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Era um cara que a função dele, junto com o CEO lá era desafiar algumas
coisas que existiam da organização, usando humor, usando criatividade e foi um
grande sucesso e blá, blá, blá. Fizeram uma matéria sobre ele, oh, “ele não é bobo,
mas ele faz papel de bobo dentro das empresas”. As empresas contratavam o cara
pra ser o bobo da corte, acho que todo empresa tinha que ter um comediante. Toda
empresa devia contratar um comediante, consultor pra ir uma vez por mês lá, só pra
dar umas ideias, pra trazer o olhar comediante e como eu falei, tem as coisas do
masterização, mas também tem as da criança que é combinação e o
adulto, input e
output.
Mas você pode perguntar, “oh, murilo, adianta mesmo o cabra ficar falando
loucura, e dá pra colocar em prática, falar só falando loucura é muito fácil, como é
que eu coloco em prática?”.
Cara, eu vejo o seguinte oh, se tem um problema, tem vários caminhos pra
resolver esse problema, tem sempre um caminho óbvio, esse aqui é o caminho
convidativo, a primeira resposta certa, é aquilo que você olha e dá vontade de, ah já
sei, vou pra ali. Como é que faz, problema, pra ir dali até aqui? Já sei, por ali,
acabou, não tem o que pensar.
Existem muitas outras possibilidades de ir até o lado de lá e o comediante,
através da brincadeira, do humor, do pensamento idiota, ele é sempre o cara que
quando vê isso, ele já desconsidera isso aqui e ele quer inventar um jeito idiota de ir
por aqui, de ir pulando, de pegar o pong pong, de sei lá, de inventar um jeito novo,
que talvez, o jeito que ele inventar não sirva, não esteja pronto para ser executado,
mas pelo menos abre novas possibilidades, abre novos caminhos, novas portas que
nem sequer estavam sendo consideradas, mas quando você abre essas portas,
abre a mente também. Sabe aquela história “toda brincadeira tem um pingo de
verdade”? Toda piada tem um pingo de verdade, toda bobagem tem um pingo de
verdade. Dá pra trocar verdade por utilidade, toda brincadeira tem um pouco de
utilidade.
Se você olhar um olhar advogado do anjo, daquela brincadeira, em vez de
olhar pra parte da brincadeira que não presta realmente porque é loucura demais,
se você fizer aquele Will ™ — What I Like The Most —, o que eu gosto dessa
brincadeira, essa partezinha aqui é interessante. Como eu pego essa partezinha da
brincadeira e combino com o mundo real, com o que é viável, com os recursos e tal.
Toda piada tem um pouco de utilidade, toda bobagem tem um pouco de utilidade.
Roberto Menna Barreto, que eu homenageei, ele dizia que tem três
ingredientes pra criatividade. Primeiro ingrediente: “Bom Humor”. Esse não dá pra
fazer coisas criativas sem bom humor, sem o cenário infantil, que aceita as coisas,
de dá uma pirada, que é meio maluco né.
Isaac Asimov, grande escritor de ficção científica, ele falava que “A
expressão mais empolgante para se ouvir em ciência, aquela que proclama
novas descobertas, não ‘Eureca!’ é ‘Engraçado…”. Sabe quando você fala, tá
falando alguma coisa e faz “rapaz, engraçado… eu misturei esse produto químico
com aquele e eu achava que, caralho”. Engraçado, engraçado é tipo engraçado isso
hein… É uma espécie de Eureca! é quando você percebe que ocorreu alguma
combinação nunca antes combinada, alguma mistura louca né.
Lembra que eu falei do Andre Geim, o cara lá que ganhou o IgNobel e Nobel
ao mesmo tempo, ele falou “Na minha experiência se a pessoa não tem senso
de humor, normalmente não é uma boa cientista”.
Então, pense como um comediante que também podia dizer pense como
criança. O comediante, ele é um adulto que sobreviveu, uma criança que
sobreviveu. É… uma vez eu fui visitar o Walter Longo, Presidente da Grey Brasil da
Agência, e ele me contou que ele havia feito isso aqui oh, ele juntou crianças pra
fazer um brainstorm na agência, vê que louco.
