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Seminário Interdisciplinar sobre violência sexual contra Crianças e Adolescentes

A violência sexual na Infância e


Juventude: indicadores e proteção

Sonia Liane Reichert Rovinski


Psicóloga Judiciária
TJ/ Goiânia - 2010
Problema - conceito
 Violência Sexual na Infância e Juventude

“Todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou


homossexual cujo agressor esteja em estágio de
desenvolvimento psicossexual mais adiantado que a criança ou
o adolescente com o intuito de estimulá-las sexualmente ou
utilizá-las para obter satisfação sexual”.

Deslandes (1997)
Problema - conceito
 Abuso sexual
 Intrafamiliar
 extrafamiliar
 Exploração sexual
 Prostituição
 Pornografia
 Turismo sexual
 Tráfico de pessoas para fins sexuais
Problema – abuso sexual
 Intrafamiliar  Extrafamiliar
 relação de caráter sexual  ocorre fora do âmbito
entre adulto e criança quando familiar
existe um laço familiar (direto  o agressor é, na maioria
ou não) ou relação de das vezes, alguém que
responsabilidade a criança conhece e em
 O agressor quase sempre quem confia – (vizinhos
possui uma relação de ou amigos da família,
parentesco com a vítima educadores, médicos,
psicólogos, padres e
 O agressor tem certo poder
pastores)
sobre ela, tanto do ponto de
vista hierárquico e  O agressor pode ser
econômico, como do ponto alguém totalmente
de vista afetivo. desconhecido
Problema - epidemiologia
Finkelhor (1994):
 prevalências variam: 3 a 16% ♂
2 a 62% ♀

 Estatística síntese de19 estudos analisado:


5 a 10% ♂
20% ♀
Problema – epidemiologia - Brasil
ABRAPIA, 2000 a 2003
Instituto WCS Brasil, 2008:
(Childhood Brasil)  Implantação de disque-denúncia
 2.700 denúncias mensais de
abuso e exploração sexual
Denúncia dos casos de abuso sexual

Modelo hipotético canadense-“The child witness Project”


Estimaram:

6% recebem
condenação
Dinâmica dos casos de abuso sexual que
dificulta a denúncia e a proteção da criança

 Síndrome do Segredo  Construção de provas


 o agressor manipula a na Justiça
criança numa intensa  O abuso acontece
rede de ameaças e apenas na presença da
barganhas criança e do abusador,
 Síndrome da adição criando a necessidade
do testemunho da
 Comportamento
criança como prova.
compulsivo do
descontrole de impulso
diante do estímulo
gerado pela criança
Violência contra a criança

Abuso sexual
Maltrato físico
Intervenção na área da saúde:
Maltrato psicológico
Objetivo de diminuir sofrimento
Negligência “bio-psico-social”

Intervenção judicial:
Objetivo de punir e Cuidado
responsabilizar culpados com a
criança
Avaliação psicológica da criança

 No contexto clínico  Contexto forense


 Determinar as conseqüências  Determinar se o fato
psíquicas decorrentes da
realmente ocorreu
violência
 Determinar o risco de nova
violência  Determinar as conseqüências
 Sugerir a melhor forma de psíquicas decorrentes da
intervenção violência
 Determinar o risco de nova
violência
 Sugerir a melhor forma de
intervenção

Responsabilização civil e/ou


criminal
A avaliação psicológica no contexto forense

PROBLEMA: “Existe realmente a situação de maltrato à


criança?”

Qual metodologia de investigação deve ser utilizada?

Psicóloga Sonia Rovinski


Abordagem psicológica clínica:
Quais são nossas expectativas??

TRAUMA GERA SINTOMAS PSICOLÓGICOS

CONFIRMA

Psicóloga Sonia Rovinski


Riscos na determinação da presença de uma
conduta de maltrato / abuso

1. Definir a conduta de maltrato (físico,


psicológico, sexual)
 Limites de aceitabilidade social
 Limites dos valores pessoais
 Definição legal

Psicóloga Sonia Rovinski


Não existe a situação traumática

TRAUMA SINTOMAS PSICOLÓGICOS

outras experiências

Sem valor jurídico


Psicóloga Sonia Rovinski
Riscos na determinação da presença de uma
conduta de maltrato / abuso

2. Diferenciar a definição normativa legal


daquela de saúde mental

 A severidade da violação da norma social não pode


ser determinada apenas pelas conseqüências dos
danos produzidos na criança (há crianças abusadas
sem dano)

Psicóloga Sonia Rovinski


A situação traumática existe, mas não causa
sintomas

TRAUMA GERA SINTOMAS PSICOLÓGICOS

NÃO PODE CONFIRMAR

Psicóloga Sonia Rovinski


Riscos na determinação da presença de uma
conduta de maltrato / abuso
3. Inexistência de sintomas exclusivos (baixa
especificidade) que possam ser associados a
condutas específicas de maltrato / abuso sexual
Indicadores:

 Sexual: ansiedade, reações dissociativas ou histéricas, dist.


comportamento sexual, queixas somáticas, anorexia,
obesidade, enurese, encoprese
 Físico: depressão, conduta agressiva, sintomas dissociativos

Psicóloga Sonia Rovinski


Os sintomas são decorrentes de outros conflitos
Separação Brigas Disputa
dos pais familiares judicial

? GERA SINTOMAS PSICOLÓGICOS


TRAUMA
?

