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CENTRO INTEGRADO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE CAMETÁ-CIFP

PROFESSOR: JESSÉ LISBOA PANTOJA


ALUNO (A):___________________________________________________________
TURMA: _______________ SÉRIE: 3º ANO
TURNO:________________ DISCIPLINA: FILOSOFIA

AS FORMAS DE ALIENAÇÃO MORAL

CONCEITO DE ALIENAÇÃO

Em termos gerais, a alienação vem do latim alienus, e significa estar alheio ou não ter consciência
sobre algo. Frequentemente, diz-se que alguém está alienado de suas ações e de suas condições, tornando-se
suscetível a ser controlado por outra pessoa, uma instituição ou um sistema.
Outro sentido comum de alienação é de estar sepado, cindido de algo. Assim, é possível estar alienado
em variados contextos.

TIPOS DE ALIENAÇÃO

Sob as mais diversas condições, um indivíduo pode estar alienado de algo. Veja a seguir alguns
exemplos mais contextualizados do uso da palavra para entendê-la melhor:
• Alienação no trabalho: o trabalho é o contexto que foi pensado por Marx. Em geral,
um indivíduo pode estar alienado, ou seja, não ter plena consciência do que produz ou das condições
de trabalho em que ele é submetido.
• Alienação moral: ocorre quando uma pessoa perde a sua autonomia ou perde seus
próprios valores.
• Alienação na psiquiatria: frequentemente, a loucura é associada à alienação, ou seja,
a condição de um indivíduo estar dissociado da realidade.
• Alienação de um bem: nesse caso, a alienação tem o sentido de separação. Assim, um
indivíduo é alienado de sua propriedade para esta ser passada a um terceiro.
• Alienação parental: consiste na manipulação e na distorção de alguém da família,
difamando outro membro parental. Isso ocorre geralmente em casos de separação, em que o lado
materno ou paterno faz com que a criança fique hostil em relação ao outro.
• Alienação fiduciária: trata-se de um contrato imobiliário, em que o devedor transfere
(se aliena) sua propriedade ao credor como garantia do futuro pagamento.
Em todos esses casos, a alienação envolve uma relação de poder. Além disso, há a separação de algo
de si (por exemplo, a consciência, uma propriedade ou a força de trabalho), que é transferido a um outro.
Portanto, se alienar é se tornar dependente, menos autônomo e/ou mais suscetível a manipulações

ALIENAÇÃO NA FILOSOFIA

Hegel (1770-1830), um dos mais importantes filósofos alemães, foi o primeiro a utilizar o termo
“alienação”. Segundo ele, a alienação do espírito humano está relacionada com as potencialidades dos
indivíduos e dos objetos que ele cria.
Assim, é transferida a potencialidade dos indivíduos nos objetos produzidos, criando uma relação de
identidade entre os indivíduos, como por exemplo, na cultura.
Na filosofia, desde então, o conceito de alienação está associado a uma espécie de vazio existencial.
Relaciona-se, assim, com a falta de consciência própria, de modo que o sujeito perde sua identidade, seu valor,
seus interesses e sua vitalidade.
Como consequência, o sujeito tende a objetificar-se, tornar-se coisa. Em outras palavras, ele torna-se
uma pessoa alheia a si mesma.
Além do trabalho alienado, conceito bem fundamentado por Marx, na filosofia podemos ainda
considerar o consumo alienado e o lazer alienado.
A ideia-chave no conceito de alienação é o fato do indivíduo perder o contato com a totalidade das
estruturas. Sua visão parcial faz com que ele não compreenda as forças que atuam no contexto.
Isto acarreta uma mistificação da realidade. As coisas são entendidas como necessárias, a forma na
qual a sociedade se encontra passa a ser entendida como o único modo possível de organização.
No consumo alienado, conceito muito explorado, sobretudo nas sociedades capitalistas atuais, os
indivíduos são bombardeados por propagandas disseminadas pelos meios de comunicação. Sua liberdade
passa a estar constrangida a determinados padrões de consumo.
Assim, o indivíduo alienado relaciona sua essência com um padrão de consumo. Os produtos passam
a possuir uma aura capaz de atribuir características ao sujeito e suprir suas necessidades.
Da mesma forma, a alienação pelo lazer gera indivíduos frágeis, com dificuldade de compreender
sua própria personalidade. Isto afeta diretamente sua autoestima, espontaneidade e processos criativos.
No lazer, a alienação pode ser gerada pelos produtos e objetos de consumo incentivados pela indústria
cultural.