Pegou alguns clientes, combinou com os pais das crianças, é lógico, e tal e
juntou as crianças pra começar a provocar elas com questões que claro, as crianças
ra entender direito qual era o problema da empresa, mas
não têm repertório, input p
elas tem a loucura infantil, de falar as coisas nada a ver e você tentar extrair ali um
insight, daquilo que as crianças falaram. Olha aqui oh, ele postou a foto das
crianças reunidas.
Na época a gente chegou a discutir pra criar um comedy board, juntar uns
comediantes e falar sobre problemas em empresas pra trazer na mente do
comediante que já tem a parte boa do adulto e a parte boa pra criança. Acabou que
ele saiu da Grey, foi pra Abril e não falamos mais nisso.
E eu queria abrir um parênteses rápido, só pra falar uma pequena coisa. Eu
falei lá atrás sobre a ideia de gravar essas aulas agora com essa TV vertical, uma
ideia simples que a gente teve, mas que ficou diferente e tal, ficou interessante e
abriu novas possibilidades pra gente. E a ideia da TV vertical, uma das inspirações
foi lá na Grey, eu cheguei lá e olha o que tem na recepção, uma TV vertical escrito
“Bem-vindo, Murilo Gun!”. E dessa pequena experiência, eu tava com um look set
de tudo que é solução criativa, seja qual for o problema, não interessa, porque eu
posso dar um zoom out, t anto me interessa que tirei foto e postei no Instagram e
disso aí o meu zoom out não foi nem TV vertical, porque isso aí é um input que
nem, muito mais comum, no aeroporto tem muito, mas foi a parada de putz, como
você pode usar uma TV para comunicar coisas, para personalizar alguma coisa e
tal, isso tá aqui incubado, tá no meu repertório, um dia quem sabe eu utilizo.
É interessante eu falar isso porque o Einstein falava que “O segredo da
criatividade é saber esconder as suas fontes”. É não revelar quais são suas
ue você utilizou pra ter tal ideia e quando você revela parece
referências e inputs q
que “ah, então foi fácil demais”. É fácil quando você tem as referências certas,
linhado para soluções criativas e
quando você passa a vida inteira com um look set a
como estão disposto a fazer combinações, a se expor pra testar, aí é fácil, fecha
parêntese.
Pense como criança, ai eu te pergunto, isso aqui ajuda a pensar como
criança?
Não muito, por isso que o Google da vida, o Facebook cria esses escritórios
com essas num sei o quê, mesa de ping pong, de pebolim, essas coisas loucas.
Muita gente acha que isso é migué, ah isso é migué, migué. Quem acha isso é
porque normalmente trabalha numa cultura corporativa que eu chamo de
experiência corporativa muito adulta e num contexto e numa cultura adulta,
realmente, não adianta fazer isso.
O fato do Google, do Facebook ter sentido descontraído é a pontinha do
e uma coisa muito maior que é todo uma cultura corporativa e todo mundo
iceberg d
ali recrutado já com essa mentalidade infantil menos adulta e aquele ambiente é
apenas um complemento a toda uma cultura infantil, louca, não uma adulta já
instalada. Não adianta meter uma mesa de ping pong, de não sei o que, num lugar
que não tem essa cultura, não adianta.
“Criatividade é a inteligência se divertindo”, Einstein. Essas frases a
gente nunca sabe se é do cabra mesmo, mas a frase é tão boa que podia ser dele.
E criatividade é a inteligência se divertindo. É… poucas pessoas eu acho que
entendem essa frase profundamente, entende o que é se divertir. E se divertir não é
necessariamente, ah, se divertindo, jogando um jogo, é a inteligência livre,
espontânea, criança. O que é muito difícil, ter, se divertir num ambiente assim, né?
Eu acho essa charge engraçada, o chefe falando “volte lá pro seu cubículo e
comece a pensar fora da caixa”.
É ruim pensar fora da caixa quando você trabalha numa caixa. É danado.
Esse ambientes de empresas, o objetivo é trazer criança, é fazer a pessoa brincar
pra trazer aquela mentalidade infantil. Inclusive foi esse o objetivo da gente quando
a gente criou o nosso kit, o nosso kit físico, bem infantil também e deu resultado.
Muitas pessoas que recebem o kit, elas postam “tô parecendo uma criança que
acabou de ganhar um brinquedo”, “estou encantado com tudo, feito criança mesmo”.
