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IDENTIFICAR, NOTIFICAR e Claudia Mussolini

ACOLHER :
Assistente Social

humanizando o Mestre em
atendimento ao Gerontologia Social

trabalhador envelhecido Gerontóloga pela


SBGG
vítima de violência
“Ação única ou repetida, ou a falta de
Violência medidas adequadas, que ocorre dentro
qualquer relação em que há uma
contra o expectativa de confiança e que cause
Idoso dano ou sofrimento a uma pessoa mais
velha”

(OMS, 2002)
Abuso físico ou Maus-tratos físicos (reporta-se ao uso de
força física);
Abuso ou Maus-tratos psicológicos (envolve agressões
verbais ou gestuais);
a Negligência (recusa, omissão ou fracasso por parte do
Violência responsável no cuidado com a vítima);
contra a Autonegligência (negação ou fracasso de prover a si
mesma cuidado adequado);
o Idoso o Abandono (ausência, por parte do responsável, de
assistência necessária ao idoso, a quem caberia prover
custódia física e cuidado);
Abuso financeiro (exploração imprópria ou ilegal e/ou uso
não consentido dos recursos financeiros de um idoso),
e o Abuso sexual (ato ou jogo sexual, destinado a estimular
a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual

(OMS, 2002)
A Imperícia consiste em o agente não saber praticar
o ato. Ser imperito para uma determinada tarefa é
realizá-la sem ter o conhecimento técnico, teórico ou
prático necessário para isso.

Para a Justiça A Imprudência pressupõe uma ação que foi feita de


forma precipitada e sem cautela. Significa que sabe
fazer a ação da forma correta, mas não toma o
devido cuidado.

A Negligência, por outro lado, implica em o agente


deixar de fazer algo que sabidamente deveria ter
feito, dando causa ao resultado danoso. (omissão)
Violência estrutural

Violência institucional

Violência doméstica/intrafamiliar
A violência intrafamiliar é caracterizada pela
ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a
integridade física e psicológica, ou a liberdade e
o direito ao pleno desenvolvimento de um
integrante do núcleo familiar.
Violência
Pode ser cometida dentro ou fora de casa,
Intrafamiliar por qualquer membro da família que esteja em
relação de poder com a pessoa agredida, e
inclui também as pessoas que exercem a função
de pai ou mãe, mesmo sem laços de sangue.

Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por


Acidentes e Violências (2001).
O abuso e a violência em geral ocorrem em
todas as etapas do ciclo da vida

Interseccionalidade da violência

Raça, gênero, classe social

Pesquisas sobre o assunto mostram que idade,


gênero e dependência aumentam os riscos de
abusos, com as mulheres liderando as
estatísticas.
(ONU, 2015)
Perfil do idoso em situação
de violência

• Mulheres

• Acima de 75 anos

• Dependentes física e
mentalmente sobretudo quando
apresentam déficits cognitivos,
alterações do sono, incontinência,
dificuldade de locomoção

• Vivendo com seus familiares


Filhos ou familiares que mantém financeiramente o idoso.
PERFIL
DO Vínculos afetivos fragilizados entre familiares e idosos.
AUTOR DA
VIOLÊNCIA
Familiares vítimas do idoso que foi ou é agressor.

(Qualidade Cuidadores terem sido vítimas de violência doméstica, padecerem depressão


dos Vínculos ) ou outros transtornos.

A maioria dos estudos mostra forte associação entre maus tratos contra idosos
e dependência química, sobretudo de álcool.
O CUIDADO COMO ATIVIDADE COMPULSÓRIA E
IDENTITÁRIA
O porquê da
violência contra • DIMINUIÇÃO NOS CUIDADOS PESSOAIS
mulheres • ENFRAQUECIMENTO/ROMPIMENTO VÍNCULOS
• DIFÍCIL REINSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
• NÃO REPASSE DO BPC/APOSENTADORIA
O ato de cuidar de alguém é
frequentemente atribuído às mulheres e a
suas supostas capacidades de ser mais
paciente, carinhosa e disponível ao outro
que o homem em nossa sociedade.
Papéis de
• Os homens, por sua vez, quando
gênero no cuidadores, sentem-se deslocados da
masculinidade e de suas atribuições
cuidado sociais. Isso é produto e produtor da
desigualdade de gênero que auxilia na
manutenção da mulher nos espaços
privados, dos homens nos espaços
públicos, e evita mudanças na divisão
sexual do trabalho.
SOUZA, C. Até que a morte os separe: os cônjuges
cuidadores, profissionais de saúde e o cuidar. Dissertação
de Mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013.
IDENTIFICAR

Subnotificação

Rastrear pacientes que não possuam


alguma lesão aparente

Riscos e Vulnerabilidades

Johnson TF. Elder mistreatment: deciding who is at risk. Westport: Greenwood Press; 1991.
• Mulheres que sofreram
violência perpetrada por seus
parceiros íntimos venham a ser
cuidadoras desses mesmos
parceiros quando estes se
encontram com
deficiências/incapacidades.