CONFIRMA

Psicóloga Sonia Rovinski


Crenças sobre as potencialidades da avaliação
psicológica

TRAUMA GERA SINTOMAS PSICOLÓGICOS

?
? CONFIRMA ?

Psicóloga Sonia Rovinski


Estudos sobre variáveis que confirmam o maltrato

Não-vítimas de Presença de
abuso sexual
sintomas X e
Y
INDICADORES

Grupo de vítimas VALIDAR


de abuso sexual
Estudos sobre variáveis que confirmam o maltrato

Vítimas de maus-
tratos físicos negligência
Presença de
sintomas X e Y

Vítimas abuso
sexual Separação dos pais
Alienação parental

Rejeição por grupo de iguais


Síndrome de Alienação parental
 Processo que consiste em programar uma criança
para que, sem justificativa, odeie um de seus
genitores (Gardner, 1985).
 SAP  implantação de informações que estejam em
discordância com o que a criança experimentou
previamente com o genitor alienado.
 Efeitos na criança:
 Pacto de lealdade com o alienador / Conflito de
lealdade exclusiva
 Genitor e filho tornam-se unos, inseparáveis
Separação dos pais  Pai não-guardião passa a ser um intruso, que
Alienação parental deve ser afastado a qualquer preço
 Sente-se no “dever” de proteger o genitor
alienador
Os indicadores de abuso que serão utilizados para inferir a
ocorrência do fenômeno precisam apresentar as seguintes
características:
Validade Valor de diferenciação
Associação entre a Variável que permitiria
variável e a ocorrência diferenciar as crianças
de abuso (ainda que não que vem para avaliação
seja numa relação entre as que sofreram
direta). O nível de abuso e as que não
validade pode variar, sofreram abuso.
dependendo, em parte, Tecnicamente, a perfeita
da porcentagem de diferenciação seria feita
vítimas que apresentam por aquela variável que
tal variável. ocorresse apenas com
crianças abusadas e
nunca com crianças que
não foram abusadas.
Validade X diferenciação

Uma variável que não é válida não pode ter


valor de diferenciação, mas ela pode ser válida
e não ter poder de diferenciação.
Valor das variáveis indicadoras de abuso

Valor de incremento / Validade incremental


Ocorre quando uma variável é acrescentada a um
conjunto de outras variáveis e resulta num incremento na
acurácia da determinação de sinas de abuso.
Geralmente, quando se acrescenta variáveis válidas a
outras também válidas se aumenta o poder de
previsibilidade; mas:
Estas podem simplesmente se sobrepor,
Uma com menos acurácia ao se sobrepor pode diminuir a
validade da outra
Características da avaliação psicológica forense

 Quando se busca responder sobre a


determinação do fato:
 A avaliação toma um caráter investigativo;
 O objeto de investigação não se limita ao mundo
interno, mas envolve fatos da realidade objetiva
 No mundo interno o foco da investigação não são os
conflitos inconscientes, mas o SEGREDO que a
criança precisa guardar da violência real que lhe é
impingida.
Psicóloga Sonia Rovinski
A comunicação do abuso pela criança
(Furniss, 1993)

As comunicações inconscientes e de
segredo são de natureza fundamentalmente
diferente.

Comunicações secretas são partes do


aspecto consciente da natureza interacional.
Entrevista forense

Características
O objetivo é a comunicaçãoda avaliação psicológica
O objetivo é a comunicação
da experiência psicológica da realidade externa

Entrevista clínica

Modo interpretativo de intervenção Modo investigativo de intervenção


Psicóloga Sonia Rovinski

AInconsciente Segredo
comunicação do abuso pela criança (Furniss, 1993)
 A criança não percebe a  A criança percebe a
comunicação comunicação
 Comunicação de experiência  Comunicação de realidade
psicológica externa
 Restabelecimento de evento  A criança está testando se o
traumático aspecto de realidade é
 Interpretação para mudar o entendido
significado dos eventos  O terapeuta precisa fazer
perguntas a si próprio, ou à
MODO INTERPRETATIVO DE criança, para clarificar a
TERAPIA realidade externa
MODO INVESTIGATIVO DE LIDAR
Psicóloga Sonia Rovinski COM O SEGREDO
Violência contra a criança
As duas abordagens psicológicas são necessárias.
Porém, são distintas em seu s objetivos e,
Abuso sexual conseqüentemente , em sua METODOLOGIA.
Maltrato físico Mas, são complementares na proteção da criança.

