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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

REGIANE VALIM VACCARO

ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO E MANUTENÇÃO DA PERDA DE PESO


APÓS A CIRURGIA BARIÁTRICA DO TIPO BYPASS

MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

SÃO PAULO
2018
REGIANE VALIM VACCARO

ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO E MANUTENÇÃO DA PERDA DE PESO


APÓS A CIRURGIA BARIÁTRICA DO TIPO BYPASS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do título de
Mestre em Psicologia Clínica, sob a orientação da
Prof.ª Dr.ª Denise Gimenez Ramos.

SÃO PAULO
2018
REGIANE VALIM VACCARO

ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO E MANUTENÇÃO DA PERDA DE PESO


APÓS A CIRURGIA BARIÁTRICA DO TIPO BYPASS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do título de
Mestre em Psicologia Clínica, sob a orientação da
Prof.ª Dr.ª Denise Gimenez Ramos.

Aprovada em:

Prof.ª Dr.ª Denise Gimenez Ramos – PUC-SP

Prof.ª Dr.ª Fabiana Coelho Fernandes – UNIFESP

Prof. Dr. Roberto Garcia – PUC-SP


O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais, Lourdes e Romildo, que me deram tudo, principalmente a


oportunidade de sonhar. Todo meu amor a vocês. Agradeço a meu esposo, Ricardo, por seu
amor, apoio, paciência e por sempre acreditar em meus sonhos. Amo você. À minha irmã
querida que está sempre na torcida.
Agradeço à Prof.ª Dr.ª Denise Gimenez Ramos por sua excelência como professora e
por sua dedicação à psicologia e à construção do conhecimento. Agradeço por me guiar neste
mestrado, sempre solicitando o melhor de mim. Minha imensa admiração.
Gostaria de agradecer aos professores do Núcleo de Psicossomática e Psicologia
Hospitalar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pelas ricas aulas e por todo
conhecimento compartilhado, em especial ao Prof. Dr. Roberto Garcia, por todo apoio e
acolhimento.
Aos professores da banca examinadora por aceitarem o convite e colaborarem com este
trabalho.
Agradeço aos colegas por todos os cafés e conversas, especialmente a Mariana Taliba e
a Carla Anauate que foram parceiras em momentos importantes e se tornaram amigas queridas
e a Helena Carvalho pela escuta, ideias e revisão dos textos.
Aos participantes da pesquisa, que aceitaram compartilhar sua experiência com o
tratamento bariátrico e também indicaram outras pessoas para as entrevistas.
Aos primos e amigos que acompanharam e incentivaram minha jornada, especialmente
a amiga Fabiana Fernandes que me deu o empurrãozinho fundamental para iniciar o mestrado,
a Daniela Provedel, que tem sido minha guia nos caminhos da psicologia, e aos primos,
Cristiane e Roger, pelas contribuições significativas.
Ao CAPES pela bolsa de estudos, sem a qual não seria possível realizar a pesquisa.
Por fim, a Deus pela minha saúde, pela minha família e por me permitir encontrar meu
parceiro da vida.
RESUMO

VACCARO, R. V. Acompanhamento psicológico e manutenção da perda de peso após a


cirurgia bariátrica do tipo by-pass. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica). Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.

A obesidade é uma doença complexa e de difícil tratamento. A cirurgia bariátrica tem


sido considerada o tratamento mais eficaz para perda de peso. A expectativa da medicina com
relação ao resultado desse procedimento é a melhora da qualidade e da expectativa de vida do
paciente por meio do emagrecimento, mas esse método cirúrgico não impede que o paciente
volte a engordar. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, envolvendo aspectos
biológicos, históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. Os
aspectos psicológicos que permeiam o tratamento bariátrico relacionam-se a: autoimagem,
dificuldade de mudança de hábitos e de estilo de vida, transtornos alimentares, relações sociais
e familiares, assim como baixa capacidade de enfrentamento. O presente trabalho teve como
objetivo observar se o resultado do acompanhamento psicológico de pacientes que realizaram
cirurgia bariátrica está associado à manutenção do peso em longo prazo. A amostra foi
composta por homens e mulheres de 30 a 60 anos que foram submetidos a cirurgia bariátrica
do tipo Bypass, decorridos 36 a 60 meses da realização do procedimento. Participaram 20
pessoas divididas em dois grupos: pacientes bariátricos que fizeram psicoterapia após terem
sido operados e aqueles que não haviam passado por tal acompanhamento. O recrutamento dos
participantes foi realizado por meio do método “bola de neve”. As informações foram coletadas
por meio de entrevista semidirigida e o cálculo do PEP%, indicador aprovado pelo relatório
BAROS, foi utilizado para avaliar resultados positivos e negativos da perda de peso pós-
cirurgia. O “Discurso do Sujeito Coletivo” foi o método de análise dos dados obtidos. Dos 20
participantes, onze tiveram acompanhamento psicológico e três, dos nove que não fizeram
terapia, acreditam que precisariam ter feito. Portanto, 14 participantes reconhecem a
importância da psicoterapia no tratamento da obesidade por meio da cirurgia bariátrica. Os
valores de PEP não apresentaram diferença significativa entre os grupos. As respostas dos
participantes estão de acordo com a literatura, pois os fatores psíquicos e emocionais permeiam
o pré e o pós-cirúrgico do tratamento bariátrico, e a psicoterapia pode contribuir como apoio,
facilitando a ampliação da consciência sobre tais fatores. Todavia, é necessário estudos mais
aprofundados e, possivelmente, com uma amostra maior para que seja comprovada a
contribuição da psicoterapia nesse processo.

Palavras chave: Cirurgia bariátrica. Obesidade. Psicossomática. Psicologia analítica


ABSTRACT

VACCARO, R. V. Psychological therapy and maintenance of weight loss after bariatric


by-pass surgery. Dissertation (Master in Clinical Psychology). Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.

Obesity is a complex disease and one that is difficult to treat. The bariatric surgery has been
considered the most efficient treatment for weight loss. The expectations of medicine
concerning the result of bariatric surgery is to improve the patient’s quality of life, as well as
his/her life expectancy through weight loss. However, this surgical method does not prevent
the patient from regaining weight. The etiology of obesity is complex and multifactorial
involving biological, historical, ecological, political, social economic, psychosocial and cultural
aspects. The psychological aspects that intervene in bariatric surgery are related to self-image,
difficulty in changing habits, eating disorders, social and family relationships, as well as low
coping capacity. The current study had the objective to observe if the outcome of psychological
follow-up after bariatric surgery is related to long-term weight maintenance. We use the
“snowball” method to recruit participants who underwent bypass bariatric surgery 36 to 60
months prior this study. The sample consisted of men and women aged 30 to 60 years who were
divided into two groups: participants who underwent psychotherapy after the surgery and those
who did not. We collected data through semi-structured interviews and calculate PEP%, as
approved by the Baros method, to identify positive and negative results of post-surgery weight
loss. The analysis of data was carried out by using the “Discourse of the Collective Subject”.
Eleven out of twenty participants underwent psychotherapy and three out of the nine who did
not undergo psychological counseling believed that they should have done so. Therefore, 14
participants acknowledged the importance of psychotherapy in the treatment of obesity through
bariatric surgery. PEP results did not show a significant difference between the groups.
Participants' responses are in agreement with the literature by showing that psychic and
emotional factors permeate the pre and post bariatric surgery treatment and that psychotherapy
may contribute as a support enabling the development of greater awareness about those aspects.
However, more in-depth studies and, possibly, a larger sample are needed to substantiate the
contribution of psychotherapy to this process.

Key words: Bariatric surgery. Obesity. Psychosomatic. Analytical psychology.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tabela IMC (Índice de Massa Corporal) ...................................................... 15


Quadro 2 – O ‘Círculo do Descontentamento’.................................................................. 17
Quadro 3 – Percentual de participantes por PEP e tipo de acompanhamento
terapêutico ..................................................................................................... 35
Quadro 4 – Caracterização dos participantes do Grupo A – Tratamento psicoterápico 37
Quadro 5 – Caracterização dos participantes do Grupo B – Sem tratamento
psicoterápico .................................................................................................. 37
Quadro 6 – Período de pós-operatório .............................................................................. 38
Quadro 7 – Síntese estatística das variáveis ...................................................................... 38
Quadro 8 – Percentual de participantes por PEP% no momento da entrevista e tipo de
acompanhamento terapêutico ....................................................................... 39
Quadro 9 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que acha que
engordou no passado? – Grupo A ................................................................. 40
Quadro 10 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que acha
que engordou no passado? – Grupo B .......................................................... 42
Quadro11 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que decidiu
fazer a cirurgia? – Grupo A .......................................................................... 43
Quadro 12 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que decidiu
fazer a cirurgia? – Grupo B .......................................................................... 44
Quadro 13 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quais as
dificuldades do pós-operatório e do período de adaptação pós-cirurgia? –
Grupo A ......................................................................................................... 45
Quadro 14 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quais as
dificuldades do pós-operatório e do período de adaptação pós-cirurgia? –
Grupo B ......................................................................................................... 46
Quadro 15 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Sua rotina,
hábitos e alimentação mudaram? – Grupo A ............................................... 48
Quadro 16 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Sua rotina,
hábitos e alimentação mudaram? – Grupo B ............................................... 49
Quadro 17 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você teve novo
ganho de peso? Se sim, a que você atribui este ganho? – Grupo A ............. 50
Quadro 18 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você teve novo
ganho de peso? Se sim, a que você atribui este ganho? – Grupo B .............. 51
Quadro 19 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você precisou de
nova cirurgia? – Grupo A e B ....................................................................... 52
Quadro 20 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: O resultado da
cirurgia foi o que você esperava? – Grupo A ............................................... 53
Quadro 21 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: O resultado da
cirurgia foi o que você esperava? – Grupo B ................................................ 54
Quadro 22 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você teve
acompanhamento psicológico após a cirurgia? – Grupo A e B.................... 55
Quadro 23 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quanto tempo
após a cirurgia iniciou a psicoterapia? – Grupo A ....................................... 56
Quadro 24 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Qual tipo de
psicoterapia? – Grupo A ............................................................................... 57
Quadro 25 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Qual a
frequência das sessões? – Grupo A ............................................................... 57
Quadro 26 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quantas sessões
ou por quanto tempo fez a psicoterapia? – Grupo A ................................... 58
Quadro 27 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por qual razão
procurou a psicoterapia? – Grupo A ............................................................ 59
Quadro 28 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Qual foi a
contribuição do acompanhamento psicológico, para você? – Grupo A ....... 60
Quadro 29 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Como sente seu
corpo? – Grupo A .......................................................................................... 62
Quadro 30 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Como sente seu
corpo? – Grupo B .......................................................................................... 63

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Gráfico das médias estatísticas das variáveis em cada grupo............................32


ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
2 OBESIDADE ................................................................................................................... 15
2.1 Definição e incidência................................................................................................... 15
2.2 Causas e transtornos associados à obesidade .............................................................. 16
2.3 Psicodinâmica da obesidade......................................................................................... 21
3 A CIRURGIA BARIÁTRICA ........................................................................................ 24
3.1 A vida após a cirurgia .................................................................................................. 26
3.2 Hábitos alimentares e estilo de vida............................................................................. 27
3.3 O papel do apoio psicológico ........................................................................................ 29
4 MÉTODO ........................................................................................................................ 32
4.1 Objetivos ....................................................................................................................... 32
4.2 Participantes ................................................................................................................. 32
4.3 Instrumentos................................................................................................................. 33
4.4 Procedimentos .............................................................................................................. 34
4.5 Aspectos Éticos ............................................................................................................. 35
4.6 Resultados..................................................................................................................... 35
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 36
5.1 Caracterização dos participantes................................................................................. 36
5.2 Resultados..................................................................................................................... 40
5.2.1 Pergunta 1: Por que acha que engordou no passado? ................................................. 40
5.2.2 Pergunta 2: Por que decidiu fazer a cirurgia? ............................................................. 43
5.2.3 Pergunta 3: Quais as dificuldades do pós-operatório e do período de adaptação pós-
cirurgia? ..................................................................................................................... 45
5.2.4 Pergunta 4: Sua rotina, hábitos e alimentação mudaram? ........................................... 47
5.2.5 Pergunta 5: Você teve novo ganho de peso? Se sim, a que você atribui esse ganho? ... 50
5.2.6 Pergunta 6: Você precisou de nova cirurgia? .............................................................. 52
5.2.7 Pergunta 7: O resultado da cirurgia foi o que você esperava? .................................... 53
5.2.8 Pergunta 8: Você teve acompanhamento psicológico após a cirurgia? ........................ 54
5.2.9 Pergunta 9: Quanto tempo depois da cirurgia iniciou a psicoterapia? ........................ 55
5.2.10 Pergunta 10: Qual tipo de psicoterapia? ................................................................... 56
5.2.11 Pergunta 11: Qual a frequência das sessões .............................................................. 57
5.2.12 Pergunta 12: Quantas sessões ou por quanto tempo fez a psicoterapia? .................... 57
5.2.13 Pergunta 13: Por qual razão procurou a psicoterapia? ............................................. 58
5.2.14 Pergunta 14: Qual foi a contribuição do acompanhamento psicológico, para você? . 60
5.2.15 Pergunta 15: Como sente seu corpo? ........................................................................ 62
6 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 64
7 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 70
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 72
APÊNDICE 1 – Ficha de identificação.............................................................................. 78
APÊNDICE 2 – Entrevista semiestruturada..................................................................... 79
APÊNDICE 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................... 80
12

1 INTRODUÇÃO

Desde o meu primeiro contato na graduação em psicologia, o estudo da psicossomática,


disciplina na qual medicina e psicologia dialogam, despertou meu interesse pelo corpo como
veículo de expressão simbólica da psique. Tal interesse foi retomado mais tarde, ao receber, no
espaço clínico, pacientes em tratamento pós-operatório de cirurgia bariátrica com queixas de
dificuldades para adaptar-se à nova condição de restrição alimentar e insatisfação ou não
identificação com o próprio corpo. A fala de um paciente representa a queixa: “O corpo
emagrece, a cabeça não”.
Essa frase também é uma boa síntese da observação feita nos atendimentos clínicos,
durante os quais alguns pacientes relataram preocupação em engordar novamente, em razão de
desejos de ingestão de quantidade excessiva ou de tipos de alimentos não recomendados,
mesmo cientes de que ceder aos impulsos poderia desencadear a Síndrome de Dumping. Essa
síndrome pode acometer pacientes bariátricos e é a resposta do organismo à presença de grandes
quantidades de alimentos, açúcares e gorduras no aparelho digestivo, caracterizando-se “por
um conjunto de sintomas vasomotores e gastrointestinais, associados ao esvaziamento gástrico
rápido ou à exposição súbita do intestino delgado aos nutrientes” (CHAVES; DESTEFANI,
2016, p. 117).
O tipo de cirurgia bariátrica mais comum e eficaz entre os pacientes é a gastroplastia
(ou Bypass gástrico) que, segundo Sarwer e Fabricatore (2008), é o tratamento mais indicado
para pacientes obesos com Índice de Massa Corporal (IMC)1 a partir de 30 kg/m² (obesidade
moderada), com quadro de doenças correlacionadas, como pressão alta, diabetes e apneia do
sono, ou para pacientes com obesidade mórbida, com IMC a partir de 40 kg/m². A intervenção
cirúrgica consiste no grampeamento de parte do estômago e no desvio do intestino (ARASAKI,
2005). O desvio intestinal diminui a absorção e acelera a passagem do alimento do estômago
para o intestino, o que pode causar a Síndrome de Dumping.
A expectativa da medicina com relação ao resultado da cirurgia bariátrica é a melhora
da qualidade e da expectativa de vida do paciente por meio do emagrecimento, mas o
procedimento não impede que o paciente volte a engordar. Tem-se, portanto, que esse não é um
tratamento definitivo. A perda de massa gorda tem continuidade no período de 18 a 24 meses

