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08/09/2018 A Personalidade Fascista a partir das reflexões de Adorno e Freud – Filosofonet

A Personalidade Fascista a partir das reflexões de Adorno


e Freud
PUBLICADO EM 12/04/2016

Por Michel Aires de Souza

Em suas obras, o filósofo alemão Theodor Adorno diagnosticou que na atual sociedade administrada os controles
tecnológicos dissolveram o indivíduo autônomo. A lógica do capital nivela a tudo e a todos aos imperativos da
economia. Nada escapa a mão invisível do mercado, que modela não somente os bens e serviços, mas também a alma
humana. A opressão do todo se impõe como uma força devastadora, impedindo os indivíduos de realizarem sua plena
autonomia e liberdade. Em tal sociedade, “os sujeitos são impedidos de se saberem como sujeitos. A oferta de
mercadorias que se abate qual avalanche sobre eles, contribui para isso, da mesma forma que a indústria cultural e
incontáveis mecanismos diretos e indiretos de controle”. (ADORNO apud MAAR, 2009, p.26). Desse modo, o sujeito
passa a ser determinado por instâncias heterônomas. A realidade política, econômica e social determina o indivíduo
em seu íntimo, naquilo que deveria ser o núcleo de sua autonomia.

A primeira consequência da organização totalitária do mundo capitalista é o enfraquecimento do indivíduo frente as


forças opressoras do todo. Para Adorno (1995), é a partir do enfraquecimento do eu que surge as tendências fascistas
na sociedade. Nesse sentido, a personalidade autoritária não é fomentada por certas ideologias políticas
conservadoras, mas ela surge da impotência, da paralisia e da incapacidade do indivíduo reagir frente a racionalidade
opressora do mundo administrado. O indivíduo fraco e impotente procura compensar sua fraqueza se identificando
com os opressores. Ele busca nas estruturas do poder uma satisfação imaginária por sua insignificância e inaptidão à
experiência. Na avaliação de Adorno (1995), a sobrevivência da personalidade autoritária deve-se a persistência dos
pressupostos sociais objetivos que geraram o fascismo. Esta não é produzido meramente a partir de disposições
subjetivas; ao contrário, é produzida pela ordem e organização econômica do mundo, que continuam obrigando a
maioria das pessoas a depender de situações dadas em relação as quais são impotentes, bem como a se manter numa
situação de não-emancipação. Para sobreviver, elas precisam se conformar e abrir mão daquela subjetividade
autônoma, que está ligada a ideia de democracia. É a necessidade de adaptação, de identificação com existente, com o
poder enquanto tal, que fomenta a personalidade fascista.

Na década de 20, o médico e psicanalista Sigmund Freud já havia diagnosticado que o mal-estar na cultura
surge de uma enorme repressão aos impulsos e desejos, sacrificando a felicidade humana e libertando os impulsos
destrutivos do homem contra a civilização. Apesar desse diagnóstico desolador, a realidade mudou muito no
decorrer do século XX. Hoje vivemos em um mundo de abundância material e intelectual, onde grande parte dos
impulsos e desejos humanos podem ser satisfeitos. Apesar disso, o mal-estar não desapareceu, ao contrário, tornou-se
mais intenso em nossa época. Adorno (1995b) desvelou, em seus estudos, que a pressão social tornou-se muito mais
aguda e os níveis de violência cresceram de forma exponencial desde a época de Freud. Ele percebeu um sentimento
de claustrofobia nos indivíduos em relação ao mundo administrado. Como consequência disso, o mal-estar surge
causado por um sentimento de enclausuramento, que os indivíduos experimentam numa situação cada vez mais
socializada, como uma rede densamente conectada. Quanto mais densa é a rede, mais os indivíduos tentariam se

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libertar. Contudo, essa densidade impede a saída. Isso libera as forças destrutivas contra a civilização, que cada vez
mais se torna irracional e violenta.

