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Violência Sexual contra crianças e adolescentes

Introdução
• Psi Policial
• Para essa aula, os termos violência sexual e abuso sexual sao sinônimos

Mitos
• Toda violência sexual é possível de ser descoberta através de exames médicos periciais
(exame de corpo de delito) pois deixa vestígios físicos no corpo da vítima. (mito)
• Violência não é só física, existem outros tipos, e isso se aplica a abuso/violência
sexual;
• O exame médico é necessário e essencial em muitos casos mas nem sempre. A
violência sexual é um crime difícil de ser descoberto, invesyigado e comprovado.
• O abusador/agressor é sempre uma pessoa desconhecida da vítima, pois pessoas
próximas não cometem violência sexual. (mito)
• A grande maioria das situações são cometidas por pessoas próximas da criança.
• Crianças e adolescentes vítimas de violência sempre verão a situação como dor e
sofrimento. (mito)
• Nem sempre atos de violência sexual a criança vai sentir como um sofrimento ou uma
dor.
• Somente homens cometem violência sexual.(mito)
• São mais raras denúncias de violência sexual cometidas por mulheres, mas não se pode
dizer que só homens cometem.
• A maior parte dos abusos sexuais são cometidos por padrastos.(mito)
• Não se tem esse dado;
• Tomar precauções com a visão preconceituosa do padrasto;
• Padrasto sempre como alvo de desconfiança.
• Somente meninas são vitimadas por violência sexual.(mito)
• Meninos também podem ser vítimas.
• Violência sexual é caracterizada somente quando existe coito pênis-vagina.(mito)
• Existem várias formas e dinâmicas de violência sexual.
• Existem sintomas muito específicos que determinam a ocorrência de vivência
abusiva.(mito)
• Nem sempre a criança que apresenta determinados sintomas foi vítima de uma
violência sexual, assim como nem sempre a vítima da violencia vai paresentar
sintomas.
• É determinante que todas as crianças e adolescentes vitimados por abuso sexual terão
graves prejuízos psicológicos.(mito)
• A instauração de prejuízos psicológicos depende de uma série de fatores
• Alguns fatores: tipo de abuso, tempo de abuso, rede de apoio da criança, condição de
resiliência…
• Excluir o estereótipo e o preconceito da criança traumatizada

Violência sexual ou Abuso sexual


• Todo abuso sexual é um ato de violência;
• É um ato que a pessoa submetida não escolheu, no caso das crianças não têm
conhecimento ou condição de escolher => consentimento

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• Prática definida, anteriormente, de acordo com o contexto sociocultural;
• Conceitos da área da psicologia, para o direito e tipificação penas talvez sejam outros
• Contexto sociocultural: sociedades em que meninas casam cedo e praticam atividades
sexuais mas que para nós isso é absurdo
• Hierarquia entre as partes envolvidas: em faixas etárias e de desenvolvimento psicossexual
diferentes, condição física diferenciada, papéis sociais em que uma parte possa estar
subordinada a outra (pais e filhos, patrões e empregados, alunos e professores, enteados e
padrastos entre outros; Assim, a parte hierarquicamente superior faz uso de sua posição para
induzir e/ou obrigar o outro a interagir sexualmente, a fim de obter satisfação a si;
• livro “Abuso sexual em crianças” de 2005 por Christiane Sanderson
• Literatura importante sobre a área mas que precisa ser lida com ressalvas e pensamento
crítico/reflexivo
• O abuso sexual envolve comportamentos como: leves toques no corpo (“passar a mão”,
masturbação, carícia, toque), ato sexual –genital- em sua completude, ou, mesmo, em alguns
casos, interação sem contato físico (observar a criança nua, fazer ela observar alguém nu,
manter relação sexual na presença de uma criança de forma intencional, pornografia, assédio,
exploração sexual).
• As situações envolvendo o ato sexual genital completo são mais raras. As mais comuns
são toques e “passadas de mão”, até porque, o ato sexual/genital deixa vestígios.
• Tipos de violência sexual
• Práticas sem contato físico: voyeurismo, exibicionismo, assédio, pornografia e
exploração sexual;
• Práticas com contato físico: sem introdução (masturbação, carícias, toques) ou com
introdução (oral, vaginal, anal);
• INTRAFAMILIAR => perpetrada por alguém da família mas não significa só de
mesmo sangue. Inclui padrinhos, família extensa, vizinho/amigo muito íntimo
• EXTRAFAMILIAR => perpetrada por pessoas estranhas. Inclui rofessores, vendedor
de banca, vizinho sem muito contato

Sintomas decorrentes de Abusos Sexuais


• Importante que se saiba quais são os sintomas, mas tomar cuidado com algumas palavras
(sempre, somente, apenas)
• Quando a criança tem consciência de que está passando por um abuso, uma situação de alto
estresse, e ela não pode contar para ninguém ou se sente ameaçada, isso pode desencadear
uma série de sintomas.
• Existem outras situações de alto estresse, com separação dos pais, viver em ambiente
de violência doméstica, situações na escola, familiar dependente químico, que não tem
relação com abuso sexual.
• Por isso os sintomas não são determinantes, são avaliados em um contexto maior com
outros sinais
• Alterações cognitivas: a baixa concentração e atenção, o baixo rendimento escolar, o refúgio
na fantasia, a dissociação e as crenças distorcidas (percepção de inferioridade e inadequação,
culpa pelo abuso e desconfiança).
• Alterações emocionais: medo, ansiedade, tristeza, vergonha, culpa, raiva e irritabilidade.
• Alterações comportamentais: comportamentos autodestrutivos, a agressividade, o abuso de
substâncias, a conduta hipersexualizada, as mudanças nos padrões de sono e alimentação, as
fugas do lar, furtos e o isolamento social, transtornos de ansiedade, de humor, dissociativos,
alimentares, transtorno do estresse pós-traumático, hiperatividade, déficit de atenção, enurese
e encoprese.