1
O IMC é um cálculo recomendado pela OMS, desde 1997 (WHO, 2004), para classificar a obesidade em
adultos, sendo obtido pela divisão do peso do paciente por sua altura elevada ao quadrado.
13

após a operação. Passado esse período, manter o peso controlado depende de mudança de
hábitos e estilo de vida. (MARCELINO; PATRÍCIO, 2008). Torres e Rubio (2011), em estudo
sobre reganho de peso, encontraram que mais da metade dos pacientes pode recuperar de 20%
a 50% do peso perdido em até dez anos após operação.
Almeida, Rezende e Zanatta (2012) relatam que, geralmente, pacientes obesos têm
diagnóstico de depressão, ansiedade, transtorno alimentar, compulsões ou transtorno de
imagem corporal, podendo ser diagnosticados com mais de um desses transtornos. Além disso,
podem sofrer distúrbios psicossociais por dificuldade de socialização, isolamento e
enfrentamento de preconceitos. Essas questões, se não tratadas, podem influenciar no resultado
do tratamento bariátrico e na reincidência da obesidade.
Voltando à frase do paciente: “O corpo emagrece, a cabeça não”, podemos pensar que,
se de um lado a obesidade é fonte de adoecimento, de outro, como lembra Vianna (2016), pode
se constituir uma defesa (ou um sintoma) diante de uma complexa trama de dificuldades
psíquicas. Nesse caso, perder peso talvez venha a representar um risco para o equilíbrio psíquico
do indivíduo obeso.
Saúde é definida pela OMS como “um estado de completo bem-estar físico, mental e
social e não somente ausência de afecções e enfermidades” (OMS, 1946). Para tal estado de
completo (se é que é possível) bem-estar físico, mental e social, é preciso cuidar dos aspectos
psíquicos implicados no tratamento da obesidade.
Como veremos na revisão de literatura, a obesidade é uma doença complexa e de difícil
tratamento, e os aspectos psicológicos que permeiam o tratamento bariátrico relacionam-se a:
autoimagem, dificuldade de mudança de hábitos e estilo de vida, transtornos alimentares,
relações sociais e familiares, assim como baixa capacidade de enfrentamento. Nesse sentido,
este trabalho tem como objetivo observar se o resultado do acompanhamento psicológico de
pacientes operados em cirurgia bariátrica está associado à manutenção do peso em longo prazo.
A teoria junguiana e a psicossomática darão o embasamento necessário para o
desenvolvimento deste trabalho. Ramos (2006) afirma que a psicologia analítica proporciona
os fundamentos necessários para a abordagem do fenômeno psique-corpo e a compreensão da
relação entre saúde e doença. Nessa abordagem teórica, o fenômeno psique-corpo é
compreendido como uma unidade psicofísica: uma pessoa é um todo e não apenas uma reunião
de partes (HALL; NORDBY, 1993). Além disso, o processo psíquico é visto como evolutivo,
vivo e direcionado à realização máxima possível das potencialidades humanas. Daí decorre que
a doença pode ter o propósito de tornar consciente novos elementos, corrigir atitudes e
14

possibilitar novas relações consigo mesmo. O adoecimento poderia constituir, assim, uma
grande oportunidade de crescimento pessoal.
A revisão de literatura será apresentada nos Capítulos 2 e 3 e compreende o período de
1997 a 2017. Foram encontrados artigos de pesquisas nas bases Lilacs, PubMed e Scielo, artigos
encontrados por citação em outro artigo e capítulos de livro. As palavras-chave utilizadas nas
buscas foram: psychological aspects, bariatric surgery e obesity. O Capítulo 2 apresenta a
definição de obesidade, causas e incidência, transtornos relacionados e a psicodinâmica
envolvida. O Capítulo 3 traz a descrição dos tipos e benefícios da cirurgia bariátrica, explorando
as mudanças na vida dos pacientes após a cirurgia e os aspectos psicológicos que podem
influenciar o resultado do tratamento bariátrico. O Capítulo 4 apresenta o método utilizado na
pesquisa, objetivos, critério de escolha dos participantes, instrumentos utilizados e
procedimentos. O Capítulo 5 trata da análise de dados e dos resultados encontrados. A discussão
dos dados qualitativos está apresentada no capítulo 6 e as conclusões obtidas são relacionadas
no Capítulo 7.
15

2 OBESIDADE

2.1 Definição e incidência

A Organização Mundial de Saúde define obesidade como um acúmulo anormal ou


excessivo de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetar a saúde, advertindo que
esse é um dos maiores problemas de saúde no mundo (WHO, 2004). O excesso de gordura
sobrecarrega os órgãos e leva o organismo à exaustão, abrindo caminho para distúrbios
cardiovasculares, ortopédicos, digestivos, endócrinos, dermatológicos e respiratórios.
(MARCELINO; PATRÍCIO, 2008).
O indivíduo considerado obeso deve ter o IMC acima de 30 kg/m². Na publicação de
2016 das Diretrizes Brasileiras de Obesidade, a Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) afirma que “não há avaliação perfeita para
sobrepeso e a obesidade pode variar de acordo com fatores étnicos e genéticos” (ABESO, 2016,
p. 14). Essa associação defende a análise combinada (IMC em conjunto com a medida de
circunferência do abdômen ou, ainda, a somatória de medidas de pregas cutâneas,
ultrassonografia e análise de bioimpedância) para avaliação e classificação precisa de sobrepeso
ou obesidade. A classificação do IMC segue a tabela abaixo retirada do caderno de diretrizes
da associação (Ib. ibid., p. 16).

Quadro 1 – Tabela IMC (Índice de Massa Corporal)

Fonte: Caderno de diretrizes ABESO (2016, p. 16)


16

Os resultados de diversas pesquisas demonstram que a obesidade é uma epidemia


mundial de crescimento rápido, com enormes custos para a saúde devido às doenças a ela
relacionadas (SJÖSTRÖM et al., 1999), demandando atenção, tratamento e prevenção.
O estudo realizado em 2014, coordenado por Majid Ezzati e publicado pela a revista
Lancet em 2016, apontou que a expectativa de vida de pessoas obesas é reduzida de dois a
quatro anos, em casos de obesidade moderada, e de oito a dez anos para casos de obesidade
severa. Esse estudo analisou 200 países, de 1975 a 2014, e mostrou que a obesidade afetava
13% da população do mundo, com 641 milhões de pessoas obesas, prevendo que haveria 2,3
bilhões de adultos com sobrepeso em 2025. À época desse levantamento, os países com maior
percentual de obesos eram Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Austrália, Canadá e Nova
Zelândia, e estavam no Timor Leste, Etiópia e Eritreia as pessoas com menor peso. Nas
mulheres, a obesidade havia crescido de 6,4%, em 1975, para 14,9%, em 2014, índice superior
ao dos homens. O estudo concluiu que havia mais pessoas obesas do que desnutridas no mundo.
Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017), estavam acima do
peso 1,9 bilhão de adultos no mundo. Desse conjunto, 650 milhões estavam obesos e 41 milhões
de crianças com menos de cinco anos estavam com sobrepeso ou obesas.
Observa-se no Brasil essa mesma tendência. De acordo com a pesquisa realizada pelo
Ministério da Saúde em 2016 e publicada em maio de 2017, o número de pessoas com excesso
de peso cresceu 26,3% em dez anos. Em 2006, 42,6% da população estava acima do peso com
IMC igual ou pouco maior de 25 kg/m² e, em 2016, essa porcentagem subiu para 53,8%, com
prevalência maior entre os homens (57,7% homens e 50,5% mulheres) e entre pessoas com
menor escolaridade (60% dos brasileiros com IMC igual ou maior que 25 kg/m² possuem até
oito anos de escolaridade). A mesma pesquisa mostra que a obesidade cresceu 60% em dez
anos e foi de 11,8% de obesos na população brasileira, em 2006, para 18,9%, em 2016, com
frequência semelhante entre homens e mulheres e maior porcentagem de pessoas com menor
escolaridade e entre a faixa etária de 35 a 60 anos (BRASIL, 2017).

2.2 Causas e transtornos associados à obesidade

A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, envolvendo aspectos biológicos,


históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. Leitner (2014)
afirma que a obesidade é sintoma de uma defesa estruturada e construída na história de vida do
obeso em seu ambiente social e que se reflete em seus hábitos e estilo de vida. Quando não
17

associada à herança genética, pode ser considerada, do ponto de vista psíquico, um sintoma do
desequilíbrio da homeostase psique-corpo.
O centro de controle da fome e da saciedade no cérebro está no hipotálamo, responsável
por manter a homeostase do corpo e tem participação na regulação da fome, do sono, da
temperatura e da sede, agindo sobre o sistema nervoso autônomo e o sistema límbico. O ganho
de peso pode ter origem tanto em uma alteração do eixo hipotalâmico como em hábitos
alimentares baseados no consumo excessivo de gorduras saturadas e trans e em um estilo de
vida pouco saudável, fatores esses que podem produzir uma inflamação contínua no
hipotálamo, o que contribui para um mau funcionamento da regulação da fome e saciedade,
perpetuando o ganho de peso (SANDEE-LEE; VELLOSO, 2012).
Para além da fome e saciedade regulados pelo hipotálamo, há o apetite que procura a
satisfação no ato de comer: comer por prazer, por desejo, por raiva ou como gratificação. O
apetite envolve várias partes do cérebro que operam sob os estímulos sensoriais, metabolismo
e fatores psicológicos. É comum que a obesidade tenha início em momentos importantes da
vida como início da vida escolar, puberdade, casamento, gravidez, perda, mudanças,
menopausa etc. (KAHTALIAN, 2010).
Marks (2015), por sua vez, entende que o funcionamento estável do organismo é
mantido pela homeostase responsável pelo equilíbrio geral. O desequilíbrio homeostático que
resulta na obesidade teria, teoricamente, origem no “Círculo de descontentamento” descrito no
Quadro 2, um modelo circular que liga ganho de peso, insatisfação corporal, afeto negativo e
consumo excessivo.

Quadro 2 – O “Círculo do Descontentamento”

Fonte: MARKS (2015, p. 12, nossa tradução)


18

Em seu estudo sobre o “círculo do descontentamento”, Marks (2015) concluiu que a


causa da obesidade está relacionada a um sistema complexo, que tem início na infância com o
aprendizado do significado do alimento e da autorregulação de saciedade. O aumento do peso
corporal é resultado do aprendizado de que o alimento é fonte de reencontro do equilíbrio
emocional e do consumo que vai além da necessidade fisiológica. O indivíduo em desequilíbrio
engorda e, com isso, sofre a discriminação social que cultua o corpo magro como padrão de
beleza e estética. A discriminação gera mais desequilíbrio emocional e leva a mais consumo de
alimentos que, em geral, são oferecidos pela indústria com alto valor calórico e baixo valor
nutricional.
Entretanto, em uma análise mais ampla, a obesidade é um problema de saúde e de
possível injustiça social (MARKS, op. cit.). Alimentos e bebidas industrializados, calóricos e
sem valor nutricional custam menos, além de serem saborosos e terem forte apelo comercial.
Em contrapartida, o acesso a uma dieta equilibrada e saudável é mais difícil em razão do custo
mais elevado, já que alimentos saudáveis e frescos demandam transporte e armazenamento
especiais por serem mais perecíveis. Um estudo sobre o custo de uma dieta saudável para
famílias brasileiras de baixa renda concluiu que, para atingir as recomendações nutricionais
ideais, os gastos com alimentação aumentariam 39% para famílias com renda de um salário
mínimo per capita. (BORGES et al., 2015). A obesidade tem, portanto, causas tanto ambientais
como biológicas (MARKS, op. cit.).
Nesse sentido, segundo Marks (2015), a melhor forma de combate à obesidade é a
prevenção, mas as políticas de saúde dos governos são comprometidas pelos interesses das
indústrias, e as evidências científicas são vencidas por interesses econômicos. A cura para a
epidemia está associada ao cuidado com a educação alimentar da criança, à revisão das fontes
de discriminação social e padrões estéticos idealizados, ao aumento da oferta de alimentos de
baixo valor calórico e alto valor nutricional bem como ao tratamento do desequilíbrio
emocional e psicológico (MARKS, op. cit.). Além disso, os profissionais da saúde precisam
priorizar as ações preventivas antes de supervalorizar a cirurgia, e as instituições responsáveis
pela promoção de saúde necessitam investir em um caminho capaz de remodelar as fontes
midiáticas e as práticas de saúde relacionadas à alimentação e hábitos de vida (MARCELINO;
PATRÍCIO, 2011).
A sociedade ocidental contemporânea cultua o corpo magro como sinônimo de saúde,
beleza, sucesso e autocontrole, enquanto o corpo obeso representa preguiça e fraqueza. O corpo,
na atualidade, é medida de desempenho e demanda dietas, exercícios físicos, tratamentos para
emagrecer e outros métodos mais drásticos para o controle de peso. O indivíduo obeso, além
19

de padecer de morbidades associadas à sua condição, também tem que enfrentar preconceitos
sociais que, muitas vezes, estão na base dos problemas psicológicos associados à obesidade.
(GORDON; KAIO; SALLET, 2011).

[...] o corpo do obeso atual sugere menos prestígio e mais descontroles. Ele é
visto como quem sofre por sua incapacidade, igualmente real ou imaginada,
de saber administrar seu peso e seu volume. Um corpo que padece de um dos
principais “pecados” das sociedades contemporâneas: aquele de não saber
investir em si mesmo com sucesso. (SANT’ANNA, 2012, p. 140)

Para Edler (2017), corrigir a obesidade passa a ser uma demanda da cultura do corpo
magro e da lipofobia. Desse modo, as cirurgias de emagrecimento e estética fazem parte de um
movimento de retificação das imperfeições para que o indivíduo possa pertencer ao conjunto
dos vencedores. Os imperfeitos ficam de fora e são vítimas de bullying, o que leva a quadros
de depressão, ansiedade e isolamento. Nesse contexto, a comida, que é fonte de prazer, conforto
e bem-estar, tem significado emocional.
A pressão social pode levar o obeso a se utilizar de diferentes estratégias em busca do
emagrecimento. Assim, Morgan, Vecchiatti e Negrão (2002) apontam que a tendência à
obesidade é um dos fatores de risco para Anorexia Nervosa (AN) e Bulimia Nervosa (BN), já
que a pessoa obesa é suscetível a críticas sobre seu peso, o que afeta sua autoestima e satisfação
corporal, levando-a às dietas e ao risco do transtorno alimentar na tentativa de manter o corpo
magro.
Todavia, é importante lembrar que “o aumento de peso não é uma simples questão de
comer em demasia. [...] Pode haver, por trás de quaisquer distúrbios metabólicos, tanto causas
de ordem fisiológica como causa de natureza psicológica” (WOODMAN, 1980, p. 11).
A obesidade não é definida como um transtorno pelo Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-V), mas está associada a
outros transtornos mentais como depressão, bipolaridade, esquizofrenia e transtornos
alimentares (APA, 2014). De acordo com essa edição do Manual:

Os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente


na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação que resulta
no consumo ou na absorção alterada de alimentos e que compromete
significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. (APA,
2014, p. 329)

