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REDAÇÕES UERJ

tema: se existe um inimigo, quem é?


Desde os primórdios da vivência humana, a projeção de um inimigo em comum é utilizada como uma das
principais ferramentas fomentadoras de uma estrutura administrativa coesa e unida, fazendo-se presente tanto na
esfera cotidiana, como pela criação de associações de opiniões similares sobre assuntos triviais, quanto de forma
maximizada, a partir da adoção de um rival público por determinada nação. Por mais que essa ideologia tenha
perpetuado através dos séculos, alterando até os dias atuais as relações entre diferentes grupos étnicos e culturais,
há um impasse acerca da identificação do verdadeiro vilão formador de paradigmas sociais.
Dos conflitos medievais entre povos às guerras mundiais contemporâneas, a apropriação pelo homem de
disparidades entre regiões distintas como justificativa para o desencadeamento de batalhas, permite a formatação
de uma figura representativa vilanizada que legitima atitudes genocidas dos órgãos de dominação vigentes.
Consoante ao filósofo contratualista Thomas Hobbes, o indivíduo é em sua forma original um ser egoísta que está
disposto a aderir comportamentos impiedosos para com outras populações no intuito de atingir o seu triunfo
individual. Dessa forma, o ser humano assume papel de principal ameaça à sua própria raça, fazendo com que a
existência de um antagonista seja somente uma alegoria criada por esses ofensores a fim de gerar um
reconhecimento popular dessas causas.
Somado a isso, atenta-se que o estabelecimento dessa representação opositora assume função de fator limitante da
expressividade pessoal quando configurada em um cenário de discriminação. A esse respeito, John Boyne, na sua
obra literária “O menino do pijama listrado”, apresentou uma realidade ficcional contextualizada durante o
holocausto, na qual os Judeus, caracterizados como os oponentes da Alemanha nazista de Hitler, sofrem uma
massificação que oprime suas singularidades e os segrega como pertencentes de um mesmo obstáculo a ser
combatido pelos heróis nacionais alemães. Forma-se, em razão dessa premissa, uma massa populacional
condicionada historicamente à aculturalização e consequentemente ao ódio, como nesse caso a partir do
antissemitismo.
Evidencia-se, dessa maneira, que a existência de um inimigo é apenas uma reprodução simbólica utilizada por
instituições dotadas de poder para gerar sentimentos de coletividade em seus cidadãos. Resta saber, diante disso,
identificar o verdadeiro empecilho no desenvolvimento de uma conjuntura igualitária: a busca por inimigos.

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A noção de ideologia transforma iguais em desiguais?

“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. A frase do autor contemporâneo
George Orwell, no seu livro “A revolução dos bichos”, representa a realidade vigente de diversos grupos
minoritários que se veem impedidos de acessar plenamente seus direitos inalienáveis em função de ideologias
segregacionistas presentes no imaginário social. Nesse sentido, depreende-se que, a subordinação ideológica
imposta às massas pelos órgãos de dominação realiza a estruturação das relações sociais entre indivíduos
juridicamente indiferenciados de maneira assimétrica, supervalorizando padrões socioculturais hegemônicos em
detrimento da aceitação das diferenças, tornando, assim, os iguais em desiguais.
Das representações eurocêntricas dos nativos durante a colonização às tentativas atuais de aculturalização dos
povos africanos, a apropriação de correntes de pensamento discriminatórias pelas classes detentoras de poder,
como ferramenta de divisão cívica, permite a permanência de uma estrutura social que legitima a disparidade de
tratamento entre diferentes grupos étnicos, raciais e identitários. Sob essa ótica, destaca-se a filosofia da diferença
que defende a necessidade de conciliação dos desejos das massas a favor do respeito das individualidades unas
dos seres, para que somente desse modo, seja possível a vivência coletiva dos cidadãos globais. Dessa forma,
essas ideologias assumem função de principal fator limitante da expressividade pessoal, perpetuando a
condicionar historicamente os povos à marginalização e à exclusão.
Somado a isso, atenta-se que a presença dessas ideologias dentro do cenário político das nações mundiais eleva
o caráter destrutivo dessas doutrinas, uma vez que propicia o levante de governos autoritários em defesa da
destruição de forças subversivas contrárias aos seus modelos idealizados de comportamento e crença. Esse
processo pode ser identificado, por exemplo, na obra “O menino do pijama listrado” de John Boyne, no qual a
teoria da superioridade ariana e o repúdio pelos judeus da Alemanha nazista de Hitler propicia a acensão de um
regime fascista que desrespeita os direitos constitucionais dos indivíduos e expõe milhares de pessoas à abusos
físicos e psicológicos nos campos de concentração. Por conseguinte, percebe-se que o governo, nesse caso,
abandona seus deveres de preservar a integridade moral e concreta da sua população a fim de materializar ,de
forma maximizada ,a transfiguração das semelhanças humanas em dissemelhanças para além da esfera social.
Evidencia-se, portanto, que a dominação ideológica das instituições soberanas, sejam elas populacionais ou
governamentais, permitem uma massificação lógica que realiza a segregação de indivíduos considerados fora da
norma estabelecida pelo corpo social. Logo, resta saber identificar essas ideologias para que possamos
futuramente superá-las e fazer com que a desigualdade exposta por George Orwell seja restrita unicamente ao
cenário ficcional.

