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PENSADORES, IDEIAS E TEORIAS

PARA VESTIBULAR
(REDAÇÃO)

2023
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seu sumário.

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FILOSOFIA
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1. Zygmunt Bauman
Biografia: sociólogo e filósofo polonês contemporâneo.
Temas: amor, pobreza, liberdade, internet/redes sociais, identidades
fraturadas, fluidez das relações humanas, medo.

Pensamento:
Liberdade como fruto das relações sociais: ser livre é estar em
relação com os outros; é algo racional: a vida em sociedade vai dizer se
somos livres ou não.
Liberdade como uma criação histórica: concepção e percepção de liberdade
muda conforme a época.
Liberdade só pode ser pensada se considerar a dependência: sou livre em um
aspecto, porém sou dependente em outro; grau de liberdade varia conforme a posição
social ocupada pela pessoa.
Ser humano age diferententemente de acordo com o contexto em que está inserido;
grau de liberdade é variável, as pessoas agem de diferentes formas dependendo do
contexto; maior parte do comportamento provém de uma dinâmica situacional; as escolhas
que um indivíduo realiza depende da situação em que ele se insere.
Liberdade e segurança: são dois conceitos antagônicos; liberdade refere-se aos
riscos e a imprevisibilidade, enquanto segurança refere-se ao o que está sobre controle,
aquilo que é familiar; à medida que se tem mais liberdade, se tem menos segurança; seres
pós-modernos querem ter ambos em um mesmo grau, ter “o melhor dos mundos”.
Individualização é a marca da modernidade: individualização se configura como a
troca entre a liberdade e a segurança; se dá autonomia aos indivíduos, porém, ao mesmo
tempo, maiores inseguranças, colocando a responsabilidade pelo futuro em suas mãos.
Medo: ignorância da ameaça e do que deve ser feito; medo secundário/derivado:
tudo aquilo que se atualiza social e culturalmente, um medo que vai nortear o
comportamento individual, havendo ou não uma verdadeira ameaça, provocando uma
sensação de vulnerabilidade e insegurança, medo descolado da realidade, medo mesmo
em situações hipotéticas e irreais; na sociedade líquida e pós-moderna, há a fragmentação
do medo, inserindo-o na vida cotidiana, o que faz ele constituir as escolhas e o
comportamento em si do indivíduo.
Fragilização dos vínculos humanos: consequência do fato de que agora a
responsabilidade da proteção das adversidades e infortúnios ocorridos em vida, antes
delegadas ao Estado, passa a estar sob o indivíduo. Com isso, indivíduos buscam soluções
próprias e individuais para seus problemas sociais, preocupando-se unicamente com sua
segurança pessoal. Essa busca individual por um objetivo leva à descrença na
solidariedade alheia e nos vínculos externos.
Medo derivado enquanto norteador do comportamento: leva os indivíduos a
estarem sempre alerta quanto aos riscos externos; medo está difuso, pode ser encontrado
em qualquer parte da sociedade; todos são estranhos em potencial, uma vez que não se
pode prever a intenção do outro; o auto isolamento torna-se a segurança; suprimento das

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necessidade das relações sociais passa a ser realizado através da tecnologia,
permitindo um contato não físico com o meio exterior

2. Platão
Biografia: filósofo do Período Clássico grego.
Ideias: dialética, idealismo, teoria tripartite da alma, mito da caverna

Mito da Caverna:
Em uma caverna, diversos prisioneiros viviam, desde a infância,
amarrados sobre correntes, vendo sombras de objetos projetadas em uma
parede. Aquilo era a totalidade do conhecimento que tinham e o que
pensavam ser “o mundo”.
Um dia, um prisioneiro consegue se libertar das correntes e percebe que as sombras
nada mais eram do que criações de uma fogueira e de pessoas que estavam atrás delas
fazendo gestos. Ele encontra a saída da caverna e entra em contato, pela primeira vez, com
o mundo exterior, percebendo a infinidade do mundo fora da caverna e da natureza.
Percebe que as sombras nada mais são do que cópias imperfeitas da realidade. A partir
disso, passa a ter duas opções: voltar à caverna e libertar seus companheiros com o
verdadeiro conhecimento, o que poderia dar errado, uma vez que poderia ser visto como
louco, ou viver em liberdade.
Alegoria: a caverna se refere ao mundo sensível, ao mundo enganoso, um
conhecimento que não é verdadeiro, enquanto o mundo exterior, fora da caverna, é o
mundo inteligível, das ideias, onde se encontra o verdadeiro conhecimento.

