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ESCOLA
RESUMO: O presente artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cuja, a proposta é estudar sobre o
significado e/ou conceito do termo Bullying, saber como identificar e quais são as possíveis
manifestações do mesmo, seus fatores psicológicos e comportamentais, tanto de quem o pratica como
de quem sofre. Quais estratégias de enfrentamento, como também, orientações no âmbito escolar e a
familiar para combater o bullying. E quais as estratégias utilizadas dentro da perspectiva cognitivo
comportamental no período de enfrentamento das vitimas.
INTRODUÇÃO
Os valentões circulam por toda parte á vigia de um alvo ideal para agredir, manipular,
dominar: nas famílias, nas empresas, nas escolas, nos mais distintos contextos sociais. O
anseio de poder, aceitação e status social no grupo adicionado á ausência de limites, respeito,
tolerância e empatia têm gerado em ampla escala a violência contra determinadas pessoas ou
grupos.
De acordo com Fante (2012) Bullying não é isso que muito persistem em expressar. A
generalização tem afetado a compreensão do fenômeno e, por consecutivo, sua identificação,
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Bacharel em Psicologia pela Faculdade Integradas de Cacoal –UNESC/RO (2011). Especialista em Terapia
Cognitivo Comportamental pela Faculdade Católica de Rondônia (2014). E-mail: leni.psi55@hotmail.com
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Docente do Curso Enfermagem, Odontologia, Pedagogia e Psicologia da Faculdade Panamericana de Ji-
Paraná/RO, Especialista em Serviço Social com ênfase: Educação, Saúde, Gestão e Políticas Públicas pela Santo
André/SP, (2013).Bacharel em Psicologia pela Faculdade Integradas de Cacoal - UNESC/RO. (2011).
E-mail: m.gab.izinha@hotmail.com
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No âmbito Escolar não é diferente. O termo Bullying esta sendo usado nas mais
diferentes circunstâncias onde abarcam professores e alunos. Muito comum é empregado em
circunstâncias de indisciplina, conflitos, desacato ao professor, brincadeiras inconsequentes
ou inconvenientes, incivilidades, depredações e pichações de prédios e inclusive quando
determinados alunos são corrigidos ou disciplinados pelos professores da escola.
Este termo deve ser aplicado para explicar comportamentos agressivos ou violentos
entre pares, independente de estarem começando a escolaridade ou terminando a
universidade. O significado amplamente aceito relata que tal prática inclui todas as atitudes
agressivas, propositadas e cíclicas que ocorre sem estímulo evidente, abraçadas por um ou
mais estudantes contra outros, ocasionando dor e sofrimento, sendo realizadas em relação
desigual de poder, tornando possível a intimidação da vitima.
Ainda que sua identificação seja mais corriqueiro no âmbito escolar, também,
acontece em outros espaços fora da escola frequentados por jovens, tais quais ambientes
virtuais, escolas e idiomas, de futebol, academias, shopping centers, clubes e condomínios
residenciais, etc. Se o bullying não for entendido, pretenderá a se tornar um problema social
de complexa solução, assim como vem ocorrendo no Estados Unidos, onde já se é avaliado
pelas autoridades americanas como uma grave crise e considerado pelas entidades de defesa
dos direitos humanos como um problema sem solução.
Identificar o bullying entre os alunos não é tarefa simples, pois se trata de uma
configuração de violência muito específica. Na maioria das vezes, os ataques não têm como
serem visualizados, ou seja, são falhos de materialidade, e as vitimas não têm como
comprová-los, o que gera incompreensões e inconformismos. O agressor pode usar formas
mais ofuscadas e silenciosas, tais como gestos, olhares, expressões fisionômicas, bilhetes com
mensagens humilhantes ou ameaçadoras, além dos ataques virtuais, que costumam ocorrer
onde não há a supervisão dos adultos.
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Para que uma ação seja diagnosticada como bullying, é indispensável que contenha os
consequentes critérios: repetição das agressões contra o mesmo alvo, desequilíbrio de força ou
poder entre partes, intencionalidade nas práticas agressivas, ausência de motivos por partes
das vítimas e prejuízos resultantes.
