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Apresentação
O que nos faz levantar da cama todos os dias e encarar os desafios do cotidiano? O que
nos surpreende, muitas vezes, quando descobrimos fortalezas em nós mesmos nos momen-
tos mais difíceis? Talvez a resposta para essas indagações esteja na compreensão de três
grandezas importantes: autorrealização, sentido de vida e propósito de vida.
Tais grandezas nos incentivam à realização de nossas potencialidades, impactando
positivamente a nossa motivação e o nosso engajamento. Nossas crenças e experiências
nos ajudam a mantermos focados nos nossos objetivos e nas nossas metas, bem como a
superarmos as tantas dificuldades que não poucas vezes se apresentam no nosso caminho.
Foto: Pexels.
1. Autorrealização
Maslow já pensava sobre a autorrealização nos anos 1940, em seus estudos sobre mo-
tivação e personalidade.
Para Maslow (1943, p.19), o homem tende a se tornar realizado “naquilo que ele é em po-
tencial”, seus talentos, suas potencialidades. Segundo o autor, nossas capacidades precisam
ser (bem) usadas, para nosso próprio crescimento, pois, caso contrário, elas mesmas podem
se tornar um centro de doenças.
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Autorrealização, segundo Maslow (1943, p. 19), é o desejo do ser humano. Ela é a tendên-
cia para nos tornar realizados “naquilo que já somos em potencial”.
O grande aprendizado aqui é: seja você mesmo, para que você tenha uma vida de maior
significado e com florescimento humano.
Você sabia que Maslow nunca representou sua teoria em uma pirâmide?
Esse não era o foco do seu trabalho, conforme Kaufman (2018).
2. Sentido
A primeira definição de sentido busca, no alemão antigo, a palavra “meinen”, que significa
“ter em mente”. No alemão mais moderno, significa pensar (KLINGER, 2012, p. 24). Então,
podemos entender sentido como uma conexão mental às coisas, baseado na capacidade da
nossa mente para formar representações mentais sobre o mundo e desenvolver conexões
entre essas representações.
Quando se fala em sentido, não se pode deixar de citar o médico psiquiatra austríaco
Viktor Frankl e sua experiência nos campos de concentração, a qual resultou em uma obra
escrita no ano de 1945, denominada Em busca de sentido.
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Ele não só sobreviveu aos campos de concentração como seu livro figurou entre os livros
mais influentes dos Estados Unidos. Em 1997 (ano da sua morte), a obra de Frankl já tinha
vendido mais de 10 milhões de cópias, bem como sido traduzida para mais de 20 línguas.
Viktor Frankl, escritor, professor e palestrante, recebeu 29 títulos de Doutor Honoris Causa,
além de vários outros prêmios acadêmicos. Sua última aula ministrada foi aos 91 anos na
Universidade de Viena.
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Entre os anos de 1944 e 1945, Frankl foi transportado para Auschwitz, a fim de ser execu-
tado, mas acabou sendo levado para Kaufering e Türkheim.
Mesmo sob condições terríveis, Frankl encontra sua tese central sobre o sentido da vida,
momento em que estruturou seu livro em nove dias, durante um período de enfermidade, no
último campo de concentração. E isso o manteve vivo.
No dia 27 de abril de 1945, foi libertado pelas tropas norte-americanas. Em agosto, voltou
para Viena, quando descobriu que sua esposa, mãe e irmão foram assassinados em Auschwitz.
Foto: Freepik.
Que ser humano é usar a capacidade de transcender a uma situação extremamente desu-
mana, manter a liberdade interior e, assim, não renunciar ao sentido da vida, apesar dos pesares
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(FRANKL, 2019). O autor menciona que mesmo os pequenos sinais de sentido perceptíveis
no nosso dia a dia podem se tornar frestas pelas quais podemos vislumbrar o sentido mais
profundo da vida. Aconteceu com ele. Pessoas menos favorecidas fisicamente, mas com
algum intelecto, conseguiam suportar mais, pela fuga para dentro de si, que as habilitava a
fazer isso muito mais do que os considerados fisicamente mais fortes, conclui o autor.
O SENTIDO DA VIDA
“Nenhum ser humano e nenhum destino podem ser comparados com
outros; nenhuma situação se repete. E em cada situação a pessoa é cha-
mada a assumir outra atitude” (p. 102).
“Quando um homem descobre que seu destino lhe reservou um sofrimento,
tem que ver nesse sofrimento também como tarefa sua, única e original.
Mesmo diante do sofrimento, a pessoa precisa conquistar a consciên-
cia de que ela é única e exclusiva em todo o cosmo dentro deste destino
sofrido. Ninguém pode assumir dela o destino e ninguém pode substituir
a pessoa no sofrimento. Mas a maneira como ela suporta este sofrimento
está também a possibilidade de uma realização única e singular. Para nós,
no campo de concentração, nada disso era especulação inútil sobre a vida.
