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MÓDULO DE SOCIOLOGIA

Professor Marcos Leandro

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Sociologia

Sumário

Principais conceitos de Sociologia ...........................................................................................................3

Alguns dos principais pensadores do campo das Ciências Sociais................................. 79


Módulo de Sociologia
Professor: Marcos Leandro
PRINCIPAIS CONCEITOS DE SOCIOLOGIA

ABANDONO DE PAPEL: Processo de desligamento de um papel central para a autoidenti-


dade a fim de estabelecer um novo papel e nova identidade.

ABSOLUTISMO: Sistema de governo em que o poder dos governantes é quase absoluto. A


mais conhecida forma de absolutismo é a das monarquias europeias dos séculos XVII e
XVIII. Uma dessas monarquias absolutistas foi a do rei francês Luís XIV (1661-1715), co-
nhecido como "Rei Sol", que chegou a afirmar: "O Estado sou eu". Nas monarquias abso-
lutistas, o poder dos reis era limitado apenas pelos costumes (direito consuetudinário) e
pelas leis divinas.

AÇÃO (economia): Também conhecida como participações. Unidade de propriedade em


uma companhia. Uma ação dá ao possuidor direito a dividendos e a votar nos planos da
companhia.

AÇÃO SOCIAL: De forma ampla, pode ser conceituada como todo esforço organizado, vi-
sando alterar as instituições estabelecidas. De forma particular, é conceituada pelos auto-
res que utilizam a abordagem da ação na análise sociológica da sociedade, sendo que os
principais representantes são Max Weber e Talcott Parsons. Para Weber, a ação social
seria a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo; por-
tanto, é uma espécie de conduta que envolve significado para o próprio agente. Por sua
vez, Parsons tem como ponto de partida a natureza da própria ação: toda a ação é dirigida
para a consecução de objetivo. Um indivíduo (ator), esforçando-se por atingir determi-
nado objetivo, tem de possuir algumas ideias e informações sobre os “objetos” que são
relevantes para a sua consecução, além de ter alguns sentimentos a respeito deles, no que
concerne às suas necessidades; e, finalmente, tem de fazer escolhas. Outro aspecto é a
necessidade de possuir certos padrões de avaliação e seleção. Todos esses elementos ou
aspectos de motivação e avaliação podem tornar-se sociais por intermédio do processo
de interação (veja INTERAÇÃO). Assim, a ação social é vista por Parsons como comporta-
mento que envolve orientação de valor e como conduta padronizada por normas culturais
ou códigos sociais.

AÇÃO AFIRMATIVA: Esforços positivos para recrutar membros dos grupos de minorias
para empregos, promoções, oportunidades educacionais, na tentativa de reparar injusti-
ças sociais.

ACEITAÇÃO SOCIAL: É o cumprimento por parte das pessoas de determinadas regras, nor-
mas e padrões de comportamento praticados pelo grupo social a que pertencem. Pode
ser também o grau de prestígio social de uma pessoa na sociedade, ou seja, como ela é
“aceita” pelos outros.

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ACOMODAÇÃO: Processo social pelo qual uma pessoa ou um grupo de pessoas se ajustam
a uma situação de conflito, sem que tenham sofrido transformações internas. É quando as
partes chegam a um acordo temporário, mas as causas que deram origem ao conflito não
estão resolvidas.

ACULTURAÇÃO: Conjunto de mudanças que ocorrem na cultura de um grupo colocado


em contato com outro de cultura diferente. A palavra é utilizada especialmente nos casos
em que essas mudanças ocorrem na cultura de uma população dominada por imposição
de seus dominadores, em virtude de uma conquista obtida por meio da violência. No Bra-
sil, desde a colonização, os índios vêm passando por processos de aculturação, pelos quais
são levados a assimilar aspectos da cultura introduzida pelos europeus.

ADAPTAÇÃO: Conjunto de modificações que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, expe-


rimenta para se ajustar ao ambiente social. É também um processo biológico pelo qual o
organismo se adapta ao meio físico.

AGÊNCIA: Dentro da sociologia, ação individual independente ou livre-arbítrio.

AGREGAÇÃO: Reunião de indivíduos em uma forma social mais ou menos estável; associ-
ação; agrupamento físico.

AJUSTAMENTO SOCIAL: Processo social que tende a estabelecer relações de equilíbrio


entre pessoas, entre grupos ou entre elementos de uma cultura. São processos de ajusta-
mento a aculturação, a acomodação, a assimilação e a socialização.

ALDEIA GLOBAL: Uma noção associada ao escritor canadiano Marshall McLuhan, que viu
a expansão da comunicação eletrônica como algo que junta o mundo numa pequena co-
munidade. Deste modo, as pessoas, em partes muito diferentes do mundo, seguem as
mesmas notícias através da televisão.

ALIENAÇÃO: Situação caracterizada por algum tipo de separação ou fragmentação. Em


Psicologia, a expressão é utilizada como sinônimo de perda da identidade individual, que
se manifesta na separação entre o indivíduo e a realidade. Em Sociologia, o conceito de
alienação foi estudado particularmente por Karl Marx. Segundo este, no sistema capita-
lista o trabalhador se separa do objeto que ajudou a fabricar. Esse objeto se transforma
em mercadoria e, uma vez no mercado, passa a dominar o trabalhador. Dessa forma, este
se aliena daquilo que produziu. A alienação surge, assim, em um determinado momento
do processo de desenvolvimento histórico das sociedades humanas. Ela se manifesta tam-
bém sob a forma de perda de consciência e de afastamento do ser humano das atividades
comunitárias para encerrar-se em si mesmo, abandonando a ação política.

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ALTERIDADE: O conceito de alteridade refere-se ao processo de interação e socialização


humana no convívio entre o “eu” e o “outro”. Essa interação entre o “eu”, interior e par-
ticular a cada um, e o “outro”, o além de mim, é o que denominamos de alteridade. Esse
conceito parte do pressuposto de que todo indivíduo social é interdependente dos demais
sujeitos de seu contexto social, isto é, o mundo individual só existe diante do contraste
com o mundo do outro.

AMALGAMAÇÃO: O processo pelo qual um grupo de maioria e um grupo de minoria com-


binam para formar um novo grupo.

ANACRONISMO: O equívoco de se comparar elementos sociais de padrões e contextos


históricos diferenciados. Uso acrítico, para determinada situação histórica, de um conceito
que somente se ajusta bem à análise de outra época.

ANARQUIA: Ausência de Estado. Para os adeptos do anarquismo (veja a seguir), a anarquia


é um objetivo a ser alcançado, uma situação ideal na qual o Estado e a divisão da sociedade
em classes antagônicas deixam de existir. Para os grupos conservadores, anarquia é sinô-
nimo de desordem e confusão na sociedade. Foi com este último sentido que a palavra se
incorporou ao vocabulário cotidiano.

ANARQUISMO: Doutrina que preconiza a criação de uma sociedade sem classes e sem
qualquer tipo de Estado e na qual os indivíduos viveriam livremente. A sociedade anár-
quica (ou anarquista) se realizaria por meio de um elevado nível de consciência social de
todos os indivíduos, já que o anarquismo, como doutrina, não significa a desorganização
total da sociedade. O anarquismo é uma corrente de pensamento, uma teoria e ideologia
política que não acredita em nenhuma forma de dominação – inclusive a do Estado sobre
a população – ou de hierarquia e prega a cultura da autogestão e da coletividade. Sua ideia
principal é a horizontalidade: um território em que não exista Estado nem hierarquia e em
que a população faça a autogestão da vida coletiva. O anarquismo critica principalmente
exploração econômica do sistema capitalista e o que chama de dominação político-buro-
crática e da coação física do Estado. Alguns dos valores defendidos pelos anarquistas são:
liberdade individual e coletiva, para o desenvolvimento de pensamento crítico e todas as
capacidades individuais das pessoas; igualdade – em termos econômicos, políticos e soci-
ais, valor que inclui questões de gênero e raça; solidariedade – a teoria anarquista só tem
sentido se há entre as pessoas apoio mútuo, com colaboração e espírito de coletividade.

ANCIEN RÉGIME: Expressão francesa que significa “antigo regime”. Foi criada durante a
Revolução Francesa de 1789 para designar o regime político anterior, o absolutismo mo-
nárquico, derrubado por aquela revolução.

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ANIMISMO: É uma forma de religião baseada na crença de que espíritos habitam seres
vivos e objetos sem vida, tais como árvores, rochas, nuvens, ventos ou animais. Os Mbuti
da África, por exemplo, consideram a floresta como a fonte sagrada da morte e da vida.
As religiões animistas incluem frequentemente xamãs, figuras carismáticas que se acredita
que possam comunicar-se com espíritos e influenciá-los. Os xamãs adquirem seu status
especial em uma grande variedade de maneiras, incluindo experiências religiosas de êx-
tase, tais como sonhos ou visões inspiradoras, ou porque possuem características pessoais
que são definidas culturalmente como tendo significação religiosa, como certas deformi-
dades.

ANOMIA: Etimologicamente, anomia significa ausência de regras ou de leis. Em Sociologia,


designa situações nas quais muitas pessoas violam as normas geralmente aceitas pelo
grupo e se comportam de forma anômala, em claro desrespeito à conduta considerada
“normal” pela sociedade. Trata-se de um estado de desorganização que pode atingir uma
pessoa ou um grupo inteiro. A anomia é uma situação social em que falta coesão e ordem,
especialmente no tocante a normas e valores. Se normas são definidas de forma ambígua,
por exemplo, ou são implementadas de maneira casual ou arbitrária; se uma calamidade
como a guerra subverte o padrão habitual da vida social e cria uma situação em que se
torna obscuro quais normas têm aplicação; ou se um sistema é organizado de uma forma
que promove o isolamento e a autonomia do indivíduo a ponto de as pessoas se identifi-
carem muito mais com seus próprios interesses do que com os do grupo ou da comuni-
dade como um todo – o resultado poderá ser a anomia, ou “falta de normas”. Émile
Durkheim formulou o conceito de anomia como parte da explicação dos padrões de suicí-
dio na Europa do século XIX. Argumentou que as taxas de suicídio eram mais altas entre
protestantes do que entre católicos porque a cultura protestante atribuía um valor muito
mais alto à autonomia e à autossuficiência individual e, por conseguinte, tornava menos
provável que pessoas desenvolvessem os tipos de laços comunais estreitos que poderiam
sustentá-las em ocasiões de crise emocional. Essa situação, por outro lado, tornava-as
mais suscetíveis ao suicídio. O conceito de anomia também foi aplicado ao estudo dos
desvios. Durante calamidades naturais e guerras, por exemplo, não é raro que pessoas
infrinjam leis – como, por exemplo, roubando – que nunca pensariam em transgredir em
tempos “normais”. Esse fato resulta em perda de coesão social e de clareza normativa na
comunidade ou em toda a sociedade. Embora a anomia seja muitas vezes usada para des-
crever a condição psicológica de um indivíduo, sociologicamente ela descreve uma condi-
ção em sistemas sociais como um todo. O que Durkheim descreveu como suicídio anômico
era um padrão de comportamento que constituía resultado de condições sociais anômicas
– em outras palavras, características culturais e estruturais de sistemas sociais que produ-
ziam baixa coesão e um consequente senso fraco de apego dos membros às suas comuni-
dades.
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ANTISSEMITISMO: É o ódio generalizado ao povo judeu, que culminou num dos maiores
genocídios já registrado na história, o Holocausto. Ocorreu durante a Segunda Guerra
Mundial, em função do nazismo na Alemanha.

ANTROPOCENTRISMO: Doutrina segundo a qual o ser humano é o centro do universo.

ANTROPOLOGIA: Ciência social que estuda as manifestações culturais dos grupos huma-
nos, assim como a origem e a evolução das culturas. São objeto de estudo da Antropologia
a organização familiar, as religiões, a magia, os ritos de iniciação dos jovens, o casamento
etc. A palavra antropologia – do grego antropos, homem, e logia, estudo – significa, eti-
mologicamente, ciência do homem. Divide-se em Antropologia Física, Antropologia Cultu-
ral e Antropologia Filosófica.

APARTHEID: Regime segregacionista imposto pelo governo de minoria branca da África do


Sul durante o período de 1948 a 1991. Esse regime estabelecia uma série de restrições à
população de maioria negra em relação ao trabalho, à moradia, ao convívio social e ao
casamento.

ÁREA CULTURAL: É a região em que predominam determinados complexos culturais, de-


terminados padrões de cultura, que lhe conferem características próprias, diferenciando-a
das demais.

ARGOT: “Jargão”, gíria, linguagem especializada empregada pelos membros de um grupo


ou subcultura.

ARISTOCRACIA: Sistema político em que o governo é exercido por poucas pessoas, geral-
mente da nobreza, classe social cujos privilégios são transmitidos hereditariamente. A pa-
lavra também é usada como sinônimo de nobreza.

ARRAIGADO: Diz-se de algo que está enraizado, consolidado. Costumes arraigados, por
exemplo, são costumes consagrados pela tradição e praticados por sucessivas gerações.

ASCENSÃO SOCIAL: É quando o indivíduo melhora sua posição no sistema de estratifica-


ção social, passando a integrar um grupo de situação superior à de seu grupo anterior.

ASSIMILAÇÃO: Processo social que dá solução definitiva e tranquila a um conflito social. É


pela assimilação que se suspendem os conflitos. Trata-se de um processo de ajustamento
pelo qual indivíduos ou grupos diferentes tornam-se mais semelhantes. Difere da acomo-
dação na medida em que implica modificações internas no indivíduo ou no grupo, sendo
estas geralmente inconscientes e involuntárias. É uma forma interiorizada de solução de
um conflito.

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ASSOCIAÇÃO: Forma básica de integração social. É o conjunto de ações recíprocas, por


meio das quais os indivíduos estabelecem relações duradouras e se associam, aproxi-
mando-se uns dos outros e estabelecendo laços entre si.

AURA: Segundo Walter Benjamin, a aura é uma figura simbólica que se projeta no espaço-
-tempo. Esta forma simbólica corresponde ao valor da obra de arte. A modernidade e a
sua reprodução mecânica produziram uma ruptura nesta forma simbólica. Essa ruptura
produziu uma necessidade da posse do objeto e implicou alterações nas suas formas de
reprodução e a construção da sua imagem simbólica. As formas de reprodução implicam
que o objeto de arte passa a ser transitório e é repetível. Por outro lado, a sua imagem,
nos diferentes objetos reproduzidos, passa a ser uma unidade, e são duráveis. A destruição
da aura, o objeto de arte, pela sua reprodução mecânica, para além de afetar a sua auten-
ticidade, retira esse objeto do seu invólucro e transforma-o em mercadoria. A arte, como
mercadoria, passa então a constituir-se como um valor de culto que necessita de se exibir
de forma constante e renovada no tempo.

AUTARQUIA: As autarquias são criadas por meio de lei e prestam serviços à população de
forma descentralizada, nas mais diferentes áreas. A administração indireta, onde encon-
tramos as autarquias, é formada pelo conjunto de pessoas jurídicas vinculadas à adminis-
tração direta (governo) dotadas de personalidade jurídica própria, possuindo competência
para o exercício de atividades administrativas com autonomia. Um exemplo de autarquia
são as universidades federais; outra é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

AUTOCRACIA: Uma autocracia é um Estado governado por um único líder, tal como um
ditador. Nas sociedades agrárias, a liderança autocrática assumiu, ao longo da história, a
forma de famílias reais que governavam por direito tradicional. No século XX, o governo
autocrático tem se baseado mais em liderança carismática e controle do aparelho político
e militar do Estado, como aconteceu na Alemanha nazista sob Hitler, na União Soviética
sob Stalin, na Nicarágua sob Somoza, e no Iraque sob Saddam Hussein. Uma vez que tende
a depender fortemente da capacidade de coagir a população à submissão, a autocracia
costuma também ser uma forma relativamente instável de governo, especialmente vulne-
rável a golpes de estado e revolução.

AUTOGESTÃO: Em sentido restrito, a autogestão é a gestão das empresas por aqueles que
nelas trabalham; em sentido amplo, é um modelo que, opondo-se ao modelo leninista de
um socialismo “estatal”, “burocrático”, “autoritário”, define uma gestão descentralizada
da sociedade e da sua economia socializada. A autogestão confunde-se, então, com o “fe-
deralismo” de Proudhon, que via nela um regime “que permite suprimir o entrave consti-
tuído pela propriedade sem cair nas contradições da comunidade”.

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AUTOMAÇÃO: É a introdução da robótica e de sistemas de computadores para a realiza-


ção de tarefas repetitivas antes desempenhadas por trabalhadores. Pode ocorrer em qual-
quer setor da economia de uma sociedade. Também chamada de automatização.

AUTORIDADE: Em um plano abstrato, é a capacidade de uma pessoa se fazer obedecer


por outras sem precisar apelar para a força física. Do ponto de vista político, é a pessoa,
ou o grupo, que detém a prerrogativa de mandar e se fazer obedecer. Pode ser também o
representante do poder público que tem por finalidade fazer respeitar as normas e leis de
um Estado ou de uma comunidade.

AUTORITARISMO: É um método de fazer política no qual o governo é usado para controlar


a vida de indivíduos em vez de estar submetido a controle democrático pelos cidadãos.
Uma vez que a verdadeira democracia é muito rara, a maioria dos governos é, até certo
ponto, autoritária e, por conseguinte, problemática para os governantes. A forma mais
extrema de autoritarismo é o totalitarismo, um sistema político concebido para obter con-
trole completo da vida interior e exterior do indivíduo. Trata-se, no entanto, de um obje-
tivo extremamente difícil de atingir, se não impossível, que raras vezes foi implementado
por tempo muito longo, exceto em obras notáveis de ficção, tal como o aterrador romance
1984, de George Orwell. Até mesmo as sociedades mais autoritárias, tais como a Alema-
nha nazista e a União Soviética sob Stalin, fracassaram quando tentaram controlar a mai-
oria dos aspectos da vida privada das pessoas ou reprimir a dissidência e a subversão.

BABY BOOM: É uma expressão que se refere ao período que se seguiu à guerra de 1939-45,
quando as taxas de natalidade cresceram rapidamente na América do Norte, Austrália, Nova
Zelândia e partes da Europa Ocidental. A explosão de nascimentos terminou em princípios
da década de 1960 e foi seguida, na década de 1970, por uma queda na fecundidade. O baby
boom se deveu principalmente ao inesperado “emparelhamento” da fecundidade, que so-
frera um retardo com o grande número de homens convocados para o serviço militar du-
rante a guerra, mas também devido a um aumento modesto no tamanho da família.

BARREIRA SOCIAL: É todo traço cultural capaz de dificultar ou impedir mudanças na soci-
edade ou a ascensão social de um grupo, bloqueando, assim, a mobilidade social vertical.
A barreira social se verifica por meio de obstáculos e resistências. Obstáculos são barreiras
oriundas da própria estrutura social, que dificultam ou impedem a mobilidade social. Re-
sistências são atuações conscientes e deliberadas para impedir a mudança social.

BENS: São todas as coisas palpáveis, concretas, produzidas (ou retiradas da natureza) por
meio do trabalho para satisfazer necessidades humanas.

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BODE EXPIATÓRIO: É um indivíduo, grupo ou categoria de pessoas usados como objeto


de culpa no sistema social. Essa figura fornece um mecanismo para dar vazão à raiva, à
frustração, ao ressentimento, ao medo e outras emoções que, de outra forma, seriam ex-
pressadas de maneiras que danificariam a coesão social, contestariam o status quo ou ata-
cariam os grupos dominantes e seus interesses. Imigrantes e minorias, por exemplo, são
muitas vezes usados como bodes expiatórios durante épocas de dificuldades econômicas
e considerados causa de desemprego e de outros problemas sociais. Como resultado, cer-
tos aspectos de sistemas sociais que geram crises econômicas, tais como a competição e
a exploração capitalista, são ocultados do público e de possível crítica.

BOLCHEVISMO: Doutrina política defendida por socialistas revolucionários russos no co-


meço século XX e que preconizava a tomada do poder por meio de uma insurreição ar-
mada. Seu principal líder era Vladimir Ilitch Lenin. Essa doutrina tinha por instrumento o
Partido Bolchevique, que liderou a Revolução Russa de outubro de 1917.

BURGUESIA: Classe social que surgiu na Europa ocidental com o advento do capitalismo
comercial, no período final da Idade Média. Atualmente, o termo é utilizado para designar
empresários, banqueiros e outros capitalistas (grande burguesia). É a classe social propri-
etária dos meios de produção e que emprega trabalhadores assalariados.

BUROCRACIA: Organização com cargos hierarquizados, delimitados por normas, com área
específica de competência e de autoridade, dotados tanto de poder de coerção quanto da
limitação desta, onde a obediência é devida ao cargo e não à pessoa que o ocupa; as rela-
ções devem ser formais e impessoais, sem apropriação do cargo que, para ser preenchido,
exige competência específica; todos os atos administrativos e decisões têm de ser formu-
lados por escrito.

CAMPO (Bourdieu): É sempre um campo de forças, onde os agentes sociais estão dispos-
tos em diferentes posições, cada qual com suas estratégias para tentar dominar o campo
ou conseguir seus troféus específicos. É interessante entender que não há determinismo
nenhum: as tomadas de posições, os movimentos e as ações de cada agente, são previstas
probabilisticamente. Investigar um campo é prezar, sobretudo, pela empiria, pela pes-
quisa de campo, pela coleta de dados.

CARISMA: Conjunto de qualidades excepcionais atribuídas a um líder. A liderança caris-


mática é aquela que se baseia em certos dons, reais ou imaginários, atribuídos ao líder.

CAPITAL: No linguajar comum, capital é tudo aquilo que pode ser usado para gerar renda ou
produzir riqueza, incluindo dinheiro emprestado a juros, ferramentas e maquinaria utilizadas
para fabricar produtos e o tempo do trabalhador, vendido por salário. Esse significado amplo,

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contudo, é pouco útil para fins analíticos, em parte porque inclui tanta coisa que nunca pode-
mos ter certeza do que a palavra está aludindo em um caso particular. Mais importante ainda,
se capital é usado para referir-se a qualquer coisa que gere riqueza ou renda, não fica muito
claro o que se deve entender por capitalismo como sistema econômico, uma vez que riqueza
e renda são produzidos em quase todos os sistemas econômicos, sejam eles capitalistas ou
não. Uma definição alternativa é fornecida pelo ponto de vista marxista, que utiliza o conceito
de capital para descrever não como alguma coisa é usada para produzir riqueza, mas o tipo de
sistema econômico utilizado. Nesse particular, capital refere-se a alguns meios de produção –
como maquinaria e ferramentas – usados por trabalhadores que nem os possuem, nem con-
trolam, mas que com eles produzem riqueza em troca de salário. Quando uma máquina é de
propriedade e operada pela mesma pessoa, ela constitui um meio de produção, mas não capi-
tal, porque as relações sociais através das quais é usada, possuída e controlada são uma única
e mesma coisa. Se o indivíduo que possui a máquina passa a contratar trabalhadores que a
usam para produzir bens em troca de salário, então a máquina se transforma em capital atra-
vés da criação de um novo conjunto de relações sociais. Essa maneira de encarar o capital o
define como um fenômeno basicamente social, que tanto deriva como reflete as relações so-
ciais através das quais ocorre a atividade econômica.

CAPITAL CULTURAL: De acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o capital cultural
consiste de ideias e conhecimentos que pessoas usam quando participam da vida social.
Tudo, de regras de etiqueta à capacidade de falar e escrever bem, pode ser considerado
capital cultural. Bourdieu estava particularmente interessado na distribuição desigual do
capital cultural em sociedades estratificadas e na maneira como essa desigualdade despri-
vilegia as pessoas. Esse fato é verdadeiro sobretudo em escolas e profissões, onde a igno-
rância do que as classes dominantes definem como conhecimento tácito torna muito difícil
a membros de grupos marginais ou subordinados competir com sucesso. Imigrantes étni-
cos, por exemplo, frequentemente têm desempenho medíocre nas escolas porque care-
cem do importante capital cultural requerido pela nova sociedade onde vivem. Bourdieu
referiu-se a essa carência como privação cultural.

CAPITALISMO: O capitalismo é um sistema econômico surgido na Europa nos séculos XVI


e XVII. Do ponto de vista desenvolvido por Karl Marx, o capitalismo é organizado em torno
do conceito de capital e da propriedade e controle dos meios de produção por indivíduos
que empregam trabalhadores para produzir bens e serviços em troca de salário. Como
fundamental ao capitalismo como sistema social, há um conjunto de três relações entre
1) trabalhadores; 2) meios de produção (fábricas, máquinas, ferramentas, e assim por di-
ante); e 3) os que possuem ou controlam esses meios. Os membros da classe capitalista
os possuem ou controlam, mas não os usam concretamente para produzir riqueza; os
membros da classe trabalhadora nem os possuem, nem controlam, mas os usam para pro-
duzir; e a classe capitalista emprega a classe trabalhadora, comprando força de trabalho
(tempo) em troca de salários. A definição mais comum de capitalismo – simplesmente a
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posse privada dos meios de produção – ignora o fato de que indivíduos vinham produzindo
bens há milhares de anos com ferramentas próprias, muito antes do aparecimento do ca-
pitalismo. Sob o capitalismo, portanto, a posse dos meios de produção não é simples-
mente privada; é também exclusiva e fornece base à classe social e à exploração no inte-
resse do lucro e da acumulação de ainda mais meios de produção. Como tal, a identifica-
ção costumeira de capitalismo com “livre iniciativa” induz, de certa maneira, ao erro, pois
a tríade de relações entre meios de produção, trabalhadores e capitalistas não é condição
necessária para a livre iniciativa e, de várias formas, pode prejudicá-la. Uma vez que a
concorrência ameaça o sucesso de toda empresa capitalista (por mais que ela possa con-
tribuir para o sistema como um todo), as empresas geralmente a enfrentam tentando au-
mentar seu controle sobre o trabalho, a produção e os mercados, com o resultado de que
a economia se torna cada vez mais dominada por um número relativamente pequeno de
grandes empresas. Neste sentido, o exercício efetivo de liberdade no capitalismo de livre
mercado torna-se possível apenas em níveis cada vez mais vastos de organização social. À
medida que milhares de pequenas empresas concorrentes são substituídas por enormes
conglomerados (muitos deles transnacionais), assim, também, a liberdade da “livre inicia-
tiva” é exercida por um número cada vez menor de atores econômicos. A ideia de livre
mercado está provavelmente associada de forma mais correta ao que poderia ser deno-
minado de “capitalismo primitivo”, aquele período anterior à revolução industrial, quando
o capitalismo adotou a forma de busca de lucros por meio da compra e venda de bens. Os
precursores do capitalismo moderno não possuíam nem controlavam pessoalmente os
meios de produção, embora, como mercadores, obtivessem lucros aproveitando as con-
dições de mercado, tais como comprando e transportando bens para venda em locais
onde não existiam. Os mercadores contribuíram para a emergência do capitalismo ao de-
senvolver a ideia do lucro, do uso de bens como veículos para transformar dinheiro em
mais dinheiro. Só mais tarde é que o capitalismo surgiu como sistema, cuja principal base
de poder e lucro era o controle sobre o próprio processo de produção. Na forma avançada
que assumiu em sociedades industrializadas capitalistas modernas, afastou-se do capita-
lismo competitivo, que implicava um conjunto de empresas relativamente pequenas, evo-
luindo para o que Marx chamou de capitalismo monopolista (ou avançado). Nessa forma,
empresas se fundem e formam centros globais cada vez maiores de poder econômico,
com potencial para rivalizar com nações-estado em sua influência sobre os recursos e a
produção e, através deles, sobre as condições em que a vida social ocorre, no seu sentido
mais amplo. À medida que as tensões e contradições no sistema se tornam mais severas,
governos intervêm com uma frequência e rigor cada vez maiores para controlar mercados,
finanças, trabalho e outros interesses capitalistas. Marx considerava essa situação como o
estágio final que levaria à revolução socialista.

CASTA SOCIAL: Grupo social fechado, endógamo, cujos membros seguem tradicional-
mente uma determinada profissão herdada do pai. É uma forma de estratificação social
rígida, geralmente de fundo religioso.
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CATEGORIAS: Pluralidade de pessoas que são consideradas como uma unidade social pelo
fato de serem efetivamente semelhantes em um ou mais aspectos (Fichter). Não há ne-
cessidade de proximidade ou contato mútuo para que as pessoas pertençam a uma cate-
goria social.

CENTRO URBANO: É o termo moderno para o conceito de zona de transição, de Ernest


Burgess, inicialmente introduzido em sua teoria de zona concêntrica de desenvolvimento
urbano. Burgess argumentava que à medida que as cidades crescem suas áreas centrais
são crescentemente reservadas a empresas, hotéis, bancos e outros usos que tendem a
romper o senso de comunidade entre os que nelas vivem. Esse fato deflagra um processo
social por meio do qual essas áreas se transformam em zonas de transição. Carecendo de
base para uma comunidade forte, os centros urbanos tendem a se tornar pontos de en-
trada para migrantes relativamente pobres que chegam em busca de trabalho. Eles se
amontoam em habitações de baixo padrão e, à medida que a pobreza se espalha e as
condições sociais se agravam, proliferam o crime e outros problemas sociais, o que leva
os residentes prósperos a fugir para os subúrbios. Essa situação gera uma espiral descen-
dente de receita fiscal em queda, pobreza, escolas decadentes e fuga para os subúrbios,
com exceção dos mais ricos e dos mais pobres, comum à classe média e uma classe de
trabalhadores qualificados cada vez menores. O modelo de Burgess tem sido criticado por
ter dado pouca atenção às fontes de coesão nas áreas de centros de cidade, especialmente
no nível de bairros. Conceitos como centro urbano e zona de transição são sociologica-
mente importantes porque chamam a atenção para a maneira como a geografia e os usos
do espaço desempenham um papel importante na criação e perpetuação de padrões so-
ciais, como a desigualdade.

CIBERCULTURA: Novo tipo de cultura, nascido da combinação entre a sociabilidade na


chamada "comunidade interativa" pós-moderna e os avanços da microeletrônica.

CIBERESPAÇO: Expressão que designa o espaço virtual criado pela internet para a “nave-
gação”, o conhecimento e a comunicação. Esse espaço virtual é formado pelo conjunto de
usuários conectados à rede mundial de computadores e abarca as chamadas “comunida-
des virtuais” ou eletrônicas.

CHEFE DE ESTADO: Pode ser considerado o representante público mais elevado de um


Estado-nação. Ele tem um papel representativo que excede a própria população e perso-
nifica os ideais e longevidade do Estado. Ele serve como um símbolo da legitimidade e da
força de um país. Como incorporação do espírito de uma nação, o Chefe de Estado nor-
malmente é alguém que representa, seja pela sua hereditariedade, seja pela sua força,
seja por eleição, o poder de um povo. Por isso, em muitos países, inclusive europeus, ele
está fundamentado na família real e o rei ou a rainha detém o título de Chefe de Estado.
Dentro das funções e responsabilidades do Chefe de Estado, estão diversos compromissos
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simbólicos, como condecorar heróis de guerra, receber Chefes de Estado estrangeiros e


suas delegações em seu país, ir em caráter oficial para outros países representar a vontade
da sua nação, manter diálogos abertos com líderes nacionais e internacionais e participar
de inaugurações, eventos especiais (esportivos, artísticos etc.). Junto com o papel simbó-
lico, o Chefe de Estado assume poderes executivos e políticos também. Em muitos países,
ele exerce um papel diplomático importante, podendo assinar e ratificar tratados interna-
cionais, como se fosse um ministro de relações exteriores.

CHEFE DE GOVERNO: Ao Chefe de Governo cabe a liderança e a formulação de políticas


públicas, econômicas e sociais, manutenção do funcionamento dos poderes Executivo e
Legislativo, diálogo entre os partidos, atores institucionais, Chefe de Estado e população.
Em termos gerais, o Chefe de Governo é a figura principal da política do país e o principal
articulador das vontades da população. Em regimes parlamentaristas, o Chefe de Governo
também é o chefe do Legislativo, enquanto em regimes presidencialistas, como o brasi-
leiro, as casas do Congresso (Senado Federal e Câmara dos Deputados) elegem seus pró-
prios líderes, ou seja, o poder atribuído ao Chefe de Governo também é diverso, depen-
dendo da nação e de seu sistema político.

CHOQUE CULTURAL: Sensação de surpresa e desorientação que as pessoas experimentam


quando encontram práticas culturais diferentes das suas.

CIDADÃO E CIDADANIA: Da forma desenvolvida por Thomas H. Marshall, cidadania é uma


situação social que inclui três tipos distintos de direitos, especialmente em relação ao ES-
TADO: 1) direitos civis, que incluem o direito de livre expressão, de ser informado sobre o
que está acontecendo, de reunir-se, organizar-se, locomover-se sem restrição indevida e re-
ceber igual tratamento perante a lei; 2) direitos políticos, que incluem o direito de votar e
disputar cargos em eleições livres; e 3) direitos socioeconômicos, que incluem o direito ao
bem-estar e à segurança social, a sindicalizar-se e participar de negociações coletivas com
empregadores e mesmo o de ter um emprego. Uma questão sociológica fundamental sobre
cidadania é de que forma os vários grupos são dela incluídos e excluídos – como na negação
do voto às mulheres na Grã-Bretanha e Estados Unidos até bem recentemente neste século
ou na proibição de sindicalização aos trabalhadores durante grande parte do início da histó-
ria do capitalismo – e como essas situações afetam a desigualdade social. Marshall argumen-
tou, por exemplo, que a concessão da cidadania plena aos trabalhadores desprivilegiou-os
até certo ponto: enquanto se sentirem excluídos, os trabalhadores têm maior probabilidade
de se organizarem em oposição ao sistema. Na medida em que se sentem mais incluídos,
tendem também a aceitar a legitimidade do próprio sistema sob o qual são explorados como
trabalhadores e, por conseguinte, menor a probabilidade de que se rebelem contra este.
Note-se, por exemplo, que os direitos de cidadania nas sociedades capitalistas não incluem
igual controle dos meios de produção.
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SOCIOLOGIA

CIDADE: É um aglomerado permanente, relativamente grande e denso, de indivíduos so-


cialmente heterogêneos (Wirth).

CIÊNCIA: O corpo de conhecimentos obtido por métodos baseados na observação siste-


mática.

CIÊNCIAS NATURAIS: O estudo das características físicas da natureza e das maneiras pelas
quais elas interagem e mudam.

CIÊNCIAS SOCIAIS: O estudo das características sociais dos seres humanos e das formas
pelas quais eles interagem e mudam.

CIVILIZAÇÃO: Grau de cultura bastante avançado no qual se desenvolvem bem as Artes e


as Ciências, assim como a vida política (Winick). Características essenciais da civilização:
as hierarquias sociais internas, a especialização, as cidades e as grandes populações, o
crescimento das matemáticas e a escrita (Childo).