Estudos têm evidenciado que as consequências incidem tanto sobre as vítimas quanto
sobre os autores, e seus resultados são notados em longo prazo. No caso de conservarem o
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Para Lopes Neto (2005 apud Rusch et al., 2011) o termo bullying origina-se do inglês
“bull” que significa touro, palavra da qual provém “bully”, que se assemelha a língua
portuguesa a termos como “valentão” ou “machão”. Caracteriza-se como um empecilho
ameaçador da relação com o outro, que acarreta a exclusão, discriminação e agressão. Nos
meninos, verifica-se maior prevalência de agressões físicas, deste modo visíveis a
intervenções (LOPES NETO, 2008 apud RUSCH et al., 2011). Para o autor, em meio aos
agressores nota-se maior preponderância entre os meninos; contudo, no caso das meninas,
modos mais sutis de agressão são tomados, o que inibe a identificação clara do fenômeno.
Na situação das meninas, este fenômeno surge de forma diferençada, marcado pelo
conflito e agressão “não física”. Assim as meninas parecem propagar a raiva de maneira
distinta dos meninos. De acordo com Simmons (2004 apud Rusch et al., 2011) a agressão das
meninas podem ser velada e relacional, camuflada muitas vezes pela aparente “doçura”. A
autora assegura ainda que na cultura da agressão oculta, a raiva dificilmente é explícita,
porém, nem por este motivo deixa de ser destrutiva.
Pálacios e Rego (2006 apud Rusch et al., 2011) discorrem sobre a início de uma
epidemia invisível, assinalada não pela agressão física, mas sim pelo assédio moral, pela
desqualificação e humilhação. A agressão mais frequentemente conexa ao gênero feminino
recebe estas condições, identificada como agressão relacional, cujo mantenedor é a própria
relação.
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De acordo com Simmons (2004 apud Rusch et al., 2011) no que condiz às meninas,
assegura que,por uma questão histórica, o silêncio esta presente nas experiências femininas.
Para a mesma, nos últimos 30 anos a realidade feminina principiou a ser mais falada: os
estudos recebem maior impulso, fala-se mais espontaneamente sobre relacionados à
sexualidade, violências, diferença entre gêneros e outros.
Deste modo, as meninas, pode-se relatar que existe uma cultura de agressão velada,
oculta, o que a faz mais destrutiva. De tal modo, distingue-se a situação dos meninos, já que
neles a agressão é muito mais aparente: é física. Ao oposto, nas meninas as agressões mais
corriqueiros envolvem exclusão, fofoca, apelidos, troca de olhares, etc (SIMMONS,2004
apud Rusch et al., 2011).
De acordo com Silva (2010) a ação de tortura durável e habitual torna a brincadeira em
sofrimento propositado. Pois acarreta desestruturação da integridade física, emocional, mental
e espiritual em todas as faixas etárias.
Tognetta (2009 apud Leão, 2010) assegura que, perante essa situação de causadores e
vítimas de bullying, os dois necessitam de auxílio, pois, de um lado, as vítimas padecem uma
deterioração da sua autoestima, e do conceito que tem de si, e do outro, os agressores também
precisam de assistência, observado que sofrem grave degradação de sua escala de valores e,
por conseguinte, de seu desenvolvimento afetivo e moral.
Olweus (2006 apud Rusch et al., 2011) define os termos gerais a conduta do assédio
escolar como um comportamento que enseja dano,assim sendo negativo,distinguido pela
intencionalidade por parte do autor, reproduzido no tempo, apontado para alguém cuja a
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Fica claro que este modo de violência é difícil de ser identificada, uma vez que a
vítima tem medo de delatar os seus agressores, seja pela vergonha que irá passar perante dos
demais amigos da turma, por medo de sofrer retaliações, seja por acreditar que os professores
ou seus próprios pais não lhe darão o devido credibilidade. Outro aspecto importante é o fato
de alguns professores acreditarem que tais agressões são apenas brincadeiras de crianças e que
irão passar com o tempo, maneira essa que faz acender mais ainda a violência nas escolas e
banaliza o sofrimento da vítima (LEÃO, 2010).
Fante (2005 apud Rusch et al., 2011) aponta que para existir redução das ocorrências
de bullying é indispensável a envoltura de todos que sejam ligados ao processo educativo,
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Um recente estudo efetivado no Brasil por Cruzeiro (et al., 2008 apud Rusch et al.,
2011), adverte que dentre os fatores mais frequentemente associados ao transtorno de conduta
está o bullying. Este estudo transversal contou com uma amostra de 1.145 adolescentes, com
idades de 11 a 15 anos. No recente estudo, a variável de sintomas depressivos, avaliada por
meio da escala de Depressão Infantil (CDI), e sofre bullying apontam-se associadas. Sendo
assim, se faz necessário o desenvolvimento de estudos direcionados a prevenção, no intuito de
minimizar os prejuízos ocasionados por este tipo de violência.