Aqui, “estou me sentido feito criança quando os pais compravam material escolar do
ano letivo”. “Mais feliz que criança com brinquedo novo”. Essa aqui eu achei
engraçado que “diálogo aqui em casa, ela falou ‘Eba, meu kit chegou’. Ai o ‘marido
faz cara de quem não tá curioso’.” Faz cara de quem não tá curioso é ótimo, como é
cara de quem tá curioso, hein. Como é, Bruno? A cara de quem não tá curioso.
Cara que tá… “Cara que tá cagando”. Não sei fazer a cara não, não sou tão bom
ator não. Aí ela falou “ah, amei meu avatar, olha amor, eu sou o Einstein ‘Que porra
é essa, tá ficando maluca?’” Maluca, louca né, que maluco o quê? Vai virar criança
agora depois de adulto, é? Rapaz, tá parecendo criança. Essa a pessoa colocou
“virei nerd pela primeira vez na vida”. Em outras palavras, quando ela fala nerd,
quando fala maluco, pode trocar por criança.
Eu fui com minha esposa num bazar, né, de roupa de mulher, não sei o que,
roupas usadas, sei lá. E aí, é tinha vários andares assim e um cara no terceiro
andar, ele começou a conversar comigo, começou a conversar e ele falou “puts, o
elevador tá ruim o pessoal não sobe, pessoal para no segundo andar, ali no pé da
galera”. E aí eu peguei, “ah, mas por que que não sobe?” “Ah, acho que é preguiça,
não sei o que e tal”, aí falei pra ele, velho, por que tu não bota um adesivo assim
tirando ondas das calorias? De repente mulher, essa piada de ah, quero emagrecer,
sei lá e na hora ele falou assim “não, não”, tipo assim, ele nem sequer quis ouvir e
aí na hora eu pensei, ah deixa pra lá, não vou, se eu fosse fazer uma consultoria pra
ele eu me empenharia em evangelizar melhor.
Tem uma parada velho, que assim, pra ser criativo não tem jeito, a gente tem
que ser evangelizador. A gente tem realmente que ficar tentando sempre trazer
pessoas ao nosso redor para o lado criativo da força, porque se não, você fica
sempre aqui.
Então, assim, pra forma de evangelizar não pegar e dar uma ideia criativa e a
pessoal não gostou e falar, ah, você é bloqueado, isso é o Bloqueio do Adulto, hein?
É assim que funciona, se começar eliminando os mitos básicos, um trabalho
devagarzinho que vai fluindo e tal, que você pode fazer na sua empresa, na sua
família e por aí vai.
Bem, alguns exemplos nossos aqui da Keep Learning School. Pequenas
coisas que a gente fez nos últimos anos que mostram um pouco da nossa cultura,
da nossa mentalidade infantil, comediante. A nossa última confraternização interna,
e planejamento, o tema era Hulk. Era tudo festa infantil,
nosso evento, big coffee d
coisinhas de criança e isso surge de um What If...? What If a gente pegar o universo
do Hulk, e a gente tem uma analogia do Hulk, é claro, não é por nada e trazer pra
nossa festinha da empresa e ela ser Hulk.
Outra coisa, a gente quando eu começou a fazer o GunCast, criei esse
bordão no final “ah, se você não fizer isso vai na brincadeira na tomateira”. Isso
surgiu de uma música de pagode dos anos 90, isso, esse tá de brincadeira na
tomateira surgiu de uma música desconhecida de uma banda de pagode dos anos
90, Art Popular, que muitas pessoas diriam que não, não pode misturar um
universo, uma música que ninguém conhece, dos anos 90 de pagode com o
universo negócio de inovação, criatividade. Pode, pode sim, tudo pode ser
misturado e aí você simplesmente bota num contexto legal e vira um bordãozinho
né. “Ah, Murilo Gun fala que tá de brincadeira na tomateira”. Aí teve gente fazendo
camisas tomateira. Ai eu encontrei isso aqui, um site de inglês “como dizer
brincadeira na tomateira em inglês”, aí é um cara tentando dar uma solução pra isso
ai, explicando Art Popular, enfim, tudo isso surgiu de What If…? What If eu pegar o
e
refrão de uma música de pagode e transformar num bordão de um podcast d
criatividade e inovação, por que não?