ATIVIDADE I

RESPONDA NO CADERNO

1ª) O compositor Zé Ramalho, em seu poema musical “Vida de Gado”, apresenta a seguinte forma de
vida:

“Vocês que fazem parte dessa massa,


Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer.

Eh, ô ô, vida de gado


Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ô ô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz […]”

Fonte: RAMALHO, Zé. Vida de Gado.

A forma de vida cantada pelo eu-poético em ‘Vida de gado’ revela a atitude de um povo diante das
questões de vida. Pode-se relacionar a atitude cantada ao conceito de alienação, na perspectiva
filosófica. Justifique sua resposta.
2ª) “Há muitas semelhanças entre o homem e a ovelha. Não fabricamos lã nem balimos. Mas, muitas
vezes, seguimos o rebanho passivamente e temos pavor de nos separarmos do grupo”. Alain de Botton

Comente a afirmação acima.

CONCEITOS IMPORTANTES PARA A DISCUSSÃO

✓ INDIVIDUALISMO

Individualista é uma pessoa propensa ao individualismo ou com essa tendência. O individualismo


consiste no pensamento e na ação independentes, sem depender dos outros ou sem se sujeitar às normas gerais.
Como tendência filosófica, o individualismo defende a supremacia dos direitos individuais face aos
direitos da sociedade e à autoridade do Estado.
O individualismo, por conseguinte, pode considerar-se como uma posição filosófica, moral ou
política. Os individualistas procuram satisfazer os seus próprios objetivos com autossuficiência e
independência, opondo-se às intervenções externas nas suas opções pessoais. Por isso, estão contra a
autoridade das instituições sobre a sua liberdade individual.
O indivíduo é o centro do individualismo, à semelhança do que acontece noutras doutrinas como o
liberalismo ou o anarquismo. Pode traduzir-se numa ética da libertação e na autorrealização, mas também no
egoísmo e na falta de solidariedade.
Pode considerar-se o indivíduo como a unidade elementar de um sistema. Cada indivíduo (unidade)
é diferente e possui as suas próprias particularidades e capacidades.
O individualismo se opõe a toda e qualquer forma de superioridade exercida sobre um
indivíduo. Quem adota esse conceito é contrário ao coletivismo, o qual substância a propriedade (nesse
contexto, seria o conceito do “nós” sobre o “eu”).
Para o individualismo metodológico, todos os fenómenos sociais podem ser explicados a partir
de elementos individuais. Noutros termos: as ações e as crenças dos indivíduos explicam a evolução
da sociedade.
Na linguagem quotidiana, a pessoa considerada individualista costuma ser vista com maus
olhos por se achar que ela só pensa em si mesma e que não se interessa pelos outros nem por aquilo
que a rodeia: “Não acredito que consigas ser assim tão individualista e que tenhas gastado todas as
nossas poupanças num objeto que só te agrada a ti!”, “É um jogador bastante habilidoso, mas é
demasiado individualista”.
De acordo com o filósofo Sartre, há a espaço para a existência do individualismo nos mais
variados tipos de ambientes, seja na política, na economia ou mesmo na educação. E tal espaço pode
ser grande ou pequeno, porém servirá para ser praticada a liberdade do indivíduo. E isso é o que fará
com as pessoas, através de suas escolhas, se distingam.
Ainda, segundo antropólogo francês Louis Dumont, o individualismo tornou-se um valor
fundamental para as sociedades modernas.
Tomemos como exemplo as sociedades coletivistas, onde é o povo quem decide o que o
indivíduo será, tudo segundo as necessidades desse povo.
É importante ainda distinguir o holismo (quando o indivíduo encontra-se na sociedade fazendo parte
de um todo) com o individualismo.
No que diz respeito ao comportamento, o individualista vive em busca de se autoconhecer e de ser
independente do que condiz a uma outra pessoa ou sociedade, por exemplo. Desse modo ele conseguir dar
valor as suas escolhas.
Tornando a falar no tocante ao equívoco entre individualismo e egoísmo. O egoísmo pode ser visto
como uma afeição exagerada por si mesmo, levando um indivíduo a se colocar acima de tudo. Já o
individualismo passa por uma reflexão e há um sentimento fleumático, o qual guia uma pessoa a apossar-se
da ideia de se isolar da sociedade, tudo feito de forma pacífica e com contentamento.