Protagonistas do bullying
Fante (2005 apud Leão, 2010) conjetura que os protagonistas envolvidos na prática do
bullyingpodem ser decompor do modo seguinte: Agressor, Vítima e Espectador.
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Vale relatar que tais causadores apresentam dificuldades em aceitar as normas que lhe
são impostas; não aceitam ser contrariados; não toleram atrasos; são maus- caráter; têm como
característica a impulsividade, a irritabilidade e baixa resistência a frustrações.
Vítima Provocadora: refere-se àquela que atrai e provoca reações agressivas contra as
quais não consegue lidar. Tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada,
mas não obtém bons resultados. Pode ser hiperativa, inquieta, dispersiva e ofensora. É,
de modo geral, tola, imatura, de costumes irritantes e quase sempre é responsável por
causar tensões no ambiente em que se encontra.
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De acordo com Chalita (2008 apud Leão, 2010) os espectadores “aprendem a ser omissos
e passivos para se defender”. O medo em denunciar o agressor ou amparar a vítima, pode
transformá-los na vida adulta em cidadãos egoístas, que abrigam e até mesmo corroboram as
injustiças sociais.
Identificando os envolvidos
O estudioso Olweus (2005 apud Fante, 2005 apud Leão 2010) cita determinado
comportamentos que devem ser notados para que a vítima e o agressor sejam identificados.
Comportamento da Vítima na escola: durante o recreio está frequentemente isolado e
separado do grupo, ou procura ficar próximo do professor ou de algum adulto. Na sala
de aula tem dificuldade em falar diante dos demais, mostrando-se inseguro e ansioso.
Nos jogos em equipe é o último a ser escolhido. Apresenta-se comumente com aspecto
contrariado, triste, deprimido ou aflito. Apresenta desleixo gradual nas tarefas
escolares. Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa
rasgada, de forma não-natural Falta às aulas com certa frequência (absentismo). Perde
constantemente os seus pertences.
Causas
De acordo com Chalita (2008 apud Leão, 2010) determinadas razões podem propiciam
o acometimento desta conduta: influências familiares, por adotarem modelos autoritários e
repressores. Um ambiente familiar super protetor também pode desencadear o cometimento
do bullying, visto que acriança se tornará dependente de outros, buscando a atenção e
aprovação de suas atitudes pelos pais. Relação negativa com os pais, uma vez que os mesmos
não demonstram interesse pelo filho. A má educação a que foram submetidos. Fatores
econômicos, sociais e culturais. Influência de colegas. As relações de desigualdade e de poder
existentes no ambiente escolar.
Consequências
Fante( 2005 apud Leão, 2010) alega que as consequências da prática do bullying
comprometem todos os protagonistas do fenômeno, ocasionando problemas físicos,
emocionais de curto e longo prazo. Ainda de acordo com autora, crianças que são vítimas de
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Constituição Federal
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Art. 3º, inc. IV, CF: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Presume ainda, os direitos e garantias fundamentais que devem ser resguardados a
todos, in verbis:
Art. 5º, caput, CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes”.
Art. 5º, inc. III, CF: “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou
degradante”.
Art. 5º, inc. X, CF: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação”.
Art. 5º, inc. XLI, CF: “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais”.
Por outro lado, tem-se a proteção do direito social, no que diz respeito à Infância, in
verbis:
Art. 6º, CF: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição”.
A Declaração dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 217 A (III)
da Assembléia Geral das Nações Unidas é desobedecida quando a escola tolera a vivência do
bullying no âmbito escolar, ou seja, entre os alunos, uma vez que a referida Declaração
conjetura em seu Preâmbulo que “os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de
Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a
tirania e a opressão”.
Junta-se, a outros, que em seus vários artigos, a Declaração dos Direitos Humanos
sanciona a garantia de tais direitos, exemplo, “toda pessoa tem capacidade para gozar os
direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie,
seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição” – (art. II).
Uma outra violação à Declaração dos Direitos Humanos que pode ser citada incide
quando há, por parte do agressor em relação à vítima, espécies de humilhações e agressões,
fazendo com que a suposta vítima se sinta torturada diante de tal situação – (art. V).
