, técnicas de escalada, mergulho, busca
e salvamento, manejo de instrumentos de orientação,
equitação, entre outros - sem contar a busca pelo co­
nhecimento teórico relacionado às ciências, como his­
tória, geografia, etc.
7. QUE CUIDADOS TOMAR?

CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO


DO ECOTURISMO

ara o ecoturismo, a sustentabilidade é a chave, a


P principal condição, razão e conseqüência de seu
desenvolvimento.
Após anos de trabalho nessa área, a OMT tem,
identificados, os seguintes princípios, características
e condições que a oferta ecoturística deve satisfazer
para assegurar sua sustentabilidade a longo prazo.
São eles:

1. O ecoturismo deve contribuir para a conserva­


ção das áreas naturais e para o desenvolvimento
sustentável das áreas adjacentes e das comuni­
dades que as habitam.
♦ Coleção ABC do Turismo

2. O ecoturismo precisa de estratégias, princípios e


políticas específicas para cada nação, região ou
área.
Para ser sustentável a longo prazo, o ecoturis­
mo não pode ser desenvolvido simplesmente co­
piando-se o que foi feito em outros lugares, sem
considerar as variáveis ambientais, sociais, cul­
turais e econômicas da localidade, nem fazendo
crescer estruturas e surgir serviços de maneira
anárquica e desordenada.
3. O ecoturismo necessita de sistemas de coorde­
nação práticos e eficientes entre todos os atores
envolvidos.
Nesses sistemas, devem-se incluir principal­
mente os governos federal, estaduais e munici­
pais, as empresas privadas e as comunidades
locais e suas organizações sociais.
4. A planificação do ecoturismo deve contemplar
critérios restritos de ordenamento territorial -
incluindo reservas naturais1, áreas de baixo im­
pacto e áreas de impacto médio. Esses critérios

1. As nossas Unidades de Conservação (UCs).


Ecoturismo ♦ 75

devem ser respeitados sem exceções, especial­


mente no que se refere a edificações e outras
infra-estruturas turísticas.
5. O planejamento físico e o desenho das infra-es-
truturas ecoturísticas2 devem ser feitos de ma­
neira a minimizar qualquer impacto negativo
que podem ter sobre o meio natural ou o meio
cultural.
O ideal, para total integração ambiental, é que
os materiais de construção, os estilos arquitetô­
nicos, o mobiliário e a decoração sejam locais e
que fontes de energia de baixa contaminação
sejam utilizadas.
6. Os meios de transporte e comunicação utiliza­
dos em área ecoturísticas devem ter baixo im­
pacto ambiental. Os esportes que requeiram
meios de transporte altamente contaminantes ou
ruidosos devem ser definitivamente proibidos
nestas áreas.

2. Especialmente hotéis e outros meios de alojamento, restau­


rantes e centros de informação turística em parques ou outros tipos
de áreas naturais protegidas.
76 ♦ Coleção ABC do Turismo

7. A prática de ecoturismo em parques nacionais


e outras áreas protegidas deve cumprir estrita­
mente os planos e regras de gestão destas áreas.
8. Facilitar e tomar efetiva a participação ordena­
da das comunidades locais nos processos de pla­
nejamento, desenvolvimento, gestão e regulação
do ecoturismo.
9. Estabelecer mecanismos (legais, fiscais e comer­
ciais) que permitam que uma porção importan­
te dos ingressos provenientes da chegada de
ecoturistas a uma localidade seja canalizada para
as comunidades locais.
No caso de áreas desabitadas ou de parques
nacionais, estes recursos devem ser canalizados
a objetivos de conservação do patrimônio natu­
ral e da biodiversidade.
10. Assegurar que o ecoturismo seja um bom negó­
cio ou, em outras palavras, que ele seja também
sustentável do ponto de vista econômico.
11. Todos os atores envolvidos pelo ecoturismo de­
vem estar bem informados e conscientes dos cus­
tos de mitigar os possíveis efeitos negativos dessa
atividade.
Ecoturismo ♦ 77