✓ NARCISISMO

Narcisismo é um conceito da psicanálise que define o indivíduo que admira exageradamente a


sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por si mesmo.
O termo é derivado de Narciso, que segundo a mitologia grega, era um belo jovem que despertou o
amor da ninfa Eco. Mas Narciso rejeitou esse amor e por isso foi condenado a apaixonar-se pela sua própria
imagem refletida na água. Narciso acabou cometendo suicídio por afogamento. Posteriormente, a mãe Terra
o converteu em uma flor (narciso).
Estando relacionado com o autoerotismo, o narcisismo consiste em uma concentração do instinto
sexual sobre o próprio corpo.
Os indivíduos narcisistas são frequentemente fechados, egocêntricos e solitários.

Narcisismo segundo Freud


De acordo com o psicanalista Sigmund Freud, o narcisismo é uma característica normal em todos
os seres humanos. Está relacionado com o desenvolvimento da libido (com o desejo sexual, eros).
Na linha psicanalítica de Freud, o narcisismo como perversão sexual é uma fixação de uma fase de
transição da infância, em si normal. Está correlacionado, em parte com a homossexualidade e o exibicionismo,
entre outras características da conduta sexual.
O narcisismo se transforma em patologia, ou seja, passa do estado normal para o doentio, quando
entra em conflito com ideias culturais e éticas, tornando-se excessivo e dificultando as relações normais do
indivíduo no meio social.

✓ NIILISMO

O Niilismo é uma concepção filosófica baseada na ideia de não haver nada ou nenhuma certeza que
possa servir como base o conhecimento. Ou seja, nada existe de fato.
Assim, em sua extensão para o existencialismo, o niilismo é a compreensão de que a vida não possui
nenhum sentido ou finalidade.
O conceito está pautado na subjetividade do ser, onde não existe nenhuma fundamentação metafísica
para a existência humana. Ou seja, não há “verdades absolutas” que alicercem a moral, os hábitos ou as
tradições.
Do latim, o termo “nihil” significa “nada”. Trata-se, portanto, de uma filosofia, que apoiada ao
ceticismo radical, é destituída de normas indo contra os ideais das escolas materialistas e positivistas.
Note que o termo niilismo é utilizado de diferentes maneiras. Para alguns estudiosos é um termo
negativo, pessimista, associado à destruição e negação de todos os princípios (sociais, políticos, religiosos).
Já para outros filósofos, a essência do conceito, se observada de maneira mais minuciosa, pode levar
a libertação do ser humano.

Filósofos Niilistas
Os principais filósofos alemães que abordaram e se aprofundaram sobre o tema do niilismo foram:
• Friedrich Schlegel (1772-1829)
• Friedrich Hegel (1770-1831)
• Friedrich Nietzsche (1844-1900)
• Martin Heidegger (1889-1976)
• Ernst Jünger (1895-1998)
• Arthur Schopenhauer (1788-1860)
• Jürgen Habermas (1929-)

O Niilismo de Nietzsche
Por meio da corrente niilista, o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, propõe a “ausência de
sentido” atrelado ao conceito de “Super-Homem”. Eles surgem a partir da “Morte de Deus” e da libertação do
sujeito à moral de rebanho.
Dessa maneira, estando os homens destituídos de normas, crenças, dogmas, tradições, eles regerão
suas vidas. Isso resultará na criação de “homens novos” por meio do que ele denomina de “vontade de
potência”.
De tal modo, o poder e os valores, fruto das instituições (religiosas, sociais e políticas) tornam-se
inexistentes. Surge assim, um homem livre e não corrompido por qualquer tipo de crença, o qual realiza suas
próprias escolhas.
Quando o “Super-Homem” determinado por Nietzsche adquire esse poder, ocorrerá a transvaloração
de todos os valores e poderá "viver a vida como obra de arte".
O Niilismo não é somente um conjunto de considerações sobre o tema 'Tudo é vão', não é somente a
crença de que tudo merece morrer, mas consiste em colocar a mão na massa, em destruir. (...) É o estado dos
espíritos fortes e das vontades fortes do qual não é possível atribuir um juízo negativo: a negação ativa
corresponde mais à sua natureza profunda. (Nietzsche, Vontade de Potência)