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Tema: a inocência rompe as barreiras do preconceito?
O poder de construção e destruição

Na música “Negro drama”, o grupo musical Racionais MC’s constrói uma relação de causa e consequência entre a
existência de preconceitos e o contexto histórico–cultural presente no imaginário coletivo das nações, no qual os
indivíduos influenciados pelos meios em que estão inseridos assumem papel de principal ratificador dessas
ideologias e permitem a manutenção de tratamentos assimétricos para com diferentes grupos étnicos, sociais e
identitários. Nesse sentido, depreende-se que a inocência, quando equilibrada, torna-se um importante mediador
das relações entre indivíduos, pois essa ao valorizar a essência una dos seres em detrimento das convenções
impostas a eles pelos órgãos de dominação, permite, assim, o rompimento das barreiras que tornam iguais em
desiguais.
A partir dos primeiros momentos de vida de um homem até seu último suspiro, a constante imposição de padrões
comportamentais idealizados pelas classes dominantes hegemônicas perpetua a modificar permanentemente a
forma como enxergamos as pessoas ao nosso redor, privando a população do direito de perceber e ser percebido
através das experiências partilhadas entre dois ou mais interlocutores. Sob essa ótica, destaca-se a filosofia de que
as crianças ,dotadas naturalmente de uma inocência própria, por serem como uma tábula rasa, em razão da falta de
contato com esses contratos sociais segregacionistas,são mais suscetíveis a adotarem posturas e pensamentos mais
inclusivos e tolerantes frente as disparidades, baseando-se em interpretações individuais que fogem as concepções
estereotipadas já existentes. Dessa forma, essa pureza apropria-se da função de principal ferramenta limitante da
presença dessas ideologias na base estrutural pensante dos futuros cidadãos nacionais, dificultando o levante
futuro de movimentos que vulnerabilizem ideologicamente e fisicamente os grupos minoritários do corpo social.
Entretanto, atenta-se que a inocência, quando desmedida, pode assumir um caráter destrutivo frente a cenários de
disputa ideológica, uma vez que condiciona historicamente uma massa populacional não dotada de conhecimento
prévio sobre a realidade à manipulação pelas instituições dotadas de poder, facilitando a aceitação de situações
desmoralizantes e a insurreição de governos e facções paramilitares autoritárias. Esse paradigma pode ser
observado, por exemplo, na obra literária “O menino do pijama listrado” de John Boyne, a partir da falta de
conhecimento dos irmãos Bruno e Gretel frente os verdadeiros projetos políticos e às simbologias da Alemanha
nazista de Hitler apoiados por eles em razão do controle informacional fornecido às crianças pelo seu pai. Por
conseguinte, percebe-se que a instituição familiar, nesse caso, abandona seus deveres de instituição educacional e
promotora da cidadania a fim de funcionar como meio comunicativo dos agentes de dominação, instaurando na
mentalidade dos seus subordinados, por intermédio da sua ingenuidade, a existência de verdades absolutas
incontestáveis.
Evidencia-se, portanto, que a inocência pode assumir diferentes funções dependendo do contexto de ambientação
no qual está presente, podendo romper ou potencializar as barreiras do preconceito vigentes na atual conjuntura
social do globo. Logo, resta sabermos utilizar de forma balanceada esse sentimento, favorecendo sua manifestação
benéfica sobre a maléfica, para que, dessa maneira, o preconceito retratado pelos Racionais MC’s seja restrito
unicamente à realidade artística.
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Tema: a ideologia é capaz de produzir máscaras que encobrem a verdade?
A cegueira programada
“Como o judas antigo vocês mentem e enganam”. No trecho da música “Masters of war”, o cantor Bob Dylan
representa as manipulações utilizadas pelos órgãos de dominação como o principal ratificador de cenários
conflituosos, concretamente e ideologicamente, entre homens. Nesse sentido, podemos depreender que a
capacidade de criação de máscaras que encobrem a verdade pelas ideologias estabelecidas no imaginário social
das populações mundiais permitem a manutenção de tratamentos assimétricos para com diferentes grupos étnicos,
raciais e identitários, transformando, assim, a verdade em aparência.
Desde a justificativa lusitana para a colonização à censura promovida durante a ditadura brasileira, a apropriação
de símbolos e narrativas tendenciosas pelas correntes de pensamento hegemônicos promove um controle
ideológico das massas que as condiciona historicamente à aceitação de cenários desmoralizantes, em função da
falta de conhecimento pleno acerca da realidade vivenciada. Sob essa ótica, destaca-se a teoria de que a estrutura
do corpo social é controlada pela classe detentora de poder que se vale da alienação propagada por suas meias
verdades a fim de evitar o levante revoltoso da classe subordinada. Dessa forma, os cidadãos se veem presos a
ideologias absolutas idealizadas por esse grupo que nos propiciam assumir uma posição negligente quanto à
estruturação individual de um pensamento crítico impedindo, por conseguinte, a retirada da máscara.
Somado a isso, atenta-se que esses pensamentos se tornam mais nocivos quando ambientados no cenário
político, uma vez que propiciam a ascensão de governos autoritários que relativizam os acontecimentos e
estabelecem relações de superioridade entre os indivíduos. Esse paradigma pode ser observado, por exemplo, na
obra ficcional “O menino do pijama listrado” de John Boyne em que, através das falas de Ralf, comandante
nazista e pai de bruno, podemos observar que, em função da sua crença na indignidade judaica, as violências
simbólicas e físicas impostas aos judeus eram justificáveis e necessárias. Consequentemente, é notório que o
Estado, nesse caso, abdica do seu dever de garantir o acesso aos direitos intrínsecos dos seres no intuito de exercer
o papel, de forma maximizada, de instituição impulsionadora da cegueira social.
Evidencia-se, portanto, que a ideologia é capaz de privar os seres do conhecimento da verdade a partir de
mecanismos, tanto abstratos quanto jurídicos, que realizam a dominação dos ideais coletivos e escondem a
veracidade dos fatos. Logo, resta saber identificar essas máscaras para que o Judas de Bob Dylan e o Ralf de John
Boyne sejam restritos ao processo artístico.