3. Arthur Schopenhauer
Biografia: filósofo alemão do século XIX.
Ideias: crítica da explicação racionalista sobre a realidade, reflexão
centralizada no conceito da “vontade”.

O mundo como resultado dos sentidos: o mundo se


apresenta à nós a partir dos sentidos e é constituído de forma subjetiva;
razão forma apenas as ideias abstratas a partir dos dados empíricos;
apenas temos uma representação do mundo e não conseguimos acessá-lo da forma que
realmente é;
Ser como objeto representado e objeto de vontade: vontade não é uma relação
de causa e efeito, mas sim algo que se manifesta no ser humano; todo fenômeno é uma
expressão de uma vontade e não se manifesta unicamente no ser humano, é algo comum à

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vida e aos outros animais; vontade, então, é um impulso do seres para a vida, seres tem
como a maior vontade viver e sobreviver, se reproduzir enquanto espécie.
Ações: são manifestações das disposições internas, a partir dos nossos interesses
e da nossa vontade individual, o que baseiam as ações egoístas; uma ação que não tem
por base um interesse é identificada como compaixão, é uma ação moral, relacionada com
o outro. Assim, não são as expressões de um querer e sim a negação da própria vontade.

4. Michel Foucault
Biografia: filósofo francês contemporâneo.
Temas: crítica às instituições sociais, evolução da história da
sexualidade, teorias do poder e conhecimento, crítica da
modernidade.

Pensamento:
Poder e a subjetivação da sociedade: sociedade humana
se organiza e se organizou durante a história de acordo com o modo com que ela lida
politicamente com as questões relacionadas à vida; o poder se exerce sobre os corpos e
nos processos biológicos humanos; a lei, enquanto representação do poder e de suas
necessidades, é construída a partir de uma delimitação formal, tendo como elemento uma
justificativa abstrata que a faça ser introjetada psicologicamente no indivíduo e de maneira
macrossocial; para que o poder e suas relações se mantenham, constituindo as bases do
corpo social e seu domínio, há a necessidade de criação de discursos de verdade, que
legitimam o poder e que são convincentes o suficiente para garantir sua estruturação na
sociedade; a lei torna-se, portanto, uma “verdade” a que estamos submetidos e, a partir de
de seu discurso, ela transmite efeitos do poder.
Macrofísica do poder: poder que existia e era exercido em maior escala por um
monarca; ele que era responsável por executar as práticas necessárias para garantir a
aplicação da sua própria vontade, controlando as vontades dissidentes, por meio do medo.
Microfísica do poder: redes de pequenos poderes que estão interconectadas entre
si; núcleos sociais que exercem poder sobre determinados corpos e sua atividade,
chamados de sociedades disciplinares; exemplos são a escola, igreja, quartel, local de
trabalho, o núcleo familiar, entre outros, que “educam” o sujeito e o disciplinam.
Biopolítica e biopoder: biopolítica se mostra como a aplicação do biopoder, que
por si é o projeto dos Estados modernos em regular os indivíduos que a ele estão sujeitos,
por meio de práticas que visam o controle dos corpos e subjugar as populações, dominando
diferentes espectros da vida humana; sociedades que antes eram “soberanas” passam a
ser “disciplinadoras”; há um deslocamento do entendimento da forma de poder, que antes
se compunha como “matar é necessário para viver”, e agora se torna como um
planejamento “técnico” da vida; é uma nova forma de governar a vida, que se expressa a
partir dos elementos disciplinadores, que garantem o domínio sobre os corpos; o poder se
manifesta como o direito intrínseco soberano do Estado moderno de matar, ou seja, decidir
quem deve viver e quem deve morrer; na prática, isso manifesta a partir de campanhas de
vacinação, dos cosméticos oferecidos pelas indústrias, controle das epidemias,

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investimento estatal em determinados recursos, dentre outros, atravessando a vida do
indivíduo para além de seu corpo, impactando seus desejos e suas relações com o outro.

5. Achille Mbembe
Biografia: filósofo e teórico político camaronês contemporâneo.
Temas: história da África, pós-colonialismo e política.