Tais transtornos têm origem multidimensional, pois diversos fatores podem mediar a
relação entre o comportamento individual e a cultura. Dentre os fatores de cunho social,
20

teríamos a pressão da cultura ocidental para conquistar e manter a boa forma física (sendo esta
a representação de sucesso, autocontrole, disciplina e competência) assim como a ênfase em
relação à magreza e às dietas na busca pela perfeição em uma sociedade do narcisismo. Fatores
individuais incluem vulnerabilidades de ordem psicológica e biológica (MORGAN;
AZEVEDO, 1998). Dentre estas últimas, destaca-se aquela que leva à compulsão alimentar
periódica (TCAP), que apresenta uma relação causal com a obesidade e está presente em 15%
a 50% dos pacientes que buscam tratamento para emagrecer. No Brasil, de 27% a 47% dos
pacientes bariátricos têm diagnóstico de compulsão alimentar (MACHADO et al., 2008). O
comportamento compulsivo está relacionado a aspectos psicológicos, como ansiedade,
depressão e desordem emocional, e a comportamentos como impulsividade, controle e rigidez.
Os marcadores diagnósticos do transtorno compulsivo alimentar são o descontrole e o comer
sozinho por vergonha (PALAVRAS et al., 2013).
Dellosso, Silva e Cunha (2013) apontam que, além dos fatores genéticos, ambientais,
metabólicos e fisiológicos, é de suma importância a consideração das questões psíquicas
pertinentes à obesidade e sua influência no comportamento alimentar dos indivíduos obesos.
Observaram-se significativos sintomas psíquicos e transtornos alimentares em pacientes de
obesidade grau III que procuram o tratamento pela cirurgia. Segundo esses estudiosos, os
diagnósticos psiquiátricos mais frequentes nessa população são os transtornos do humor
(ansiedade, angústia e depressão) e do comportamento alimentar (transtorno alimentar
compulsivo periódico e síndrome do comer noturno), além de ansiedade, alcoolismo e consumo
de drogas, muitas vezes seguidos de suicídio.
É importante ressaltar que nem todo indivíduo obeso engordou por questões emocionais
ou sofre de TCAP. Evidentemente, os riscos à saúde, que já são inúmeros com o excesso de
peso, são ampliados quando a compulsão existe e, portanto, identificar o transtorno e tratá-lo é
fundamental para o sucesso da perda de peso e da retomada da saúde e da qualidade de vida
(VIANNA, 2016).
21

2.3 Psicodinâmica da obesidade

Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuízos ao


corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal consegue
afetar a alma, pois alma e corpo não são separados, mas animados por uma
mesma vida. Assim sendo, é rara a doença do corpo, ainda que não seja de
origem psíquica, que não tenha implicações na alma. (JUNG, 1912/1987, par.
194)

A psicossomática contemporânea entende o ser humano em sua totalidade – psique-


corpo –, com interdependência dos aspectos psicológicos, biológicos e social e, portanto, a
doença tem origem, desenvolvimento e cura no fenômeno psique/corpo.
Mcdougall (2013) descreve a somatização como um modo de defesa arcaico, que ocorre
antes da aquisição da linguagem e resulta de um processo de internalização falho. O bebê
aprende com o ambiente (geralmente representado pela mãe, que faz o papel de para-excitadora)
a transformar em representações psíquicas as tensões que vêm do corpo (energia de excitação).
Os pacientes somáticos não aprenderam a canalizar adequadamente os afetos que vêm do corpo
e a solução é não sentir nada, é o rompimento do indivíduo com seus próprios sentimentos,
levando a adultos desafetados. A energia de excitação sem caminho para a representação
psíquica volta para o corpo, que não suporta a carga, gerando o sintoma psicossomático.
O transtorno psicossomático, segundo Masud Khan (1997), surge do perigo da
integração psique/soma. De acordo com Winnicott (1949/2000), a integração psique/soma pode
ser ameaçadora quando a criança, na primeira etapa do desenvolvimento, em dependência
absoluta, não se diferencia da mãe e necessita de cuidados de um ambiente suficientemente
bom. Todavia, se não encontra esse cuidado da forma adequada, há um fracasso do ambiente
(que pode ser por falta ou excesso) que “perturba a continuidade do seguir vivendo do novo
indivíduo”, a saída é o transtorno como organização defensiva. (WINNICOTT, 1949/2000, p.
335).
No modelo analítico, a doença é uma expressão simbólica que revela uma disfunção do
eixo ego-Self provocada por um complexo. Complexo é entendido como um grupo de
sentimentos, pensamentos e lembranças existentes no inconsciente (HALL; NORDBY, 1993)
e que, quando constelado, afeta o indivíduo emocional e fisicamente, desencadeando ações
autônomas, com força maior do que a vontade consciente. O complexo constelado toma o
indivíduo e o faz perder o controle sobre suas emoções e seus comportamentos, podendo se
manifestar como uma compulsão para fazer ou dizer algo inadequado, fora de sintonia com a
realidade. Jung (1934/1984) afirma que a liberdade do ego termina onde começa o reino dos
22

complexos. O complexo é autônomo e, até que seja elaborado, haverá a repetição (STEIN,
2006). Desse modo, o sintoma físico ou psíquico é uma expressão de um complexo que precisa
ter seu significado entendido.

A compulsão de repetição é o resultado de o Arquétipo Central coordenar


repetidamente um símbolo fixado. Por isso, podemos dizer que ela é também
uma forma de o Arquétipo Central buscar desfazer as fixações repetindo a
elaboração. A compulsão de repetição também tem a virtude de chamar a
atenção para uma fixação e buscar ajuda para corrigi-la. Ela precisa ser
diferenciada da repetição normal e criativa, presente na elaboração normal
para buscar a integração dos significados do símbolo. (BYINGTON, 2017, p.
64)

Na busca pelo equilíbrio do eixo ego-Self, o Self envia para a consciência símbolos –
em forma de sonhos, imagens ou enfermidades – que, se não forem integrados pelo ego no
plano abstrato, serão expressos na polaridade concreta (no corpo). Nesse sentido, Ramos (2006)
considera o símbolo como o terceiro fator no fenômeno psique-corpo, indicando uma disfunção
na relação ego-Self que precisa ser corrigida. A doença, como representação simbólica, teria
uma função transdutora.

Entende-se por transdução a conversão ou a transformação de informação de


uma forma para outra. Observando-se o corpo humano como uma rede de
sistemas informativos, genético, imunológico, hormonal, entre outros,
veremos que cada um desses sistemas tem seu código. A transmissão de
informação entre os sistemas requer que algum tipo de transdutor permita que
o código de um sistema seja transladado para o código de outro sistema. A
mente, por ter capacidade para simbolizar no modo linguístico ou
extralinguístico, pode também ser considerada um meio de codificação,
processamento e transmissão de informação entre organismo, psique e soma.
(RAMOS, 2017, p. 295)

Ramos (2006) considera, ainda, que a compreensão e integração do símbolo na


consciência tem efeito de melhora na saúde do paciente.

Para compreendermos o significado desse símbolo, não basta a busca da


causa, mas a pesquisa de sua finalidade é imprescindível. [...] O sintoma
orgânico pode corresponder a uma cisão na representação de um
complexo/arquétipo, em que a parte abstrata/psíquica ficou reprimida. Ao
ficar desconectado do ego, esse sintoma se repetirá compulsivamente, como
tentativa de se integrar na consciência, a fim de que o processo de
individuação possa prosseguir. (RAMOS, 2006, p. 59)

Scavone (2010) afirma que o comer demais pode ser entendido como uma cisão do
aspecto psíquico por meio da qual a “fome da alma” é confundida com a “fome do corpo”.
23

Assim, o obeso segue interpretando os desconfortos emocionais como desconfortos físicos.


Para Woodman, a comida é um meio de exprimir um desafio frente ao controle dos outros: “a
comida torna-se o bode expiatório de todas as emoções, formando o núcleo em torno do qual
gira a personalidade” (WOODMAN, 1980, p. 23).

A experiência do comer relaciona-se com vivências prévias, como


sentimentos de segurança ou insegurança, afeto e amamentação, bem como o
aspecto social de convívio e de comunicação. O processo de alimentação é
regulado por fatores múltiplos, desde constitucionais até ambientais.
(WAHBA, 2017, p. 279).

De acordo com Wahba (2017) o paciente obeso é regredido, narcísico e pode apresentar
traços psiconeuróticos, transtorno de humor, quadros fóbicos, ansiedade e depressão. O obeso
está preso ao período em que a mãe é o primeiro alimento e a linguagem do corpo estabelece
as primeiras relações. A obesidade é uma resposta à rejeição sofrida na relação primal. O
“arquétipo rejeitador ou devorador da Grande Mãe predomina no inconsciente” (WAHBA,
2017, p. 282) e desenvolve uma personalidade hipersensível que interpreta a menor dissonância
como rejeição, uma ferida narcísica. A fome proveniente da ferida narcísica é constante, pois a
comida nunca corresponde à expectativa, e o vazio permanece. Comer cumpre o papel de exorcizar
o medo do abandono e saciar a alma reestabelecendo o bem estar. O corpo obeso envolve, como defesa,
os sentimentos de fragilidade e fraqueza contidos no transtorno de personalidade narcísica que pode
ser descrito como autoimagem distorcida, baixa autoestima e falso self (conceito enganoso de
si mesmo) (WAHBA, op. cit.).
É importante a compreensão global do paciente, no sentido de que a ingestão excessiva
pode ser a forma de esse indivíduo se ligar ao mundo externo. O mastigar pode ser a expressão
da agressividade, a gordura pode ser a proteção para um ego frágil e talvez esta seja a única
forma de existir alguma harmonia interna. (KAHTALIAN, 2010)
Em síntese, a obesidade pode ser vista como fenômeno psicossomático resultante da
vivência do complexo na polaridade concreta. A constelação do complexo pode levar ao
comportamento de comer em excesso e ao aumento de peso. O alimento não está em sintonia
com a necessidade do corpo, atende a um vazio de outra ordem que não a do estômago e,
portanto, é um transtorno psicossomático. A psicoterapia teria como objetivo a transdução do
símbolo da polaridade orgânica para a psique, diminuindo o sintoma e levando à melhora da
saúde do paciente. (RAMOS, 2017). Cumpriria, desse modo, a função de transduzir o sintoma
para o verbal, tornando consciente para o paciente que a obesidade é o sintoma de uma defesa
e atende a uma demanda de ordem psíquica.
24

3 A CIRURGIA BARIÁTRICA

Diversos autores concordam que a cirurgia bariátrica (CB) é o melhor tratamento para
obesidade, com grande perda de peso em curto espaço de tempo e significativa melhora no
quadro geral de saúde (ADAMS et al., 2007; ALEGRÍA; LARSEN, 2013; ALMEIDA et al.,
2011; ARASAKI, 2005; COSTA et al., 2014; DUARTE et al., 2014; GORDON, 2014;
KALARCHIAN; MARCUS, 2015; MARCELINO; PATRÍCIO, 2011; PINHO et al., 2011;
RODRÍGUEZ; PUIG; ELÍAZ-CALLES, 2013; SILVA; MAIA, 2013; ZANASI et al., 2014;).
Como já mencionado, esse procedimento é indicado para pessoas com IMC igual ou
acima de 40 kg/m² (obesidade grave ou de grau III) e para pessoas com IMC igual ou acima de
30 kg/m² (obesidade moderada ou de grau II) que apresentem quadro de doenças relacionadas
à obesidade. A indicação para a cirurgia, por ser considerada um procedimento drástico, ocorre
quando os pacientes não conseguiram a redução do peso por tratamento clínico (MARCELINO;
PATRÍCIO, 2011).
Para Sprengel (2015), a cirurgia bariátrica deve ser a última opção. Os Estados Unidos
são o primeiro país em número de cirurgias bariátricas no mundo, e o Brasil vem em segundo
lugar, com 80 mil cirurgias realizadas em 2013. Sprengel (op. cit.) descreve quatro técnicas
cirúrgicas reconhecidas no Brasil pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica:
a) gastroplastia ou Bypass gástrico (Desvio Intestinal em “Y de Roux”) – mais utilizada
no Brasil, consiste no grampeamento de parte do estômago, reduzindo a capacidade
de armazenamento de alimento. O estômago grampeado é ligado por uma alça
intestinal, formando um desvio em forma de Y e dificultando a absorção de
alimentos. É considerada a mais segura pela eficácia e tempo de estudo;
b) banda gástrica ajustável – constitui-se na colocação de um anel de silicone inflável
ao redor da parte superior do estômago, fazendo com que este adquira o formato de
ampulheta para dificultar o esvaziamento gástrico e aumentar o tempo da sensação
de saciedade. Cirurgias realizadas nos anos 2000 apresentaram complicações e
muitos anéis já foram retirados;
c) gastrectomia vertical/ manga ou Sleeve – mais novo procedimento entre os quatro,
consiste em retirar cerca de 70% a 80 % do estômago, diminuindo o volume e a
capacidade de armazenamento;
d) derivação biliopancreática ou Duodenal Switch – procedimento semelhante à
gastroplastia com a diferença de que o desvio intestinal é mais longo, o que exige
25

controle mais rigoroso do paciente no que se refere às quantidades de vitaminas e


minerais absorvidos pelo organismo.
A ABESO inclui mais dois tipos de técnica de cirurgia bariátrica em seu caderno de
diretrizes, além das citadas acima:
e) balão intragástrico (BIG) – consiste na colocação de um balão no estômago por
procedimento endoscópico. O balão pode permanecer no estômago por no máximo
seis meses e, em caso de recolocação, é preciso respeitar um intervalo de 30 dias.
Apesar de o resultado ser de perda de 20% a 40% do peso inicial, sua eficácia é
questionável, pois há registro de reganho de peso após a retirada do balão e alguns
casos de ruptura de estômago e morte do paciente;
f) derivação biliopancreática com gastrectomia horizontal – consiste em gastrectomia
horizontal, exclusão de parte do intestino delgado e criação de uma alça intestinal de
50 cm. Essa técnica tem diversos efeitos colaterais incluindo desnutrição grave e
deficiência de vitaminas. (ABESO, 2016, p. 166)
Entre os tipos de cirurgia descritos, os mais utilizados mundialmente para tratamento da
obesidade são: gastrectomia manga (SG), banda gástrica ajustável (AGB) e Bypass gástrico (Y
de Roux) (LEE; DIXON, 2017). No Brasil, a gastroplastia com desvio intestinal (Bypass) é
utilizada em 75% das cirurgias realizadas, e as menos utilizadas são a banda gástrica ajustável
e a derivação biliopancreática.
A média de perda de peso considerada satisfatória depois do procedimento cirúrgico é
de 60% a 70% do excesso de peso, sendo essa a média indicada por Bastos et al. (2013),
Sprengel (2015) e pela ABESO (2016).
Embora a cirurgia bariátrica traga benefícios e melhore a saúde do paciente,
apresentando resultado de perda de peso mais significativo do que outros tratamentos, há
complicações após a cirurgia que requerem acompanhamento no pré-operatório e no pós-
operatório em longo prazo. O paciente deve ser adequadamente selecionado para a cirurgia,
considerando-se a gravidade do quadro clínico e a capacidade de enfrentamento para mudança
no estilo de vida.
As possíveis complicações pós-cirúrgicas, segundo Lee e Dixon (2017), são:
a) riscos pós-cirúrgicos: vazamentos, perfurações, obstrução, infecção, hemorragia;

b) hipoglicemia: geralmente em pacientes com diabetes pré-existente;

c) dumping: dores abdominais, diarreia, náuseas, rubor, palpitações, transpiração,

agitação e síncope;
d) anemia ferro: anemia, letargia, anorexia, palidez, perda de cabelo, fadiga muscular;
26

e) deficiência de B12: anemia, leucopenia, glossite, trombocitopenia, neuropatia

periférica;
f) deficiência de tiamina: sintomas neurológicos, encefalopatia em casos graves;

g) banda gástrica excessivamente restrita (para pacientes com banda gástrica ajustável):

má adaptação do comer, refluxo gastresofágico, desordem, vômitos, regurgitação,


tosse crônica ou pneumonia por aspiração recorrente;
h) recuperação de peso: a perda de peso máxima geralmente é alcançada em um a dois

anos após a cirurgia, com algum peso recuperado.

3.1 A vida após a cirurgia

A procura pela cirurgia bariátrica é motivada pelo retorno social, por padrões estéticos
e pelo desejo psicológico de mudança de vida, porém a motivação acaba após a perda de peso.
Os artigos encontrados nesta revisão concordam que existe a possibilidade de recuperação de
peso no longo prazo, caso não haja alteração dos hábitos alimentares e do estilo de vida: falta
de controle alimentar, uso de álcool e de outras substâncias estão relacionadas com o reganho
de peso (ODOM et al., 2010). Vale ressaltar, nesse sentido, a importância do tratamento de
transtornos (por exemplo, ansiedade, depressão e transtornos alimentares) existentes antes da
cirurgia que podem ser a causa da obesidade.
Além disso, a maioria dos estudos afirma que há possíveis impactos psicológicos na
adaptação ao novo corpo, relacionados à autoimagem e ao contorno corporal, pelo excesso de
pele procedente do emagrecimento, além de mudanças nos relacionamentos.

