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DISCIPLINA: PSICOLOGIA JURÍDICA

PROFª Daniele Medeiros Pereira


Mestra em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco
(2022)
Especialista em Direitos Humanos pela Universidade Federal de
Pernambuco (2018)
Possui formação complementar em Círculos de Construção de Paz,
Comunicação Não-Violenta e Práticas Colaborativas
Presidenta da Comissão de Direitos Humanos da OAB/Caruaru.
E-mail: danielemadvhum@gmail.com
ESTUDO DA VIOLÊNCIA
 violência é tudo que age usando a força para ir contra a natureza de
algum ser; é todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a
liberdade de alguém; é todo ato de violação de alguém ou de alguma
coisa valorizada positivamente por uma sociedade; é todo ato de
transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma
sociedade definem como justas e como um direito.
 As ações humanas, complexas por sua natureza, devem ser analisadas
sob a ótica de quem as pratica, dos estímulos internos e externos que
as motivam e, também, de acordo com o contexto em que ocorrem.
 IMPACTOS DA VIOLÊNCIA SOBRE A SOCIEDADE (Tecnológico, material e
humano)
ESTUDO DA VIOLÊNCIA
 AGRESSIVIDADE X VIOLÊNCIA
 Segundo Mangini (2008, p. 95), “a agressividade traz em si algo de força
combativa, comportamento adaptativo e instinto de vida”; trata-se, pois, de uma
característica de personalidade, à medida que se manifesta no comportamento
habitual do indivíduo.
 Continua Mangini (2008, p. 96), “quando ela não está relacionada à proteção de
interesses vitais, está mais próxima do conceito de violência, que traz em si a
ideia de destruição, do investimento destrutivo entre seres da mesma espécie
quando outras vias de solução poderiam ser empregadas”.
 O comportamento apenas “agressivo” em um contexto pode ser considerado “ato
de violência” em outro e vice-versa.
ESTUDO DA VIOLÊNCIA
ESTUDO DA VIOLÊNCIA
Ainda que o comportamento agressivo não se transforme, necessariamente, em
violência, a convivência com a agressividade facilita a evolução do primeiro em
direção ao segundo.

V
COMPORTAMENTO AGRESSIVO
Viana (1999, p. 225) assinala diversas formas pelas quais a violência se manifesta, e que dependem de:

➢características da vítima (mulher, negro, criança etc.);

➢características dos agentes (policial, delinquente, vigilante etc.);

➢local onde ocorre (campo, cidade, escola, rua, instituição etc.);

➢forma como se realiza (simbólica, sexual, física);

➢objetivos (repressão, contenção, educação, punição);

➢motivações inconscientes (reação, vingança, recreação, conquista etc.).


COMPORTAMENTO AGRESSIVO
a) Mecanismo de defesa inconsciente - Winnicott (1999, p. 102) sugere que a
agressão pode ser percebida como reação à frustração.
b) Descarga de energia psíquica - Winnicott também sugere que a agressividade
constitui uma fonte de energia do indivíduo.
c) Fenômeno da percepção - O indivíduo proveniente de um meio onde tais
comportamentos são corriqueiros percebe-os como normais e desejáveis; não os
discrimina de outros igualmente adequado.

As experiências conduzidas
demonstraram, que as crianças que
assistem ao desenho “pica-pau”,
mostram-se ansiosas e agitadas,
envolvem-se em brigas e comportam-se
de modo mais violento do que aquelas
que assistem a desenhos que pacificam
e tranquilizam.
COMPORTAMENTO AGRESSIVO
d) Condicionamento operante por reforço positivo - O comportamento pode ser aprendido.
e) Aprendizagem pela observação de modelos - A criança e o adolescente aprendem o
que é considerado mera agressividade ou violência com seus modelos: pais, colegas de
escola, ídolos da adolescência. A partir daí, comportar-se-ão para repeti-los, para estar “à
altura deles”.
f) Efeito motivacional - A glorificação da violência e dos violentos, intensamente praticada
pelos meios de comunicação, desenvolve a percepção para os benefícios da violência na
conquista de status, um fator motivacional de alto nível segundo a hierarquia de Maslow.
g) Transformação de valores - Valores, comportamentos e linguagem induzem
pensamentos que conduzem à prática da violência
h) Expectativas - Mangini (2008, p. 99) é incisiva: “a impressão que se tem é que, apesar
de todo o aparelhamento legal, aquele que burla as regras não sente especial controle e
certeza de punição”.
VIOLÊNCIA NA FAMÍLIA
A violência na família apresenta muitas faces, entre elas:

➢o assédio moral;

➢a violência física;

➢a violência psicológica;

➢a violência contra a criança, o adolescente , mulher e o idoso etc.


VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E VIOLÊNCIA FÍSICA

 A violência psicológica é aquela por meio da qual a capacidade da vítima de se


opor a qualquer violência reduz-se gradativamente, ao mesmo tempo em que ela
se torna predisposta a outros tipos de violência. Conti (2008, p. 166) observa
que a violência psicológica é facilitada por estratégias diversas empregadas pelo
agressor, tais como o uso de substâncias.
 A violência praticada, entretanto, entre os cônjuges transmite aos filhos uma
aprendizagem geral sobre os métodos de exercê-la e desenvolve uma percepção
de que tais comportamentos são válidos como forma de relacionamento
interpessoal – afinal, não possuem outras referências.
O ASSÉDIO MORAL NA FAMÍLIA

A violência na família inclui o sofrimento psicológico (ALDRIGHI, 2006, p. 202), como


o causado pelos comportamentos de assédio moral.

O assédio moral é uma modalidade de sofrimento psicológico por meio da qual um


dos cônjuges provoca profundo dano ao outro, a ponto de lhe desencadear
doenças físicas e psíquicas graves e prejudicar-lhe o desempenho no trabalho,
no lazer e no cumprimento de suas atribuições no lar.
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

A violência pode ser canalizada contra uma pessoa da família – sendo comum, neste
caso, o idoso, particularmente na forma de negligência e violência psicológica.
O estilo da relação dos pais com os mais idosos constitui, também, um modelo de
conduta para os filhos. Estes, no futuro, tenderão a repetir o que viram e
aprenderam. O afeto é uma carência universal, mas sua prática pouco ou nada
tem de instintiva.
INFÂNCIA E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A gravidade dessa violência acentua-se pela diversidade com que é praticada,


compreendendo a física, a sexual, a psicológica, a fatal e a negligência (Azevedo;
Guerra, 2005, módulo 1, p. 9), destacando-se que apenas uma pequena fração
das violências é denunciada.
CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA PARA A
CRIANÇA
Segundo Assis e Avanci apud Azevedo e Guerra (2005, módulo 1, p. 13,14), os
adolescentes que sofreram maus-tratos familiares quando crianças:
➢sofrem mais episódios de violência na escola; existe uma atração: acostumados a
comportamentos violentos, aproximam-se com mais facilidade daqueles que o
praticam, com os quais experimentam identidade de postura e linguagem,
acentuada por outros fatores como a indumentária, tatuagens, símbolos;

➢vivenciam mais agressões na comunidade; repete-se o fenômeno; estas crianças,


naturalmente, tendem a frequentar ambientes favorecedores da violência; e

➢transgridem mais as normas sociais, fechando um círculo de violência.


CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA PARA A
CRIANÇA
Esses mesmos adolescentes:

➢vivenciam menor apoio social; suas características físicas e comportamentais pouco ou


nada favorecem para que ele se manifeste espontaneamente; em vez disso,
frequentemente são percebidos como elementos de risco e geram comportamentos
defensivos;
➢possuem autoestima mais baixa, decorrente, além da própria violência, da percepção
de exclusão;
➢têm uma representação de si mais depreciativa, que acentua a redução da autoestima
e escava ainda mais o fosso que os separam da “sociedade do bem”;
➢quando vivenciam violência psicológica, têm menor capacidade de resiliência, isto é, de
seguir em frente a despeito das adversidades. Possivelmente, isso se relaciona com o
fato de que as cicatrizes psíquicas tendem a ser mais indeléveis do que as físicas.
O INCESTO
PROVA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

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