Maltrato psicológico Intervenção na área da saúde:


Negligência Objetivo de diminuir sofrimento
“bio-psico-social”
Intervenção judicial:
Objetivo de punir e Cuidado
responsabilizar culpados com a
criança
Enquadre técnico da avaliação forense

 A prova pericial
 Fica definida como “exame, vistoria ou avaliação”
 Perito deve respeitar prazos de entrega do laudo
 É realizada a pedido do juiz
 Pode solicitar documentos, obter informações, ouvir
testemunhas
Papel do avaliador

Clínica X forense
 O clínico estabelece uma relação baseada no bem-estar
(o melhor interesse) de seu paciente e na
confidencialidade – aspectos que colocam em risco a
objetividade do avaliador forense.
 A precisão da informação é sempre importante. Mas na
clínica o motivo do atendimento geralmente é a “visão do
paciente”; enquanto que na forense o examinador deve
responder a respeito de fatos que extrapolam esta visão
 As fontes de informações não devem se restringir ao
periciado, mas a todas possíveis.
Metodologia de avaliação forense

 No contexto forense existe a necessidade de se recuperarem


informações a respeito de fatos ocorridos no passado. Nestes
casos, a palavra da vítima ou testemunha adquire fundamental
importância para a resolução do processo judicial e o trabalho
realizado na entrevista dirige-se à obtenção destas
informações.
 Sempre que a entrevista exigisse um foco na recuperação de
dados da memória a técnica a ser utilizada deveria ser
diferenciada daquela utilizada na clínica, caracterizando a
chamada “entrevista investigativa”. (Köhnken, 1995)
Características da entrevista investigativa

Tem por objetivo elucidar fatos que possam


ter ocorrido e que sejam, ou não, de interesse
da Justiça.

Responde a duas questões básicas:


 O que aconteceu (se realmente aconteceu)?
 Quem fez isso?
Psicóloga Sonia Rovinski
Entrevista investigativa
 Está fundamentada nos princípios da
entrevista cognitiva:
 Baseia-se em princípios psicológicos vastamente
conhecidos sobre o armazenamento de memória
e recuperação de informações
 Seu objetivo é ajudar o entrevistador a recordar o
maior número de informações, assim como
gerar maior número de detalhes corretos sem
aumentar o número de detalhes incorretos ou
fabricados. Psicóloga Sonia Rovinski
Os desafios na recuperação dos dados de
memória

Premissa básica de muitos psicólogos:


“Criança não mente”

Literatura:
- em certas circunstâncias pode mentir;
- não mentir não significa que esteja trazendo
a verdade dos fatos (sugestionabilidade,
falsas memórias...)
Psicóloga Sonia Rovinski
O que são falsas memórias? (Stein e col, 2009)

 Falsas memórias não são mentiras ou fantasias das


pessoas;
 São semelhantes às memórias verdadeiras quanto a
base cognitiva e neurofisiológica;
 Diferenciam-se das memórias verdadeiras por se
constituírem, na parte ou no todo, por lembranças ou
informações de eventos que não ocorreram na realidade;
 As FM são fruto do funcionamento normal, não
patológico, da memória.
Psicóloga Sonia Rovinski
Testemunho

Fidedigno Não Fidedigno

Memórias Falsas Distorção


Verdadeiras Memórias proposital
dos fatos

Verdade para a testemunha


Falsos reconhecimentos de memória

Espontaneamente Implantação de sugestão


Informações falsas, compatíveis
Processo normal de
com a experiência, que vêm do
compreensão
exterior (acidental ou deliberada)
Resulta de processos de
distorção mnemônica
Teorias explicativas das Falsas Memórias
(Stein e col, 2009)

Teorias Pressupostos teóricos Limitações


Construtivista -Único sistema de memória; -Somente uma memória é
-Memória construída com base no construída;
significado; - informações literais seriam
-FM são fruto do processo de perdidas.
interpretação da informação.

Monitoramento da - FM são atribuições errôneas da - É uma teoria de julgamento


fonte fonte de informação lembrada por e tomada de decisão sobre a
erro de julgamento e não fruto de fonte de memória
distorção da memória. recuperada;
- FM somente para
informações sobre a fonte.
Psicóloga Sonia Rovinski
Teorias explicativas das Falsas Memórias

Teorias Pressupostos teóricos Limitações


Teoria do Traço -Modelo dos múltiplos traços; -Teoria mais complexa;

difuso -Mais de um sistema de memória; -Não explica os erros de


-Memórias literais e de essência julgamento de fonte de
armazenadas em traços experiências diferentes.
independentes e em paralelo.

Psicóloga Sonia Rovinski


Teoria do traço difuso

 Memória literal  Memória de essência


 Detalhes  Significado / padrões
 Específico  Difuso
 Frágil / suscetível a  Robusto
interferência  Desenvolvimento –
 Pré-escolares (até 6 (adultos e idosos)
anos)
Desenvolvimento da memória

 Quanto maior a idade:


 maior a produção de MV - aumenta a capacidade
de recordação
 maior produção de FM- a memória de essência vai
se sobrepondo à memória literal

 Crianças pré-escolares, por terem um predomínio da


memória literal, apresentam mais esquecimento e
menos FM que as crianças com idade escolar.
Estudos sobre a memória da criança

 A abordagem sociolingüística afirma a emergência do self cognitivo a partir


dos dois anos – quando a criança passa a ser capaz de relacionar os
eventos com ela (“aconteceu comigo”);
 A memória autobiográfica da criança se desenvolve no contexto das
interações sociais, conforme os dados que lhe são passados;
 Crianças em situações de estresse (alto teor emocional de valência
negativa e alto nível de alerta) apresentam uma melhora da memória para o
evento, principalmente quanto aspectos centrais da experiência
(essenciais), não ocorrendo o mesmo para aspectos periféricos
(específicos);
 A não-lembrança do evento traumático pode estar associado à falta de
disponibilidade para relatá-lo (vergonha, medo ou culpa);
Estudos sobre a memória da criança

 Eventos repetitivos: memória melhora quanto aos aspectos


invariáveis, mas torna-se mais imprecisa e sugestionável para
aspectos variáveis.