Quando a realidade não cumpre a promessa de felicidade e autonomia, que deveria se assegurada pela
reconciliação entre os interesses individuais e o interesse coletivo, os indivíduos tornam se indiferentes a democracia
ou passam a odiá-la. Com isso, liberam seus impulsos destrutivos contra a sociedade. Desse modo, a personalidade
fascista é reforçada pela insatisfação e pelo ódio, produzido e reproduzido pela própria imposição e adaptação a uma
realidade de opressão. A esse respeito, Bueno (2009) explica-nos que a personalidade fascista, culturalmente
semiformada, desvia a hostilidade que deveria voltar-se contra uma sociedade fria, injusta e desigual em direção a
própria cultura. A gravidade disso, é que essa hostilidade é orientada aos mais frágeis na hierarquia social: os
diferentes, os impotentes, inadaptados ou individuados de toda ordem. Em outras palavras, o ódio, que deveria ter por
alvo as estruturas da sociedade, é descarregado contra os desamparados reais ou imaginários. Para Adorno (1995b,
p.122). “um esquema sempre confirmado na história das perseguições é a de que a violência contra os fracos se dirige
principalmente contra os que são considerados socialmente fracos e ao mesmo tempo – seja isto verdade ou não –
felizes.”

A educação na infância também tem um papel preponderante na formação da personalidade autoritária. É comum
crianças que tiveram uma formação disciplinar e violenta tornarem-se personalidades fascistas. Todos os ritos de
passagem, hábitos e trotes que existem na escola e que infligem dor física são herdeiros dessas experiências brutais;
pois surgiram no seio da família e se tornaram costumes pela força do hábito na educação tradicional. Nessa forma de
educação, a virilidade, a coragem e a capacidade de suportar a dor transformam-se em valores fundamentais. A
grande consequência disso é que os indivíduos tornam-se incapazes de desenvolver experiências humanas afetivas,
onde se valoriza a confiança, os projetos compartilhados, o cuidado e o carinho pelo outro. Todos aqueles que tiveram
uma educação familiar severa, com pais autoritários, possuem grande probabilidade de se tornarem pessoas frias e
indiferentes ao sofrimento humano. A educação baseada na força e voltada a disciplina pode desenvolver sujeitos
sados-masoquistas, que são indiferentes a dor. Como escreveu Adorno (1995b), a ideia de virilidade, que está ligada a
capacidade de suportar dor, há muito tempo se converteu em fachada de um masoquismo que – como mostra a
psicologia – se identifica com muita facilidade ao sadismo. Por esta razão, todo aquele que é severo consigo mesmo
sente-se no direito de ser severo também com os outros, vingando-se da dor cujas manifestações precisou ocultar ou
reprimir.

O desenvolvimento normal da criança não ocorre pela submissão à autoridade paterna, ao contrário, a
emancipação do sujeito, como um ser autônomo, só pode se tornar realidade pela sua superação. Na teoria freudiana,
a autoridade do pai é fundamental para o desenvolvimento normal da criança. Na primeira infância toda criança se
identifica com a figura do pai, portanto, com uma autoridade, interiorizando-a, apropriando-a, para então ficar
sabendo, por um processo sempre muito doloroso, que o pai, a figura paterna, não corresponde ao eu ideal que
aprenderam dele, libertando-se assim do mesmo, e tornando-se, precisamente por essa via, pessoas emancipadas.
(ADORNO, 1995c), O pai na primeira infância serve como um modelo, um princípio a ser seguido. Ao perceber que o
pai não é um ser perfeito que poderia guiá-lo e protegê-lo, o indivíduo passa a confrontar seus ideias e valores de
infância com a realidade de maneira critica, desse modo, torna-se um ser consciente de si e do mundo, amadurecendo
e podendo seguir seu próprio caminho.

A superação da autoridade paterna é o caminho para o desenvolvimento do individuo maduro e civilizado.


Contudo, no mundo contemporâneo, criou-se as condições propicias para o desenvolvimento da personalidade
autoritária. Em nossa atualidade, a família como formadora da individualidade se fragmentou. Os laços familiares se
tornaram frágeis por causa das exigências do mundo exterior. Hoje, família não constitui mais um núcleo fixo de
produção da individualidade. Com o fim do capitalismo liberal e o advento da sociedade de massas, a família perdeu
sua centralidade e importância, ela não é mais a principal instância formadora do aparato psíquico do indivíduo, que
tinha como fundamento a autoridade do pai. Hoje a formação dos jovens acontece de maneiras variadas e
contraditórias. A socialização se constitui em contextos sociais múltiplos. Por esta razão, a internalização mal
sucedida do superego enfraquece o ego. Sem a autoridade paterna o Ego torna-se fragilizado, podendo assim ser
determinado por instâncias heterônomas. Desse modo, o indivíduo fica enfraquecido frente as forças sociais,
tornando-se receptivo a ideologias racistas e etnocêntricas.

