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HALL, Calvin S.; LINDZEY, Gardner; CAMPBELL, John B. Teorias da Personalidade. 4ª.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2000, reimp 2008.
Chegou aos Estados Unidos em 1933, onde trabalhou como palestrante do Instituto
Psicanalítico de Chicago e depois iniciou sua prática privada em Nova York. Ensinou em
várias universidades e institutos nos Estados Unidos e no México.
Seus livros receberam uma considerável atenção não só de especialistas nos campos da
psicologia, sociologia, filosofia e religião, mas também do público em geral.
Profundamente influenciado pela obra de Karl Marx, especialmente por um trabalho inicial,
The Economic and Philosophical Manuscripts, de 1844.
Em Beyond the Chains of Illusion (1962), Fromm comparou as idéias de Freud e de Marx,
observando suas contradições e tentando uma síntese. Fromm considerava Marx um
pensador mais profundo do que Freud, e usou a psicanálise principalmente para
preencher as lacunas em Marx.
O tema essencial de toda a obra de Fromm é que a pessoa se sente solitária e isolada
porque se separou da natureza e das outras pessoas. Essa condição de isolamento
não é encontrada em outras espécies animais; ela é distintiva da situação humana.
A criança, por exemplo, liberta-se dos laços primários com os pais e em resultado
sente-se isolada e desamparada.
O servo conquista a liberdade apenas para se descobrir à deriva em um mundo
predominantemente alienígena. Como servo, ele pertencia a alguém e sentia-se
relacionado com o mundo e com as outras pessoas, mesmo que não fosse livre.
A primeira fuga é pelo autoritarismo, por uma submissão masoquista a pessoas mais
poderosas ou por uma tentativa sádica de tornar-se a autoridade poderosa.
No caso sadio, o ser humano usa sua liberdade para desenvolver uma sociedade melhor.
Nos casos não-sadios, ele passa a viver uma nova servidão.
Escape from Freedom foi escrito sob a sombra da ditadura nazista e mostra que essa forma
de totalitarismo atraía as pessoas porque lhes oferecia uma nova segurança.
Fromm salientou em livros subseqüentes (1947, 1955, 1964) que qualquer forma de
sociedade criada pelo ser humano, seja o feudalismo, capitalismo, fascismo, socialismo
ou seja o comunismo, representa uma tentativa de resolver a contradição básica dos
humanos.
Essa contradição consiste em a pessoa ser tanto uma parte da natureza quanto
separada dela, em ser simultaneamente um animal e um ser humano.
Como animais, temos certas necessidades fisiológicas que precisam ser satisfeitas.
Como seres humanos, possuímos autoconsciência, razão e imaginação.
O ser humano quer ter raízes naturais; ele quer ser uma parte integral do mundo, sentir
que pertence a. Quando criança, ele está enraizado na mãe, mas, se esse relacionamento
persiste depois da infância, passa a ser considerado uma fixação perniciosa. As pessoas
encontram as raízes mais satisfatórias e saudáveis em um sentimento de afinidade com
outros homens e mulheres.
Mas também queremos ter um senso de identidade pessoal, ser indivíduos únicos. Se
não conseguimos alcançar essa meta por meio do esforço criativo individual, podemos obter
certa marca de distinção, identificando-nos com outra pessoa ou grupo. O escravo se
identifica com o senhor; o cidadão, com o país; o trabalhador, com a companhia. Nesse
caso, o senso de identidade decorre de pertencer a alguém e não de ser alguém.
Os humanos também precisam ter uma estrutura de referência, uma maneira estável e
consistente de perceber e compreender o mundo. A estrutura de referência
desenvolvida pode ser primariamente racional, primariamente irracional, ou ter elementos
de ambas.
Fromm (1973) introduziu uma sexta necessidade básica, a necessidade de excitação e
estimulação. Ao descrever essa necessidade, ele fez uma distinção entre estímulos
simples e ativadores. Os estímulos simples produzem uma resposta automática, quase
reflexa, e é melhor considerá-los em termos de pulsões; por exemplo, quando estamos com
fome, comemos. Nós freqüentemente ficamos entediados com os estímulos simples. Os
estímulos ativadores impõem a busca de objetivos.
Em uma sociedade capitalista, por exemplo, uma pessoa pode obter um senso de
identidade pessoal, tornando-se rica, ou desenvolver um senso de enraizamento,
tornando-se um empregado responsável e digno de confiança em uma grande companhia.
Em outras palavras, o ajustamento de uma pessoa à sociedade normalmente
representa um compromisso entre necessidades internas e exigências externas. Ela
desenvolve um caráter social ao responder aos requerimentos da sociedade
Todo indivíduo é uma mistura desses cinco tipos de orientação em relação ao mundo,
embora uma ou duas das orientações possam estar mais evidentes do que as outras.
Um sexto par de tipos de caráter seriam o necrófilo, que é atraído pela morte, versus o
biófilo, que é apaixonado pela vida.
Fromm observou que aquilo que poderia ser considerado um paralelo entre essa
formulação e os instintos de vida e morte de Freud na verdade não o é.
Para Freud, tanto o instinto de vida quanto o de morte são inerentes à biologia do ser
humano, ao passo que para Fromm a vida é a única potencialidade primária. A morte é
meramente secundária e só entra em cena quando as forças de vida são frustradas.
Em seu livro final, Fromm (1976) acrescentou uma distinção entre as orientações de
“ter” e de “ser” em relação à vida.
Uma orientação de ter reflete a preocupação competitiva da pessoa com possuir e
consumir recursos. Essa orientação é favorecida pelas sociedades tecnológicas.
O modo de ser, ao contrário, focaliza aquilo que a pessoa é, não o que ela tem, e o
compartilhar, em vez do competir. Essa orientação só vai se desenvolver se a sociedade a
encorajar.
A tarefa dos pais e da educação é fazer com que a criança queira agir como tem de agir
para que um dado sistema econômico, político e social seja mantido.
Fromm também salientou que, quando uma sociedade muda em algum aspecto
importante, tal mudança tende a produzir deslocamentos no caráter social das
pessoas.
A antiga estrutura de caráter não se ajusta à nova sociedade, o que aumenta o senso de
alienação e desespero das pessoas. Os laços tradicionais são cortados, e, até que a
pessoa consiga desenvolver novas raízes e relações, ela se sente perdida.
Durante esses períodos transicionais, a pessoa torna-se presa fácil de todos os tipos de
panacéias que oferecem um refúgio contra a solidão
Fromm sugeriu inclusive um nome para essa sociedade perfeita: Socialismo Comunitário
Humanista. Nessa sociedade, todos teriam oportunidades iguais de se tornarem
plenamente humanos.
Tal sociedade atingiria o objetivo de Marx de transformar a alienação de uma pessoa sob
um sistema de propriedade privada em uma oportunidade de auto-realização como um ser
humano social, produtivamente ativo, sob o socialismo. Fromm ampliou o projeto da
sociedade ideal, definindo como a nossa presente sociedade tecnológica pode ser
humanizada (1968).