 Descrição de eventos que são familiares à criança


apresentam-se mais ricos em detalhes, não diferenciando
aqueles que são realmente vividos daqueles imaginados. A
familiaridade pode ser dada pela repetição da experiência ou,
simplesmente, pela repetição verbal do evento em questão.

Psicóloga Sonia Rovinski


Sugestionabilidade infantil

 Estudos científicos mostram que as crianças (principalmente


aquelas pré-escolares) são vulneráveis a sugestionabilidade:
 Fatores relacionados às características da própria criança (fatores
cognitivos):
 Dificuldade com recordação livre
 São deferentes
 Dificuldade em identificar a fonte de informação
 Características individuais (↓autoestima, ↓inteligência, ↓cap. linguística)
 Fatores relacionados ao contexto da entrevista
 Estilo de pergunta
 Atmosfera da entrevista
 Uso de recursos específico, como bonecos anatômicos
Psicóloga Sonia Rovinski
Sugestionabilidade infantil

Exemplo de um experimento com entrevista


sugestivas (Warren & Lane , 1995).
 As crianças eram expostas a uma entrevista sugestiva
após um evento. Uma semana depois, em uma
segunda entrevista, era pedido um relato livre do
evento.
 Achados:
 9 anos: repetiram 21% dos detalhes sugeridos na primeira
entrevista
 3 a 4 anos: repetiram 41 % dos detalhes sugeridos na
primeira entrevista

Psicóloga Sonia Rovinski


Sugestionabilidade infantil

O que são perguntas sugestionáveis??


 Que acrescentam detalhes não ditos pela criança;
 Usam estereótipos frente ao acusado
 Usam tom acusatório frente a criança (conseqüências
positivas e negativas da entrevista)
 Repetição de questões que não foram respondidas
conforme a crença do entrevistador
 Pedem para a criança imaginar uma situação, opinar sobre
algo que poderia ter ocorrido.
 Falar para a criança que o entrevistador recebeu de outras
pessoas informações sobre o caso.
Psicóloga Sonia Rovinski
Entrevista com a criança

 Cuidados na realização da entrevista


 Técnica adequada
 Treinamento do entrevistador

 Análise mais precisa da declaração


(avaliação da credibilidade)
Psicóloga Sonia Rovinski
Entrevista estruturada
PAPEL DO ENTREVISTADOR
 O papel é de facilitador
 O entrevistador deve passar o controle da situação para o
entrevistado ( a seqüência de perguntas será guiada pelo processo
de recordação do entrevistado)
 Na entrevista:
 Sente de forma relaxada e procure virar o corpo para o entrevistado
 Procure manter uma expressão amigável e de suporte
 Utilize o contato visual (não precisa olhar fixamente)
 Fale devagar, use frases curtas e dê pequena pausa entre as frases
 Expresse atenção acenando com a cabeça ou dizendo “hum, hum...”
 Elogie o progresso
 Não interrompa
 Permita pausas
 Demonstre paciência
Psicóloga Sonia Rovinski
Entrevista estruturada

Convite para falar


Perguntas focais
Perguntas diretas
Perguntas de confronto
de hipóteses
Perguntas sugestivas

Psicóloga Sonia Rovinski


Lembre: Entrevista com a criança

 Grave em vídeo ou em audio.


 Estabeleça um rapport (duas ou três entrevistas) mantenha o número de
entrevista no mínimo - entrevistas múltiplas podem encorajar a confabulação e
as falsas memórias.
 Teste as habilidades da criança em descrever eventos históricos com precisão.
 Avalie a compreensão da criança, da importância de dizer a verdade, e do
fingir.
 Encoraje uma narrativa espontânea.
 Proceda a partir de afirmações gerais, indo a perguntas mais específicas.
 Evite perguntas repetitivas ou múltiplas e perguntas sugestivas.

Psicóloga Sonia Rovinski


Lembre: Entrevista com a criança

 Use reafirmações, repetindo a afirmação da criança para a criança, de


forma a determinar se a criança é consistente, e se entendeu os relatos.
 Em geral, o exame deve acontecer sem a presença dos pais.
 Se a criança for muito pequena, considere a possibilidade de ter um
membro da família na sala. Utilize observações da linguagem e
comportamento da criança, ao invés de perguntas.
 A técnica de exame utilizado deve ser apropriada para a idade e nível de
desenvolvimento da criança.
 Determine os termos usados pela criança para partes do corpo e atitudes
sexuais. Não eduque ou ensine novos termos.

Psicóloga Sonia Rovinski


A questão inicial da análise do testemunho
(Köhnken)

Qual é a fonte deste relato da criança?

