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Vitimação ao longo da vida

caracterização e impacto
“Pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, incluindo lesões

físicas ou mentais, sofrimento emocional, prejuízo financeiro, ou tenham sido


substancialmente afetadas nos seus direitos fundamentais, por atos ou omissões …”
(ONU, Assembleia Geral das Nações Unidas na sua resolução 40/34, de 29 de
Novembro de 1985) 2
Violência no contexto familiar
Ciclo de risco e transgeracionalidade

Maltrato do idoso
abuso/negligência
Violência
entre
parceiros
Violência íntimos
filioparental
Violência
interparental
Violência
Entre irmãos
Maltrato infantil Ciberviolência
abuso/negligência
Agressão Stalking
sexual

Agressão
Bullying
física

Violência
Assalto Extra ciberviolência
familiar
Violência entre parceiros íntimos (VPI)
“padrão de controlo coercivo,
envolvendo o exercício de poder e domínio,
num relacionamento íntimo” (Walker, 1994)

OMS: VPI é um problema de saúde pública

Emocional = ameaças, desvalorizações, intimidação


Social = isolamento (restrição de contactos)
Económica = controlo de gastos
Física = bater, queimar
Sexual
Ciclo de violência
3 etapas

acumulação de tensão =

confrontos num acumular de hostilidade

e ansiedade, ameaça, abuso emocional,

começa o medo por parte da vítima

episódio agudo = explosão da violência

(violência verbal, física, ameaças de morte,

medo constante)

lua de mel = arrependimento, pedido de desculpas,

promessa de não repetir


Negligência e abuso na infância:
quando o perigo mora em casa

AB. 40 anos
vítima de violência física e psicológica por parte da mãe que se
mantém depois de já estar casada
Mãe: ” Tomei injeções para abortar mas mesmo assim não
morreste! És o diabo!”
Atualmente não tem contacto com a mãe e refere um bom
ambiente familiar, tanto com o marido como com os filhos.
Criança vazio =

negligência saúde

escola

brincar

afecto

abandono

negligência
Síndroma de Munchausen
por Procuração
Abuso
Criança objeto
Abuso
físico
Abuso Fatal

Abuso Exploração
psicológico do trabalho infantil

Exposição à
violência interparental Abuso sexual
ABUSO

Criança Objecto =

das expectativas

dos desejos

das crenças Do adulto

da autoridade

das frustrações

Criança = propriedade do adulto


Abuso fatal da criança
um episódio fatal violento
um percurso negligente/abusivo fatal

Batidos (fracturas, hemorragias,


lesões internas: cerebrais, torácicas, abdominais)
Abusados sexualmente
Queimados
Sufocados/asfixiados
Sub nutridos/desidratados
Apáticos

Bebés e crianças pequenas


(Zumwalt & Hirsh, 1987)
Abuso fatal da criança

Agressores

Doença psiquiátrica (Psicoses)


Stress
Drogas
Falta de informação
(Zumwalt & Hirsh, 1987)
Síndroma de Munchausen por procuração

Indução de sintomas nas crianças com o objectivo do


adulto ganhar atenção e simpatia, aumenta a auto-estima
e o sentimento de ser cuidado/apoiado (médicos, família,
etc.), passar a imagem do “bom” cuidador que se
preocupa e cuida da criança

(Kathryn Artingstall, 2005)


Síndroma de Munchausen por procuração

AGRESSORES

Mães biológicas ( pais, avós, amas, etc.)


Recebem tratamento psiquiátrico
Alguns evidenciam comportamentos autodestrutivos (automutilações) e
tentativas de suicídio
Apresentam frequentemente uma história de
vitimação na infância em contexto familiar
Sintomas depressivos
(Kathryn Artingstall, 2005)
Abuso Sexual

Não implica contacto físico

Implica uma relação intrusiva para a vítima

intimidade; falta de controlo;

impossibilidade de parar o abuso

dimensão individual

dimensão sociocultural
(Finkelhor)
Abuso Sexual

Modelo das 4 pré-condições

motivação para o abuso sexual

desactivação dos inibidores internos

desactivação dos inibidores externos

dominação da resistência da criança

Finkelhor
Violência entre irmãos
A forma mais comum de violência na família
(Eriksen & Jensen, 2009; Wiehe, 1997)
Que regista mais taxas de vitimação na infância e adolescência
(Finkelhor, Turner, & Ormond, 2006)

Violência
Física
Psicológica
Sexual
(Relva, Fernandes, Alarcão, & Martins, 2014)
Violência Filioparental

- sintoma de uma relação familiar perturbada que traduz a ausência de respeito e


do reconhecimento da autoridade parental da parte dos filhos dependentes
(crianças e jovens) em relação aos seus progenitores ou cuidadores;
- identifica-se uma subversão da hierarquia familiar com a apropriação indevida
de poder por parte dos filhos, que recorrem a chantagens, ameaças, agressões
verbais e não-verbais, como meio de controlo sobre os progenitores (Patuleia &
Alberto, & Pereira, 2013)
Violência Filioparental