Pensamento:
Necropolítica: Mbembe entende que o conceito de biopolítica
e biopoder não são mais suficientes para a compreensão das atuais
formas de dominação. Com isso, propõe a necropolítica como um ideal
complementar das ideias de Michel Foucault. O conceito de necropolítica se refere às
práticas, a partir do uso do poder social e político, exercidas pelas instituições da sociedade
que determinam como certos indivíduos podem viver e como outros devem morrer. A
necropolítica estaria além do direito de matar, sendo também o direito da exposição dos
indivíduos à morte, inclusive cidadãos de sua própria nação, o direito da escravização e de
diferentes formas de violência política. É uma teoria que propõe as formas de subjugação
da vida à serviço da morte. Um exemplo de uma forma bem sucedida do necropoder seria a
ocupação atual da Palestina por Israel, com a criação de “zonas de morte”, com a morte
sendo tanto uma forma de dominação quanto de resistência, em que a soberania de cada
nação não se determina a partir de seu território e sim das relações de poder que
determinam quem pode viver e quem pode morrer, dado critérios econômicos. Não se trata
da questão do domínio de territórios e de submeter populações, mas sim de obter
benefícios estratégicos e recursos, reduzindo o indivíduo a puramente uma mercadoria.

6. Thomas Hobbes
Biografia: filósofo e teórico político inglês do século XVII.
Temas: política, direito, filosofia política, ciência política e teoria do
conhecimento.

Pensamento:
Estado de natureza do homem: parte do pressuposto que o
homem, em um determinado momento da história, vivia em uma
condição de selvageria, sendo esse seu estado natural. Esse momento
era caótico, uma vez que todos os indivíduos poderiam possuir o que queriam, sem limites
estabelecidos, assim iriam exercer suas paixões e desejos individuais, ocasionando em um
estado de guerra natural e constante, com diversas disputas, competições entre si, gerando
grandes dificuldades para o seu desenvolvimento. Natureza humana se centra, portanto, no
interesse próprio e individual, o que ocasiona em um meio caótico e perigoso.
Estado e autoridade soberana: sendo o “homem o lobo do homem”, para a
existência humana pacífica e harmônica, deveria existir uma entidade soberana forte, que

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por meio de leis e da força garantiriam um meio passível de sobrevivência humana. Assim,
os indivíduos deveriam estabelecer um “contrato social”, em que cederiam direitos e
liberdade em troca de proteção e da coexistência harmônica entre si, garantindo acordos
individuais. Surgiria, assim, a sociedade civil, que estaria submissa à autoridade soberana,
ao Estado, representado por um monarca forte e absolutista, que manteria a ordem social.

7. Jean-Jacques Rousseau
Biografia: filósofo suiço do século XVIII.
Temas: política, educação, literatura

Pensamento:
Estado natural: o homem, em seu estado de natureza, ou
seja, quando está próximo e em contato com a natureza, é como uma
“folha em branco”, sendo constituído de uma liberdade completa, sem
ser influenciado pelas convenções da sociedade e seus valores
morais, estruturas e formas de agir, não havendo tanto conflito, assim
como em sociedade. Por não ser impactado pelos padrões estabelecidos, o homem podia
se desenvolver plenamente, sendo um ser puro que não conhecia a moral, livre de
corrupções e sem propriedade.
Sociedade: quanto mais o homem se emerge nas convenções sociais e na
sociedade em si, mais ele se distancia da natureza e mais corrupto ele se torna. A
sociedade moderna, a partir da propriedade e de seus vícios, destroem o estado natural do
homem, ocasionando em conflitos e corrompendo a moral humana.
Contrato social: sociedade deveria se organizar por meio de um contrato social, em
que se preservaria as liberdades e a vida humana por meio da submissão do indivíduo a
uma vontade geral soberana. O contrato social surge como um artifício de resolução dos
problemas e conflitos gerados pela propriedade privada, além de garanti-lá efetivamente,
por meio de leis e códigos morais, regulando a sociedade como um todo. De modo ideal,
um governo justo seria responsável por reaproximar o homem de sua natureza, garantindo
direitos amplos e iguais para todos e buscando eliminar as corrupções da sociedade, a
partir da submissão à vontade geral e da coibição das ações dos interesses privados.