O relato descreve Informações do relato


experiências podem ter outra fonte
pessoais autênticas
O que avaliar?? (Köhnken)

Competência
Credibilidade Acurácia
geral

A testemunha presta A testemunha possui as O testemunho está incorreto


intencionalmente um habilidades cognitivas apesar da testemunha estar
relato incorreto de um para corretamente motivada a prestar um relato
evento? perceber o evento em correto (erros não-
questão, armazená-lo na intencionais como uma
memória, resgatá-lo conseqüência de condições de
desta e convertê-lo em percepção, ansiedade,
uma declaração verbal? questionamento
inapropriado/sugestionáveis)?
Hipóteses geradas (Köhnken)

Hipótese 1: A declaração Hipótese 2: O testemunho


descreve experiências não descreve experiências
próprias autênticas próprias
H 2a. O testemunho pode ter sido
intencionalmente inventado.
H 2b. Um evento pode ter sido
transferido a uma outra pessoa.
H 2c. A testemunha pode ter sido
instruída a prestar um falso relato.
Confirmo por exclusão – após H 2d. O testemunho pode ter sido
rejeitar todas as hipóteses do tipo 2 resultado de um questionamento
sugestivo.
Psicóloga Sonia Rovinski
Métodos de avaliação da credibilidade da
declaração

 Controle da Realidade

 Análise da validade das declarações.


Controle da Realidade

 Proposta de Johnson e Raye (1981) para discriminar


eventos percebidos ou externos daqueles imaginados ou
internos;
 Não se constitui em um método de avaliação, mas se
refere aos processos cognitivos utilizados na recuperação
da memória;
Controle da Realidade
 Origem externa:
 Mais atributos contextuais (espaço-temporais), sensoriais (sons,
cheiros...) e afetivos (sentimentos). A descrição é clara, pontual
e vivida.

 Origem interna:
 Mais informações sobre operações cognitivas, isto é,
informação idiossincrática, envolvendo pensamentos e razões
sobre o acontecimento (por exemplo, eu pensei, me lembro ver,
me sentia nervoso...). A descrição da memória é mais vaga e
menos concreta.
Controle da Realidade
Critérios de avaliação propostos por Sporer,1997 (apud, Vrij, 2008):

Mais frequente em relatos Mais frequente em relatos


realmente vividos não vivenciados
 Clareza  Operações cognitivas
 Informação perceptual (inferências feitas durante o
evento ou durante o relato
 Informação espacial
do mesmo)
 Informação temporal
 Afeto
 Reconstrução da história
 Realismo (plausível)

Psicóloga Sonia Rovinski


Controle da Realidade
 Cuidado:
 As diferenças entre estes processos de recuperação de
eventos pela memória diminuem através do tempo;
 Com o passar do tempo as memórias externas se tornam
cada vez mais internas (porque são usados processos
cognitivos para recuperar a memória) e as memórias
internas cada vez mais externas (porque no relato dos
fatos as pessoas procuram visualizar o que narram).

Importância da entrevista ser realizada o mais próximo possível


do evento traumático
Psicóloga Sonia Rovinski
Controle da Realidade

 Comentários críticos de Vrij (2008)


 CR não pode ser considerado como um teste de detecção
de mentiras e suas evidências não deveriam servir de
prova em processos criminais. Mas, teria potencial para
formar um indicador sobre a veracidade da declaração,
pois melhora a acurácia dos avaliadores.
 Pode ser utilizado junto com outra forma de avaliação que
é o CBCA, cuja limitação consiste exatamente em não ter
indicadores de processos de falsa memória (operações
cognitivas).
Psicóloga Sonia Rovinski
Análise da validade das declarações

(Statement Validity Assessment –SVA)


Análise da validade das declarações
(Statement Validity Assessment –SVA)

 SVA é hoje reconhecida como a técnica mais popular no


mundo para medir a veracidade de uma declaração
verbal.
 Sua origem data de 1954, na Alemanha, com o psicólogo
forense Udo Undeutsch (apresentou um primeiro caso
aos tribunais onde avaliava a credibilidade de uma vítima
de estupro)
 Inicialmente, foram desenvolvidos vários tipos de critérios
de análise de conteúdo por psicólogos alemães e suecos,
que mais tarde foram sistematizados por Steller e
Köhnken (1989).
Análise da validade das declarações
 Esta proposta está fundamentada na psicologia
experimental:
 Com estudos sobre os processos de memória, atenção,
percepção, pensamento, linguagem e aprendizagem.