Código Penal
O bullying pode estar adjunto a diferentes motivos e não se confunde com o ato
praticado. O fenômeno excede os limites da percepção isolada da ação que pode dar um
tratamento penal como, por exemplo, o caso da lesão corporal, da injúria, do dano, que pode
ser percebido no Código Penal Brasileiro.
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Lesão Corporal – Art. 129, CP: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem
Maus-tratos – Art. 136, CP: “Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina”:
§ 2º - Se resulta a morte:
Calúnia – Art. 138, CP: “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime”:
Difamação – Art. 139, CP: “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação”:
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Ameaça – Art. 147, CP: “Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave”:
Art. 18, ECA: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório
ou constrangedor”.
Art. 232, ECA: “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou
vigilância a vexame ou a constrangimento”:
A confinar do momento que uma escola particular recebe um estudante, a mesma torna-se
responsável pela cautela da integridade física e psíquica do aluno, involuntariamente de culpa
ou não, salvo que a responsabilidade nesta situação é objetiva, sendo assim, responderá pelos
danos causados, ou seja, as agressões atentadas como podem perceber no artigo, in verbis:
De acordo com Doll e Swearer (2006 apud Dornelles et al., 2012), o bullying sucede
segundo o modelo de coerção social, ou seja, o intimidador é agressivo contra a vítima,
cometendo uma demanda explícita ou implícita. Toda vez que a vítima resiste, a criança
intimidadora aumenta a agressão, falando mais alto ou puxando mais forte. A vítima
eventualmente cede, e a consentimento age para reforça a agressão do intimidador,
acrescendo a probabilidade de que a agressão volte a ocorrer. Se a concessão obstrui o
bullying, conceder é reforçador para a vítima, que aprende que a humilhação e a dor são
enfraquecidas dando rapidamente o que o agressor quer. Contudo, agressão da criança é
também reforçada pelo acrescente prestígio e respeito dos outros pares e pelo senso de poder e
triunfo que ocorre. Nesse sentindo, é necessário instruir ás vítimas outras estratégias para lidar
com a circunstância que não abranjam ceder ás solicitações do intimidador.
do suporte terapêutico e explicando para ela o que são problemas, em que situação eles
surgem e o que desencadeiam.
Além disso, similar à Beck (1997 apud Dornelles et al., 2012), organiza-se com a
criança uma lista das dificuldades que ela depara. Essa lista deve ser fundamentada na
percepção da criança sobre sues problemas, na queixa citada pelos pais na primeira sessão e
ainda outros pontos levantados pelo terapeuta. Cada uma dessas percepções é escrita em cores
diferentes (uma cor de caneta para os problemas apontados pelos pais, outra cor para as
dificuldades levantadas pela criança e uma terceira cor de caneta para os problemas
identificados pelo terapeuta). Constrói-se então a caixa de problemas da criança, contendo
apenas as dificuldades que ela concordou em colocar na caixa. Caso a criança ainda não seja
alfabetizada, é plausível preparar desenhos representativos dos problemas e estes serem
colocados na caixa. Essa caixa precisará ser levada para casa e a criança a trará de volta em
todos os atendimentos. Informa-se a criança sobre sigilo, demarcando que os dados
apresentados por ela na sessão não serão repassadas a quaisquer pessoa incluindo os pais (R.
LOPES et al., 2003 apud Dornelles et al., 2012)
Após esse início, sugere-se fazer com a criança psicoeducação sobre o bullying. A
psicoeducação pode ser realizada com o uso de trechos de filmes que explanam situações
parecidas ás vivenciadas pelo paciente. Filmes como “sempre amigos”, “Nunca fui beijada”,
“Um grande garoto” e “Querido Frankie” são alternativas que acometem a temática. Após a
psicoeducação, deve-se perceber como a criança decodificou o evento: por que ela acredita ter
sido vítima de bullying? A que ela atribuiu a vitimização? Quais as implicações, ou seja, as
crenças centrais que começaram a se formar? Isso pode ser feito a partir do filme, solicitando
que a criança identifique tais aspectos no personagem e, em seguida, o terapeuta direciona a
discussão para as experiências do paciente. Pode-se ainda pedir que a criança desenhe, encene
com fantoches ou monte um cartaz com colagens representando as situações de vitimização
que vivenciou. A partir da produção, o terapeuta averigua os itens anteriormente citados, de
modo a organizar a conceitualização cognitiva do caso.
técnica torta da responsabilidade (BECK, 1997 apud DORNELLES et al., 2012). O terapeuta
desenha um círculo representando 100% dos fatores responsáveis pela ocorrência do bullying
e pede para a criança listar qual a parte ou porcentagem de responsabilidade que outros fatores
desempenham. Verifica-se é próxima à realidade, investigando com a criança outras possíveis
contribuições. De modo a tornar a aplicação da técnica mais lúdica, é possível fazer o círculo
de material emborrachado EVA (etil vinil acetato), já recortado em partes com cores
diferentes, para que a criança monte as partes conforme a porcentagem atribuída. Espera-se,
ao final da técnica, que a criança considere outros fatores para a vitimização que não
atribuídos a ela, diminuindo a autocrítica.
