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Bloqueio do Adulto

Vamos lá, Bloqueio do Adulto! Bloqueio do Adulto a gente continua dentro


daquela estrutura dos bloqueios mercadológicos, esse é o bloqueio seis.
Cê lembra daquele livro que eu falei, ​Act of Creation, lá no mito da criação?
Pois vê que louco, nesse mesmo ano do Act of Creation ​foi lançado um outro livro
chamado ​Games People Play​. Um livro sobre um assunto que chegou a ser muito
da moda ​Análise​ ​Transacional​.
Há uns vinte anos atrás era um assunto super falado no mundo do RH ,da
psicologia, da coisa comportamental, era uma espécie de PNL, que PNL teve uma
moda também há uns dez anos, isso foi antes de PNL e tal. Chegou a ser lançado
no Brasil, um pouco depois, com o nome ​Análise Transacional.
Esse é um assunto que eu nunca tinha ouvido falar na minha vida até que
através do ​Roberto Menna Barreto​, falei dele, lembra? Fiz uma homenagem à ele.
E ele abordou esse assunto porque na época que ele atuava com curso de
criatividade era um assunto forte e eu achei muito interessante e queria
compartilhar.
Seguinte, o ​Eric Berne​, o autor da teoria, ele foi o cara que meio discípulo de
Freud. Então, quem conhece as paradas de ​Freud ​vai perceber que esse
framework dele é totalmente inspirado, é uma “combinatividade” do Ego, Superego
e ID de Freud, né. Então, seguinte, o Eric Berne, ele fala que a gente tem três
estados dentro da gente tá, o estado pai, o estado adulto e o estado criança. Não é
você como pai, você como adulto, não. Todo mundo tem o momento pai, o
momento adulto e o momento criança: P, A e C.
Então, o que é o estado pai? O estado pai, ele é dividido em pai protetor e pai
crítico, é o estado que dita as grandes normas, a questão médica, a questão moral,
os grandes valores, essa coisa mais macro, essas regras mais macros, essas
crenças macro que ditam o que você pensa.
O estado do adulto é uma parada mais racional, o adulto, o lógico, o que usa
os dados e tal.
E o criança é o lado mais louco, o lado mais lúdico, o lado mais viajado. A
criança pode ser livre ou pode ser a criança modificada, adaptada que subdivide em
criança rebelde e criança submissa.
O grande lance da análise transacional é que são transações. Não é uma
questão de você ter o pai assim ou o adulto assim e a criança assim e tá decidido
que é assim, não. A cada momento, cada vez que você tem conversas internas com
você mesmo ou cada coisa que você faz, você transaciona de um estado pra outro
e naturalmente alguns tipos de pai automaticamente chamam em você alguns tipos
de criança e por aí vai.
Todos esses estados tem a versão que eles chamam de ok e não ok. É a
versão meio que certa e errada, do bem e do mal, né. Então, por exemplo, o pai
crítico tem a versão ok que é o crítico exigente, ordenador, justo, sério e ético. Já o
pai crítico não ok, ele é agressor, preconceituoso, déspota, desrespeita.
O pai protetor tem a versão ok que é o protetor apoiador, orientador,
afetuoso, dá autonomia. E o protetor não ok que é superprotetor, muito meloso,
permite dependência e por aí vai. Aí todos tem a versão ok e não ok, o adulto ok
ele é objetivo, é responsável, autônomo. O não ok já é desligado, meio avoado. Aqui
a criança livre ok é a criança alegre, a criança curiosa, afetuosa e a livre não ok, ela
é egoísta, ela é cruel e por aí vai.
Mas assim, eu não sou expert em análise transacional, esse assunto é bem
profundo, mas eu queria chegar nessa parada aqui. Roberto Menna Barreto, ele dá
um exemplo de como seria a distribuição desses estados, né, numa média, do que
seria uma pessoa criativa, espontânea e independente. Então, teoria dele é a
seguinte:
A pessoa criativa, espontânea e independente, ela tem um pai crítico médio.
Faz sentido? Porque faz parte também, você ter um olhar crítico das coisas, crítico
sobre você mesmo, sobre os outros e tal, para você contestar as coisas. O pai
protetor mais baixo, protecionismo normalmente, é, gera um zona de conforto, e
veja que não é zerado, apenas mais baixo. Claro, em algum momento tem que ter
um pai protetor também, a gente precisa.
O adulto médio também, mais pra baixo, ou seja, menor que o pai crítico, ou
seja, a parte lógica, racional, bem mais ou menos da metade até a baixo. Criança
livre ​boom,​ criança livre, espontânea, curiosa, bloqueio do especialista. A criança
adaptada, submissa baixa também, porque submissão também lembra, é, se
contentar com as coisas do jeito que são, não questionar. E a criança rebelde,
questionadora alto também, bastante alto.
Vê que louco, esse é o exemplo de uma pessoa, não é uma criança, uma
pessoa, um adulto, que ele é criativo, espontâneo e independente. Resumidamente,
ele é muito criança e pouco adulto, pouco pai.
A gente já falou mil vezes né? Nós nascemos criativos, desaprendemos a
ser criativos, e aí quando a gente vira adulto, qual o problema? Temos que virar
adulto, mas é porque ​“a gente vira adulto e a gente vira adulto demais”​. O
problema é o demais.
Sabe o que acontece analisando em relação a análise transacional, vamos
supor que se tivesse a mesma quantidade de bloquinhos aqui cinzinha apenas para
realocar, ou seja, eu não posso simplesmente subir um nível desse, eu tenho que
redistribuir. Vamos supor essa redistribuição, eu diria que o que acontece com as
pessoas é quando elas ficam adultas, esse criança livre desce e meio que vai pro
adulto, há uma troca aqui. Adulto demais, muito lógico, muito racional, muito sério.
Quando a gente vira adulto, o pai também sobe bastante, talvez tire aqui da criança
rebelde e vai pro pai crítico. E essa distribuição, já bem diferente do que ele entende
como a descrição perfeita da pessoa criativa que é o ser criança.
Queria voltar agora aquelas quatro etapas: ​Input, combinação, output,
masterização e analisar como o adulto e a criança se saem em cada uma daquelas
etapas. Então vamos supor aqui, oh, aqui tão as quatro etapas.