 O psicólogo realiza a avaliação da declaração a partir de


sua comparação a um perfil típico que deveria ser
apresentado pela criança, considerando as características
do desenvolvimento normal da memória para sua idade.
Passos para realizar a Avaliação da
Validade da Declaração
1. Entrevista estruturada.
2. Análise de conteúdo baseado em critérios (criteria-based
content analysis – CBCA), que avaliam de forma
sistemática o conteúdo e a qualidade dos dados obtidos
na declaração.
3. Avaliação do CBCA através de uma lista de controle da
validade dos critérios levantados (Validity check-list).
Análise de conteúdo do CBCA
 Características gerais
 Estrutura lógica consistente  Conteúdos referentes à
 Produção desestruturada motivação
 Quantidade de detalhes  Correções espontâneas
 Conteúdos específicos
 Encaixe contextual  Reconhecimento da falta de
 Descrições de interações memória
 Reprodução de verbalizações  Levantamento dúvidas
 Complicações inesperadas durante sobre seu próprio
o incidente
 Detalhes não usuais testemunho
 Detalhes supérfluos  Auto-depreciação
 Incompreensão de detalhes  Perdão ao perpetrador
relatados com precisão
 Associações externas relacionadas  Elementos específicos da
 Alusões ao estado mental subjetivo ofensa
 Atribuições ao estado mental do  Detalhes característicos da
perpetrador
ofensa
Análise de conteúdo do CBCA:
características gerais do conteúdo (se referem ao conteúdo como um todo)
1.Estrutura lógica 2.Produção 3.Quantidade de
consistente: desestruturada: detalhes:
refere-se à coerência e à as informações prestadas se a declaração deve ser rica
lógica da declaração, em encontram dispersas por toda a em detalhes, com
que os diferentes declaração, sem seguir uma descrições específicas de
segmentos não se ordem estruturada, coerente e lugar, tempo, pessoas,
apresentem inconsistentes cronológica – apesar da objetos e eventos que
ou discrepantes. declaração, como um todo, não estiveram presentes.
Fatos peculiares, mas que apresentar inconsistências. Não Este item também se
não se contradizem de diz respeito às habilidades refere aos elementos
forma objetiva com outros verbais do sujeito. Quanto mais periféricos da
detalhes, não são próximo do evento e mais narrativa.
pontuados. perturbada a vítima, mais Não considerar
desestruturada será a declaração.repetições de
detalhes.
Análise de conteúdo do CBCA:
conteúdos específicos (analisar a qualidade e quantidade dos detalhes individuais)

4.Encaixe contextual: 5.Descrições de interações:


os dados relatados devem estar a declaração deve descrever interações
inseridos em um contexto de tempo envolvendo, ao menos, o alegado
e espaço que tem sentido dentro perpetrador e sua vítima, envolver
das atividades diárias e rotineiras da ação e reação e pode ser verbal ou
vítima. Estes detalhes devem estar não-verbal.
relacionados com evento central.
Não validar comentários vagos ou
estereotipados 7.Complicações inesperadas
durante o incidente:
6.Reprodução de verbalizações:
este critério supõe a incorporação de
relato de partes de conversas em elementos ao relato que foram de
sua forma original, em que os alguma forma inesperados, como
diferentes locutores são alguma atividade interrompida,
reconhecidos na reprodução do tentativas fracassadas, reações da
diálogo, pode ser relatado de forma vítima que não corresponderam ao
direta ou indireta. esperado pelo perpetrador, algo que
deu errado...
Análise de conteúdo do CBCA:
peculiaridades do conteúdos (analisa a intensidade e a concretude dos fatos narrados)

10.Incompreensão de detalhes
8.Detalhes não-usuais: relatados com precisão:
são detalhes de pessoas, ocorre quando a vítima descreve
objetos ou eventos não-usuais detalhes que estão além de sua
ou únicos, mas que fazem capacidade de compreensão, como
sentido dentro do contexto, no caso de uma criança pequena
precisam ser realistas. Está que descreve uma conduta sexual
associado com as capacidades de adulto como se fosse uma
cognitivas do relator. expressão de dor ou um espirro.
11.Associações externas
9.Detalhes supérfluos: relacionadas:
são aqueles descritos em eventos externos à situação de
conexão com o evento, mas que ofensa, que não fazem parte, são
não são essenciais para a relacionados ao evento principal. A
ocorrência do mesmo. idéia é que a experiência vivida traz
Provavelmente, se a descrição lembranças de outras situações
preencher qualquer critério de 4 semelhantes e por isso são
a 18 não será considerada relatadas neste momento.
supérfluo.
Análise de conteúdo do CBCA:
peculiaridades do conteúdos (analisa a intensidade e a concretude dos fatos narrados)

12.Alusões ao estado mental


subjetivo: 13.Atribuições ao estado mental do
perpetrador:
este critério está presente se a
vítima descreve sentimentos, este critério está presente
pensamentos ou sensações físicas quando a vítima descreve
vivenciadas no momento do sentimentos, pensamentos ou
incidente. Cuidado em não induzir motivos que o agressor
perguntando sobre como a vítima apresentou durante o evento
se sentia. traumático. Devem ser vívidos e
não apenas suposições sobre o
estado dele.
Análise de conteúdo do CBCA:
conteúdos referentes à motivação (relaciona-se à preocupação em apresentar-se
como uma testemunha crível)

16. Levantamento de dúvidas sobre


14. Correções espontâneas: seu próprio testemunho:
neste critério, a vítima oferece a vítima expressa preocupação em
correção espontânea ou relação a partes de sua declaração
acrescenta informações para que não estariam corretas ou que
reformular a declaração emitida; aparentemente seriam
15. Reconhecimento da falta de inacreditáveis;
memória: 17. Autodepreciação:
este critério é preenchido quando ocorre quando a vítima relata
a vítima admite detalhes de auto-incriminação ou
espontaneamente sua falta de condutas pessoais desfavoráveis;
memória, isto não corresponde à
atitude de responder 18. Perdão ao perpetrador:
categoricamente “Eu não sei” às a vítima toma uma atitude em favor
perguntas formuladas pelo do agressor, verbalizando desculpas
entrevistador ou deixando de culpá-lo pela
situação
Análise de conteúdo do CBCA:
elementos específicos da ofensa