Quando Adorno exilou se nos EUA, fugindo do Nazismo, ele percebeu que indivíduos aparentemente normais
apresentavam características fascistas, semelhantes as encontradas na Alemanha. Foi a partir daí que surgiu o estudo
sobre “The Authoritariam Personality” (1950). Este trabalho foi desenvolvido em conjunto pelos teóricos de
Frankfurt. É um estudo eminentemente empírico, cujo objetivo era analisar a cultura norte-americana, fazendo uma
reflexão sobre a personalidade e sua relação com as condições políticas e sociais deste país. Este estudo deu
continuidade aos “Estudos sobre Autoridade e Família” desenvolvido em Frankfurt. Tal como aquele, Marx e Freud
são os teóricos principais que nortearam a análise da personalidade autoritária.

Nestes estudos interdisciplinares sobre a personalidade autoritária foi criada uma escala fascista, desenvolvida a
partir de questionários, entrevistas e testes psicológicos, cujo objetivo era compreender as opiniões, atitudes e
comportamentos autoritários. A ideia era que fatores internos e externos se combinariam para chegar a um
comportamento antissemita e de que a escala mediria algo próximo de uma estrutura latente de personalidade,
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determinante da receptividade do sujeito a ideologias racistas e etnocêntricas. A partir dessa escala se concluiu uma
série de traços que comporiam os primeiros traços do caráter autoritário, sendo estes: convencionalismo; submissão
acrítica; agressividade autoritária; destruição e cinismo; poder e rudeza; superstição e estereotipia; exteriorização;
projeção; e atitudes exageradamente preocupadas do autoritário com relação aos atos da sexualidade (GOMIDE &
MACIEL, 2015)

Uma das grandes descobertas de Adorno, foi a de que todos aqueles que possuem o potencial fascista são seres
incapazes de lutar por sua autonomia, são seres conformados, que acreditam no poder e na força do universal para a
resolução de todos os problemas da humanidade. “Eles representam a identificação cega com o coletivo”. (ADORNO,
1995b, p. 127) Existe na personalidade autoritária o desejo de uma ordem sustentada por um grande aparato estatal,
que governa com mãos de ferro, tendo como função representar o povo frente ao individuo. É nesse sentido que esse
tipo de personalidade se coaduna com os valores do nacionalismo. É dai que surge o orgulho nacional e o narcisismo
coletivo. É comum a esses indivíduos palavras de ordem, exaltação das forças armadas e o uso de símbolos nacionais
O falso sentimento de integração, o calor de estar entre iguais, a satisfação de estar protegido frente ao poder é uma
característica desses indivíduos. Desse modo, “a personalidades com tendências autoritárias identificam-se ao poder
enquanto tal, independente do seu conteúdo. No fundo dispõe de um eu fraco, necessitando, para se compensarem, da
identificação com grandes coletivos e da cobertura proporcionada pelos mesmos” (ADORNO, 1995a, 37)

Freud (1996), em seu livro “Psicologia de Grupo e Análise do Ego”, de 1921, desvelou, a partir das ideias de
Gustave Le Bon, as transformações psicológicas que passa o indivíduo ao fazer parte de uma coletividade, seja um
partido político, uma religião, um time de futebol ou um grupo de jovens. Aquele que faz parte de um grupo reproduz
sentimentos inconscientes de tempos primordiais da humanidade. Ele adquire um enorme sentimento de poder, que
o leva a dar vazão aos seus impulsos de forma irracional. Ele sente que seus desejos emocionais podem ser facilmente
realizados sem grandes consequências. Surge daí o sentimento de se fazer parte de algo maior que o indivíduo. Nos
sentimos queridos e amados e, por estas razões, somos facilmente levados pelas ações e ideias do resto do grupo.
Quando se participa de uma coletividade, perdemos mais facilmente a noção de controle e equilíbrio emocional. O
autocontrole deixa de existir, nos tornamos mais impetuosos, mais agressivos e mais emocionais. A automotivação
fica mais sujeito as motivações do grupo.