CLÃ: Grupo de parentes baseado numa regra de descendência, geralmente medida tanto
pela linha masculina quanto pela linha feminina (parentesco através de um dos pais) e
numa regra de residência (mesma localidade). Os membros do clã traçam a sua linha de
ascendência a partir de um antepassado original, que pode existir somente no passado
mitológico: um animal, um ser humano, um espírito ou uma característica da paisagem.

CLASSE SOCIAL: Um dos conceitos mais importantes no estudo da estratificação, é uma


distinção e uma divisão social que resultam da distribuição desigual de vantagens e recur-
sos, tais como riqueza, poder e prestígio. Sociólogos definem classe social principalmente
na base de como essas divisões são identificadas. Karl Marx argumentava que as divisões
de classe se baseiam em diferenças nas relações entre indivíduos e processo de produção,
em especial na propriedade e no controle dos meios de produção (tais como maquinaria,
terra e fábricas). Sob o capitalismo, esses meios são possuídos e controlados por uma
única classe – a classe burguesa, ou capitalista –, cujos membros, porém, não os usam
concretamente a fim de produzir riqueza. Em vez disso, esse trabalho é feito por membros
da classe operária ou proletariado, que produz riqueza, mas nem possui, nem controla os
meios de produção. Uma vez que os próprios capitalistas tampouco produzem riqueza de
fato, sua prosperidade depende necessariamente do trabalho de outras pessoas. Dessa
maneira, eles controlam os meios de produção e, por extensão, a riqueza produzida. Tra-
balhadores satisfazem suas necessidades através de salários, que lhes são pagos em troca
da venda de seu tempo (ou força de trabalho); salários que, do ponto de vista marxista,
representam apenas uma parte do valor da riqueza que eles produzem. Daí, classe e rela-
ções de classe baseiam-se em tensão e luta sobre interesses conflitantes. O proletariado
e a burguesia, no entanto, não foram as únicas classes identificadas por Marx, embora
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SOCIOLOGIA

sejam as mais importantes. As demais incluíam a aristocracia e os donos de terra (consi-


derados como sem importância, uma vez que sua influência seria nula nas sociedades in-
dustriais) e o lumpemproletariado, ou subclasse (que incluiria a moderna população dos
sem-teto), que nenhuma relação mantém com o processo de produção. (Por esse motivo,
alguns sociólogos argumentam que essa subclasse é fragmentada e transitória demais
para constituir uma classe.) Pensadores marxistas mais recentes identificaram novas dis-
tinções de classe para explicar a ascensão da classe gerencial (que normalmente não pos-
sui os meios de produção, mas os controla nos interesses da classe capitalista) e os traba-
lhadores liberais (tais como professores de faculdade e funcionários do governo) que tra-
balham por salário, mas que, apesar disso, desfrutam de um grau considerável de autono-
mia que os distingue de outros membros da classe trabalhadora. Max Weber identificou
três distinções de classe, de acordo com três dimensões de desigualdade: 1) classe; 2) po-
der; e 3) prestígio. Weber usou o termo “classe” para referir-se a oportunidades de vida,
ou a capacidade de pessoas de conseguir o que querem e necessitam no mercado: com-
prar bens e serviços, proteger-se dos demais, e assim por diante. Desse ponto de vista, a
posição da classe repousa em um número muito maior de fatores do que sobre relações
com meios de produção – como prestígio ocupacional, educação, experiência e níveis de
qualificação e inteligência, herança, sorte, ambição e meio formativo familiar. A segunda
dimensão da desigualdade, segundo Weber, é a distribuição de poder, em especial com
relação a organizações complexas, como empresas, governos, sindicatos e outras institui-
ções. Weber utilizou a palavra partido a fim de indicar diferenças de poder, não só no
sentido de partidos políticos, mas, em sentido geral, isto é, que o poder é burocratica-
mente organizado nas sociedades industriais, tornando os indivíduos relativamente impo-
tentes, a menos que tenham acesso a essas organizações. Alguns sociólogos argumentam
que a localização na distribuição do poder é a principal determinante da posição da classe,
e não a posição econômica ou o prestígio. Weber citou como terceira dimensão a distri-
buição de prestígio, ou grau de honraria social, status ou deferência que pessoas desfru-
tam em relação a outras. Essa dimensão foi estudada principalmente nos Estados Unidos,
sobretudo no tocante ao prestígio ocupacional como dimensão para medir a mobilidade
social. Ao contrário das duas outras dimensões, o prestígio é um recurso cuja distribuição
tem que ser desigual, uma vez que a deferência tem que declinar das posições mais altas
para as mais baixas, exatamente como a honraria, em sentido oposto, eleva alguns acima
de outros. O enfoque multidimensional de Weber não só amplia a análise da classe, como
ajuda a identificar as complexidades da posição e relações de classe, em especial se as
relações são consideradas no contexto das três dimensões de desigualdade e dos fatos
que as afetam. Embora poder, prestígio e riqueza frequentemente apareçam juntos, eles,
até certo ponto, variam de forma independente. Um líder, por exemplo, pode classificar-
-se alto em matéria de poder e prestígio, mas relativamente baixo em riqueza, da mesma

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SOCIOLOGIA

maneira que riqueza não traz automaticamente poder ou prestígio. Além dos determinan-
tes da localização da classe e da dinâmica das relações entre classes, as questões funda-
mentais nesse estudo incluem o ponto em que se deve traçar as linhas entre elas (ou, na
opinião de alguns, se tais linhas existem mesmo, fora dos modelos sociológicos de estrati-
ficação); a invisibilidade relativa das mulheres na análise de classe, uma vez que percen-
tagens substanciais delas (embora rapidamente declinando agora) não trabalham fora de
casa, ainda que contribuam muito para a manutenção e a reprodução dos trabalhadores;
e a questão de se a família ou o indivíduo deve ser a principal unidade da análise de classe.

CLIENTELISMO: A prática do coronelismo – popular no Brasil depois da Proclamação da


República – acabou por suscitar o fenômeno do clientelismo, ou seja, a relação estabele-
cida entre os coronéis e os eleitores, em que aqueles se tornavam protetores destes, que
retribuíam os préstimos com a fidelidade do voto em quem eles indicassem. Assim, os
eleitores, em troca de favores diversos (alimento, moradia, perdão de dívidas, emprego,
etc.), garantiam o voto certo no candidato do coronel. Tornou-se popular a expressão
“voto de cabresto” neste período, devido ao fato de o voto ser aberto.

COALIZÃO: Significa duas ou mais pessoas, grupos ou outras unidades em um SISTEMA


SOCIAL que se aliam para obter maior poder ou influência. Georg Simmel, por exemplo,
observou que uma das principais diferenças entre uma díade (duas pessoas) e uma tríade
(três pessoas) é que, com a terceira pessoa, torna-se possível a duas formar uma coalizão
contra uma delas. Como resultado, três pessoas que vivem juntas tenderão a ter uma di-
nâmica de poder muito diferente do que aconteceria com apenas duas.

COERÇÃO SOCIAL: O mesmo que pressão social. Ação persistente de um grupo que leva o
indivíduo a comportar-se de determinada maneira, sob pena de sofrer sanções sociais.

COLETIVISMO: É uma ideia ou visão que enfatiza o valor dos grupos e entende que os
objetivos e interesses do grupo devem prevalecer sobre os interesses dos indivíduos. O
coletivismo – e a esquerda, na maioria dos assuntos – valoriza a igualdade, a coesão dos
grupos e o altruísmo. O grupo oferece segurança aos indivíduos em troca de lealdade.

COLONIZAÇÃO: Processo de conquista, ocupação e exploração econômica e política de


novas áreas geográficas. A partir dessa ação, estabelece-se uma relação de dependência
entre os países dominantes (metrópoles) e as regiões conquistadas (colônias), pela qual a
economia das colônias passa a ser subsidiária à das metrópoles. Por esse mecanismo de
dependência, as colônias exportam para as metrópoles produtos primários (minerais e
produtos agropecuários) e importam delas bens industrializados.

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SOCIOLOGIA

COMPETIÇÃO: Forma mais elementar e universal de interação, consistindo na luta inces-


sante por coisas concretas, por status ou prestígio; é contínua, e geralmente inconsciente
e impessoal.

COMUNA: Comunidade local, urbana ou rural, com relativa autonomia administrativa.

COMUNICAÇÃO DE MASSA: É a transmissão de informações por especialistas treinados a


uma plateia grande e diversificada espalhada por um grande território. É realizada através
dos meios de comunicação de massa (mídia), ou seja, meios técnicos e organizacionais
complexos que incluem tipicamente televisão, rádio, cinema, jornais, livros e revistas.

COMUNIDADE: É essencialmente ligada ao solo, em virtude de os seus componentes vi-


verem de maneira permanente em determinada área, além da consciência de pertence-
rem, ao mesmo tempo, ao grupo e ao lugar, e de partilharem o que diz respeito aos prin-
cipais assuntos das suas vidas. Têm consciência das necessidades dos indivíduos, tanto
dentro como fora do seu grupo imediato e, por essa razão, apresentam tendência para
cooperar estritamente.

COMUNISMO: Como o socialismo, o comunismo é mais uma doutrina econômica do que


política. Consiste numa filosofia social ou sistema de organização social baseada no prin-
cípio da propriedade pública, coletiva, dos meios materiais de produção e de serviço eco-
nômico; encontra-se unido a doutrinas que se preocupam em formular os procedimentos
mediante os quais pode ser estabelecido e conservado. Sob este aspecto, difere do socia-
lismo por preconizar a impossibilidade da reforma e de a sua instauração em medidas frag-
mentárias e de caráter lento. Outro ponto de discordância apresenta-se no que se refere
ao rendimento: se ambos os sistemas consideram válidos os rendimentos advindos do tra-
balho (não aqueles, porém, que derivam da propriedade), o socialismo admite que o ren-
dimento seja medido pela capacidade pessoal ou pelo rendimento social manifestado pela
competência dentro do sistema coletivo, ao passo que o comunismo aspira suprimir até
mesmo este último tipo de competência: o lema comunista é “de cada um segundo a sua
capacidade e a cada um segundo as suas necessidades”. Nenhum dos países simplificada-
mente denominados comunistas atingiram este estágio; ficaram na fase de “ditadura do
proletariado” ou “democracia popular”. A Perestroika, palavra russa que significa reestru-
turação e que designa a política iniciada por Gorbatchov na ex-URSS, marcou o princípio
do fim destes regimes.

CONFLITO: Luta consciente e pessoal, entre indivíduos ou grupos, em que cada um dos
contendores almeja uma condição, que exclui a desejada pelo adversário.

CONFLITO DE PAPÉIS: Situação que ocorre quando surgem expectativas incompatíveis en-
tre duas ou mais posições ocupadas pela mesma pessoa.
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SOCIOLOGIA

CONGLOMERADO: É uma empresa que controla certo número de outras que, entre si,
produzem uma grande variedade de bens e serviços. Um conglomerado, por exemplo,
pode possuir uma companhia de alimentos congelados, uma fábrica de malas, uma em-
presa que produz armas, uma agência de publicidade e assim por diante. Os conglomera-
dos são sociologicamente importantes porque sua posição complexa e diversificada torna-
-os muito mais poderosos, estáveis e competitivos do que outros tipos de empresas. À
medida que empresas bem-sucedidas usam seus lucros para adquirir ou se fundir com
outras, os mercados tornam-se cada vez mais dominados por conglomerados e a distribui-
ção da riqueza e do poder econômico torna-se mais desigual. Esse fato assume importân-
cia especial quando os conglomerados são de âmbito internacional. Em alguns casos, seus
recursos econômicos excedem o produto nacional bruto da maioria das nações.

CONSCIÊNCIA DE CLASSE: Consiste no fato de dar-se conta ou perceber as diferenças que


existem entre a própria situação de classe e a de outro indivíduo ou indivíduos. Essas ati-
tudes podem consistir num sentimento de inferioridade ou de superioridade, respectiva-
mente, se os outros pertencem às classes sociais (veja CLASSES SOCIAIS) superiores ou
inferiores. Podem dar lugar a um sentimento de oposição ou de hostilidade, à medida que
se percebem as diferenças de interesses, em sociedades que possuem a luta de classes,
ou simplesmente um sentimento de afastamento ou reserva, devido à diferença de usos
sociais, costumes e ideologias das diferentes classes.

CONSCIÊNCIA COLETIVA: Soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros


da comunidade, formando um sistema autônomo, isto é, uma realidade distinta que per-
siste no tempo e une as gerações (Durkheim). A consciência coletiva é um arcabouço cul-
tural de ideias morais e normativas, a crença em que o mundo social existe até certo ponto
à parte e externo à vida psicológica do indivíduo. Como indivíduos, sentimos as limitações
e restrições impostas pelo mundo social e somos afetados por elas quando fazemos op-
ções sobre como nos mostrar e nos comportar em relação aos outros. Quando alguém
comete um ato imoral, por exemplo, é a consciência coletiva que é violada. Dizer que al-
guma coisa é imoral diz muito mais do que aquilo que é pessoalmente ofensivo ou abomi-
nável para a pessoa que assim se manifesta. Em vez disso, declarações desse tipo apelam
para uma autoridade maior, que está contida na ordem moral associada a sistemas sociais
como um todo. Neste sentido, a consciência coletiva é inteiramente diferente da consci-
ência individual. Não é uma “mente grupal”, mas sim um arcabouço comum que indiví-
duos experimentam como externo, limitador e significativo.

CONSENSO SOCIAL: Conformidade de pensamentos, sentimentos e ações que caracteri-


zam os componentes de determinado grupo ou sociedade (Willians).

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SOCIOLOGIA

CONSTITUIÇÃO: Ou Carta Magna. Conjunto de leis fundamentais de um país, com normas


e regulamentos que norteiam a ação dos poderes públicos, assim como os direitos e de-
veres das pessoas que integram a população desse país.

CONSUMISMO: É uma compulsão que leva o indivíduo a comprar de forma ilimitada e sem
necessidade bens, mercadorias e/ou serviços. Ele se deixa influenciar excessivamente pela
mídia, o que é comum em um sistema dominado pelas preocupações de ordem material, na
qual os apelos do capitalismo calam fundo na mente humana. Não é à toa que o universo
contemporâneo no qual habitamos é conhecido como “sociedade de consumo”.

CONSUMO COLETIVO: É um conceito que se refere aos numerosos bens e serviços que,
nas cidades, tendem a ser produzidos e consumidos em nível coletivo. Incluem escolas
públicas, bibliotecas, ruas, pontes, transporte público, serviços de saúde, coleta do lixo,
habitação financiada pelo Estado, bem-estar, proteção policial e contra incêndios, parques
e equipamentos de recreação. Manuel Castells utiliza esse termo em seu trabalho sobre
comunidades urbanas, em especial na medida em que elas se desenvolvem e funcionam
em relação ao capitalismo industrial. De muitas maneiras, empresas capitalistas depen-
dem desses bens e serviços – assim como de uma força de trabalho educada e de meios
de transporte – para que possam funcionar. Não obstante, relutam em pagar por eles por-
que não geram lucros. Como resultado, cidade, Estado e governos nacionais constituem
os maiores fornecedores desses serviços, mas lutam com uma crônica falta de recursos.
Esse fato, argumenta Castells, ocasiona crises repetidas, movimentos sociais e outras for-
mas de luta política em torno do fornecimento de serviços e controle sobre as instituições
do Estado por eles responsáveis.

CONSUMO CONSPÍCUO: Ou consumo ostentatório, é um termo usado para descrever os


gastos em bens e serviços adquiridos principalmente com o propósito de mostrar riqueza.
Thorstein Veblen define consumo conspícuo como a prática de comprar e ostentar posses
materiais com vistas a indicar ou realçar o próprio prestígio aos olhos dos demais. O con-
sumo conspícuo ocorre em forma ostensiva ou sutil.

CONTATO: É a fase inicial da interestimulação, sendo as modificações resultantes deno-


minadas interação (veja INTERAÇÃO). É um aspecto primário e fundamental do processo
social (veja PROCESSO SOCIAL) porque do contato dependerão todos os outros processos
ou relações sociais. Divide-se em: contatos diretos (aqueles que ocorrem por meio da per-
cepção física, portanto, realizados face a face); contatos indiretos (realizados por meio de
intermediários – com os quais se terá um contato direto – ou meios técnicos de comuni-
cação); contatos voluntários (derivados da vontade própria dos participantes, de maneira
espontânea, sem coação); contatos involuntários (derivam da imposição de uma das par-
tes sobre a outra); contatos primários (pessoais, íntimos e espontâneos, em que os indiví-

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SOCIOLOGIA

duos tendem a compartilhar das suas experiências particulares; envolvem elemento emo-
cional, permitindo certa fusão de individualidades que dão a origem ao “nós”); contatos
secundários (são contatos formais, impessoais, calculados e racionais, geralmente super-
ficiais, envolvendo apenas uma faceta da personalidade); contatos do “nosso grupo” (fun-
damentados no fenômeno do etnocentrismo (veja ETNOCENTRISMO) com a sobrevalori-
zação da cultura e dos costumes. Há uma tendência para a identificação com os elementos
do grupo, mantendo relações baseadas em simpatia, sentimento de lealdade, amizade e
até mesmo de altruísmo; contatos do “grupo alheio” (contato com pessoas estranhas, cuja
cultura e costumes são menosprezados. Considerados estranhos, forasteiros, adversários
ou inimigos, os sentimentos que eles despertam são de indiferença ou inimizade); conta-
tos categóricos (resultam da classificação que fazemos de uma pessoa desconhecida, ba-
seada na sua aparência física, cor da pele, feições, profissão etc., de acordo com as carac-
terísticas atribuídas a ela pelo “nosso grupo”); contatos simpatéticos (baseados em quali-
dades manifestadas pelos indivíduos, e não em características de categorias) (vide CATE-
GORIAS).

CONTRACULTURA: (Ou cultura alternativa) – é uma subcultura que rejeita e combate ele-
mentos importantes da cultura dominante da qual faz parte. Durante a década de 1960,
por exemplo, movimentos contraculturais nos Estados Unidos criticavam em altos brados
os valores da corrente principal da vida americana, como o materialismo, o apoio à Guerra
do Vietnã, o respeito à autoridade e as opções do estilo de vida conservador refletidas no
vestuário, corte de cabelo e rejeição de drogas como a maconha e o LSD. As contraculturas
podem assumir grande variedade de formas, de cultos religiosos a comunas e movimentos
políticos, como o Partido Verde na Europa Ocidental.

CONTRATO SOCIAL: Contrato social é uma ideia que tem sido usada um tanto metaforica-
mente para descrever a relação entre cidadãos e Estado. Thomas Hobbes, filósofo do sé-
culo XVII, considerava o Estado uma instituição necessária para evitar que pessoas fizes-
sem mal umas às outras. Era uma proteção, contudo, que requeria que pessoas renunci-
assem a parte de sua liberdade e autonomia em favor do Estado. Esse fato gerou a ideia
de contrato, de proteção em troca de submissão à autoridade, com o entendimento de
que ambas as partes – o Estado e o corpo de cidadãos – deveriam ficar à altura de sua
parte na barganha, sem abuso dos termos do acordo. Pessoas, claro, não entram consci-
entemente em um contrato de tal tipo e essa não foi a maneira como o Estado veio de
fato surgir. Daí a natureza metafórica do conceito. A ideia de contrato social desempenhou
um papel importante na discussão dos direitos dos cidadãos em relação ao Estado, bem
como da base da legitimidade do Estado como instituição, em especial da forma proposta
por Jean-Jacques Rousseau. Outros autores, Talcott Parsons entre eles, argumentaram
que a coesão social repousa em consenso sobre valores, e não sobre um contrato social.
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SOCIOLOGIA

COOPERAÇÃO: É o tipo particular de processo social em que dois ou mais indivíduos ou


grupos atuam em conjunto para a consecução de um objetivo comum. É requisito especial
e indispensável para a manutenção e continuidade dos grupos e sociedades.

CONURBAÇÃO: Aglomeração de cidades num ambiente urbano contínuo.

CORONELISMO: É um fenômeno que se iniciou no Brasil após a proclamação da República.


Com o fim do voto censitário – que exigia do cidadão uma renda mínima para poder votar
– o número de brasileiros eleitores aumentou, e as elites do império passaram a se utilizar
desse fenômeno para se manter no poder. O jurista brasileiro Victor Nunes Leal foi o cria-
dor do termo, em 1948, no livro Coronelismo, Enxada e Voto. Em suas próprias palavras:
“Concebemos o coronelismo como resultado da superposição de formas desenvolvidas do
regime representativo a uma estrutura econômica e social inadequada (…) o coronelismo
é sobretudo um compromisso, uma troca de proveitos entre o poder público, progressi-
vamente fortalecido, e a decadente influência social dos chefes locais, notadamente, os
senhores de terras”. Ou seja, o coronelismo era uma troca de favores entre os menos fa-
vorecidos e os coronéis, e entre estes e o poder público.

CORPORAÇÃO: Organização social que reúne patrões e empregados em torno dos mes-
mos objetivos e interesses. A palavra é também utilizada para designar entidades profis-
sionais que atuam em defesa de seus interesses e privilégios em detrimento do interesse
público. Corporações de Ofício foram as associações de artesãos durante a Idade Média
na Europa ocidental.

CORPORATIVISMO: Sistema social que divide a sociedade segundo os grupos profissionais


que dela participam, reunindo sindicatos de patrões e de empregados de uma categoria
profissional, ou de diversas categorias profissionais, sob a mesma associação. Como pro-
posta de organização social, o corporativismo foi idealizado por correntes políticas de di-
reita, como o fascismo, com o objetivo de colocar um fim na luta de classes entre patrões
e empregados. Constituiu a base do Estado na Itália sob o regime fascista (1922-1945).

COSTUMES: Normas de conduta coletiva, obrigatória, dentro de um grupo social.

CRENÇA: Aceitação como verdadeira de determinada proposição, que pode ou não ser
comprovada. Tem a possibilidade de ser tanto intelectual (crença científica) como emoci-
onal, falsa ou verdadeira. A realidade da crença independe da verdade intrínseca e obje-
tiva de dada proposição (ou a ausência dela).

CRESCIMENTO: Transformação definida e contínua, determinada quantitativamente, com


relação à magnitude; difere do desenvolvimento (veja DESENVOLVIMENTO) por ser uma
variação unidimensional, que se limita a determinado setor da organização social, ao passo
que desenvolvimento abrange os diferentes setores da sociedade, de forma harmônica,
constituindo-se num fenômeno multidimensional.
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SOCIOLOGIA

CRIME: Uma infração do direito penal para a qual uma autoridade governamental aplica
penalidades formais. Cabe ressaltar que nem todo crime se trata obrigatoriamente de um
ato violento, assim como determinadas violências podem não ser consideradas formal-
mente crimes.

CRIME DE COLARINHO BRANCO: Descreve o conceito de atos criminosos que surgem de


oportunidades criadas pela posição social do indivíduo, em particular da ocupação. Faz
menção aos sujeitos com prestígio social e capacidade intelectual acima da média, que se
utilizam dessas especializações ou de seus cargos públicos para enriquecer sem qualquer
ponderação.

CRIME DO COLARINHO AZUL: Descreve aqueles que, em sua grande maioria, são cometidos
por pessoas menos afortunadas, moradoras de comunidades e com pouca aprendizagem es-
colar.

CRIME ORGANIZADO: Trabalho de um grupo que regula as relações entre empreendimen-


tos criminosos envolvidos em atividades ilegais e contravenções.

CULTURA: Cultura é o conjunto acumulado de símbolos, ideias e produtos materiais asso-


ciados a um sistema social, seja ele uma sociedade inteira ou uma família. Juntamente
com estrutura social, população e ecologia, constitui um dos principais elementos de to-
dos os sistemas sociais e é conceito fundamental na definição da perspectiva sociológica.
A cultura possui aspectos materiais e não materiais. A cultura material inclui tudo o que é
feito, modelado ou transformado como parte da vida social coletiva, da preparação do
alimento à produção de aço e computadores, passando pelo paisagismo que produz os
jardins do campo inglês. Acultura não material inclui símbolos – de palavras à notação
musical –, bem como as ideias que modelam e informam a vida de seres humanos em
relações recíprocas e os sistemas sociais dos quais participam. As mais importantes dessas
ideias são as atitudes, as crenças, os valores e as normas. É importante notar que cultura
não se refere ao que pessoas fazem concretamente, mas às ideias que têm em comum
sobre o que fazem e os objetos materiais que usam. O ato de comer com pauzinhos ao
invés de com talheres, ou com as mãos, por exemplo, não faz parte da cultura. O que os
homens fazem é que torna visível a influência da cultura. Os pauzinhos de comer em si,
contudo, constituem na verdade uma parte da cultura, como também as expectativas co-
muns que definem esse ato como maneira apropriada, e mesmo esperada, de comer em
certas sociedades. Distinção entre cultura, por um lado, e o que fazemos, por outro, é
importante porque o poder e a autoridade da cultura na vida humana têm origem princi-
palmente em nossa experiência de cultura como algo externo a nós e que transcende o
que fazemos na realidade. Nossa aparência ou nosso comportamento podem conformar-se
com os padrões culturais ou desviar-se deles, mas aparência ou comportamento não são
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SOCIOLOGIA

em si partes da cultura e não devem ser confundidos com esses padrões. O que torna uma
ideia cultural, e não pessoal, não é simplesmente o fato de ser comum a duas ou mais
pessoas: ela deve ser vista e vivenciada como tendo uma autoridade que transcende os
pensamentos do indivíduo. Não consideramos um símbolo ou uma ideia como culturais
porque a maioria das pessoas deles compartilha; na verdade, não temos meios de saber o
que a maioria das pessoas numa sociedade pensa. Em vez disso, supomos que a maioria
das pessoas compartilha de uma ideia cultural porque a identificamos como cultural.

CULTURA DE FOLK: É a cultura dos grupos iletrados. Trata-se de um conceito utilizado pela
Antropologia Cultural para designar o sistema de crenças e valores das sociedades mais
ou menos isoladas, de caráter predominantemente rural e que se caracterizam por uma
cultura basicamente oral.

CULTURA ERUDITA: Ou cultura de elite – É a cultura (entendida, neste caso, como con-
junto de conhecimentos) que se adquire de maneira organizada e formal, por meio de
escolas e livros, ou ainda dos meios de comunicação – jornais, revistas, televisão, rádio,
cinema.

CULTURA MATERIAL: Os aspectos físicos e tecnológicos da nossa vida diária.

CULTURA IMATERIAL: Formas de usar objetos materiais, bem como costumes, crenças,
filosofias, governos e padrões de comunicação.

CULTURA POPULAR: Conjunto de crenças, valores, práticas, objetos materiais e tradições


criado pelas camadas mais baixas da sociedade de forma espontânea e sem a intermedia-
ção diretamente visível da cultura erudita. Apesar dessa espontaneidade podemos encon-
trar, contudo, elementos da cultura popular que são resultado da apropriação e recriação
em outro contexto de aspectos da cultura erudita. É a chamada cultura espontânea, mais
próxima do senso comum, transmitida quase sempre oralmente. Da mesma forma que a
cultura erudita, a cultura popular alcança formas artísticas expressivas e significativas.

DARWINISMO SOCIAL: Uma adaptação feita no século XIX da Teoria da Evolução de Char-
les Darwin, é uma explicação teórica da vida social humana em geral e da desigualdade
social, em particular. Da forma exposta por Herbert Spencer na Grã-Bretanha e, em maior
extensão, por William Graham Sumner nos Estados Unidos, o desenvolvimento das socie-
dades assemelha-se à evolução natural, com competição entre vários grupos (raciais, ét-
nicos, de classe etc.) fornecendo a dinâmica necessária para que a sociedade progrida
através da vitória de grupos superiores sobre os inferiores e menos “aptos”. No tocante à
desigualdade social, o darwinismo social atribuía a brecha entre ricos e pobres principal-
mente à maior “aptidão” dos primeiros para sobreviver e prosperar. A sociedade era as-
semelhada ao mundo natural, governada pela competição e pela “sobrevivência dos mais
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SOCIOLOGIA

aptos”, frase esta cunhada por Spencer, e não por Darwin. Como argumento, o darwi-
nismo social tem defeitos profundos e goza de pouca ou nenhuma credibilidade entre os
modernos cientistas sociais. Em certo sentido, baseia-se em uma tautologia porque mede
aptidão em termos do que a aptidão deve supostamente explicar: os ricos são mais ricos
porque são mais aptos, e a prova de sua maior aptidão está na riqueza de que dispõem.
Esse argumento é verdadeiro por definição enquanto aceitarmos a ideia de que a posse
de grande riqueza é uma medida válida de aptidão (e não um acidente, como nascer em
família rica, por exemplo). Como tal, pode ser sempre usado para justificar o status quo,
começando com a opressão social, racial e de outros tipos, e o imperialismo.

DEFLAÇÃO: Situação na qual os preços das mercadorias de uma economia estão, em mé-
dia, diminuindo em vez de aumentar.

DEMOCRACIA: Sistema político no qual a soberania emana do povo, isto é, do conjunto


dos cidadãos, que podem exercer o governo diretamente, como na Grécia Antiga (demo-
cracia direta), ou por meio de representantes livremente escolhidos de forma periódica
(democracia representativa moderna). A democracia moderna se caracteriza também
pelo respeito às liberdades individuais e coletivas, pelo respeito aos direitos humanos,
pela divisão do poder do Estado em três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), pela
igualdade de todos perante a lei e pela existência de formas de controle das autoridades
pelos cidadãos.

DEMOGRAFIA: É o estudo sistemático de crescimento, tamanho, composição, distribuição


e movimentação de populações humanas.

DEPRESSÃO (economia): Uma recessão mais severa. Geralmente é definida pela contra-
ção do PIB em 10%, ou quando a recessão dura três anos ou mais.

DESAJUSTAMENTO SOCIAL: Desadaptação de um ou mais indivíduos, ou mesmo de gru-


pos inteiros, às condições e exigências da sociedade.

DESENVOLVIMENTO: Processo pelo qual o crescimento acelerado da economia é provo-


cado e acompanhado por mudanças sociais que transformam qualitativamente a socie-
dade, tornando-a mais justa, harmônica e democrática.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Enfoque que combina a conservação em longo prazo


do meio ambiente natural do planeta com o desenvolvimento econômico dos países em
desenvolvimento.

DESIGUALDADE SOCIAL: É um processo existente dentro das relações da sociedade, pre-


sente em todos os países do mundo. Faz parte das relações sociais, pois determina um
lugar aos desiguais, seja por questões econômicas, de gênero, de cor, de crença, de círculo
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SOCIOLOGIA

ou grupo social. Essa forma de desigualdade prejudica e limita o status social dessas pes-
soas por determinados motivos, além de seu acesso a direitos básicos, como acesso à edu-
cação e saúde de qualidade, direito à propriedade, direito ao trabalho, direito à moradia,
ter boas condições de transporte e locomoção, entre outros.

DESIGUALDADE DE CLASSES: Dependendo do autor, a explicação desse tipo de desigual-


dade será diferente, mas sempre levará em conta a ocupação profissional, a escolaridade,
a riqueza, os bens, a renda das pessoas. O sociólogo Max Weber acredita que as classes
sociais estão ligadas aos privilégios e prestígios, sendo uma forma de estratificação social.
Acredita que essas classes tendem a se manter estáveis ao longo de gerações, reprodu-
zindo a desigualdade com as classes inferiores. Já Karl Marx, entende que existem duas
grandes classes: a trabalhadora (proletariado) e os capitalistas (burguesia). Enquanto os
trabalhadores se importam em sobreviver, os capitalistas se preocupam com o lucro, cri-
ando as desigualdades e os conflitos sociais, como a opressão e a exploração.

DESIGUALDADE DE GÊNERO: É uma pauta muito discutida desde o início desta primavera
feminista do século XXI. Ela se manifesta na discriminação de oportunidades, de trata-
mento, de direitos, de liberdade. Por vezes, no sistema patriarcal, mulheres recebem sa-
lários mais baixos que um homem, embora fazendo o mesmo trabalho, com o mesmo grau
de ensino e cumprindo os mesmos horários – na esfera pública, também é discutida a
representatividade da mulher em cargos de poder e na política.

DESIGUALDADE DE RAÇA: O Brasil, ao contrário do mito, não é uma democracia racial. A


desigualdade começa já na discussão de oportunidades: onde as pessoas negras moram e
crescem hoje? Como herança da escravidão, 72% dos moradores de favela são negros. Sete
em cada dez casas que recebem o benefício do Bolsa Família são chefiadas por negros, se-
gundo dados do estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça, do Ipea. Além disso, o
analfabetismo é duas vezes maior entre negros do que entre brancos. Em segundo lugar, há
preconceito e discriminação racial em diversos âmbitos ainda: diz-se que racismo é estrutu-
ral e reproduzido pela sociedade a fim de excluí-los dos círculos sociais. Os jornais, a televisão
e os filmes, por exemplo, também reproduzem e ajudam a perpetuar essa lógica.

DESPOTISMO: Sistema de governo que se caracteriza pela concentração do poder nas


mãos de um indivíduo, um partido ou uma oligarquia; trata-se de um tipo de regime no
qual o poder é exercido de forma autoritária e arbitrária.

DESVIO: O comportamento de um desvio é conceituado não apenas como um comporta-


mento que infringe uma norma por acaso, mas também como um comportamento que
infringe determinada norma para a qual a pessoa está orientada naquele momento; o
comportamento de um desvio consiste, pois, em infração motivada.

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SOCIOLOGIA

DETERMINISMO: É um modo de pensar que supõe que tudo é, de modo previsível, cau-
sado por alguma coisa. Mais especificamente, determinismo descreve qualquer teoria que
explique o mundo em termos de alguns fatores estreitamente definidos, com exclusão de
todos os demais (prática conhecida também como reducionismo). O determinismo bioló-
gico, por exemplo, argumenta que a fisiologia, a genética e as pressões demográficas de-
terminam como sociedades são organizadas. O determinismo social (ou cultural) adota a
postura oposta, atribuindo a vida social exclusivamente a sistemas sociais, que se supõe
estarem além da influência dos aspectos biológicos da existência humana. Ambas as pers-
pectivas implicam que o homem tem relativamente pouco controle ou livre-arbítrio em
face de fatores biológicos ou sociais. A teoria marxista tem sido criticada como sendo uma
forma de determinismo econômico (conhecida também como economismo), ao argumen-
tar que as forças e relações de produção que definem os sistemas econômicos determi-
nam as condições sociais, da religião e literatura ao governo e à vida familiar. Da perspec-
tiva sociológica, o pensamento determinista/reducionista é falho por sua própria natu-
reza, uma vez que deixa de compreender a complexidade inerente à vida social, que a
sociologia tenta abranger e descrever. Na verdade, o surgimento da sociologia no século
XIX teve origem em parte na crítica de Émile Durkheim à tendência de reduzir os fenôme-
nos sociais à psicologia individual.

DÍADE: Grupo composto por dois membros.

DIFUSÃO CULTURAL: Processo pelo qual traços culturais de uma sociedade são transferi-
dos para outra, ocasionando nesta última, mudanças culturais. Essa difusão ocorre geral-
mente pela ação dos meios de comunicação.