19. Detalhes característicos da ofensa:


neste critério, a vítima descreve características
do evento que são reconhecidas pelo
entrevistador como típicas de certos crimes.
Lista de controle de validade
 Características psicológicas do entrevistado
 Linguagem e conhecimento inapropriado
 Afeto inapropriado.
 Suscetibilidade à sugestão
 Características da entrevista
 Entrevista sugestiva, conduzida ou coercitiva
 Inadequação total da entrevista
 Motivação da vítima ao relatar o incidente
 Motivos questionáveis para a declaração
 Contexto questionável da revelação e da denúncia
 Pressão para realizar a falsa denúncia
 Questões investigativas
 Inconsistência com a natureza das leis
 Inconsistências com outras declarações
 Inconsistência com outras evidências
Avaliação da Validade da Declaração

 Avaliação da Validade da Declaração (SVA) não se constitui em


um instrumento padronizado.
 Sua contribuição é maior quando se busca identificar as
declarações consideradas verdadeiras, e não identificar as falsas
declarações.
 Seu maior problema estaria ligado à possibilidade de produzir falsos
positivos, isto é, identificar como verdadeiras declarações sobre
fatos que na verdade não ocorreram ou não ocorreram daquela
forma.
Avaliação da Validade da Declaração

 Salienta-se o cuidado na avaliação de declarações de crianças


muito jovens. Estudos têm demonstrado que estas
declarações podem se apresentar muito pobres e com isso
não preencher os critérios descritos em relação à quantidade
de detalhes ou à meta-cognição. A idade de 8 a 9 anos se
constituía em um ponto de corte no volume significativo de
informações.
Avaliação da Validade da Declaração

 Recomenda-se que seja usada com cuidado dentro dos


contextos judiciais, evitando que seja considerada como uma
prova única, em função da possibilidade de oferecer falsos
positivos. Deve ser utilizada junto com outras evidências,
sempre descrevendo suas limitações.
 Sua utilização estaria mais indicada para situações de
investigação junto à polícia, onde poderia fornecer
subsídios para orientar os trabalhos e sugerir novas
investigações.
Modelos de investigação psicológica em casos de
suspeita de abuso sexual

 Entrevista com a criança

 Avaliação compreensiva
Entrevista com a criança

 Modelo utilizado principalmente frente aos


encaminhamentos de serviços de proteção à criança;

 O foco é a entrevista com a criança vítima;

 Fundamentos: A intervenção deveria restringir-se a


entrevista investigativa, de forma a analisar os critérios de
credibilidade e a fornecer elementos para novas
investigações.
Avaliação compreensiva

 O modelo assume que a entrevista com a criança é apenas


uma das fontes consultadas, ainda que a mais importante.
 Envolve entrevistas e testagem de vários membros da família;
 Este escopo é indicado para as situações de abuso intra-
familiar e de situações de famílias com funcionamento muito
prejudicado e que , muitas vezes, envolvem situações
complexas.
 Fundamentos: integra conceitos de avaliação de família e de
personalidade; e envolve, geralmente, equipe multidisciplinar.
Áreas a serem investigadas com informantes

• Estrutura e composição familiar.


• Determinação do momento em que se encontra a família em seu ciclo vital.(genetograma
com idades, atividades, residência, etc., de cada membro importante da família).
• Contexto sócio-econômico-cultural
• Onde se insere a família, que recursos da comunidade possui, tipo de trabalho que
desenvolvem, regularidade e ilegalidades do sustento, nível cultural dos membros da família.
• Características e funcionamento individual dos pais
• História de vida quanto a infância e juventude, história de apego com seus próprios pais,
afastamento da família, história de problemas comportamentais ou de conduta anti-social.
Atual condição de saúde física e mental. Tratamentos de saúde. Nível de tolerância e
frustrações, controle dos impulsos. Atividades de lazer e tempo disponível.

Psicóloga Sonia Rovinski


Áreas a serem investigadas com informantes

• Características e funcionamento individual da criança


• Saúde e bem-estar físico; saúde e bem-estar psíquico; histórico escolar;
problemas comportamentais, de sono e de alimentação; nível de estresse gerado
na relação com os pais pelos problemas da criança.
• Relações familiares
• Relação de casal; relações pais-filhos; relações entre irmãos; relações com a
família extensa.
• Características da conduta maltratante
• A quem atinge, freqüência, intensidade, atuação de cada membro da família nos
momentos prévios e posteriores ao ato de maus-tratos e/ou abuso sexual.
• Relações sociais
• Relações sociais dos pais e relações sociais da criança.

Psicóloga Sonia Rovinski


Áreas a serem investigadas com informantes

• Situações / condições estressantes para a família


• Fontes de tensão ou acontecimentos que afetem o funcionamento da família,
como problemas econômicos ou psicológicos.
• Contato da família com Serviços Sociais
• História dos contatos com serviços de ajuda, motivo e intervenções já realizadas;
qualidade das relações já estabelecidas com os serviços.
• Consciência do problema e motivação para a mudança
• Assunção da responsabilidade no maltrato pelos pais e reconhecimento das
conseqüências negativas dele para a criança; disponibilidade para iniciar ações
para modificar comportamento frente aos filhos.