Ai o tomateira acabou explodindo. Ai montou uma tomateira de verdade, virou
cenário pra gente gravar coisas, virou um negócio no Hard Work Papai virou um
negócio pra tirar foto. E aí a gente foi mais ainda e a loja de roupa da gente chamou
Tomatêra, você pega uma brincadeira, é o contrário, você começa a levar a sério a
brincadeira. Tudo porque a gente se permite fazer o What If, esse gatilho da
imaginação.
O Hard Work Papai a gente combinou o universo Praça é Nossa. Um evento
pra adultos, é que podia aparecer uma coisa, “ah, Praça é Nossa, num sei o que é,
é um programa que num é nem um programa que o público alvo do evento costuma
assistir”. Então é uma coisa que muita gente diria não, não, não, não vamos
misturar isso aí não.
E mais uma vez, apesar de Einstein dizer “o segredo é saber esconder
suas fontes”, eu vou revelar minhas fontes, parêntesinho rápido.
Eu fui fazer um evento da empresa de energia do Maranhão, a SEMAR, fui
ser o mestre de cerimônias. E você pode pensar, porra, evento de empresa de
energia, né, qual o primeiro pensamento, é, é clichê, é num sei o que, é careta,
empresa de energia, negocio chato né e tal. Os caras pegaram os próprios
funcionários e fizeram uma meio que uma divulgação do planejamento estratégico
em forma de Escolinha do Professor Raimundo. Foi genial, com o Professor
Raimundo já amarocava, cara já levantava bordãozinho da área, genial, genial,
fecha parênteses.
Esse input ficou lá incubado e aí, a ideia da Praça é Nossa sem dúvida teve
uma influência de trazer um universo de programa de televisão combinando com o
nosso evento.
Ah, voltando do Maranhão, eu trouxe, claro, o Guaraná Jesus, lógico. E aí, eu
fiz uma combinação What If eu misturar Guaraná Jesus com vodka? Sensacional
isso aqui, pode ser sucesso na balada. As pessoas começarem aqui em São Paulo,
a balada, entendeu. Você bota Jesus com
porra, negócio rosinha, pa, style n
Absolut, fica Jesus Absoluto e de repente é uma combinação que muita gente não
se aceita. Não, não se mistura Jesus com Absolut. Mistura sim e é bom.
Você pode perguntar, Murilo, mas, aí tem os mas, “mas é porque você é
comediante. Ah, você é comediante, você pode fazer essas coisas, você pode fazer
essas loucuras.” Concordo, que tem algumas coisas que por eu ser comediante, eu
tenho essa permissão de fazer. Por exemplo, isso “Eu sempre fui muito fã de
Batman porque o Batman é um dos únicos super heróis que não tem de fato super
poder, se bem que ele é rico, né, mas...”. Realmente, isso talvez seja um pouco
demais pra um na maioria dos contextos.
Agora, vê como o mesmo Batman pode ser trazido pra um contexto de uma
forma muito mais viável pra qualquer pessoa. “E eu queria falar sobre três coisas,
eu queria falar sobre esteira rolante, eu queria falar sobre o cinto do Batman, eu
queria falar sobre a cauda longa. Só que antes de começar a falar sobre as três
coisas…”. Nesse caso, o cinto do Batman, quem quiser, vou deixar aqui o link desse
TED, é só uma metáfora e metáforas todos podem fazer. Talvez não se vestir de
Batman, mas usar uma metáfora que venha de um outro universo mais distante.
A gente sempre fica achando que esse pensar como comediante significa
“ah, então só imitar o Batman da história, só imitar o Super Herói da história, só
imitar o desenho animado da história, só representar tudo colorido, isso aí, só
pensar como comediante”, não! Nesses exemplos que eu dei não tem nada de
super herói aqui, é simplesmente misturar universos aparentemente não
misturáveis, cê fez aqui.
A gente foi fazer a nossa primeira contratação, contratamos o Matoso, a
gente fez uma combinatividade. A gente pegou um vídeo estagiário que eu tinha
feito há um tempão e trouxe de novo o estagiário contrata um estagiário e ainda fez
uma viagem de ficar comparando as vantagens de trabalhar com a gente e trabalhar
no Google. Enfim, uma apelação.
Exemplos interessantes também de coisas pequenas, tá? Não tô falando de
ai, as soluções da humanidade. Não, coisas pequenas mas que surgiram nessa
mentalidade de pensar comediante, pensar infantil.