Após a cirurgia, o tratamento deve ser continuado, pois a problemática do


possível novo ganho de peso no período pós-operatório continua sendo a
mesma da origem da obesidade, desequilíbrio entre ingestão calórica e gasto
energético, o que reforça duas importantes ideias: de que a cirurgia não é a
solução da obesidade, e sim uma etapa do tratamento que apenas tem êxito
quando mudanças de hábitos e comportamentos são efetuadas, devendo a
obesidade continuar sendo tratada continuamente; e que aspectos psicológicos
avaliados no período anterior à cirurgia embasam o planejamento de
tratamento pós-operatório, verificando vulnerabilidades e forças do paciente.
(VENZON; ALCHIERI, 2014, p. 247)

De outro lado está a exigência social, que transforma a obesidade em enfermidade


social, em algo vulgar e grosseiro, e a imposição do corpo magro como modelo de saúde e
beleza. O indivíduo obeso sofre a pressão social e busca operar uma transformação da sua
identidade e um corte em sua história por meio da cirurgia, mas a mudança pode não se
27

concretizar devido às questões psíquicas expressas no corpo. Emagrecer não garante a


satisfação existencial e os pacientes voltam a engordar (MARCHESINI, 2010).
Rosa e Campos (2009) pesquisaram o significado da cirurgia bariátrica na relação entre
corpo e subjetividade e encontraram que a mudança física exige uma resposta psíquica bem
como uma adaptação, não só a uma diferente rotina alimentar exigida pela nova condição física,
mas à nova identidade, ao novo corpo e às novas relações, questões que exigem uma nova
organização psíquica. “A mudança no corpo faz eco à sua autoestima, à sua identidade, a seus
mecanismos de defesa, à sua organização psíquica” (ROSA; CAMPOS, 2009, p. 108). Os
autores retratam o corpo obeso como forma de expressão do sofrimento e entendem a obesidade
não como sintoma ou resultado de maus hábitos, herança genética e estilo de vida, mas como
um sinal do mundo interno
Langaro et al. (2011), ao investigarem características psicológicas de mulheres que
realizaram a CB, encontraram perfis com características de alta deferência e baixa agressão,
indicadores de personalidade passiva, com tendência a oferecer suporte emocional e a ter
sentimentos de compaixão e ternura, mas não esperando receber o mesmo. Pacientes com esse
perfil precisam desenvolver “uma grande capacidade de superação, frente às inúmeras
dificuldades do pós-operatório, e muita força de vontade para ‘reconstruir-se’ como pessoa dia
após dia” (LANGARO et. al., op. cit., p. 4772). A natureza do perfil encontrado tende a
dificultar a luta contra a obesidade quando o paciente se defronta com algum tipo de ameaça,
perda ou desafios da vida. Compreender o perfil de pacientes candidatos à CB pode permitir a
identificação do tipo de acompanhamento que se faz necessário e uma estimativa da eficácia do
acompanhamento pós-cirúrgico.

3.2 Hábitos alimentares e estilo de vida

O paciente precisa empenhar-se em assumir o compromisso de mudar sua alimentação


e estilo de vida, pois, como reafirmado por Abreu-Rodrigues e Seidl (2015), operar é apenas
uma etapa do processo. A participação da família ou de amigos no processo de preparação e
recuperação da cirurgia contribui para manter a motivação para o tratamento e para as mudanças
necessárias. Portanto, a influência da família vai muito além da herança genética. São hábitos
alimentares e estilos de vida herdados por costumes e tradições que podem facilitar ou dificultar
a perda de peso e que, possivelmente, necessitarão de mudanças ou ajustes. Vários autores se
debruçaram sobre os desafios implicados na mudança de hábitos relacionados à alimentação.
28

Konttinen et al. (2015) acompanharam, por pouco mais de dez anos, pacientes
recrutados pelo SOS Study (Ensaio prospectivo de intervenção dos suecos). De 1987 a 2001
foram observados cerca de 2000 pacientes, em grupo submetido à cirurgia bariátrica, e cerca de
2000 pacientes, em tratamento clínico convencional para perda de peso. O objetivo foi avaliar
mudanças nos comportamentos alimentares em curto e longo prazo e mudanças de peso após
tratamentos cirúrgicos e convencionais de obesidade. A hipótese era que o comportamento
alimentar é determinante para os resultados no longo prazo, pois tais resultados dependem da
capacidade do paciente de incorporar e manter mudanças nos hábitos alimentares. No grupo
submetido à cirurgia, os resultados apontam para perda de peso relacionada às maiores reduções
nas sensações subjetivas de fome e suscetibilidade a comer em resposta a várias sugestões (por
exemplo, cheiro e visão de alimentos, emoções negativas e eventos sociais), enquanto que, nos
pacientes tratados convencionalmente, as mudanças de peso foram principalmente relacionadas
à restrição alimentar por esforços para limitar a ingestão de alimentos.
Pacientes bariátricos que tiveram perda de peso insatisfatória ou novo ganho de peso
apresentaram maior vulnerabilidade a vários estímulos alimentares internos e externos logo
após a operação. A CB impõe mecanismos de controle fisiológicos ao paciente operado,
obrigando-o a mudar o comportamento alimentar nos primeiros anos pós-cirurgia, porém os
mecanismos tendem a enfraquecer com o tempo e não garantem a manutenção do peso no longo
prazo. Geralmente, os candidatos à CB percebem inicialmente a operação como “uma solução
externa que mudará suas vidas sem exigir sua própria participação ativa” (KONTTINEN et al.,
op. cit., p. 23). Os autores advertem que é preciso garantir que o paciente tenha apoio para que
haja clareza da necessidade de mudanças de comportamento e realismo sobre os resultados do
procedimento.
O uso de aditivos foi pesquisado por Mitchell et al. (2015), que realizaram estudo sobre
comportamentos aditivos com álcool após a cirurgia bariátrica do tipo Bypass. Dos pacientes
entrevistados, 29,2% (com histórico pré-cirúrgico de abuso de álcool) desenvolveram adição
após a CB, e 11,9% (sem histórico pré-operatório) passaram a usar o álcool. Os dados apontam
para risco real de abuso de álcool após a CB tipo Bypass, mesmo que o paciente não tenha
apresentado esse comportamento antes da cirurgia.
Um estudo canadense publicado em 2016, realizado pelo Instituto de Investigação
Sunnybrook, em Toronto, Canadá, e coordenado por Junaid A. Bhatti, analisou 8.815 adultos
nos três anos anteriores e posteriores à cirurgia bariátrica, investigando comportamentos de auto
prejuízo/auto dano de quatro tipos, a saber: uso de medicamentos, álcool, envenenamento por
substâncias químicas tóxicas e trauma físico. Encontraram que, dos quase nove mil
29

participantes, 111 pacientes apresentaram 158 emergências de auto prejuízo durante o período
observado. Os estudiosos consideraram, ainda, que o aumento do risco de tais emergências após
a cirurgia gira em torno de 50%.
A dificuldade de mudança de hábitos e de sedentarismo foi estudada por Jumbel, Hamlet
e Meyrick (2017) que ressaltam a falta de acompanhamento psicológico pós-operatório no
longo prazo e afirmam que pouco se sabe sobre o efeito psicológico no processo pós-bariátrica,
considerando a série de desafios psicossociais desencadeados com a grande perda de peso e
outras mudanças fisiológicas. A literatura sugere questões psíquicas persistentes ligadas ao
comportamento alimentar nos pacientes operados, bem como aquelas relacionadas à imagem
corporal, a mudanças de humor, ao estresse, ao uso de substâncias na busca de recompensas
que substituam a comida (drogas, álcool etc.) e à recuperação de peso. Os pesquisadores
indicam que é preciso acompanhamento psicológico no longo prazo, para além de dois anos
(tempo necessário para a perda de peso) após a cirurgia, para entender a interrelação entre
cirurgia e psicologia.

3.3 O papel do apoio psicológico

Aspectos psicológicos podem ser influenciadores ou consequência da obesidade, além


de serem possíveis responsáveis pelo reganho de peso ou pelas dificuldades para manter o peso
atingido após a cirurgia. Os casos de insucesso na manutenção da perda de peso estão, também,
associados à sensação de falta de preparo para as mudanças necessárias. Evitar o fracasso do
tratamento bariátrico depende de uma investigação pré-cirurgia sobre a história do paciente com
a alimentação, sobre o papel simbólico do alimento em sua vida, além de ser necessário
averiguar e cuidar do impulso que leva à voracidade de comer. (EDLER, 2017).
Embora a cirurgia emagreça o corpo, podem permanecer negligenciados problemas
psicológicos relacionados ao controle da dieta, à autoestima e ao enfrentamento do comer
vinculado à emoção. Ademais, criar nova identidade com o corpo transformado é outro desafio,
já que a autoavaliação, após o emagrecimento, é negativa no que tange à imagem corporal, ao
excesso de pele, à percepção do eu no novo corpo e à adaptação e reconstituição da identidade
e da autoimagem no corpo magro (ALEGRÍA; LARSEN, 2013). O apoio psicológico pré e pós
cirurgia contribui para melhora dos resultados dos pacientes na perda de peso, na qualidade de
vida e na redução de reincidência da obesidade (HOLLYWOOD; OGDEN; PRING, 2012),
estando relacionado à redução da fome, à menor preocupação com comida e a uma sensação
mais forte de controle da ingestão do alimento.
30

O estudo realizado por Figura et al. sobre se o tipo de enfrentamento adotado pelo
paciente após a cirurgia bariátrica determina ou não o resultado da perda de peso conclui que
os fatores psicológicos e fisiológicos se combinam e interagem de forma significativa,
influenciando os resultados. Mas os autores advertem que é preciso aprofundar as pesquisas
sobre o tema. Os resultados mostram que um terço dos 64 obesos participantes da pesquisa
obteve perda significativa de peso após a cirurgia (perda de 60% a 115% do excesso de peso)
por apresentarem comportamento de coping ativo. (FIGURA et al., 2015)
Magdaleno Jr., Chaim e Turato afirmam que indivíduos operados “podem passar por
fases de reestruturação emocional, como uma primeira fase de triunfo, seguida de fase de risco
para surgimento de quadros melancólicos e de novas adições” (MAGDALENO JR.; CHAIM;
TURATO, 2008, p. 73). O estudo realizado por esses pesquisadores, com o objetivo de
identificar estruturas psicológicas que possam favorecer ou comprometer a adesão do paciente
ao tratamento pós-cirúrgico, identificou três categorias psicológicas: estrutura melancólica
(risco de conduta aditiva e compulsão), estrutura desmentalizada (dificuldade de reorganização
para o desafio de controlar o peso) e estrutura perversa (pacientes conseguem manter o peso,
mas apresentam comportamentos que causam desconforto à equipe de saúde). Os autores
concluem propondo tratamento psicológico individualizado no pré e no pós-cirúrgico, com a
identificação e tratamento da estrutura mental de cada paciente, de modo a evitar complicações
após a cirurgia.
Artigo publicado em julho de 2017 apresenta estudo sobre as experiências físicas,
psicológicas, sociais e clínicas de pacientes submetidos à CB pelo menos dois anos antes da
pesquisa. Os dados apontaram para quatro temas principais: mudanças físicas e desafios,
experiências psicológicas, apoio social e experiências clínicas. Os participantes relataram
melhoras na condição psicológica, física e em suas relações sociais. Foi relatada, também,
preocupação contínua quanto aos possíveis imprevistos nos resultados da cirurgia e a
importância do apoio dos serviços de saúde recomendados para o pós-cirúrgico, incluindo o
suporte psicológico para aprender a lidar com as mudanças do corpo, das relações sociais e de
identidade. (LIU; IRWIN, 2017)
Por vezes, familiares ou cuidadores do paciente bariátrico também precisarão de apoio
psicológico (SPRENGEL, 2015). “A presença de suporte social prevê uma melhor adesão a
comportamentos de saúde (prática de atividade física, alimentação saudável, redução de
estresse), promovendo, assim, a melhora da saúde e da qualidade de vida” (ABREU-
RODRIGUES; SEIDL, 2015, p. 1006).
31

Assim, a eficácia do tratamento necessita de tempo de preparo psicológico pré e pós-


cirúrgico, tanto para o paciente quanto para cônjuges e familiares que acompanharão o
processo, motivando e apoiando o paciente operado no longo prazo (MARCHESINI, 2010).
Incluir a família e amigos no processo pré-operatório, bem como garantir a clareza do paciente
com relação aos ganhos e perdas do procedimento, é fundamental. O tratamento necessita de
uma equipe multidisciplinar que compreenda a subjetividade de cada caso, antevendo e
acompanhando fatores que possam influenciar o êxito do processo (MARCELINO;
PATRÍCIO, 2011).
A cirurgia bariátrica oferece qualidade de vida e melhora da socialização devido à perda
de peso, embora o paciente ainda tenha que lidar com questões psíquicas que geram a
necessidade de apoio para enfrentar e agir nas fundamentais mudanças do comportamento
alimentar e do estilo de vida, além das mudanças corporais, sociais e de identidade. A
manutenção do peso e a continuidade dos ganhos do tratamento cirúrgico dependem da ação,
consciência e compromisso do paciente, o que pode ser muito difícil sem apoio profissional.
Em síntese, o procedimento cirúrgico é um recurso externo ao indivíduo e apesar de
regular a quantidade de ingestão do alimento, não pode, de modo isolado, garantir a
continuidade dos resultados iniciais. É fundamental que o paciente perceba que ele próprio é o
agente transformador; a cirurgia pode emagrecer, mas manter o corpo magro demanda
mudanças internas como reconhecer que a fome pode ser uma demanda que vai além do
chamado do estômago. Além disso, a adaptação às novas dimensões do corpo e o ajuste nas
relações sociais, associados à construção de uma nova identidade e à possibilidade de
deslocamento da compulsão para outro alvo que não o comer, são questões que podem surgir
após a cirurgia e necessitam atenção e cuidado. Neste sentido, a psicoterapia pode contribuir
para que a cabeça acompanhe o emagrecimento do corpo.
32

4 MÉTODO

Este trabalho tratou-se de um estudo qualitativo realizado com pesquisa de campo com
indivíduos que fizeram a cirurgia bariátrica do tipo Bypass, compreendendo o período entre 36
e 60 meses pós-cirurgia. Os resultados encontrados foram compreendidos a partir dos
pressupostos teóricos da psicologia analítica.

4.1 Objetivos

Observar se o resultado do acompanhamento psicológico do paciente operado em


cirurgia bariátrica está associado à manutenção do peso no prazo de 36 a 60 meses após
operação.

4.2 Participantes

Homens e mulheres de 30 a 60 anos que fizeram a cirurgia bariátrica do tipo Bypass,


passados 36 a 60 meses da realização da cirurgia. O recrutamento dos participantes foi realizado
por meio do método “bola de neve”. Desse modo, a pesquisadora entrou em contato com dois
participantes de seu conhecimento, que indicaram outros participantes acessados por cadeias de
referência e assim sucessivamente. A amostra dessa maneira obtida contou com 20 participantes
e foi dividida em dois grupos.
Grupo 1 – pacientes operados em cirurgia bariátrica do tipo Bypass, que fizeram
acompanhamento psicológico, independentemente do tipo de técnica de psicoterapia, em
qualquer momento após a realização do procedimento cirúrgico;
Grupo 2 – pacientes operados em cirurgia bariátrica do tipo Bypass que não fizeram
acompanhamento psicológico após o procedimento cirúrgico.
Os critérios de inclusão para os grupos 1 e 2 foram:
- tempo pós-cirurgia: 36 a 60 meses após o procedimento, por ser esse um período de
tempo suficiente para o emagrecimento esperado e, também, para o início de possível
recuperação de peso (SARWER; FABRICATORE, 2008; PINHO et al., 2011);
- faixa etária: entre 30 e 60 anos, por ser a faixa de maior procura do tratamento
cirúrgico de acordo com as pesquisas revisadas (ALMEIDA et al., 2011; LANGARO
et al., 2011);
- procedimento cirúrgico: cirurgia bariátrica tipo Bypass, por ser a técnica mais
utilizada no Brasil e de maior aprovação médica (SPRENGEL, 2015).
33

Os critérios de inclusão para o grupo 1:


- ter feito acompanhamento psicológico, independentemente do tipo de técnica de
psicoterapia, em qualquer momento após a realização do procedimento cirúrgico.
Os critérios de exclusão para os grupos 1 e 2 são:
- ter passado por tratamento psicoterápico antes da cirurgia;
- ter passado por tratamento psicoterápico antes da cirurgia, mas não ter prosseguido
no tratamento após a cirurgia.

