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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CURSO DE PSICOLOGIA

GIOVANNA DE SOUZA QUAGLIO 837022

FICHAMENTO 4 - Comunicação Humana

RIBEIRÃO PRETO
2022
A priori, o texto de Mailhiot tem como principal tema os estudos de Lewin, já de
início é esclarecido que o capítulo terá como foco os três problemas principais sobre o estudo
de dinâmica de grupos, segundo Lewin. Afinal, a preocupação principal de Lewin foi
realmente aprofundar e explorar os estudos sobre dinâmicas de grupo e o início - gênese - das
mesmas.
Os três problemas-chave para Lewin eram liderança, ou autoridade, a questão do
aprendizado da autenticidade e a comunicação. Esses três problemas foram o que levou
Lewis a descobrir como a comunicação entre o grupo era um fator determinante nas relações.
Pela primeira vez, houve uma meta análise do grupo e seus componentes.
“Pela primeira vez, na história da humanidade, um grupo de pessoas,
implicadas na realização de uma mesma tarefa, dirigiam a auto-avaliação de seu
trabalho de grupo não sobre o conteúdo de suas discussões e de suas decisões, mas,
segundo a expressão de Lewin, sobre os processos de suas trocas.” (Mailhiot, 1997,
p. 65).

Em relação aos estudos sobre liderança, foram classificados três tipos: democráticos,
autocráticos e laissez-faire. Constatou-se que no grupo com um líder autocrático, havia mais
insatisfação e os comportamentos se tornaram mais agressivos. No grupo com um líder
democrático, houve mais cooperação, enquanto que os do grupo liderado pelo laissez-faire
não mostraram nenhuma insatisfação em particular, embora também não fossem
particularmente produtivos.
Além disso, para um grupo funcionar e aumentar sua produtividade, seriam
necessárias mudanças nas forças que atuam sobre o grupo, pois, para Lewin, a atividade das
pessoas era afetada pelas forças em seu ambiente ou campo. Essas hipóteses de Lewin até
hoje são estudadas e citadas por acadêmicos, além desses estudos terem mudado o
comportamento grupal.
É citado a teoria das necessidades interpessoais de Schutz, que é definida como três
necessidades interpessoais de afeto, controle - desejo das pessoas de fazer a diferença em
seus ambientes sociais e de ter uma palavra a dizer sobre o que acontece - e pertencimento -
refere-se à necessidade das pessoas de serem reconhecidas como participantes da interação
humana - como interdependentes e variáveis. Em um contexto, um indivíduo pode ter uma
grande necessidade de controle, enquanto em outros ele ou ela pode não perceber o mesmo
nível de motivação ou compulsão para atender a essa necessidade.
Segundo o autor, não é a semelhança ou a dissemelhança de indivíduos que constitui
um grupo, mas sim a interdependência do destino, ou seja, se a tarefa do grupo for tal que os
membros do grupo dependam uns dos outros para a realização, então uma dinâmica eficiente
é criada, além de também serem determinadas “pelo grau de autenticidade das comunicações
que se iniciam e se estabelecem entre seus membros” (Mailhiot, 1997, p.70). Para que haja
essa comunicação, é necessário que haja duas ou mais pessoas tendo contato psicológico;
essa comunicação pode ser verbal (oral), e não verbal, como expressões faciais, silêncio,
posturas, gestos etc. A comunicação pode ser grupal ou a dois (sendo essa uma variável), e
em relação aos objetivos dessa troca, a comunicação consumatória (com o fim de apenas
trocar informações com o outro) e a relação instrumental (possui segundas intenções).
Dentro da discussão sobre comunicação, algumas implicações foram destacadas em
formato de teorema, são elas:
“1. Quanto mais o contato psicológico se estabelece em profundidade, mais a
comunicação humana terá possibilidades de ser autêntica.
2. Quanto mais a expressão de si conseguir integrar a comunicação verbal e a
não-verbal, mais a troca com o outro terá condições de ser autêntica.
3. Quanto mais a comunicação se estabelecer de pessoa para além dos personagens,
das máscaras, dos status e das funções, mais terá possibilidade de ser autêntica.
4. Quanto mais as comunicações intra-grupo forem abertas, positivas e solidárias,
mais as comunicações inter-grupos terão possibilidade, em consequência, de serem
autênticas e de não servirem de evasão ou de compensação a uma falta de
comunicações internas em seu próprio grupo.
Quanto mais as comunicações humanas forem consumatórias (isto é, encontros de
sujeito a sujeito), menos elas serão instrumentais (isto é, manipulações do outro) e
mais possibilidades terão de se tornarem falocêntricas e autênticas.” (Mailhiot,
1997, p. 73).”

O autor também disserta sobre as vias de acesso que os seres humanos dispõem para
poderem se comunicar, sejam elas formais - quando existe uma regra social sobre ela, ou seja,
são oficiais, definidas -, espontâneas - comunicação aberta, leve, acessível -, clandestinas -
quando a autoridade é autocrática -.
Outro autor importante citado no texto é Bavelas, que teorizou 4 redes de
comunicação grupal; sendo elas uma roda, uma corrente, uma formação em Y e um círculo.
A “roda” representa um administrador e quatro subordinados com os quais interage. Não há
interação entre os subordinados. A "cadeia" pode representar uma hierarquia de cinco níveis,
na qual a comunicação só pode ocorrer para cima e para baixo, e através de linhas
organizacionais. Na rede "Y", dois subordinados respondem ao superior. Pode ser
considerado como uma hierarquia de quatro níveis. A rede "círculo" representa uma
hierarquia de três níveis na qual há comunicação entre superiores e subordinados.
Adicionalmente, de acordo com o texto, existem 5 componentes essenciais para a
comunicação humana, são elas; emissor (aquele que dá início à comunicação), o receptor
(aquele que recebe a mensagem), a mensagem em si (conteúdo da comunicação), código
(símbolos usados para se comunicar) e por fim o destaque (ações que o emissor irá tomar
antes de passar a mensagem). Quando ocorre essa troca entre emissor e receptor, ou seja, uma
comunicação, porém de maneira defasada, alguns fenômenos psíquicos acontecem;
Filtragem (mensagem recebida em partes), Bloqueio (mensagem não captada e a
comunicação fica interrompida, Ruído (a mensagem fica distorcida). A origem desses
bloqueios se dá de algumas formas, sendo elas “inibições anteriores”, quando há a influência
de lembranças, “motivos extrínsecos" quando há influência do meio exterior, também pode
haver “interferência cultural” nos diálogos, “percepção seletiva” quando o receptor ouve o
que deseja ouvir, e também pode estar sobre “estado de alienação” e, por fim, o receptor pode
estar inserido em um contexto social e cultural que inibe com que ele perceba deixar não
verbais.
Outras questões que também foram discutidas foram sobre a distância psicológica,
quando o outro é percebido como incompatível (intragrupal) e a distância social, quando os
indivíduos são divididos por conta de serem de grupos sociais diferentes (intergrupal).

REFERÊNCIAS

MAILHIOT, G.B. Comunicação humana e relações interpessoais. In. _____. Dinâmica e


Gênese dos Grupos. São Paulo: Livraria Duas Cidades LTDA, 1991.

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