8. John Locke
Biografia: filósofo britânico do século XVII.
Temas: metafísica, epistemologia, filosofia política

Pensamento:
Direitos naturais: são esses os direitos que não dependem de
qualquer autoridade constituída e jurídica para existir, são inalienáveis
e intrínsecos aos seres humanos, sendo eles: o direito à vida, direito à
liberdade e o direito à propriedade. Esses direitos são sustentados pelo ideal de lei natural.
Em uma sociedade organizada, o Estado deveria respeitar e garantir esses direitos naturais

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e os civis, a partir de um contrato social, com cada um podendo agir livremente e tendo
direitos iguais, desde que não interfira na vida alheia.
Propriedade privada: tudo aquilo que há valor ao indivíduo e que ele o tenha
conquistado por direito, sendo, portanto, algo legítimo e que todo o indivíduo teria direito,
com o Estado tendo o papel de assegurar e proteger o direito à propriedade. Todo humano
poderia apropriar-se de uma parte do mundo natural, que por si é um elemento comum a
todos, desde que ele acrescentasse seu trabalho aos recursos naturais do local ao qual se
empossou e que isso não causasse prejuízo a outros indivíduos, considerando o bem
comum.
Separação dos poderes: poder político deveria ser dividido em três: Executivo,
Legislativo e Judiciário. No entanto, como o Legislativo representava, em teoria, o povo e
sua vontade, os outros dois poderes deveriam estar subordinados ao Parlamento, com este
trabalhando em harmonia com o rei e o governo, que teriam a responsabilidade de executar
as leis. A soberania não reside no Estado, mas sim na população.

9. Montesquieu
Biografia: filósofo iluminista francês do século XVIII
Temas: política, moral, costumes

Pensamento:
Teoria política: na visão de Montesquieu, há três formas de
governo: República, Monarquia e Despotismo, sendo esta uma
forma ilegítima de governar e aquelas formas legítimas.
República: teria como característica um governo em
que a soberania está na mão de muitas pessoas, sendo que se estiver sob alcance
de todos, do povo, é considerada como uma democracia, enquanto se estiver sob
controle de alguns, de uma camada determinada da população, é caracterizada
como uma aristocracia, tendo como princípio que rege a sociedade a virtude.
Monarquia: governo regido por uma só pessoa, o monarca, que tem seu
poder limitado a partir de leis positivas, havendo a existência de um Parlamento para
a criação de leis, não podendo ser destituído, a não ser por justa causa. Tem como
princípio que rege a sociedade a honra.
Despotismo: governo regido por uma só pessoa, o déspota, como em uma
monarquia, porém que tem um poder ilimitado e absoluto, governando a partir de
sua própria vontade e interesse. Tem como princípio que rege a sociedade o terror, o
medo do governante.

Liberdade: para Montesquieu, liberdade não era significado nem do autogoverno


coletivo, nem da liberdade completamente irrestrita, uma vez que ambas seriam
desfavoráveis à liberdade política. A liberdade, portanto, só poderia ser garantida a partir de
dois elementos: a separação dos poderes e a criação de leis que garantem a liberdade
individual e a segurança.
Tripartição dos poderes: para haver um governo legítimo e bem estruturado,
evitando o abuso de poder e a violência política, o corpo de leis deveria estar separado da

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autoridade estatal, sendo ambos ainda “supervisionados” por uma terceira instituição. Com
isso, surgem três diferentes poderes:
Executivo: poder que governa e que executa as leis, responsável pela
administração do território e regido pelo monarca ou presidente.
Legislativo: poder que elabora as leis e é representado pelas câmaras de
representantes, a dos comuns e a dos nobres, ambas sendo constituídas de
pessoas diferentes.
Judiciário: poder responsável pela fiscalização do cumprimento das leis
pelos outros dois poderes, representado por juízes e magistrados.

Sociedades: cada governo de cada sociedade é influenciado por diferentes fatores,


desde o contexto social, histórico e geográfico ao qual o país se encontra, até o clima e
hábitos. Tais aspectos fariam com que determinados corpos sociais fossem mais propensos
a certos sistemas políticos do que outros.