• As ações de profissionais de
saúde também são
influenciadas pelas
desigualdades de gênero, cuja
reprodução torna invisível ou
banal a violência de gênero.

SOUZA, C. Até que a morte os separe: os


Violência da cuidadora cônjuges cuidadores, profissionais de saúde e
o cuidar. Dissertação de Mestrado.
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013
Violências AVDs

• Banho

• Vestimenta

• Alimentação

• Medicação

• Privacidade
Na pessoa idosa

Parece ter medo de um familiar ou de um cuidador


profissional

O que Não querer responder quando se pergunta, ou olha para o


cuidador antes de responder
observar ?
Seu comportamento muda quando o cuidador entra ou sai do
espaço físico onde se encontra

Expressa frases que indicam baixo autoestima: "não sirvo pra


nada", "só estou incomodando"

Se refere ao cuidador como uma pessoa com "gênio forte" ou


que está freqüentemente "cansada”
IDENTIFICAR

Caregiver Abuse Screen (CASE)


para detecção de violência de
Instrumentos de cuidadores contra idosos.
Avaliação
de Risco Desenvolvido no Canadá e
utilizado para rastrear violências em
idosos entrevistando seus
cuidadores.
IDENTIFICAR
Versão em português do instrumento Caregiver Abuse Screen (CASE), 2013, utilizado na
suspeição de violência de cuidadores contra indivíduos idosos. Sendo a pessoa que ajuda ou
cuida, por favor, responda sim ou não às seguintes perguntas:

1) V/S às vezes encontra dificuldade em fazer com que (__) controle sua irritação ou
agressividade? ____ ____
2) V/S muitas vezes se sente forçado(a) a agir contra sua própria natureza ou a fazer coisas
que lhe desagradam? ____ ____
3) V/S acha difícil controlar o comportamento de (__)? ____ ____
4) V/S às vezes se sente forçado(a) a ser bruto(a) com (__) ____ ____
5) V/S às vezes sente que não consegue fazer o que é realmente necessário ou o que deve
ser feito para (__)? ____ ____
6) V/S muitas vezes acha que tem de rejeitar ou ignorar (__)? ____ ____
7) V/S muitas vezes se sente tão cansado(a) e exausto(a) que não consegue dar conta das
necessidades de (__)? ____ ____
8) V/S muitas vezes acha que tem de gritar com (__)?
RISCOS E VULNERABILIDADES

Os maus-tratos não são consequência apenas de um fator, mas da


combinação de fatores pessoais, familiares, sociais e culturais (Pérez-Rojo et
al, 2009; Daichman et al, 2008)
- Isolamento # morar só
- Habitação conjunta (convivência intergeracional)
- Empobrecimento
- Dependência financeira dos membros da família
- Problemas mentais e físicos graves
- Demência
- Qualidade dos vínculos
- Idade, raça, escolaridade, gênero, orientação sexual
RISCOS E VULNERABILIDADES

Escala Elder Assessment Instrument (EAI)

Adaptação transcultural (2009)

Índice de Avaliação de Maus-Tratos e


Abusos em Idosos
Índice de Avaliação de Maus-Tratos e Abusos em Idosos

Avaliação geral (muito bom/bom/baixo/muito baixo/impossível avaliar)


1. Vestuário
2. Higiene
3. Nutrição
4. Qualidade da pele

Possíveis indicadores de abuso (sem evidência/evidência possível/evidência


provável/clara evidência/impossível de avaliar)
1. Contusões
2. Golpes
3. Fraturas
Índice de Avaliação de Maus-Tratos e Abusos em Idosos

Possíveis indicadores de negligência (sem evidência/evidência possível/evidência


provável/clara evidência/impossível de avaliar)
1. Contraturas
2. Lesões de pressão
3. Desidratação
4. Diarréia
5. Pouca higiene
6. Medicação inadequada

Possíveis indicadores de exploração (sem evidência/evidência possível/evidência


provável/clara evidência/impossível de avaliar)
1. Mau uso do dinheiro
2. Evidência de exploração financeira
3. Incapacidade de controlar o dinheiro
Índice de Avaliação de Maus-Tratos e Abusos em Idosos

Possíveis indicadores de abandono (sem evidência/evidência


possível/evidência provável/clara evidência/impossível de avaliar)
1. Evidência que o cuidador abandonou os cuidados propositalmente sem
arranjar alternativas
2. Evidência que o idoso foi abandonado num ambiente inseguro por períodos de
tempo prolongados e sem apoio.
3. Queixas do idoso de abandono repetido
IDENTIFICAR
Dificuldade em identificar a violência

Ao invés de:
Dificuldades
Você está sofrendo violência ?
de estudar a
Perguntar:
violência
Você está passando por um conflito
familiar difícil?