DIREITA: Os posicionamentos de direita valorizam os indivíduos independentes e respon-


sáveis pelas suas ações. Cada indivíduo deve conviver com os resultados de suas decisões,
sejam eles positivos ou negativos. Promove a igualdade político-jurídica, que é entendida
como suficiente para garantir as mesmas oportunidades aos indivíduos da sociedade. Con-
sidera a desigualdade social inevitável e natural, advinda da competição entre indivíduos
livres. A ajuda às pessoas em necessidade na sociedade deve ser uma decisão dos indiví-
duos e não uma imposição do Estado ou da coletividade.

DIREITOS HUMANOS: Direitos que, por princípio, aplicam-se a todos os seres humanos.
São garantidos por leis internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos do Ho-
mem, adotada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), e consistem em três
grupos de direitos: direitos e liberdades civis, como a liberdade de consciência, de palavra
e de opinião, o direito de ir e vir, a liberdade de imprensa, a proibição da prisão arbitrária,
a condenação da tortura e dos maus-tratos etc.; direitos e liberdades políticas, como a
liberdade de associação e de filiação partidária, o pluripartidarismo, o direito de voto (su-

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SOCIOLOGIA

frágio universal), o direito a ocupar um cargo público etc.; e os direitos sociais, ou coleti-
vos, como o direito à saúde e à educação, a proteção do menor, da mulher e dos idosos,
os direitos trabalhistas (jornada de oito horas de trabalho, descanso semanal remunerado,
aposentadoria, férias) etc.

DISCRIMINAÇÃO: A negação de oportunidades e direitos iguais a indivíduos e grupos por


causa do preconceito ou razões arbitrárias.

DISFUNÇÃO: Um elemento ou processo de uma sociedade que pode perturbar o sistema


social ou reduzir sua estabilidade.

DITADURA: Sistema anômalo de governo baseado no poder de uma só pessoa ou de um


pequeno grupo, o qual impõe normas, regras e desejos de forma arbitrária sobre os go-
vernados, impedindo que estes se manifestem ou reajam contra a vontade dos governan-
tes. As ditaduras se caracterizam pela supressão total ou parcial das liberdades democrá-
ticas individuais e coletivas e pelo desrespeito aos direitos humanos.

DIVISÃO DO TRABALHO: É a distribuição e diferenciação de funções entre indivíduos ou


grupos nas atividades produtivas de uma sociedade.

DUPLA JORNADA: A carga dupla – trabalho fora de casa mais cuidado das crianças e tare-
fas domésticas – que muitas mulheres enfrentam e poucos homens compartilham de
forma justa.

ECONOMIA POLÍTICA: É um conceito que se refere ao funcionamento e interesses inter-


dependentes de sistemas políticos e econômicos, sobretudo em sociedades industriais
complexas. Tão forte é essa conexão que se torna virtualmente impossível compreender
o funcionamento de um sem levar em conta suas relações com o outro.

ELITE: É qualquer grupo ou categoria em um sistema social que ocupa uma posição de
privilégio e dominação. Os exemplos incluem a classe alta, os altos comandos militares, os
professores catedráticos em algumas universidades, executivos-chefes de empresas, líde-
res da religião organizada, altos funcionários de partido na oligarquia política ou peritos
em sistemas sociais que dependem de conhecimentos especializados.

EMPIRISMO: É um método filosófico baseado na ideia de que a única forma válida de co-
nhecimento é aquela obtida através do emprego dos sentidos. De acordo com esse ponto
de vista, se alguma coisa não pode ser observada, então de nada adianta tentar explicar
fenômenos naturais ou de qualquer outro tipo.

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SOCIOLOGIA

EMPODERAMENTO: É a ação social coletiva de participar de debates que visam potencia-


lizar a conscientização civil sobre os direitos sociais e civis. Esta consciência possibilita a
aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva necessária para a
superação da dependência social e dominação política.

ENDOCULTURAÇÃO: Processo de aprendizagem e educação de uma cultura, desde a in-


fância até a idade adulta (veja CULTURA).

ENDOGAMIA: A restrição da seleção de parceiros a pessoas dentro do mesmo grupo.

ENDOGRUPO: Qualquer grupo ou categoria a que as pessoas acham que pertencem.

ESFERA PÚBLICA: Termo associado ao sociólogo alemão Jürgen Habermas. A esfera pú-
blica é um espaço de debate público e de discussão nas sociedades modernas.

ESPAÇO SOCIAL: É uma espécie de universo constituído pela população humana; sem ha-
ver seres humanos, ou existindo apenas um, não há espaço social. Sendo assim, o espaço
social é totalmente contrário do espaço geográfico, cuja existência de seres humanos é
indiferente.

ESQUERDA: Os posicionamentos de esquerda valorizam os indivíduos altruístas e dispos-


tos a se conformar com a coletividade. A sociedade deve oferecer segurança social aos
indivíduos, independentemente de sua condição ou ações. Promove a igualdade social,
opondo-se a qualquer tipo de desigualdade considerada injusta, principalmente as desi-
gualdades econômicas. Considera que a sociedade, como um coletivo, deve agir em bene-
fício daqueles em desvantagem relativa a outros dentro da mesma sociedade.

ESTADO: É uma nação politicamente organizada. É constituído, portanto, pelo povo, ter-
ritório e governo. Engloba todas as pessoas dentro de um território delimitado – governo
e governados. Da forma definida por Max Weber, o Estado é a instituição social que man-
tém monopólio sobre o uso da força. Neste sentido, o Estado é definido por sua autoridade
para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas as instituições sociais, o
Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais, incluindo manter a lei,
a ordem e a estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do sistema judiciário, en-
carregar-se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de maneira que estão
além dos meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde pública, prover
educação de massa e financiar pesquisa médica dispendiosa. De uma perspectiva de con-
flito, no entanto, o Estado opera também no interesse dos vários grupos dominantes,
como as classes econômicas e grupos raciais e étnicos. Estado não é a mesma coisa que
governo, embora os termos sejam muitas vezes usados um pelo outro fora da sociologia
e da ciência política. O Estado é uma instituição social, o que significa que consiste de uma
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SOCIOLOGIA

forma ou plano social de como várias funções devem ser desempenhadas. O sistema par-
lamentar, por exemplo, é uma maneira de realizar as várias tarefas de governo, tal como
promulgar legislação. O governo, contudo, é um conjunto particular de pessoas que, em
qualquer dado tempo, ocupam posições de autoridade dentro do Estado. Neste sentido,
os governos se revezam regularmente, ao passo que o Estado perdura e só pode ser mu-
dado com dificuldade e muito lentamente.

ESTADO DE BEM-ESTAR: É um sistema social no qual o governo assume a responsabilidade


básica pelo bem-estar de seus cidadãos, providenciando para que o povo tenha acesso a
recursos básicos, como habitação, serviços de saúde, educação e emprego.

ESTADO MÍNIMO: Atrelado à concepção política do liberalismo, o conceito de Estado mí-


nimo descreve que o Estado (governo) não pode atuar ou intervir em todas as esferas. O
liberalismo político afirma que há um aglomerado de direitos inerentes ao ser humano e
que, portanto, o Estado não pode intervir. Esses direitos seriam a liberdade individual, os
direitos individuais, a igualdade perante a lei, a segurança, a felicidade, a liberdade religi-
osa, a liberdade de imprensa, entre outros. O Estado seria limitado no plano legal, por
meio das leis, e no plano individual/privado em razão desse conjunto de direitos.

ESTADO-NAÇÃO: Combinação de uma grande comunidade (nação) e uma forma (Estado)


territorial e política, criando uma entidade político-cultural, hoje há “unidade de sobrevi-
vência” mais difundida no mundo.

ESTAGFLAÇÃO: Quando à inflação elevada se soma a estagnação do crescimento econômico.

ESTAMENTO: Constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fe-
chadas do que as classes (veja CLASSE SOCIAL) e mais abertas do que as castas (veja CAS-
TAS), reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra.

ESTEREÓTIPOS: São construções mentais falsas, imagens e ideias de conteúdo alógico, que
estabelecem critérios socialmente falsificados. Os critérios baseiam-se em características
não comprovadas e não demonstradas, atribuídas a pessoas, a objetos e a situações soci-
ais, mas que, na realidade, não existem. O estereótipo é uma crença rígida, excessiva-
mente simplificada, não raro exagerada, aplicada tanto a uma categoria inteira de indiví-
duos como a cada indivíduo desta. (A palavra é tomada de empréstimo do processo de
impressão gráfica, no qual uma única impressão é usada para produzir muitas cópias idên-
ticas.) A crença em que pessoas que trabalham em assistência social são indolentes é um
estereótipo, como também a crença de que homens não sabem cuidar de crianças. É im-
portante, porém, distinguir entre estereótipo e generalização. A generalização é qualquer
declaração descritiva aplicada a uma categoria ou grupo de pessoas como um todo.

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SOCIOLOGIA

ESTIGMA: É um rótulo social negativo que identifica pessoas como desviantes, que seu
comportamento viole normas, mas porque elas têm características pessoais ou sociais que
levam outras pessoas a excluí-las. Indivíduos obesos, com defeitos físicos ou desfigurados
(sobretudo no rosto) não violaram normas, mas frequentemente são tratados como se o
tivessem feito. Esse fato aplica-se também aos que são identificados como homossexuais,
doentes mentais ou infectados pelo vírus da AIDS, ou parentes de alguém que seja um
traidor ou assassino que violou normas importantes. O estigma também pode ser aplicado
a grupos minoritários, tais como negros, judeus e mulheres, cujo único crime consiste sim-
plesmente em fazer parte de uma categoria social estigmatizada.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: Diferenciação de indivíduos e grupos em posições (status), es-


tratos ou camadas, mais ou menos duradouros e hierarquicamente sobrepostos. Caracte-
rísticas: tem caráter social, é antiga, é onipresente, é diversa nas suas formas, tem influên-
cia, isto é, as coisas mais importantes, mais desejadas e, frequentemente, mais escassas
na vida humana constituem os materiais básicos, que são desigualmente distribuídos en-
tre os componentes das diversas camadas.

ESTRUTURA SOCIAL: Partindo da constatação de que os membros e os grupos de uma


sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de
deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceitos e praticados entre si, a estrutura social
refere-se à colocação e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de rela-
ções de obrigação. Por outras palavras, o agrupamento de indivíduos, de acordo com po-
sições, que resulta dos padrões essenciais de relações de obrigação, constitui a estrutura
social de uma sociedade (Brown e Barnett).

ESTRUTURALISMO: A ideia de que devemos entender as coisas – como um texto, a mente


ou a sociedade – ao examinar seus elementos, ou padrões de relações, sua estrutura.

ÉTICA PROTESTANTE: É uma ética religiosa que enfatiza comportamento rigorosamente


controlado, planejamento metódico e trabalho árduo, abnegação, dedicação à vocação e
ao sucesso. Ao tentar explicar o contexto cultural no qual se desenvolveu o capitalismo,
Max Weber argumentou que a Reforma Protestante na Europa produziu uma ética que
facilitou e deu respaldo às tendências básicas do capitalismo, em especial às que se rela-
cionavam com os investimentos e à acumulação de riqueza. Ao rejeitar a Igreja e seus ritos
como meios seguros de salvação, o protestantismo confiou, em vez deles, na autonomia
e na responsabilidade individuais que, por sua vez, geraram grande ansiedade e a neces-
sidade de reafirmação de que a salvação pessoal estava garantida. A resposta protestante
a essa ansiedade foi promover uma coerência ética e um estilo de vida que ajudaram a
criar um ambiente cultural que legitimava e promovia todos os tipos de práticas e valores
que permitiriam ao capitalismo florescer. Por várias razões técnicas, têm sido numerosas
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SOCIOLOGIA

as críticas à tese de Weber (tal como se o catolicismo também fornecia ou não algum apoio
cultural à prática capitalista). Talvez sua contribuição mais duradoura, contudo, resida sim-
plesmente no argumento de que certos aspectos da cultura afetam de forma profunda a
estrutura dos sistemas sociais. Essa tese choca-se de frente com a opinião marxista de que
o modo de produção é que molda a cultura, e não o inverso.

ETNOCENTRISMO: Atitude emocional que sustenta o grupo, a raça ou a sociedade a que


uma pessoa pertence, superiores a outras entidades raciais, sociais ou culturais. Esta ati-
tude encontra-se associada ao desprezo pelo estrangeiro ou pelo forasteiro, assim como
pelos seus costumes. No seu primeiro sentido, etnocentrismo é uma cegueira para dife-
renças culturais, a tendência de pensar e agir como se elas não existissem. No segundo
sentido, refere-se aos julgamentos negativos que membros de uma cultura tendem a fazer
sobre todas as demais.

ETNOGRAFIA E ETNOLOGIA: Um trabalho etnográfico é uma explicação descritiva da vida


social e da cultura em um dado sistema social, baseada em observação detalhada do que
as pessoas de fato fazem. Constitui um método de pesquisa associado principalmente a
estudos antropológicos de sociedades tribais, mas é também usado por sociólogos, sobre-
tudo em relação a grupos, organizações e comunidades que são parte de sociedades mai-
ores e mais complexas, tais como hospitais, bairros étnicos, gangues urbanas e cultos re-
ligiosos. A etnografia desempenha um papel importante em etnologia, o ramo da antro-
pologia que estuda como as culturas se desenvolvem ao longo da história e se comparam
com outras.

EXCLUSÃO SOCIAL: O produto de múltiplas privações que impedem os indivíduos ou gru-


pos de participarem plenamente na vida econômica, social e política da sua sociedade.

EXOGAMIA: A exigência de que as pessoas escolham um parceiro fora de determinados


grupos.

EXOGRUPO: Um grupo ou categoria a que a pessoa sente que não pertence.

FAMÍLIA: Grupo de indivíduos ligados por laços consanguíneos, casamento ou adoção, que
formam uma unidade socioeconômica, sendo os membros adultos os responsáveis pela
criação dos filhos.

FASCISMO: É um movimento político, econômico e social que se desenvolveu em alguns


países europeus no período após a Primeira Guerra Mundial, principalmente naqueles que
enfrentavam graves crises econômicas, como a Itália e a Alemanha. Entre as principais
características desse sistema, estão a concentração do poder nas mãos de um único líder,
o autoritarismo, o uso da violência, o imperialismo, a exaltação da coletividade nacional
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SOCIOLOGIA

em detrimento das culturas de outros países. Diferente de outras correntes ideológicas, o


fascismo é um termo de difícil definição, que pode apresentar diversos significados depen-
dendo do enfoque escolhido e das características acentuadas. Assim, ainda não existe um
conceito de fascismo universalmente aceito.

FATO SOCIAL: De acordo com Émile Durkheim, o fato social é uma característica cultural
e estrutural de sistemas políticos que experimentamos como externa a nós e que exerce
uma influência e autoridade que equivalem a mais do que a somadas intenções e motiva-
ções de indivíduos que, por acaso, participem desses sistemas em um determinado tempo.
Uma “empresa”, por exemplo, existe como sistema que envolve pessoas que nela traba-
lham, mas, de várias formas, é independente delas. A empresa pode ir à falência ou desa-
parecer por completo, mas esse fato não significa que as pessoas que nela trabalham terão
o mesmo destino. A empresa, então, com uma cultura e estrutura que a definem como
sistema, é um conjunto de fatos sociais que limitam e moldam a vida das pessoas que dela
fazem parte. Até certo ponto, a sociologia teve origem como reação a uma perspectiva
individualística, psicológica, da vida humana que dominou o pensamento europeu no sé-
culo XIX. Durkheim argumentava em especial que a natureza coletiva da sociedade e da
vida social não podia reduzir a experiência do indivíduo ou representações desta, que ex-
perimentar a lei como indivíduo, por exemplo, não poderia explicar a lei como fenômeno
social. Durkheim afirmava ainda que os fatos sociais deveriam ser considerados como algo
a ser examinado e compreendido em grande parte como se fossem coisas, que só podiam
ser explicadas em relação a outros fatos sociais. Essa foi uma das grandes contribuições
ao que se tornaria a moderna sociologia.

FEMINISMO: O feminismo pode ser definido de duas maneiras principais. No sentido mais
restrito, é um conjunto complexo de ideologias políticas usadas pelo movimento feminista
para promover a causa da igualdade das mulheres com os homens e pôr fim à teoria se-
xista e à prática de opressão social. Em sentido mais amplo e mais profundo, constitui uma
grande variedade de enfoques usados para observar, analisar e interpretar as maneiras
complexas como a realidade social dos sexos e a desigualdade entre eles são construídas,
impostas e manifestadas, desde ambientes institucionais mais vastos aos detalhes do dia
a dia da vida das pessoas. Esses enfoques geram não só teorias sobre as vidas psicológica,
espiritual e social e suas consequências — da música, literatura e ritual religioso a padrões
de violência e distribuição desigual de renda, saúde e poder –, mas também metodologias
de pesquisas distintas, que frequentemente se chocam com métodos consagrados, como
o método científico. Parte da crítica feminista às práticas padronizadas de pesquisa é que
elas servem ao status quo, ao tornarem quase invisíveis as experiências e pontos de vista
das mulheres.

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SOCIOLOGIA

FEMINISMO LIBERAL: Forma da teoria feminista que acredita que a desigualdade de gênero é
produzida pelo acesso reduzido das mulheres e raparigas aos direitos civis e a certos recursos
sociais, como a educação e o emprego. As feministas liberais tendem a procurar soluções por
meio de mudanças na legislação que asseguram a proteção dos direitos individuais.

FEMINISMO NEGRO: Uma corrente do pensamento feminista que insiste nas múltiplas
desvantagens de gênero, classe e raça, que moldam as experiências das mulheres não
brancas. As feministas negras rejeitam a ideia de uma única opressão de gênero sofrida
do mesmo modo por todas as mulheres, e defendem que as primeiras análises feministas
refletiam as preocupações específicas das mulheres brancas da classe média.

FEMINISMO RADICAL: Forma da teoria feminista que acredita que a desigualdade de gênero
é o resultado da dominação masculina em todos os aspectos da vida social e econômica.

FENOMENOLOGIA: É o estudo da experiência humana consciente na vida diária. Da forma


inicialmente formulada por Alfred Schutz, a sociologia fenomenológica constitui o estudo
da ligação entre consciência humana e vida social, entre a forma assumida pela vida social,
por um lado, e a maneira como pessoas percebem, pensam e falam sobre ela, por outro
Baseia-se na ideia da construção social da realidade através de interação entre indivíduos
que utilizam SÍMBOLOS para se interpretar reciprocamente e atribuir significado a percep-
ções e experiências. Quando uma mulher, por exemplo, diz a um homem, “Eu amo você.
Quer casar comigo?”, suas palavras desempenham um papel fundamental na construção
do que ambos experimentarão como realidade. Responda ele, “Caso. Eu amo você tam-
bém”, ou “Não, eu amo outra pessoa” ou ainda “Não, obrigado”, tais palavras fazem um
mundo de diferença na realidade social resultante. No primeiro caso, por exemplo, a con-
versa pode tornar-se parte da construção social a longo prazo de um relacionamento ma-
trimonial, com expectativas complexas, entendimentos e sentimentos (que, é claro, po-
dem mudar para outra realidade se, algum dia, ela disser “Eu não amo mais você”). A so-
ciologia fenomenológica considera sua tarefa principal o estudo do que Schutz chamou de
o mundo da vida – a corrente de rotinas diárias, interações e eventos aceitos como coisas
naturais e considerados não só como origem da experiência individual, mas também das
formas assumidas por grupos e sociedades.

FETICHISMO DAS MERCADORIAS: Em sua análise do capitalismo, Karl Marx descreveu o


fetichismo das mercadorias como a tendência de tratá-las como fetiches, ou seja, objetos
dotados de propriedades mágicas que lhes conferem uma vida própria. Agimos, por exem-
plo, como se bens e serviços tivessem um valor natural em comparação com outros no
mercado; como se dinheiro, ouro e outros bens fossem “preciosos” por sua própria natu-
reza; como se as mercadorias pudessem perseguir-se umas às outras e se atraírem entre

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SOCIOLOGIA

si, como acontece quando a inflação é explicada como “dinheiro demais caçando merca-
dorias de menos”. O problema com esse tipo de pensamento é que ele tende a obscurecer
os relacionamentos sociais subjacentes entre pessoas, que constituem a origem real da-
quilo que atribuímos às mercadorias. Não teríamos que comprar e vender em mercados
competitivos, por exemplo, se organizássemos a vida de modo cooperativo, baseado na
propriedade e trabalho comuns.

FEUDALISMO: Sistema social vigente na Europa Ocidental, aproximadamente entre os sé-


culos X e XVIII, com características políticas, econômicas, jurídicas e militares, particulares.
Sob este aspecto, abrange outras regiões que, à semelhança da Idade Média europeia,
possuíam instituições do estilo feudal (Egito Antigo, Índia, Império Bizantino, mundo
árabe, Império Turco, Japão etc.). As características determinantes do feudalismo apre-
sentam: um desenvolvimento extremo dos laços de dependência de homem para homem,
com uma “classe” (veja ESTAMENTO) de guerreiros especializados que ocupam os esca-
lões superiores da hierarquia (veja ESTRATIFICAÇÃO) – juridicamente fundamentada; um
parcelamento máximo do direito da propriedade; uma hierarquia oriunda dos direitos so-
bre a terra (proveniente do parcelamento), e que corresponde à hierarquia dos laços de
dependência pessoal; um parcelamento de poder público, criando em cada região uma
hierarquia de instâncias autônomas que exercem, no seu próprio interesse, poderes nor-
malmente atribuídos ao Estado e, em épocas anteriores, quase sempre da efetiva compe-
tência deste. A concepção política baseia-se, portanto, nas relações individuais e na fide-
lidade entre vassalos e suseranos, com pouca autoridade central, sendo o rei, na maioria
dos casos, o mais alto suserano. Economicamente, a terra é o elemento fundamental da
riqueza: a sua fragmentação, acompanhada do estabelecimento de laços pessoais, cria o
sistema de suserania e vassalagem: quem doa a terra é o senhor feudal ou suserano; quem
a recebe, podendo transmiti-la aos seus descendentes, é o vassalo.

FORÇAS PRODUTIVAS: As relações de produção (veja RELAÇÕES DE PRODUÇÃO) são cons-


tituídas, numa sociedade de classes, por uma dupla relação que engloba as relações dos
homens com a natureza de produção material. São elas: relações de agentes de produção
com o objeto e relação com os meios de trabalho, sendo que a última origina as forças
produtivas.

FORÇAS SOCIAIS: De modo geral, pode ser entendida como todo o estímulo ou impulso
efetivo que conduz a uma ação social. De forma concreta, uma força social, representa o
consenso por parte de um número suficiente de membros de uma sociedade, que tenha
a finalidade de acarretar uma ação ou mudança social de certa índole. No plural – forças
sociais – é utilizada para designar os impulsos básicos típicos, ou motivos, que conduzem
aos tipos fundamentais de associação e de formação de grupos.

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SOCIOLOGIA

FORDISMO: O sistema desenvolvido de modo pioneiro por Henry Ford, que implicou a
introdução da cadeia de montagem e que ligou crucialmente métodos de produção em
série com o cultivo de um mercado de massas para os bens produzidos – no caso de Ford,
em particular, o seu famoso automóvel Ford modelo T.

FOLCLORE: Conjunto orgânico de modos de sentir, pensar e agir peculiares às camadas


populares das sociedades “civilizadas” ou históricas, caracterizado pela espontaneidade.

FUNCIONALISMO: Uma abordagem sociológica que enfatiza a maneira pela qual as partes
de uma sociedade são estruturadas para manter sua estabilidade.

FUNÇÕES LATENTES: Consequências não pretendidas, não esperadas e, inclusive, não re-
conhecidas.

FUNÇÕES MANIFESTAS: Finalidades pretendidas e esperadas das organizações.

FUNDAMENTALISMO: Tendência radical, religiosa ou política, que pretende impor pa-


drões de comportamento baseados na interpretação rigorosa, ao pé da letra, de crenças
e tradições religiosas. O fundamentalismo é intolerante e rejeita o diálogo com aqueles
que pensam de forma diferente.

GEMEINSCHAFT: Termo alemão que significa comunidade.

GÊNERO: As diferenças construídas socialmente, em vez de biologicamente, entre homens


e mulheres.

GENOCÍDIO: É a tentativa sistemática de eliminar todos os membros de uma dada catego-


ria social, em geral definida por características como raça, etnicidade, religião ou nacio-
nalidade. O Holocausto imposto pela Alemanha nazista aos judeus da Europa, a destruição
das tribos americanas nativas nos Estados Unidos, o massacre turco de mais de um milhão
de armênios entre 1917 e1919, e o assassinato de milhões de pessoas no Camboja na dé-
cada de 1970 são exemplos de políticas de genocídio contra populações, com vistas a pro-
mover os interesses da opressão social, acumulação de riqueza e poder e outros interesses
coletivos.

GENTRIFICAÇÃO: Uma mudança no caráter de uma comunidade urbana decadente, que é ob-
servável por meio do aumento no preço das propriedades e influxo de indivíduos mais ricos.

GERONTOLOGIA: Estudo científico dos aspectos sociológicos e psicológicos do envelheci-


mento e dos problemas dos idosos.

GESELLSCHAFT: Termo alemão que significa sociedade ou associação.

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SOCIOLOGIA

GLOBALIZAÇÃO: É um processo no qual a vida social nas sociedades é cada vez mais afe-
tada por influências internacionais com origem em praticamente tudo, de laços políticos
e de comércio exterior à música, estilos de vestir e meios de comunicação de massa co-
muns a vários países. Talvez a forma mais poderosa de globalização seja a econômica, na
qual o planejamento e o controle expandem-se de um foco de interesse relativamente
estreito – como uma empresa isolada que negocia em base regional ou nacional – para
um foco global, no qual o mundo inteiro serve como fonte de trabalho, de matérias-primas
e de mercados. Quando os negócios são realizados em nível local, por exemplo, os proble-
mas das relações com os trabalhadores, a obtenção de matérias-primas e outros bens, o
transporte e a venda dos produtos finais ocorrem todos no mesmo ambiente social. Na
economia globalizada, porém, as empresas transnacionais operam simultaneamente em
muitos países diferentes e exploram em vantagem própria as variações nas condições lo-
cais. Se trabalhadores em uma sociedade industrial mais afluente, como a Grã-Bretanha
ou Estados Unidos, por exemplo, entram em greve para conseguir remuneração mais alta
ou melhores condições de trabalho, a empresa transnacional pode simplesmente transfe-
rir suas atividades para outro país, onde os trabalhadores são mais condescendentes e
têm expectativas mais baixas. Nas indústrias de serviço, tais como atividade bancária e
seguros, esse resultado pode ser também obtido apenas transferindo o trabalho de um
para outro computador. A globalização econômica é importante não só porque complica
as relações econômicas, mas porque concentra ainda mais o poder econômico e debilita
a posição dos trabalhadores sob o capitalismo industrial.

GOLPE DE ESTADO: Em sistemas políticos em mutação, o golpe de Estado é uma ação


súbita por meio da qual um líder ou governo são substituídos por outros mediante em-
prego de força. Essa ação é costumeiramente praticada por facções das forças militares
porque, em numerosas sociedades, em especial no Terceiro Mundo, os militares têm mo-
nopólio dos instrumentos de força. Uma vez que esses golpes se concentram mais na mu-
dança de governos do que na natureza do Estado em si como instituição social, eles ten-
dem a gerar apenas um nível pequeno e, muitas vezes, temporário, de mudança social, se
é que alguma.

GOVERNO: Conjunto de pessoas que exercem, geralmente de forma temporária, o poder


Executivo de um Estado.

HABITUS: Partindo da ideia de Tomás de Aquino de que cada um de nós pensa como um
certo tipo de pessoa, o conceito de Pierre Bourdieu se refere a um conjunto de disposições
adquiridas em que as pessoas de uma classe social compartilham valores culturais. São
disposições sociais que se enraízam individualmente, ou seja, aquele elemento que se en-
contra na interseção entre o indivíduo e o coletivo. O habitus é um dos conceitos da teoria

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SOCIOLOGIA

de Bourdieu que pretende desfazer os antagonismos primários presentes no conheci-


mento científico e no senso comum, e que nos levam a pensar na ação humana de forma
dual. O conceito de habitus define-se como um “sistema de disposições para a ação”. É
uma noção mediadora entre a estrutura e o agente em que se procura incorporar todos
os graus de liberdade e determinismo presentes na ação dos agentes sociais. Assim, o ha-
bitus é a “interiorização da exterioridade e a exteriorização da interioridade”, ou seja, ele
capta o modo como a sociedade se deposita nas pessoas sob a forma de disposições du-
ráveis, capacidades treinadas, e modos de pensar, agir e sentir, e capta também as res-
postas criativas dos agentes às solicitações do meio social envolvente, respostas essas que
são guiadas pelas disposições apreendidas no passado. O nosso habitus constrói-se no
processo de socialização: um processo inacabado porque nunca se extingue no decorrer
da vida, mas não uniforme porque a socialização tem múltiplos graus e matizes. É no nosso
encontro com a sociedade que se cria o habitus, e é ele que nos permite avançar em cada
situação, já que é na sua constituição que adquirimos todas as matrizes ou estruturas men-
tais para agir. No fundo, o habitus é uma espécie de bússola social que nos foi oferecida
pela própria sociedade; é uma “competência prática adquirida na e para a ação”; é uma
aptidão social incorporada, durável no tempo, mas não eterna. O habitus é estruturado
nos meios sociais, e estruturante de ações e representações. Ele é o “princípio não esco-
lhido de todas as escolhas.”

HIPER-REALIDADE: Conforme definida por Jean Baudrillard, a ideia de que não existe mais
uma “realidade” separada à qual se referem imagens e símbolos, mas, em vez disso, uma
versão simulada da realidade que parece mais real que qualquer coisa que existe no
mundo físico.

HIPÓTESES: São formulações provisórias do que se procura conhecer, de cuja ajuda necessi-
tamos para explicar os fatos, descobrindo o seu ordenamento; são supostas respostas para
o problema ou assunto de pesquisa. A hipótese, uma vez verificada (com certeza de ser vá-
lida ou plausível e sustentável) pela pesquisa empírica, pode-se transformar em teoria.

HOLOCAUSTO: Durante o Regime Nazista na Alemanha, de 1933 a 1945, formam criadas


leis que separavam os “arianos” dos judeus, chamadas Leis de Nuremberg, que determi-
navam institucionalmente essa segregação racial. O regime perseguiu, torturou, expulsou
do território alemão e matou judeus – além de muitas outras pessoas, como homossexu-
ais, ciganos e pessoas com deficiência. Os negros, alemães ou não, mas residentes no país,
também sofreram com a segregação, foram hostilizados e expulsos. Essa perseguição se
tornou um extermínio sistemático organizado pelo regime nazista na Alemanha, que veio
a se chamar Holocausto – o assassinato de milhões de judeus num verdadeiro genocídio.
Na época do nazismo, foram criados campos de concentração para colocar quem se opu-

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SOCIOLOGIA

nha ao regime, e para lá foram muitos judeus, mortos então pela polícia. Durante a Se-
gunda Guerra Mundial, milhares de judeus foram deportados do país para guetos e cam-
pos de extermínio; lá, eram levados a câmaras de gás, em que morriam por asfixia. Em
1945, dois em cada três judeus europeus tinham sido mortos, em torno de 6 milhões de
pessoas. Mais de 1,5 milhão de crianças com idade inferior a 12 anos foram assassinadas,
sendo mais de 1,2 milhões de crianças judias, dezenas de milhares de crianças ciganas e
milhares de crianças deficientes.

HOMO FERUS: Animal humano que, devido ao isolamento total de outros seres humanos,
foi privado, durante os primeiros anos de vida, de interação com eles (veja INTERACÇÃO),
fator essencial para a sua socialização (veja SOCIALIZAÇÃO), e que, por este motivo, não
adquiriu, ou o fez apenas de forma rudimentar, personalidade e cultura.

IDENTIDADE: Aspectos característicos da personalidade de um indivíduo ou da personali-


dade de um grupo, relacionados ao seu sentido de si próprio [self].

IDEOLOGIA: É um conjunto de crenças, valores e atitudes culturais que servem de base e,


por isso, justificam até certo ponto e tornam legítimos o status quo ou movimentos para
mudá-lo. Do ponto de vista marxista, a maioria das ideologias reflete os interesses de gru-
pos dominantes, como maneira de perpetuar sua dominação e privilégios. Este fato é es-
pecialmente verdadeiro no caso de sistemas opressivos, que requerem justificação deta-
lhada para que continuem a existir. O racismo branco, por exemplo, inclui ideias sobre
diferenças raciais que são usadas para convalidar e defender privilégios dos brancos. Exis-
tem ideologias semelhantes em apoio à opressão por motivo de sexo, classe, etnia e reli-
gião. Em sentido mais geral, a cultura de todos os sistemas sociais inclui uma ideologia que
serve para explicar e justificar sua existência como estilo de vida, seja uma ideologia com
raízes na família, que define a natureza e a finalidade da vida familiar, ou uma ideologia
religiosa, que serve de base e prega um sistema de vida em relação a forças sagradas. A
ideologia pode servir também como base para movimentos em prol de mudança social.
Do movimento verde de preservação ambiental ao feminismo radical, movimentos sociais
dependem de conjuntos de ideias que explicam e justificam seus objetivos e métodos.

IGREJA: Na sociologia da religião, uma igreja é um tipo de organização religiosa que se


distingue por suas características estruturais. A filiação é, em geral, atribuída por ocasião
do nascimento da criança e inclui indivíduos de uma larga faixa de meios formativos de
classe social. Possui estrutura burocrática e líderes treinados, com autoridade claramente
definida. Os rituais costumam ser abstratos, com pouca exibição de emoção durante os
serviços religiosos. Em relação a outras grandes instituições, como o estado, as igrejas ten-
dem a apoiar o status quo e as categorias e grupos sociais dominantes. Exemplos de igrejas
incluem a Igreja da Inglaterra, a Igreja Católica fora da Itália, a Igreja Grega Ortodoxa e as
Igrejas Metodista, Episcopal e Luterana nos Estados Unidos.
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SOCIOLOGIA

IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA: É a consciência da relação entre o indivíduo e a sociedade mais


ampla. Baseia-se na capacidade de ver a nossa sociedade como uma pessoa o faria, em vez
da perspectiva das nossas experiências limitadas e dos preconceitos culturais.

IMPERIALISMO: Qualquer forma de expansão e de dominação de um país sobre outras


áreas geográficas. Tendência de um Estado a expandir, de forma mais ou menos cons-
tante, sua área de influência para outras regiões (sobretudo no setor econômico), ou a
ampliar cada vez mais seu território.

INCLUSÃO SOCIAL: Processo pelo qual, devido à melhoria crescente de seu padrão de vida,
pessoas antes marginalizadas ou excluídas passam a integrar a sociedade de forma mais
digna, com a satisfação de suas necessidades básicas.