12. O cumprimento das leis e normativas que regem


o turismo deve ser melhorado e mais estrito no
caso do ecoturismo.
13. Deve-se considerar a possibilidade de implanta­
ção de um sistema de certificação para estabele­
cimentos e operações ecoturísticas (pelo menos
em âmbito nacional).
14. A educação e a capacitação são pré-requisitos de
toda atividade sustentável de ecoturismo.
15. Os ecoturistas necessitam de informações deta­
lhadas e especializadas tanto antes como duran­
te sua viagem.
16. Os catálogos, folhetos e quaisquer outros ma­
teriais gráficos de promoção ecoturística de­
vem conter informação substancial sobre a
experiência que oferecem aos potenciais eco­
turistas.
17. Tanto os canais de comercialização como os
meios promocionais relativos ao ecoturismo de­
vem ser confiáveis e consistentes, tanto em re­
lação ao tipo de turismo que se oferece ao
consumidor quanto em relação à tipologia dos
ecoturistas.
78 ♦ Coleção ABC do Turismo

Essa seleção enfoca os diversos ângulos do segmen­


to ecoturismo, desde o planejamento até a comerciali­
zação, da realidade local ao processo mundial, do recurso
natural à situação social.
Mas é preciso lembrar que há particularidades em
cada caso que refletem a singularidade do destino, da
cultural local e do meio natural a ser visitado.
No Brasil, essas particularidades são maiores e mais
destacadas, pois a riqueza cultural e ambiental é muito
maior do que na maioria dos países que estimulam as
práticas ecoturísticas.
Por sua vez, os impactos derivados do ecoturismo pre­
cisam ser monitorados em nível global e detalhadamen­
te discutidos em nível local, aproximando, assim, os
valores locais de uma utilização sustentável racional e
adequada.

CONHECENDO OS IMPACTOS

Mensurar os impactos - positivos ou negativos - não


é tarefa fácil.
Visando facilitar o entendimento geral, resumem-se
aqui pontos positivos e negativos da prática ecoturística
em áreas naturais.
Ecoturismo ♦ 79

POSITIVOS

• gera emprego local;


• estimula rentáveis indústrias domésticas;
• diversifica a economia local;
• estimula o melhoramento dos serviços locais;
• incentiva o desenvolvimento de áreas marginais;
• melhora a compreensão e a comunicação entre
diferentes culturas;
• proporciona financiamento a programas das
áreas protegidas;
• motiva o desenvolvimento de infra-estrutura para
o uso público de comunidades locais, assim como
de visitantes;
• demonstra o valor das áreas naturais em nível de
tomada de decisões e na comunidade.

NEGATIVOS

Quando mal planejado e sem gerenciamento ou fis­


calização, o ecoturismo pode ser extremamente preju­
dicial à área visitada, causando diversos tipos de
problemas. Os mais comuns são:
80 ♦ Coleção ABC do Turismo

• estimula o comércio ilegal de animais e plantas;


• causa poluição ambiental (nas matas, nos rios,
nos córregos, nas cachoeiras, etc.);
• intensifica a procura por determinados atrativos,
podendo gerar aumento descontrolado no núme­
ro de visitantes e saturação do atrativo;
• gera estresse ambiental, derivado do aumento no
número de visitantes;
• atrai empreendedores inescrupulosos, com finali­
dades de lucro rápido e pouco interesse pela con­
servação do ambiente.

DICAS E SUGESTÕES

Não importa se você é um ecoturista ou um guia de


ecoturismo, um planejador ou um executor dessa mo­
dalidade. Alguns cuidados são simples, mas essenciais
para o bom resultado de seu programa.

Antes de qualquer coisa, program e-se

Estruture seu roteiro de viagem com antecedência.


Procure conhecer as condições, as vias de acesso - e leve
em conta que sua situação e intensidade de movimento
Ecoturismo ♦ 81

são influenciadas pelo clima, pela temperatura, pela es­


tação do ano, pelos feriados nacionais e locais, entre
outros fatores.

Comunicação é tudo

Informe-se previamente sobre as condições de


visitação e/ou da prática do esporte que deseja na área
pretendida. Lembre-se de que acidentes naturais ou even­
tos de grande monta podem impedir o seu programa
temporariamente.
Se você é do tipo que prefere um programa solitário,
o cuidado deve ser redobrado. Radiocomunicador, celu­
lar (com bateria extra!), bússola (ou GPS) e mapas são
instrumentos que proporcionam maior segurança. Avi­
sar aos responsáveis pela área (no caso de parques, aos
guardas-parque) o que pretende fazer e a que horas pre­
tende sair.