A criança ela é boa nessa e nessa, ela é boa nessas duas. A criança, ela é
boa em combinar e misturar coisas e fazer combinações não imagináveis,
diferentes. Ela é boa em ​output​, em si expor, claro, têm crianças mais tímidas, mas
na média, criança se expõe mais que os adultos, na média também. Mas criança,
​ ela não consegue masterizar porque
ela não tem repertório ainda, não tem ​input e
​ avaliar,
ela não consegue julgar as coisas, não sabe pegar um ​feedback e
retroalimentar, não entende de método. Então, ela é ruim nessas duas partes, ou
seja ​“criança é um expert em combinações e em se expor, mas não tem inputs
para combinar e nem tem razão para poder avaliar, retroalimentar, masterizar”.
E o adulto? O adulto é o contrário. O adulto, velho, ele é bom nessas duas,
ou seja, naturalmente, o adulto tem muitos ​inputs.​ Mesmo que você não tem aquele
olhar curioso, aquele ​look set,​ né, mas você adquire ​inputs ​com a vida. E tem a
capacidade de julgar as coisas, de pegar ​feedback,​ de entender, mas aqui vem um
problema.
A gente vira adulto demais e a gente perde muito a nossa capacidade de
combinar coisas. A gente vira adulto e só aceita combinações meio óbvias. Não
aceita que tal coisa se misture com tal coisa, a gente também, é, tem dificuldade de
se expor, se expõe cada vez menos, né, bloqueio do sucesso. Ou seja, o ​“adulto
​ uficiente para combinar, a razão para avaliar, mas ele perdeu a
tem os ​inputs s
expertise de combinar de forma louca e de se expor” ​e aí, ficou assim.
O ideal é você ser bom em todas as etapas e como esse curso é para
adultos. Eu queria analisar as duas deficiências do adulto. Focar mais nessa aqui
(combinação) por que nessa aqui? Porque essa aqui (masterização) foi muito falada
lá no bloqueio do sucesso, a questão do expor, a técnica ​Lean Start Up,​ essa aqui
(combinação) eu quero aprofundar mais nessa aula, me inspirando em quem? Em
quem é bom nisso, nas crianças.
Se parar para pensar, qual é a coisa que crianças mais fazem? Qual é a
atividade que as crianças mais querem fazer? E mais fazem, qual é o verbo que
elas gostariam de tá conjugando toda hora? ​Brincar​. Crianças são obcecadas a
brincar. Elas querem brincar toda hora, irritam a gente, “ah, tá bom de brincadeira
já”, “aí, para que continuar brincando?” “essa bateria não acaba” e quer brincar,
quer brincar. É uma motivação intrínseca e não dá pra entender de onde vem tanta
vontade de brincar. E claro que brincar é bom, não precisa de estudo.
Tem um livro interessante do ​Eduardo Sá, ​Brincar faz bem à saúde​, mas
nem precisava, a gente sabe, a gente consegue entender que brincar é bom para as
crianças. Agora, e pros adultos? Será que brincar também num é bom? Será que
quando a gente deixa de ser criança e vira adulto demais a gente num perde essa
grande capacidade infantil? Então, eu vou começar com o por quê: por que que
brincar é importante? Por que? Porque ​“brincar é imaginar”​, num concorda?
Quando você brinca, você está imaginando um contexto, você pega aquele
objeto, aquele boneco junto com a boneca, o carrinho e você brinca com aquele
carrinho aqui e você imagina que isso aqui é uma cidade e você bota obstáculos e
você cria imagens brincando. ​“Brincar é combinar” ​porque você mistura coisas de
universos diferentes, um objeto que é usado pra tal coisa, você vira aqui e já vira a
base dos soldados e tal. ​“Brincar é viajar”​, brincar é você aceitar qualquer coisa
viajada, de qualquer jeito, você pode... na hora da brincadeira, não tem limites, se
você quiser você pode viajar e pirar e tal. Resumindo, ​“brincar é imaginar
combinações viajadas” ​é imaginar, criar imagens de combinatividades viajadas.
Brincar é brincar de ​What If?
Já parou pra pensar que a criança é um “​What Ifer” profissional? Ela passa o
dia inteiro brincando de ​What If...​, ela passa o dia brincando de ​What If… eu jogar
esse carrinho dentro disso aqui. ​What If… ​eu pegar a comida e fizer num sei o quê.
What If… eu fizer isso aqui com essa caixa, ela passa o dia brincando de ​What If…
Ela passa o dia viajando, viajando na maionese, né.
No livro do ​Arthur Koestler​, ele fala da bissociação que é o nome dele pra
combinatividade. E ele fala que a bissociação é o que? É quando dois sistemas de
referência, dois universos se cruzam. É o que mais ocorre quando a criança brinca.
Ela pega dois universos loucos ou três ou quatro e sai misturando porque ​“brincar
é imaginar combinações viajadas” ​e ​“quando a gente vira adulto, a gente vira
adulto demais e quando vira adulto demais, a gente deixa de brincar e
deixando de brincar, a gente deixa de imaginar combinações viajadas”​. Então
esse é o Bloqueio do Adulto.
Como já disse algumas vezes ​“nós nascemos criativos e desaprendemos
a ser criativos”, “nós nascemos cientistas e desaprendemos a ser cientistas”,
“nós nascemos exploradores e desaprendemos a ser explorados”, “nós
nascemos corajosos e desaprendemos a ser corajosos”, “nós nascemos
curiosos e desaprendemos a ser curiosos”, “nós nascemos questionadores e
desaprendemos a ser questionadores”, “nós nascemos brincativos e
desaprendemos a ser brincativos”.
Eu gosto de brincativos porque é uma mistura de brincador criativo, é um
brincativo. A gente quando criança era brincativo, algumas crianças mais, outras
menos, mas, assim, toda criança é em essência, pelo menos, mesmo que ela seja
extremamente podada, bloqueada, ela teve, um grande tempo, de extrema
brincatividade durante sua vida e vai crescendo e vai perdendo isso ​“e quem é que
nos ‘desensina’ isso?”
Muitas pessoas começam, é claro, o processo educacional, né. Essa
chargezinha, é uma mãe falando “Meu filho já sabe inglês, francês, japonês,
violino, xadrez, judô, futebol e karaokê!” e mãe pergunta ​“ah, sim, e sabe
brincar também?”​.
Acontece muito? Criança pequena já é adultizada, muita agenda cheia de
coisas e tal, e faz um monte de coisa, mas esquece de brincar. Ai começa já virar
adulto cedo demais, enquanto que era pra virar criança eternamente e não ficar tão
adulto.
É, eu gosto muito de riscar as paredes e tal. Uma vez eu postei minha parede
riscada e alguém colocou assim “ele não teve infância kkk, escreve nas paredes até
hoje”. Ou seja, a sociedade em geral tem essa visão de que adultos é “ah, se você
faz coisas de criança porque você não teve infância”, sabe, ou seja, próprio
sociedade já meio que contesta você, ​“parece que não teve infância” e tal, mas o
principal bloqueio ocorre quando a gente entra no mercado de trabalho.