10. Nicolau Maquiavel


Biografia: filósofo florentino do século XVI
Temas: política, história, literatura

Pensamento:
Virtù e fortuna: virtú é a capacidade de adaptação que um
governante tem diante aos acontecimentos políticos que o faz
permanecer no poder, as características pessoais do governante. A
fortuna é como a sorte, representando as coisas inevitáveis que
acontecem ao ser humano, podendo ser tanto benéfica quanto negativa. Para Maquiavel, é
melhor contar com a virtú do que com a fortuna, visto que é melhor ter capacidade de
prover, ter força mediante situações complicadas do que apenas contar com a sorte.
Ética: para Maquiavel, os governantes buscam a manutenção da pátria e bem-estar
geral de sua nação, ou seja, suas decisões se baseiam nisso e, portanto, não há como
qualificar se uma atitude governamental é boa ou má. Para manter a ordem, o governante
tem de tomar uma prática, seja ela violenta ou não. Assim, os fins justificam os meios.
Natureza do homem: O homem é essencialmente mal, agindo sempre sobre seus
interesses para obter os maiores ganhos, enquanto realiza o menor esforço possível, só
realizando o bem quando obrigado ou mediante um acordo. Com isso, um governante não
pode depositar sua confiança nos homens ou esperar que eles ajam de acordo como foi
pensado.
Ações populares e impopulares: Ações populares são aquelas que agradam ao
povo, e devem ser realizadas de forma gradual e lenta, enquanto as impopulares devem ser
executadas de uma vez. Com isso, o governante poderá manter a popularidade, uma vez
que, mesmo tendo realizado uma ação impopular, será lembrado por suas outras ações,
assim o impopular torna-se esquecível.

11. David Hume


Biografia: filósofo, historiador e ensaísta britânico do século XVIII

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Temas: teoria do conhecimento, epistemologia, ética, política

Pensamento:
Teoria do conhecimento: de acordo com Hume, o conhecimento humano tem
como origem a percepção e experiência, que é estabelecida pela natureza humana e pelo
mundo em que se insere. Ou seja, o pensamento deriva das experiências que o indivíduo
se encontrou, desse modo uma ideia só se torna verdadeiramente um conhecimento
quando o sujeito “presentificá-lo”, experienciá-lo na realidade. As percepções se distinguem
pelo seu grau de vivacidade. Assim, uma memória é sempre menos intensa do que o
sentimento momentâneo de dada situação. O pensamento seria uma percepção de baixa
intensidade, que ainda não teve “materialização” na realidade. Com isso, o conhecimento
surge a partir de um contato forte e vivaz com dado elemento, e não puramente com um
pensamento sobre ele ou uma lembrança.
Dessa maneira, um pensamento representaria aquilo que aprendemos originalmente
pelas impressões que tivemos, ocorrendo apenas na mente, mas não necessariamente na
realidade, estando baseado no que experienciamos. Assim, nada na mente humana surge
espontaneamente se não for por meio de sua experiência.
Causalidade: não há uma explicação racional para a causalidade, visto que não se
pode obter uma impressão da força que coloca dois elementos em uma relação de causa e
efeito, apenas dos objetos observados. Com isso, a causalidade, na realidade, é apenas
derivado do hábito, da repetição de uma experiência que se obteve no passado e, com isso,
passa-se a acreditar que aquilo irá acontecer novamente, não sendo uma verdade
estabelecida e sim uma probabilidade.

12. Immanuel Kant


Biografia: filósofo alemão do século XVIII
Temas: teoria do conhecimento, epistemologia, metafísica, ética

Pensamento:
Teoria do conhecimento: Kant, ao interpretar Hume, concorda
que a experiência é um elemento fundamental para o conhecimento,
uma vez que o objeto empírico determina o próprio sujeito. No entanto,
há de se definir o que o sujeito determina. A natureza dos objetos
aparece apenas na experiência. Com isso, para a geração do conhecimento, o sujeito
necessita pressupor de uma estrutura racional, que condiciona a possibilidade do conhecer,
que possibilita com que a experiência exista, e que cujo “objeto de estudo” é o próprio
sujeito, não sendo derivado da experiência. A racionalidade é que proporciona ao ser
humano o conhecimento, possibilitando com que seja relacionado determinados conceitos
puros, que estão além da nossa experiência, com os dados coletados a partir dela.
Essa razão é formada pelas faculdades da Razão, sendo estas a sensibilidade e o
entendimento. Com isso, embora a experiência inicie o processo do conhecimento, ela
ainda não é suficiente para gerar conhecimento. São as faculdades da Razão que vão
torná-lo possível, fornecendo as categorias necessárias para operar as sínteses
provenientes da experiência. Há chamas categorias a priori, conceitos puros da Natureza da