INDIVIDUALISMO: É uma ideia ou visão que enfatiza o valor moral do indivíduo e entende
que os objetivos e interesses de cada um devem prevalecer sobre os interesses dos grupos
e do Estado. O individualismo valoriza a independência, a autonomia, a responsabilidade
sobre si mesmo e a tolerância aos outros indivíduos. Nesse contexto, cada um deve se
responsabilizar por suas ações e colher o sucesso ou o fracasso de suas decisões.

INDÚSTRIA CULTURAL: Expressão criada na década de 1940 para designar um fenômeno


característico da sociedade industrial capitalista, pelo qual a indústria lança no mercado
produtos culturais tratados como bens de consumo de massa. A indústria cultural trans-
forma em mercadoria os produtos da cultura, seja ela popular ou erudita. Para isso, conta
com os meios de comunicação de massa – como a indústria fonográfica (CDs), o cinema,
o rádio e a televisão. Esses meios são parte constitutiva da indústria cultural e seu principal
veículo de difusão. Eles vulgarizam as manifestações artísticas, manipulam e induzem as
pessoas a consumir, aniquilando sua liberdade de escolha e seu espírito crítico.

INDUSTRIALIZAÇÃO: Consiste na aplicação da mecanização em larga escala à produção


industrial, propiciando a emergência dos fenômenos de urbanização (e sendo por ela in-
fluenciada), o aumento rápido da população (explosão populacional) e da mobilidade (ge-
ográfica e social) dessa população, a ruptura das hierarquias tradicionais de posição, a
transformação das sociedades de castas, estamentos e classes sociais fechadas (veja
CASTA, ESTAMENTO e CLASSE SOCIAL) em sociedades abertas de classe, a alteração dos
sistemas de valores e padrões de comportamento e até a criação de uma situação de ina-
daptação aguda e de alienação para o trabalhador, inicialmente estranho à indústria; tam-
bém se observam alterações do status profissional (veja STATUS), das capacidades (quali-
ficações) dos trabalhadores (operários e empregados), da vida familiar, da situação jurí-
dico-social das mulheres, da tradição e do hábito de consumo de bens; da mesma maneira,
a oposição entre empresários e trabalhadores torna mais aguda a luta de classes.

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SOCIOLOGIA

INFLAÇÃO: Ritmo com que aumentam os preços dos bens em uma economia.

INFRAESTRUTURA: É a parte que sustenta uma estrutura. Para as Ciências Sociais, é a base
material ou econômica de uma sociedade ou de uma organização social.

INTEGRAÇÃO SOCIAL: Adaptação do indivíduo, ou de grupos de indivíduos, à sociedade.


A integração se manifesta por meio da assimilação de normas, hábitos e modelos de con-
duta pelo indivíduo para sua convivência em sociedade.

INTERAÇÃO SOCIAL: É a reciprocidade de ações sociais entre indivíduos, por meio da qual
os seres humanos se aproximam ou se afastam, associam-se ou se dissociam.

INTERACIONISMO: Uma abordagem sociológica que generaliza sobre as formas diárias de


interação social para explicar a sociedade como um todo.

INTERSECCIONALIDADE: Intercruzamento de desigualdades sociais, incluindo classe, “raça” /


etnia, gênero, deficiência e sexualidade, que gera padrões mais complexos de discrimina-
ção do que se esses conceitos fossem dimensionados isoladamente.

INTROJEÇÃO: Mecanismo psicológico pelo qual o indivíduo assume inconscientemente


um fato social ou uma característica cultural, tornando-a parte de si mesmo.

INSTABILIDADE SOCIAL: Fase de transição entre a desorganização e a reorganização so-


cial. É caracterizada por crises e incertezas entre os diversos grupos sociais.

INSTITUIÇÃO: É um conjunto duradouro de ideias sobre como atingir metas reconhecida-


mente importantes na sociedade. A maioria das sociedades conta com algumas formas de
instituições de tipo familiar, religioso, econômico, curativo e político que definem o âmago
de seu sistema de vida. Instituições diferem entre si por tratarem de funções sociais dife-
rentes. A família, por exemplo, tem por finalidade trazer filhos ao mundo e criá-los, pro-
tegê-los e socializá-los. As instituições políticas, em contraste, destinam-se a gerar, orga-
nizar e aplicar o poder coletivo, com vistas a atingir metas tais, como manter a ordem e a
estabilidade social, defendê-las contra ameaças externas, solucionar litígios e aplicar a lei
e, dependendo da sociedade, proteger os grupos dominantes e seus interesses. É impor-
tante estabelecer uma distinção entre instituições e suas manifestações concretas – famí-
lias individuais de famílias como instituição, por exemplo, ou governo e Estado. As famílias
nesse caso são influenciadas pela maneira como a sociedade as define como instituição,
muito embora a vida no dia a dia talvez pouco faça para lembrar esse modelo. De maneira
análoga, o Estado é a instituição que fornece o esquema como o governo deve ser exer-
cido, embora cada grupo de ocupantes de cargos que constituem um governo específico
possa seguir em graus diferentes essas diretrizes. Em 1814, Napoleão Bonaparte fez sua

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SOCIOLOGIA

famosa declaração ao Senado francês: “l’Étatc’ést moi” (O Estado sou eu). Essa declaração
teve consequências extraordinárias, uma vez que Napoleão se identificava como o maior
componente da própria sociedade e, dessa forma, colocava-se de maneira a transcender
limitações que, em condições normais, se aplicariam à sua conduta e aos usos que desse
ao poder. Tal como a maioria dos aspectos da vida social, instituições são experimentadas
como externas aos indivíduos que delas participam. Mas são também moldadas e muda-
das por essa participação.

INSTITUIÇÃO TOTAL: Da forma definida por Erving Goffman, a instituição total é um sis-
tema social isolado, fechado, tal como prisões, hospitais de doentes mentais, conventos,
internatos ou acampamentos militares, que têm como objetivo principal controlar a mai-
oria, se não todos os aspectos da vida dos que deles participam. A maneira como as insti-
tuições totais conservam seu poder sobre a vida de pessoas, as consequências que geram
para elas e os sistemas sociais, e o modo como as pessoas se adaptam às limitações im-
postas por essas circunstâncias são, sem exceção, questões de interesse sociológico.

ISOLAMENTO SOCIAL: Situação na qual uma pessoa ou um grupo social ficam desprovidos
de contatos sociais com outras pessoas, ou grupos, devido a fatores físicos, psíquicos, cul-
turais ou sociais.

JACOBINISMO: Doutrina ou partido dos jacobinos, tendência radical da Revolução Fran-


cesa de 1789.

LATIFÚNDIO: Propriedade rural de grande extensão, cuja maior parte aproveitável não é
utilizada em exploração econômica.

LAISSEZ-FAIRE: Um termo francês que, em tradução aproximada, significa “permissão


para fazer”, conta com duas principais definições sociológicas. No tocante à economia po-
lítica, tem sua origem devido a um francês obscuro chamado Legendre, que, quando per-
guntado sobre o que o Estado poderia fazer pelos empresários, respondeu, em essência:
“Deixar que façamos”. Mas é também associado à descrição de Adam Smith sobre o papel
ideal do estado em relação ao capitalismo, que implica nada fazer e deixar que os capita-
listas e os mercados regulem a si mesmos. Segundo o capitalismo do laissez-faire, a com-
petição (concorrência) assegura que os bens que indivíduos querem comprar serão pro-
duzidos em abundância e vendidos aos preços que estão dispostos a pagar. O conceito de
laissez-faire é usado também para descrever estilos de liderança, especialmente em pe-
quenos grupos. Em contraste com os líderes democráticos e autoritários, os do laissez-
-faire lideram pouco e participam o mínimo possível, não oferecendo orientação nem ava-
liação, método este que pode, porém, dependendo da situação, gerar ansiedade entre os
que querem orientação.

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SOCIOLOGIA

LEGITIMAÇÃO: É o processo por meio do qual um sistema social ou algum aspecto deste
vêm a ser aceitos como justos e são em geral apoiados pelos que deles participam. Uma
vez que é difícil manter por muito tempo um sistema pela coerção, a maneira mais eficaz
para conservar a coesão social consiste em fazer com que as pessoas acreditem no sistema
e o aceitem como é. A legitimação é um conceito crucial no estudo da autoridade e da
estratificação social, porque desempenha um importante papel não só na estabilidade de
sistemas sociais de todos os tipos, mas, acima de tudo, na perpetuação da desigualdade e
da opressão social.

LIBERALISMO: É difícil precisar a distinção entre conservadorismo e liberalismo, em parte


porque o significado de ambas as palavras mudou ao longo da história. De modo geral,
contudo, há algumas ideias básicas que as separam como pontos de referência para extrair
sentido da vida social e, em particular, modelar o trabalho para mudá-la ou manter o sta-
tus quo. Como ideologia política, o conservadorismo surgiu principalmente como reação
à Revolução Francesa. Em Reflections on the Revolution in France (1855), Edmund Burke
argumentou que o status quo era sempre preferível a uma alternativa que existia princi-
palmente apenas como teoria, o que, na época em que escrevia, era verdade quanto à
democracia como forma de governo. A mudança, se é que devia ocorrer, melhor seria que
acontecesse devagar e como ampliação lógica da ordem natural das coisas, e não como
uma mudança revolucionária de direção. O conservadorismo baseia-se em uma opinião
um tanto pessimista da natureza humana, vista como basicamente má, irracional e vio-
lenta, se deixada a seus próprios meios. A única maneira de controlar esse potencial des-
trutivo consiste em impor rígidos códigos morais através de fortes tradições, instituições
sociais e uma sociedade hierárquica governada por elites, cujo poder repousa em sua supe-
rioridade inerente e na propriedade privada, herdada através de gerações. Isso implica que
a desigualdade social é inevitável e, na verdade, necessária para manter a sociedade. O libe-
ralismo tem suas origens no Iluminismo europeu e no conflito entre os empreendedores
capitalistas do mercado livre e a aristocracia feudal fortemente enraizada. Baseia-se em um
compromisso com a liberdade do indivíduo. Da maneira como o capitalismo se desenvolveu
nos séculos XIX e XX, contudo, os liberais acharam que ele estava se transformando em uma
nova e opressiva ameaça à liberdade e ao bem-estar individual. Sob o feudalismo, a elite
havia sido a aristocracia, que se opusera ao capitalismo do livre mercado. Sob o capitalismo
avançado, porém, a classe capitalista tornou-se a elite. A solução do liberalismo para essa
situação tem sido a confiança cada vez maior no governo para defender os direitos individu-
ais contra os excessos da expansão e exploração capitalista, como, por exemplo, protegendo
os trabalhadores e os consumidores ou defendendo empresas-chave de algumas das conse-
quências mais nocivas da competição sem limites. Ao fazer isso, o liberalismo perpetua o
capitalismo ao defendê-lo contra seus próprios excessos. Há uma grande incoerência no uso
dos rótulos conservador e liberal, especialmente quando se referem apenas a atitudes sobre
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SOCIOLOGIA

mudança. Durante a Guerra Fria, por exemplo, os americanos frequentemente associaram


os liberais ao comunismo e os conservadores ao anticomunismo. Durante as revoluções an-
ticomunistas na União Soviética e na Europa Oriental, em fins da década de1980 e na década
de 1990, os inveterados defensores do status quo comunista foram com frequência chama-
dos de conservadores e, os pró-capitalistas, considerados liberais.

LOBBY: É uma atividade em que empresas, entidades, pessoas físicas, segmentos da soci-
edade lutam para viabilizar seus interesses perante o governo, seja no Congresso, seja no
Executivo.

LUCRO: De modo geral, lucro é o excesso resultante de uma troca econômica quando o
preço daquilo que é vendido é maior do que o que custou ao vendedor para fornecê-lo ou
produzi-lo. A importância social do lucro foi desenvolvida ao máximo sob o capitalismo.

LUDITAS: Trabalhadores artesanais rebeldes da Inglaterra do século XIX que destruíram


máquinas novas das fábricas como parte da sua resistência à Revolução Industrial.

LUGAR DE FALAR: Um mecanismo que surgiu como contraponto ao silenciamento da voz


de minorias sociais por grupos privilegiados em espaços de debate público. Ele é utilizado
por grupos que historicamente têm menos espaço para falar. Assim, negros têm o lugar
de fala – ou seja, a legitimidade – para falar sobre o racismo, mulheres sobre o feminismo,
transexuais sobre a transfobia e assim por diante.

LUMPEMPROLETARIADO: A principal característica do lumpemproletariado é a ausência de


consciência de classe e consequente desinteresse na revolução e luta dos trabalhadores.

LUTA DE CLASSE: Segundo Marx, o conflito e a luta de classe são dissensões inevitáveis
que ocorrem devido à organização econômica da maioria das sociedades, como entre os
camponeses e a nobreza sob o feudalismo, por exemplo, ou entre trabalhadores e empre-
gadores sob o capitalismo. Em suas teorias de história, Marx argumentou que essas lutas
eram o motor que impulsionava e moldava a mudança social. Foi, por exemplo, a luta en-
tre a aristocracia possuidora de terras e os empreendedores capitalistas emergentes que
resultou no declínio do feudalismo e na ascensão do capitalismo. Do ponto de vista mar-
xista, o conflito e a luta de classe são inevitáveis nas sociedades capitalistas porque os
interesses de trabalhadores e dos capitalistas divergem fundamentalmente: os capitalistas
acumulam riqueza mediante exploração dos trabalhadores que a produzem; os trabalha-
dores mantêm ou promovem seu próprio bem-estar apenas resistindo à exploração capi-
talista. Os resultados do conflito de classe se refletem virtualmente em todos os aspectos
da vida social – do trabalho para promover a sindicalização e as greves a campanhas polí-
ticas, políticas de imigração e conteúdo da arte, literatura e cultura popular.

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SOCIOLOGIA

MACHISMO: O machismo é um preconceito, expresso por opiniões e atitudes, que se opõe


à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em detrimento
ao feminino. Ou seja, é uma opressão, nas suas mais diversas formas, das mulheres feita
pelos homens. Na prática, uma pessoa machista é aquela que acredita que homens e mu-
lheres têm papéis distintos na sociedade, que a mulher não pode ou não deve se portar e
ter os mesmos direitos de um homem ou que julga a mulher como inferior ao homem em
aspectos físicos, intelectuais e sociais.

MACROECONOMIA: A macroeconomia encara as coisas de uma forma mais ampla, olha


para o grande cenário. As maiores preocupações dessa área estão relacionadas aos Esta-
dos, às economias nacionais e às relações econômicas internacionais. É a partir dessa aná-
lise macroeconômica que surgem indicadores muito conhecidos, que você provavelmente
já deve ter ouvido falar: Produto Interno Bruto (PIB), inflação, juros, câmbio, balança co-
mercial, entre tantos outros. Esses números são desenvolvidos a partir de análises amplas,
que envolvem a produção econômica de um país inteiro, suas trocas com outros países e
assim por diante.

MACROSSOCIOLOGIA: Investigação sociológica que se concentra nos fenômenos em larga


escala ou em civilizações inteiras.

MAIS-VALIA: Na teoria marxista, o valor da força de trabalho de um trabalhador, de que


o empregador se apropria, que excede os custos da contratação do trabalhador.

MARXISMO: É uma corrente de pensamento situada dentro do socialismo científico, cri-


ada por Karl Marx e Friedrich Engels. Para eles, em todas as épocas da história, a sociedade
foi marcada por uma luta de classes, sendo essa relação caracterizada pelo antagonismo
entre uma classe opressora e uma oprimida. Na sociedade capitalista, essas classes são
representadas, respectivamente, pela burguesia, que detém os meios de produção e por
consequência boa parte da riqueza gerada; e o proletariado, que nada possui além da pró-
pria mão de obra, vendida como mercadoria ao proprietário do capital. De acordo com a
teoria marxista, os trabalhadores são tidos como uma mercadoria como qualquer outro
artigo comercial, submetidos à concorrência e às oscilações do mercado, tratados como
servos da classe burguesa, do Estado burguês e do proprietário da fábrica, que possui
como único objetivo o lucro. O socialismo marxista propõe a abolição da propriedade pri-
vada, a socialização dos meios de produção, o fim da divisão de classes e a abolição do
trabalho. Para Marx e Engels, quando a classe proletária fosse capaz de tomar consciência
da sua situação e buscar uma organização de luta, assumindo o poder e administrando o
sistema de forma justa e em prol de todos, as classes sociais seriam abolidas e com ela
chegaria ao fim também o Estado. A partir desse momento, a sociedade estaria preparada
para o sistema comunista.
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SOCIOLOGIA

MALTHUSIANISMO: A ideia, avançada em primeiro lugar por Thomas Malthus há dois sé-
culos, de que o crescimento da população tende a ultrapassar os recursos disponíveis para
a sustentar. Malthus defendia que as pessoas têm de limitar as suas relações sexuais para
evitar um crescimento excessivo da população e um futuro de miséria e fome.

MASCULINIDADE HEGEMÔNICA: Um dado ideal de masculinidade de uma determinada


sociedade. Nas nações ocidentais, isso está associado a heterossexualidade, “dureza”, ri-
queza e subordinação das mulheres. A ideia enfatiza que a masculinidade é uma identi-
dade adquirida.

MC’DONALDIZAÇÃO: Processo pelo qual os princípios do restaurante de fast-food estão pas-


sando a dominar cada vez mais setores da sociedade, em especial dos setores produtivos.

MERCADORIA: É qualquer bem ou serviço produzido para venda ou para ser trocado por
alguma outra coisa em um sistema de mercado. Se cultivamos tomates para consumo pró-
prio, o tomate não é uma mercadoria, mas se os plantamos para vender ou trocar por bens
ou serviços, tais como roupas ou serviços dentários, eles se transformam em mercadoria.
Desse ponto de vista, nada é inerentemente uma mercadoria. Ela existe apenas através
de sua posição em relação a mercados e ao processo de troca. Uma das mudanças mais
importantes trazidas pela emergência do capitalismo industrial, por exemplo, foi que o
trabalho se tornou uma mercadoria que as pessoas vendem nos mercados em troca de
salário. Esse fato estende-se mesmo a serviços outrora prestados como partes da vida fa-
miliar, como o cuidado de crianças. Ao nos aproximarmos do século XXI, os serviços de
cuidado de crianças estão adquirindo o caráter de mercadorias em muitas sociedades in-
dustriais. Um número crescente de famílias depende da renda de ambos os pais, que pro-
curam por serviços comerciais de cuidado de crianças a fim de preencher algumas defici-
ências nesse particular, pelo menos entre as classes mais abastadas, que podem custeá-
-los. A transformação de bens e serviços em mercadorias é importante porque traz consigo
uma dependência cada vez maior de mercados para satisfazer necessidades básicas, e isso,
por seu lado, torna pessoas dependentes da capacidade de ganhar dinheiro, em geral ven-
dendo trabalho em troca de salários. Nas sociedades não industriais, as famílias tendem a
ser relativamente autossuficientes no sentido em que produzem a maior parte do que
consomem. Progredindo a industrialização, contudo, ela assume a produção de quase to-
dos os bens consumidos pela família, do preparo do pão e fabricação caseira de manteiga
à produção de tecidos. Como resultado, uma parte cada vez maior das necessidades bási-
cas só pode ser atendida através de relações com os mercados, e famílias que anterior-
mente viviam de acordo com padrões estáveis de vida, ainda que modestos, podem des-
cobrir de repente que foram reduzidas à pobreza e que não dispõem mais de meios de
sustento.

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SOCIOLOGIA

MERITOCRACIA: É um sistema social no qual o sucesso do indivíduo depende principal-


mente de seu mérito – de seus talentos, habilidades e esforço. A ideia de meritocracia tem
servido como ideologia, baseada no argumento de que a desigualdade social resulta de
mérito desigual, e não de preconceito, discriminação e opressão. Serviu também como
orientação para a mudança, em especial no sistema educacional britânico. Os principais
elementos para compreender a meritocracia incluem uma maneira válida de medir mérito
e proporcionar oportunidade igual nele baseado, sistema este que cria também a mais
alta barreira para ingresso. Argumentam os críticos, por exemplo, que séculos de desigual-
dade e opressão social colocaram as minorias raciais e as classes baixas em uma situação
inerentemente desprivilegiada, na qual elas parecem sempre carecer de mérito.

MÉTODO CIENTÍFICO: Uma série de passos organizados e sistemáticos que garante má-
xima objetividade e uniformidade na pesquisa de um problema.

MICROECONOMIA: Encarrega-se de estudar os detalhes relacionados à economia, em re-


ferência aos indivíduos e suas ações, às empresas e outras partes do processo produtivo.
A microeconomia desenvolve estudos a partir de construções teóricas importantes: a Te-
oria do Consumidor, que busca entender o comportamento e as escolhas das pessoas na
economia; a Teoria de Empresa, focada nas corporações e na relação entre capital e tra-
balho; e a Teoria da Produção, que analisa minuciosamente a evolução do processo pro-
dutivo.

MICROSSOCIOLOGIA: Investigação sociológica que enfatiza o estudo de grupos menores,


com frequência por meio de meios experimentais.

MÍDIA: Palavra derivada da pronúncia em inglês da expressão latina media, que em por-
tuguês significa meios. Refere-se, especificamente, aos meios de comunicação de massa
usados para transmitir informações ou trocar mensagens. A mídia escrita reúne jornais,
revistas e livros. O rádio constitui a mídia falada.

MILENARISMO: A crença defendida por membros de determinados tipos de movimento


religioso que irão ter lugar, mudanças radicais num futuro próximo, anunciando a chegada
de uma nova era.

MINORIA: É uma categoria de indivíduos considerados merecedores de tratamento desi-


gual e humilhante simplesmente porque são identificados como a ela pertencentes. Mi-
norias são em geral definidas em termos de características atribuídas de status, tais como
raça, sexo e meios formativos étnicos ou religiosos, bem como de status adquirido, como
orientação sexual. Ao contrário das minorias numéricas, as sociais podem constituir a mai-
oria, como acontece com os negros na África do Sul e as mulheres em virtualmente todas
as sociedades. Nos sistemas de estratificação, as minorias são importantes porque, em
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SOCIOLOGIA

contraste com a desigualdade de classe, a mobilidade ascendente para elas é extrema-


mente difícil, uma vez que as características em que se baseia a posição de minoria não
podem ser mudadas, embora possam ser ocultadas se disfarçadas em graus variáveis. De
modo geral, quanto mais visíveis as características que definem a posição de minoria, mais
difíceis de remediar são os termos da desigualdade social. Nos Estados Unidos, por exem-
plo, as desigualdades de gênero e de raça continuam a ser um problema grave, ao passo
que a desigualdade étnica desapareceu de modo geral.

MISOGINIA: É uma atitude cultural de ódio às mulheres simplesmente porque elas são
mulheres. Trata-se de uma parte fundamental do preconceito e da ideologia sexistas e,
como tal, constitui uma base importante para a opressão das mulheres em sociedades
dominadas pelos homens. A misoginia se manifesta de várias maneiras diferentes, de pia-
das e pornografia à violência e ao autodesprezo que mulheres podem ser ensinadas a sen-
tir em relação ao próprio corpo.

MITO: É uma história sobre experiência humana envolvendo o SAGRADO. Nos sistemas de
crenças religiosas, o mito é muitas vezes usado para explicar as origens de tradições reli-
giosas, como nas narrativas sobre o nascimento, a vida e a morte de Jesus, ou a difícil
jornada espiritual de Buda. É usado também para ilustrar as muitas maneiras como valores
e crenças religiosas fundamentais se aplicam às experiências da vida diária. Em suma, o
mito serve frequentemente como uma maneira ritualística de afirmar um senso comum
do “de onde viemos e como chegamos aqui”. Em sentido relacionado e mais amplo, pode
ser usado para legitimar sociedades inteiras. Mitos heroicos sobre figuras decisivas na for-
mação de nações-estado (tais como heróis revolucionários), por exemplo, desempenham
papel importante na glorificação e perpetuação de arranjos sociais correntes. O antropó-
logo Claude Lévi-Strauss argumentava que a função principal do mito pouco tem a ver com
a explicação ou justificação da realidade social, mas serve, sim, para corporificar categorias
linguísticas básicas, que são fundamentais para qualquer compreensão cultural da reali-
dade. Dualidades como amor/ódio, homem/mulher, bem/mal, alto/baixo situam-se no
núcleo da ordem cultural que usamos para extrair sentido da realidade. O mito, de acordo
com Lévi-Strauss, aplica-se a essas categorias de maneiras que as reafirmam como forma
legítima de pensar sobre o mundo.

MOBILIDADE SOCIAL: É o movimento, no espaço social, executado por indivíduos ou gru-


pos que se deslocam na escala de uma sociedade estratificada em camadas sociais, pas-
sando de uma camada para outra. A mudança de posição social do indivíduo pode ser
tanto no sentido horizontal como no sentido vertical ascendente e descendente.

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SOCIOLOGIA

MODERNIDADE: Período que se estende do Iluminismo europeu, de meados do século


XVIII a, pelo menos, meados dos anos 1980, caracterizado pela secularização, racionaliza-
ção, democratização e ascensão da ciência.

MODO DE PRODUÇÃO: Conceito criado por Karl Marx para designar o conjunto formado
pelas forças produtivas e pelas relações de produção de uma sociedade em um período
histórico determinado. É a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços,
como os utiliza e como os distribui. Segundo Marx, teriam existido na História os modos
de produção comunal primitivo, escravista, asiático, feudal e capitalista. Marx previa ainda
a formação de um modo de produção que superaria o capitalismo: seria o modo socialista
de produção.

MONARQUIA: Essa forma de governo é bastante antiga. Nela, o chefe de Estado é um


monarca, que é chamado de rei/rainha, imperador/imperatriz, dentre outros títulos. Uma
característica típica da monarquia é que o cargo do rei é hereditário, passando de geração
a geração dentro de uma mesma família, e vitalício, ou seja, o rei detém o seu título até a
sua morte. No Brasil, tivemos um período de monarquia entre 1822 (data da nossa inde-
pendência) até 1889, quando foi proclamada a república.

MONARQUIA CONSTITUCIONAL: As monarquias que sobreviveram ao tempo são monar-


quias constitucionais, em que o rei não mais detém todo o poder político. Os reis e rainhas
modernos pouco têm a ver com aquela imagem de tiranos que vemos em muitos filmes
que se passam na Idade Média. O rei continua como chefe de Estado, mas seu poder polí-
tico foi reduzido significativamente, passando a ter uma importância simbólica. O rei re-
presenta a unidade nacional. Geralmente, as monarquias constitucionais são parlamenta-
ristas, em que as funções de governo são repassadas a um primeiro-ministro, junto com
um gabinete e o povo escolhe seus representantes no parlamento. Apesar de não ter mais
grandes poderes políticos, os monarcas desse tipo de sistema continuam a gozar da here-
ditariedade do cargo. Existem cerca de 40 monarquias restantes no mundo e cerca de me-
tade delas é pertencente à Commonwealth, que é a comunidade de nações que foram
colonizadas pelo Reino Unido. A maior parte dos países da Commonwealth ainda reco-
nhece a rainha britânica como sua chefe de Estado.

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SOCIOLOGIA

MONOPÓLIO: É o mercado de um dado produto ou serviço controlado por um único indi-


víduo ou empresa. No início da expansão capitalista, não era incomum que reis concedes-
sem monopólios sobre várias mercadorias, tais como a importação de chá para a Grã-Bre-
tanha. Esse fato dava aos comerciantes o potencial de cobrar qualquer preço que o mer-
cado suportasse e, como resultado, auferir lucros imensos. Hoje, monopólios são conce-
didos em áreas como utilidades públicas e, às vezes, o potencial de abuso resultante é
contrabalançado pela criação de organismos encarregados de regulamentar tarifas e ser-
viços. Em outros casos, o monopólio é consequência da competição, como acontece no
mercado de jornais na maioria das cidades dos Estados Unidos, onde não há absoluta-
mente competição.

MOVIMENTO SOCIAL: Atividade coletiva organizada para efetuar ou enfrentar as mudan-


ças fundamentais em grupo ou uma sociedade existente.

MULTICULTURALISMO: É um movimento que ocorre principalmente nos Estados Unidos


e que tem como objetivo a elevação e valorização de meios formativos étnicos diferentes.
Podemos observar esse movimento em currículos escolares que incluem as contribuições
de pessoas não brancas à história; no uso de várias línguas na vida pública (como nas cé-
dulas eleitorais e em anúncios públicos); e em programas empresariais destinados a trei-
nar gerentes para trabalharem mais eficientemente com trabalhadores de meios formati-
vos variados. O multiculturalismo tem sido promovido como parte da solução a uma antiga
opressão étnica e racial. Mas vem sendo criticado por conservadores como desvalorização
do que consideram o núcleo fundamental dos padrões e da sabedoria atribuídos à civili-
zação branca ocidental. Outros argumentam que, na verdade, constitui apenas uma ma-
neira de desviar a atenção da desigualdade básica de riqueza e poder que o multicultura-
lismo pode disfarçar, mas pouco fazer para remediar.

MOVIMENTO SOCIAL: É um esforço coletivo contínuo e organizado que se concentra em


algum aspecto de mudança social. Um movimento de reforma tenta melhorar condições
em um sistema social, mas sem modificar seu caráter fundamental. Um exemplo comum
seriam as campanhas para igualar o encargo dos impostos na sociedade. O movimento de
reforma contrasta radicalmente com um movimento revolucionário, cuja finalidade é al-
terar as características estruturais ou culturais básicas de um sistema – como, por exem-
plo, tentando tornar socialista uma economia de mercado capitalista. Um movimento de
resistência é organizado não para promover mudança social, mas sim, para combatê-la.
Nos Estados Unidos, por exemplo, surgiu um movimento de resistência para impedir mu-
danças nas leis que garantem às mulheres o direito ao aborto. Os movimentos sociais sem-
pre despertaram grande interesse sociológico porque constituem uma grande fonte de
mudança e conflito sociais.

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SOCIOLOGIA

MUTIRÃO: Sistema de trabalho (não assalariado) entre vizinhos e amigos que implica re-
ciprocidade.

NAÇÃO: Um corpo de pessoas unidas pela cultura, pela história ou pela língua, quase sem-
pre compartilhando uma área geográfica específica.

NACIONALISMO: É uma ideologia política, uma corrente de pensamento que valoriza to-
das as características de uma nação. Uma das formas pelas quais o nacionalismo se ex-
pressa é por meio do patriotismo, que envolve a utilização dos símbolos nacionais, da ban-
deira, de cantar o hino nacional etc. O nacionalismo provém desse sentimento de perten-
cimento à cultura de um país e de identificação com a pátria. Um dos ideais nacionalistas
é a preservação da nação, na defesa de territórios e fronteiras, assim como na manuten-
ção do idioma, nas manifestações culturais, opondo-se a todos os processos que possam
destruir essa identidade ou transformá-la.

NEOCOLONIALISMO: Dependência continuada a países estrangeiros por parte das antigas


colônias.

NEOLIBERALISMO: O termo neoliberalismo já era registrado em alguns escritos dos sécu-


los XVIII e XIX, mas começou a aparecer com mais força na literatura acadêmica no final
dos anos 1980, como uma forma de classificar o que seria um ressurgimento do liberalismo
como ideologia predominante na política e economia internacionais. A ideia é que, du-
rante um certo período de tempo, o liberalismo perdeu predominância para o keynesia-
nismo, inspirado pelo trabalho de John Maynard Keynes, que defendeu a tese de que os
gastos públicos devem impulsionar a economia, especialmente em tempos de recessão.
Keynes era favorável ao Estado de bem-estar social. A partir dos anos 1970, o mundo pas-
sou a vivenciar um declínio do modelo do Estado de bem-estar social, o que deu espaço
para que ideias liberais aos poucos voltassem a ter preferência na política. Uma das pri-
meiras experiências consideradas neoliberais no mundo foi levada a cabo pelo Chile. Em
1975, o ditador chileno Augusto Pinochet entrou em contato com acadêmicos da Escola
de Chicago, que recomendaram medidas pró-liberalização do mercado e diminuição do
Estado. Entre tais medidas estavam a drástica redução do gasto público, demissão em
massa de servidores públicos e privatização de empresas estatais. As eleições de Marga-
reth Thatcher, no Reino Unido, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, no início dos anos
1980, também foram indicativos desse fenômeno. Ambos são considerados até hoje líde-
res neoliberais.

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SOCIOLOGIA

NEONAZISMO: É o resgate do nazismo na atualidade, mas com uma face repaginada, a


fim de ter mais sintonia com a época atual. Continuam as ideias nazistas, como a do ra-
cismo, do nacionalismo, do antissemitismo e do anticomunismo. Para os neonazistas, as-
sim como no nazismo alemão, há apenas uma raça soberana: a “raça pura ariana”. Os
principais alvos de discriminação são: comunistas, judeus, índios, negros e homossexuais.
O grande diferencial do neonazismo é o uso de outra abordagem para a disseminação de
suas ideias. Por exemplo, quando defendem suas ideias ao clamar por uma “salvação na-
cional”, considerando-se “libertadores” que valorizam a pátria e dela se orgulham. Esses
são exemplos da utilização de palavras brandas, os famosos eufemismos, para maquiar a
origem de seus ideais e ter a possibilidade de atrair mais pessoas, principalmente aquelas
que já se identificam com ideais da extrema-direita. O discurso de “nós” contra “eles” é o
mesmo, só está repaginado.

NEUTRALIDADE AXIOLÓGICA: Expressão utilizada por Weber para se referir à objetividade


dos sociólogos na interpretação dos dados.

NEOTRIBALISMO: Grupos de vida curta, flexíveis e fluidos, dos quais as pessoas, num
mundo de rápida mudança, buscam dá sentido à sua vida.

NORMA: Um padrão estabelecido de comportamentos mantidos por uma sociedade.

NORMA FORMAL: Escrita que especifica sanções rigorosas aos transgressores.

NORMA INFORMAL: Norma que, em gral, é entendida, mas não exatamente registrada.

OBSCURANTISMO: Estado de quem vive em total ignorância, ou que, por motivos irracio-
nais, recusa-se a aceitar mudanças. Atitude de quem rejeita as descobertas da ciência por
seguir ao pé da letra certos textos considerados sagrados. O poder público também pode
assumir posições obscurantistas, ao impedir inovações ou a propagação de propostas de
mudanças na estrutura da sociedade, por considerá-las um perigo para a ordem social ou
por achar que estejam em conflito com seus interesses.

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SOCIOLOGIA

ÓCIO: É o tempo passado fora do trabalho e usado em recreação, recuperação, relaxa-


mento e outras atividades desse tipo. Do ponto de vista sociológico, o ócio é socialmente
produzido, tanto em seu conteúdo – o que pessoas fazem em vez de trabalhar – como no
acesso a ele como recompensa e recurso intencional. Estudos neste particular incluem
atenção ao papel que desempenha na vida familiar; o acesso desigual ao ócio por motivo
de sexo, raça, classe social e idade; sua transformação em mercadoria sob o capitalismo e
como é sacrificado pelas exigências do trabalho.