Quando a gente entra no mercado de trabalho é que essa mensagem de seja
adulto, não seja criança vem muito, muito, forte para gente. O próprio ambiente das
empresas, ele convida a gente a ser muito adulto, a ser muito sério, a ser muito pai.
E se você ousa brincar é capaz de você ouvir assim “oh, aqui trabalha, aqui
tem tempo pra ficar brincando não, aqui o bagulho é sério, tem tempo de ficar
viajando, brincando nas coisas, num sei o quê não, aqui é sério”. Tem uma coisa
que a gente fala até meio que sem querer, quando a gente tá falando uma coisa que
é mais brincadeira e aí a gente uma hora fala “ah, brincadeiras à parte…” porque
brincadeiras tem que tá a parte.
É importante deixar claro, oh, vou deixar a parte aqui as brincadeiras. A gente
fala uma coisa mais infantil tem que “oh, tô brincando”, tem que já desculpar, tem
que dizer tô brincando, o ​just kidding​ em inglês né,​ kidding kids​.
Eu tenho muita experiência em reuniões corporativas. Desde a minha
empresa que eu tinha uma produtora de sites, até como comediante, fazia muito
evento pra empresa, ia nos eventos. Quase toda reunião que eu participo tem como
um padrão que no começo tem aquelas amenidades, o pessoal “opa”, “num sei o
quê”, “e aí, pá”, rola umas piadas uma coisa meio informal, “isso aí, ah, fui num
show, blá, blá, blá”, até que chega uma hora que o dono da reunião, o chefão lá, ele
faz uma coisa que bem marcante, que quando ele dá o tapa na mesa e ele fala
assim “vamos lá, vamos falar sério agora”.
O que significa vamos falar sério agora? Significa que crianças, saiam da
sala, saiam da sala que agora é hora dos adultos, que aqui num brinca, aqui
trabalha sério, tem ninguém brincando aqui não, por favor se retirem pros outros
poderem trabalhar e aí, é nessa hora que a criatividade vai embora, tchau…
Essa frase eu acho massa, “o adulto criativo é a criança que sobreviveu”​,
muito louco, né? Isso aqui eu tinha postado no meu Instagram, é, esse bonequinho,
todo empacotado, né, de adulto e ele meio que triste lembrando como era bom ser
criança.
Esse aqui também achei engraçado ​“ser adulto é chato”​, não deveria ter
que ser, mas acaba virando porque a gente fica adulto demais e esse é o bloqueio
do adulto.

As grandes lições erradas que a gente aprendeu são, primeiro, ​“as


brincadeiras devem estar à parte da vida profissional”​. Não, aqui não é lugar de
brincar e quando a gente deixa a brincadeira a parte, a gente deixa de imaginar
combinações e viajadas e vai no caminho padrão.
​“Tem coisas que não podem, nem devem ser misturadas e
combinadas”​, a gente tem muito isso que parece que não, isso com isso não se
mistura, eu vou dar vários exemplos aqui de como o jeito infantil aplicado ao mundo
real, adulto, ele traz pra você a possibilidade de misturar coisas aparentemente não
misturáveis.
E também ​“evitar se expor falando ou fazendo ‘bobagens’” entre aspas,
porque quando eu falo bobagens, num é coisas ridículas, é ser mais informal, é ser
mais normal, é ser mais lúdico, sabe? E tudo isso é mentira. Tá tudo errado isso aí,
uma versão positiva é que ​“as brincadeiras podem fazer parte da vida
profissional”​, ​“tudo pode e deve ser misturado e combinado”​, ​“você pode sim
se expor mais falando e fazendo ‘bobagens’”​.
É, eu falo muito da ​Singularity​, meio, eu falo pacaralho, fica meio repetitivo
porque pra mim foi uma experiência, é... não foram três meses normais, foram três
meses intensos, segunda a sábado, doze horas por dia.
Lá tinha uma parada que ninguém queria muito sair, tinha um negócio
chamado F.O.M.O. F.O.M.O é ​fear of missing out​, é medo de ir tomar um sorvete ali
e acontecer alguma coisa, aparecer alguém ali e você perder, medo de perder,
então fica todo mundo lá. E cara, eu em três meses, em três meses, eu saí do lugar,
de onde a gente dormia, estudava, trabalhava, fazia as coisas lá, eu saí daquele
ambiente, talvez umas dez, quinzes vezes em três meses, era muito intenso.
Lá na ​Singularity,​ logo na primeira semana rolou um desafio dos alunos
darem uma aula pros outros, é… falando sobre algum conhecimento que ajude na
missão da ​Singularity que é resolver grande problemas globais de impacto mundial,
blá, blá, blá. Quando veio essa coisa da palestra, era a primeira semana ainda, eu
meio inseguro no inglês, minha primeira ideia foi putz, nem fudendo.
Mais, logo depois, acho que um segundo depois, eu falei “não, tenho que
fazer, porra. Tenho fazer pô, dar palestra, eu sou comunicador, agora é a hora que
eu preciso fazer uma coisa legal”. Mas era aquela coisa de primeira semana, todo
mundo se conhecendo ainda e tal e eu meio até que constrangido de me
apresentar.
Eu ia falar com os cara assim “ô velho, tudo bom? Que que cê faz?” Ai o cara
falava, tinha um cara lá, Iran, cara de Israel “não, eu sou de Israel, sou das Forças
Armadas de Israel, fui piloto de caça e agora eu tenho uma ​Start Up que a gente
criou uma tinta que você pinta a casa e ela capta energia solar, e você, faz o quê?”
Que que eu vou dizer pro cara, mano? “Faço pegadinha no SBT, ​Amigos da Onça”,​
vou dizer isso, sabe? Eu ficava meio constrangido, mas eu ia fazer.
E eu fiz uma palestra lá que foi muito massa, é um ambiente informal assim,
foi no próprio laboratório, foi uma palestra “Três formas que a comédia pode te
ajudar a resolver problemas”. Fiz isso num tempo recorde, foi uma das palestras
mais bem avaliadas. Isso aqui era um mural que tinha lá com todas as palestras de
todo mundo, aqui tinha horários e as salas e a minha é essa aqui oh, a minha é
essa aqui, é a mais votada, quase que empatada com essa aqui, mas a minha
ganha ainda, que era do italiano lá, Ricardo, e acabei repetindo minha palestra.
