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Técnicas de inoculação de estresse (IE)

As Técnicas de inoculação de estresse têm o objetivo de facilitar ao sujeito a aquisição de


certas habilidades que lhe permitam reduzir ou cancelar a tensão e a ativação
fisiológicas, além de eliminar as cognições anteriores (pessimistas e negativas,
frequentemente) por afirmações mais otimistas que facilitam uma adaptação adaptável à
situação estressante que o sujeito deve fazer.
Uma das teorias nas quais essa técnica se baseia é o Modelo de Enfrentamento ao Stress
de Lázaro e Folkman. Este procedimento provou sua eficácia, especialmente em
Transtornos de Ansiedade Generalizada .

Procedimento

O desenvolvimento da inoculação do estresse é dividido em três fases: uma educacional,


um treino e uma aplicação . Essa intervenção atua tanto na área cognitiva quanto no
autocontrole e na adaptação comportamental ao ambiente.

1. Fase educacional

Na fase educacional , são fornecidas informações ao paciente sobre a maneira como


as emoções de ansiedade são geradas , enfatizando o papel das cognições.
Posteriormente, é feita uma definição operacional do problema específico da pessoa, por
meio de diferentes instrumentos de coleta de dados, como entrevista, questionário ou
observação direta.

Por fim, é lançada uma série de estratégias que favorecem e facilitam a adesão do
sujeito ao tratamento . Por exemplo, estabelecendo uma aliança terapêutica adequada
com base na transmissão de confiança .

2. Fase de treino

Na fase de treino, é mostrada uma série de procedimentos para integrar habilidades


relacionadas a quatro grandes blocos: cognição, ativação emocional, controle
comportamental e enfrentamento paliativo. Para trabalhar cada um desses blocos, as
seguintes técnicas são colocadas em prática:
 Habilidades cognitivas : Neste bloco estratégias de reestruturação cognitiva,
técnicas de resolução de problemas e auto práticas – Exercícios de instrução
acompanhada por obras de reforço posterior positivo.
 C activação ontrol : Trata-se de formação em técnicas de relaxamento focada no
sentimento de muscular estresse-relaxamento.
 Habilidades comportamentais: técnicas como exposição comportamental,
modelagem e teste de comportamento são abordadas aqui.
 Habilidades de enfrentamento: finalmente, esse bloco consiste em recursos para
melhorar o controle da atenção, mudança de expectativa, expressão adequada de
afeto e emoções, bem como o gerenciamento adequado do suporte social
percebido.

3. Fase de aplicação

Na fase de aplicação, a pessoa tenta se expor a situações de ansiedade (reais e / ou


imaginadas) de forma gradual , iniciando tudo o que foi aprendido na fase de
treinamento. Além disso, a eficácia da aplicação das técnicas é verificada e avaliada e as
dúvidas ou dificuldades são resolvidas durante sua execução. Os procedimentos utilizados
são os seguintes:
 Ensaio imaginativo : o indivíduo faz uma visualização o mais vívida possível do
enfrentamento da situação de ansiedade.
 Teste comportamental : o indivíduo encena a situação em um ambiente seguro.
 Exposição in vivo graduada : o indivíduo está na situação real naturalmente.

Finalmente, para concluir a complementação da intervenção na inoculação por


estresse, estão agendadas mais sessões para manter as conquistas obtidas e evitar
possíveis recaídas. Neste último componente, são trabalhados aspectos como a
diferenciação conceitual entre queda – pontual e recaída – mais mantida ao longo do
tempo – ou a programação de sessões de acompanhamento onde continua com uma
forma de contato indireto com o terapeuta, principalmente).
Estratégias de enfrentamento do estresse
Prof. Dr. André Luiz Moraes Ramos

Centro Universitário Salesiano de São Paulo - Lorena

Seria bom se pudéssemos evitar o estresse e termos uma vida livre das pressões
cotidianas. Mas convivemos com aborrecimentos, discussões familiares, compromissos
profissionais, prazos exíguos para completarmos nossas tarefas, além das atividades que não
conseguimos realizar.

Como nem sempre obtemos sucesso em nos livrar destes eventos estressantes, temos que
aprender a lidar com estas situações de forma efetiva (Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). O
enfrentamento está, portanto, relacionado ao processo pelo qual lidamos com as demandas
internas e/ou externas que pressionam, sobrecarregam ou excedem os recursos do indivíduo, e
que são percebidas como ameaçadoras ou opressivas (Lazarus e Folkman, citados por Gerrig e
Zimbardo, 2005).

O enfrentamento do estresse envolve uma variada gama de estratégias, funcionais e


disfuncionais utilizadas pelos indivíduos para lidar com situações ameaçadoras, sendo que o seu
tratamento, de acordo com Lipp e Malagris (2008), constitui-se em ensinar à pessoa formas de lidar
melhor com ele e evitar que se torne excessivo e prejudique sua saúde, assim como sua vida em
geral.

As estratégias de enfrentamento, comumente empregadas diante das situações


estressoras, consistem em respostas cognitivas, emocionais e comportamentais.