OLIGOPÓLIO: É um mercado para um produto ou serviço controlado por um número re-


lativamente pequeno de indivíduos ou empresas.

PAPEL SOCIAL: É a função ou o comportamento que o grupo social espera de qualquer


pessoa que ocupa determinado status social; é o aspecto dinâmico do status, a realização
dos direitos e deveres referentes ao status social.

PARADOXO DE MANCUR OLSON: Princípio teórico desenvolvido pelo economista e soció-


logo norte-americano Mancur Olson, na obra Logique de l'action collective. A partir do
individualismo metodológico, ele mostra que o indivíduo racional não se associa a certo
tipo de organizações porque, estando fora delas e, portanto, não suportando quaisquer
tipos de custos, obtém exatamente as mesmas vantagens. Dá o exemplo da greve por mo-
tivo de contestação salarial: aquele que não faz greve, no caso da ação dos trabalhadores,
sindicalizados ou não, obterem resultados positivos face à entidade patronal, usufrui pre-
cisamente dos mesmos benefícios dos demais que, tendo interrompido o trabalho para a
contestação, se veem cerceados, em parte, das suas remunerações.

PARTICIPAÇÃO: Conceito genérico usado em certos casos como sinônimo de integração


do indivíduo ao grupo. Nessa acepção, é o ato de compartilhar os processos de interação
social. Do ponto de vista político, a expressão designa o princípio democrático segundo o
qual todos os cidadãos devem tomar parte no processo de tomada de decisões na esfera
pública, ou seja, na esfera do Estado.

PARTIDO POLÍTICO: Associação política baseada em um programa de ação voltado para a


disputa pelo poder do Estado e na qual os indivíduos professam as mesmas ideias sobre
questões políticas e sociais.

PATRIARCADO: Dominação sistemática feita pelos homens sobre as mulheres em algumas


ou todas as esferas e instituições da sociedade.

PATRIMONIALISMO: Este modelo de administração, típico dos estados absolutistas euro-


peus, tinha como principal característica a não distinção entre o que era bem público e o
que era bem privado.
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SOCIOLOGIA

PENA CAPITAL: A execução, sancionada pelo estado, de uma pessoa que foi condenada
por um crime punível com a pena de morte. A pena capital é vulgarmente conhecida como
pena de morte.

PEQUENA BURGUESIA: Grupo social intermediário entre a burguesia e o proletariado.


Também chamada de classe média, ou classes médias. É a camada social formada pelos
que vivem do pequeno capital – como os pequenos industriais, pequenos comerciantes, e
pequenos proprietários rurais –, por profissionais liberais – médicos, engenheiros, advo-
gados, intelectuais em geral, etc. – e por assalariados do setor de serviços – bancários,
professores, funcionários públicos, etc.

PERTENÇA: É o sentimento de pertencer a um grupo social, a uma comunidade ou a uma


sociedade, também chamado de pertencimento.

PERSONALIDADE: Os padrões típicos de atitudes, necessidades, características e compor-


tamento de uma pessoa.

PERSONALIDADE AUTORITÁRIA: Uma personalidade autoritária caracteriza-se por con-


formidade rígida, intolerância, numerosos preconceitos, adulação dos fortes e dos que
ocupam posições de autoridade e desprezo pelos fracos. Em seguida à guerra de 1939-45,
Theodor Adorno e colegas realizaram um estudo clássico no qual tentaram identificar per-
fis psicológicos de indivíduos predispostos ao preconceito e à intolerância e que tendiam
a apoiar governos autoritários, como o fascismo, que havia devastado a Europa. Eles ela-
boraram uma escala de medição – a escala f –, a fim de aferir o grau em que pessoas se
ajustavam ao modelo de personalidade autoritária, e aplicaram-na a numerosas áreas da
vida social, variando de atitudes em relação a minorias ao apoio a instituições democráti-
cas. Com o Holocausto na Europa ainda recente na história, a pesquisa focalizou-se expli-
citamente no antissemitismo, mas descobriu que o preconceito tende a ser uma visão ge-
neralizada, e não específica. Em outras palavras, pessoas que alimentam preconceito con-
tra um grupo tendem a fazer o mesmo contra muitos grupos, sendo o ódio aos judeus, por
exemplo, associado ao ódio aos católicos. Embora controversa e objeto de considerável
crítica, a obra de Adorno é sociologicamente importante, pois procurou uma conexão en-
tre personalidade e a maneira como sistemas sociais são organizados, tanto no que diz
sobre como as condições sociais geram personalidades autoritárias e como o autorita-
rismo afeta a vida social.

PESQUISA QUALITATIVA: Baseia-se no que é visto em campo ou em ambientes naturais


mais do que em dados estatísticos.

PESQUISA QUANTITATIVA: Coleta e informa dados basicamente na forma numérica.

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SOCIOLOGIA

PIRÂMIDE SOCIAL: Representação gráfica das diferentes camadas sociais, de acordo com
o critério de distância social existente entre elas.

POBREZA: Em sentido geral, pobreza é uma situação na qual pessoas carecem daquilo de
que têm necessidade para viver. Os limites de “necessidade para viver”, no entanto, são
matéria de definição. Se a pobreza é definida em termos absolutos – aquilo de que indiví-
duos precisam para sobreviver fisicamente –, torna-se mais simples definir o ponto em
que pessoas se tornam pobres. A experiência de pobreza, porém, depende também do
quanto as pessoas têm em comparação com outras pessoas na sociedade e com os valores
culturais que definem a “boa vida”. Em muitas partes do mundo, por exemplo, água enca-
nada é considerada sinal de prosperidade, ao passo que, nas sociedades industriais, é co-
mum, e sua ausência numa casa passa a ser considerada sinal de pobreza. A maneira como
definimos pobreza tem grande importância, especialmente nas sociedades industriais, nas
quais a pobreza relativa é mais comum do que a pobreza absoluta. Quanto mais comum a
pobreza, maior a pressão pública para que alguma coisa seja feita a respeito.

POBREZA ABSOLUTA: Um nível mínimo de subsistência abaixo do qual nenhuma família


deveria viver.

POBREZA RELATIVA: Um padrão flutuante de privação pelo qual as pessoas na base de


uma sociedade são consideradas desprivilegiadas em comparação à nação como um todo,
seja qual for seu estilo de vida.

POLIANDRIA: Forma de poligamia na qual a mulher pode ter mais de um marido ao mesmo
tempo.

POLIGAMIA: Forma de matrimônio na qual um indivíduo pode desposar simultaneamente


vários outros. Quando o casamento se dá entre um homem e várias mulheres, recebe o
nome de poliginia. Quando é uma mulher que desposa mais de um homem, temos uma
manifestação de poliandria.

POLÍTICA: Expressão que deriva da palavra polis, que em grego significa cidade. A pólis era
a cidade-Estado na Grécia Antiga. Em algumas delas, a assembleia de cidadãos decidia so-
bre todas as questões que diziam respeito a seu Estado, isto é, à pólis. Política tem a ver,
portanto, com Estado, governo e poder. Em sentido mais amplo, é toda atividade ligada
ao exercício de um poder organizado em uma coletividade, seja esta um Estado, uma ci-
dade, uma empresa, um sindicato, uma universidade, etc. Assim, pode-se falar, por exem-
plo, na política sindical de determinado líder trabalhista, na política salarial de uma em-
presa, etc. Para o senso comum, política é a “arte de governar um povo”.

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SOCIOLOGIA

POLÍTICA FISCAL: Pode ser definida como o planejamento orçamentário do Estado. As


alterações de receita e gastos podem ser feitas em inúmeros segmentos da economia.
Pode-se diminuir a tributação para setores específicos da indústria de forma a incentivar
o investimento daquele segmento, pode-se aumentar os gastos com infraestrutura (rodo-
vias, portos, sistema de transmissão de energia, etc.), e assim por diante.

POPULISMO: É uma prática que busca a simpatia das classes sociais mais baixas, defen-
dendo seus interesses por meio de políticas paternalistas e assistencialistas. Segundo Cas
Mudde, professor da Universidade da Geórgia (EUA), o populismo é uma ideologia rasa
que considera que a sociedade se divide em dois grupos antagônicos, o ‘povo’ e a ‘elite
corrupta’. Essa versão é bastante aceita academicamente e enfatizada por outros estudio-
sos, como Luiz Ramiro (Universidade de Leicester – Reino Unido), que completa dizendo
que “tais grupos possuem interesses irreconciliáveis, o que leva a enfatizar a soberania
nacional ou popular”. Populismo (da palavra latina que significa “povo”) é uma ideologia
ou movimento social que deposita fé na sabedoria do homem comum e por isso mesmo
desconfia das elites, tais como a política, a intelectual, a empresarial etc. Como movimento
político, o populismo tem frequentemente pregado o governo direto pelo povo e contra
os padrões de mudança preconizados pelas elites, como o capitalismo industrial, a urba-
nização e outras formas de “progresso”.

PÓS-MODERNIDADE: Período histórico, seguinte à modernidade, que é definido com me-


nos clareza, é menos pluralístico e menos socialmente diversificado do que a modernidade
que o precedeu. Costuma-se dizer que a pós-modernidade começou a se desenvolver a
partir do início dos anos 1970.

PÓS-VERDADE: Foi eleita a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford. De acordo com
o Dicionário Oxford, pós-verdade é: um adjetivo “que se relaciona ou denota circunstân-
cias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que
apelos à emoção e às crenças pessoais”. Um mundo com a pós-verdade é uma realidade
em que acreditar, ter crença e fé de que algo é verdade é mais importante do que isso ser
um fato realmente. A explicação da palavra “pós-verdade”, de acordo com o Oxford, é de
que o composto do prefixo “pós” não se refere apenas ao tempo seguinte a alguma situa-
ção ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim a “pertencer a um momento
em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante”, nesse caso,
a verdade. Portanto, pós-verdade refere-se ao momento em que a verdade já não é mais
importante como já foi.

POSITIVISMO: O Positivismo foi criado no século XIX por autores como Auguste Comte.
Pode ser visto como uma adoção radical dos valores iluministas. Comte propôs, por exem-
plo, que a ciência seria mais do que o principal norteador dos progressos sociais: ela seria
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SOCIOLOGIA

a única fonte legítima do conhecimento humano. Por isso, apenas aquilo que possa ser
comprovado por métodos científicos pode ser considerado como válido. Os positivistas
chegaram a criar uma nova religião, denominada por Comte de religião da humanidade.
Até hoje, existe uma Igreja Positivista do Brasil. Outra influência do positivismo em terras
tupiniquins é o lema “Ordem e Progresso”, inscrito na bandeira nacional.

PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO: Em termos gerais, preconceito é a teoria da desigualdade


racial, entre outras formas, e discriminação é a sua prática. Preconceito é uma atitude cultu-
ral positiva ou negativa dirigida a membros de um grupo ou categoria social. Como uma ati-
tude, combina crenças e juízos de valor com predisposições emocionais positivas ou negati-
vas. Por exemplo, o racismo que brancos dirigem a negros e outras pessoas de cor inclui
crenças estereotipadas sobre diferenças raciais em áreas como inteligência, motivação, ca-
ráter moral e habilidades diversas. Essas diferenças são então julgadas segundo valores cul-
turais em detrimento das pessoas de cor e do status elevado dos brancos. Finalmente, ele-
mentos emocionais como hostilidade, desprezo e temor completam a atitude, criando pre-
disposição entre brancos para tratar negros de maneira opressora e para perceber sua pró-
pria categoria racial como socialmente superior. Considerando que pessoas de cor na Europa
e nos Estados Unidos vivem na mesma cultura que brancos, o preconceito racial irá, de certa
maneira, afetar o modo como eles percebem e avaliam a si próprios. Se julgarmos a impor-
tância de um preconceito por suas consequências sociais, então o preconceito acerca de raça
ou gênero, ou de etnia e outras minorias, é sociologicamente mais interessante. Tecnica-
mente, por exemplo, qualquer preconceito com base racial constitui racismo, assim como
qualquer preconceito baseado no sexo é sexismo e qualquer preconceito baseado na etnia
é etnicismo. Isso significa que o preconceito dirigido contra homens é sexista, assim como o
preconceito dirigido por negros contra brancos é racista. Uma objeção a essa visão é a de
que consequências do preconceito dirigido a minorias são bastante diferentes daquelas de
preconceitos dirigidos a grupos dominantes pelas minorias, em geral como autodefesa. O
primeiro sustenta e perpetua a opressão social. O último, contudo, tem consequências rela-
tivamente triviais para membros de grupos dominantes uma vez que estes têm acesso à
informação. Além disso, têm a prerrogativa, em função de sua condição como membros do
grupo racialmente dominante, de pleitear garantias. Por essa razão, alguns sociólogos argu-
mentam que assim como minorias podem sofrer preconceitos do mesmo modo que aqueles
que as dominam, conceitos como racismo e sexismo deveriam ser reservados para precon-
ceitos cuja função ideológica fosse justificar a opressão social. Preconceito é sociologica-
mente importante porque fundamenta a discriminação, o tratamento desigual de indivíduos
que pertencem a um grupo ou categoria particular. Quando o tratamento desigual toma
forma de abuso, exploração e injustiça sistemáticos, então torna-se opressão social. Porém,
nem toda discriminação baseia-se no preconceito. Nos Estados Unidos, por exemplo, ação
afirmativa é uma política governamental segundo a qual grupos como negros e mulheres
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SOCIOLOGIA

que carregam uma longa história de preconceito e discriminação são ativamente sondados
como candidatos a empregos, contratos governamentais e admissão nas universidades. Em-
bora esse tipo de discriminação positiva venha provocando bastante controvérsia, geral-
mente tem tido pouco efeito na distribuição total de homens, mulheres, negros e brancos
entre as ocupações.

PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO: No Brasil, o sistema de governo surgido da Constitui-


ção de 1988 veio a ser chamado de presidencialismo de coalizão – expressão do cientista
político Sérgio Henrique Abranches – justamente pela forma como o presidente precisa se
portar perante o Congresso Nacional. A distinção clara entre Executivo e Legislativo numa
República não implica dizer que há uma falta de diálogo entre esses dois poderes no pre-
sidencialismo. Pelo contrário: ambos precisam estar em sintonia para que o sistema polí-
tico funcione. O presidencialismo de coalizão surge pelos seguintes motivos: O multiparti-
darismo: a existência de vários partidos políticos diferentes representados no Congresso.
Em sistemas com muitos partidos em constante disputa, fica muito difícil para um partido
sozinho alcançar uma maioria no parlamento. A separação das eleições para o Executivo
e o Legislativo: esse fator dá a chance do eleitor escolher um presidente de um partido e
representantes parlamentares de outros partidos. Como muitas leis e votações são im-
prescindíveis para que o Poder Executivo possa colocar em prática suas bandeiras políticas
e promessas de campanha, surge a necessidade do presidente e seu partido criarem alian-
ças com outros partidos políticos representados no Congresso. É assim que surge uma co-
alizão de apoio ao presidente. Essas coalizões são, na verdade, muito mais comuns em
sistemas parlamentaristas do que em sistemas presidencialistas, mas se tornaram um
traço típico do sistema de governo brasileiro.

PRESTÍGIO SOCIAL: Posição desfrutada por um indivíduo que desperta confiança em ou-
tras pessoas e é capaz de exercer influência sobre elas. O prestígio social pode ser adqui-
rido em virtude de qualidades especiais atribuídas pelos outros à pessoa prestigiada. Tais
qualidades podem ser reais ou imaginárias. O prestígio pode ser obtido também por meio
da conquista de posições sociais consideradas influentes na sociedade. Assim, um atleta
pode desfrutar de prestígio apenas por ter vencido competições e conquistado medalhas
em torneios esportivos.

PRIVAÇÃO: De modo geral, privação refere-se a uma condição na qual pessoas carecem da-
quilo deque necessitam. O conceito é sociologicamente importante devido à relevância so-
cial do que as pessoas estão dispostas a suportar para melhorar sua qualidade de vida, do
crime à participação em movimentos sociais. A privação absoluta é a falta de atendimento
das necessidades de vida, como alimento, água, abrigo e combustível. O estado de privação
relativa, contudo, baseia-se na diferença percebida entre o que alguns indivíduos têm em

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SOCIOLOGIA

comparação com outros. Implícita nesta situação está a ideia de que pessoas são seletivas
no tocante a outras com quem resolvem se comparar. Os que se encontram no mais baixo
degrau do sistema de classe social em muitas sociedades industriais, por exemplo, são, em
termos objetivos, mais prósperos do que muitos dos mais altamente colocados em sistemas
de classe de sociedades não industriais. Os que pertencem às sociedades industriais, porém,
não encontram consolo nisso, porque não usam tais sociedades como pontos de compara-
ção. Nesse sentido, a privação relativa existe quando indivíduos se consideram carentes do
que acreditam que deviam ter, no contexto do sistema social em que vivem e da posição
que nele ocupam. O conceito de privação relativa tem sido usado principalmente no estudo
de movimentos sociais e de revolução, casos em que se argumenta que a privação relativa,
e não a absoluta, terá mais probabilidade de promover pressão por mudança.

PROFANO: O que pertence ao universo mundano do cotidiano.

PROGRESSISMO: É a doutrina segundo a qual certas medidas econômicas e sociais – im-


pulsionadas sobretudo pela ciência e tecnologia – são imprescindíveis para a melhoria da
condição humana. Também está relacionado à ruptura de padrões sociais tradicionais, que
por sua vez promoveriam valores como liberdade e igualdade. No contexto político atual,
o progressismo é fortemente associado à luta pelos direitos civis e a movimentos sociais
em prol de minorias ou grupos historicamente preteridos pela sociedade, por exemplo, o
movimento negro, o feminismo, os direitos dos indígenas e movimentos relacionados a
orientações sexuais e identidades de gênero minoritárias.

PROLETARIADO: Classe social surgida com a formação do modo capitalista de produção e


considerada por Karl Marx como uma das classes fundamentais da sociedade burguesa (a
outra seria a burguesia). É composto pelos trabalhadores assalariados da indústria, do
transporte e da agricultura (proletariado agrícola). Também chamado de classe operária,
sobretudo quando se refere aos trabalhadores industriais (operários), da construção civil
(pedreiros, serventes, mestres de obra) e dos transportes (ferroviários e portuários).

PROPRIEDADE: Consiste nos direitos e deveres de uma pessoa (o proprietário) ou de um


grupo que se ergue contra todas as demais pessoas ou grupos, no que concerne a certos
bens escassos (Davis). Por conseguinte, o direito de propriedade refere-se tanto a coisas
concretas, objeto palpáveis, quanto a coisas impalpáveis, e apresenta três tipos distintos:
o direito de uso, o direito de controle e o direito de disposição.

QUESTÃO SOCIAL: É o conjunto das expressões que definem as desigualdades da socie-


dade. A questão social é, muitas vezes, vista como um objeto do serviço social. O conceito
de questão social está relacionado com o sistema capitalista de produção, ou seja, a forma
como a riqueza em uma sociedade é produzida e repartida.
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SOCIOLOGIA

RAÇA: Tem sido frequentemente definida como um grupamento, ou classificação, com


base em variações genéticas na aparência física, sobretudo na cor da pele. A maioria dos
sociólogos (e biólogos) contesta a ideia de que raça biológica seja um conceito que signi-
fique alguma coisa, em especial em virtude do imenso volume de cruzamentos que, ao
longo da história, caracterizou a população humana. Em vez disso, o consenso é que a raça
existe como um conjunto socialmente construído de categorias, usadas sobretudo como
fundamento para a desigualdade e a opressão social. Distinções como “branco” e “negro”
pouca base têm em diferenças genéticas cientificamente identificáveis, embora possuam
grande importância nas percepções, avaliações e comportamento de indivíduos em rela-
ção a outros. Raça tem sido usada, muitas vezes, com o significado de etnicidade, palavra
esta que descreve um meio formativo cultural comum. Nesse sentido, expressões como
“raça britânica” ou “raça judaica” ainda continuam a ser usadas. Uma vez que grande vo-
lume de pesquisa demonstra as consequências sociais da cor da pele em si, qualquer que
seja o meio formativo cultural, os dois termos continuam a ser usados na sociologia para
indicar fenômenos separados e distintos.

RACIONALIZAÇÃO: Tem dois significados em sociologia. No primeiro, é a prática de justi-


ficar alguma coisa após o fato, como acontece quando um país ataca outro com o objetivo
de capturar território ou recursos e, em seguida, dá ao fato uma explicação mais nobre e
socialmente aceitável. Esse significado relaciona-se diretamente com os conceitos gêmeos
de Vilfredo Pareto, resíduos e derivações. A segunda definição pode ser encontrada na
obra de Max Weber, que se preocupava com a possibilidade de que, à medida que o capi-
talismo industrial se transformasse em sociedades cada vez mais complexas, a vida social
viesse a ser organizada em torno de princípios impessoais de cálculo racional, eficiência
técnica e controle. Os sentimentos, a espiritualidade e os valores morais diminuiriam em
importância, ao mesmo tempo em que as sociedades construiriam uma “jaula de ferro”
cada vez mais restritiva de burocracia em todas as áreas da vida social, da religião e edu-
cação ao trabalho e à lei. Tudo isso facilitaria o controle da vida diária do indivíduo pelo
Estado e pelas empresas.

RACISMO: Conjunto de atitudes, ou doutrina, que afirma a superioridade de uma raça


sobre outras e está baseado, na maioria das vezes, em conceitos pretensamente científi-
cos e enganosos. Tais conceitos estão em contradição com estudos realizados pela Antro-
pologia moderna e com os ensinamentos da História, que mostram a inexistência de raças.

RACISMO INSTITUCIONAL: Padrões de discriminação assentes na etnicidade estruturados


em instituições sociais.

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SOCIOLOGIA

RECESSÃO: É um período de crescimento econômico negativo. Em níveis moderados, a reces-


são é usualmente chamada de estagnação. Por outro lado, uma longa fase de crescimento ne-
gativo é caracterizada como uma depressão. Para identificar uma recessão, o critério técnico
mais usado é o de dois trimestres em crescimento negativo. As recessões têm como conse-
quências o aumento do desemprego e a redução do nível de investimentos privados.

REDE SOCIAL: Uma série de relações sociais que ligam uma pessoa diretamente a outras
e, indiretamente, a um número ainda maior de pessoas. Nos últimos anos, a expressão
também se direciona para sites e aplicativos virtuais.

REFLEXIVIDADE: É o processo de referir-se a si mesmo e aplica-se tanto à teoria quanto às


pessoas. Uma teoria reflexiva é aquela que se refere a si mesma. Uma ideia básica na so-
ciologia do conhecimento, por exemplo, é que todo conhecimento é socialmente construí-
do, e que não existe como verdade objetiva, externa. Esse tipo de declaração, é claro,
refere-se também a si mesma, pois ela também – como, aliás, toda a sociologia – é social-
mente construída e pode ser explicada como tal. Aplicada a pessoas, a reflexividade é a
capacidade humana de pensarmos e nos referirmos a nós mesmos como se fôssemos ou-
tra pessoa. A declaração “Eu gosto de mim”, por exemplo, é reflexiva porque sou simulta-
neamente o sujeito do verbo e seu objeto e, portanto, refiro-me a mim mesmo, como
poderia me referir a alguma outra pessoa, como na frase “Eu gosto de Nora”. Reflexividade
é uma capacidade humana fundamental que, de acordo com o interacionismo simbólico,
torna possível o desenvolvimento do self e a capacidade de participar da vida social em
relação aos demais.

REIFICAÇÃO: É o processo de tomar uma ideia ou conceito e tratá-los como se fossem algo
concreto e real. “Sociedade”, por exemplo, é um conceito usado por sociólogos para des-
crevera organização da vida social. A sociedade não é algo que possamos ver ou experi-
mentar de alguma outra forma com nossos sentidos; ela também não é capaz de pensar,
sentir ou agir. Ainda assim, pessoas reificam frequentemente a sociedade, referindo-se a
ela como se fosse uma entidade viva, concreta, com necessidades, vontades, intenções e
comportamento, um ser consciente que pode ser julgado culpado por variados resultados.
Da forma usada por Georg Lukács e Karl Marx, o conceito de reificação revela que nos
separamos e nos alienamos de nós mesmos, e de nossas relações com outras pessoas,
quando começamos a considerá-las como semelhantes a coisas, geralmente além de
nossa capacidade de controle. Esquecemos, por exemplo, que computadores e outras tec-
nologias são invenções humanas e, em vez disso, pensamos nelas como se fossem forças
independentes, capazes de controlar nossas vidas. Ou pensamos no trabalho humano
como uma mercadoria vendida em troca de salário, e não como uma parte profundamente
importante de nossa vida social.

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SOCIOLOGIA

RELAÇÕES DE PRODUÇÃO: As atuações do homem sobre a natureza (processo de traba-


lho, processo de produção ou relações técnicas de produção) não são isoladas: na produ-
ção e distribuição necessárias ao consumo, o homem relaciona-se com outros seres hu-
manos, sob uma forma social historicamente determinada, originando as relações de pro-
dução concretas dessa época.

RELATIVISMO CULTURAL: Considerar o comportamento das pessoas da perspectiva da


cultura dessas pessoas.

RELIGIÃO: Tal como todas as instituições sociais, religião é definida sociologicamente pe-
las funções que desempenha em sistemas sociais. De modo geral, é um arranjo social cons-
truído para prover uma maneira compartilhada, coletiva, de lidar com aspectos desconhe-
cidos e incognoscíveis da vida humana, com os mistérios da vida, morte e existência, e
com os dolorosos dilemas que surgem no processo de tomar decisões de natureza moral.
Como tal, a religião fornece não só respostas a duradouros problemas e perguntas huma-
nos, mas forma também uma das bases da coesão e da solidariedade sociais. Fundamental
para a realidade social da religião é a distinção estabelecida por Émile Durkheim entre o
sagrado e o profano. O profano consistiria de tudo que podemos saber através dos senti-
dos. É o mundo natural da vida diária, que experimentamos como compreensível ou, pelo
menos, em última análise, como cognoscível. Em contraste, o sagrado abrange tudo que
existe além do mundo da vida diária, natural, que vivenciamos com nossos sentidos. Como
tal, o sagrado inspira sentimentos de respeito porque é considerado incognoscível e além
das limitadas capacidades humanas de perceber e compreender. A religião é organizada
principalmente em torno dos elementos sagrados da vida humana e cria condições para
uma tentativa coletiva de construir uma ponte entre o sagrado e o profano.

RELIGIÃO CIVIL: É um conjunto de símbolos e rituais seculares que proporcionam algo do


senso de integração, solidariedade social e reverência que estão geralmente associados à
religião e ao sagrado. Uma vez que a visibilidade e o poder público da religião institucio-
nalizada na vida social têm diminuído nas sociedades industriais, alguns sociólogos argu-
mentam que novos marcos de referência surgiram para assumir algumas das funções so-
ciais antes desempenhadas pela mesma. Em algumas sociedades, por exemplo, a nação-
-estado preenche essa função, na medida em que antigos líderes, acontecimentos históri-
cos de notável importância e rituais públicos, como coroações, são elevados à categoria
de status mítico, se não sagrado, e símbolos do Estado, tais como bandeiras, monumentos
e hinos nacionais são reverenciados com a mesma profundidade em geral reservada a fi-
guras e artefatos religiosos. Até recentemente, a importância da tumba de Lenin, em Mos-
cou, era um claro reflexo do poder da religião civil. De maneiras semelhantes, nos Estados

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SOCIOLOGIA

Unidos, figuras heroicas como George Washington e Abraham Lincoln assumiram um sig-
nificado mítico, inclusive com o poder de gerar certa medida de coesão social até mesmo
numa sociedade onde é grande a diversidade étnica e racial.

RELIGIÃO TOTÊMICA: Também chamada de totemismo, é uma forma de instituição religi-


osa organizada em torno da crença comum em objetos sagrados, denominados tótens.
Émile Durkheim analisou religiões totêmicas e chegou à conclusão de que elas, na verdade,
são maneiras das pessoas adorarem sua própria sociedade, atribuindo poder sobrenatural
aos tótens a ela associados. Os tótens são considerados representações dos elementos
sagrados da própria sociedade, e não de divindades externas. Os tótens podem assumir
formas diferentes, mas, de modo geral, consistem de objetos naturais, como plantas ou
animais. São vistos com grande temor e reverência, uma vez que se acredita que qualquer
comportamento impróprio em relação a eles – tais como tocá-los, olhá-los ou, no caso de
tótens vivos, ofendê-los ou matá-los – acarretará consequências desastrosas.

RENDA NACIONAL: É a soma das rendas de todas as pessoas físicas e jurídicas de uma
nação num período determinado.

RENDA PER CAPITA: É o valor resultante da divisão da renda nacional pelo número total
de habitantes de uma nação.

REPRODUÇÃO CULTURAL E REPRODUÇÃO SOCIAL: De acordo com o sociólogo francês


Pierre Bourdieu, reprodução cultural é o processo social pelo qual culturas são reproduzi-
das através de gerações, sobretudo pela influência socializante de grandes instituições.
Bourdieu aplicou o conceito, em especial, a maneiras como instituições sociais, como es-
colas, são usadas para transmitir ideias culturais que servem de base e dão respaldo à
posição privilegiada das classes dominantes ou governantes. A reprodução cultural faz
parte de um processo mais amplo de reprodução social, através do qual sociedades intei-
ras e suas características culturais, estruturais e ecológicas são reproduzidas por um pro-
cesso que invariavelmente envolve certo volume de mudança. Da perspectiva marxista, a
reprodução social é, sobretudo, de escopo econômico, incluindo as relações de produção,
as forças produtivas e a força de trabalho da classe operária. Em sentido mais vasto, con-
tudo, ela inclui muito mais do que isso, da forma das instituições religiosas e linguagens às
variedades de música e outros produtos culturais.

REPÚBLICA: Forma de governo em que o poder é exercido temporariamente por repre-


sentantes eleitos periodicamente pelos cidadãos. Na república, o cargo que costumava ser
exercido por um rei nas monarquias passa a ser exercido por uma pessoa escolhida dire-
tamente pelo povo, geralmente chamado de presidente (às vezes, também, de primeiro-
-ministro, no caso de repúblicas parlamentaristas). Normalmente, o presidente é, ao
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SOCIOLOGIA

mesmo tempo, o chefe de Estado e o chefe de governo, exceto nas repúblicas parlamen-
taristas. O seu tempo no poder costuma ser curto e muito bem definido. Ele também não
tem como transferir seu cargo para uma pessoa de sua família ou de seus círculos. Além
disso, é na república em que estão mais claramente divididos os poderes Executivo e Le-
gislativo, que são exercidos respectivamente pelo presidente e por um grupo de represen-
tantes do povo, chamados de deputados ou senadores. O presidente deve executar os
planos do governo, enquanto o cargo de elaborar e analisar novas propostas de leis recai
sobre o Poder Legislativo. No Brasil, tivemos um período de monarquia entre 1822 (data
da nossa independência) até 1889, quando foi proclamada a república. Essa é a forma de
governo adotada até hoje no país.

RESSOCIALIZAÇÃO: Processe de livrar-se de padrões antigos de comportamento e aceitar


novos como parte de uma transição na vida.

REVOLUÇÃO: É uma mudança social que altera aspectos básicos de uma sociedade ou ou-
tro sistema social. Em política, por exemplo, a revolução consiste de mais do que uma
mudança de liderança, não importa o quão violenta ou súbita possa ser. Para que a mu-
dança política seja revolucionária, o próprio sistema político tem de passar por alguma
mudança básica, como da aristocracia para a democracia ou da democracia para a dita-
dura militar. Dada essa definição, as verdadeiras revoluções são muito raras e difíceis de
manter, uma vez que as forças da legitimação, que promovem o status quo, tendem a ser
muito fortes, até nos sistemas mais opressivos. Embora a revolução esteja, com mais fre-
quência, associada à política e à mudança súbita, violenta, ela pode ocorrer em qualquer
área da vida social e acontecer sem violência, durante longos períodos de tempo. A Revo-
lução Industrial constitui exemplo de uma das transformações sociais mais profundas já
ocorridas, como aconteceu também com o desenvolvimento do capitalismo como sistema
econômico. Ambas as mudanças evoluíram no decorrer de vários séculos, sem que uma
ordem fosse derrubada pela força por outra. O fundamental para a ideia de revolução é o
tipo de mudança que ocorre, e não tanto como ela ocorre.

RIQUEZA: É todo objeto material de valor de que o homem não necessita para consumo
em futuro próximo e que pode, por conseguinte, ser mantido em reserva e acumulado.
Propriedades imobiliárias, ações, títulos, poupança, pecúlio de aposentadoria, máquinas,
veículos, joias, obras de arte e peças importantes de mobiliário são considerados como
formas de riqueza nas sociedades industriais capitalistas.

RISCO: Segundo Ulrich Beck, tentativas de evitar ou mitigar potenciais perigos, sobretudo
os “riscos fabricados” que são produtos da atividade humana.

RITO DE PASSAGEM: Ritual que marca a transição simbólica de uma posição social para outra.

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SOCIOLOGIA

SAGRADO: Algo “intocável” e oposto ao mundano. De acordo com sua utilização, encontramos
várias referências ao termo sagrado. Tudo o que está relacionado à divindade e culto, costuma
referir-se ao termo sagrado. Por exemplo, na maioria das religiões, tudo o que se relaciona com
o mais fundamental de sua adoração será considerado como sagrado.

SANÇÃO: É a recompensa ou castigo que uma norma impõe a um comportamento ou apa-


rência. Indivíduos que trabalham muito no emprego, por exemplo, podem esperar ser re-
compensados com salários, ao passo que os que raramente aparecem para trabalhar, e
trabalham mal quando isso acontece, podem esperar castigo, como a demissão.

SECULARIZAR: Tomar secular ou laico o que era eclesiástico, o que era ligado à Igreja. A
Revolução Francesa de 1789, por exemplo, secularizou os bens do clero, ou seja, confiscou
as propriedades da Igreja e entregou-as a particulares ou ao Estado. Por secularização do
pensamento entende-se a passagem de um pensamento puramente religioso para um
pensamento científico, baseado na razão humana.

SEGREGAÇÃO: Política destinada a separar e isolar certos indivíduos ou grupos sociais ou


étnicos do convívio com a parcela dominante da sociedade. A segregação racial é uma
forma extrema de preconceito racial. Consiste em separar do contato com a etnia domi-
nante os indivíduos da etnia considerada inferior.

SENSO COMUM: Significa o conhecimento adquirido pelo homem partir de experiências,


vivências e observações do mundo. O senso comum se caracteriza por conhecimentos em-
píricos acumulados ao longo da vida e passados de geração em geração. É um saber que
não se baseia em métodos ou conclusões científicas, e sim no modo comum e espontâneo
de assimilar informações e conhecimentos úteis no cotidiano. Um conhecimento assiste-
mático, ou seja, não possui uma organização prévia ou investigação de estudos para se
chegar a uma conclusão.