E o que era essa palestra? Eu simplesmente peguei a minha experiência
como comediante e me fiz a pergunta: tá, o que eu como comediante posso falar de
relevante para esse seres humanos aqui, cada um um universo diferente, que pode
ajudá-los a resolver problemas? E aí surgiu o que eu chamo de ​Comedy Thinking,
foi nesse dia que surgiu essa conexão de pegar as coisas do universo de
comediante e aplicar pra galera. É muita coisa que surgiu nesse dia é a base desse
curso aqui, esse curso ​Comedy Thinking.​ Acabei fazendo isso na Argentina,
workshop nos Estados Unidos, virou minha palestra de trabalho em eventos em
empresas e tal.
E o ​Comedy Thinking em poucas palavras é ​“pense como um
comediante”​, velho, é isso, pense como um comediante pra ser mais criativo,
porque o comediante, ele é muito bom em todas as etapas do processo criativo,
porque ele é adulto, ou seja, ele tem repertório, ele tem capacidade de julgar, de
masterizar, mas ele tem uma criancice.
Todo comediante é uma criança que sobreviveu, todo comediante, ele pode
ser sério, num quer dizer que só os comediantes podem ser bem infantis não, ele
pode ser sério, mas ele tem a mente de. Rafinha Bastos é um cara muito sério, mas
ele tem mente de criança. Diferente do Victor Sarro, Murilo Couto, que são bem
crianças mesmo.
Mas a questão não é nem como você se comporta, mas como você pensa. É
o quão você é capaz e costuma frequentemente imaginar combinações viajadas e é
só isso que comediante fazem a toda hora.
Uma grande referência minha é o ​John Cleese​, um dos caras do ​Monty
Python​, um dos maiores grupos de humor da história da humanidade, da Inglaterra.
Ele foi humorista, ainda é humorista, num deixa de ser humorista, mas algumas
décadas ele também virou professor e um palestrante em criatividade. E ele fala
“Criatividade não é uma posse ou talento especial​, você já sabe, Mito do Dom,
criatividade é sobre o desejo, a vontade de brincar”​. ​Play,​ brincar.
​ m inglês significa brincar e também significa um
É engraçado… Porque ​play e
peça de teatro, um ​play.​ Engraçado... É uma palavra que o brincar tá ligado também
ao teatro. Por que, cara, qual que é a expressão, é… de tipo de teatro, é uma
brincadeira. O que que é ser ator? Ser ator é brincar de ser alguém. Eu sou ator, eu
tô brincando de ser alguém, é imitar, é imitar, criança adora imitar. Crianças são
imitadoras natas. E atuar é isso, é brincar, é imitar os outros, é um exercício de
empatia, porque pra você imitar o outro tem que saber se colocar no lugar do outro,
é um exercício de empatia, de criatividade, de como você entender o outro e fazer a
sua versão, a gente quando imita, principalmente no lado cômico, a gente imita e
distorce, dá uma distorcida, adiciona uma camada, faz uma combinação com outro
universo, enfim, isso não é dessa aula não.
John Cleese, isso aqui ele lançou um livro e saiu no jornal aqui no Brasil ​“a
sátira faz as pessoas pensarem”​, afirma John Cleese. ​“o que é importante é as
pessoas estarem abertas às novas possibilidades”​, Bloqueio do Gabarito,
lembra da aula de bloqueio, abertura às possibilidades.
“Nada vai te impedir de ser criativo mais eficientemente do que o medo
de cometer um erro”​, Bloqueio do Sucesso. Frases do cara que resumem o curso
todo, por quê? Porque a mentalidade do comediante, ela é mentalidade criativa, não
tem jeito.
O bobo da corte é comediante, muita gente não sabe, mas o bobo da corte
não era só um idiota que ficava lá fazendo macaquice. Ele era um idiota sim, mas
ele era um idiota que tinha uma função estratégica para alguns reis. Ele era a única
pessoa que tinha autorização de questionar o rei, autorização de falar de assunto
que ninguém podia falar lá no reinado. E ele era o cara que ele era louco, de vez em
quando, morria, cortava a goela de um ou outro, mas enfim, ele tinha meio que essa
autorização de falar coisas.
Ele era o cara que dava um toque na cuca do rei, como gosta de falar o
grande Roger Voegue, aquele cara que dava uma chacoalhada no rei e ajudava o
rei, a de repente, perceber algo que ele não tava percebendo e as pessoas meio
que “esse cara é louco, hein? Ele gosta de falar isso e tal”. Inclusive, tem um livro
chamado o ​O bobo da Corte Corporativo​ porque isso acabou virando uma profissão.
Tem um cara, o ​Paul Birch​, o Linkedin dele, oh, ele foi bobo da corte
corporativo da Britsh Airways por um ano.

Era um cara que a função dele, junto com o CEO lá era desafiar algumas
coisas que existiam da organização, usando humor, usando criatividade e foi um
grande sucesso e blá, blá, blá. Fizeram uma matéria sobre ele, oh, “ele não é bobo,
mas ele faz papel de bobo dentro das empresas”. As empresas contratavam o cara
pra ser o bobo da corte, acho que todo empresa tinha que ter um comediante. Toda
empresa devia contratar um comediante, consultor pra ir uma vez por mês lá, só pra
dar umas ideias, pra trazer o olhar comediante e como eu falei, tem as coisas do
​ masterização, mas também tem as da criança que é combinação e o
adulto, ​input e
output.​
Mas você pode perguntar, “oh, murilo, adianta mesmo o cabra ficar falando
loucura, e dá pra colocar em prática, falar só falando loucura é muito fácil, como é
que eu coloco em prática?”.
Cara, eu vejo o seguinte oh, se tem um problema, tem vários caminhos pra
resolver esse problema, tem sempre um caminho óbvio, esse aqui é o caminho
convidativo, a primeira resposta certa, é aquilo que você olha e dá vontade de, ah já
sei, vou pra ali. Como é que faz, problema, pra ir dali até aqui? Já sei, por ali,
acabou, não tem o que pensar.
Existem muitas outras possibilidades de ir até o lado de lá e o comediante,
através da brincadeira, do humor, do pensamento idiota, ele é sempre o cara que
quando vê isso, ele já desconsidera isso aqui e ele quer inventar um jeito idiota de ir
por aqui, de ir pulando, de pegar o pong pong, de sei lá, de inventar um jeito novo,
que talvez, o jeito que ele inventar não sirva, não esteja pronto para ser executado,
mas pelo menos abre novas possibilidades, abre novos caminhos, novas portas que
nem sequer estavam sendo consideradas, mas quando você abre essas portas,
abre a mente também. Sabe aquela história ​“toda brincadeira tem um pingo de
verdade”​? Toda ​piada ​tem um pingo de verdade, toda ​bobagem ​tem um pingo de
verdade. Dá pra trocar verdade por utilidade, toda ​brincadeira ​tem um pouco de
utilidade​.