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Tema: de que forma os símbolos contribuem para a dominação?
Os formatos do dominante e dominado
Na obra cinematográfica “A onda”, o autor Dennis Gansel, baseado nos relatos verdadeiros de Ron Jones,
representa, a partir do projeto estudantil do professor de história Rainer, a facilidade com que ideologias
segregacionistas podem ser implementadas no imaginário social da população quando acompanhas de símbolos e
propostas que valorizem a coletividade. Nesse sentido, podemos depreender que não somente os ideais mas
também as simbologias utilizadas pelos órgãos de dominação, assumem os papéis de principais ratificadores da
manipulação ideológicas, propiciando, assim, o controle de poucos sobre muitos.
Desde os desenhos rupestres maias que moldavam sua sociedade estamental aos símbolos midiáticos
presentes nos aparelhos tecnológicos atuais, a apropriação de figuras representativas como ferramenta de divisão
cívica pela classe detentora de poder condiciona historicamente grupos minoritários étnicos, raciais e identitários à
submissão física e ideológica, propiciando mais facilmente a aceitação de cenários desmoralizantes e violentos.
Sob essa ótica, destaca-se a teoria de que a estrutura do corpo social é constituída em moldes comportamentais
padronizados de pensamento que supervalorizam as correntes ideológicas hegemônicas em detrimento da
expressividade plural das essências unas dos indivíduos. Dessa forma, infere-se que os emblemas produzidos
pelas instituições autoritárias exercem função de não somente possibilitar o agrupamento dos iguais, mas também
de estampar sua legitimidade e impor sua doutrina aos dominados, assim, propiciando o levante de governos
autárquicos que transformam os iguais em desiguais.
Somado a isso, a perda de identidade fornecida aos homens vulnerabilizados por símbolos que
promovem a massificação populacional são paralelamente importantes catalisadores desse paradigma. Essa
realidade pode ser observada, por exemplo, durante a análise da obra ficcional “O menino do pijama listrado”, no
qual o uniforme utilizado pelos oficiais nazistas e o “pijama” dos judeus presos nos campos de concentração
exerciam a função de evidenciar a barreira social existente na relação entre pessoas de diferentes posições na
hieraquia da dominância, em que as vestimentas dos comandantes carregavam valores de honra e mérito e a dos
comandados significava vergonha e inferioridade. Consequentemente, é notório que as formas
atuam ,paralelamente, no processo limitação da expressividade individual dos cidadãos globais, impondo
conjuntamente com a repressão a auto depreciação.
Evidencia-se, portanto, que os símbolos produzem dominações para além da esfera particular, alterando
permanentemente o formato das relações estabelecidas entre diferentes segmentos da sociedade. Logo, resta saber
identificar essas alegorias para que seja possível a formação de nações mais igualitárias, e restringir, unicamente,
o projeto do educador Rainer ao cenário artístico.
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Tema: A amizade pode contribuir para a superação das diferenças?