O respeito à natureza é o seu aliado

Caso a sua opção seja fotografia, observação de ani­


mais, filmagem ou caminhada contemplativa, saiba que
o respeito ao ambiente visitado é essencial para a sa-
82 ♦ Coleção ABC do Turismo

tisfação do seu programa. Tente integrar-se ao máximo


à natureza, tomando cuidados:

• quanto ao som: evite fazer barulho; não utilize


aparelhos de som - mas se precisar, utilize em vo­
lume bem baixo; deixe seu celular no modo silen­
cioso (imagine se bem no meio de uma foto
espetacular seu telefone toca?);
• quanto aos materiais: não deixe vestígios de sua
passagem - e isso inclui o lixo; use um saco para
recolher os seus resíduos, e leve-o consigo (nada
de deixar pelo caminho); não retire qualquer tipo
de elemento natural.

Lembre-se do dito popular:

Da natureza nada se tira, além de fotos;


Nada se leva, além de lembranças;
Nada se deixa, além de pegadas.
8. QUESTÕES PROPOSTAS

1. Ao pensar que o ecoturismo é uma atividade hu­


mana, pode-se crer que ela não surgiu ao mes­
mo tempo em que sua definição. Sendo assim,
com quais práticas antigas comparam-se as atuais
atividades turísticas?
2. Para conceituar o ecoturismo, quais os princí­
pios fundamentais que deveriam nele constar?
3. Quais as diferenças percebidas entre os concei­
tos de ecoturismo, turismo rural e agroturismo?
4. No Brasil, como são genericamente conhecidas
as áreas naturais protegidas de maior interesse
ecoturístico?
5. Assinale, entre as alternativas citadas a seguir, a
que apresenta as áreas naturais protegidas onde
é possível a prática do ecoturismo:
Coleção ABC do TUrismo

( ) Parque Aquático, Área de Proteção Ambien­


tal, Reserva Natural do Patrimônio Nacional.
( ) Parque Nacional, Área de Preservação Am­
biental, Reserva Particular do Patrimônio
Nacional.
( ) Parque Nacional, Área de Proteção Ambien­
tal, Reserva Pública do Patrimônio Natural.
( ) Parque Aquático, Área de Preservação Am­
biental, Reserva Natural do Patrimônio Na­
cional.
( ) Parque Nacional, Área de Proteção Ambien­
tal, Reserva Particular do Patrimônio Natural.
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SOBRE A AUTORA

atrícia Côrtes Costa é bacharel em Turismo pela


P Faculdade de Turismo de Guarapari, ES, com pós-
graduação lato sensu em Ecologia e Recursos Naturais
pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); pós-
graduação lato sensu em Ecoturismo pela Universidade
Federal de Lavras (UFLA); e mestrado em Turismo: pla­
nejamento e gestão ambiental, pelo Centro Universitá­
rio Ibero-Americano (Unibero - SP).
Ex-coordenadora de curso da Faculdade de Turismo de
Guarapari. Ex-coordenadora de Pós-Graduação da Admi­
nistração de Ensino Superior de Guarapari - FIPAG/AESG.
É docente titular da cadeira de Educação Ambiental
e Ecoturismo da FACTUR-ES, desde 1998, e instrutora
do Programa de Ensino a Distância do Senac - ES na
área de Educação Ambiental.
Atua como coordenadora do curso de Turismo da
Faculdade São Mateus (ES).
Ecoturismo
Patrícia C ô rtes C osta

Muito já se escreveu sobre o ecoturismo, mas há


pouco consenso sobre o seu significado. Isso se
deve à sua natureza multifacetada: são inúmeras
atividades oferecidas por uma grande diversidade
de operadores e praticadas por uma variedade
ainda maior de tipos de turistas.
Este livro aborda o assunto de forma direta e prática,
explicitando as principais questões sobre o tema
- O que é? Como é? Onde praticar? Quem pratica?
Que cuidados tomar? - e fornecendo um rico
material para pesquisa e discussão, principalmente
para estudantes e apaixonados pelo assunto.

ISBN 85-85887-65-6

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