Por exemplo, o meu apartamento em Recife, a gente colocou um chuveirão,
um banheiro, lá na varanda. É uma coisa infantil, uma vontade minha, de ter aquele
chuveirão, aquela coisa de casa de campo na varanda legal e isso é uma coisa que
Gabriel diria. Cê fala, “Gabriel, problema, o que seria legal colocar na varanda, uma
coisa diferente pra ter na varanda, o que que você gosta de ter na varanda?”.
Nessa hora, muitos adultos nem sequer trazem a ideia do chuveirão porque
já consideram que chuveiro não se coloca em varanda de apartamento, isso é coisa
de casa, de ter no quintal. Mas a criança não, ela não tem esses filtros e talvez ela
diria “ah, eu queria um chuveirão”. E aí a gente pode ouvir mais as crianças e
aceitar o que eles digam, o viés é esse, que chuveiro não, não adianta, você se
fecha. Se você se abre, ok, legal botamos o chuveirão.
Outra coisa bem simples, tá? A gente fez uma turma, que era uma turma que
a gente divulgou apenas para um grupo de pessoas que não conseguiram se
inscrever na turma anterior porque as vagas fecharam em duas horas. Então, ficou
muita gente querendo participar do curso, mas encerrou muito rápido. A gente abriu,
alguns meses depois, uma turma fechada, só pra essa galera e a gente chamou de
turma secreta. E é engraçado como a gente, até a comunicação aqui, Matoso fez
turma secreta. Não era uma turma normal, era uma turma normal mas a gente trata
ela meio que secreta, turma secreta.
E aí essa coisa é uma coisa do comediante, porque o normal seria, não, essa
é a turma 3.2, não, essa turma, não, turma secreta. E nos eventos, pessoal turma
secreta taí? Não, fala baixo que é turma secreta. Ou seja, você aceita que pode ter
uma turma secreta, é legal ter uma turma secreta.
Aí você pode perguntar, Murilo, “mas será que brincar não faz deixar de
ser levado a sério?”, ficar brincando, você não é levado a sério. Velho, tem alguns
exemplos de universos que são sérios mas conseguiram trazer o brincar. Melhor
exemplo pra mim, jornal do Rio de Janeiro, Extra. Genial, cara, isso aqui, só
comediante trabalha lá. “A Maratona olímpica continua. Agora é tiro”. Ficam fazendo
piadas com coisas sérias, tiro, guerra civil na rua, fazem piadas meio ousadas,
alguma vez até demais.
“Fidel chama o Raul”, porra, Fidel já morrendo já, chama o Raul é tipo
vomitar, sei lá. “Mulher oferece bola gato como propina para PM”. “Sem Hulk, jogo
ficou meio bunda”. Enfim, é um jornal, é sério, mas ele... é sério no sentido que é
notícia, são fatos importantes, mas ele não se leva muito a sério.
Eu descobri também uma marca de shampoos para mulheres. Shampoo pra
mulher é um assunto sério, cabelo pra mulher é um assunto sério. Pra mim também
é que cabelo grande começa a achar cabelo um assunto sério, tem que ter
cuidados, mas é o assunto sério. Mas essas marcas, oh, começando tirando onda,
Forever Liss, U.T.I, T.P.M, Desmaia Cabelo, minha mulher usa esse aqui, desmaia
cabelo, vi no box e que porra é essa? Anabolizante, ai tem o concorrente já, a Lola.
Eu sei o que você fez na química passada, aperte o cinto que a ponta dupla sumiu,
abaixo a ditadura dos lisos, Lola de farmácia o shampoo, isso já é outra empresa já.
Já existe dois players no mercado de shampoo pra mulher que resolveram não se
levar a sério.
Vê o menu do site da Lola, é assim: home, por produto, contato, e tem aqui
por drama. Por drama, ou seja, por situação, drama, “pra quem andou fazendo
besteira e está com tranquila mas não favorável”. “Pra quem andou fazendo mais
besteira e tá começando a se preocupar”. “Pra quem tem problema de queda”, pra
quem não sei o que, enfim, ela conseguiu, prum negócio que é sério, cabelo, sério,
trazer uma parada engraçada.