SERVIDÃO: Instituição pela qual um grupo social se coloca ou é colocado em relação de


total dependência para com outro. Essa instituição predominou nas relações de trabalho
entre os servos da gleba e os senhores feudais, donos das terras, durante toda a Idade
Média na Europa ocidental, ou seja, sob o modo feudal de produção. Os servos trabalha-
vam em lotes de terra (as glebas) pertencentes aos senhores. Estavam ligados à terra. Caso
um senhor quisesse vender suas propriedades, os servos fariam parte da transação, pas-
sando a trabalhar para o novo senhor. Além disso, eles pagavam uma série de impostos e
taxas ao proprietário e prestavam serviços pessoais gratuitos a ele. Em troca, o senhor
lhes garantia proteção em caso de guerra ou de agressões externas.

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SOCIOLOGIA

SEXUALIDADE: Características e comportamentos sexuais de seres humanos que envol-


vem aspectos sociais, biológicos, físicos e emocionais. Até bem pouco tempo atrás, grande
parte do nosso conhecimento sobre sexualidade advinha dos biólogos, pesquisadores da
área médica e sexólogos, cujos estudos remontam ao século XIX. Contudo, essas pesquisas
costumavam focar na psicologia individual em vez de analisar os tipos de padrões gerais
de sexualidade e do comportamento sexual que são de interesse dos sociólogos. Muitos
acadêmicos, antigamente, também observavam o comportamento animal a fim de obter
algumas pistas sobre a sexualidade humana, e alguns ainda o fazem. Embora haja um com-
ponente biológico claro da sexualidade, como o imperativo da reprodução, os sociólogos
consideram a sexualidade humana como o complexo entrelaçamento de fatores biológi-
cos e sociais. Os primeiros grandes estudos sociológicos sobre a sexualidade surgiram nas
décadas de 1940 e 1950, quando Alfred Kinsey e seus colegas nos EUA realizaram pesqui-
sas fundamentais no campo do comportamento sexual. Suas descobertas chocaram o pú-
blico, revelando uma enorme disparidade entre as normas e expectativas públicas e a real
conduta sexual. Os estudos da sexualidade realizados por Michel Foucault ao final da dé-
cada de 1970 também criaram um novo interesse na história da sexualidade e nos modos
como as sexualidades são criadas, rejeitadas e suprimidas. Esse foi um ponto de virada
crucial que transferiu os estudos sobre sexualidade da Biologia para os campos da História,
Política e Sociologia.

SÍMBOLO: Algo concreto que representa uma realidade abstrata. Por exemplo, as cores
verde e amarela, quando utilizadas conjuntamente, representam o Brasil; a aliança é um
objeto que simboliza a união e a fidelidade entre os cônjuges em nossa sociedade; a cruz
simboliza o cristianismo, e assim por diante.

SIMULACRO: Noção utilizada pelo autor francês Jean Baudríllard. Um simulacro é uma có-
pia de um item de que não existe um original. Por exemplo, uma casa “pseudoTudor” em
nada se parece com os edifícios originais Tudor.

SINCRETISMO: É a fusão de traços culturais provenientes de culturas diferentes, dando


como resultado um novo complexo cultural. A umbanda, uma religião afrobrasileira, por
exemplo, reúne aspectos do cristianismo e de crenças africanas trazidas pelos negros para
o Brasil. É uma das manifestações de sincretismo religioso em nossa cultura.

SINDICATO: Associação profissional que tem por objetivo a defesa dos interesses dos que
exercem determinada atividade.

SKINHEADS: em tradução literal para o português, “cabeças peladas” – são um grupo


muito conhecido, formado nos anos 1960, na Inglaterra, por jovens de classe média baixa

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SOCIOLOGIA

que, originalmente, não promovia ideais racistas. Mas, na década seguinte, devido à re-
cessão econômica e à fragilização da relação com imigrantes, o grupo se uniu ao partido
neonazista inglês Frente Nacional – em inglês, National Front –, que promovia a superio-
ridade branca. A partir de então, são diretamente associados a ideais neonazistas, fascistas
e de extrema-direita. Os skinheads ganharam mais notoriedade a partir dos anos 1980,
com grupos nos Estados Unidos que praticavam vandalismo e violência contra grupos de
pessoas negras, homossexuais, judeus e imigrantes latinos.

SOCIAL DEMOCRACIA: É uma variação do socialismo, surgida dentro do movimento ope-


rário ainda no século XIX. Hoje em dia, após mais de um século de evolução, essa corrente
diverge do socialismo marxista. A social democracia aceita o capitalismo, e busca mitigar
os efeitos desse sistema, considerados adversos, por meio da política. Para isso, utiliza-se
de intervenções econômicas e sociais e promove reformas parciais do sistema em vez de
substituí-lo por inteiro. A social democracia é um pensamento político de centro-esquerda
e seus principais valores são a igualdade e a liberdade. No campo político, a social demo-
cracia defende as liberdades civis, os direitos de propriedade e a democracia representa-
tiva, na qual os cidadãos escolhem os rumos do governo por meio de eleições regulares
com partidos políticos que competem entre si. No campo econômico, a social democracia
encontrou nas teorias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) a com-
binação perfeita para aliar os interesses sociais à mitigação de aspectos considerados pro-
blemáticos do capitalismo, como crises periódicas e elevado desemprego.

SOCIALISMO: Expressão que designa tanto uma doutrina como um sistema social. Como
doutrina, o socialismo é uma corrente de ideias que propõe a superação da sociedade
capitalista por meio da socialização (ou coletivização) dos meios de produção – que pas-
sariam a pertencer à sociedade e não mais a capitalistas privados – e da entrega do poder
político às associações dos trabalhadores. Como sistema social, o socialismo teve um ca-
ráter marcadamente autoritário em países como a antiga União Soviética e a China. Ali, a
propriedade social ou coletiva acabou se transformando em propriedade do Estado e o
governo tornou-se monopólio de uma burocracia privilegiada que nega os ideais igualitá-
rios dos fundadores do pensamento socialista. Em sua essência, o socialismo é muito mais
um conceito econômico que político; baseia-se no princípio da propriedade pública (cole-
tiva) dos instrumentos materiais de produção. Diferentemente do que ocorre numa eco-
nomia de mercado (veja CAPITALISMO), o capital das empresas não é propriedade privada,
mas pertence à coletividade, representada pelo Estado. Na realidade, o socialismo não
pressupõe a abolição total da propriedade privada, mas somente a dos meios de produção
(bens de capital), mantendo se a propriedade individual dos bens de consumo e de uso.
Por outro lado, no sistema socialista, inexiste o capital particular, auferidor de lucros, em

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SOCIOLOGIA

função do que é acionada toda a economia de mercado: o estímulo que dinamiza a eco-
nomia deverá ser o progresso, assim como o desejo coletivo de alcançar níveis elevados
de bem-estar econômico e social. As decisões sobre o objeto, o volume e os preços da
produção não são da alçada do administrador de empresa, mas constituem metas estabe-
lecidas no planejamento governamental.

SOCIALISMO UTÓPICO: Foi a primeira corrente socialista, desenvolvida ainda durante a


Primeira Revolução Industrial. Um dos seus grandes estudiosos foi o filósofo e economista
francês Claude-Henri de Rouvroy, mais conhecido por Conde de Saint-Simon. Para ele, era
importante que as classes prósperas entendessem que melhorar as condições de vida dos
mais pobres implicaria melhoria de suas próprias condições de vida. Assim, o objetivo das
instituições sociais seria o de melhorar intelectual, moral e fisicamente, as condições da
classe mais pobre e numerosa. Tudo isso através do progresso industrial e científico. Outro
teórico do socialismo utópico foi Charles Fourier. Ele propôs a criação de sociedades co-
munitárias e independentes, ainda que dentro da sociedade capitalista. Essas comunida-
des viveriam isoladas da sociedade, dependeriam do capital privado e não buscariam
igualdade absoluta. Nelas haveria incentivo à eficiência industrial e, apesar de existir dife-
rença de renda, esses rendimentos não seriam tão destoantes. A comunidade idealizada
por Fourier tornaria todos mais felizes e resultaria em aumento da produção. Ainda assim,
Fourier nunca conseguiu colocar sua comunidade ideal em prática.

SOCIALIZAÇÃO: É o processo pelo qual a pessoa se integra ao grupo ou à sociedade em


que nasceu, assimilando seus hábitos, valores, costumes e outros traços culturais; é o ato
de transmitir, de introjetar na mente do indivíduo os padrões culturais da sociedade; pela
socialização o indivíduo, naturalmente social, toma-se sociável, isto é, capaz de viver em
sociedade. Socialização é o processo através do qual indivíduos são preparados para par-
ticipar de sistemas sociais. Incluído neste conceito há alguma compreensão de símbolos e
sistemas de ideias, linguagem e as relações que constituem os sistemas sociais. De modo
geral, não somos socializados para compreender sistemas como sistemas, nem para ana-
lisar como eles realmente funcionam e suas consequências. Em vez disso, viemos a com-
preendê-los como uma realidade que aceitamos como natural, que simplesmente é o que
parece ser. Em outras palavras, o que em geral não é incluído é qualquer tipo de consci-
entização sociológica do que é aquilo de que participamos e como estamos dele partici-
pando.

SOCIALIZAÇÃO ANTECIPADA: O processo de socialização nos quais uma pessoa “ensaia”


para cargos, profissões e relacionamentos futuros.

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SOCIOLOGIA

SOCIEDADE: Coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam um mesmo terri-


tório, falam a mesma língua, compartilham a mesma cultura, são geridas por instituições
políticas e sociais aceitas de forma consensual e desenvolvem atividades produtivas e cul-
turais voltadas para a manutenção da estrutura que sustenta o todo social. A sociedade
apresenta-se, geralmente, dividida em classes ou em camadas sociais nem sempre harmô-
nicas. Entretanto, mesmo quando há oposição e conflito entre essas classes ou camadas,
verifica-se também complementaridade entre elas, e é essa complementaridade que man-
tém de pé a sociedade como um todo. Sociedade é um conceito fundamental em sociolo-
gia porque é nesse nível que são criados e organizados os elementos mais importantes da
vida social. Virtualmente, todos os sistemas sociais de que participamos – da família e re-
ligião às ocupações e aos esportes – são, de certa maneira, subsistemas de uma sociedade
que define seu caráter básico. Até mesmo grupos subversivos e revolucionários operam e
se definem principalmente em relação às sociedades e suas instituições.

SOCIEDADE DO RISCO: Noção associada ao sociólogo alemão Ulrich Beck. Beck defende
que a sociedade industrial criou muitos novos perigos de riscos desconhecidos em épocas
anteriores. Os riscos associados ao aquecimento global são um exemplo.

SOCIEDADE INDUSTRIAL: Sociedade que emprega máquinas para produzir seus bens e
serviços.

SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL: Sociedade cujo sistema econômico se organiza basica-


mente em torno do processamento e do controle de informações.

SOCIEDADE PÓS-MODERNA: Sociedade tecnologicamente sofisticada que se preocupa


com o consumo de bens e de imagens da mídia.

SOCIOLINGUÍSTICA: É o estudo da linguagem como um recurso da vida social. Inclui ques-


tões sobre como a linguagem é usada para produzir vários resultados na interação social;
de que maneira é distribuída como recurso entre os vários grupos; e o papel que desem-
penha na aquisição de competência cultural por indivíduos, na qual se baseia a capacidade
de participar eficazmente da vida social. Em sociedades multiculturais, a distribuição desi-
gual de competência na língua dominante reforça frequentemente a desigualdade racial
e étnica, ao limitar a capacidade de minorias de ganhar aceitação.

SOCIOLOGIA: Ciência social que estuda as relações sociais e as formas de associação dos
seres humanos, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A Socio-
logia estuda os grupos sociais, a divisão da sociedade em camadas ou classes sociais, a
mobilidade social, os processos de mudança, cooperação, competição e conflito que ocor-
rem nas sociedades, etc.; é a ciência social que estuda os fatos sociais.

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SOCIOLOGIA

SOCIOLOGIA INTERPRETATIVA: É uma perspectiva teórica baseada na ideia de que uma


interpretação sociológica de comportamento deve forçosamente incluir o significado que
os atores sociais atribuem ao que eles e outros fazem. Quando interagem, indivíduos in-
terpretam o que está acontecendo, desde o significado de símbolos até a atribuição de
motivos aos demais. Como é argumentado pelos autores do interacionismo simbólico, da
etnometodologia e de outras perspectivas interpretativas, é isso que dá à vida social sua
característica padronizada. A sociologia interpretativa diverge profundamente da ideia de
que a vida social é governada pelas características estruturais e culturais objetivas de sis-
temas sociais, que são externos ao indivíduo e relativamente independentes deles. Rejeita
também o argumento de que é possível elaborar leis científicas rígidas, que explicam pa-
drões de comportamento social como fixos e determinados pelas situações sociais em que
pessoas se encontram. Enquanto alguns sociólogos ora aceitam ora rejeitam uma das duas
posições, outros – retroagindo até Max Weber– preferem um enfoque equilibrado, que
incorpore a compreensão subjetiva dos atores que participam dos sistemas sociais e as
consequências por eles produzidas.

SOLIDARIEDADE MECÂNICA: Característica da fase primitiva da organização social que se


origina das semelhanças psíquicas e sociais (e, até mesmo, físicas) entre os membros indi-
viduais. Para a manutenção dessa igualdade, necessária à sobrevivência do grupo, deve a
coerção social, baseada na consciência coletiva (veja CONSCIÊNCIA COLETIVA), ser severa
e repressiva. O progresso da divisão do trabalho faz com que a sociedade de solidariedade
mecânica se transforme.

SOLIDARIEDADE ORGÂNICA: A divisão do trabalho, característica das sociedades mais de-


senvolvidas, gera um novo tipo de solidariedade, não mais baseado na semelhança entre
os componentes (solidariedade mecânica), mas na complementação de partes diversifica-
das. O encontro de interesses complementares cria um laço social novo, ou seja, um outro
tipo de princípio de solidariedade, com moral própria, e que dá origem a uma nova orga-
nização social – solidariedade orgânica. Sendo seu fundamento a diversidade, a solidarie-
dade orgânica implica uma maior autonomia, com uma consciência individual mais livre.

SOLIDARIEDADE SOCIAL: Vínculo recíproco entre pessoas que envolve ações de ajuda mú-
tua e está baseado em interesses e sentimentos de responsabilidade comuns a esse grupo
de pessoas. Uma das manifestações da solidariedade é a cooperação.

STATUS QUO: Expressão em latim que significa o estado atual em que se encontram as
coisas. Em certos contextos, pode designar também a ordem social estabelecida.

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SOCIOLOGIA

STATUS SOCIAL: É a posição social ocupada pelo indivíduo no sistema de estratificação


social; essa posição social determina o conjunto de deveres e direitos do indivíduo na so-
ciedade.

SUBCULTURA: Segmento da sociedade que compartilha diferentes padrões de costumes,


usos e valores que são diferentes do padrão dominante da sociedade.

SUBEMPREGO: Emprego temporário, não qualificado, não coberto pela legislação traba-
lhista em vigor e, em geral, mal remunerado.

SUICÍDIO: O ato de acabar com a própria vida figura com destaque no desenvolvimento
da sociologia ao longo da história, porque constituiu tema da primeira obra sociológica a
usar sistematicamente dados empíricos para submeter a teste uma teoria. A obra clássica
de Émile Durkheim, intitulada Suicídio, tinha por fundamento a premissa de que os pa-
drões de suicídio podiam ser explicados com simplicidade, como resultado de patologia e
psicologia individuais, mas que eram causados por fatos sociais. Durkheim argumentava,
por exemplo, que as taxas de suicídio tenderiam a ser altas em comunidades com fracos
laços sociais. Essa ideia levou ao prognóstico de que os protestantes teriam taxas mais
altas de suicídio do que os católicos, uma vez que os primeiros apresentavam uma ten-
dência mais alta para enfatizar a autonomia pessoal, a independência e o sucesso. Os da-
dos (registros públicos de taxas de mortalidade) e os métodos usados por Dukrheim foram
desde então muito criticados por suas falhas de adequação. A concentração de Durkheim
em causas sociais, e não individuais, e o uso de dados para submeter a teste uma teoria,
forneceram um modelo que influenciou profundamente a pesquisa e o pensamento soci-
ológicos.

SUPERESTRUTURA: Expressão utilizada por Karl Marx para designar a parte superior da
estrutura social, que é sustentada pela base material, econômica, denominada infraestru-
tura. Na superestrutura se localizam o Estado, a vida cultural e o conjunto das ideologias,
filosofias, religiões, princípios jurídicos e políticos da sociedade.

TABU: Designa imposições (principalmente proibições) de mérito, apresentadas como in-


questionáveis, isto é, de cuja origem e validade não é licito indagar. Encontra-se na base
das religiões ágrafas, nas quais inexistem esforços de justificação racional. Por vezes, essas
imposições coincidem com preconceitos, conduzindo à ordem social ou a práticas higiêni-
cas, mas não se imagina, mesmo nesses casos, qualquer fundamento de ordem lógica.

TAYLORISMO: Conjunto de ideias, também conhecidas como “gestão científica”, desen-


volvidas por Frederick Winslow Taylor, segundo as quais se poderia aumentar enorme-
mente a produtividade se as tarefas industriais fossem divididas numa séria de operações
simples que podiam ser cronometradas com precisão e otimizadas.
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SOCIOLOGIA

TECNOCRACIA: Sistema de organização política e social baseado no predomínio de uma


camada social constituída por técnicos e burocratas de formação científica.

TENSÃO SOCIAL: Estado emocional que resulta das oposições e conflitos que ocorrem en-
tre grupos sociais. Na terminologia marxista, as tensões sociais são expressão e conse-
quência da luta de classes. Uma greve de operários, por exemplo, é uma das manifesta-
ções da tensão social.

TEOCRACIA: Sistema de governo no qual o poder político aparece unido ao poder religio-
so. O Vaticano, por exemplo, é um caso típico de Estado sob governo teocrático. Localizado
no interior da Itália, o Vaticano é um Estado independente governado pelo papa, chefe da
Igreja católica. A teocracia pode ser definida também como um sistema de poder no qual
o governo está nas mãos do grupo sacerdotal.

TEORIA CRÍTICA: Em seu sentido mais geral, a teoria crítica é uma teoria sociológica que
tem por objetivo explorar o que existe por trás da vida social e descobrir os pressupostos
e máscaras que nos impedem de compreender plena e verdadeiramente como o mundo
funciona. Os países da Europa Ocidental e América do Norte, por exemplo, com frequência
são descritos como democracias e seus povos, tipicamente, os descreveriam como tais.
Uma análise crítica da política sob o capitalismo industrial, porém, revelaria as muitas ma-
neiras em que o poder político e econômico estão efetivamente concentrados nas mãos
de poucos, contradizendo os princípios democráticos básicos. Um dos grandes objetivos
da teoria crítica consiste em revelar como a realidade superficial muitas vezes é desmen-
tida pela realidade subjacente. Os marxistas levam esse fato um passo adiante, ao argu-
mentar que o pensamento crítico deve ser combinado com a ação crítica (práxis), a fim de
acarretar mudança naquilo que criticamos. A teoria crítica é mais comumente vinculada a
um grupo de cientistas sociais da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, que se autode-
nominavam de Escola de Frankfurt. Formado em 1922, o grupo transferiu-se para os Esta-
dos Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e voltou à Alemanha em 1949, onde con-
tinuou a existir até 1969. A dinâmica principal do trabalho desse grupo consistia em criticar
a vida sob o capitalismo e as maneiras predominantes de explicá-la. Embora o método que
usavam se fundamentasse no marxismo, eles modificaram alguns de seus pressupostos
básicos e combinaram-no com outros métodos, que deram ao trabalho da Escola de Frank-
furt uma atração especial. Como tal, eles voltavam de certa maneira à obra do jovem Marx,
que era mais humanista e menos rigidamente determinista do que o marxismo que estava
sendo promovido como parte da ideologia política da União Soviética. Ao contrário das
versões mais divulgadas do marxismo, por exemplo, os membros da Escola de Frankfurt
argumentavam que a economia não determinava a forma da vida social. Enfatizavam a
importância da cultura e elaboraram um enfoque crítico da arte, da estética e da mídia.

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SOCIOLOGIA

Combinaram marxismo com análise freudiana para criar uma compreensão da personali-
dade e do indivíduo em relação à sociedade capitalista. Em todos esses trabalhos, estavam
resolvidos a libertar a existência humana do que consideravam o controle sufocante de
uma sociedade cada vez mais dominada por valores de eficiência e controle, em especial
através do uso de tecnologia sofisticada. Da perspectiva que adotavam, o potencial do
Iluminismo de libertar a humanidade havia sido cooptado, pervertido e transformado em
um estilo cada vez mais opressivo de vida que, progressivamente, privava o homem de
sua liberdade. Os mais conhecidos entre os numerosos sociólogos ligados à Escola de
Frankfurt são Theodor Adorno, Erich Fromm, Jürgen Habermas, Max Horkheimer, Herbert
Marcuse e Felix Weil (o fundador da Escola).

TEORIAS DO CONFLITO: Uma perspectiva sociológica que sublinha o papel desempenhado


nas sociedades humanas pelas tensões, divisões e interesses concorrentes. Os teóricos do
conflito acreditam que a escassez e o valor dos recursos disponíveis na sociedade levam
ao conflito e que os grupos lutam pelo acesso a esses recursos e pelo seu controle. Muitos
teóricos do conflito foram fortemente influenciados pelos escritos de Marx.

TEORIA DO DESVIO E DA ANOMIA: A teoria do desvio de Robert Merton como uma adap-
tação às metas socialmente prescritas, ou aos meios que regulam as formas de atingi-las.

TEORIAS FEMINISTAS: Perspectivas sociológicas que sublinham o papel central do gênero


na análise do mundo social, e, em particular, o carácter único da experiência das mulheres.
Há muitas correntes de teoria feminista, mas todas têm em comum o desejo de explicar
as desigualdades de gênero na sociedade e de trabalhar para as ultrapassá-las.

TEORIA QUEER: Uma teoria cultural que desafia as noções binárias de sexualidade, suge-
rindo, em vez disso, que as sexualidades são construções culturais influenciadas pelo
tempo e pelo lugar.

TERCEIRO SETOR: É um grupo que abarca todas as entidades sem fins lucrativos (mesmo
aquelas cujo fim não seja uma causa política), como as ONGs. São exemplos de outras
entidades do terceiro setor as associações de classe e organizações religiosas.

TERRORISMO: O termo terrorismo pode ser extremamente vago e servir meramente para
fins retóricos, mas existem algumas tentativas de elaborar uma definição precisa do que
“terrorismo” de fato significa. A Organização das Nações Unidas define terrorismo da se-
guinte forma:

“Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no pú-


blico em geral […]“ – (Resolução 49/60 da Assembleia Geral, para. 3)

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SOCIOLOGIA

De maneira semelhante, o governo dos Estados Unidos também traz uma definição explí-
cita do que seria o terrorismo: “[…] violência premeditada e politicamente motivada, per-
petrada contra alvos não combatentes e praticada por grupos ou agentes clandestinos,
normalmente com a intenção de influenciar um público”. Ou seja, os ataques terroristas
teriam alguns fatores em comum, que seriam:

• Premeditação: sempre são planejados previamente pelos seus perpetradores.

• Fim político: o grupo pretende causar algum efeito na esfera política, como motivar
governantes a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

• Vítimas são civis: atos terroristas não acontecem em um campo de batalha, onde o
conflito e a violência já são esperados; o terrorismo ocorre de maneira inadvertida
em espaços públicos de grande circulação (prédios, praças, shoppings, voos comerci-
ais, aeroportos, boates, etc.).

• Grupos são clandestinos: os grupos políticos que realizam ataques terroristas existem
sem reconhecimento e respaldo legal: não são partidos políticos, entidades governa-
mentais, intergovernamentais. Normalmente, são grupos que procuram justamente
derrubar governos ou até mesmo a ordem internacional de uma forma geral.

• Objetivo é obter audiência: o ato terrorista serve tanto para aterrorizar a população,
quanto para convencer outras a aderir às causas do grupo (o Estado Islâmico, por
exemplo, tem conquistado novos adeptos ao longo do tempo, até mesmo em países
ocidentais).

TIPO IDEAL: Ligado sobretudo ao sociólogo alemão Max Weber, o tipo ideal é um modelo
abstrato que, quando usado como padrão de comparação, permite-nos observar aspectos
do mundo real de uma forma mais clara e mais sistemática. O socialismo e o capitalismo
de livre mercado, por exemplo, podem ser descritos como tipos ideais quando identifica-
mos suas características essenciais – sua essência – em uma forma pura, algo exagerado,
que é improvável que exista em algum lugar, exceto em nossa mente. Sociedades capita-
listas e socialistas diferem de muitas maneiras de seus respectivos tipos ideais: Estados
socialistas têm sido, em geral, autoritários e indiferentes aos interesses dos trabalhadores,
por exemplo, da mesma maneira que os mercados capitalistas são cada vez mais contro-
lados por oligopólios, em vez de ser livremente competitivos. A falta de aderência entre
tipos ideais e o mundo real não cria problema, contudo, pois não constitui objetivo dos
tipos ideais descrever ou explicar o mundo. Em vez disso, fornece-nos pontos de compa-
ração a partir dos quais podemos fazer nossas observações. Comparando o tipo ideal de
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SOCIOLOGIA

socialismo com sociedades socialistas concretas, por exemplo, podemos pôr em destaque
suas características, ao notar como elas se ajustam ou se afastam do tipo ideal. Sociólogos
usam muitos tipos ideais dessa maneira, incluindo grupos primários e secundários, buro-
cráticos, tipos de autoridade (carismática, racional-legal e tradicional) e a suposição de
que indivíduos agem racionalmente. É importante notar que tipos ideais são ideais apenas
no sentido em que são puros e abstratos, não no sentido mais comum de serem desejáveis
ou bons. O totalitarismo não é menos ideal como tipo do que a democracia, por exemplo,
porquanto ambos são construtos abstratos, com os quais podemos comparar e contrastar
sistemas políticos reais, com o objetivo de observar com mais clareza suas várias caracte-
rísticas.

TIRANIA: Governo arbitrário exercido por um ditador cruel e sanguinário (o tirano) ou por
um grupo de indivíduos com autoridade absoluta.

TORTURA: A tortura é o ato de aplicar a indivíduos dor e sofrimento por meio de mecanis-
mos desumanos. Ela vem caracterizada de longas datas como uma prática extremamente
cruel, sendo por isso combatida através de diversos instrumentos legais, internacio-
nais e nacionais, como declarações e constituições. Mas, nem sempre foi assim: por muito
tempo na história, a tortura era aceita socialmente e sua “eficácia” era considerada incon-
testável, já que facilmente se alcança o desejado. No entanto, essa prática foi e ainda é
bastante discutida devido aos seus reflexos.

TOTALITARISMO: É um regime que, além de autoritário, ainda promove esforços para


controlar e regular todos os aspectos da vida pública e privada. Dentro de regimes totali-
tários, a vida de cada cidadão é monitorada pelo grupo no poder, que controla cada insti-
tuição governamental. Valoriza-se também a lealdade ao partido ou grupo no poder. A
ideologia governamental torna-se central para a vida da maior parte da população. Regi-
mes totalitários também se ancoram no uso da propaganda política para conquistar e con-
trolar o pensamento da população.

TOTEM: Animal, planta ou objeto do qual deriva o nome de um grupo ou clã (veja CLÃ) e
que se constitui supostamente em seu ancestral ou está relacionado de maneira sobrena-
tural com um antepassado. Sobre o totem recai tabu alimentício (veja TABU) e manifes-
tam-se atitudes especiais.

TOTEMISMO: Forma de organização social e prática religiosa que supõe, de modo típico,
uma íntima associação entre o grupo ou clã (veja CLÃ) e o seu totem (veja TOTEM).

TRABALHADOR POLIVALENTE: Trabalhador que possui diversas formações ou qualifica-


ções, podendo, por isso, mover-se com facilidade entre empregos.

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SOCIOLOGIA

TRABALHO: Atividade pela qual os seres humanos produzem riqueza a partir do mundo
natural e asseguram a sua sobrevivência. O trabalho não deve ser considerado exclusiva-
mente como consistindo num emprego remunerado. Nas culturas tradicionais havia ape-
nas um sistema monetário rudimentar, e poucas eram as pessoas que trabalhavam a troco
de dinheiro. Nas sociedades modernas persistem ainda muitos tipos de trabalho, como o
trabalho doméstico, que não implicam pagamentos salariais diretos.

TRADIÇÃO: Conjunto de ideias, sentimentos e costumes que, numa sociedade, se trans-


mite de uma geração a outra; parte da herança social e cultural valorizada pelo que repre-
sentou no passado.

TRÍADE: Grupo composto por três membros.

TRIBO: Forma de organização social entre povos antigos. Podia incluir vários grupos locais
– fossem eles aldeias ou bandos – unidos por uma mesma língua e uma cultura comum.
Entre os povos pré-letrados, a tribo tinha, geralmente, um chefe e estava unida também
por laços de parentesco e de solidariedade muito fortes. Na Grécia e na Roma antiga, o
termo era aplicável mais à população de determinados territórios.

UFANISMO: O nacionalismo exacerbado ou exagerado pode ser chamado de ufanismo e


acontece quando um político, uma cultura, a população de um país tem orgulho excessivo
de seu país, o que normalmente leva a medidas também exacerbadas. Normalmente, é
guiado pelo autoritarismo e esforços para a proibição, expulsão e opressão a imigrantes.
Além disso, é comum a criação de inimigos externos ao país – reais ou não –, esforços
militares – convocação da população a agir militarmente, alistar-se e servir ao serviço –,
muita propaganda, entre outros artifícios. Uma das principais consequências desse senti-
mento nacionalista exagerado é o sentimento de superioridade da sua cultura e do seu
país frente a outros. Isso gera grandes problemas de embates interiores ao país, como
racismo, xenofobia e discriminação com imigrantes, por exemplo.

UTOPIA: Designa o regime social, econômico e político que, por ser perfeito e ideal, não
pode ser encontrado em nenhum lugar.

VALORES: Ideias de indivíduos ou grupos acerca do que é desejável, decente, bom ou mau.
A variação em termos de valores constitui um aspecto fundamental da diferenciação entre
culturas humanas. O que os indivíduos valorizam é fortemente influenciado pela cultura
específica em que vivem.

VERSTEHEN: Palavra alemã para “compreensão” ou insight, usada para enfatiza a neces-
sidade dos sociólogos de levar em conta o significado subjetivo que as pessoas atribuem
às suas ações.
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SOCIOLOGIA

VIOLÊNCIA: Define-se como uma ação que gera, de maneira intencional, dano, ou intimidação
moral, a outro indivíduo ou ser vivo. A violência pode implicar um trauma, dano psicológico,
ou também uma morte. Então, ela tem consequências relativamente diversas, mas todas inci-
dem em traumas. Existem diferentes tipos: a violência entre pessoas, a violência de Estado, a
violência criminal, a política, a econômica, a natural e também a simbólica.

VIOLÊNCIA CULTURAL: De todas as violências, a cultural é a considerada mais sutil, indi-


reta e duradoura através do tempo. Ela nasce na esfera simbólica, nas crenças e nos cos-
tumes dos seres humanos. A violência não está nas crenças e costumes em si, mas na
forma como eles são utilizados para justificar ou legitimar formas de violência, sem que
pareça ser errado. Essa violência se embasa em diferenças culturais, étnicas e de gênero
e pode se manifestar através da arte, religião, ideologia, linguagens e ciência. Podemos
citar como exemplo o preconceito e a violência racial, que se utilizam das diferenças na
coloração da pele para justificar discrepâncias salariais, criminalização e até perseguição
de grupos. O Ku Klux Klan, organização racista nascida no sul dos EUA no final do século
XIX, é uma concretização dessa violência cultural. O grupo intimidava e agredia negros
libertados da escravidão em defesa da cultural “supremacia branca” no país.

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: É um conceito desenvolvido por Pierre Bourdieu, que corresponde ao


poder de impor um processo de submissão pelo qual os dominados percebem a hierarquia
social como legítima e natural. Por exemplo, as mulheres pertencem ao espaço privado (a
casa), e os homens, ao espaço público (o trabalho). Isso é um tipo de violência simbólica. Esta
característica de violência é visível também nas mídias e, mais precisamente, nas mensagens
publicitárias. Estas mensagens revelam algumas imagens legítimas. Por exemplo: as mulheres
são subrepresentadas nas publicidades de produtos para lavar. As posições de subordinação
são distinguidas como normais, mas são, cada vez mais, controversas. Estas publicidades espa-
lham mensagens referentes às desigualdades e relações de força.

VISÃO DE MUNDO: Em uma cultura, visão de mundo é uma maneira geral de considerar
o universo e nossa relação com ele, um conjunto geral de pressupostos sobre o significado
da vida, sobre o que é importante e sobre como as coisas funcionam. Ao comparar comu-
nidades tradicionais e modernas, por exemplo, os sociólogos identificam pontos de vista
diferentes, sendo os tradicionalistas menos receptivos à mudança e a novas ideias, mais
confiantes na fé religiosa e, de modo geral, desconfiados da tecnologia, da ciência e da
racionalidade imparcial como maneira de encarar a vida humana. A visão de mundo está
costumeiramente associada a um grupo ou sociedade, o que significa que, como acontece
com todos os aspectos da cultura, há em geral variação entre indivíduos no grau em que
dela compartilham. Radicais e revolucionários seriam, por definição, contrários à visão de
mundo predominante na sociedade onde vivem.

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SOCIOLOGIA

XAMÃ: Um indivíduo que se crê ter poderes mágicos especiais; um feiticeiro ou bruxo.

XENOCENTRISMO: Crença de que produtos, estilos ou ideias da própria sociedade são in-
feriores àqueles procedentes de outros países.

XENOFOBIA: É o medo de estrangeiros, sentimento este com fundamento na cultura. Tem


sido frequentemente associado à recepção hostil dada em sociedades e comunidades a
imigrantes. Em alguns casos, a xenofobia tem origem em um medo autêntico de estranhos
e do desconhecido, embora, com mais frequência, tenha uma base mais concreta, especi-
almente na medida em que envolve concorrência por empregos, ou preconceitos de na-
tureza étnica, racial ou religiosa.

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SOCIOLOGIA

ALGUNS DOS PRINCIPAIS PENSADORES DO CAMPO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

ALEXIS DE TOCQUEVILLE (1805-1859): Pensador e historiador francês conhecido pela obra


Democracia na América (2v, 1835 e 1840), hoje considerada um trabalho precursor em
Sociologia e Ciência Política, e por O Antigo Regime e a Revolução (1856). Nessas obras,
Tocqueville produziu ideias importantíssimas a respeito da sociedade moderna, do indivi-
dualismo, da democracia, da relação entre igualdade e liberdade e da dinâmica das revo-
luções. Representante da tradição clássica do liberalismo político, Tocqueville teve ativa
participação política na França.