4.3 Instrumentos

Na coleta de dados para observação dos efeitos do acompanhamento psicológico na


manutenção da perda de peso após o procedimento cirúrgico bariátrico do tipo Bypass, foram
utilizados:
a) ficha de identificação: a parte a ser preenchida pelo participante abrangeu as
seguintes informações: dados demográficos (idade e sexo), antropométricos (altura,
peso inicial, data da cirurgia, peso atual, necessidade de reoperação, quando
houvesse). No espaço para uso do pesquisador constaram os seguintes dados que
foram calculados a partir das informações oferecidas pelo participante: IMC inicial,
IMC atual e PEP%. (Apêndice 1);
b) entrevista semiestruturada individual: relato sobre fatores que facilitaram ou
dificultaram o processo de perda e recuperação de peso (se tivesse sido o caso)
(Apêndice 2);
c) aparelho gravador para registro das respostas do participante, mediante autorização
deste;
d) cálculo %PEP (ou EWL%) utilizado pelo Protocolo BAROS (Bariatric Analysis and
Reporting Outcome System), com foco na avaliação de perda de excesso de peso. O
protocolo BAROS é o método mais utilizado no mundo para avaliação de resultado
da cirurgia bariátrica. Foi introduzido por Oria e Moorehead, em 1998, e analisa três
parâmetros: a perda do excesso de peso, a melhora da comorbidez e a melhora da
qualidade de vida (MENDES; VARGAS, 2017). Nesta pesquisa, foi utilizado apenas
o parâmetro perda do excesso de peso.
34

Fórmula padrão para cálculo %EWL ou %PEP:

e) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. (Apêndice 3)

4.4 Procedimentos

Os participantes foram convidados a participar da pesquisa por meio de contato


telefônico, quando foi definido local e hora convenientes para o participante. O convite foi
seguido por uma explicação sobre tratar-se de pesquisa para fins de elaboração da dissertação
de mestrado de pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e
sobre os objetivos da pesquisa.
Durante o encontro pessoal, a pesquisadora fez a leitura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido junto com o participante, que concordou e assinou em duas vias, sendo uma
da pesquisadora e a outra entregue ao participante. Foi solicitado ao participante que
preenchesse a ficha de identificação. A pesquisadora pediu permissão para uso do gravador
durante a entrevista e informou que a identidade do participante seria preservada e que ele
poderia desistir da participação a qualquer momento.
Na ficha de identificação constaram os dados relatados pelo participante sobre idade,
gênero, altura, peso antes da cirurgia, data da cirurgia, tipo da cirurgia, peso atual e necessidade
de nova operação. Os dados informados pelo paciente por autorreferência foram utilizados para
o cálculo do PEP% (percentual do peso perdido em relação ao excesso de peso anterior).
O melhor resultado de perda de excesso de peso pós-cirurgia bariátrica equivale ao PEP
60% (60% de perda do excesso de peso) e o pior resultado equivale ao PEP 20% (20% de perda
do excesso de peso) (ABESO, 2016; SPRENGEL, 2015; BASTOS et al., 2013). Levando em
conta esses parâmetros, nesta pesquisa foi considerado como resultado positivo para perda e
manutenção do peso o PEP% de 60% ou mais e, como resultado negativo para perda e
manutenção de peso, o PEP% de 20% ou menos.
Após a entrevista foram oferecidos os contatos da pesquisadora para qualquer dúvida
ou necessidade.
35

4.5 Aspectos Éticos

A coleta de dados deste estudo foi realizada após análise, aprovação e consentimento do
comitê de Ética em Pesquisa da PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO
PAULO – PUC/SP, de acordo com a Resolução 196/96 que trata de pesquisas envolvendo seres
humanos. Os participantes receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecimento.

4.6 Resultados

A análise dos dados relacionou as variáveis de peso corporal e psicoterapia conforme


quadro abaixo, para observar quantos participantes com PEP% positivo e negativo fizeram ou
não psicoterapia.

Quadro 3 – Percentual de participantes por PEP e tipo de acompanhamento


terapêutico
PEP
PEP% > ou = a 60% PEP% < ou = 20%
Psicoterapia no momento da entrevista no momento da entrevista

Tratamento Psicoterápico % de participantes % de participantes

Ausência de Psicoterapia % de participantes % de participantes

As respostas às questões abertas foram analisadas e relacionadas com os resultados do


quadro acima, qualitativamente, por meio do referencial teórico da psicossomática e da
psicologia analítica, utilizando-se como método de análise o Discurso do Sujeito Coletivo-DSC
(Lefèvre, 2017), que consiste em organizar e tabular dados qualitativos de natureza verbal,
obtidos de depoimentos individuais que apresentam sentido semelhante, formando um
depoimento síntese redigido na primeira pessoa do singular, mas representativo da coletividade.
36

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta etapa será apresentada a caracterização dos participantes entrevistados por meio
de tabelas e gráficos e da análise qualitativa das entrevistas, articulando os resultados obtidos
com a pesquisa teórica e a revisão de literatura.

5.1 Caracterização dos participantes

Para a pesquisa foram entrevistados 21 participantes. Um dos entrevistados foi


descartado por não atender a um dos critérios de inclusão – tempo após a cirurgia de 36 a 60
meses, sendo consideradas válidas 20 entrevistas.
A amostra selecionada foi composta por pessoas com características muito diferentes, o
que pode ter influenciado os resultados obtidos. Houve certa dificuldade em encontrar
indivíduos dispostas a compartilhar sua experiência com o tratamento bariátrico, em especial,
aquelas que tiveram visível recuperação de peso após terem passado pela cirurgia. Em geral,
tais pacientes não se dispuseram a falar sobre o assunto, que é como um tabu, pois essas pessoas
parecem ficar incomodadas quando o outro sabe que foram operadas. Os pacientes que
obtiveram bons resultados com o tratamento bariátrico ou que ainda conseguem manter um
bom PEP, mesmo tendo engordado alguns quilos, demonstram satisfação ao falar sobre sua
experiência.
As características apresentadas nos quadros abaixo foram coletadas na Ficha de
identificação (Apêndice 1). Para diferenciação, os grupos foram nomeados A e B. O grupo A
refere-se aos participantes que fizeram psicoterapia após passarem pelo tratamento bariátrico e
o Grupo B, aos participantes que não fizeram a psicoterapia após passarem pelo mesmo
tratamento.
O Quadro 4, a seguir, mostra a caracterização dos participantes do Grupo A, que foi
composto por 11 participantes que realizaram o tratamento psicoterápico após terem se
submetido à cirurgia bariátrica. São mulheres de 30 a 60 anos (média de 39,9 anos), com peso
corporal antes da cirurgia de 94 a 142 quilos (média de 115,1 kg) e PEP%, até o momento da
entrevista, de 60% a 115% (média de 94,01%), sendo esses valores considerados, pelo
protocolo BAROS, como resultado positivo para o tratamento bariátrico.
37

Quadro 4 – Caracterização dos participantes do Grupo A – Tratamento


psicoterápico
GRUPO A
Peso (kg) IMC
Altura Mínimo
Participantes Idade IMC Antes Momento Momento PEP%
(m) atingido Pré-
Ideal da da da
pós- cirurgia
25kg/m2 cirurgia entrevista entrevista
cirurgia
A1 30 1,61 64,80 107 60 56 41,28 23,15 111,38
A2 31 1,65 68,06 116 76,50 72 42,61 28,10 82,40
A3 43 1,45 52,56 108,50 56,50 52 51,61 26,87 92,96
A4 60 1,74 75,69 110 80 65 36,33 26,42 87,44
A5 52 1,73 74,82 147 77 75 49,12 25,73 96,98
A6 30 1,59 63,20 95 66 66 37,58 26,11 91,20
A7 46 1,67 69,72 108,80 85 72 39,01 30,48 60,90
A8 31 1,61 64,80 94 63 55 36,26 24,30 106,17
A9 30 1,67 69,72 142 81 77 50,92 29,04 84,40
A10 40 1,71 73,10 140 70 70 47,88 23,94 104,64
A11 46 1,55 60,06 98,80 54 54 41,12 22,48 115,65

O Quadro 5, que se segue, mostra a caracterização dos participantes do Grupo B, que


foi composto por nove participantes que não realizaram o tratamento psicoterápico após terem
se submetido à cirurgia bariátrica. São sete mulheres e dois homens de 30 a 58 anos (média de
43,3 anos), com peso corporal antes da cirurgia de 99 a 142 quilos (média de 115,5 kg) e PEP%,
até o momento da entrevista, de 62% a 115%, (média de 89,98%), sendo esses valores
considerados pelo protocolo BAROS como resultado positivo para o tratamento bariátrico.

Quadro 5 – Caracterização dos participantes do Grupo B – Sem tratamento


psicoterápico

GRUPO B
Peso (kg) IMC
Altura Mínimo
Participantes Sexo Idade IMC Momento Momento PEP%
(m) Antes da atingido Pré-
Ideal da da
cirurgia pós- cirurgia
25kg/m2 entrevista entrevista
cirurgia
B1 M 30 1,81 81,90 142 104 87 43,34 31,75 63,23
B2 F 32 1,67 69,72 106 65 58 38,01 23,31 113,02
B3 F 49 1,57 61,62 99,70 55,70 53 40,45 22,60 115,55
B4 F 58 1,68 70,56 124 68 65 43,93 24,09 104,79
B5 F 41 1,67 69,72 99 67 67 35,50 24,02 109,30
Não
B6 M 52 1,70 72,25 106 84 36,68 29,07 65,19
lembra
B7 F 34 1,58 62,41 130 77 77 52,07 30,84 78,41
B8 F 49 1,71 73,10 113 74 72 38,64 25,31 97,75
B9 F 46 1,66 68,89 120 88 79 43,55 31,93 62,61
38

O Quadro 6 mostra o número de participantes, em cada grupo, segundo o tempo


decorrido após a cirurgia.

Quadro 6 – Período de pós-operatório

Tempo (meses) Grupo A Grupo B


36 a 48 4 5
49 a 60 7 4

O Grupo A contém um número maior de participantes operados há mais tempo do que


o Grupo B. Porém, se essa variável for comparada com o PEP% apresentado em cada grupo,
entende-se que não houve ganho significativo de peso corporal mesmo para participantes com
mais tempo pós-cirurgia.

O Quadro 7 apresenta a síntese estatística das variáveis principais, em cada grupo

Quadro 7 – Síntese estatística das variáveis

Variável Grupo A Grupo B


Sexo 11 mulheres (100%) 7 mulheres (78%); 2 homens (22%)
Período
= 51 meses (36 a 63 meses) = 48 meses (37 a 61 meses)
pós-operatório
IMC pré-cirurgia = 43,06 kg/m2 (min. 36,26; max. 51,61 kg/m2) = 41,35 kg/m2 (min. 35,50; máx. 52,07 kg/m2)
IMC - momento da
= 26,06 kg/m2 (min. 22,48; max. 30,48 kg/m2) = 26,99 kg/m2 (min. 22,60; máx. 31,93 kg/m2)
entrevista
PEP% = 94,01(min. 60,90%; max. 115,65%) = 89,98% (min. 62,61%; máx. 115,55%)

A média estatística das variáveis mostra que os grupos apresentaram características bem
aproximadas, tanto antes quanto depois do tratamento cirúrgico, indicando bons resultados para
a perda e manutenção de peso nos dois grupos.
O Gráfico 1, a seguir, possibilita melhor visualização dos dados.
39

Gráfico 1 - Síntese das variáveis em cada grupo

Síntese das variáveis em cada grupo


140,0

120,0

100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
%Mulheres % Homens Idade Peso (Kg) Período IMC IMC PEP%
(Anos) antes da pós (kg/m²) (Kg/m²) no
cirurgia operatório antes da momento
em meses cirurgia da
entrevista

Grupo A Grupo B

A relação entre as variáveis de peso corporal e psicoterapia, conforme apresentada no


Quadro 8, mostra que não houve entre os participantes resultados de PEP% que possam ser
considerados como negativos para a cirurgia bariátrica, independentemente do grupo considerado.

Quadro 8 – Percentual de participantes por PEP% no momento da entrevista e tipo de


acompanhamento terapêutico

PEP% na
entrevista
PEP% > ou = 60% PEP% < ou = 20%
Psicoterapia
Com acompanhamento 11 0
Sem acompanhamento 9 0
40

5.2 Resultados

Nesta etapa da análise serão apresentadas as respostas às perguntas da entrevista em


categorias separadas por ideias centrais, de acordo com a técnica do “Discurso do Sujeito
Coletivo”, levando em consideração que cada entrevistado pode ter emitido mais de uma ideia
central. As respostas também estão separadas por grupo: grupo A – participantes que realizaram
acompanhamento psicológico – e grupo B – participantes que não realizaram o
acompanhamento psicológico. São exceções à separação por grupo as informações colhidas por
meio da pergunta 6, que teve resposta unânime, da pergunta 8, que por sua natureza não
demanda separação das respostas por grupo, e das perguntas 9, 10, 11, 12, 13 e 14, que são
direcionadas apenas ao grupo que realizou a psicoterapia.

5.2.1 Pergunta 1: Por que acha que engordou no passado?

A primeira pergunta teve por objetivo observar se os participantes sabem quais os


motivos que os levaram ao ganho de peso antes do tratamento bariátrico.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 9 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que acha
que engordou no passado? – Grupo A

Ideias centrais N

A. Era emocional, descontava na comida 5

B. Ansiedade e Compulsão 4

C. Rotina, maus hábitos alimentares e sedentarismo 4

D. É genético, de família 3

E. Mudança de vida 3

F. Comer muito 1

G. Problemas de metabolismo 1
41

Dados Qualitativos Grupo A

A. Era emocional, descontava na comida


Na família todo mundo era acima do peso, era emocional. Estressou, ficou nervoso,
ficou triste, descontava na comida. Eu ingeria emoção. E a situação de não ter
vivenciado as coisas que imaginava, ‘tava pronta pra casar, pra ter família, pra ter
filhos, e eu não encontrei alguém. O que entrava na minha autoestima era que as
pessoas gordas não podiam ser gostadas. Quando tinha um dia horrível, passava na
padaria e era feliz comendo bolo e sorvete. Era desesperada pela comida.
B. Ansiedade e Compulsão
Por ansiedade. Ficou ansioso, come. Aí, eu comia tudo e minha mãe fala que viu a
minha ansiedade, mas ela achava bonito eu comer tudo. Eu era muito ansiosa, gostava
muito de comer, quando eu fui perceber, eu já estava com peso muito alto. Tinha
alimentação sem limites. Era ansiosa e transformei isso em compulsão alimentar.
C. Rotina, maus hábitos alimentares e sedentarismo
Rotina e maus hábitos. Era uma época em que não se pensava muito em educação
alimentar. A minha mãe só fazia bolo de chocolate, macarrão e ‘tá bom. Comia mal,
besteiras. Principalmente alimentos ricos em açúcar.
D. É genético, de família
Eu sempre fui gordinha desde criança e, na minha família, todo mundo era acima do
peso. Sempre tive tendência a engordar.
E. Mudança de vida
Comecei a engordar na adolescência com a mudança de rotina com trabalho, faculdade
e namoro. Eu era um palito, comprida e magricela, mas, na adolescência, era um tal
de vai e volta, e comecei a vida adulta muito gorda. A separação de meus pais, eu ficava
muito mal e comia. Na vidinha de casado, eu engordei para valer.
F. Comer muito
Parece que já nasci gorda, de comer, mas de comer muito. Comia bastante, tinha vida
sedentária.
G. Problemas de metabolismo
Sempre estive acima do peso, tinha resistência à insulina e uma série de problemas
relacionados ao metabolismo.
42

