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A ESCUTA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA/ABUSO
DEFININDO CONCEITOS
• Abuso: do latim - Abusus = mau uso.
 Excesso imoderado; Exagero; Ato contra o pudor ou desonra.
• Agredir: do latim – Aggred = prejudicar direta ou indiretamente
alguém.
 Atacar fisicamente; atacar moralmente; causar incômodo.
• Pinto Junior (2005) diz que o termo abuso-vitimização é usado
adequadamente quando se quer falar de uma violência praticada pou
uma pessoa mais forte, ou com mais poder, sob uma pessoa mais
fraca, ou com menos poder.
• Violência (Segundo Dicionário Jurídico): ato de força praticado com a
intenção de violentar, destruir ou se apossar de.
TIPOS DE ABUSOS CONTRA
CRIANÇAS/ADOLESCENTES
• Abuso físico: ação intencional no qual o adulto usa de sua força física para causar
dor e desconforto à criança/adolescente.
 Bater, sacudir, arremessar, envenenar, queimar; afogar, sufocar, etc.
 Essa agressão pode causar marcas físicas, e inclusive levar à morte.
• Abuso emocional ou psíquico: maus tratos emocionais contínuos com a intenção
de causar efeitos adversos severos e contínuos ao desenvolvimento emocional de
criança/adolescente.
 Rejeição, desrespeito, depreciação, discriminação, punção ou cobrança
exagerada, agressões verbais, humilhações, etc.
 A Criança passa sentir-se constantemente assustada e ameaçada.
 Pode comprometer sua capacidade de amar e confiar nos outros, e a sua
autoestima.
TIPOS DE ABUSOS CONTRA
CRIANÇAS/ADOLESCENTES
• Negligência: são todas as omissões em satisfazer as necessidades físicas e/ou
psicológicas da criança/adolescente.
 Falhas no fornecimento de comida, afeto, medicamentos, abrigo, proteção, educação,
higiene, roupas adequadas, assistência a saúde, etc.
• Violência fatal: atitudes ou ausência de atitudes, físicas e/ou psíquicas e/ou sexual
praticadas por responsáveis que possam ser considerados condicionantes da morte de
crianças e adolescentes.
• Abuso sexual: envolvimento de crianças/adolescentes em atividades sexuais que eles
não compreendem totalmente, às quais eles são incapazes de dar um consentimento
informado, e que objetivam a ratificação das demandas e desejos sexuais da pessoa
que comete o abuso.
 É considerado abuso sexual qualquer relação (hetero ou homossexual) em que o
agressor esteja em estágio psicossexual mais adiantado que a pessoa abusada, ou
que haja entre abusador e vítima uma diferença de tamanho, idade e/ou poder.
 Levar para ver material pornográfico, levar para assistir relações sexuais, sexo oral,
sexo sem penetração, sexo com penetração, penetração com objetos, etc.
CARACTERÍSTICAS DA VIOLÊNCIA
COM CRIANÇAS/ADOLESCENTES
• Características:
 Estudos mostram que, no Brasil, 10% das crianças que passam por pronto-
socorro com histórico de acidente são vítimas de violência doméstica.
 Segundo a OMS, a violência é o que mais mata crianças e adolescentes no
mundo.
 Em 2002, a OMS, recomendou aos países trabalhar a questão da violência
também como uma questão de saúde pública, incluindo-se a violência doméstica
e sexual contra crianças e adolescentes.
 Estudos comprovam que a maioria dos casos de abuso sexual se dão em
contexto intrafamiliar, com pessoas que deveriam exercer a proteção da
criança/adolescente.
 É comum a violência sexual praticada contra criança/adolescente,
principalmente a intrafamiliar, vir desacompanhada de vestígios físicos.
CARACTERÍSTICAS DA VIOLÊNCIA
COM CRIANÇAS/ADOLESCENTES
 O abuso sexual geralmente vem acompanhado de outras formas de violência
(física, psicológica, negligência).
 O abusador sexual costuma transferir para a criança/adolescente a
responsabilidade pela violência ocorrida e pelas consequências de uma
possível revelação.
 A violência contra crianças/adolescentes tem caráter universal: acontece em
todas as classes sociais, religiões etc.
 As consequências de violências sofridas por crianças/adolescente são
diversas, sendo as mais comuns, para ambos os sexos:
 Ansiedade, raiva, problemas nas relações interpessoais, depressão,
transtornos alimentares, abuso de álcool e outras substâncias psicoativas,
transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático,
problemas afetivos-sexuais, etc.
MITOS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL
COM CRIANÇAS E ADOLEESCENTES
• Meninas correm mais risco de sofrerem abuso sexual do que
meninos.
 Embora haja mais notificações de abusos sofridos por meninas, é
considerável o número de meninos que sofrem abuso sexual.