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Razão, que permitem compreender o objeto empírico, possibilitando com que se emita
juízos sobre o mundo e procriando o conhecimento.
No entanto, essas categorias a priori estão dentro do conhecimento da experiência e
da percepção. Ou seja, não se pode compreender algo que está fora do campo da
experiência, que por si se determina pelo tempo e o espaço, características intrínsecas do
mundo e do próprio sujeito, que permitem com que ele faça determinadas relações, sendo
assim condições fundamentais para o conhecer. Assim, tudo o que se percebe na realidade
são apenas fenômenos do objeto e não o objeto em si. Portanto, o mundo real está fora da
capacidade de conhecimento humano.
Filosofia moral (Metafísica dos Costumes): conforme Kant, há uma obrigação
incondicional, independente da nossa vontade ou desejo que deve ser cumprida, ou seja,
há um dever universal que se baseia em leis morais que deve ser estritamente cumprido em
uma situação racional, com o ser humano tendo de cumprir aquilo que é determinado pela
lei moral. Assim, agimos conforme tal moralidade, determinada por nossa própria Razão e
que pode ser aplicada a qualquer ser racional, de modo universal. Assim, somos livres, uma
vez que nossa liberdade se determina por uma moralidade estabelecida, com isso agimos
por conta dessa liberdade, executando nosso dever moral.

13. Jean-Paul Sartre


14. Norberto Bobbio
15. Friedrich Hegel
16. Walter Benjamin
17. Friedrich Nietzsche

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HISTÓRIA/SOCIOLOGIA
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1. Caio Prado Júnior


Biografia: sociólogo, historiador, geógrafo e escritor brasileiro
contemporâneo.
Temas: leitura da história brasileira a partir do materialismo histórico
dialético.

Pensamento:
Reinterpretação histórica: releitura da história e, principalmente,
do período colonial brasileiro, estando embasado pelo materialismo
histórico (Marx); pensamento do trabalhador como o centro dos fatos que moldaram a
sociedade do país.
Formação do Brasil contemporâneo: país como reflexo do período Colonial e
Imperial; período Imperial como um também reflexo do Colonial; atual sociedade se
constituiu ao longo da história pelos acontecimentos e perspectivas de cada época da
história brasileira; estruturas de poder sempre se preservaram.
Colonização: modelo de colonização baseado na exploração, diferentemente da
colonização norte-americana, que se baseava em um modelo de “povoamento”; se buscava
no sul do continente americano uma colonização mercantil, destinada a extrair bens e
exportá-los para a Europa, em um fim puramente econômico, baseado no plantation:
monocultura, trabalho escravo, latifúndio e destinado ao mercado externo.
Bandeirante: figura representante desse modelo exploratório; percorriam o interior
brasileiro em busca de ouro e outros minerais, deixando destruição pelo caminho, com a
morte e escravização de diversos povos indígenas, levando os bens finais para a Capitania
de São Paulo.
Caminho ininterrupto na formação dos povos: colonização se expressava em
diversos meios da sociedade brasileira, desde as relações sociais até os processos de
industrialização e geopolítica; a colonização constituiu o conjunto da formação social do
Brasil.
Capitalismo “incompleto”, atrasado: herança colonial contribuiu para a formação
de um capitalismo tardio, com uma fraca industrialização, ainda muito dependente dos
países europeus, desenvolvidos, deficiências na infraestrutura interna, alta concentração de
renda, com um grande empobrecimento e sem o desenvolvimento de uma forte burguesia e
de um operariado organizado.

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2. Sérgio Buarque de Holanda
Biografia: historiador e sociólogo brasileiro contemporâneo.
Temas: formação plural do povo brasileiro, colonização do Brasil.