Essas reflexões eram a única coisa que ainda podia nos ajudar, pois esses
pensamentos não nos deixavam desesperar quando não enxergávamos
chance alguma de escapar com vida” (VIKTOR FRANKL, 2019, p. 103).
Possuir um sentido na vida, segundo Martela e Steger (2016), é estabelecer uma rede de
conexões e interpretações que faz com que nós compreendamos nossas experiências, dire-
cionemos nossos esforços para um caminho desejado e passemos a crer que, SIM, nossas
vidas são importantes e valem a pena!
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• Em geral, as pessoas parecem ter um forte desejo de identificar algum sentido em suas
vidas. Elas querem entender suas experiências de vida e sua própria identidade;
• Pessoas que têm um sentido de vida também relatam se sentirem mais felizes, mais
satisfeitas com suas vidas, menos deprimidas e ansiosas e mais satisfeitas com seus
empregos;
• Idosos relatam ter mais sentido em suas vidas do que os mais jovens, que ainda estão
na busca.
3. Propósito
Foto: Freepik.
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A sua resposta:
e) Cria significado?
Se você respondeu sim a todas essas questões, você tem um PROPÓSITO, que faz com
que você acorde, levante da cama e viva seu dia.
Um propósito pode ser encontrado, por exemplo, na vocação, no trabalho, na família, nos
amigos, na espiritualidade, nas crenças etc.
É importante considerar que pessoas têm propósitos diferentes. Além disso, o propósito
de alguém pode mudar ao longo de sua vida, como resposta às novas situações, frutos das
próprias experiências.
Propósitos podem surgir a qualquer momento, por exemplo, uma transição, uma crise,
mudanças repentinas ou não, entre outros. Aliás, mudanças são ótimas, especialmente para
abrir espaços a novas possibilidades, permitindo que o nosso propósito de vida evolua. Aí
começamos a fazer novas perguntas, e este é o segredo para uma vida totalmente viva: de vez
em quando, reformular nossas questões de vida. À medida que fazemos isso, nos diversos
estágios de nossas vidas, encontramos diferentes perguntas e diferentes possibilidades. É
a roda da vida girando!
Foto: Pexels.
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1) Viver mais: um estudo de 2009, com mais de 73.000 japoneses (homens e mulheres),
descobriu que aqueles que tinham uma forte conexão com seu senso de propósito tendiam
a viver mais do que aqueles que não tinham. Além disso, em seu estudo sobre “Zonas Azuis”
(comunidades no mundo em que as pessoas têm maior probabilidade de viver além dos 100
anos), Buettner (2019) identificou os fatores que a maioria dos centenários compartilha, um
deles sendo um forte senso de propósito. Em 2014, os pesquisadores usaram dados que
rastrearam adultos com mais de 14 anos e descobriram que “ter um propósito na vida parece
proteger amplamente o risco de mortalidade na idade adulta”.
2) Proteger contra doenças cardíacas: outro estudo, em 2008, descobriu que um nível
mais baixo de propósito em homens japoneses estava associado à morte precoce e às doen-
ças cardiovasculares. Mais pesquisas nessa área mostraram que “o propósito é um possível
fator de proteção contra o infarto do miocárdio em breve, entre aqueles com doença cardíaca
coronária”.
4) Lidar melhor com a dor: o propósito também pode afetar positivamente o controle da
dor. Um estudo no The Journal of Pain descobriu que mulheres com um senso de propósito
mais forte eram mais capazes de suportar estímulos de calor e frio aplicados à pele.
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Por fim, uma extensa pesquisa de Ed Diener sobre a ciência do bem-estar descobriu que
pessoas com um forte senso de propósito são mais capazes de lidar com os altos e baixos
da vida. O propósito pode oferecer um amortecedor psicológico contra os obstáculos. Isso
significa que uma pessoa com um forte senso de propósito permanece satisfeita com a vida,
mesmo passando por um dia difícil.
Considerações Finais
Materiais Complementares
Livro:
Artigo:
• VIEIRA, Grazielli; DIAS, Ana Cristina. Sentido de vida: compreendendo este desafiador
campo de estudo. (Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil).
Disponível em https://www.scielo.br/j/pusp/a/VwNSjZkzfSzFtfrk6CRzfyn/. Acesso em
19 out. 2022.
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Vídeos:
Referências
BAKKEN, Earl E., Center for Spirituality & Healing , disponível em: https://www.takingchar-
ge.csh.umn.edu/why-life-purpose-important. Acesso em 18 de outubro de 2022.
BUETTNER. Dan. Zonas Azuis: A solução para comer e viver como os povos mais saudá-
veis do planeta. São Paulo: nVersos, 2019.
KLINGER, Eric. The Human Quest for Meaning. New York: Behavioral Sciences, 2012.
MARTELA, Frank. STEGER, Michael. The three meanings of meaning in life: Distinguishing
coherence, purpose, and significance. Journal of Positive Psychology, 11(5), 531-545, 2016.
MASLOW, Abrahan. A theory of human motivation. Psychological Review, 50, 370-396, 1943.
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