Se você olhar um olhar advogado do anjo, daquela brincadeira, em vez de
olhar pra parte da brincadeira que não presta realmente porque é loucura demais,
se você fizer aquele Will ™ ​— What I Like The Most ​—​, o que eu gosto dessa
brincadeira, essa partezinha aqui é interessante. Como eu pego essa partezinha da
brincadeira e combino com o mundo real, com o que é viável, com os recursos e tal.
Toda piada tem um pouco de utilidade, toda bobagem tem um pouco de utilidade.
Roberto Menna Barreto​, que eu homenageei, ele dizia que tem três
ingredientes pra criatividade. Primeiro ingrediente: “Bom Humor”. Esse não dá pra
fazer coisas criativas sem bom humor, sem o cenário infantil, que aceita as coisas,
de dá uma pirada, que é meio maluco né.
Isaac Asimov​, grande escritor de ficção científica, ele falava que ​“A
expressão mais empolgante para se ouvir em ciência, aquela que proclama
novas descobertas, não ‘Eureca!’ é ‘Engraçado…”​. Sabe quando você fala, tá
falando alguma coisa e faz “rapaz, engraçado… eu misturei esse produto químico
com aquele e eu achava que, caralho”. Engraçado, engraçado é tipo engraçado isso
hein… É uma espécie de Eureca! é quando você percebe que ocorreu alguma
combinação nunca antes combinada, alguma mistura louca né.
Lembra que eu falei do ​Andre Geim​, o cara lá que ganhou o IgNobel e Nobel
ao mesmo tempo, ele falou “Na minha experiência se a pessoa não tem senso
de humor, normalmente não é uma boa cientista”​.
Então, pense como um comediante que também podia dizer pense como
criança. O comediante, ele é um adulto que sobreviveu, uma criança que
sobreviveu. É… uma vez eu fui visitar o ​Walter Longo​, Presidente da Grey Brasil da
Agência, e ele me contou que ele havia feito isso aqui oh, ele juntou crianças pra
fazer um ​brainstorm ​na agência, vê que louco.
Pegou alguns clientes, combinou com os pais das crianças, é lógico, e tal e
juntou as crianças pra começar a provocar elas com questões que claro, as crianças
​ ra entender direito qual era o problema da empresa, mas
não têm repertório, ​input p
elas tem a loucura infantil, de falar as coisas nada a ver e você tentar extrair ali um
insight​, daquilo que as crianças falaram. Olha aqui oh, ele postou a foto das
crianças reunidas.
Na época a gente chegou a discutir pra criar um ​comedy board​, juntar uns
comediantes e falar sobre problemas em empresas pra trazer na mente do
comediante que já tem a parte boa do adulto e a parte boa pra criança. Acabou que
ele saiu da Grey, foi pra Abril e não falamos mais nisso.
E eu queria abrir um parênteses rápido, só pra falar uma pequena coisa. Eu
falei lá atrás sobre a ideia de gravar essas aulas agora com essa TV vertical, uma
ideia simples que a gente teve, mas que ficou diferente e tal, ficou interessante e
abriu novas possibilidades pra gente. E a ideia da TV vertical, uma das inspirações
foi lá na Grey, eu cheguei lá e olha o que tem na recepção, uma TV vertical escrito
“Bem-vindo, Murilo Gun!”. E dessa pequena experiência, eu tava com um ​look set
de tudo que é solução criativa, seja qual for o problema, não interessa, porque eu
posso dar um ​zoom out, t​ anto me interessa que tirei foto e postei no Instagram e
disso aí o meu ​zoom out ​não foi nem TV vertical, porque isso aí é um ​input ​que
nem, muito mais comum, no aeroporto tem muito, mas foi a parada de putz, como
você pode usar uma TV para comunicar coisas, para personalizar alguma coisa e
tal, isso tá aqui incubado, tá no meu repertório, um dia quem sabe eu utilizo.
É interessante eu falar isso porque o Einstein falava que ​“O segredo da
criatividade é saber esconder as suas fontes”​. É não revelar quais são suas
​ ue você utilizou pra ter tal ideia e quando você revela parece
referências e ​inputs q
que “ah, então foi fácil demais”. É fácil quando você tem as referências certas,
​ linhado para soluções criativas e
quando você passa a vida inteira com um ​look set a
como estão disposto a fazer combinações, a se expor pra testar, aí é fácil, fecha
parêntese.
Pense como criança, ai eu te pergunto, isso aqui ajuda a pensar como
criança?

Não muito, por isso que o Google da vida, o Facebook cria esses escritórios
com essas num sei o quê, mesa de ping pong, de pebolim, essas coisas loucas.
Muita gente acha que isso é migué, ah isso é migué, migué. Quem acha isso é
porque normalmente trabalha numa cultura corporativa que eu chamo de
experiência corporativa muito adulta e num contexto e numa cultura adulta,
realmente, não adianta fazer isso.
O fato do Google, do Facebook ter sentido descontraído é a pontinha do
​ e uma coisa muito maior que é todo uma cultura corporativa e todo mundo
iceberg d
ali recrutado já com essa mentalidade infantil menos adulta e aquele ambiente é
apenas um complemento a toda uma cultura infantil, louca, não uma adulta já
instalada. Não adianta meter uma mesa de ping pong, de não sei o que, num lugar
que não tem essa cultura, não adianta.
“Criatividade é a inteligência se divertindo”​, Einstein. Essas frases a
gente nunca sabe se é do cabra mesmo, mas a frase é tão boa que podia ser dele.
E criatividade é a inteligência se divertindo. É… poucas pessoas eu acho que
entendem essa frase profundamente, entende o que é se divertir. E se divertir não é
necessariamente, ah, se divertindo, jogando um jogo, é a inteligência livre,
espontânea, criança. O que é muito difícil, ter, se divertir num ambiente assim, né?
Eu acho essa charge engraçada, o chefe falando “volte lá pro seu cubículo e
comece a pensar fora da caixa”.

É ruim pensar fora da caixa quando você trabalha numa caixa. É danado.
Esse ambientes de empresas, o objetivo é trazer criança, é fazer a pessoa brincar
pra trazer aquela mentalidade infantil. Inclusive foi esse o objetivo da gente quando
a gente criou o nosso kit, o nosso kit físico, bem infantil também e deu resultado.