 Deve-se considerar que, para um menino que sofre abuso sexual de
um homem, a angustia com a revelação é maior.
 Também é bom considerar que abuso sofrido por um menino de uma
mulher, muitas vezes é socialmente desconsiderado e até valorizado.
• Apenas pessoas adultas abusam de crianças e adolescentes.
 São crescentes os relatos de crianças/ adolescentes que são
abusadas por outras crianças/adolescentes.
MITOS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL
COM CRIANÇAS E ADOLEESCENTES
• Os abusadores sexuais são monstros, pessoas estranhas.
 Sanderson (2005) defende que em 85% dos casos de abuso sexual, o
abusador é alguém conhecido pela criança, e tem a confiança dela.
 Uma pesquisa feita no município de São Paulo, verificou-se que em um
grupo de 238 casos, 41,6% o abusador foi o pai, 20,6% padrasto, 13,9% tio,
10,9% primo, 3,8% irmão.
 Os abusadores sexuais de crianças/adolescentes geralmente são pessoas
gentis, simpáticas e tem muito jeito com crianças.
 Facilmente conquistam a confiança dos pais e a amizade da
criança/adolescente.
• Mulheres não abusam sexualmente de crianças/adolescentes.
 Segundo Sanderson (2005) 20 – 25% dos casos de abuso sexual com
crianças e adolescentes são praticados por mulheres.
A FALA DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
SOBRE O ABUSO SEXUAL SOFRIDO
• Considerar a fala da criança/adolescente sobre um abuso sexual
sofrido é muito perigoso, pois pode-se condenar essa vítima ao
silencio.
 A grande maioria das crianças/adolescentes abusadas levam um
tempo até contar para alguém do abuso sofrido.
 Todas as crianças/adolescentes que, após um tempo, seguem sem
falar, apresentam um medo de não serem acreditadas.
• As crianças, quando estão sofrendo ou já sofreram abuso sexual,
podem apresentar algumas características comportamentais,
cognitivas, emocionais, físicas, que devem ser observadas,
consideradas e investigadas, representando um pedido de ajuda,uma
expressão do sofrimento vivido.
A FALA DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
SOBRE O ABUSO SEXUAL SOFRIDO
• São esses os sinais:
 A criança age de maneira sexual inadequada com brinquedos, objetos, animais
e/ou pessoas; masturbação compulsiva; linguajar exageradamente sexuado;
reprodução do abuso sofrido com crianças menores, brinquedos, animais, etc.
 Comportamento agressivo; oscilações de humor; sinais de insegurança e medo;
aparência distante; atitudes depressivas.
 Distúrbios do sono; distúrbios alimentares; auto-flagelação.
 Queda no rendimento pedagógico; recusa de participar de atividades escolares.
 Adoecimentos recorrentes sem explicação médica.
 Aparecimento de feridas na áreas genitais; aparecimento de Dsts.
 Confusão/ansiedade relacionadas a sexualidade; tentativas inadequadas de
afirmar a masculinidade.
A ESCUTA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA/ABUSO
• Escutar crianças/adolescentes na perspectiva do ECA – Sujeito de direito com peculiar
condição de desenvolvimento – exige algumas atitudes:
 Permitir que a criança/adolescente expresse opinião acerca dos fatos que digam
respeito a sua vida, e ser partícipe das decisões a serem tomadas.
 Reconhecer como verdade a história contada por criança/adolescente, prestigiando e
valorizando os seus sentimentos.
 Ouvir empaticamente a criança/adolescente, se colocando no lugar dela, reconhecendo
seu tempo de elaboração e fala, e respeitando seu silêncio.
 Ampliar os recursos da criança/adolescente parta que possa elaborar o conteúdo
traumático.
 Acompanhar a criança/adolescente no processo de posse e sua existência e
reconstrução existencial.
 Desempenhar esforço para não expor criança/adolescente em mais situações de
constrangimento e sofrimento.
OBRIGADO
• Bibliografia:
CFP. A Escuta de crianças e adolescentes envolvidos em situação de violência e a rede de
proteção. Brasília (DF): CRP. 2010.
DOWSLEY, N. de S. SOUZA, S. Escutando e ressignificando o som do silencio de crianças
vítimas de abuso sexual. Recife: FAFIRE. (monografia de TCC). 2007.
HOHENDORFF, J. V; HABIGZANG, L. F.; KOLLER, S. H. Psicoterapia para crianças e
adolescentes vítimas de violência sexual no sistema público: panorama e alternativas de
atendimento. In: Psicologia, Ciência e Profissão. Brasília: CFP. v. 35, n. 1, p. 182-198. 2015.
WAKSMAN, R. D.; HIRCHHELMER, M. R. (Cols.). Manual de atendimento às crianças e
adolescentes vítimas de violência. Brasília (DF): CFM. 2011.

• Prof. Ms. Ronaldo Gomes Neves

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