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Intervenção em crise

Com vítimas
Vitimação
Implica vivência de uma situação exigente,
em que os mecanismos normais de adaptação e
resolução de problemas não têm êxito,
resultando num desequilíbrio psicológico e diminuição do
funcionamento adaptativo

Desequilíbrio
exigências do acontecimento (demasiadas)
competências percebidas (poucas)
Resposta inicial
Choque, confusão, perda (de sentimento de controlo, de confiança de
segurança, de justiça), culpa
Resposta emocional de negação, torpor, incredulidade

Passa rapidamente e evolui para resposta de fuga ou luta


- face à ameaça, corpo é ativado, emoções de medo, raiva, confusão;
- depois o corpo fica exausto, e começa o processo de reestruturação
emocional

Em crise traumática, a vítima vive um desequilíbrio


o coping deve repor o equilíbrio através da resolução de problemas,
procurando informação concreta, assumindo diretamente a ação, e
recuperar assim o sentimento de controlo

Ganhar o sentimento de controlo nas atividades de rotina diária,


compreendendo as reações (depressão, raiva, ansiedade); procurar apoio
Face ao Desequilíbrio

Restabelecer equilíbrio:

recursos = forças/competências internas e suporte social

Pessoas diferentes

percecionam e lidam de forma diferente com os eventos


Funcionamento
Fisiológico Comportamental
Hipertensão arterial Luta ou fuga
Taquicardia “Congelado ou imobilizado”
Fadiga Obediência automática
Insónia Abandono de actividades
Hipervigilância Conflito
Queixas somáticas Agitação
Náuseas/mal-estar
Alteração do apetite
Intervenção em crise

Pode permitir a resolução precoce de stress agudo

Providenciar um ponto de viragem, em que o indivíduo sai fortalecido pela


experiência

Apoiar as estratégias de coping presentes, e/ou


ajudar a restabelecer o coping e as capacidades do indivíduo de resolução de
problemas

Ajudar a realizar passos concretos de gestão dos sentimentos e desenvolver


passos concretos de planificação de ações

Intervenção em crise pode:


Reforçar as forças e os fatores de proteção em situações em que a pessoa é
submersa pela dimensão traumática do evento

Providenciar conexão com instituições sociais/comunitárias


Intervenção em crise
Desencorajar sentimentos de desânimo e impotência
Encorajar sentimentos de confiança e esperança

Gestão do stress criado pelo incidente crítico


Para fomentar:
- sentimento de poder
- redução de medo e raiva
Promover a participação ativa do indivíduo no seu processo de
recuperação
(Green & Pomeroy, 2007)
Intervenção em Crise

Prevenir, dissipar, restaurar


Contexto

Imediato, próximo do evento crítico


Timing Aqui e Agora

Em qualquer local seguro próximo do


Local incidente

1 a 4 contactos
Duração

Activo, diretivo
Papel do Psicólogo
Intervenção em Crise

Estabilizar, reduzir sintomas, retorno ao funcionamento anterior,


referenciar para o nível seguinte de cuidados
Promover uma percepção realista do(s) acontecimento(s)

Desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas


Objetivos Acionar os recursos pessoais e sociais

Minimizar o impacto da situação crítica e integrá-la na vida da


pessoa
R-SSCIM (Roberts, 1991, 2005)
Modelo passo a passo:
7 fases críticas pelas quais as vítimas têm de passar para
Estabilizar, Resolver, Dominar

Através de: a) avaliação rápida dos problemas e recursos; b)


colaboração na seleção dos objetivos e dos resultados; c) procura
de estratégias de coping alternativas; d) desenvolvimento de
aliança no trabalho e f) fortalecimento das forças da vítima

Objetivos do R-SSCIM:
- mitigar o impacto do evento (diminuir a tensão);
- facilitar o processo normal de restabelecimento; recuperar o
funcionamento adaptativo
1- planificar e realizar AVALIAÇÃO – do risco de morte, perigo para si e outros;
das necessidades psicossociais imediatas

Permite identificar e focar nas necessidades e aspetos particulares da pessoa

- Avaliar risco de morte (suicídio)


- Recolher informação sobre o(s) acontecimento(s) (pode ser de outra fonte que
não a vítima)
- Avaliar rapidamente história prévia de tentativa de suicídio, uso de
substâncias, etc. (mesmo na família)
- Avaliar sentimento de desamparo e desespero;
- Avaliar rede de apoio social; avançar com medidas de segurança (e.g. acesso a
medicamentos, etc.)
- Escutar sobre os detalhes imprevistos da história
- Questionar vítima sobre como a angústia tem afetado os seus pensamentos …
2 – Estabelecer relação

Estabelecer comunicação e construir interação:

mostrar respeito genuíno, aceitação, atitude de não julgamento,

assegurar privacidade

Apresentar-se, falar de forma calma, pausada e neutra

Disponibilidade para ouvir - escuta ativa, demonstrar empatia

Estabelecer interação pedindo para a vítima falar de si


3- Avaliar as dimensões do problema (incluindo as condições que o precipitaram)
Questões sobre o que aconteceu que conduziu à situação atual
Focar no(s) problema(s) e estabelecer prioridade pelo que é mais grave (procurar
cuidadosamente pistas para suicídio; planos de suicídio, etc.)