ATIVIDADE II

1ª) “Certamente, vivenciamos um paradoxo entre o desejo de ser diferente e particularizado e a


massificação da moda do “igual”. Vivemos num mundo de influência existencialista e capitalista, onde a
maioria dos programas de televisão defende a afirmação do indivíduo contra a força do grupo. Nessa
estrutura econômica de consumo, que fortalece no indivíduo a ânsia por produtos personalizados, o homem
é cada vez mais visto como indivíduo isolado. Essa ênfase na liberdade individual corrobora a construção
do “Eu me amo e vivo meu eu”. Portanto, o sujeito perde a visão de interdependência social e crê-se
inatingível.”. O perigo do individualismo está nessa construção da ilusão:

a) de liberdade, gerando o autoritarismo e a invencibilidade.


b) de independência, gerando o egoísmo e a insensibilidade.
c) de autonomia, gerando o geocentrismo e a previsibilidade.
d) de autonomia, gerando o egocentrismo e a insensibilidade.
e) de liberdade, gerando o autoritarismo e a insensibilidade.

02. A afirmação "Individualismo não é egoísmo" pressupõe:


a) a tendência a identificar individualismo com egoísmo.
b) a incapacidade do individualista de passar horas sozinho.
c) a necessidade de o egoísta viver isolado do grupo social.
d) a impossibilidade de definir individualismo por negação.
e) a classificação do egoísmo como forma branda de individualismo.

03. Freud descreveu a escolha do objeto de amor de dois modos: anaclítico e narcisista. Pelo modelo
narcisista, Freud afirma em Obras Completas de Sigmund Freud (Imago, 1974), que os narcisistas:
“Procuram, inequivocamente, a si mesmas como objeto amoroso e exibem um tipo de escolha objetal que
deve ser denominado narcisista.”
Neste contexto, qual a exceção ao tipo narcisista de amor?
a) O narcisista ama a ele próprio.
b) O narcisista ama o que ele próprio foi.
c) O narcisista ama quem lhe cuidou e protegeu.
d) O narcisista ama o que gostaria de ser.
e) O narcisista ama alguém que foi uma vez parte dele mesmo.

04. A expressão “Narcisismo” se origina:


a) de um uso reiterado numa canção de Caetano Veloso.
b) num mito difundido no senso comum sobre pessoas vaidosas.
c) do nome de um personagem de uma narrativa mitológica grega.
d) no aumento do egocentrismo e do consumismo dos tempos atuais.
e) de uma descoberta da Psicanálise a respeito do comportamento humano.

05. “Minha fórmula para o que há de grande no individuo é amor fati: nada desejar além daquilo que é,
nem diante de si, nem atrás de si, nem nos séculos dos séculos. Não se contentar em suportar o inelutável,
e ainda menos dissimulá-lo, mas amá-lo.” NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos
tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
Essa fórmula indicada por Nietzsche consiste em uma crítica à tradição cristã que:
a) Combate as práticas sociais de cunho afetivo.
b) Impede o avanço científico no contexto moderno.
c) Associa os cultos pagãos à sacralização da natureza.
d) Condena os modelos filosóficos da Antiguidade Clássica.
e) Consagra a realização humana ao campo transcendental.

06. “Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-
se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho
foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos
de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo.
Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não
nos querem tragar!” NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra, Rio de Janeiro: Ediouro, 1977
O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez
que:
a) Reforça a liberdade do cidadão.
b) Desvela os valores do cotidiano.
c) Exorta as relações de produção.
d) Destaca a decadência da cultura.
e) Amplifica o sentimento de ansiedade.

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