ALFRED SCHÜTZ (1899 – 1959): Nasceu em Viena, Áustria, em 13 de abril de 1899. Alfred
Schütz era um filósofo e sociólogo americano nascido na Áustria, que se destacou por ter
desenvolvido uma ciência social baseada na fenomenologia. A fenomenologia é um movi-
mento filosófico desenvolvido no século XX, cujo objetivo é descrever vários fenômenos
de acordo com a forma como são experienciados conscientemente. Schütz mudou-se para
os Estados Unidos quando tinha 50 anos e lecionou na New School of Social Research,
localizada em Nova Iorque. Seu trabalho chamou a atenção de seus colegas estudando o
desenvolvimento cotidiano das pessoas, além da criação da realidade através de símbolos
e ações humanas.

ANGELA DAVIS (1944): É filósofa, professora emérita do departamento de estudos feministas


da Universidade da Califórnia e ícone da luta pelos direitos civis. Integrou o Partido Comunista
dos Estados Unidos, tendo sido candidata a vice-presidente da República em 1980 e 1984. Pró-
xima ao grupo Panteras Negras, foi presa na década de 1970 e ficou mundialmente conhecida
pela mobilização da campanha “Libertem Angela Davis”. Autora de vários livros, sua obra é
marcada por um pensamento que visa romper com as assimetrias sociais. Dela, a Boitempo
publicou Mulheres, raça e classe (2016) e Mulheres, cultura e política (2017).

ANTHONY GIDDENS (1938): É considerado um dos autores que mais se destacam na socio-
logia contemporânea, tanto do ponto de vista de sua análise fundada na teoria da estru-
turação social quanto em sua reinterpretação crítica dos autores clássicos da Sociologia.
Nascido em Londres, Inglaterra, em 1938, Giddens é atualmente professor emérito da Lon-
don School of Economics and Political Science (Escola de Economias e Política Econômica
de Londres). Conhecido por seu trabalho de renovação da Social-Democracia, tem como
temas centrais de pesquisa as questões relacionadas à globalização e à modernidade. Com
objetivo de reformular a teoria social, Giddens desenvolveu a Teoria da estruturação. Em
linhas gerais, essa teoria pretende, com base na releitura de diversas correntes e tradições
teóricas, transcender o quadro clássico de divisão disciplinar, mostrando a necessidade de
incorporar a História e a Geografia à análise sociológica. Nesse sentido, Giddens explicita
as diferenças entre a ciência social e a ciência natural, evidenciando como a primeira se
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SOCIOLOGIA

funda e se especifica na ação humana. Além disso, Giddens entende que a especificidade
das Ciências Sociais não se concentra na ação individual (como para Weber) nem nas to-
talidades sociais (como para Durkheim), mas sim nas práticas sociais ordenadas no espaço
e no tempo. Segundo Giddens, a modernidade se funda em uma duplicidade sombria. Ao
mesmo tempo que cria uma estrutura de possibilidades e de oportunidades, fruto do de-
senvolvimento científico, promove também consequências degradantes como a explora-
ção do trabalho, o autoritarismo na utilização do poder político e as guerras. Com relação
à pós-modernidade, Giddens indica uma de suas características centrais: a ausência de
certezas no processo de conhecimento.

ANTONIO CANDIDO (1918-2017): Escritor, crítico literário, sociólogo, professor. Nascido no Rio
de Janeiro e criado em Minas Gerais, em 1942 obteve os graus de bacharel e licenciado em
Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Em
1945, obteve o título de livre-docente da cadeira de Literatura Brasileira na mesma universi-
dade. Doutor em Ciências Sociais (1954) com a tese Os parceiros do rio Bonito, a partir de 1958
dedicou-se inteiramente à literatura. Como crítico literário, ensaísta e professor, ministrou cur-
sos no Brasil e no exterior (universidades de Paris, França, e Yale, Estados Unidos) e escreveu
obra extensa e influente. Entre seus livros, destacam-se Formação da literatura brasileira
(1959), Tese e antítese (1964), O discurso e a cidade (1993).

ANTONIO GRAMSCI (1891-1937): A teoria política de Antonio Gramsci pode ser conside-
rada uma das mais notáveis e profundas do século XX. Gramsci nasceu em Ales, na ilha
mediterrânea da Sardenha, região autônoma da Itália, em 22 de janeiro de 1891. Filho de
Francesco Gramsci e Giuseppina Marcias, destacou-se desde muito cedo pelo brilhantismo
intelectual. O jovem Gramsci iniciou sua prática política e intelectual escrevendo em jor-
nais e participando do movimento socialista na Sardenha e depois em Turim. Em 1920, foi
um dos criadores de L´Ordine Nuovo, uma revista socialista que ganhou a aceitação de
milhares de leitores. Além de escrever sobre as condições de trabalho e da vida proletária
na Itália, Gramsci traduziu e publicou textos de Lenin (1870-1924) e outros intelectuais
comunistas. Mesmo desfrutando de imunidade parlamentar por ser deputado eleito pelo
Partido Comunista Italiano (PCI), Gramsci foi preso em 1926 pelo regime fascista de Benito
Mussolini. Transferido para várias prisões, nelas permaneceu por quase dez anos. Morreu
em 1937, pouco depois de ter encerrado seu período de liberdade condicional. Ainda que
sua vida na prisão tenha sido marcada por enfermidades, Gramsci escreveu, entre 1926 e
1934, suas principais obras, publicadas como Cadernos do cárcere (1948). Embora esses
escritos tenham como tema central a análise da sociedade italiana, seus princípios de te-
oria política se caracterizam como gerais no contexto das sociedades capitalistas. Os con-
ceitos de hegemonia e de revolução passiva sintetizam um pouco de sua produção inte-
lectual, que ainda hoje é umas das mais lidas, atuais e relevantes.
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SOCIOLOGIA

AUGUSTE COMTE (1798-1857): Nascido em Montpellier, França, foi o primeiro autor a


sistematizar a Sociologia como ciência específica. Buscou ordenar o conhecimento hu-
mano por meio de uma abordagem fundamentalmente descritiva e baseada em elemen-
tos quantitativos, contrapondo-se às explicações metafísicas ou teológicas. Principal de-
senvolvedor do Positivismo.

BELL HOOKS (1952): É o pseudônimo da aclamada escritora, educadora, feminista e ati-


vista social estadunidense Gloria Jean Watkins, nascida em 1952, na cidade de Hopkins-
ville, Kentucky. Autora de vasta obra, incluindo cinco livros infantis, Bell Hooks investiga,
de uma perspectiva pós-moderna, questões relativas à raça, à classe e ao gênero na peda-
gogia, na história da sexualidade e do feminismo e na cultura em geral. Aluna de uma
escola segregada quando criança e admiradora de Paulo Freire durante vida acadêmica,
Hooks defende a pluralidade dos feminismos e compreende a prática pedagógica como
um lugar fundamentalmente político e de resistência nas lutas antirracista e anticapita-
lista.

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS (1940): Nasceu no dia 15 de novembro de 1940, na


cidade de Coimbra, em Portugal. Em 1963, licenciou-se em Direito pela Universidade de
Coimbra, tendo realizado no ano de 1964 um curso de pós-graduação na Universidade de
Berlim. Obteve seu título de mestre em 1970, pela Yale University, com a tese As Estrutu-
ras Sociais do Desenvolvimento e o Direito e, em 1973, concluiu seu doutorado pela mesma
instituição. Atualmente, é Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universi-
dade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de
Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É igualmente Di-
retor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Diretor do Centro de Do-
cumentação 25 de Abril da mesma Universidade e Coordenador Científico do Observatório
Permanente da Justiça Portuguesa.

BRONISLAW MALINOWSKI (1884-1942): Nasceu na Polônia, estudou Ciências Exatas em


seu país e na Alemanha e, depois, mudou-se para a Inglaterra, onde se naturalizou. A lei-
tura de O ramo de ouro, obra clássica de James Frazer, atraiu-o para a Antropologia. Ma-
linowski ficou conhecido por estabelecer o método etnográfico, ou seja, a pesquisa de
campo de longa duração, com conhecimento fluente do idioma local e “observação parti-
cipante”. O trabalho de campo tornou-se um dos principais métodos de pesquisa antro-
pológica. Para Malinowski, o antropólogo deveria “mergulhar” na cultura local, partici-
pando das atividades cotidianas enquanto observava o que acontecia. Grande crítico dos
evolucionistas e precursor da perspectiva funcionalista em Antropologia, Malinowski foi
um dos intelectuais mais influentes do século XX.

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SOCIOLOGIA

BRUNO LATOUR (1947): Nascido na França, doutorou-se em Filosofia na Universidade de


Tours. Sociólogo, antropólogo, é influente no campo de estudos de ciência e tecnologia.
Professor no Instituto de Estudos Políticos em Paris, desenvolve pesquisas sobre a ciência
moderna e escreveu o livro Jamais fomos modernos (1991).

CAIO PRADO JÚNIOR (1907-1990): Filho de uma família abastada da capital paulistana,
bacharelou-se em Direito em 1928. Ligado ao marxismo, teve intensa atividade política no
Partido Comunista Brasileiro (PCB). Publicou obras historiográficas consideradas de fun-
damental importância para o entendimento do Brasil. Foi deputado federal pelo PCB, per-
seguido pela ditadura de 1964 e fundador da editora Brasiliense. Publicou, entre outros
livros, Formação do Brasil contemporâneo (1942) e História econômica no Brasil (1945).

CARLOS NELSON COUTINHO (1943 – 2012): Foi um dos cientistas políticos marxistas mais
reconhecidos do Brasil. Nascido em Itabuna, na Bahia, é conhecido no Brasil e no exterior
como um dos maiores especialistas na obra de Antonio Gramsci, foi responsável pela edi-
ção brasileira dos Cadernos do cárcere (Civilização Brasileira, 1999-2002). Foi professor
titular de Teoria Política na Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (ESS–UFRJ). É autor de vários livros, entre os quais Gramsci, Um estudo sobre seu
pensamento político (Civilização Brasileira, 3. ed., 2007), Contra a corrente: ensaios sobre
democracia e socialismo (Cortez, 2. ed., 2008) e O estruturalismo e a miséria da razão (Ex-
pressão Popular, 2. ed., 2010). Em 29 de junho de 2012 recebeu o título de professor emé-
rito da Escola de Serviço Social da UFRJ. Faleceu meses depois, aos 69 anos, em sua casa,
no bairro de Cosme Velho, no Rio de Janeiro, em consequência de um câncer de pulmão,
diagnosticado em fevereiro do mesmo ano.

CELSO FURTADO (1920-2004): Nascido em Pombal (PB), formou-se em Direito no Rio de


Janeiro, em 1944, e doutorou-se em Economia pela Universidade de Paris-Sorbonne, com
um estudo sobre a economia colonial brasileira. Nos anos 1950, vinculou-se à Comissão
Econômica para a América Latina (Cepal), ligada à ONU. No governo Kubitschek, criou a
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e foi diretor do BNDE. No
governo Goulart, foi ministro do Planejamento. Cassado pelo regime militar, exilou-se na
França, onde ocupou uma cátedra na Universidade de Paris. Com a Lei da Anistia, em 1979,
retornou ao Brasil e desenvolveu intensa atividade acadêmica internacional.

CHARLES TILLY (1929-2008): Sociólogo, cientista político e historiador norte-americano.


Doutor em Sociologia pela Universidade Harvard, foi professor nessa instituição e também
nas universidades Columbia e New School for Social Research. Conhecido principalmente
pelo desenvolvimento da Sociologia histórica, foi um dos pioneiros no uso de métodos

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SOCIOLOGIA

quantitativos em análise histórica. Seu trabalho privilegiou o estudo de movimentos soci-


ais, história do trabalho, formação do Estado, revoluções, democratização, desigualdade
e Sociologia urbana.

CHARLES WRIGHT MILLS (1916-1962): Sociólogo norte-americano, professor na Universi-


dade Columbia de 1946 até sua morte. Publicou vários livros e artigos, entre eles A elite
do poder (1956). Também estudou e escreveu sobre a classe média norte-americana e os
trabalhadores de colarinho-branco. Foi uma grande influência nos movimentos sociais da
New Left [Nova Esquerda] dos anos 1960.

CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908-2009): Nascido em 1908 na Bélgica, de família judia, estudou


em Paris, graduando-se em Filosofia em 1931. Depois de lecionar por dois anos na França,
integrou a missão francesa na recém-criada Universidade de São Paulo (USP), onde lecio-
nou Sociologia. Entre 1935 e 1939 viveu no Brasil, realizando expedições etnográficas que
viriam a influenciar toda a sua carreira, assim como a de muitos intelectuais brasileiros.
Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi professor
nesse país nos anos 1950, estabelecendo laços com outros antropólogos, entre eles Franz
Boas (1858-1942) e Robert Lowie (1883-1957). De volta à França, assumiu, em 1959, a
cadeira de Antropologia Social no Collège de France, onde permaneceu até se aposentar,
em 1982. Sua obra é considerada de enorme importância, tanto pela criação da chamada
Antropologia estruturalista quanto pela riqueza e erudição de suas análises. Vários de seus
livros são clássicos da Antropologia e das Ciências Humanas, tais como: Estruturas elemen-
tares do parentesco (1949), Tristes trópicos (1955), Antropologia estrutural (1958), O pen-
samento selvagem (1962) e Totemismo hoje (1962). Lévi-Strauss produziu ainda um tra-
balho monumental de análise dos mitos das populações indígenas das Américas, dedi-
cando-lhes mais de duas décadas de pesquisa (entre 1964 e 1991). O resultado foi publi-
cado em quatro volumes que formam as Mitológicas: O cru e o cozido (1964), Do mel às
cinzas (1967), Origem dos modos à mesa (1968) e O homem nu (1971). Complementou a
série ainda com outras três publicações, que formam as “pequenas mitológicas”: A via das
máscaras (1975), Oleira ciumenta (1985) e Histórias de lince (1991). Faleceu em Paris, em
2009, alguns meses antes de completar 101 anos.

CLIFFORD GEERTZ (1926-2006): Nascido nos Estados Unidos, doutorou-se na Universidade


Harvard em 1956. Lecionou em Chicago e Princeton. Um dos antropólogos mais influentes
do século XX, defendeu uma perspectiva cultural da Antropologia. Fez trabalho de campo
em Bali e no Marrocos e é considerado um dos fundadores da Antropologia simbólica.

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SOCIOLOGIA

DARCY RIBEIRO (1922-1997): Nascido em Montes Claros (MG), estudou na Escola de So-
ciologia e Política de São Paulo, onde se graduou em 1946. Antropólogo, político e educa-
dor, desenvolveu pesquisas entre várias populações indígenas e foi um dos fundadores da
pós-graduação em Antropologia na Universidade do Brasil, hoje pós-graduação do Museu
Nacional. Como chefe da Casa Civil no governo João Goulart, desempenhou papel rele-
vante na elaboração das chamadas reformas de base. Com o golpe militar de 1964, teve
os direitos políticos cassados e foi exilado. Viveu em vários países da América Latina, foi
professor na Universidade Oriental do Uruguai e assessorou os presidentes Salvador Al-
lende (Chile) e Velasco Alvarado (Peru). Em 1976 voltou ao Brasil. Em 1982, elegeu-se vice-
governador do Rio de Janeiro e trabalhou na criação dos Centros Integrados de Educação
Pública (Ciep). Em 1990, foi eleito senador; em 1992, passou a integrar a Academia Brasi-
leira de Letras. Além da obra antropológica, publicou vários romances. Entre seus princi-
pais livros estão Religião e mitologia Kadiwéu (1950), A política indigenista brasileira
(1962) e O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (1995).

DAVID HARVEY (1935): Geógrafo britânico, é professor na City University de Nova Iorque
(Cuny). Teórico social renomado internacionalmente, doutor pela Universidade de Cam-
bridge (1961). Seu trabalho trouxe grande contribuição ao debate sociopolítico. Ele tam-
bém é responsável por restaurar o conceito de classe social e o método marxista como
ferramentas da crítica ao capitalismo em tempos de globalização. Entre suas obras de
maior referência estão Condição pós-moderna (1993) e o Enigma do capital (2011).

EDUARDO VIVEIROS DE CASTRO (1951): Nascido no Rio de Janeiro, doutorou-se em An-


tropologia no Museu Nacional (UFRJ), onde é professor desde 1978. Lecionou na École de
Hautes Études en Sciences Sociales (Paris), nas universidades de Chicago e Cambridge. Re-
nomado internacionalmente como um dos principais estudiosos das populações indígenas
amazônicas, é autor de vários livros, entre eles Araweté, os deuses canibais (1986) e A
inconstância da alma selvagem e outros ensaios de Antropologia (2002), uma coletânea
de ensaios que revela sua principal contribuição para a Antropologia, o “perspectivismo
ameríndio”.

EDWARD B. TYLOR (1832-1917): Antropólogo inglês, representante do evolucionismo cul-


tural. Em seu livro Primitive Culture and Anthropology (1871), definiu o contexto do estudo
científico da Antropologia, com base na teoria evolucionista de Charles Lyell. Considerado
um dos fundadores da Antropologia social, seus trabalhos contribuíram para consolidar
essa área como ciência no século XIX.

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EDWARD SAID (1935-2003): Nasceu em Jerusalém em 1935. Era a época da ocupação e


do mandato britânico na Palestina ocupada. Com 12 anos, ele mudou-se com a família
para a cidade do Cairo, no Egito. Sua formação religiosa fora sempre cristã, protestante de
orientação anglicana. Foi educado, até sua mudança para o Cairo, em escolas coloniais
inglesas. Sua família era da elite – a que hoje chamamos classe média alta. Seu pai havia
adquirido cidadania americana desde o final da primeira guerra mundial, o que facilitou a
mudança da família para os Estados Unidos, onde Said adquiriu também a condição e sta-
tus de americano. Emigrou de forma definitiva com sua família aos EUA em 1951, após a
resolução da ONU de 1947, que dividia Jerusalém em duas partes: uma árabe e outra ju-
daica. Com 28 anos, torna-se professor, em 1963, da prestigiosa Universidade de Colúm-
bia, local em que, em 1968, ocorreram grandes protestos em favor da paz e contra a guerra
do Vietnã. Said sempre foi um defensor da causa palestina, que considerava como sua, de
seu povo, apesar de ser atacado pela direita e pelos sionistas americanos, que o acusavam
de não ser palestino. Said foi professor convidado de Teoria Literária em Princeton e Har-
vard, duas das mais prestigiadas universidades americanas.

ÉMILE DURKHEIM (1858-1917): Viveu entre 1858 e 1917, na França. Formou-se em Filo-
sofia na École Normale Supérieure (ENS), em Paris. Desde cedo se interessou pelo estudo
da sociedade, influenciado pela leitura do pensador inglês Herbert Spencer e do filósofo
francês Auguste Comte. Passou um tempo na Alemanha, em seguida trabalhou na Univer-
sidade de Bordeaux, já como cientista social, e aí fundou o primeiro departamento de So-
ciologia da Europa. Depois passou a lecionar Sociologia na Sorbonne (Universidade de Pa-
ris), ganhando grande prestígio internacional. O trabalho intelectual de Durkheim o tornou
conhecido como um dos pais da Sociologia, responsável por estabelecer o ponto de vista
sociológico como fundamental para o entendimento da vida em sociedade. Suas percep-
ções sobre o fato social, a coesão social, a importância do sistema social e do método
sociológico foram muito influentes no mundo inteiro. A sociologia de Durkheim e sua pre-
ocupação com a integração e coesão sociais foram essenciais para o reconhecimento aca-
dêmico da disciplina. Sua obra foi também fundamental para o desenvolvimento da An-
tropologia, principalmente com seu livro As formas elementares da vida religiosa, texto
obrigatório nos cursos de formação antropológica. Sua influência sobre a antropologia in-
glesa, por um lado, e francesa (por meio de seu sobrinho Marcel Mauss), por outro, ajudou
a definir essa disciplina no século XX.

EMILIA VIOTTI DA COSTA (1928): Historiadora brasileira formada na Faculdade de Filoso-


fia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde se tornou professora
emérita. Após ter sido presa pelo regime militar em 1969, foi compulsoriamente aposen-
tada do cargo de professora pelo AI-5 (Ato Institucional nº 5) e exilou-se nos Estados Uni-
dos, onde lecionou em diversas universidades, tendo permanecido na Universidade Yale
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SOCIOLOGIA

por mais de duas décadas. Sua obra é considerada uma das maiores contribuições da his-
toriografia brasileira acerca do período colonial. Entre suas principais publicações estão
Da Monarquia à República (1977) e Da senzala à colônia (1966).

ERICH FROMM (1900-1980): Psicanalista, psicólogo social e filósofo humanista de origem


judaico-alemã. Membro do Instituto de Investigações Sociais da Universidade de Frank-
furt, participou da primeira fase das investigações interdisciplinares da Escola de Frank-
furt, até que no fim dos anos 1940 rompeu com seus colegas por discordar da interpreta-
ção heterodoxa da teoria freudiana que essa escola desenvolveu, pretendendo sintetizar
numa só disciplina a psicanálise e os postulados do marxismo. Entre suas principais obras,
está Conceito marxista do homem (1964).

ERVING GOFFMAN (1922-1982): Foi um sociólogo, antropólogo e escritor canadense, con-


siderado o pai da microssociologia. Sua obra tem influenciado e contribuído para estudos
na área da sociologia, da antropologia, como também no campo da psicologia social, psi-
canálise, comunicação social, linguística, literatura, educação, ciências da saúde etc. De-
dicou-se especialmente à temática da estigmatização.

EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909): Nascido no Rio de Janeiro, militar de formação, foi um


defensor da República. Escrevia na imprensa carioca e, em 1897, foi convidado para escre-
ver sobre a Guerra de Canudos por um jornal paulista. Sobre essa experiência escreveu Os
Sertões (1907), livro que o consagrou. Graças a essa obra, foi eleito para a Academia Bra-
sileira de Letras e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Mais tarde, seria no-
meado chefe da Comissão de Reconhecimento do Alto Purus. Viajou, então, milhares de
quilômetros pela Amazônia. De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou no Itamaraty, redigindo
o relatório da viagem ao Purus e corrigindo ou elaborando mapas da região visitada.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1931): Nascido no Rio de Janeiro, mudou-se jovem


para São Paulo, onde se formou em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP),
completando seus estudos de pós-graduação na Universidade de Paris. Após o golpe mili-
tar de 1964, exilou-se no Chile e, a seguir, na França. Voltou ao Brasil em 1968 e tornou-
se professor de Ciências Políticas na USP. Meses depois, foi aposentado compulsoria-
mente pelo AI-5 (Ato Institucional n. 5). Fundou, então, com outros pesquisadores cassa-
dos, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que se tornaria um núcleo de
pesquisa e reflexão sobre a realidade brasileira. Filiou-se ao MDB, pelo qual seria candi-
dato ao Senado por São Paulo, cargo que depois ocupou como suplente já pelo PMDB.
Teve cada vez mais intensa participação política a partir da década de 1980. Foi um dos
criadores do PSDB e durante o governo de Itamar Franco tornou-se ministro da Fazenda,
implementando o plano Real. Nas eleições seguintes foi eleito presidente da República,
cargo que ocupou por dois mandatos, entre 1995 e 2002.
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FERNANDO NOVAIS (1933): Nascido em São Paulo, graduou-se em História pela Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), onde lecionou
de 1961 a 1985. Em 1986, transferiu-se para o Instituto de Economia da Unicamp. Em 1996
publicou, em colaboração com Carlos Guilherme Mota, A independência política do Brasil.
Foi o organizador geral da coleção História da vida privada no Brasil, de 1997, que reuniu
trabalhos de renomados historiadores contemporâneos brasileiros.

FLORESTAN FERNANDES (1920-1995): Nasceu em São Paulo, em 1920. Filho de uma imi-
grante portuguesa que o criou trabalhando como empregada doméstica, começou a tra-
balhar com 6 anos de idade, primeiro como engraxate, depois em vários outros ofícios.
Precisou abandonar o curso primário por questões de ordem material. Depois de se for-
mar no curso de madureza (supletivo), ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciên-
cias Humanas da Universidade de São Paulo em 1947, formando-se em Ciências Sociais.
Doutorou-se em 1951 e foi assistente catedrático, livre-docente e professor titular na ca-
deira de Sociologia. Depois do golpe militar de 1964, protestou contra o tratamento dado
a seus colegas presos e também foi detido. Cassado em 1969 pelo AI-5, deixou o Brasil e
lecionou nas universidades de Toronto (Canadá), Columbia e Yale (Estados Unidos). De
volta ao Brasil em 1972, passou a lecionar na PUC-SP. Ligado ao Partido dos Trabalhadores
(PT) desde sua fundação, elegeu-se deputado federal em 1986 e 1990. Morreu em 1995,
deixando uma obra fundamental para as Ciências Sociais e para a área das Ciências Huma-
nas.

FRANZ BOAS (1858-1942): Nasceu em Minden, Alemanha, em 1858. Filho de judeus libe-
rais relativamente abastados, iniciou sua carreira acadêmica nas áreas de Física e Geogra-
fia ao se doutorar na Universidade de Kiel em 1881, aos 23 anos. Seus interesses giravam
em torno da relatividade das percepções físicas, e seu doutorado foi sobre variações no
entendimento da cor da água. Em 1883, participou de uma expedição ao Ártico, onde en-
controu a população inuíte, o que marcou uma mudança em sua carreira. Passou a se in-
teressar pela Antropologia. Em 1887, abandonou a carreira de geógrafo e se mudou para
os Estados Unidos, onde passou por universidades e museus até se fixar na Universidade
Columbia. Nessa instituição criou um departamento de Antropologia e um curso de dou-
torado, formando a primeira geração de antropólogos “acadêmicos” norte-americanos.
Boas teve atuação política marcante, assumindo posição antirracista em um país profun-
damente marcado pela discriminação racial. Fundou a Associação Americana de Antropo-
logia, hoje a maior e mais importante associação antropológica no mundo. Por ter for-
mado antropólogos importantes para a história da disciplina e por sua contribuição teó-
rica, Boas ficou conhecido como “o pai da Antropologia estadunidense”. A influência de
suas ideias fez-se sentir no Brasil, principalmente na obra de Gilberto Freyre (1900-1987),
que afirmou, no prefácio do clássico Casa--grande & senzala, de 1933, que a obra de Boas
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o ajudara a se libertar da visão negativa sobre a mestiçagem, então considerada um pro-


blema da formação social brasileira. Franz Boas morreu em 1942, em Nova Iorque, vítima
de um infarto durante um jantar entre acadêmicos.

FRANZ FANOM (1925-1961): Psiquiatra, filósofo mas fundamentalmente revolucionário


marxista anti-colonialista, Franz Fanon dividiu a sua curta vida entre a militância indepen-
dentista, sobretudo na Argélia, e a teoria crítica comunista e pós-colonial, desenvolvendo
ainda uma tese pioneira que batizou de psicopatologia da colonização: Peles Negras, Más-
caras Brancas (1952).

FRIEDRICH ENGELS (1820-1895): Foi um importante filósofo alemão. Nasceu em 28 de no-


vembro de 1820, na cidade alemã de Wuppertal. Morreu em Londres, no dia 5 de agosto
de 1895. Junto com o filósofo alemão Karl Marx, criou o marxismo (socialismo científico).
Engels era integrante de uma rica família. Ao observar as péssimas condições dos traba-
lhadores na Inglaterra do século XIX, passou a ter uma visão crítica sobre o capitalismo.
Teve contato e identificação com as ideias do socialismo, aproximando-se de Marx.

GABRIEL COHN (1938): Sociólogo brasileiro. Graduado em Ciências Sociais pela Universi-
dade de São Paulo, obteve na mesma universidade os graus de mestre (1967), doutor
(1971) e livre-docente (1977, com a tese Crítica e resignação, sobre Max Weber). Professor
aposentado do Departamento de Ciência Política da USP, é membro do Conselho Delibe-
rativo do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec). Produziu trabalhos de
destaque na área de teoria social, especialmente seu clássico estudo sobre Max Weber.

GEORG SIMMEL (1858-1918): Nasceu em Berlim, cidade na qual passaria quase toda a sua
existência. Estudou história e filosofia na Universidade de Berlim, onde também se douto-
rou, em 1881, com uma tese sobre a filosofia kantiana. Na mesma instituição passou a
oferecer cursos independentes que se tornaram populares entre os estudantes e a elite
letrada alemã. Foi, a exemplo de Max Weber, um dos fundadores da Sociedade Alemã de
Sociologia. Escreveu diversos livros, entre os quais Sobre a diferenciação social (1890); In-
trodução à ciência da ética (1892-93); A filosofia do dinheiro (1900); Sociologia: investiga-
ção sobre formas de sociação (1908) e Questões fundamentais da sociologia (1917).

GILBERTO FREYRE (1900-1987): Nascido em Pernambuco, estudou na Universidade de


Baylor, nos Estados Unidos. Participou de cursos de Franz Boas na Universidade Columbia,
onde fez seu mestrado. Trabalhou na imprensa, foi político eleito, assumiu cargos públi-
cos, lecionou em Pernambuco, Rio de Janeiro e em várias universidades estrangeiras como
professor visitante. Com o livro Casa-grande & senzala (1933), revolucionou a historiogra-
fia brasileira. Em vez do registro cronológico de guerras e reinados, ele passou a estudar o

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cotidiano por meio da história oral, documentos pessoais, manuscritos de arquivos públi-
cos e privados, anúncios de jornais e outras fontes até então ignoradas. Usou também
seus conhecimentos de Antropologia e Sociologia para interpretar fatos de forma inova-
dora. Seus livros tornaram-se base de uma ideologia da miscigenação brasileira, que acre-
ditava no Brasil como nação racialmente mais justa. É considerado um dos pensadores
mais importantes do Brasil no século XX.

GILBERTO VELHO (1945-2012): Nascido no Rio de Janeiro, graduou-se em Ciências Sociais


na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e fez pós-graduação no Museu Nacional
e depois na Universidade do Texas, Austin. Professor do Museu Nacional (UFRJ), conduziu
pesquisas pioneiras sobre Antropologia urbana no Brasil.

GILLES DELEUZE (1925-1995): Considerado um dos maiores filósofos do século XX, for-
mou-se na Universidade de Sorbonne, Paris, em 1948. Durante sua vida foi professor pri-
meiro em liceus e depois em universidades como Lyon, Paris VIII e Vincennes. Dedicou-se
amplamente aos estudos da História da Filosofia, notadamente acerca da Filosofia mo-
derna, e aos estudos de artistas da modernidade. No entanto, explorou também temas
filosóficos ecléticos, atraindo inúmeros estudantes do mundo inteiro para suas aulas.

HANNAH ARENDT (1906-1975): Filósofa alemã, uma das grandes pensadoras políticas do
século XX, em especial por sua contribuição para o estudo dos regimes políticos totalitários
da Alemanha nazista e da União Soviética sob o governo de Stalin. Perseguida pelo regime
da Alemanha nazista por ser judia, exilou-se e ficou sem direitos políticos até 1951, quando
conseguiu a cidadania norte-americana. Formulou uma concepção da política voltada so-
bretudo para a participação cívica e a discussão pública, destacando a participação cidadã,
sem a qual Estados e partidos podem se voltar contra os cidadãos da maneira mais violenta
possível.

HARRIET MARTINEAU (1802-1876): Foi uma escritora, economista, ativista feminista e so-
cióloga britânica do século XIX. Ela ficou conhecida como a “primeira mulher socióloga” e
ganhou notoriedade por defender os direitos das mulheres. Nasceu em 1802 e faleceu,
aos 74 anos de idade, em 27 de junho de 1876, na cidade de Ambleside (Inglaterra). Mar-
tineau começou sua carreira, na área de Sociologia, com a redação e publicação de um
artigo intitulado Sobre a educação feminina, em que denunciou o fato de não poder estu-
dar na universidade, como seus irmãos homens. Escreveu 35 obras e mais de mil artigos.
Seus livros mais conhecidos são aqueles que falam sobre política e economia, assuntos
que eram tratados, na Inglaterra da primeira metade do século XIX, apenas pelos homens.

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HÉLIO JAGUARIBE (1923): Sociólogo, cientista político e escritor brasileiro. Formado em


Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), doutor honoris
causa pela Universidade Johannes Gutenberg, de Mainz, Alemanha; pela Universidade Fe-
deral da Paraíba (UFPB) e pela Universidade de Buenos Aires, por sua contribuição aos
estudos latino-americanos nas áreas das Ciências Sociais e das Relações Internacionais.
Professor visitante das universidades Harvard, Stanford, e do MIT, nos Estados Unidos, e
decano emérito do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (Iepes), do Rio de Janeiro. Foi
fundador e responsável pela cadeira de Ciência Política do Instituto Superior de Estudos
Brasileiros (Iseb), onde exerceu marcada liderança intelectual. Autor de vasta obra, publi-
cou, entre seus últimos livros, Brasil, homem e mundo: reflexão na virada do século (2000),
Um estudo crítico da História (2001, 2 v) e Brasil: alternativas e saída (2002).

HERBERT MARCUSE (1898-1979): Nascido na Alemanha, filho de pais judeus. Estudou Li-
teratura e Filosofia em Berlim e Freiburg, onde foi orientado por Martin Heidegger em seu
doutorado sobre o filósofo Hegel. Em 1933, por causa do governo nazista, imigrou para a
Suíça, indo em seguida para os Estados Unidos, onde obteve a cidadania em 1940. Durante
a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), trabalhou para o governo norte-americano anali-
sando relatórios do serviço de espionagem sobre a Alemanha, atividade que durou até
1951. No ano seguinte, começou a carreira de professor universitário de Teoria Política,
primeiro em Columbia e em Harvard, depois em Brandeis, onde ficou de 1954 até 1965.
Já perto de se aposentar, foi lecionar na Universidade da Califórnia em San Diego. Suas
críticas à sociedade capitalista, em especial na obra Eros e civilização, de 1955, e em O
homem unidimensional, de 1964, fizeram eco aos movimentos estudantis de esquerda dos
anos 1960.

HERBERT SPENCER (1820-1903): Filósofo, biólogo e sociólogo inglês, importante teórico


do liberalismo clássico na Era Vitoriana. Spencer desenvolveu um amplo conceito da evo-
lução, como o desenvolvimento progressivo do mundo físico, dos organismos biológicos,
da mente humana, da cultura e das sociedades humanas. Acreditava que a evolução tinha
uma direção sempre determinada: das estruturas mais simples para as mais complexas.
Em sua época, suas ideias influenciaram diferentes campos do conhecimento: Ética, Reli-
gião, Antropologia, Economia, Teoria Política, Filosofia, Biologia, Sociologia e Psicologia. É
dele a expressão “sobrevivência dos mais aptos”, utilizada em sua obra Princípios da Bio-
logia (1864), escrita depois da leitura de A origem das espécies (1859), de Charles Darwin.

JEAN BAUDRILLARD (1929-2007): Considerado um dos principais teóricos da pós-moder-


nidade e um dos autores que melhor diagnosticaram o mal-estar contemporâneo, Jean
Baudrillard foi um dos fundadores da revista Utopie, além de ter publicado mais de 50
livros ao longo de sua vida. A obra era voltada para um estudo semiológico do consumo,

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assim como seus dois livros seguintes, A Sociedade de Consumo (1970) e Por uma Crítica
da Política Econômica do Signo (1972). Outras de suas obras que merecem destaque são:
À Sombra das Maiorias Silenciosas (1978), Simulacros e Simulações (1981), América
(1986), A Troca Impossível (1999) e O Lúdico e o Policial (2000).

JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778): Escritor, filósofo e compositor suíço de origem


francesa. Sua filosofia política influenciou a Revolução Francesa e o desenvolvimento do pen-
samento moderno no campo político e social. Nas obras Discurso sobre as ciências e as artes
(1750) e Discurso sobre a origem da desigualdade (1755) criticou os fundamentos de uma
sociedade corruptora. Em suas obras filosóficas (O contrato social, 1762; Emílio ou da edu-
cação, 1762), narrativas (Julia ou a nova Heloísa, 1761) e autobiográficas (Meditações de um
caminhante solitário, 1782) expôs os princípios éticos da vida pública e privada. Como com-
positor, escreveu óperas de sucesso e também contribuiu como teórico musical.

JOHN LOCKE (1632-1704): Filósofo inglês considerado o pai do liberalismo clássico e um


dos mais influentes pensadores do Iluminismo. Um dos primeiros representantes do em-
pirismo britânico, foi igualmente importante para a teoria do contrato social. Seu trabalho
teve grande impacto no desenvolvimento da Epistemologia e da Filosofia Política. Seus
escritos influenciaram Voltaire e Rousseau, assim como os revolucionários norte-america-
nos. Suas contribuições para a teoria liberal e as ideias republicanas estão evidenciadas na
Declaração de Independência dos Estados Unidos.

JOHN RAWLS (1921-2002): Professor de Filosofia política na Universidade Harvard, autor


de Uma teoria da justiça (1971), Liberalismo político (1993) e O direito dos povos (1999).
Retomando a teoria do contrato social, Rawls procurou responder de que modo podemos
avaliar as instituições sociais: a virtude dessas instituições consiste no fato de serem justas.
Para ele, uma sociedade bem ordenada compartilha de uma concepção pública de justiça
que regula a estrutura básica da sociedade.

JOSÉ MURILO DE CARVALHO (1939): Cientista político e historiador brasileiro, membro


desde 2005 da Academia Brasileira de Letras. Professor da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) por
vinte anos, é também professor titular de História do Brasil no Departamento de História
do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Tem se dedicado principalmente ao estudo da construção da cidadania no Brasil
do século XIX até a atualidade.

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JUDITH BUTLER (1956): Frequentou o Bennington College e, em seguida, a Universidade


de Yale, onde estudou filosofia. A filósofa recebeu seu diploma de bacharel em 1978, de-
fendeu seu mestrado em 1982 e, em 1984, completou seu doutorado na mesma universi-
dade. Além disso, ela passou um ano na Universidade de Heidelberg como pesquisadora
bolsista Fulbright. É uma filósofa americana e teórica do gênero, cujo trabalho influenciou
a filosofia política, ética e os campos da teoria da feminista, Queer e da literatura. Seu livro
Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade (1990) é uma das obras mais
conhecidas do pensamento pós-estruturalista e mantém-se como referência, tanto mais
atual quanto bem vivos estão os debates sobre feminismos e sexualidades. Ela desafia as
noções convencionais de gênero e desenvolve sua teoria da performatividade de gênero
presente no discurso. Desde 1993 é professora de Literatura Comparada e Teoria Crítica
na Universidade da Califórnia em Berkeley. Judith também é a presidente da Hannah
Arendt European Graduate School.

JÜRGEN HABERMAS (1929): Filósofo e sociólogo alemão, representante da segunda gera-


ção da Escola de Frankfurt e um dos filósofos de maior influência e projeção internacional
na atualidade. Sua teoria da ação comunicativa (ou do agir comunicativo) é uma das prin-
cipais contribuições contemporâneas à Filosofia. Suas obras mais importantes são Técnica
e ciência como ideologia (1987), Teoria do agir comunicativo (1981) e Discurso filosófico
da modernidade (2000).

KABENGELE MUNANGA (1942): Antropólogo nascido na República Democrática do


Congo, antigo Zaire, possui graduação em Antropologia Cultural pela Université Officielle
du Congo à Lubumbashi e doutorado em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela Uni-
versidade de São Paulo (USP). Atualmente é professor titular da USP. Publicou Origens
africanas do Brasil contemporâneo: histórias, línguas, culturas e civilizações (2009) e di-
versos estudos em Antropologia das populações afro-brasileiras, atuando principalmente
nos temas racismo, identidade e identidade negra na África e no Brasil.

KARL MANNHEIM (1893-1947): Sociólogo de origem húngara, Karl Mannheim nasceu na


Hungria em 1893, onde viveu até 1919, quando se mudou para a Alemanha. O início da
sua carreira foi desenvolvido neste país, do qual se viu forçado a sair em 1933. A partir
desta data passa a viver na Grã-Bretanha, onde lecionou na London School of Economics.
O reconhecimento internacional deste autor derivou do seu trabalho na área da sociologia
do conhecimento. Mannheim denunciou a existência de uma relação entre as formas de
conhecimento e a estrutura social e tentou resolver o problema daquilo a que chamou as
implicações relativistas da sociologia do conhecimento, apontando soluções para o princí-
pio que postula que, se todas as crenças podem ser socialmente localizadas, é impossível
qualquer critério de verdade socialmente independente.

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SOCIOLOGIA

KARL MARX (1818-1883): Nasceu em Trier, no Reino da Prússia, atual Alemanha, em 5 de


maio de 1818, em uma família judaica. Morreu em Londres, em 14 de março de 1883. Sua
teoria foi marcada principalmente por três correntes de pensamento de sua época. A pri-
meira delas foi a Filosofia Idealista Alemã, que teve como referência central o filósofo
Georg Friedrich Hegel (1770-1831). A segunda foi a Economia Política Clássica, sobretudo
o economista escocês Adam Smith (1723-1790) e o inglês David Ricardo (1772-1823), e a
terceira foi a Historiografia Socialista, que tem entre seus principais nomes os franceses
Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837) e o galês Robert Owen (1771-1858).
Além desses autores, Friedrich Engels (1820-1895) foi uma referência central para Marx,
tendo escrito várias obras com ele. A obra de Engels A situação da classe trabalhadora na
Inglaterra influenciou decisivamente Marx, sobretudo pela análise das condições concre-
tas da vida do proletariado inglês. Em O capital, Marx expõe a lógica do processo de valo-
rização do capital, isto é, como o capital se reproduz com base na exploração do trabalho.
Mostra, assim, o objetivo do capital de, ao se reproduzir como a relação social hegemô-
nica, ampliar sua dominação com base no aumento dos lucros capitalistas. Teórico, mili-
tante político revolucionário e um dos maiores pensadores críticos da sociedade capita-
lista, Marx escreveu várias obras sobre a relação de exploração e dominação social do ca-
pital em relação ao trabalho. Ele pode ser considerado um autor atual, já que as relações
de produção capitalistas e a exploração do trabalho assalariado são ainda questões cen-
trais nas sociedades contemporâneas.

LEONARDO AVRITZER (1959): Cientista político brasileiro com doutorado pela New School for
Social Research de Nova Iorque, Estados Unidos. Professor da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Especialista em Teoria Política Contemporânea e em estudos sobre a demo-
cracia. Entre outros livros, escreveu Democracy and the Public Space in Latin America (2002).

MANCUR OLSON (1932-1998): Economista e cientista social norte-americano, apropriou-se de


forma pioneira de modelos econômicos para o estudo de fenômenos sociais e políticos. Suas
obras tratam de temas diversificados, como as dificuldades da ação coletiva, os bens públicos
e como interesses particulares organizados podem afetar o desenvolvimento econômico.
A lógica da ação coletiva (1965) é o primeiro e mais influente de seus livros.

MANUEL CASTELLS: Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, é professor nas


áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional e pesquisador dos
efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a sociedade em geral. Principal ana-
lista da era da informação e das sociedades conectadas em rede, sua obra virou referência
obrigatória na discussão das transformações sociais do final do século XX. É autor de de-
zenas de livros traduzidos para diversos idiomas, com destaque para a trilogia A era da
informação, composta por A sociedade em rede, O poder da identidade e Fim de milênio.

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SOCIOLOGIA

Seu livro Redes de indignação e esperança relaciona as novas formas de comunicação da


sociedade em rede, apontando caminhos para que a autonomia comunicacional das telas
se expanda à realidade social como um todo.

MARCEL MAUSS (1872-1950): Nascido na França, formou-se em Filosofia. Estudou religi-


ões comparadas e teve grande atuação política e acadêmica em uma época em que as
Ciências Sociais se consolidavam na França. Em 1931, assumiu uma cadeira de Sociologia
no Collège de France. Seu trabalho sobre a reciprocidade, o intercâmbio e a origem antro-
pológica do contrato influenciaram profundamente a Antropologia e a Sociologia.

MARGARET MEAD (1901-1978): Nascida nos Estados Unidos, em 1929 doutorou-se na


Universidade Columbia, onde foi aluna de Franz Boas e Ruth Benedict. Desenvolveu tra-
balhos sobre as populações das ilhas Samoa, na Oceania, interessando-se especialmente
por questões relacionadas às mulheres. Ativista feminista, ganhou destaque na década de
1960. Lecionou na Universidade Columbia, na New School e na Universidade Fordham,
todas em Nova Iorque.

MAX HORKHEIMER (1895-1973): Junto com Theodor Adorno e Herbert Marcuse, compõe
o coração da Escola de Frankfurt. Doutorou-se em Filosofia em 1922 na Universidade de
Frankfurt e em 1926 tornou-se docente na mesma instituição, onde criou, com Adorno, o
Instituto de Pesquisas Sociais (que se tornou conhecido como Escola de Frankfurt). Com a
ascensão do nazismo, refugiou-se nos Estados Unidos, onde passou a lecionar na Univer-
sidade Columbia. Em 1949, de volta a Frankfurt, reabriu o Instituto de Pesquisas Sociais.
Como participante da construção da “teoria crítica” (conjunto de ideias e conceitos sobre
cultura contemporânea, fortemente influenciado pelo marxismo), produziu livros de
grande importância para a História da Sociologia, como Teoria tradicional e teoria crítica
(1937), Eclipse da razão (1955) e Dialética do esclarecimento (em parceria com Adorno,
em 1940).

MAX WEBER (1864-1920): Nascido em Erfurt, na Alemanha, Max Weber (1864-1920) foi
um dos mais importantes cientistas sociais de todos os tempos, e seus trabalhos tiveram
grande influência sobre o estudo da sociedade moderna. Embora reconhecesse, como
Marx, a importância do trabalho e da economia sobre a vida social, Weber se interessou
mais pelo modo como a economia era influenciada por outros aspectos da sociedade, em
especial pela religião. Em sua obra mais famosa, A ética protestante e o espírito do capita-
lismo (1904-1905), Weber analisou a maneira pela qual algumas ideias do protestantismo,
como a valorização do trabalho como sinal de predestinação à salvação, favoreceram o
desenvolvimento do capitalismo nos países onde essa religião era mais forte. Isso não sig-
nificaria que o capitalismo se desenvolveria apenas nos países protestantes, mas que, no
contexto europeu, algumas ideias de origem religiosa podem ter favorecido a formação e
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SOCIOLOGIA

expansão do capitalismo. Por outro lado, Weber via na sociedade moderna um processo
crescente de racionalização: na economia, por exemplo, as formas tradicionais de trabalho
foram substituídas pela fábrica e pela gestão científica da produção; na política, a obediência
à tradição foi substituída pelo respeito à lei e pela burocracia. Embora todos esses aspectos
favoreçam a eficiência, Weber temia que, com o tempo, a racionalização causasse uma de-
terioração dos valores (não só religiosos, mas também os valores liberais ligados à liberdade
individual, à democracia) que produziram a sociedade moderna.

MICHEL FOUCAULT (1926-1984): Filósofo francês, suas obras tiveram profundo impacto
sobre a maneira moderna de entender o poder, em especial em sua relação com o saber.
Seus principais trabalhos analisaram temas como a loucura, a sexualidade e o Direito, sem-
pre sob o ângulo de como os comportamentos sociais são disciplinados de múltiplas ma-
neiras. Foi professor das universidades de Paris (França) e Berkeley (Califórnia, Estados
Unidos), além de membro do Collège de France.

MILTON SANTOS (1926-2001): Geógrafo brasileiro de renome internacional, destacou-se


por seus estudos de urbanização dos países em desenvolvimento. Doutor pela Universi-
dade de Estrasburgo (França), foi perseguido pelo regime militar brasileiro, o que o levou
a morar no exterior por 13 anos. Nesse período, foi professor em várias universidades in-
ternacionais, como a Universidade de Paris-Sorbonne (França), o Massachusetts Institute
of Technology (MIT, Estados Unidos) e a Universidade de Dar es Sallam (Tanzânia). De volta
ao Brasil, tornou-se professor da Universidade de São Paulo (USP) e dedicou suas últimas
obras ao estudo da globalização. Em 1994, recebeu o prêmio Vautrin Lud, maior premia-
ção internacional na área de Geografia.

NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527): Como diplomata, representou sua cidade natal, Flo-
rença, em reinos importantes da Europa. Vendo sua cidade de fora, Maquiavel percebeu
que ela estava em uma situação muito difícil. Naquela época, Estados modernos já haviam
se formado em lugares como França e Espanha, mas não na região que hoje corresponde
à Itália. Cidades como Florença eram autônomas, e a Itália só se unificaria no século XIX.
Diante dos poderosos exércitos espanhóis e franceses, essas cidades pareciam frágeis, o
que se provou na derrubada do governo de Florença após um conflito com a Espanha. O
novo governo prendeu, torturou e exilou Maquiavel. No exílio, ele escreveu O príncipe,
sua obra mais famosa. O príncipe se propunha a orientar líderes políticos. Um líder deveria,
por exemplo, ter seu próprio exército, em vez de confiar em mercenários, que sempre
fogem depois de receber seu pagamento. Ele deveria, também, se informar sobre os cos-
tumes dos povos que habitam os territórios conquistados (apesar de seu território pouco
extenso, a Itália até hoje é marcada por grande diversidade cultural). O príncipe precisaria
tomar todo cuidado com os nobres e poderosos que pudessem vir a se tornar seus rivais

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SOCIOLOGIA

e não deveria vacilar quando fosse necessário cometer violências e crueldades contra seus
inimigos. Hoje não aceitaríamos muitas das orientações que Maquiavel deu em O príncipe,
como sua defesa do uso da crueldade em várias situações. Mesmo assim, podemos apren-
der algo com elas: o caráter violento da formação dos Estados nacionais modernos.

NIKLAS LUHMANN (1927-1998): Nasceu em Lüneburg, Alemanha, no dia 8 de dezembro


de 1927. Com 18 anos, durante a Segunda Guerra Mundial, ingressou na Luftwaffe – força
aérea alemã, sendo preso pelos aliados. Após libertado, em 1946, iniciou o curso de Direito
na Universidade de Freiburg, concluído em 1949. Em 1954, iniciou sua carreira na admi-
nistração pública. Niklas Luhmann desenvolveu uma nova teoria sociológica, pois para ele,
a sociologia tradicional não seria suficiente para envolver a complexidade da sociedade,
uma vez que era baseada na teoria dos fatores, e seria incapaz de analisá-la em maior
profundidade e na sua verdadeira essência. No seu entendimento, seria necessário mudar
as bases sobre as quais se sustentavam os estudos sociológicos, passando da teoria dos
fatores para a teoria dos sistemas.

NINA RODRIGUES (1866-1906): Nascido no Maranhão, formou-se em Medicina no Rio de


Janeiro. Instalou-se na Bahia, onde desenvolveu pesquisas sociais, influenciado por teorias
raciais. Foi professor na Universidade de Medicina em Salvador. Produziu vários livros so-
bre os negros na Bahia. Acreditava que a mestiçagem era uma degenerescência e que as
populações negras eram naturalmente inferiores.

NOAM CHOMSKY (1928): É considerado o fundador da gramática generativa-transforma-


cional, que a seu entender constitui a base para o desenvolvimento de uma gramática
comum a todos os idiomas. Seus estudos fundamentam-se na tese de que todos os seres
humanos nascem detentores de um conjunto determinado de conhecimentos do idioma
universal, constituindo estes a "estrutura profunda" da língua. Desse modo, Chomsky
opõe-se à teoria da psicologia behaviorista, segundo a qual todos os conhecimentos do
idioma têm de ser aprendidos. Chomsky publicou numerosas obras consideradas funda-
mentais para a linguística moderna e, em 1955, começou a lecionar no prestigioso Insti-
tuto de Tecnologia de Massachussetts.

NORBERT ELIAS (1897 – 1990): Era judeu-alemão, nascido em 1897 na cidade de Breslau,
Amsterdã. Formou-se em medicina, filosofia, e psicologia nas universidades de Breslau e Hei-
delberg. Logo após trabalhou com Mannheim em Frankfurt. Durante o regime nazista na
Alemanha, em 1933, exilou-se na França e depois para a Grã Bretanha, onde foi professor
de Sociologia. Na Universidade de Leicester (1945-62) também exerceu função de docente
em Gana (1962-4) e depois trabalhou no Zentrum fur Interdisziplinare Forschung em Biefeld
(Alemanha). Desenvolveu uma abordagem que deu o nome de “sociologia figuracional”, a

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SOCIOLOGIA

qual examinou o surgimento de configurações sociais como consequências não premedita-


das da interação social, as quais foram retratadas em seu livro O que é sociologia?, escrito
em 1970. Suas obras se difundiram pela Europa, em especial na França, local que ficou
conhecido como sociólogo do processo civilizador e da vida da corte. Sua obra que ficou
mais conhecida é Processo Civilizador (2 volumes, de 1939), na qual analisa os efeitos da
formação dos estados na Europa, sobre os estilos de vida individuais (habitus), a persona-
lidades e moralidades.

NORBERTO BOBBIO (1909-2004): Nascido na Itália, é considerado um dos grandes pensa-


dores do século XX, tendo produzido importantes trabalhos tanto na teoria jurídica como
na Filosofia Política, incluindo estudos sobre pensadores políticos clássicos, como Locke e
Hobbes. Sua vasta obra estuda a Filosofia do Direito, a ética, a Filosofia Política e a história
das ideias, e tem como um de seus eixos a tentativa de conciliar as reivindicações de igual-
dade e justiça social com a defesa da liberdade e da democracia. Esse esforço teve contra-
partida em sua luta para que a esquerda italiana se distanciasse do autoritarismo da União
Soviética e se comprometesse firmemente com a democracia. Seu trabalho contém im-
portantes reflexões sobre temas como o Estado, o Direito e a democracia.

OCTAVIO IANNI (1926-2004): Os grandes temas da extensa obra do sociólogo paulista Oc-
tavio Ianni foram a questão racial no Brasil e as mudanças no capitalismo brasileiro na
segunda metade do século XX (e suas consequências políticas). Ao lado do sociólogo Re-
nato Ortiz (1947-) e do geógrafo Milton Santos (1926-2001), Ianni foi um dos pioneiros no
estudo da globalização no país. Mesmo em seus trabalhos mais antigos, já se percebe a
preocupação de Ianni com a relação entre racismo e desigualdade econômica (no Brasil,
há preconceito contra os negros porque eles são negros, porque são pobres, ou pelas duas
coisas?) e com as dificuldades de construir um capitalismo dinâmico estando fora do cen-
tro do capitalismo mundial. Os trabalhos de Ianni sobre globalização analisam as conse-
quências desse processo para a teoria sociológica: para ele, boa parte das ideias produzi-
das na Sociologia (incluindo as suas) tinha sido pensada para o âmbito nacional — e, por-
tanto, precisaria ser reformulada diante do novo quadro mundial. Intelectual de formação
marxista, Ianni era consciente das desigualdades e injustiças que a nova realidade global
gera. Mas teve grande disposição para tentar apreender o que, exatamente, havia de novo
e interessante nesse novo contexto.

OLIVEIRA VIANNA (1883-1951): Nascido no estado do Rio de Janeiro, cursou Direito na


Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Foi catedrático da Escola de Direito, tendo se
tornado ministro do Tribunal de Contas da União. Escreveu sobre a formação do povo bra-
sileiro, com base em teorias eugenistas e raciais. Era contrário à imigração japonesa, por
exemplo. Autor de Populações meridionais do Brasil (1920), Raça e assimilação (1932),
entre outros estudos.

PIERRE BOURDIEU (1930-2002): Sociólogo, antropólogo e filósofo francês. Partindo do pa-


pel do capital econômico como determinante da posição social, Bourdieu fez investigações
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SOCIOLOGIA

pioneiras referentes ao papel dos capitais cultural, social e simbólico na estruturação so-
cial. Criou conceitos como os de habitus e de violência simbólica para buscar revelar as
dinâmicas das relações de poder na vida social. Autor de grande influência na Sociologia e
Antropologia contemporâneas, publicou, entre vários outros livros, O poder simbólico
(1992); As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário (1999); Esboço de uma
teoria da prática, precedido de três estudos de etnologia cabila (2002) e A distinção: crítica
social do julgamento (2007).

RADCLIFFE-BROWN (1881-1955): Nascido na Inglaterra, estudou na Universidade de Cam-


bridge. Iniciou suas pesquisas entre os nativos das ilhas Andaman, no oceano Índico, e
seguiu longa carreira acadêmica em diversos lugares do mundo: Tonga (arquipélago no
oceano Pacífico), Cidade do Cabo (África do Sul), Sydney (Austrália), São Paulo (Brasil) e
Chicago (Estados Unidos). Em 1937, assumiu um posto na Universidade de Oxford. Sua
perspectiva sobre estrutura social prevaleceu na Antropologia inglesa por alguns anos, as-
sim como sua noção de uma teoria do parentesco baseada na ideia de descendência,
muito utilizada para pensar sociedades africanas.

RAYMUNDO FAORO (1925-2003): O gaúcho Raymundo Faoro nasceu em Vacaria, em


1925. Em sua obra Os donos do poder (1958), produziu um dos exemplos mais bem-suce-
didos de aplicação das teorias de Max Weber à realidade brasileira. Nela, descreve como
a colonização portuguesa implantou no Brasil um Estado patrimonialista, em que não há
fronteira clara entre o público e o privado: o Estado é frequentemente administrado como
se fosse propriedade dos que o controlam. Essa característica estaria na origem de muitos
problemas persistentes na história brasileira, como a corrupção. Faoro também teve atu-
ação política importante como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entre
1977 e 1979, época da ditadura militar. Sob sua presidência, a OAB se destacou na luta
pelas liberdades democráticas. Desde a publicação de Os donos do poder até o momento
atual, o Brasil passou por grandes transformações, tornou-se um país predominantemente
urbano e se industrializou. Nos últimos anos, também se tornou um país democrático.
Muitos estudos recentes procuram atualizar a discussão promovida por Faoro, levando
em conta esses novos fatores. Com isso, pode-se perceber que as teses desenvolvidas por
esse autor, morto em 2003, continuam imensamente influentes e respeitadas mesmo en-
tre os estudiosos que delas discordam. Nessa herança colonial estão as origens de muitos
problemas atuais da sociedade brasileira. De um lado, a extrema desigualdade social e a
exclusão de grande parte da população dos direitos mais elementares. De outro, um Es-
tado bastante comprometido com interesses particulares, que busca tirar vantagens do
patrimônio público – prática que hoje em dia chamamos de corrupção.

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SOCIOLOGIA

RENATO ORTIZ (1947): Sociólogo brasileiro, doutor pela École des Hautes Études en Sci-
ences Sociales (Paris), é autor de estudos sobre a cultura brasileira e sobre sociologia das
religiões. A partir dos anos 1990, produziu importantes estudos sobre a cultura na época
da globalização. É professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

RICHARD SENNET (1943): O sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennett é um


dos mais importantes intelectuais contemporâneos. Nascido em Chicago em 1943, é professor
de história e sociologia na New York University e coordenador acadêmico da London School of
Economics. Também é consultor da Unesco na área de planejamento urbano. Respeito: A for-
mação do caráter em um mundo desigual, A autoridade, Carne e pedra, A cultura do novo ca-
pitalismo e O artífice são alguns de seus livros publicados no Brasil.

ROBERT MERTON (1910-2003): Foi um sociólogo norte-americano, considerado o pio-


neiro na sociologia da ciência explorando o modo como os cientistas se comportam e o
que os motiva, recompensa e intimida. Foi importante teórico da burocracia e da comuni-
cação de massa e na Teoria do desvio e da anomia.

ROBERTO DAMATTA (1936): Nascido em Niterói, fez graduação em História na Universi-


dade Federal Fluminense (UFF), pós-graduação em Antropologia no Museu Nacional
(UFRJ) e depois em Harvard, nos Estados Unidos. Lecionou no Museu Nacional, na Univer-
sidade de Notre Dame (EUA) e atualmente é professor de pós-graduação em Ciências So-
ciais na PUC-RJ. Desenvolveu pesquisas sobre populações indígenas, como os povos
Gavião e Apinajé, por exemplo. Posteriormente, dedicou-se a analisar a sociedade brasi-
leira com base em inspirações estruturalistas. Autor de Carnavais, malandros e heróis
(1979) e A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil (1984), entre outros
estudos.

ROGER BASTIDE (1898-1974): Nascido na França, formou-se na faculdade de Letras da


Sorbonne, em Paris, tendo integrado a missão francesa que foi contratada para dar aulas
na Universidade de São Paulo (USP) logo após sua fundação. Lecionou por quase vinte
anos na USP, depois retornou à França para ser professor na Sorbonne. Desenvolveu pes-
quisas detalhadas sobre as religiões africanas no Brasil e sobre a população negra em geral
no Brasil. Publicou inúmeras e importantes obras como Brasil, terra dos contrastes (1957)
e As religiões africanas no Brasil (1960).

RUTH BENEDICT (1887-1947): Nascida nos EUA, doutorou-se na Universidade Columbia,


sob orientação de Franz Boas, em 1923. Foi professora na mesma universidade até sua
morte, em 1947. Seu trabalho teve grande influência na Antropologia norte-americana e
mundial, e seu livro O crisântemo e a espada (1946) é considerado um dos clássicos da
disciplina até hoje.
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SOCIOLOGIA

RUTH CARDOSO (1930-2008): Nascida em Araraquara (SP), formou-se em Ciências Sociais


na Universidade de São Paulo (USP), onde também se doutorou em Antropologia Social.
Desenvolveu pesquisas sobre imigração japonesa e movimentos sociais. Foi primeira-
-dama da República durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),
com quem foi casada. Criou e presidiu o programa social Comunidade Solidária.

SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA (1902-1982): Bacharelou-se em Direito pela Universi-


dade do Brasil em 1925. Em 1929, viajou para a Europa como correspondente dos Diários
Associados e fixou-se em Berlim, onde conheceu a obra de Max Weber. Em 1936, de volta
ao Brasil, ingressou na Universidade do Distrito Federal, onde lecionou História Moderna
e Contemporânea e Literatura Comparada. Nesse ano lançou seu livro Raízes do Brasil. Em
1945, participou da fundação da Esquerda Democrática; no ano seguinte, transferiu-se
para São Paulo, onde passou a ocupar o cargo de diretor do Museu Paulista. Filiou-se ao
Partido Socialista em 1947 e assumiu a vaga de professor de História Econômica do Brasil,
na Escola de Sociologia e Política. Dois anos depois, proferiu uma série de conferências na
Sorbonne, em Paris. Recebeu o prêmio Edgard Cavalheiro do Instituto Nacional do Livro
em 1957, pela publicação de Caminhos e fronteiras. No ano seguinte, conquistou a cadeira
de História da Civilização Brasileira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da USP, com a tese Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e na coloniza-
ção do Brasil. Foi o primeiro diretor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), eleito em
1962. Em 1969, aposentou-se do cargo de catedrático da USP, em solidariedade aos cole-
gas afastados de suas funções pelo AI-5.

STUART HALL (1933-2014): Nascido na Jamaica, formou-se na Universidade de Cambridge,


Inglaterra. Ligado à esquerda política, de 1964 a 1979 trabalhou na Universidade de Bir-
mingham, onde foi um dos criadores de um centro de estudos culturais contemporâneos.
Escreveu sobre o preconceito na mídia e sobre identidades negras na Inglaterra, sendo um
dos principais autores identificados com os estudos pós-coloniais.

TALCOTT PARSONS (1902-1979): Foi um sociólogo norte-americano, um dos mais desta-


cados representantes da teoria denominada Estrutural-Funcionalismo, em consequência
da sua reformulação do conceito de sistema social, que se tornou o centro das interpreta-
ções fundamentalista.

T. H. MARSHALL (1893-1981): O sociólogo britânico Thomas Humphrey Marshal estudou


em Cambridge e a partir de 1919 passou a lecionar na London School of Economics, onde
dirigiu o Departamento de Ciências Sociais de 1939 a 1944. Também trabalhou na Unesco
como diretor do Departamento de Ciências Sociais de 1956 a 1960. Tornou-se conhecido
principalmente por seus ensaios, entre os quais se destaca Citizenship and Social Class
(“Cidadania e classe social”), publicado em 1950. Marshall analisou o desenvolvimento da
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SOCIOLOGIA

cidadania como um progresso dos direitos civis, seguidos dos direitos políticos e dos direi-
tos sociais, nos séculos XVIII, XIX e XX, respectivamente. Introduziu o conceito de direitos
sociais, sustentando que a cidadania só é plena se dotada dos três tipos de direito. Um
aspecto fundamental do trabalho de Marshall é que ele nos permite compreender as so-
ciedades modernas como formadas a partir de duas dinâmicas conflitantes: de um lado, a
economia de mercado tende a produzir crescente desigualdade; de outro, a luta pela ci-
dadania tende a reduzir as desigualdades. É em meio a essa tensão que se desenvolve a
política moderna.

THEODOR ADORNO (1903-1969): De origem judaica, foi um dos expoentes da Escola de


Frankfurt, que contribuiu para o renascimento intelectual da Alemanha após a Segunda
Guerra Mundial. Estudou Filosofia, Sociologia, Psicologia e Música na Universidade de
Frankfurt. Trabalhou no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, então dirigido por Max
Horkheimer, onde elaborou a teoria da importância do desenvolvimento estético para a
evolução histórica. Em 1934, imigrou para a Inglaterra fugindo da perseguição nazista e
durante três anos ensinou Filosofia em Oxford. Mudou-se para os Estados Unidos e, entre
1938 e 1941, foi diretor musical do setor de pesquisa da Rádio Princeton e, depois, vice-
diretor do Projeto de Pesquisas sobre Discriminação Social da Universidade da Califórnia
em Berkeley. Em 1953 retornou ao seu país natal, onde reassumiu seu posto no Instituto
de Pesquisa Social de Frankfurt.

THOMAS HOBBES (1588-1679): Filósofo inglês, foi um dos fundadores do pensamento político
moderno. Sua obra Leviatã (1651) estabeleceu as bases para grande parte da filosofia política
ocidental na perspectiva da teoria do contrato social, que vê o Estado como resultado de um
contrato entre indivíduos livres, iguais e racionais. Sua obra é uma notável defesa da existência
do Estado como garantidor da paz, mas sua defesa do absolutismo foi objeto de crítica de ou-
tros pensadores, especialmente dentro da própria tradição contratualista.

THOMAS PIKETTY (1971): Nascido em Clichy, na França, em 7 de maio de 1971, Piketty


estudou matemática e economia. Aos 22 anos, tornou-se doutor em filosofia, com uma
tese sobre redistribuição de renda feita na Escola de Economia de Londres e na Escola de
Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Em 2002, ganhou o prêmio de melhor jovem
economista da França e, em 2013, o Yrjö Jahnsson, que premia economistas com menos
de 45 anos que tenham contribuído significativamente à pesquisa econômica pura e apli-
cada na Europa. Estudou e teorizou a respeito da acumulação de renda e, em 2013, publi-
cou o livro O Capital no Século XXI, considerada uma das maiores obras de economia da
atualidade. A conclusão de Piketty é polêmica: segundo ele, nos países desenvolvidos a
taxa de acumulação de renda é maior do que as taxas de crescimento econômico, e isso é
uma ameaça à democracia.

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SOCIOLOGIA

VÂNIA BAMBIRRA (1940-2015): Formada em Sociologia na Universidade Federal de Minas


Gerais (UFMG), foi um dos mais importantes nomes da teoria marxista da dependência.
Participou da organização revolucionária Política Operária (Polop), que “previu” o golpe
de 1964, e acabou se exilando no Chile. Naquele país, produziu diversos estudos e integrou
o Centro de Estudos Socioeconômicos (Ceso), influenciando o programa de governo de
Salvador Allende. Após o golpe liderado por Augusto Pinochet, foi para o México, onde
escreveu A Revolução Cubana: uma reinterpretação (1973), e tornou-se doutora em Eco-
nomia pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), em 1988. Ao retornar ao
Brasil, após ser anistiada em 1979, filiou-se ao PDT de Leonel Brizola e, em 1990, se tornou
professora titular do departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Uni-
versidade de Brasília (UnB).

WALTER BENJAMIN (1892-1940): Combinando elementos do idealismo germânico, do


materialismo histórico e do misticismo judaico, Benjamin teve grande e extensa influência
nas teorias estéticas e no marxismo ocidental, associado à Escola de Frankfurt. Doutorou-
-se em 1919, na Universidade de Berna, Suíça, mas nunca se inseriu na vida acadêmica.
Deslocou-se pela Europa fugindo do nazismo, tendo morado na Itália e na França. Suici-
dou-se na Espanha, em meio a uma tentativa de fuga para os Estados Unidos, com medo
de ser aprisionado pela Gestapo, a polícia política nazista. Produziu trabalhos como A obra
de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (1936), Teses sobre o conceito de história
(1940) e Paris, capital do século XIX (inacabado).

ZYGMUNT BAUMAN (1925-1917): Sociólogo polonês, professor emérito da Universidade


de Leeds (Reino Unido). Lutou no exército polonês durante a expulsão das tropas nazistas
pelo Exército da União Soviética. Já como professor universitário na Polônia, propôs a li-
beralização política do regime comunista, o que causou sua expulsão da universidade. Re-
fugiou-se em Israel e, depois, na Inglaterra, onde vive até hoje. Bauman tornou-se conhe-
cido principalmente por suas análises da relação entre a modernidade e o Holocausto,
bem como seus estudos sobre o consumismo pós-moderno.

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SOCIOLOGIA

REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto. Dicionário de política. Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco


Pasquino; trad. Carmen C, Varriale et al.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira
e Luis Guerreiro Pinto Cacais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998.

GIDDENS, Anthony, Conceitos essenciais da sociologia. Anthony Giddens, Philip W. Sut-


ton;. – 1. ed. – São Paulo: Editora Unesp Digital, 2017.

JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica / Allan


G. Johnson; tradução, Ruy Jungmann; consultoria, Renato Lessa. — Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 1997

SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica. Marx, Durkheim e Weber. 7. Ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2015.

www.politize.com.br/dicionario-politica

Pat/VM/AC

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