Conexão e separação
Na música “Quem tem um amigo (tem tudo)”, o cantor Emicida representa ,a partir dos seus versos, a
importância do papel assumido pela amizade frente a superação das dificuldades vivenciadas pelos homens,
podendo promover ,por conseguinte, tanto a valorização das individualidades unas dos seres quanto a limitação
dessa expressividade. Nesse sentido, podemos depreender que essa afeição está diretamente ligada ao contexto de
ambientação no qual está inserida, influenciando positivamente ou negativamente a manutenção de ideologias e
tratamentos assimétricos presentes no imaginário social das populações mundiais, transformando, assim,
permanentemente a realidades de diferentes grupos étnicos, raciais e identitários.
Das manifestações artísticas da amizade aos laços formados entre os cidadãos desde os primórdios da
existência humana, a presença do companheirismo e da proteção na estrutura dessas conexões atuam como os
principais ratificadores do combate às posições desmoralizantes impostas aos grupos minoritários pelos órgãos de
dominação, propiciando o questionamento das práticas hegemônicas que perpetuam a condicionar historicamente
pessoas à segregação, em função de não seguirem os padrões normativos comportamentais vigentes na atual
conjuntura social global. Sob essa ótica, destaca-se a filosofia da diferença que defende que apenas através da
conciliação dos desejos das massas por meio da criação de relações pautadas na empatia e no respeito torna-se
possível a superação de preconceitos que discriminam e condenam as disparidades dos indivíduos. Dessa forma,
infere-se que a amizade se apropria da função de mediador da convivência humana e permite superação de
quadros parciais, propiciando a transfiguração de desiguais em iguais perante os olhos da sociedade.
Em contrapartida, essa proximidade pode desempenhar, paralelamente, o cargo de um importante
catalisador da intensificação de processos descriminatórios, uma vez que ,quando fundamentadas em
relacionamentos negligentes quanto o equilíbrio entre os envolvidos, promove a manipulação ideológica do
subordinado a fim de cercear seus direitos e vontades que desviam dos interesses do grupo dominante. Esse
paradigma pode ser observado, por exemplo, na obra literária “O menino do pijama listrado” de John Boyne, a
partir do episódio em que Bruno acusa falsamente Shmuel de roubar a comida da sua casa que seria destinada aos
convidados do seu pai pertencentes ao regime nazista, escolhendo abdicar da sua responsabilidade e expondo seu
amigo situado numa condição de vulnerabilidade ,em razão das suas diferenças, à violências físicas e simbólicas.
Consequentemente, é notório que, nesse caso, gera-se uma valorização dos privilégios concedidos a homens
enquadrados nos modelos sociais idealizados em detrimento da garantia do acesso aos direitos intrínsecos dos
seres estigmatizados, convertendo os iguais em desiguais.
Evidencia-se, portanto, que a amizade pode assumir diferentes formas frente aos cenários em que estão
introduzidos, podendo ocasionar a superação ou a potencialização das dissemelhanças. Logo, resta saber
identificar essas alegorias para que seja possível a garantia da manifestação benéfica dessa relação para a
população, sobretudo os grupos fragilizados, restringindo, unicamente, o quadro experienciado por Shmuel de
John Boyne à esfera ficcional.

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