Uma Start Up de um amigo meu 99 Jobs, Dudu, eles fizeram um evento que
todos os títulos dos debates, em vez de ser, debate sobre viralização de vídeos,
não, “meu deus, nosso vídeo de programa de estágio ficou igual o da empresa
concorrente”, “foda-se os puffs coloridos e as mesas de pebolim, seja bem-vindo ao
futuro do trabalho”. Como você pode, sabe, simplesmente aceitar, fazer uma
analogia com algum outro universo e tal. Aí você pode perguntar ah “mas isso só
funciona em empresa pequena”, start up, é difícil num negócio grande e tal.
Você lembra o que aconteceu no encerramento dos Jogos Olímpicos no
Brasil? Num é um negócio pequeno, é um negócio grande, é o maior evento
esportivo do mundo. No encerramento das Olimpíadas do Rio, rolou isso aqui oh.
Vídeo. Eu fico imaginando a reunião que o primeiro cara deu essa ideia. Cara fala
rapaz, tive uma ideia… E se… a gente bota o primeiro ministro fantasiado de Mário,
saindo pelo cano, em muitos contextos… primeiro, ele nem falaria isso, porque ele
já julgaria antes ou ele falaria e receberia um “tá louco, rapaz?”. Cara, sempre que
alguma idéia gerar um “tá louco?” Fica atento, tem alguma coisa aí, porque o tá
louco significa essa ideia quebra padrões, essa ideia combina universos
incombináveis, como assim, primeiro ministro fantasiado. Fantasia e Primeiro
Ministro do Japão já não combinam. Combinam sim, podem combinar sim e criam
um negócio como o narrador falou lá, o cara do Canal Tech, sensacional.
Já que eu resolvi esculhambar o negócio do Einstein e revelar a fonte das
coisas, eu vou abrir um parênteses só pra revelar a fonte desse negócio aí, do
Mário, do Japão. Na olimpíada anterior, de Londres, na cerimônia de abertura, no
caso a do mário foi a de encerramento, na abertura, rolou isso aqui, lembra? Vídeo.
Incrível também e aparentemente não é a mesma coisa, mas se você der um
zoom out, você pode extrair o que? O conceito de misturar uma grande autoridade,
uma autoridade séria como primeiro ministro, como rainha e misturar com o
universo ficcional. Mário e James Bond, apesar de não ser desenho animado,
James Bond também é ficcional, ligado ao cinema e como você pode misturar os
dois universos e através de um jogo de telão e coisa real criar uma mistura de ficção
com realidade, usando autoridade. É a mesma coisa se você der um zoom out, taí a
inspiração deles, fecha parênteses.
Então, “pense como um comediante”, pode ser “pense como criança” e
também pode ser “pense como louco”, comediante é louco, criança são meio
loucas também. E os loucos são criativos, cientistas são sempre retratados como
loucos, sempre ah, de volta pro futuro, professor Beakman, todos criativos e todos
loucos.
O próprio Einstein é sempre essa coisa visto como louco. Cê lembra da
história do Arquimedes lá, o processo criativo, quando Arquimédes grita Eureca! e
sai correndo, sabe o que dizendo dele? Vídeo. “Não bate bem, hehehe”. Ou seja, é
louco. Pessoas criativas loucas, aqui oh, tudo doido. Monk é um doido, Sherlock é
um doido, House é um doido, doidos criativos. Comediantes são doidos, os
palhaços são todos loucos.
Essa frase aqui tinha no meu antigo apartamento “as pessoas que são
loucas o suficiente pra pensar que podem mudar o mundo são aquelas que
mudam o mundo”. Tem que ser meio louco. Tem dois livros que falam sobre isso,
da Linda, que é fundadora da Endeavor, De empreendedor e louco, todo mundo
tem um pouco. Esse livro aqui, Seja Insensato, seja meio louco, claro que estamos
falando da loucura boa, da loucura que a gente usa só pra abrir novos caminhos e
claro que depois a gente combina com as leis, né, combina com a ética, com a
moral e por aí, vai.
A loucura ruim pra mim é essa aqui “Insanidade é continuar fazendo
sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Isso pra mim é loucura,
fazer as coisas do mesmo jeito e esperar resultados diferentes, é muita loucura. É
tratamento psiquiátrico urgente. Porra, as coisas não melhoram, não consigo fazer
nada diferente. Cara, você faz as coisas do mesmo jeito, as mesma combinações,
as mesmas tentativas de sempre? E espera mágica? Isso é loucura, tem que
procurar especialista pra resolver.