Pensamento:
Raízes do Brasil:
Padrão colonial ibérico: colonização portuguesa e
espanhola na América se diferenciam das colonizações dos outros
povos portugueses; Portugal e Espanha, constituindo-se de nações
sem uma forte estrutura social, com uma nobreza frágil, buscaram
em suas colonizações apenas enriquecer nas colônias e obter prestígio; portugueses
tinham uma adaptabilidade que permitiu o desenvolvimento de relações interétnicas na
colônia; colonização é feita de forma “não planejada”: é realizada por trabalhadores e
exploradores, que buscavam apenas enriquecer, não sendo muito ligadas à nobreza e ao
ideal do ócio; estrutura social e cultural da colonização, portanto, se refletiu na formação
da sociedade brasileira.
Patriarcado rural: estratificação social durante a colonização; regime da sociedade
se constituía de forma semelhante ao de castas (pessoas eram classificadas de acordo
com sua cor); latifundiários tinham poderes ilimitados em suas propriedades e exerciam
forte influência política em suas regiões; tal domínio da elite rural impedia a formação de
uma burguesia urbana liberal, o que se refletiu em um contraponto para a formação de
uma cultura liberal-democrática.
Educação: baseada nos conceitos promovidos pelos jesuítas, o que se refletiu na
lógica da obediência e disciplina do sistema educacional brasileiro, e não em um ideal
científico e técnico.
Escravidão: torna-se não só uma relação de trabalho, como também cultural:
passa a fundamentar os costumes e comportamento da sociedade; processo aboliconista é
lento e tardio, o que promove a manutenção da mentalidade escravagista nas relações
sociais e nas instituições.
Funcionário patrimonial: funcionário público que exerce sua função como forma de
atender aos seus interesses privados ou de terceiros, o que gera imprevisibilidade jurídica e
institucional; leis passam a não valer de forma coerente; relação com o conceito de homem
cordial.
Homem cordial: método de análise do indivíduo brasileiro a partir de suas relações
sociais e políticas; conceito de que a população brasileira se forma, desde a colonização, a
partir de um ideal de cordialidade: cordiais ao aceitar o que era imposto pela colonização e
nas prioridades da família em detrimento do bem público; constrói-se uma tendência de
colocar o âmbito privado como prioritário em relação ao interesse público; brasileiro nasce
desse ideal: povo brasileiro é estruturalmente corrupto; tal fato é resultado da colonização
portuguesa, que nunca se centrou na construção de um nacionalismo e de um país
desenvolvido;
Brasileiro age movido pelo sentimento e não pela racionalidade; cordialidade se
caracteriza pela contínua tentativa de personalizar qualquer interação social; homem
cordial quer aproveitar de seu carisma, rede de relações e outros artifícios para obter
vantagem e ser reconhecido socialmente, podendo, assim, alcançar seus objetivos;
violência como uma característica primordial: qualquer antagonismo e oposição é visto
como ameaça ao homem cordial; homem cordial é ao mesmo tempo um indivíduo e um

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modo de se relacionar com o outro, movendo-se de maneira ambígua e pelo meio da
emoção, para alcançar seus objetivos; é oposto ao ideal de igualdade e da
impessoalidade; nossa política se molda por meio dessas relações e pela lealdade
pessoal, o que dificulta nossa interação com a democracia; é uma relação individualizada,
que não pensa de forma coletiva, buscando alcançar objetivos privados; conceito
influenciado pelo pensamento weberiano (Max Weber) de tipos ideais.

3. Darcy Ribeiro
Biografia: antropólogo e sociólogo contemporâneo brasileiro.
Temas: estudos da cultura indígena e da formação cultural do povo
brasileiro.

Pensamento:
O povo brasileiro: Brasil é um país constituído de diversas e
diferentes culturas, que compõem uma unidade cultural nacional; cultura brasileira é ao
mesmo tempo cada cultura de maneira separada, individual, e uma junção de todas elas;
Miscigenação da sociedade: povo brasileiro é miscigenado e variado; resultado do
processo imigratório e das relações entre diversos povos no passado; carregamos as
descendências indígenas, portuguesas e africanas em nossos elementos culturais; há
diferentes manifestações culturais no país que se dão por essa descendência e
miscigenação ao longo da história; todas essas diferentes culturas que vão a cultura
brasileira.
Povo novo: povo brasileiro surge como uma etnia nacional, que é diferente das
suas matrizes formadoras (indígena, africana e portuguesa), de caráter mestiço, com a
redefinição e mistura dos elementos que as compõem; surge como um povo singular e
único.

4. Gilberto Freyre
Biografia: antropólogo e sociólogo brasileiro.
Temas: teoria da democracia racial, estudos do período colonial.