CONFAD (Núcleo Conflitos Familiares Difíceis) – Centro de Saúde Escola


Samuel Barnsley Pessoa – FMUSP
Rompendo o
Silêncio !!
NOTIFICAR
A violência autorreferida, apresenta limitações, visto
que os abusos nesta faixa etária tendem a ser sub
relatados pelos próprios idosos.
Dificuldades de
estudar a Motivos :
violência no • Medo de retaliação
Envelhecimento • Que seu cuidador seja punido
• Dificuldade de expressão
• Ser colocado numa Instituição
• Perda de privacidade e de relações familiares
• Ser responsabilizado pelo comportamento abusivo
(Quinn & Tomita, 1997 cit in Ferreira-Alves, 2005)
NOTIFICAÇÃO
ESTATUTO DO IDOSO
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra
idosos serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde
públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente
comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: (Redação dada pela
Lei nº 12.461, de 2011)
I - Autoridade Policial;
II - Ministério Público;
III - Conselho Municipal do Idoso;
IV - Conselho Estadual do Idoso;
V - Conselho Nacional do Idoso.
Defensoria Pública

Ministério Público
Informe-se, Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso
observe,
Conselho Municipal do Idoso
escute
CREAS

ONGs
INTERVENÇÃO

VISITAS REGULARES (monitoramento)

APOIO AOS CUIDADORES (sobrecarga)

SOLICITAR APOIO COMUNITÁRIO (vizinhos, igreja)

REFERENCIAR AO CREAS
Política Nacional de
Humanização (PNH) - SUS

O acolhimento é uma ação tecno-assistencial que


pressupõe a mudança da relação profissional/usuário e
sua rede social através de parâmetros técnicos, éticos,
humanitários e de solidariedade, reconhecendo o usuário
como sujeito e participante ativo no processo de
produção da saúde.
Acolhimento como estratégia operacional

O acolhimento não é Desse modo é que o


um espaço ou um local, diferenciamos de
mas uma postura ética, triagem, pois ele não
não pressupõe hora ou se constitui como uma
profissional específico etapa do
para fazê-lo, implica processo, mas como
compartilhamento de ação que deve ocorrer
saberes, necessidades, em todos os locais e
momentos do serviço
possibilidades,
de saúde.
angústias e invenções.
ACOLHIMENTO SERVIÇO SOCIAL

Pode-se verificar que o acolhimento é realizado tendo em vista três objetivos


específicos:

a) para garantir o acesso do usuário aos mais diversos direitos sociais;

b) a fim de construir uma relação de confiança tal, que permita a criação de


vínculos e;

c) para que informações sejam captadas a fim de subsidiar as decisões


acerca das intervenções a serem realizadas.
Uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar
respostas mais adequadas aos usuários.
Escuta qualificada é:

Identificar riscos, vulnerabilidades e


potencialidades, acolhendo as decisões do/da idosa
como prioridade.
Sistematizar é ESSENCIAL

Pois a violência é individual e sistêmica.


O acolhimento é capaz de mobilizar "energias
adormecidas", despertar esperanças e com isso é
capaz também de incluir sujeitos críticos e
atuantes na defesa do SUS.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONFAD (Conflitos Familiares Difíceis) – Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa –
Medicina Preventiva/ FMUSP, 2019.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU quer ajuda global para acabar com abusos
contra idosos. Criado em 15/06/15 08h28 e atualizado em 07/07/16 14h57. Por Edgard Júnior.
Fonte:Rádio ONU, 2015.
FONSECA, Antonio Cezar Lima da. Algumas anotações sobre competência na Lei Maria Da
Penha. Revista do Ministério Público do RS, Porto Alegre, n. 73, jan./abr. 2013, p. 35-49)
SAUAIA, A.S. e TAVARES, G.R.L. A construção de novos saberes no âmbito da Lei Maria da
Penha. Revista Faculdade de Direito da UFRGS. n.35, 2016.
SOUZA, C. Até que a morte os separe: os cônjuges cuidadores, profissionais de saúde e o
cuidar. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013
POLTRONIERIA,B.C. Violência no cuidado em instituições de longa permanência para
idosos no Rio de Janeiro: percepções de gestores e profissionais. Saúde Soc. São Paulo, v.28, n.2,
p.215-226, 2019

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