“Toda loucura tem um pouco de utilidade”, Osho dizia “Ficar louco de
vez em quando, é necessidade básica para se manter são”. Ficar louco é
necessidade pra se manter são. Einstein “Se, a princípio, a ideia não é absurda,
não há esperança pra ela”. É a história do tá louco? Que loucura, tá louco? Que é
isso aí? Que a princípio, a princípio ela parece não possível porque ela mistura
coisas não misturáveis, porque ela quebra padrões, mas alguns segundos depois
você pode concluir que ela merece ser evoluída.
Júlio Ribeiro, da Agência Talent, “sempre é tempo de darmos mais
espaço ao marinheiro bêbado que temos dentro de nós, em lugar de ficarmos
sob o comando do implacável pastor protestante.” Dá espaço pro marinheiro
bêbado, marinheiro bêbado, esse cara, ele luta normal ou ele luta de forma criativa?
Ele não luta assim “ah, vou lutar” e dá um tiro na cara, mete a espada aqui. Ele joga
a espada ali pra cortar o fio pra cair em cima do cara, ele luta do jeito criativo, ele é
o tal do marinheiro bêbado.
Vê esses personagens aqui: Jack Sparrow, Coringa, Máscara, Pernalonga,
Pica-pau, Saci Pererê. Que que eles têm em comum? Pode falar, fala aí, a gente
escuta, tem uma tecnologia que… Que que eles têm em comum, todos são
personagens ficcionais, são personagens, todos são cultura pop, é… todos são
meio cômicos, não são? Meio loucos, meio diferentes, meio malandros. Concorda
que todos esses caras, eles dão soluções criativas pros problemas deles, seja qual
for. Alguns mais do mal, outros menos do mal, mas todos criativos.
E não é atoa que esses personagens parecem tanto porque todos são
baseados no mesmo arquétipo, uma comédia antiga na Itália, Commedia DellArte,
uma comédia de rua, uma comédia muitas vezes improvisada de rua, que tinha um
jogo de máscaras muito interessante.
Vê que louco, cada máscara representava um personagem, então, quando
entrava um cara com a tal máscara, você já sabia que aquele cara tinha algumas
características. Ou seja, num precisava tá acompanhando a história tipo Friends que
você precisa acompanhar alguns episódios pra descobrir que Ross é meio assim,
que Chandler é engraçadinho, que Mônica tem mania de arrumação, você precisa
de um tempo. Lá não, na Commedia DellArte a máscara já trazia um monte de
informação, já trazia um arquétipo pra aquele personagem que quando entrava,
você já conhecia.
E uma das máscara da Commedia DellArte era essa daqui, que essa
máscara era o personagem Brighella, que era uma das subdivisão do Zani, que em
inglês tem um nome muito interessante que é Trickster. O cara com essa máscara,
ele era o cara que faz tricks, que faz, era o malandro, era, no bom sentido, o
carioca, o cara que desenrola as paradas e tal. E todos aqueles personagens são
trickster, alguns mais do mal, como eu falei, mas todos soluções criativas e todos
são meio comediantes, meio infantis, meio loucos.
Tem até um livro, A economia dos desajustados, que só extraindo lições
criativas dos desajustados que no caso são piratas, bandidos, criminosos,
traficantes, mas que muitas vezes são criativos.
Lembra? O homem que vestiu de Papai Noel que roubou um helicóptero?
Porra, isso é uma ideia que uma criança daria. “Oh, deu problema, precisa roubar
um helicóptero, como é que faz?” A criança chega querendo, “bota ele de Papai
Noel, papai, diz que vai alugar pro natal”, é uma ideia de comediante né.
Esse filmes de assalto a banco, esse filme aqui incrível.
Assaltos a banco são sempre soluções criativas. Por favor, eu não estou
pregando fazer coisas erradas, apenas estou dizendo que a gente pode aprender
até com os criminosos, com os desajustados, é. Bem, de tudo isso, muita gente
quando ouve isso tudo pensa “ah, mas o que vão pensar de mim?. Assim, se eu
começar a ser assim, se eu começar a ficar muito infantil”. Primeiro que de fato tem
que ir aos poucos, tem que ir devagarzinho, não pode mudar de um dia pro outro
né, mas “será que vão deixar eu ser assim?”, ah, num sei o que, como é que eu
faço pra ser assim e eu queria lembrar uma coisa.