Teoria da democracia racial: miscigenação da sociedade


brasileira durante o período colonial, entre brancos, indígenas e
escravizados, demonstrava uma relação de cordialidade e
democrática entre senhores e escravos, brancos e negros; não
havia uma segregação racial que nem nos Estados Unidos; havia
uma suposta relação pacífica entre senhores de engenho e africanos escravizados;
indígenas aceitaram “pacificamente” a colonização; senhores de escravos não se opunham
a relacionar-se com outras etnias.
Críticas da teoria: expõe uma falsa ideia de que há uma relação democrática entre
brancos e negros no Brasil, escondendo o racismo vigente; relação entre senhores e
escravizados eram baseadas na exploração, portanto não se baseava em um ideal

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democrático e cordial; mistura entre brancos e escravizados se dava, principalmente, por
conta do abuso sexual e do estupro por parte dos senhores de engenho com mulheres
negras. Tratava-se, portanto, de uma relação não consensual e não uma questão de não se
opor a ter uma relação com outros povos. Logo, a ideia de Freyre é uma mistificação
ideológica.

5. Pierre Bourdieu
6. Karl Marx
7. Max Weber
8. Émile Durkheim
9. Manuel Castells
10. Domenico Losurdo
11. Guy Debord

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LINGUAGEM
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1. Noam Chomsky
Biografia: linguista, filósofo e sociólogo inglês.
Temas: teoria da linguagem

Teoria da linguagem:
Gramática universal: Todas as línguas têm características
em comuns; todas se compõem de elementos como sujeito,
predicado, adjetivações, verbos, substantivos etc…; nova proposta para o estudo da
linguagem.
Eixo sintagmático x eixo paradigmático: língua têm uma estrutura; há diversas
palavras que podem serem usadas em cada parte dessa estrutura; há uma escolha das
palavras que podem aparecer em determinada sequência, escolhe-se uma determinada
palavra e depois escolhe-se outra que vai formar uma frase e desenvolver a ideia do texto,
indo assim por diante; gramática generativa.

2. Michel Foucault
Biografia: filósofo francês.
Temas: noções de autoria.

Ideias:
Textos não partem do zero; partem de algum pressuposto,
seja de relações externas, do próprio conhecimento do indivíduo
ou de inspirações.
Autor, portanto, não é original, ele só cumpre uma função, chamada de
função-autor: estudo da categoria em diversos momentos históricos e sua relação com as
punições (ideal de surgimento do copyright; punir os autores por textos que não “devem”
serem circulados); estabelecimento de relações entre o assujeitamento e as construções
sociais; tudo é uma adaptação, nada é fundamentalmente original.

3. Roland Barthes
Biografia: escritor, sociólogo e filósofo francês.
Temas: noções de autoria

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Ideias:
“A morte do autor”: “nascimento do leitor deve ser pago com a morte do autor”;
leitor passa a reescrever o texto para si mesmo, interpreta-o de uma forma que seja para si;
autor não é mais o único que garante o sentido de sua obra, depende de outros pontos e
leituras; não há como saber a real intenção de um autor, temos apenas uma ideia dele, a
partir de como foi consagrado, porém não há como se ter certeza da finalidade de sua obra.
Escrever é, assim, a destruição de todas as vozes e de todos os pontos de origem,
há uma destruição da ideia de originalidade.

MEIO-AMBIENTE
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1. Ailton Krenak

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL/FUTURO
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1. Yuval Harari
Biografia: historiador e escritor israelense.
Temas: homo sapiens: origem, desenvolvimento e evolução.

Crítica às inteligências artificiais: inteligências artificiais


vão evoluir a tal ponto que até 2050 será criada uma nova classe:
a classe inútil, uma classe de pessoas as quais estarão
desempregadas, porém que não são empregáveis; IAs poderão evoluir ao ponto que
poderão criar uma música feita de forma individual, a partir de nossas emoções,
modificando as noções culturais e coletivas.
Nova temporalidade: práticas humanas que dependem da linguagem tendem a
entrar em uma nova relação com o tempo; IAs poderão modificar a estrutura da linguagem e
o modo como utilizamos elas; noção de linguagem e humanidade irá se modificar.

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ANTROPOLOGIA
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1. Lévi-Strauss
2. Franz Boas

PSICANÁLISE
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1. Sigmund Freud

CORRENTES DE PENSAMENTO
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1. CONSEQUENCIALISMO
2. UTILITARISMO
3. EXISTENCIALISMO
4. ESTRUTURALISMO
5. PÓS-ESTRUTURALISMO
6. IDEALISMO
7. MATERIALISMO
8. CIENTIFICISMO
9. EMPIRISMO
10. RACIONALISMO

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