Muitas pessoas que recebem o kit, elas postam “tô parecendo uma criança que
acabou de ganhar um brinquedo”, “estou encantado com tudo, feito criança mesmo”.
Aqui, “estou me sentido feito criança quando os pais compravam material escolar do
ano letivo”. “Mais feliz que criança com brinquedo novo”. Essa aqui eu achei
engraçado que “diálogo aqui em casa, ela falou ‘Eba, meu kit chegou’. Ai o ‘marido
faz cara de quem não tá curioso’.” Faz cara de quem não tá curioso é ótimo, como é
cara de quem tá curioso, hein. Como é, Bruno? A cara de quem não tá curioso.
Cara que tá… “Cara que tá cagando”. Não sei fazer a cara não, não sou tão bom
ator não. Aí ela falou “ah, amei meu avatar, olha amor, eu sou o Einstein ‘Que porra
é essa, tá ficando maluca?’” Maluca, louca né, que maluco o quê? Vai virar criança
agora depois de adulto, é? Rapaz, tá parecendo criança. Essa a pessoa colocou
“virei nerd pela primeira vez na vida”. Em outras palavras, quando ela fala nerd,
quando fala maluco, pode trocar por criança.

Sabe o que eu acho interessante? Tava falando dos escritórios infantis,


cheios de coisinhas, o pessoal fala muito em escritório infantil? Mas poucos falam
da casa ser assim. Por que a nossa casa, ninguém, tem que ser normal? Tem que
ser careta? Eu sou um cara que gosta de riscar parede, quem disse que paredes
tem que ser brancas? Quem disse que riscado pode ser o novo padrão das
paredes.
Eu sempre me preocupei, putz, eu quero ter um escritório também legal, mas
uma casa também legal, que me traga meu eu criança porque é difícil. A gente vira
adulto, o mundo pede que a gente seja adulto, a gente precisa de lembretes pra ser
criança e o adulto, a casa infantil. Meu apartamento era assim, tinha um ambiente
só de criação, eu nem tinha filho nessa época ainda e tinha um quarto de brinquedo,
um quarto de criação, com lego, com monte de coisa, pra me ajudar a pensar como
criança.

Eu tive uma grande oportunidade de entender de perto a mentalidade de uma


criança funcionando. É… porque durante seis meses, o irmão da minha mulher,
Gabriel, veio morar comigo em São Paulo. Eu sempre tive muito contato com ele
desde pequeno. Mas quando ele mora com você por seis meses, com onze anos de
idade, onze anos ele já tem alguns ​inputs,​ ele já tem um pouco de, do que é
necessário pra poder ter as quatro etapas, mas também tem uma mentalidade bem
de criança ainda e foi o experiência massa os seis meses com o Gabriel. O Israel
também, virou amigo dele, o Israel oh, “Hard Work Papai 2”, fica de olho nesse
moleque, filho da ​Tânia Mujica​, minha ​coach,​ moleque muito louco, muito legal.
Na mesma época, meu pai veio passar uns meses com a gente, ficou meio
com a Família Buscapé, cheio de gente em casa, é... quem tem babá, ai tem a
bebê e tal. E… uma coisa interessante que rolou, eu tava falando pra, comentando
com a Dani que é, putz, a gente quer ter mais filho, como que vai ser quando tiver
mais filho pra gente se deslocar de carro? Num cabe esse povo todo no carro,
considerando Gabriel, meu pai, babá, como é que faz? Tem que trocar de carro já,
mais um filho tem que trocar de carro já, comprar aqueles carro com sete lugares
né, com dois lugares atrás.
E eu até comecei a ver, um amigo meu ​Sutt ​com um carro de sete lugares e
aí já vê preço, tá, num sei o quê, enfim já comecei a ficar atento a isso aí. Ai Gabriel
pegou, ouviu a conversa e falou assim “Por que você não compra uma van?” Na
hora, Dani falou “que van, Gabriel” e na hora eu falei “Porra, uma van, velho…”
Pode ser, na hora a reação da Dani, na hora, foi meio “não, que loucura, van”. E eu
van, me lembrei do ​Pequena Miss Sunshine​, sabe? Essa van louca, essa família
maluca, uma van que invada por que não? Tem van confortável aí sim, pode ter
uma van bacana, adesivar legal, ao fim eu me abri essa possibilidade.
E eu fiquei pensando, isso é típico ideia de mentalidade infantil. É típica ideia
do comediante, talvez, daria, eu não dei, eu me contentei com a primeira resposta
certa nesse caso, eu, é isso que eu falo muito velho. Criatividade não é só pra
empresa, pra promovido, pra ganhar dinheiro, pra num sei o quê, criatividade é para
os pequenos problemas da vida também.
E aí é difícil você adquirir o hábito de, lá no Bloqueio do Gabarito, de
mediante de os problemas, abrir possibilidades, divergir, o já sei, ele é muito louco,
ele é muito convidativo. Foi o que eu tive “ah, tem que ter um carro maior, sete
lugares, ah, já sei, o carro do Sutt, ah vai ser esse caro, num sei o quê”. E eu tava
pronto, não abri e na hora a mente infantil ela já abre, e já, talvez a van é uma coisa
que as pessoas podiam pensar mas talvez nem falariam porque já julgariam
internamente que não pode, porque não pode combinar o universo família com o
universo van, porque van é uma coisa mais profissional, mais esporte.
Não, pode sim, você pode ter uma van na sua família tranquilamente, ser o
único carro da casa, o carro principal da casa, não tem problema. Essa ideia da van
é uma ideia meio viajada, ele imaginou uma combinação meio viajada.
E eu queria dar alguns exemplos, exemplos são sempre poderosos,
exemplos de pequenas ideias, pequenas soluções de problemas que usam essa
mentalidade infantil, essa mentalidade de comediante, são ideias que Gabriel daria,
Gabriel talvez chegaria nessa ideia. Ou um comediante chegaria e provavelmente o
cara que teve essa ideia.
Por exemplo, raquete de matar mosquito, porra, Gabriel teria essa ideia. Pô,
Gabriel, a gente sempre vem com esse problema de putz, quero tanto criar um
acessório pra matar mosquito, ah num sei o que e ouvi sua conversa e “ah, por que
você não faz igual o tênis, uma raquete mesmo, tal num sei o quê, sabe, o que é a
raquete de matar mosquito?” É você imaginar uma combinação viajada, é você
pegar um universo tênis e um universo mosquito, que aparentemente não tem nada
a ver e você aceitar que eles podem ser misturados. É isso. E adultos,
normalmente, nem sequer, se abrem a essa possibilidade, eles já julgam, antes de
sequer falar, nem deixa chegar na superfície do consciente, já barra logo.