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 10 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que acha
que engordou no passado? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Era emocional, descontava na comida 5
B. É genético, de família 3
C. Rotina, maus hábitos alimentares e sedentarismo 2
D. Comer muito 2
E. Problemas de metabolismo 2
F. Ansiedade e Compulsão 1

Dados Qualitativos Grupo B

A. Era emocional, descontava na comida


Acho que foi mais emocional mesmo. Se acontecia alguma coisa que eu me sentia mal,
eu acabava descontando na comida. Comer de nervoso mesmo. Eu descontava muito
na comida a parte emocional, porque eu trabalho muito, não sou casada, não namoro
Acredito que ficava muito nervosa e por isso que eu comia bastante, era emocional.
B. É genético, de família
Acho que ser gordinho vem da família. Eu acho que é genético. Minha mãe é obesa e
nos alimentou mal. Hereditariedade da obesidade do meu pai. Fui obesa desde criança.
C. Rotina, maus hábitos alimentares e sedentarismo
Hábitos alimentares, refrigerante, doce, comer fora de hora e, desde a infância, é assim.
Comia mal.
D. Comer muito
Gostava de comer muito. Comer bastante.
E. Problemas de metabolismo
Por conta da idade, disfunção hormonal. Comecei a ganhar peso por conta da idade
mesmo.
F. Ansiedade e Compulsão
Tinha muita compulsão por alimentos.
43

5.2.2 Pergunta 2: Por que decidiu fazer a cirurgia?

A segunda pergunta teve por objetivo investigar quais os motivos da decisão pela cirurgia
bariátrica.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 11 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que


decidiu fazer a cirurgia? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Saúde/medo de morrer 7
B. Dificuldade para emagrecer com dietas, remédios e exercícios 2
C. Autoestima, insatisfação com o corpo, estética 2
D. Motivado pelo sucesso de outra pessoa com a cirurgia 2
E. Qualidade de vida 2
F. Desejo de ser mãe 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. Saúde/medo de morrer
Por vários motivos, como ter uma vida mais saudável. Pelas comorbidades que havia
adquirido ao longo dos anos obesa. Pelos meus exames deu que eu estava ficando pré-
diabética. Por estar com gordura no fígado. Eu estava pré-diabética já e estava com
esteatose no grau 1. Tinha medo de morrer. Eu não queria morrer.
B. Dificuldade para emagrecer com dietas, remédios e exercícios
Não estava dando fazer um monte de regime, achei que aquilo era uma grande ajuda.
Eu tentei de tudo, endocrinologista, Vigilantes do Peso, dietas de sopa, todos os
recursos.
C. Auto estima, insatisfação com o corpo, estética
Porque eu não estava feliz com meu corpo. Para me sentir melhor. Autoestima.
44

D. Motivado pelo sucesso de outra pessoa com a cirurgia


A minha irmã fez e, poucos meses depois que eu vi o sucesso da cirurgia dela, optei por
fazer também. Eu via minhas amigas. Achei que ajudaria.
E. Qualidade de vida
Já não me sentia bem para fazer nada, não conseguia mais sair da minha casa. Queria
qualidade de vida. Queria ter disposição para atividades simples como uma caminhada.
F. Desejo de ser mãe
Principalmente por querer ser mãe.

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 12 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por que


decidiu fazer a cirurgia? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Saúde/ medo de morrer 6
B. Dificuldade para emagrecer com dietas, remédios e exercícios 2
C. Auto estima, insatisfação com o corpo, estética 2

Dados Qualitativos Grupo B

A. Saúde/ Medo de morrer


Por causa dos meus problemas de saúde. Tinha que fazer algo por mim. Já estava
com esteatose no grau 3, era princípio de cirrose. Estava com diabetes, pressão
alta, triglicérides alto, tinha que emagrecer ou morreria. Recomendação médica,
por questão cardíaca. A saúde pesou bastante.
B. Dificuldade para emagrecer com dietas, remédios e exercícios
Por não obter resultados com remédios, exercícios físicos e alimentação reduzida.
Eu nunca consegui sozinha. Tentei fazer dieta, tentei fazer caminhadas, mas sem
sucesso.
45

C. Auto estima, insatisfação com o corpo, estética


Pela saúde e pela estética. Olhava no espelho e via que não estava legal.

5.2.3 Pergunta 3: Quais as dificuldades do pós-operatório e do período de adaptação pós-


cirurgia?

A terceira pergunta teve por objetivo observar quais as dificuldades enfrentadas pelo
paciente bariátrico após a cirurgia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 13 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quais as


dificuldades do pós-operatório e do período de adaptação pós-cirurgia? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Síndrome de dumping/Passar mal com comida 6
B. Não poder comer/Comer menos 5
C. Comer devagar 4
D. Dieta líquida 3
E. Dificuldade para reter vitaminas/ Fraqueza 2
F. Perda de cabelo/Unhas fracas 2

Dados Qualitativos Grupo A

A. Síndrome de dumping/ Passar mal


Ah! Dumping. Tem algumas comidas que eu como que me fazem mal. Eu já passei
bastante mal com comida, uma coisa inexplicável. Você precisa prestar atenção no
que come, mas o dumping é fruto de um excesso. Eu descobri o que me dá dumping
que é gordura animal com açúcar e comida fibrosa. Tenho, às vezes, por doce,
fritura ou gordura.
46

B. Não poder comer/Comer menos


Eu achava que eu nunca mais ia poder comer algumas coisas e isso também afeta
um pouco a cabeça. É desesperador não poder comer. Sinto necessidade de comer,
comer, comer, mas não consigo. O estomago fica sensível. Dá medo de comer.
C. Comer devagar
Estava acostumada a comer muito rápido e a praticamente não mastigar, portanto,
tive um pouco de dificuldade para me readaptar a mastigar e comer mais devagar.
Eu não mastigava bem, aquele alimento não descia completamente digerido. Tive
que reaprender a mastigar, gordo não mastiga, engole inteiro. Eu comia devagar
mesmo, para comer uma banana eu demorava 40 minutos.
D. Dieta líquida
Na fase da dieta líquida, chorava olhando as pessoas comendo outras coisas e eu
não poder comer. Eu sofria com isso. Sentia fraqueza na fase da dieta líquida.
Depois da dieta líquida, nem tudo que você come cai bem.
E. Dificuldade para reter vitaminas/Fraqueza
Fraqueza, dificuldade de concentração. Fraqueza muscular, dificuldade para reter
vitaminas.
F. Perda de cabelo/ Unhas fracas
Cabelo ficou ralo. Essa deficiência de cabelo foi horrível e unha também é
quebradiça.

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 14 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quais as


dificuldades do pós-operatório e do período de adaptação pós-cirurgia? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Síndrome de dumping/ Passar mal com comida 5
B. Não poder comer/ Comer menos 4
C. Dificuldade para reter vitaminas/ Fraqueza 1
D. Perda de cabelo/Unhas fracas 1
E. Nenhuma 1
47

Dados Qualitativos Grupo B

A. Síndrome de dumping/Passar mal com comida


Eu tenho muito dumping com doce e gordura. Passei mal algumas vezes, tem
alimentação que o corpo rejeita. A comida não desce e, se você insistir, acaba
vomitando. A maioria das coisas a gente rejeita, né? Foram uns seis meses
vomitando.
B. Não poder comer/Comer menos
Você vai para o restaurante a comida entala. Quase não tem fome nenhuma quando
você opera. A gente come bem menos, né? A gente não come mais o que está
acostumado a comer. Minha cabeça tem que entender que eu tenho que comer bem
menos.
C. Dificuldade para reter vitaminas/ Fraqueza
Estou com osteoporose, o cálcio não está fixando.
D. Perda de cabelo/Unhas fracas
O cabelo parece quando você faz quimioterapia. Além de cair muito, ele fica
estranho, perde a textura normal
E. Nenhuma
Não tive nenhuma dificuldade no pós-operatório, segui todas as orientações médicas
e nutricionais e me adaptei rápido.

5.2.4 Pergunta 4: Sua rotina, hábitos e alimentação mudaram?

A pergunta de número 4 objetivou observar se houve mudanças na rotina, hábitos e


alimentação dos participantes após a cirurgia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11
48

Quadro 15 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Sua rotina,


hábitos e alimentação mudaram? – Grupo A

Ideias centrais N
A. A readaptação alimentar é obrigatória 5
B. Tenho controle sobre quanto e o que comer 4
C. Faço mais atividade física 3
D. Mudou o paladar 2
E. Troquei de compulsão 1
F. Não, faço escolhas erradas 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. A readaptação alimentar é obrigatória


É uma readequação alimentar obrigatória. Se eu comer, dói muito o meu estômago,
então eu evito. Hoje, minha alimentação é bem proteica, conforme recomendado pela
nutricionista. Na minha cabeça, se cheguei ao ponto de partir para cirurgia, tinha que
mudar os hábitos, rotina e alimentação. Depois da bariátrica, eu consegui me regrar
mais, pelo menos de 3 em 3 horas eu tenho que comer alguma coisa, é uma necessidade.
B. Tenho controle sobre quanto e o que comer
Eu olho para um prato de comida e faço uma escolha mais saudável. Eu como as minhas
besteiras, mas de maneira bem mais controlada do que antes. A quantidade de
alimentos é menor e as escolhas são melhores. Passei a comer menos e mais saudável.
Percebi que, quando estou ansiosa, com aquela vontade de comer até as paredes, dar
uma volta no quarteirão ajuda a dissipar o “monstro" da compulsão.
C. Faço mais atividade física
Consegui fazer minhas atividades físicas que precisava. Hoje, eu faço esporte. Comecei
a frequentar a academia. Nos finais de semana, acordo cedo pra correr.

D. Mudou o paladar
Mudou os hábitos de gosto, preferências de comida, de coisas que eu não comia e hoje
eu como. Meu paladar mudou muito. Eu sinto muita necessidade de comer uma comida,
uma fruta, comer salada, não de substituir por lanche.
49

E. Troquei de compulsão
A bebida foi um deslocamento, ainda controlado. Eu não me tornei alcoólatra e eu já
vi gente que se tornou.
F. Não, faço escolhas erradas
Não, isso é um horror! Hoje comi um chocolate inteiro. A comida é um respirar para
mim.

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 16 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Sua rotina,


hábitos e alimentação mudaram? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Troquei de compulsão 3
B. Tenho controle sobre quanto e o que comer 2
C. Faço mais atividade física 2
D. Não, faço escolhas erradas 2
E. A readaptação alimentar é obrigatória 1
F. Mudou o paladar 1
G. Perdi a vontade de comer 1
H. Recuperei os hábitos antigos 1

Dados Qualitativos Grupo B

A. Troquei de compulsão
Eu fui o mais irresponsável com bebida alcoólica. Perdi o hábito de comer em excesso,
mas voltei a fumar. Hoje, estou bebendo mais do que bebia antes, bebida alcoólica.
B. Tenho controle sobre quanto e o que comer
Reduzi minha alimentação e como melhor. Hoje, tenho uma alimentação muito mais
saudável. A questão da minha alimentação, eu como regrado de 3 em 3 horas, eu não
como quantidades além do normal.
50

C. Faço mais atividade física


Faço mais atividade física, caminhada, academia. Voltei a praticar exercícios e obtive
um resultado bom pro meu biótipo.
D. Não, faço escolhas erradas
Não, eu fui bastante displicente. Nos primeiros anos, a gente segue à risca o que o
médico fala. Depois, vai relaxando, escolhe errado.
E. A readaptação alimentar é obrigatória
Agora sou obrigada a começar pelas proteínas e vitaminas, senão me falta.
F. Mudou o paladar
Hoje, como mais fruta, verdura.
G. Perdi a vontade de comer
Essa cirurgia me fez perder a vontade de comer.
H. Recuperei os hábitos antigos
Recuperando o hábito alimentar, você acaba recuperando peso.

5.2.5 Pergunta 5: Você teve novo ganho de peso? Se sim, a que você atribui esse ganho?

A pergunta de número 5 objetiva observar se os participantes tiveram ganho de peso após a


cirurgia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 17 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você teve


novo ganho de peso? Se sim, a que você atribui este ganho? – Grupo A

Ideias Centrais N
A. Não, estou mantendo. 5
B. Sim, por luto, tristeza, problemas, ansiedade 3
C. Sim, mas já perdi 3
D. Sim, por mudanças profissionais, desemprego, mudança de rotina 2
E. Sim, por suplementos vitamínicos 1
F. Sim, pela gravidez 1
51

Dados Qualitativos Grupo A

A. Não, estou mantendo


Não, mantive.
B. Sim, por luto, tristeza, problemas, ansiedade
Recentemente, um ano depois que minha mãe morreu, eu engordei dez quilos. Eu
percebo nitidamente que eu como por conta da ansiedade. Eu passei por um problema
familiar e, depois que passou todo o problema, eu engordei, porque acho que voltou a
compulsão.
C. Sim, mas já perdi
Engordei depois de uns cinco anos, mas não me permiti, perdi. Depois que tudo passou,
depois voltei a perder. Oscilei um pouco, mas perdi para manter.
D. Sim, por mudanças profissionais, desemprego, mudança de rotina
Na verdade, isso é um auxílio para emagrecimento, é como se fosse um regime que te
ajuda a emagrecer. Se você não conseguir se manter, vai degringolar. Teve um período
em que oscilava muito, tinha muitas mudanças profissionais. Oscilei por mudanças
profissionais.
E. Sim, por suplementos vitamínicos
Estava com problema em relação a vitaminas, então, eu tive que suplementar e com
isso engordei um pouquinho.
F. Sim, pela gravidez
Sim, tive o ganho de quatro quilos, que é decorrente da gestação.

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 18 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você teve


novo ganho de peso? Se sim, a que você atribui este ganho? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Não, estou mantendo. 4
B. Sim, por hábitos ruins e bebida alcoólica 3
C. Sim, por mudanças profissionais, desemprego, mudança de rotina 2
52

Dados Qualitativos Grupo B

A. Não, estou mantendo


Não, mantive.
B. Sim, por hábitos ruins e bebida alcoólica.
Engordei por hábitos ruins e bebida alcoólica. Como besteira, não como fruta. Se eu
pegar um pedaço de pizza congelado no freezer, eu como. A alimentação começou a
ficar desregulada.
C. Sim, por mudanças profissionais, desemprego, mudança de rotina
Ganhei dez quilos, mas isso foi gradativamente. Sou consciente que foi uma época em
que fiquei desempregada e desmotivada para qualquer coisa. Eu saí do meu emprego,
mudei totalmente a minha rotina de horário, me alimentando mal, dormindo mal,
trabalhando excessivamente e percebi que estava readquirindo peso.

5.2.6 Pergunta 6: Você precisou de nova cirurgia?

A pergunta de número 6 objetivou observar se os participantes necessitaram de outra


cirurgia bariátrica após a primeira.