4- Encorajar a exploração de sentimentos e emoções (e.g. medos atuais) e dar


suporte
Permitir à vitima que conte a sua história e como se está a sentir
Mostrar empatia
Usar escuta ativa: parafrasear, refletir sobre sentimentos, sumariar, securizar, dar
conselhos, reenquadrar, elogiar
Normalizar experiências da vítima
Validar e identificar as suas emoções
Identificar estratégias de coping passadas
Encorajar a ventilação de sensações físicas e mentais
5- Explorar alternativas possíveis
explorar e avaliar tentativas anteriores de coping

Restabelecer equilíbrio: o que o ajudou no passado;

Questão milagre e TCS

Identificar com a vítima tópicos de lazer, desporto, férias, etc

Exploração conjunta e sugestão de opções de coping

Trabalhar a memória da vítima para que ela seja capaz de falar da última

vez em que as coisas estavam bem;

(e.g., dizer que “costuma fazer este tipo de trabalho e há coisas que

geralmente resultam e ajudam”; na sequência, dar sugestões)


6- Restabelecer funcionamento cognitivo através de um plano de acção

Promover a autonomia
Compromisso da vítima para concretizar o plano ,
referência de terapeutas e entidades de apoio
A intervenção em crise é curta; deve ser encerrada e concluía cedo, ou enviada
para terapeuta

7- Follow – up
Deixar a porta aberta ….
Sessões um, três e/ou 6 meses depois
visita domiciliária, telefone, presencialmente
A vítima pode entrar em contacto -dar contacto
SRP
Contextualização Segurar
Referenciação
e Follow-up
Estabelecimento
de Relação
Restaurar
Prevenir

Promoção de Segurança
Coping Adaptativo e Conforto Modelo de
Intervenção
Psicossocial
Restabelecimento Avaliação
Psicossocial Individual
em Crise
Reaquisição do
Reaquisição do
Controlo sobre o
Controlo de Si
Processo
Fases do Modelo Objectivo
Recolher de dados sobre a situação e sobre as principais
consequências;
Contextualização

Estabelecer o 1º contacto com a pessoa que necessita de ajuda


Estabelecimento de Postura do técnico (verbal e não verbal): disponibilidade para ouvir,
relação assegurar privacidade, evitar juízos de valor, utilizar de técnicas
que facilitem a ventilação emocional por parte da vítima, respeitar,
validar e normalizar as reacções,…

Segurança e Restabelecer a sensação de segurança e de conforto: direccionar


Conforto para local mais seguro e protegido

Avaliar detalhadamente a situação e a pessoa em causa (sinais e


sintomas, percepção do acontecimento, atribuição de significados,
Avaliação Individual
antecedentes, necessidades imediatas, recursos pessoais,
mecanismos de coping, ….)
Fases do Modelo Objectivo
Reaquisição do Validar e normalizar a sintomatologia. Recurso a técnicas de
controlo de si estabilização emocional (controlo respiratório, relaxamento) e
técnicas de focalização sensorial (grounding)

Reaquisição do Orientar a pessoa para a aquisição de uma postura pró-activa


controlo sobre o Utilização da Técnica de Resolução de Problemas
processo
Encorajar o indivíduo a conectar-se com os seus recursos
(familiares, amigos, associações, reforçar interacções adaptativas e
Activação da rede
de suporte, …)
social
Promover estratégias de coping adaptativas através da
psicoeducação (reacções normais, estratégias adequadas e
Psicoeducação
comportamentos de risco, definição de planos de segurança,
recursos disponíveis e formas de contacto, …)

Follow-up e Avaliar a necessidade de acompanhamento posterior a referenciar


Referenciação
Postura e Comunicação não verbal

Postura (tranquilidade, colocar-se ao nível da pessoa)

Tom de Voz (calmo e seguro)

Gesticulação (evitar o excesso para não transmitir ansiedade)

Contacto Visual ( fundamental para captar a atenção)

Toque (usado com moderação - adequado o toque nos ombros,


braços e mãos para demonstrar empatia e preocupação)
Reaquisição do controlo de si – Estabilização Emocional

- validação e normalização de sentimentos: reconhecer sentimentos e falar


abertamente sobre eles
- ser empático e fornecer suporte
- dar informação correcta e adequada sobre o que aconteceu, de forma a que a
pessoa possa estabelecer um contínuo de acontecimentos

Técnicas de Intervenção
- Técnica de Controlo Respiratório
- Técnicas de Relaxamento Muscular
Especificidade intervenção com vítimas de agressão sexual

 Adoptar uma postura calma e empática:

- Não pressionar para fornecer detalhes

- Dizer à pessoa que não é culpada

 Ter cuidado com o toque; pode não querer ser tocada.


 Informar que o seu caso não é o único

 Normalizar os sentimentos de Culpa, Raiva, Vergonha e Nojo

 Não fazer promessas que não podem ser cumpridas

 Explicar os procedimentos legais e a questão da prova

 Dar informação sobre instituições de apoio


 Se a agressão sexual ocorreu há menos de 72 horas, encaminhar para
Medicina Legal
 alertar a vítima para:

 Não lavar as mãos


 Não lavar os dentes
 Não mudar de roupa ou, se o fizer, guardar a roupa velha num
saco de papel
 Não se pentear
 Não tomar banho
 Não urinar ou defecar
 Não comer ou beber
Intervenção psicoeducativa com Familiares

 Estar disponível para ouvir, não pressionar para “esquecer” ou para


“perdoar”

 Não pressionar para fornecer detalhes

 Validar e Normalizar a culpabilidade dos membros da família face ao


sucedido
Companheiro(a) da pessoa vitimada

 Pedir permissão antes de tocar ou abraçar

 Não insistir na necessidade de contacto sexual. Deixar a pessoa decidir


quando é que está preparada e também a dimensão deste envolvimento

 É provável que o interesse sexual do parceiro possa demorar algum tempo a


ser restabelecido

 Discutir o assunto “SEXO” em ambiente “não-sexual”


Especificidades da intervenção com crianças

Validar e Normalizar sentimentos de CULPA, VERGONHA, RAIVA


e NOJO do próprio corpo

Proteger a criança do abusador

Trabalho com a família

Comunicação de acordo com a criança

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