Para o pensamento automático de que “o bullying nunca vai parar”, examina-se com a
criança as ênfases que amparam tal pensamento. Ou seja: O que a faz crer que a vitimização
perdurará, se ela conhece alguma criança que foi alvo de intimidação e deixou de ser vítima,
se é possível que a terapia a ensine estratégias diferentes que possam ajudá-la a lidar melhor
com a situação, se alguma vez ela acreditou que algo duraria para sempre e terminou antes e o
que ela ganha também uma possível mudança do agressor, ou seja, é possível que ela pare de
praticar o bullying. Pode-se instituir um paralelo entre a situação da criança e a de um super-
heroi que ela goste, expondo que este também enfrenta dificuldades, mas que ao tentar vencê-
las alcança êxito. Busca-se com essa técnica gerar motivação na criança para mudar a atual
condição, uma vez que é comum o estado de desamparo quando a criança já buscou outras
fontes de subsídio. Um pensamento mais adaptativo abarcaria a ideia de que é aceitável
aprender novas estratégias que promovam a suspensão do bullying e que com auxílio à
criança será capaz de superar essa situação.
O treino de habilidades sociais para as vítimas de bullying tem por finalidade ampliar
e fortalecer a rede de relações da criança, desenvolvendo fortes laços de amizade, somando a
aceitação entre os pares, melhorando a autoestima global e ainda instrumentalizando-a a lidar
com a intimidação no momento em que ocorre. Nesse sentido, destacam-se, no trabalho com
as vítimas, as estratégias de autocontrole e expressividade emocional, assertividade, fazer
amizades e solução de problemas interpessoais.
adaptativas estratégias como ignorar ou mostra-se indiferente. Agressão e esquiva por parte da
vítima são adjuntas com bullying mais severo e duradouro, sendo, portanto, desadaptativas.
Tratando o Agressor
efeito não “apagar a luz do coração” dela e dos outros. As qualidades e aspectos negativos
listados pela criança podem ser marcados em cartaz onde esteja desenhado um coração
dividido no meio, no qual metade simboliza a luz acesa (coisas boas) e metade, a luz apagada
(coisas ruins). Nessa técnica, salientam-se com a criança as potencialidades e a precisão de
mudança de determinados comportamentos, apontando o prejuízo que tais ações têm
ocasionado para ela mesma e para outras pessoas.
Um filme que pode ser usado para o objetivo acima é “O Pestinha”, na cena em que o
personagem joga presentes da aniversariante na piscina. Pode-se avaliar com o paciente como
a menina se sentiu, por que ela se sentiu daquela maneira, como o personagem se sentiu ao
destruir os presentes, quanto tempo durou o sentimento, quais as consequências ele sofreu por
tal comportamento, o que ele ganhou e perdeu com essa ação e se valeu a pena. Esse
questionamento faz o paciente pensar sobre as próprias ações e as consequências, os prejuízos
que ele recebe e que gera no outro.
teórico, entrevistas com pares que sofrem ou sofreram intimidação, com adultos que foram
vitimizados quando criança, investigando como foi a experiência do bullying e qual impacto
na vida deles (PREVENT,2010 apud DORNELLES et al., 2012).
Adjunto a essa técnica, o terapeuta leva para a sessão um vaso com o objeto de
quantificar as boas ações desempenhadas pelo exemplo, ser empático, escutar ou responder
sem agressividade, o paciente coloca a bola de gude no vaso. Quando o vaso atingir um
determinado número de bolas de gude, ele recebe um prêmio combinado previamente com o
terapeuta (FRIEDBERG et al., 2004 apud DORNELLES et al., 2012). As informações devem
sempre ser conferidas com pais e professores, por meio de um acompanhamento ininterrupto,
de modo a assegurar que o paciente não manipule o terapeuta.
auxiliar o professor nas atividades de sala de aula ou monitorar crianças mais jovens, dentre
outros. Deste modo, mantém-se, porém de um jeito saudável.