Psicóloga Sonia Rovinski


Metodologia - Desenhos
 O uso de desenhos é útil como um instrumento que favoreça a associação nos casos
em que se busca acesso a memórias traumáticas.

 O desenho é útil nas avaliações forenses, seja o desenho espontâneo, família em


movimento, auto-retrato, o que aconteceu ou o que poderá vir a acontecer, ou até um
desenho sobre o suposto agressor. A importância do desenho reside no fato de
desencadear afetos e informações que sejam sugestivos do maltrato.

 Os dados levantados nos desenhos devem ser sempre compreendidos dentro da


situação mais ampla de avaliação, nunca como um simbolismo absoluto e único.

 Os desenhos infantis de genitais nas figuras humanas não podem ser utilizados como
critério único para o diagnóstico de abuso sexual. Pesquisas mostram que estes
desenhos não tem sensibilidade nem especificidade (Hibbard-> 90% de abusados não
desenhou genitálias), sendo este tipo de desenho visto em crianças com problemas
Psicóloga Sonia Rovinski
psiquiátricos gerais.
Metodologia -Testes psicológicos

 Testes psicológicos não podem ser considerados como


conclusivos para o diagnóstico da criança abusada, mas a
testagem pode ser útil como uma parte do processo avaliativo
(avaliação da personalidade). As diferenças nos testes não
seriam resultantes do próprio abuso, antes resultantes de um
fator geral de estresse ou trauma.
 Respeitar a padronização dos testes utilizados e sua validade
para o uso no processo de avaliação (Conselho Federal de
Psicologia).
 Quando a criança é muito pequena geralmente a avaliação vai
valorizar a observação de conduta da mesma e relatos de
história levantados com os pais.
Psicóloga Sonia Rovinski
Metodologia - Bonecas anatômicas

 Favorecem: a verbalização sobre partes sexuais pela criança;


possibilitam a dramatização para crianças que não podem ou
não sabem desenhar ou verbalizar.

 Porém: estudos mostram que o brincar de crianças abusadas


e não abusadas com estas bonecas não se diferencia; e que
crianças abusadas explicitam comportamentos sexuais em
bonecas que não sejam anatômicas.

Psicóloga Sonia Rovinski


Laudos e relatórios

 Lembrar sempre:

 O psicólogo apresenta um trabalho técnico,


baseado em evidências que devem ser sempre
especificadas;
 O psicólogo não é testemunha ocular do fato;
 ASSIM, sua conclusão será sempre em termos de
probabilidade.
Psicóloga Sonia Rovinski
Laudos e relatórios

 A perícia judicial é solicitada apenas pelo juiz.


 Nestes casos o nível de confidencialidade é diferente
dos casos de atendimento clínico e deve ser explicitado
no contrato de trabalho;
 É importante que o laudo seja descritivo e explicativo.
Laudos e relatórios
 Demais pedidos de avaliação psicológica
 Pelo Conselho Tutelar
 Advogados
 Parentes ou pela própria vítima

O nível de confidencialidade deve ser muito bem avaliado


e o psicólogo pode ser responsabilizado pelas
repercussões de suas declarações.
Violência contra a criança

Abuso sexual
Maltrato físico
Intervenção na área da saúde:
Maltrato psicológico
Objetivo de diminuir sofrimento
Negligência “bio-psico-social”

Intervenção judicial: Cuidado


com a REDE
Objetivo de punir e criança DE
responsabilizar culpados
ATENDIMENTO
Rede de atendimento às vítimas

 Definição dos papéis de atendimento e de


perícia.
 Definição dos órgãos responsáveis por colher
o depoimento da criança e por fazer a
avaliação pericial  evitar a reintervenção
desnecessária.
 Criar um fluxo que articule os diferentes
órgãos de proteção e atendimento.
Sonia Liane Reichert Rovinski

soniarovinski @ terra.com.br

Psicóloga Sonia Rovinski


Bibliografia recomendada:
 POOLE, D.A.; LAMB, M.E. Investigative interviews of children. A guide for helping
professionals. Washinton, DC: American Psychological Association, 1998.
 CANTÓN DUARTE, J; CORTÉS ARBOLEDA, M.R. Guía para evaluación del
abuso sexual infantil. Madrid: Pirámide, 2000.
 FRIEDRICH,W.N.;FISCHER,J.; BROUGHTON,D.; HOUSTON,M.;SHAFRAN,C.R.
Normative sexual behavior in children: a contemporary sample. Pediatrics,
v.101,n.4, april, 1998.
 JUÁREZ LOPÉZ, J.R. La credibilidad del testimonio infantil ante supuestos de
abuso sexual. Tesis doctoral, Universitat Girona, 2004.
 FURNISS, T. Abuso sexual da criança: uma abordagem multidisciplinar. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1993.
 STEIN, L. M. (Org.). Falsas Memórias: Fundamentos científicos e aplicações
clínicas e jurídicas. Porto Alegre: ArtMed,2009.

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