Outro exemplo, fui comer um sanduíche, aí oh, eles enrolam o sanduíche
como se fosse um bombom. Gabriel teria essa ideia, se eu falasse, “Gabriel, a gente
tá querendo criar um jeito melhor”, tem que ter um problema né? Tudo começa com
um problema, que a gente tinha uma lanchonete aqui e aí tá lá com a gente
convivendo, a gente cria um jeito criativo de enrolar o sanduíche. “Ah, por que não
enrola feito o bombom?” Uma criança teria essa ideia, um comediante talvez daria
essa ideia.
É… porque é uma ideia brincadeira, é uma ideia que eu imaginei uma
combinação viajada, eu peguei o universo sanduíche com o universo bombom, bala,
sei lá como é que chama que ao que seja mais próximo de comida, mas são
diferentes.
Outro exemplo, fui no bar, uma caipirinha, caipiroska, meteu um picolé aqui,
puff, porra, deu um puta H pro negócio, um sabor diferente. O picolé vai derretendo,
eu posso chupar o picolé, aí vira tangerina com num sei o quê, num sei o quê, típica
ideia que Gabriel daria. Se tivesse um problema, a gente num bar, putz, bebida,
como que faz bebida diferente, num sei o que, ele tá ali chupando picolé, “ah como
que faz diferente Gabriel?” Ah, faz assim, ele meteria, criança daria essa ideia. Um
comediante talvez chegaria nessa ideia.
Outra coisa que eu vi, é uma escadaria, aí tinha a escada normal e a escada
rolante. E aí as pessoas querem ir pela rolante, é… Tem até o negócio ​fun theory,​
que é uma teoria, é uma teoria que o pessoal da ​Volkswagen c​ riou, uma campanha
pra mostrar como o ​fun​, como o divertimento, como as coisas lúdicas conseguem
mudar o comportamento das pessoas. E um dos experimentos foi uma escada, uma
escada que eles queriam que as pessoas fossem pra escada normal e não pra
escada rolante e colocaram um piano na escada, puta viagem.
E isso aqui é uma versão mais simples, simplesmente colocou um adesivo
que era legal dizendo “Economize energia, 5.4 calorias”, aí no outro degrau, 5.6
calorias, ou seja, uma piada, claro que uma escada não vai economizar tantas
calorias mas pela piada nos adesivos, também legal, também ideia de criança, uma
ideia infantil.

Eu fui com minha esposa num bazar, né, de roupa de mulher, não sei o que,
roupas usadas, sei lá. E aí, é tinha vários andares assim e um cara no terceiro
andar, ele começou a conversar comigo, começou a conversar e ele falou “puts, o
elevador tá ruim o pessoal não sobe, pessoal para no segundo andar, ali no pé da
galera”. E aí eu peguei, “ah, mas por que que não sobe?” “Ah, acho que é preguiça,
não sei o que e tal”, aí falei pra ele, velho, por que tu não bota um adesivo assim
tirando ondas das calorias? De repente mulher, essa piada de ah, quero emagrecer,
sei lá e na hora ele falou assim “não, não”, tipo assim, ele nem sequer quis ouvir e
aí na hora eu pensei, ah deixa pra lá, não vou, se eu fosse fazer uma consultoria pra
ele eu me empenharia em evangelizar melhor.
Tem uma parada velho, que assim, pra ser criativo não tem jeito, a gente tem
que ser evangelizador. A gente tem realmente que ficar tentando sempre trazer
pessoas ao nosso redor para o lado criativo da força, porque se não, você fica
sempre aqui.
Então, assim, pra forma de evangelizar não pegar e dar uma ideia criativa e a
pessoal não gostou e falar, ah, você é bloqueado, isso é o Bloqueio do Adulto, hein?
É assim que funciona, se começar eliminando os mitos básicos, um trabalho
devagarzinho que vai fluindo e tal, que você pode fazer na sua empresa, na sua
família e por aí vai.
Bem, alguns exemplos nossos aqui da ​Keep Learning School​. Pequenas
coisas que a gente fez nos últimos anos que mostram um pouco da nossa cultura,
da nossa mentalidade infantil, comediante. A nossa última confraternização interna,
​ e planejamento, o tema era Hulk. Era tudo festa infantil,
nosso evento, ​big coffee d
coisinhas de criança e isso surge de um ​What If...? What If a gente pegar o universo
do Hulk, e a gente tem uma analogia do Hulk, é claro, não é por nada e trazer pra
nossa festinha da empresa e ela ser Hulk.
Outra coisa, a gente quando eu começou a fazer o ​GunCast,​ criei esse
bordão no final “ah, se você não fizer isso vai na brincadeira na tomateira”​. Isso
surgiu de uma música de pagode dos anos 90, isso, esse tá de brincadeira na
tomateira surgiu de uma música desconhecida de uma banda de pagode dos anos
90, ​Art Popular​, que muitas pessoas diriam que não, não pode misturar um
universo, uma música que ninguém conhece, dos anos 90 de pagode com o
universo negócio de inovação, criatividade. Pode, pode sim, tudo pode ser
misturado e aí você simplesmente bota num contexto legal e vira um bordãozinho
né. “Ah, Murilo Gun fala que tá de brincadeira na tomateira”. Aí teve gente fazendo
camisas tomateira. Ai eu encontrei isso aqui, um site de inglês “como dizer
brincadeira na tomateira em inglês”, aí é um cara tentando dar uma solução pra isso
ai, explicando Art Popular, enfim, tudo isso surgiu de ​What If…? What If eu pegar o
​ e
refrão de uma música de pagode e transformar num bordão de um ​podcast d
criatividade e inovação, por que não?
Ai o tomateira acabou explodindo. Ai montou uma tomateira de verdade, virou
cenário pra gente gravar coisas, virou um negócio no ​Hard Work Papai virou um
negócio pra tirar foto. E aí a gente foi mais ainda e a loja de roupa da gente chamou
Tomatêra, você pega uma brincadeira, é o contrário, você começa a levar a sério a
brincadeira. Tudo porque a gente se permite fazer o ​What If, esse gatilho da
imaginação.
O ​Hard Work Papai a gente combinou o universo ​Praça é Nossa.​ Um evento
pra adultos, é que podia aparecer uma coisa, “ah, Praça é Nossa, num sei o que é,
é um programa que num é nem um programa que o público alvo do evento costuma
assistir”. Então é uma coisa que muita gente diria não, não, não, não vamos
misturar isso aí não.