Dados Quantitativos Grupo A e B


N° de entrevistados: 20

Quadro 19 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você


precisou de nova cirurgia? – Grupo A e B

Ideias centrais N
A. Não precisei de nova cirurgia 20

Dados Qualitativos Grupo A e B

A. Não precisei de nova cirurgia


Não, mas não descarto. Se precisar, faço novamente. Bariátrica, graças a Deus, não,
mas preciso da cirurgia plástica.
53

5.2.7 Pergunta 7: O resultado da cirurgia foi o que você esperava?

A sétima pergunta tem por objetivo observar se os participantes tiveram suas


expectativas satisfeitas com o resultado da cirurgia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 20 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: O resultado


da cirurgia foi o que você esperava? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Superou as expectativas 3
B. Foi o que esperava 3
C. Faria de novo 3
D. Válido, mas não é garantia 1
E. Não foi o que esperava 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. Superou as expectativas
Superou, porque alguns médicos me falaram que a maioria das pessoas voltava depois
ao peso, após três anos, e eu estou mantendo. Foi melhor do que eu esperava. Nunca
imaginei pesar 54 quilos.
B. Foi o que esperava
Sim, foi. Foi, foi o que eu esperava. Sim, perdi bem.
C. Faria de novo
Era o que eu esperava, faria de novo. Se tivesse que operar de novo, eu faria de novo,
mesmo com os deez mil problemas que eu tenho e que eu acho que são 90% por causa
da cirurgia.
D. Válido, mas não é garantia
A operação é superválida, mas ela não é a garantia de estar controlado.
E. Não foi o que esperava
Não foi o que eu esperava. Estou feliz, mas eu não falo de primeira para fazer, porque
eu acho que a pessoa tem de ter consciência da sua relação com o alimento.
54

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 21 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: O resultado


da cirurgia foi o que você esperava? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Superou as expectativas 4
B. Foi o que esperava 4

Dados Qualitativos Grupo B

A. Superou as expectativas
Eu fiquei supersatisfeito, feliz. Fiquei um bom tempo nesse peso de 88 quilos. Sim, eu
não esperava...Ultrapassou minhas expectativas. Estou muito feliz com o novo corpo,
não me arrependo de forma alguma. Sim, pra mim foi um sucesso! Eu não esperava que
eu fosse ficar tão bonita.
B. Foi o que esperava
Ah! Foi. Sim, na época foi o que esperava. Graças a Deus foi. A saúde estabilizo. Agora
durmo bem e ando melhor. Eu recomendo.

5.2.8 Pergunta 8: Você teve acompanhamento psicológico após a cirurgia?

A pergunta de número 8 objetivou observar se os participantes tiveram


acompanhamento psicológico após a cirurgia.

Dados Quantitativos Grupo A e B


N° de entrevistados: 20
55

Quadro 22 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Você teve


acompanhamento psicológico após a cirurgia? – Grupo A e B

Ideias centrais N
A. Sim 11
B. Não 6
C. Não, mas precisava 3

Dados Qualitativos Grupo A e B

A. Sim
Sim, fiz. Nunca tinha feito. É importante. Fiz, fiz um pouquinho. Sim, acho essencial. A
clínica onde operei indica um grupo pós-operatório.

B. Não
Não, passei muito bem pelo processo, não precisei de ajuda psicológica. Foi
recomendado, mas não fiz. Não, só tive acompanhamento antes e por um pequeno
período e por exigência do convênio médico.
C. Não, mas precisava
Não, mas precisava. A cabeça não consegue acompanhar. Não, mas teria ajudado na
adaptação. Não fiz, mas acho que vou procurar.

5.2.9 Pergunta 9: Quanto tempo depois da cirurgia iniciou a psicoterapia?

A pergunta de número 9 teve por objetivo observar quanto tempo após realizar a
cirurgia o participante procurou o tratamento psicoterápico.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11
56

Quadro 23 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quanto


tempo após a cirurgia iniciou a psicoterapia? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Logo após 6
B. Depois de um ano 4
C. Depois de dois anos 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. Logo após
Eu fiz a cirurgia, eu já fui buscar um psicólogo. Comecei logo depois da cirurgia. O
médico deu a recomendação, ele queria que eu fizesse. Procurei depois de um tempo.
Dois meses após a cirurgia, já iniciei.
B. Depois de um ano
Algum tempo depois. Pouco mais de um ano depois. Um ano e meio mais ou menos.

C. Depois de dois anos


Uns dois anos, e aí parei. Realmente pela questão financeira. Não foi um boicote, não
tinha mais como.

5.2.10 Pergunta 10: Qual tipo de psicoterapia?

A décima pergunta teve como objetivo observar em qual tipo de psicoterapia os


participantes realizaram o tratamento.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11
57

Quadro 24 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Qual tipo


de psicoterapia? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Não sabe 3
B. Comportamental 2
C. Junguiana 2
D. Psicanálise 1
E. Fenomenologia 1
F. Winicottiana 1
G. Grupo 1

5.2.11 Pergunta 11: Qual a frequência das sessões

A pergunta de número 11 teve por objetivo observar com qual frequência os


participantes realizaram as sessões de psicoterapia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 25 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Qual a


frequência das sessões? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Uma vez por semana 9
B. Duas vezes por semana 1
C. Uma vez por mês 1

5.2.12 Pergunta 12: Quantas sessões ou por quanto tempo fez a psicoterapia?

A decima segunda pergunta objetivou observar por quanto tempo após a cirurgia os
participantes realizaram a psicoterapia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11
58

Quadro 26 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Quantas


sessões ou por quanto tempo fez a psicoterapia? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Ainda faço 5
B. Dois anos 2
C. Três anos 2
D. Fiz um tempo, parei, mas vou retomar 2
E. Não sei 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. Ainda faço
Ainda faço. Faço há algum tempo e continuo. Faço até hoje. Não tenho ido com
frequencia, mas ainda faço.
B. Dois anos
Fiz por dois anos. Dois anos.
C. Três anos
Faço há três anos. Há uns três anos e continuo.
D. Fiz um tempo, parei, mas vou retomar
Fiz até mês passado e pretendo retornar o mais breve possível. Parei, mas quero
retomar.
E. Não sei
Não sei precisar.

5.2.13 Pergunta 13: Por qual razão procurou a psicoterapia?

A pergunta de número 13 visou observar qual o motivo da procura pela psicoterapia.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11
59

Quadro 27 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Por qual


razão procurou a psicoterapia? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Por ter compulsão alimentar 3
B. Por motivos não relacionados à cirurgia 3
C. Para assimilar as mudanças do corpo 3
D. Por recomendação médica 2
E. Entender os motivos de ter engordado 2
F. Isolamento, depressão e autorejeição 1
G. Minha cabeça é gorda 1
H. Desloquei a compulsão 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. Por ter compulsão alimentar


Por ter diagnóstico de compulsão alimentar. Usar a comida como compensação,
compulsão. Era mais fácil eu aceitar que estava indo para terapia pela compulsão
alimentar do que por um trauma.
B. Por motivos não relacionados à cirurgia
Procurei por outros motivos nada relacionados à cirurgia, dificuldade de
relacionamento, por exemplo. Por questões de relacionamento. Decidir sobre a
maternidade.
C. Para assimilar as mudanças do corpo
Procurei por minha vontade, porque o médico quer o laudo; ele não está interessado
em saber como vai ficar sua cabeça depois. Para entender as mudanças do meu corpo,
são muitas e as mudanças internas envolvidas, autoimagem, autopercepção. Até hoje
ainda, às vezes, eu me olho no espelho, eu não lembro daquela pessoa de lá atrás. Acho
que eu preciso de um encontro comigo.
D. Por recomendação médica
O médico recomendou fazer. Orientação da clínica onde operei.
E. Entender os motivos de ter engordado
Por entender que a cirurgia iria me trazer o emagrecimento, mas manter aquele peso
eu não conseguiria sem entender e tratar os motivos de ter engordado tanto. O que me
60

levou mesmo foi o ganho de peso. Eu achava que eu estava sabendo lidar com o
problema da família. Quando eu cheguei lá, eu vi que não.
F. Isolamento, depressão e autorrejeição
Eu já tinha um processo inclusive de rejeição da gordura, de ter me isolado, de ter
entrado em depressão, não me aceitava. Não saía mais de casa.
G. Minha cabeça é gorda
Se eu pensar que meu dia está chato e tiver um chocolate, eu como. Eu não consigo
comer um pedaço. Se eu tiver um Toblerone, eu vou comer ele inteiro. Sim, a minha
cabeça é de gorda.
H. Desloquei a compulsão
Desloquei a compulsão por compras e bebida.

5.2.14 Pergunta 14: Qual foi a contribuição do acompanhamento psicológico, para você?

A decima quarta pergunta objetiva observar se os participantes sabem qual a


contribuição que o acompanhamento psicológico trouxe em seu tratamento bariátrico.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 28 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Qual foi a


contribuição do acompanhamento psicológico, para você? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Ter consciência; autopercepção; autoconhecimento 7
B. Assimilar as mudanças do corpo 6
C. Reconhecer a ansiedade 2
D. Apoio necessário; os problemas não somem 2
E. Falar sobre as emoções 2
61

Dados Qualitativos Grupo A

A. Ter consciência; auto percepção; auto conhecimento


Ainda tem coisas a serem trabalhadas, mas sei que tinha muita coisa que era da minha
cabeça. Eu acho que a consciência, em tudo, com a alimentação, comigo, da
autoimagem, da forma de lidar com as emoções. Eu me pego pensando que estou muito
nervosa, vou comer. Antes eu não conseguia fazer essa associação. Eu tive a
consciência, eu consigo me perceber. A questão de engordar e a disputa de espaço em
família: eu e minha irmã, embora tenha muita parceria a gente disputa muito o espaço.
Aceitar que não posso ser perfeita em tudo. Foram muitas descobertas. Trazer pra
consciência os motivos da alimentação desregrada e desproporcional e outras
situações que trazem sofrimento.
B. Assimilar as mudanças do corpo
Foi essencial para entender que não era errado me sentir estranha com o novo corpo.
Entender as mudanças... De repente, o buraco do seu colchão não te encaixa mais. A
cirurgia ajudou, porque trouxe resultados rápidos, mas esse resultado sem o
acompanhamento não dá, porque você elaborar toda essa mudança não é tão rápido
como o resultado; a terapia vai ajudar a elaborar. Na mudança dos hábitos e adaptação
pós-cirurgia. A psicologia me ajudou bastante a entender que não sou mais uma pessoa
obesa, porque a gente acha ainda no começo, você ainda se sente, por mais que você
se olha no espelho. Me ajudou muito a assimilar as mudanças.
C. Reconhecer a ansiedade
Ansiedade foi o que me levou a comer desesperadamente. Eu atrelava a comida ao bem
estar em qualquer momento: então, eu estava triste, eu queria comer; eu estava nervosa,
eu queria comer; era um conforto. Entender a compulsão. A psicoterapia me ajuda em
outras questões como relacionamento, controle de ansiedade etc.
D. Apoio necessário; os problemas não somem
Não tem essa que não precisa, e quem fez bariátrica ainda mais, porque os problemas
não somem. As dificuldades que eu tinha lá atrás, elas continuaram.
E. Falar sobre as emoções
Forma de lidar com as emoções. É bom falar sobre isso. Foi um espaço muito bom.
62

5.2.15 Pergunta 15: Como sente seu corpo?

A pergunta de número 15 teve por objetivo observar como os participantes sentem seus
corpos após o tratamento bariátrico.

Dados Quantitativos Grupo A


N° de entrevistados: 11

Quadro 29 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Como sente


seu corpo? – Grupo A

Ideias centrais N
A. Me sinto bem, mas preciso de cirurgia plástica 7
B. Estou bem 3
C. A cirurgia serve para o corpo, mas a cabeça não muda 1

Dados Qualitativos Grupo A

A. Me sinto bem, mas preciso de cirurgia plástica


Hoje, de roupa, ok. Sem roupa a gente fica com uma certa dificuldade. Eu pretendo
fazer, ainda esse ano, o peito e o braço. O braço é pura pele. Eu percebo as coisas
ficaram mais flácidas. Aceito meu corpo agora, com ressalvas, minhas pernas, barriga
e braços ficaram flácidos, mas o que mais me incomoda são os braços, no mais me acho
linda e reconquistei minha autoestima. Estou bem, mas a flacidez incomoda. Aprendi a
relevar.
B. Estou bem
Um corpo forte e saudável e o mais importante foi o que eu esperei e desejei. Me sinto
bem em me ver nele. É outro olhar, eu passo creme me olhando no espelho, eu gosto de
ver a minha imagem, fiz a plástica. Hoje, eu me sinto bem.
C. A cirurgia serve para o corpo, mas a cabeça não muda
Não é 100%, nada é perfeito. Eu já mudei muito a minha cabeça, eu já fui bem pior. A
cirurgia serve para o seu corpo, serve do estômago para baixo. A sua cabeça, ela não
muda. É uma mudança muito rápida para a cabeça.
63

Dados Quantitativos Grupo B


N° de entrevistados: 9

Quadro 30 – Distribuição do número de ideias centrais para a questão: Como sente


seu corpo? – Grupo B

Ideias centrais N
A. Ainda não está legal, dá para melhorar / emagrecer. 5
B. Estou bem. 3
C. Preciso de cirurgia plástica 2

Dados Qualitativos Grupo B

A. Ainda não está legal, dá para melhorar/ emagrecer


Ainda não está legal. Dá para melhorar, eu nuca falei que estou 10. Estou mais
cansado, mas está bem. Como eu engordei, me sinto bem, ainda, mas consciente de que
preciso voltar a perder peso novamente. Eu não gosto da minha barriga, mas eu gosto
da minha imagem.
B. Estou bem
Estou bem. Muito bem. Adoro o jeito como estou, eu estou tão bem resolvida que eu
não quero mais fazer plástica nenhuma.
C. Preciso de cirurgia plástica
Enquanto eu não fizer as correções, eu não me sinto bem. Tenho o desejo de fazer
uma plástica.
64

6 DISCUSSÃO

Sim, a minha cabeça é de gorda. Eu sei o restaurante e o prato que


você pode pedir, porque aquele prato eu sei que é mais gostoso, mas é
uma reação. Você, com a cirurgia, não consegue comer um monte.
Você come pouco. Então, aquele pouco tem que ser o melhor. O que é
mais importante para uma pessoa que resolve fazer é que ela vá olhar,
pesquisar, porque não é só fazer. Eu lembro que, na clínica médica, era
divertidíssimo. Eu ficava lá esperando e tinha uma meninada, uma
moçada que tinha feito ou ia fazer, e eles iam passando receita para
burlar a cirurgia, bater pizza no liquidificador com um pouquinho de
água, porque você tem o gosto da pizza, o cheiro da pizza e tudo que é
líquido vai superfácil. A primeira calça jeans é inesquecível. Isso era
muito legal, porque você vê que muda a autoestima. O problema é você
manter isso. (Participante A4)

O trecho acima que reproduz o testemunho de um dos entrevistados representa muito


bem a experiência do paciente bariátrico após a cirurgia. É um relato que aponta o encontro
com a autoestima e a luta para vencer o desejo de comer, que vai além da fome do corpo, como
afirmam Rosa e Campos (2009) e Venzon e Alchieri (2014).
Dos vinte entrevistados, onze passaram por acompanhamento psicológico, e três dos
que não o fizeram acreditam que precisariam ter feito psicoterapia. Portanto, quatorze
participantes reconhecem a importância do acompanhamento psicológico no tratamento da
obesidade por meio da cirurgia bariátrica. As respostas dos participantes deste estudo estão de
acordo com a literatura, pois os aspectos psicológicos estão entre os fatores que causam a
obesidade e podem influenciar a adaptação do paciente operado, tanto no que se refere à
necessidade de mudança de hábitos quanto em termos da mudança corporal.
Metade dos componentes do grupo A procurou a psicoterapia logo após a realização da
cirurgia, e a outra metade iniciou a psicoterapia após um ou dois anos da cirurgia. Três dos onze
participantes não sabem dizer em qual abordagem fazem o tratamento, dois relataram fazer na
abordagem comportamental e seis fazem em abordagens da psicologia profunda estando
divididos entre psicanálise, psicologia analítica, winicottiana, fenomenologia e psicoterapia em
grupo. A maioria realiza ou realizou sessões semanais.
A maioria dos entrevistados acredita que o acompanhamento psicológico é necessário e
contribui para a ampliação da consciência sobre as questões emocionais relacionadas à
obesidade, à ansiedade e ao comer exagerado. Os benefícios da psicoterapia, segundo aqueles
que fizeram psicoterapia, está na ampliação da autopercepção e do autoconhecimento. Os
65

participantes relataram ter sido importante poder falar de suas emoções e reconhecer que os
problemas não somem com a cirurgia.
Os participantes do grupo A relataram perceber a relação entre questões emocionais e o
fato de terem engordado no passado. A influência das emoções na vontade de comer apareceu,
de uma forma ou de outra, em todas as respostas, inclusive naquelas que apontaram a genética
e o metabolismo como principais motivos do excesso de peso, como exemplificado nas
respostas abaixo transcritas:

Eu acho que é genético. Eu era um palito, comprida e magricela, mas na


adolescência era um tal de vai e volta, e comecei a vida adulta muito gorda.
Dos regimes que fiz, emagrecia e engordava.