Na teoria psicanalítica, o que liga os indivíduos em um grupo é a libido. Eles possuem uma necessidade
inconsciente de se pertencer a uma coletividade, de viver em harmonia, ser amado e respeitado. Eles também possuem
a necessidade de um líder. Ao analisar a igreja e o exército, Freud chegou a conclusão que o líder é o segundo fator
depois de Eros na unificação do grupo. Por meio dele todos os membros ligam-se uns aos outros por relações de amor
(Eros). O líder mantém o grupo unido por um estado de identificação mediante seu amor e através de um catarse
sobre os membros, isto é, agindo hipnoticamente sobre o grupo. O líder personifica o “ideal do Ego”, e assume as
funções de autoconservação, consciência moral e repressão. Cabe ao líder, portanto, o controle das consciências da
coletividade. Ele une todos pela identificação uns com os outros e pela mesma percepção da realidade.

Freud escreveu sobre a “Psicologia do grupo e análise do Ego” antes do advento dos regimes totalitários, mas nessa
obra já se delineava os motivos inconscientes da personalidade autoritária. Ele já havia diagnosticado que toda
coletividade tem a tendência de ser conservadora, ama as tradições e as ilusões que lhe dão força. Os indivíduos são
dominados por uma espécie de inconsciente coletivo. Suas atitudes são sempre conservadoras, daí a perseguição a
judeus, homossexuais, negros, prostitutas e pobres. Eles adotam atitudes extremas em sua conduta ética. Muitos
desses indivíduos são bem educados, têm boa formação, contudo, a capacidade intelectual do grupo é bem abaixo de
seus membros isoladamente.

No diagnóstico de Adorno, as pessoas que cegamente se enquadram em grupos ou coletivos convertem-se a si


próprios em objetos. Eles são facilmente autodeterminados. Por esta razão, possuem um “caráter manipulador”,
possuem disposições para tratar os outros como coisas. Ele identificou esse traço de personalidade em lideres
nazistas, como Himmler, Hoss e Eichman. Esses lideres também se distinguiam “pela fúria organizativa, pela
incapacidade total de levar a cabo experiências humanas diretas, por um certo tipo de ausência de emoções, por um
realismo exagerado” (ADORNO, 1995b, 129). As pesquisas de adorno demonstraram que, em países democráticos,
essas características também são encontradas em indivíduos aparentemente normais. O que caracteriza esses
indivíduos é a “consciência coisificada”. Em um primeiro momento, eles são manipulados como objetos a serviço de
qualquer forma de poder, mas logo se tornam manipuladores e tratam os outros como coisas. No fundo são incapazes
de fazer experiências, por isso mesmo revelam traços de incomunicabilidade. Assim, se identificam com os doentes
mentais ou personalidades psicóticas. (ADORNO, 1995b)

O indivíduo fascista carece de consciência, é o sujeito semiformado, que é permeável a manipulação


antidemocrática. Por esta razão, os regimes totalitários sempre fizeram uso dos meios de comunicação para inculcar
seus valores políticos e estéticos no imaginário do povo alemão. Quando Hitler tomou o poder, uma das primeiras
medidas foi criar em 13 de março de 1933 o Ministério da Propaganda, cujo diretor nomeado era Joseph Goebbels. Ele
foi o grande responsável pela introdução da saudação, “Heil Hitler”, considerado uma de suas maiores realizações no
campo da propaganda. Com Goebbels, a propaganda nazista atingiu todas as esferas da vida social: nas ruas, escolas,
fabricas, estádios e prédios circulavam mensagens, slogans e símbolos do partido. Ele também criou os grandes
espetáculos públicos difundindo a estetização da política, universalizando os ideais hitleristas.
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Em seu ensaio sobre “Televisão e Formação”, Adorno (1995d) mostrou-nos que a indústria cultural gera
modelos ideais: o modelo ideal de família, de saúde, de bom comportamento, de bom trabalhador, de boa dona de
casa, de bom marido. Ela cria uma falsa imagem do que seja a vida verdadeira. Assim, a falsa consciência é gerada na
medida em que a harmonização e deformação da vida são imperceptíveis para as pessoas. Foi desse forma que o
regime totalitário na Alemanha conseguiu cooptar os cidadãos para a barbárie. A fim de reforçar seu ideário político
na mentalidade da população, fez da propaganda no radio, na televisão e no cinema sua expressão mais influente.
Através destes meios houve a propagação de ideais como o embelezamento da vida, rituais de limpeza, culto ao corpo
belo, forte e saudável, e a apologia da identidade nacional do povo ariano. Através da propaganda, o nacionalismo, o
patriotismo, o heroismo, a xenofobia e o antissemitismo foram disseminados pela indústria cultural. Em
consequência disso, levou seis milhões de judeus à morte. Desde aquela época, os meios de comunicação tornaram-se
instrumentos de regressão psíquica gerando a perda da consciência crítica e tornando-se um grande incentivador da
personalidade autoritária.