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• Atenção: Não é possível inferir, com certeza, a ocorrência de abuso sexual devido à
identificação desses sintomas:
• Vítima de abuso sexual sem consequências aparentes;
• Ausência de quadro sintomatológico específico;
• Tais sintomas podem estar presentes em outros quadros psicopatológicos, que não
envolvem vivência sexualmente abusiva.

Dinâmicas de Abusos Sexuais contra crianças e adolescentes


• Frases de crianças, adaptadas para resguardar o sigilo. Baseadas em atendimentos feitos por
psicólogo policial em delegacia de polícia
• “ O Tio João lambeu a minha perereca e disse que só faria novamente se eu pedisse
para ele” (criança com 5 anos de idade, abuso intrafamiliar);
• A criança não tem entendimento e o “tio” faz de uma forma que a criança não
sinta dor
• Relação de sedução, afeto, carinho
• A criança sente prazer físico também
• “Ele dizia que aquilo era bom e que se eu contasse para alguém, iria estragar a família”
(menina, abusada dos 5 aos 11 anos de idade por um tio);
• Fala recorrente: medo de estragar a família
• “Eu gostava quando ele passava, fazia massagem” (menina com 6 anos, primo (16
anos) passava o pênis em sua região genital)
• Livro “Violências, Vulnerabilidades e Psicologia” de 2020 por Aline Pazzolo Batista e
Danielle Cadan
• Capítulo sobre educação sexual
• Crianças são providas de ZONAS ERÓGENAS, que lhes proporcionam prazer corporal
quando tocadas;
• A imensa maioria dos abusos não lesiona e nem causa dores físicas às crianças;
• A maior parte dos abusos sexuais são perpetrados por pessoas próximas às crianças
(INTRAFAMILIAR);
• O sigilo dos abusos se mantém, às vezes, por anos;
• “Síndrome do segredo” (Furniss, 1993): ameaças ou barganhas (presentes, passeios, agrados
à criança)- pacto com o agressor/abusador;
• Crianças mais jovens e escasso contato à educação sexual tendem a guardar segredo, pois não
compreendem a interação como errada;
• Quanto mais tempo durarem os abusos sexuais, mais prejuízos psicológicos podem ocorrer às
crianças e adolescentes.
• Exemplo: abuso começa com 5 anos autorizado pela criança, pois “era bom”, e quando
atinge 9/10 anos e entende o que aconteceu pensa “eu autorizei e a culpa é minha”. A
criança se sente responsável e tem uma relação de afeto ambígua com a pessoa
agressora.

Revelação de Abusos Sexuais contra crianças e adolescentes


• Maior parte dos casos não deixa vestígios físicos;
• Comumente, a revelação se dá por meio do relato da criança a pessoas de sua confiança;
• Muitas vezes a pessoa de confiança não é da família, é uma professora da escola ou
uma colega
• Crianças em idade muito precoce, quando relatam a interação abusiva, podem não ter
entendimento;

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• “ O Tio João lambeu a minha perereca e disse que só faria novamente se eu pedisse
para ele” => a criança contou pra mae não como confissão de um abuso mas como
algo que aconteceu no dia a dia
• Deixar a criança relatar livremente, sem fazer perguntas sugestivas, as quais podem induzi-
las a dar certas respostas.

Perguntas sugestivas em casos de suspeita ou de revelação de abuso sexual


• Acrescentam detalhes não ditos pela criança: local, nome dos genitais.
• Ex.: Ao invés de perguntar “onde isso aconteceu?” “como isso aconteceu?”, pergunta
“Ele fez no seu quarto? Ele colocou o pipi na sua perereca? Ele te ameaçou?”
• Uso de estereótipos para se referir ao suposto abusador.
• Ex.: Ele é um monstro! Ele é um pedófilo!
• Uso de expressões intimidatórias.
• Ex.: Por quê? Mas como você deixou? Por que não me contou antes?
• cuidado com a saúde mental da criança

Prejuízos psicológicos Decorrentes de abusos sexuais


• Situação de alto estresse para a criança, tanto o abuso quanto a revelação
• Sentimento de culpa por ter deixado acontecer;
• Sentimento de ter “estragado a família”
• Após a revelação: separações, litígios familiares, mudanças abruptas na rotina
familiar;
• Vítimas de abuso sexual podem ter seu desenvolvimento afetado em termos cognitivos,
emocionais e comportamentais.
• As consequências desse tipo de abuso podem variar de acordo com alguns fatores:
• a) características do abuso sexual;
• b) características pessoais das vítimas;
• c) suporte social e afetivo conferido às vítimas.
• Para evitar esses prejuízos: acolhimento da revelação e encaminhamento são basilares;

Resumo
• Nem todo abuso/ violência sexual deixa vestígios físicos;
• Grande parte das pessoas que cometem abuso (abusadores/agressores/violentadores) são
pessoas próximas da vítima- INTRAFAMILIAR;
• Interações sexualmente abusivas, comumente, não causam dor ou desconforto físico e, em
muitos casos, causam prazer físico;
• Homens e mulheres podem cometer abusos sexuais;
• Meninos e meninas são vitimados por violência sexual;
• Existe abuso sexual com e sem contato físico;
• Não existe uma sintomatologia que determine a ocorrência de abuso sexual;
• Os prejuízos psicológicos decorrentes de vivências sexualmente abusivas variam de acordo
com o contexto do abuso e dos cuidados posteriores à revelação.

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