Concluso a parte das distorções cognitivas, o terapeuta leva uma série de óculos
coloridos, mostrando para o paciente que as cores do ambiente variam conforme os óculos
utilizados, da mesma maneira que vemos as situações conforme os “óculos” que usamos em
um determinado momento, ou seja, de acordo coma interpretação que fazemos dos eventos.
Assim, para cada pensamento distorcido, o terapeuta relaciona uma cor de óculos específica.
O terapeuta pode dramatizar uma situação e os correspondentes pensamentos, emoções e
comportamentos ao usar determinados óculos. Em seguida, avalia junto com o paciente as
consequências de “usar aqueles óculos”. Por fim, elaboram juntos uma forma mais adaptativa
de avaliar uma determinada situação, modificando os pensamentos automáticos distorcidos
trabalhados.
Intervenção na Família
Cabe aos pais, ainda, pôr limites e consequências para comportamento agressivo
apresentados pelos filhos dentro e fora de casa. Isso significa que os pais deverão estar
vigilantes a ações agressivas emitidas pelos filhos contra os irmãos, outras crianças, animais e
até mesmo adultos. Uma vez identificadas tais situações, os pais devem mostrar aos filhos e
explicar que o uso da agressividade para resolver conflitos e para lidar com as outras pessoas
ou com animais não é correto e não será aceito. Posteriormente, constituirão uma
consequência para a criança, seguindo o cumprimento das normas. A consequência deve fazer
a criança pensar sobre os sentimentos dela e como ela fez o outro se sentir ao vitimizá-lo.
Mais uma estratégia para aperfeiçoar a comunicação entre pais e filhos contém como
tarefa de casa um jogo semanal, colocando dias e horários para que ele aconteça. Podem ser
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O Profissional e a Escola
É importante que a escola fique vigilante para sinais de violência, buscando paralisar
os agressores, bem como assistir as vítimas e modificar os espectadores em fundamentais
aliados. Adicionalmente, deve-se acrescentar supervisão na hora do recreio e intervalo, assim
como impedir menosprezos em sala d aula, apelidos, ou rejeição de alunos por qualquer que
seja o motivo. Além disso se indica promover debates sobre várias formas de violência, o
respeito mútuo e a afetividade, tendo como foco as relações humanas. Todas essas ações são
mais enérgicas quando toda equipe escolar é abrangida e quando são traçadas metas tanto para
enfraquecer como prevenir o episódio do bullying.
Não obstante, quando o bullying já aconteceu e trouxe prejuízos para a vítima, para o
agressor ou para a criança que vitimiza e agride a intervenção psicoterapêutica individual faz-
se indispensável. Nesse caso, o contato servirá, primeiramente, para coleta mais informações
sobre o comportamento do paciente na escola, com os colegas, em sala de aula durante os
intervalos, assim como constância dos episódios de bullying, sua intensidade e quais as
crianças estão envolvidas. Depois, para acompanhar a evolução do paciente ao longo do
tratamento e também para prover informações ao professor sobre maneiras de lidar mais
adequadamente com o bullying.
Com relação aos fatos de bullying, cabe ao professor identificar e impedir o episódio
de agressões e ainda ouvir e tomar providencias, verificando toda e qualquer queixa de
vitimização. A criança agredida sente-se desapoiada quando busca por auxílio e não recebe
resposta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nenhuma estratégia ou medida tomada pode ser eficaz sem o apoio da equipe
pedagógica e familiar no auxílio ao combate ás situações de bullying no momento em que
acontecem.
REFERÊNCIAS
RUSCH, S.G. de S.; e MAIA, D. da S. Trabalho Grupal com Meninas Contra o Bullying:
Relato de Experiência. Rev.Psicologia.PT. 2011. Disponível
em:http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0582.pdfacessado em: 31/03/2014.
SILVA, A.B. Mentes Ansiosas: medo e ansiedade além dos limites.1. Ed.Rio de Janeiro –
RJ: Objetiva, 2012.
SILVA, A.B. Bullying - Mentes Perigosas nas Escolas. 1. Ed.Rio de Janeiro – RJ: Objetiva,
2010.
SOUZA, C.P.; e ALMEIDA, L.C.P. Bullying em ambiente escolar.Enciclopédia
Biosfera.Centro Científico Conhecer. Goiânia. 2011, n 12, pp.179-190.
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