A pesquisa tem reconhecido que as variáveis tradicionalmente analisadas no


estudo da violência em geral (e.g. nível socioeconómico, stress familiar) não têm a
mesma influência na VFP (Brezina, 1999, Pereira & Bertino, 2009)

A crença generalizada de que os progenitores têm de proteger os seus filhos e a


falta de clareza sobre o que é um comportamento aceitável ou intolerável têm
contribuído para o reconhecimento tardio da VFP, mesmo entre profissionais e
decisores políticos, limitando a intervenção (Agnew & Huguley, 1989)
Maltrato do idoso
Infligir

- dor física e/ ou psicológica


- “aprisionar”; retirar o dinheiro,
- privar de serviços que são necessários para a manutenção
da saúde física e mental,

de forma consistente, por parte do cuidador


Vítimas

mulheres
Doença
doentes isolamento
vulnerabilidade

violência
Abusadores

fontes de Stress
internas e externas
familiares
mulheres!!!

em dependência patologia
económica consumo
Ciclo de violência
transgeracionalidade
Sistema cultural
Legitimação/tolerância de alguns comportamentos e padrões de

relacionamento

Estabelecimento de papéis e estatutos (marido-mulher; pais-filhos;

crianças/idosos)

Contexto comunitário

Condições laborais - autoridade

Instituições sociais – suporte vs tensão/stress

Enquadramento - vizinhança
Narrativas das vítimas

Sentem que merecem ser tratadas daquela maneira

sentem que não podem fazer nada para mudar

a relação abusiva/negligente

têm uma percepção desencantada da sua própria vida

têm “um sentimento profundo de que

forças externas governam o seu destino”

(Keane et al., 1990)


Numa leitura sistémica (Belsky)

transgeracionalidade (Bowen)

transmissão de geração em geração


- Perspectiva ameaçadora dos outros /Desconfiança
- Necessidade de estabelecer o seu próprio espaço
- aprendizagem social
Sem limites, regras, balizas...
- dificuldade de compreensão empática
- crenças familiares
Impacto e as consequências da vitimação

Vítimas
São submetidas e constrangidas a padrões relacionais de “controlo coercivo,
envolvendo exercício de poder e domínio”
(Walker, 1994)

Pessoa = objeto/propriedade - (AB)USADA


ausência de reconhecimento e respeito pela sua dimensão
“PESSOA/SUJEITO”; perda de dignidade, do respeito, de controlo, de
sentimento de segurança

OMS:
Os diferentes tipos de violência no contexto familiar
são um problema de saúde pública

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Impacto e as consequências da vitimação

- Implica uma relação intrusiva (física, psicológica, social) para a vítima

-Perceção de impossibilidade de parar o abuso/sentimento de impotência

= desânimo aprendido (Seligman)

- Falta de credibilidade

- Responsabilidade /Culpa

-Locus de controlo externo - “um sentimento profundo de que forças externas

governam o seu destino” (Keane et al., 1990)

-Representação do mundo como ameaçador; vulnerabilidade, sensação de

morte precoce

-Dificuldade em confiar e estabelecer relações de intimidade (longo prazo)


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Impacto e as consequências da vitimação
Medo / Ansiedade/Angústia/ Terror
Confusão – ausência de uma estrutura/organização (Caos)
Nojo / Vergonha (agressão sexual)
Raiva
Dificuldade/recusa de contacto físico (e.g. agressão sexual)
Baixa Auto-Estima - “Sentem-se feias, porcas e más”
Ambivalência na relação com os outros
Pensamentos (memórias) intrusivas, dificuldades de atenção e
concentração
Pesadelos ou perturbações do sono
Hipervigilância PTSD
Agressividade
Evitamento/restrição de actividades e contactos 29
Cognitivo Afectivo

Depressão
Dificuldades de atenção Ansiedade
Auto-estima baixa
Dificuldades escolares
Apatia
Abandono escolar Culpa
Menor produtividade laboral

Psicomotor Social
Agitação motora Isolamento
Inibição motora Agressividade
Atraso Desconfiança
Relações superficiais
Desenvolvimento global
30
Teoria Diferencial de Tomkins-Izard “dez emoções”

Emoções de tonalidade agradável


e de finalidade adaptativa positiva

interesse
alegria

Emoções de situações de expectativa

surpresa
angústia 31
Emoções de tonalidade desagradável
de finalidade adaptativa positiva
Tríade da hostilidade

cólera
aversão (nojo)
desprezo

Emoções de tonalidade desagradável


de finalidade adaptativa negativa
Tríade de autoculpabilização

medo
vergonha
culpa
32
Há vítimas

sem sintomatologia (manifesta)

competentes nos vários domínios

33
Impacto e as consequências da vitimação

Marginalização da família

Fragmentação/ Prisão do agressor


dissolução revelação
Familiar Lealdade

Retirada da família

Culpa
Descrédito
Vitimação secundária
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