Hoje, no Brasil, os meios de comunicação de massa têm colaborado para fomentar a personalidade autoritária.
Em programas sensacionalistas, onde é explicito a violência do dia a dia, jornalistas são responsáveis por criar um
tipo subjetivo, que tem conservado as formas de domínio social e têm mantido as elites conservadoras no poder. Esses
programas produzem o típico cidadão conservador, semiformado, consumidor dos produtos padronizados da
indústria cultural. Mas não se trata do indivíduo sem educação, mas do cidadão médio, com nível universitário, em
uma dessas carreiras técnicas. Esses programas incentivam a violência, disseminam o medo, exaltam o autoritarismo
e a força policial; criam estereótipos, desenvolvem o machismo, a homofobia, o racismo e todo tipo de preconceito.
Todos aqueles que não se encaixam na ideia de cidadão de bem e no sistema mental de explicações pré-determinadas
pelas formas de domínio social devem ser excluídos.

A resposta de Adorno para a resolução do problema do fascismo é a educação. A primeira exigência da educação
para o Frankfutiano é que “Auschwitz não se repita”. (ADORNO, 1995b, p. 119) Qualquer debate sobre educação, que
não leve em consideração esse princípio, não tem sentido, carece de importância. Cabe aos estabelecimentos de
ensino, portanto, desvelar os mecanismos que levam as pessoas a cometerem tais atrocidade. É necessário uma
consciência geral acerca desses mecanismos. Desse ponto de vista, a educação deve desenvolver uma sensibilidade
contrária a violência, e sensível aos oprimidos, que desvele os mecanismos de opressão da sociedade administrada, e
que pense a violência e barbárie cometidas pelo mundo ocidental. A educação também deve se voltar para a crítica da
ideologia, disseminada pela indústria cultural. O que se torna relevante para Adorno é que os indivíduos sejam
capazes de julgar a sociedade contemporânea. Para isso, devem ter a capacidade de informação e entendimento para
uma análise e avaliação das sociedades em que vivem. Assim, é através da escola que se deve fomentar a prática
política que leve a cabo desenvolver nos sujeitos a consciência das possibilidades transcendentes de liberdade. Desse
modo, a educação em Adorno é uma “pedagogia do esclarecimento” onde “a educação política é levada a sério e não
como simples obrigação inoportuna” (ADORNO, 1995a, p.45).

BIBLIOGRAFIA

ADORNO, Theodor e HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1985

________. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

________. O que significa elaborar o passado. In: Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995a

_______. Educação após Auschwitz. In: Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995b

_______. Educação e Emancipação. In: Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995c

_______. Televisão e Formação. In: Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995d

________. Teoria da Semicultura. In: Revista Educação e Sociedade. Campinas: n. 56, ano XVII, dezembro de
1996, pág. 388-411.

BUENO, Sinésio F. Da dialética do esclarecimento à dialética da educação. In: Revista Educação, Coleção
Especial: Biblioteca do Professor, Adorno pensa a Educação. São Paulo: Editora Segmento, ano 2, n. 10, p.36-45,
2009.

FREUD, S. Psicologia de Grupo e a Análise do Ego. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

GOMIDE, Ana P. A & MACIEL, Ruth Marques. (2015) O legado da pesquisa The Authoritarian Personality
para o campo da psicologia social. Disponível
em < http://www.seer.ufu.br/index.php/perspectivasempsicologia/article/view/30854/16836> Acesso em Abril de
2016.
https://filosofonet.wordpress.com/2016/04/12/a-personalidade-fascista/ 4/4

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