Estratégias cognitivas:

Uma forma poderosa de se adaptar ao estresse é alterar suas avaliações dos eventos
stressores e suas cognições autodestrutivas com as quais você está lidando com eles. Neste
sentido, de acordo com Gerrig e Zimbardo (2005), é preciso encontrar uma maneira diferente de
pensar sobre uma determinada situação, sobre o papel que você está desempenhando diante dela
e as atribuições causais que você faz para explicar o resultado indesejável.

Avaliação e reestruturação cognitivas:

As teorias cognitivas de enfrentamento do estresse, em especial a Teoria Cognitiva de


Richard Lazarus e a proposta de Donald Meichenbaum de uma vacina contra o estresse, utilizam
de duas formas básicas para enfrentar mentalmente o estresse: a avaliação e a reestruturação
cognitivas, que podem ser explicitadas em três fases de atividades mentais que visam diagnosticar
os eventos que enfrentamos em nossas vidas, denominadas: avaliação primária, avaliação
secundária das estratégias de enfrentamento e reavaliação.

1) Avaliação primária:

Quando você enfrenta situações estressantes, seu primeiro passo é definir de que forma
tais situações são, realmente, estressantes. A avaliação inicial realiza a apuração e a interpretação
cognitiva de um estressor, através da descrição detalhada do evento e da estimativa de sua
gravidade.

Alguns estressores, como sofrer um grave atropelamento ou ser assaltado com violência,
são considerados como ameaças por quase todas as pessoas. Mas é comum que uma situação
que cause estresse em outra pessoa, como pedir uma informação a um estranho ou estar na
escola durante uma tempestade de granizo, seja interpretada por você como um evento comum,
pouco ou nada estressante.

Os eventos provocadores de estresse para uma pessoa são definidos em função da


situação da pessoa, de especificidades da demanda e de sua competência para lidar com o
problema.

É importante que o indivíduo se questione seriamente sobre o a situação que está


vivenciando, ampliando a sua consciência do fenômeno: O que realmente está acontecendo? Eu
corro algum risco? Isto é estressante ou irrelevante para mim?

2) Avaliação secundária: as estratégias de enfrentamento:

Se a reposta a última pergunta for estressante, é necessário decidir o que será feito. É
preciso, então, identificar as estratégias de enfrentamento, fazendo um levantamento das
alternativas que o indivíduo possui para lidar com o problema.

Avaliam-se os recursos pessoais e sociais disponíveis para encarar as circunstâncias


estressantes e ponderar se estas opções são necessárias e efetivas.

Tomando-se como referência a teoria de Robert Sternberg (2002), observa-se que, nesta
fase, são utilizadas estratégias de processamento cognitivo da informação para solução de
problemas, empregando-se componentes metacognitivos e de desempenho. Sternberg conceitua o
componente metacognitivo como os “executivos” do processamento, pois atuam em alto nível no
planejamento da atividade mental, definindo a natureza das estratégias, a seleção dos passos e a
alocação de recursos para a solução do problema, além de monitorarem o progresso da aplicação
das estratégias escolhidas rumo ao sucesso deste enfrentamento. O componente de desempenho
executa as estratégias definidas pelo componente metacognitivo (Weiten, 2002)

Na preparação para o enfrentamento, surgem questionamentos do tipo: Em vez de ficar


ansioso, por que eu não penso em algo que possa fazer? Sou capaz de elaborar um plano para
enfrentá-lo? É possível pensar esta situação de modo diferente?

O enfrentamento pode focalizar as emoções, de modo a mudar a si mesmo por intermédio


de atividades que façam sentir-se melhor, mas não alteram o estressor, como atividades de foco
somático que visam aliviar o corpo (medicamentos, relaxamento, exercícios), atividades cognitivas
(distrair-se, fantasiar, refletir acerca de si mesmo), identificação dos processos conscientes e não
conscientes que levam a mais ansiedade. Para isto, o indivíduo deve refletir acerca de si mesmo,
seus recursos, suas competências, qualidades, dificuldades, limitações e fraquezas, de modo a
identificar seus aspectos positivos para lidar com o problema.

Pode, também, utilizar-se de técnicas de enfrentamento que focalizem o problema, como


alterar o estressores ou a própria relação com ele, por meio de ações diretas e/ou atividades para a
solução de problemas, por exemplo: lutar (destruir, remover ou enfraquecer a ameaça) ou fugir
(distanciar-se da ameaça), buscar opções para lutar ou fugir (negociação, barganha, compromisso)
e/ou impedir estresse futuro (agir para aumentar a própria existência ou diminuir preventivamente a
força do estresse).

A disponibilidade de múltiplas estratégias de enfrentamento é adaptativa, porque você tem


mais chances de obter equilíbrio e administrar o evento estressante.

Definidas as alternativas de enfrentamento, é necessário escolher as que vão ser utilizadas


e pô-las em prática, avaliando a sua eficiência no controle e redução do estresse.

3) Reavaliação:

Nesta fase, são avaliados os resultados obtidos com a aplicação das estratégias utilizadas
na fase anterior, o sucesso e/ou fracasso produzido por cada estratégia.

Se o estresse persiste, retorna-se à fase anterior e novas estratégias são escolhidas e


implantadas, dando continuidade ao processo de enfrentamento até se conseguir a redução do
estresse.

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