Sempre estive acima do peso. Tinha resistência à insulina e uma série de


problemas relacionados ao metabolismo, mas, se eu estou nervosa, estou
irritada, ou então pré-menstrual, eu sinto a necessidade de comer, comer,
comer.

O fator emocional também apareceu na maioria das respostas do grupo B como um dos
motivos do peso corporal elevado no passado, especialmente nas respostas apresentadas nas
categorias “Era emocional, descontava na comida”, “Comer muito” e “Ansiedade e
compulsão”. As categorias “Rotinas, maus hábitos alimentares e sedentarismo”, “É genético,
de família” e “Problemas de metabolismo” aparecem como as responsáveis pelo excesso de
peso dos participantes antes da cirurgia na menor parte das respostas. A categoria “Mudança de
vida” não surgiu no grupo B como motivo para ter engordado.
De acordo com os resultados encontrados não há diferença significativa entre as
respostas dos grupos A e B. Ambos os grupos relataram reconhecer o fator emocional como
principal motivo para terem engordado no passado.
A saúde e o medo de morrer aparecem como principais motivos para a procura do
tratamento bariátrico no grupo A, enquanto as demais categorias têm menor representação ou
são citadas como motivo secundário da decisão por esse tipo de tratamento, como no
testemunho abaixo:

Eu tentei de tudo, endocrinologista, vigilantes do peso, dietas de sopa, todos


os recursos. Então, o meu IMC estava 40, por causa da minha altura, já dava
obesidade mórbida. Eu estava mais perto dos 25 e eu falava que eu não queria
morrer com 25.
66

A exemplo do grupo A, o grupo B também refere a saúde e o medo de morrer como


motivações prioritárias para a procura do tratamento bariátrico, portanto as respostas foram
iguais nos dois grupos. Muitas respostas relatam a preocupação com a saúde em razão de
recomendação médica para perder peso. Como esses participantes possuíam histórico de
insucesso com outros tratamentos de emagrecimento, fizeram a opção pela cirurgia bariátrica.
A preocupação com a estética apareceu como motivo secundário.

Procurei o médico, eu estava fora do peso e com muito problema de saúde,


também queria...a gente se olhava no espelho e via que não estava legal.

As principais dificuldades para adaptação após a realização da cirurgia relatadas pelo


grupo A foram a Síndrome de Dumping e a necessidade de (re)aprender a comer menos e mais
devagar e, também, de selecionar o tipo de alimento para não passar mal com a comida.
Problemas como fraqueza, dificuldade para reter vitaminas e perda de cabelo apareceram em
menor número de respostas. As questões emocionais relacionadas a essas dificuldades surgem
nos relatos como medo de comer ou de nunca mais poder comer, afeta a cabeça; na importância
de perceber o que contribui para passar mal, como em reaprender a mastigar, gordo não
mastiga, engole inteiro e nas sensações, como chorava olhando as pessoas comendo outras
coisas e eu não poder comer. Eu sofria com isso.
A Síndrome de Dumping, segundo Chaves e Destefani (2016), pode acometer pacientes
bariátricos quando há ingestão de grandes quantidades de alimentos, açúcares e gorduras. As
dificuldades pós-cirurgia encontradas pelos participantes do grupo B foram a “Síndrome de
Dumping/Passar mal com comida” e o “Não poder comer/Comer menos”. Apenas um
participante respondeu não ter tido nenhuma dificuldade.
Os relatos apontam para a dificuldade de mudança de comportamento diante da nova
condição:

A gente não come mais o que está acostumado a comer. A comida não desce
e, se você insistir, acaba vomitando. Minha cabeça tem que entender que eu
tenho que comer bem menos.

Algumas pessoas, em ambos os grupos, relataram incômodo com a fraqueza, a baixa


retenção de vitaminas e a perda de cabelo ou as unhas fracas e estas são consequências da
cirurgia.
A categoria “A readaptação alimentar é obrigatória” apareceu como principal resposta
do grupo A para a pergunta 4.
67

Na minha cabeça, se cheguei ao ponto de partir para cirurgia, tinha que


mudar os hábitos, rotina e alimentação.

Em seguida, aparece o controle sobre o que e o quanto comer como hábito adquirido
após a operação. A percepção de ter tido o paladar alterado foi relatada por poucos participantes
do grupo A e, por último, aparecem o deslocamento de compulsão para compras e a
continuidade de hábitos alimentares ruins. De acordo com Abreu-Rodrigues e Seidl (2015), é
necessário que o paciente assuma o compromisso com a mudança de hábitos alimentares e de
estilo de vida, já que a cirurgia não encerra o tratamento contra a obesidade.
A troca de compulsão por bebida alcoólica e cigarro foi a resposta principal sobre a
mudança de hábitos após a cirurgia, dada pelo grupo B. As respostas que vieram em segundo
lugar ficaram divididas igualmente entre manter os hábitos e escolhas alimentares ruins, fazer
atividades físicas e ter controle sobre o que e quanto comer. Por último, apareceram as respostas
de mudança de paladar, perda da vontade de comer e recuperação de antigos hábitos. A maioria
dos participantes respondeu que não trocou os hábitos ou que recuperou hábitos antigos após a
cirurgia. Nesses casos, assim como naqueles que responderam ter trocado de compulsão, é
possível observar a presença de comportamentos perigosos para a manutenção do peso e para
a saúde do paciente. Odom et al. (2010) alertam para a possibilidade de recuperação de peso no
longo prazo, quando não há compromisso com mudanças dos antigos hábitos e estilo de vida,
e advertem sobre o uso de álcool e de outras substâncias. Jumbel, Hamlet e Meyrick (2017)
afirmam que o surgimento de novas adições após a cirurgia bariátrica representa a busca de
novas recompensas que substituam a comida. A recuperação de antigos hábitos foi citada por
Konttinen (2015). Em sua pesquisa, pacientes bariátricos que tiveram perda de peso
insatisfatória ou novo ganho de peso apresentaram maior vulnerabilidade a vários estímulos
alimentares internos e externos logo após a operação. Os mecanismos de controle fisiológicos,
que a cirurgia impõe ao paciente operado e que tiram ou reduzem a vontade de comer, tendem
a enfraquecer com o tempo, podendo o paciente retomar antigos hábitos e, portanto, recuperar
o peso.

Nos primeiros anos a gente segue à risca o que o médico fala, depois vai
relaxando, escolhe errado.

A diferença das respostas à pergunta 4 sobre a mudança de hábitos, rotina e alimentação


aponta para uma possível contribuição da psicoterapia, pois a troca de compulsão apareceu no
grupo A em último lugar e, no grupo B, aparece em primeiro lugar. Palavras et al. (2013) afirma
68

que o comportamento compulsivo está relacionado a aspectos psicológicos, como ansiedade,


depressão e desordem emocional, e a comportamentos, como impulsividade, controle e rigidez.
O risco de surgir o deslocamento de compulsão para substituição do alimento foi citado por
Magdaleno, Chaim e Turato (2009).
No grupo A, a maioria dos entrevistados afirma estar mantendo o peso adquirido após a
cirurgia. Os demais responderam que engordaram por questões emocionais e por terem passado
por momentos de mudanças, porém, afirmaram já terem perdido o peso que ganharam. Outros
participantes responderam que engordaram por tomar suplementos e por gravidez.

Engordei depois de uns 5 anos, mas não me permiti, perdi.

No grupo B, parte dos participantes afirmou que está mantendo o peso e não engordou,
e pouco mais da metade relata ter engordado ou por hábitos ruins e bebida alcoólica ou por
mudança de vida. A literatura concorda com as questões apresentadas pelos participantes desta
pesquisa como motivos para a recuperação de peso: Kahtalian (2010) aponta momentos de
mudança de vida como razão comum para engordar e, para Marcelino e Patrício (2008), passado
o período de 18 a 24 meses, manter o peso controlado depende de mudança de hábitos e de
estilo de vida.
Ambos os grupos consideram o tratamento bariátrico válido, apesar das possíveis
complicações pós-cirúrgicas e do fato de a cirurgia não ser garantia de que não voltarão a
engordar.
Dos onze entrevistados, dez afirmam que se sentem bem com o corpo, apesar de sete
acharem que precisam de cirurgia plástica para retirar o excesso de pele. Um participante
respondeu que a cirurgia serve para o corpo, mas a cabeça não muda, sugerindo que ainda está
em processo de adaptação com o novo corpo.

É uma mudança muito rápida para a cabeça.

A metade do grupo B respondeu que não está bem com o corpo, que precisa emagrecer,
e a outra metade fica dividida entre estar e não estar bem, mas considera que precisa de cirurgia
plástica.
Jumbel, Hamlet e Meyrick (2017) afirmam que o efeito psicológico pós-bariátrica ainda
é pouco conhecido e consideram grandes os desafios no que diz respeito às mudanças
fisiológicas, físicas e psíquicas relacionadas a esse tipo de tratamento contra a obesidade.
69

Alegria e Larsen (2013) também apontam os desafios de criar nova identidade e autoimagem,
bem como manter ou aumentar a autoestima diante do corpo transformado e com excesso de
pele.
As respostas dos participantes deste estudo indicam que os fatores psíquicos e
emocionais permeiam o pré e o pós-cirúrgico do tratamento bariátrico, e que a psicoterapia
pode contribuir, apoiando e facilitando a ampliação da consciência sobre tais fatores.
70

7 CONCLUSÃO

O que eu tenho para dizer é que a bariátrica não resolve os problemas do


mundo. Isso é uma coisa que tem que ficar muito clara para o paciente. A
questão da autoestima, ela tem que ser tratada. Não é porque eu fiz bariátrica,
não é porque eu estou magra que meus outros problemas somem. A
psicoterapia deveria ser obrigatória, não só a avaliação anterior, mas a
continuidade do tratamento. Eu sei que eu tenho esse pensamento porque eu
faço terapia. Não tem essa que não precisa. E quem fez bariátrica ainda mais,
porque os problemas não somem. Acho que dentro do protocolo médico da
bariátrica deveria ser obrigatório o acompanhamento psicológico.
(Participante A3).

Este estudo observou que os pacientes de cirurgia bariátrica enfrentam muitos desafios
no processo de emagrecimento, antes e depois da operação. Antes, pelos motivos que levaram
à obesidade, como questões genéticas, hábitos alimentares familiares ruins aprendidos na
infância, relação emocional com a comida, desenvolvimento de transtornos alimentares como
a compulsão, problemas de metabolismo e sedentarismo, entre outros. Depois, os obstáculos
se encontram na permanência dos motivos que levaram a engordar e na chegada de novos
desafios como a impossibilidade de acompanhar a rápida mudança corporal e não (re)conhecer
a imagem refletida no espelho; o excesso de pele que resulta da perda rápida de peso; a
necessidade de mudança de hábitos alimentares, desde a escolha do tipo de alimento até a forma
de mastigar para não passar mal e não sofrer com dumping; e, em alguns casos, o deslocamento
da compulsão ou a busca de recompensas para substituir a comida, com o desenvolvimento de
novas adições.
A cirurgia bariátrica apresenta risco de complicações e a adaptação é difícil, mas os
entrevistados consideraram válida a cirurgia e afirmaram que, se fosse preciso, novamente se
submeteriam ao procedimento. Neste sentido, para essas pessoas, parece ser melhor lidar com
as dificuldades pós-cirúrgicas do que lidar com a obesidade.
As entrevistas foram surpreendentes. A cada relato, enquanto o participante contava sua
experiência, parecia se tornar mais consciente de como foi difícil e, ao mesmo tempo,
satisfatório viver e superar cada etapa. Para aqueles que não superaram ou ainda estavam a meio
caminho dessa conquista, houve muita emoção no decorrer da entrevista e a manifestação do
desejo de passar por psicoterapia.
De acordo com os relatos colhidos, não houve diferenças significativas entre os grupos
estudados nos resultados de PEP, e poucas diferenças foram observadas nas entrevistas. Os
relatos dos participantes indicam que fatores psíquicos permeiam o pré e o pós-cirúrgico,
influenciaram o engordar no passado e podem trazer impactos para a manutenção do peso após
71

a cirurgia, porém o baixo número de participantes impossibilitou observar se a psicoterapia


contribuiu para essa manutenção. Portanto, em concordância com a literatura levantada, os
resultados encontrados no presente estudo sugerem que é importante o acompanhamento
psicológico no tratamento bariátrico. Todavia, ressalta-se ser necessário estudos mais
aprofundados e, possivelmente, com maior número de participantes, para que seja comprovada
a contribuição da psicoterapia para o bem suceder desse processo.
72

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APÊNDICE 1 – Ficha de identificação

DATA:_____/_____/______
INICIAIS DO NOME:_____________________________________________________________

Idade: Sexo:

Altura: Peso atual:

Peso antes da cirurgia:

Data da cirurgia: Tipo de cirurgia:

Data da nova operação:

Para uso do pesquisador – Cálculo protocolo BAROS


Calculo IMC Inicial: Calculo IMC atual: Calculo %PEP:
79

APÊNDICE 2 – Entrevista semiestruturada

INICIAIS DO NOME: _____________________________________________________

1. Por que acha que engordou no passado?


2. Por que decidiu fazer a cirurgia?
3. Quais as dificuldades do pós operatório e do período de adaptação pós cirurgia?
4. Sua rotina, hábitos e alimentação mudaram?
5. Você teve novo ganho de peso? Se sim, a que você atribui este ganho?
6. Você precisou de nova cirurgia?
7. O resultado da cirurgia foi o que você esperava?
8. Você teve acompanhamento psicológico após a cirurgia?
9. Quanto tempo depois da cirurgia iniciou a psicoterapia?
10. Qual tipo de psicoterapia?
11. Qual a frequência das sessões?
12. Quantas sessões ou por quanto tempo fez a psicoterapia?
13. Por qual razão procurou a psicoterapia?
14. Qual foi a contribuição do acompanhamento psicológico, para você?
15. Como sente seu corpo?
80

APÊNDICE 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado(a) Senhor(a),

Você está sendo convidado(a) a participar deste estudo, que tem como objetivo observar
o resultado do acompanhamento psicológico junto ao paciente operado em cirurgia bariátrica
na manutenção do peso. O segundo objetivo desta pesquisa é observar quais fatores influenciam
a perda, a manutenção ou o novo ganho do peso após a cirurgia bariátrica.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum
momento ou em qualquer fase do estudo, seu nome será divulgado. Quando for necessário
exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será
substituído de forma aleatória.
Como sua participação é voluntária, a qualquer momento você pode recusar-se a
responder a qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa
não trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder às perguntas a serem realizadas
sob a forma de ficha de dados e entrevista, com risco ou desconforto mínimo. Desse modo,
você estará contribuindo para aumentar o conhecimento científico. Você não terá nenhum custo
ou quaisquer compensações financeiras.
A pesquisadora se compromete a reverter em benefícios aos colaboradores os resultados
da presente pesquisa. A pesquisadora se compromete, ainda, a prestar contas dos resultados de
suas pesquisas, sempre que necessário, e estará à sua disposição para quaisquer
esclarecimentos, por meio do telefone/Whatsapp (11) 994656657 ou pelo e-mail
regivaccaro@gmail.com.
Atenciosamente,

Regiane Valim Vaccaro Prof.ª Dr.ª Denise Gimenez Ramos


Orientanda/Pesquisadora PUC/SP Orientadora PUC/SP
81

Eu, ________________________________________________declaro estar ciente e


devidamente esclarecido(a) do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO, e concordo
em participar do estudo proposto. Autorizo a gravação da entrevista, assim como a divulgação
de seus conteúdos somente para fins de pesquisa e ensino; sabendo que dele poderei desistir a
qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento. Declaro, ainda, ter
recebido uma via deste termo e entregue uma via ao pesquisador.

São Paulo, _____ de _________________________ de 201-.

__________________________________________
Assinatura do Participante

Número do Parecer: 2.802.743


PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Comitê de Ética em Pesquisa - CEP
Rua Ministro Godói, 969 - sala 63C - Perdizes - São Paulo – SP Fone: (11) 3670-8466

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