Lembra o livro lá, os quatro compromissos, eu falei do primeiro compromisso
“seja impecável com a sua palavra”. Eu falei depois, pulei pro quarto
compromisso que é “sempre faça seu melhor” e agora eu vou revelar o segundo
compromisso. O segundo compromisso é “não leve nada para o lado pessoal”.
É muito profundo isso aí, eu vou explicar por alto. Em outras palavras, é...
releve um pouco, alguns tipos de críticas, comentários de outros. Quando alguém
fala sobre você ou crítica porque você tá agindo de um jeito diferente e tal, é sempre
lembrar que essa é uma crítica baseado nos inputs daquela pessoa.
Cada um, cada pessoa vive uma realidade, cada pessoa vive uma realidade
baseado no que ela acha, no que ela sabe e as pessoas quando elas falam algo é
de acordo com a realidade delas, entendeu? Então a gente pode levar menos as
coisas pro lado pessoal e quando você começar a se mostrar diferente, é… e ver
que as pessoas tão começando a lhe criticar, entenda isso como uma confirmação
de que você está passando por uma formação de ser um pouco menos adulto e um
pouco mais criança livre.
É… essa frase é muito interessante, de um humorista, Ricky Gervais, “é
melhor criar alguma coisa que os outros criticam do que não criar nada e
criticar os outros”. Então, pense como comediante, pense como criança, pense
como louco, pense como pirata, pense como artista. Livro incrível esse aqui Pense
como um artista, t em vários livros de criatividade que pegam a mentalidade do
artista no sentido clássico de artista de belas artes, de pintor, de escultor. Esse livro
aqui fala sobre isso, o jeito do artista e mostra como o artista também tem essa
mente que se abre a imaginar combinações viajadas.
Bloqueio do Adulto, esqueça essas lições, a gente tem que reaprender que
as brincadeiras podem fazer parte, devem, da vida profissional. Dá pra misturar
tudo, papai, tudo pode ser combinado, tudo pode ser misturado. Tem que se expor
mais.
É, esse Bloqueio do Adulto se fosse resumir em uma palavra eu resumiria em
“pense como um comediante”, simples assim. Inclusive, pense como um
comediante virou a razão social da empresa, a razão Pense como um Comediante
LTDA., que a ideia de colocar uma frase, como razão social veio, já que tô
revelando minhas fontes, por causa da Perestroika, que é uma escola de atividades
criativas de amigos meus, cujo CNPJ deles é uma frase que é meio que o mantra
deles, o CNPJ é “vai lá e faz LTDA.”
Inclusive vai lá e faz é um mantra incrível, virou um livro também Vai lá e faz,
tá disponível VLEF.ME em e-book gratuito. Esse é um mantra incrível, um mantra
de planejar um pouco menos, não é deixar de planejar, é planejar um pouco menos
e executar mais. É sair da camada das ideias e vai lá e faz. Vai lá e faz é começar
mesmo antes de estar pronto. É vai lá e faz, sabe? Num precisa estar tão pronto
demais. O mundo hoje em dia permite, usando Lean Start Up, aquele, aquele jeito
enxuto de medir, executar as coisas, permite a gente, sabe, parar de falar que vai
fazer, parar de planejar demais, vai lá e faz, vai lá e faz! Não fica esperando um
sinal eterno chegar. Tem gente que parece que quer fazer uma coisas mas fica
esperando o dia que vai amanhecer e vai ouvir uma voz dizendo assim “hoje é o dia
de você fazer as coisas” e aí a parada nunca chega esse sinal e ela nunca faz,
então assim, vai lá e faz! Vai lá e faz. Acabou. É isso.
Pra finalizar, queria deixar uma reflexão que eu vi um adesivo uma vez no
computador, tirei a foto e postei no Instagram, reflexão é “o que a criança que você
já foi acharia do adulto que você se tornou?” O que a criança que você já foi acharia
do adulto que você se tornou agora? Criança, imagine você, na idade de Gabriel, 11
anos, aqui na sua frente agora, olhe pra você, o que ela acharia do adulto que você
se tornou? É uma reflexão interessante.
Finalizar com uma musicazinha, eu lembrei daquela imagem lá do adulto
lembrando como era bom essas brincadeiras aqui de criança e ai eu conectei com
Molejão aqui, oh, quando eu era adolescente, encontrei o Anderson Leonardo e pra
finalizar essa aula, brincadeira de criança, Molejão! Vídeo.