E mais uma vez, apesar de Einstein dizer “o ​segredo é saber esconder
suas fontes”​, eu vou revelar minhas fontes, parêntesinho rápido.
Eu fui fazer um evento da empresa de energia do Maranhão, a SEMAR, fui
ser o mestre de cerimônias. E você pode pensar, porra, evento de empresa de
energia, né, qual o primeiro pensamento, é, é clichê, é num sei o que, é careta,
empresa de energia, negocio chato né e tal. Os caras pegaram os próprios
funcionários e fizeram uma meio que uma divulgação do planejamento estratégico
em forma de ​Escolinha do Professor Raimundo.​ Foi genial, com o Professor
Raimundo já amarocava, cara já levantava bordãozinho da área, genial, genial,
fecha parênteses.
Esse ​input ​ficou lá incubado e aí, a ideia da Praça é Nossa sem dúvida teve
uma influência de trazer um universo de programa de televisão combinando com o
nosso evento.
Ah, voltando do Maranhão, eu trouxe, claro, o Guaraná Jesus,​ lógico. E aí, eu
fiz uma combinação ​What If ​eu misturar Guaraná Jesus com vodka? Sensacional
isso aqui, pode ser sucesso na balada. As pessoas começarem aqui em São Paulo,
​ a balada, entendeu. Você bota Jesus com
porra, negócio rosinha, pa, ​style n
Absolut, fica Jesus Absoluto e de repente é uma combinação que muita gente não
se aceita. Não, não se mistura Jesus com Absolut. Mistura sim e é bom.
Você pode perguntar, Murilo, mas, aí tem os mas, “mas é porque você é
comediante. Ah, você é comediante, você pode fazer essas coisas, você pode fazer
essas loucuras.” Concordo, que tem algumas coisas que por eu ser comediante, eu
tenho essa permissão de fazer. Por exemplo, isso ​“Eu sempre fui muito fã de
Batman porque o Batman é um dos únicos super heróis que não tem de fato super
poder, se bem que ele é rico, né, mas...”. ​Realmente, isso talvez seja um pouco
demais pra um na maioria dos contextos.
Agora, vê como o mesmo Batman pode ser trazido pra um contexto de uma
forma muito mais viável pra qualquer pessoa. ​“E eu queria falar sobre três coisas,
eu queria falar sobre esteira rolante, eu queria falar sobre o cinto do Batman, eu
queria falar sobre a cauda longa. Só que antes de começar a falar sobre as três
coisas…”.​ Nesse caso, o cinto do Batman, quem quiser, vou deixar aqui o ​link desse
TED, é só uma metáfora e metáforas todos podem fazer. Talvez não se vestir de
Batman, mas usar uma metáfora que venha de um outro universo mais distante.
A gente sempre fica achando que esse pensar como comediante significa
“ah, então só imitar o Batman da história, só imitar o Super Herói da história, só
imitar o desenho animado da história, só representar tudo colorido, isso aí, só
pensar como comediante”, não! Nesses exemplos que eu dei não tem nada de
super herói aqui, é simplesmente misturar universos aparentemente não
misturáveis, cê fez aqui.
A gente foi fazer a nossa primeira contratação, contratamos o Matoso, a
gente fez uma combinatividade. A gente pegou um vídeo estagiário que eu tinha
feito há um tempão e trouxe de novo o estagiário contrata um estagiário e ainda fez
uma viagem de ficar comparando as vantagens de trabalhar com a gente e trabalhar
no Google. Enfim, uma apelação.
Exemplos interessantes também de coisas pequenas, tá? Não tô falando de
ai, as soluções da humanidade. Não, coisas pequenas mas que surgiram nessa
mentalidade de pensar comediante, pensar infantil.
Por exemplo, o meu apartamento em Recife, a gente colocou um chuveirão,
um banheiro, lá na varanda. É uma coisa infantil, uma vontade minha, de ter aquele
chuveirão, aquela coisa de casa de campo na varanda legal e isso é uma coisa que
Gabriel diria. Cê fala, “Gabriel, problema, o que seria legal colocar na varanda, uma
coisa diferente pra ter na varanda, o que que você gosta de ter na varanda?”.
Nessa hora, muitos adultos nem sequer trazem a ideia do chuveirão porque
já consideram que chuveiro não se coloca em varanda de apartamento, isso é coisa
de casa, de ter no quintal. Mas a criança não, ela não tem esses filtros e talvez ela
diria “ah, eu queria um chuveirão”. E aí a gente pode ouvir mais as crianças e
aceitar o que eles digam, o viés é esse, que chuveiro não, não adianta, você se
fecha. Se você se abre, ok, legal botamos o chuveirão.
Outra coisa bem simples, tá? A gente fez uma turma, que era uma turma que
a gente divulgou apenas para um grupo de pessoas que não conseguiram se
inscrever na turma anterior porque as vagas fecharam em duas horas. Então, ficou
muita gente querendo participar do curso, mas encerrou muito rápido. A gente abriu,
alguns meses depois, uma turma fechada, só pra essa galera e a gente chamou de
turma secreta. E é engraçado como a gente, até a comunicação aqui, Matoso fez
turma secreta. Não era uma turma normal, era uma turma normal mas a gente trata
ela meio que secreta, turma secreta.
E aí essa coisa é uma coisa do comediante, porque o normal seria, não, essa
é a turma 3.2, não, essa turma, não, turma secreta. E nos eventos, pessoal turma
secreta taí? Não, fala baixo que é turma secreta. Ou seja, você aceita que pode ter
uma turma secreta, é legal ter uma turma secreta.
Aí você pode perguntar, Murilo, ​“mas será que brincar não faz deixar de
ser levado a sério?”​, ficar brincando, você não é levado a sério. Velho, tem alguns
exemplos de universos que são sérios mas conseguiram trazer o brincar. Melhor
exemplo pra mim, jornal do Rio de Janeiro, Extra. Genial, cara, isso aqui, só
comediante trabalha lá. “A Maratona olímpica continua. Agora é tiro”. Ficam fazendo
piadas com coisas sérias, tiro, guerra civil na rua, fazem piadas meio ousadas,
alguma vez até demais.
“Fidel chama o Raul”, porra, Fidel já morrendo já, chama o Raul é tipo
vomitar, sei lá. “Mulher oferece bola gato como propina para PM”. “Sem Hulk, jogo
ficou meio bunda”. Enfim, é um jornal, é sério, mas ele... é sério no sentido que é
notícia, são fatos importantes, mas ele não se leva muito a sério.
Eu descobri também uma marca de shampoos para mulheres. Shampoo pra
mulher é um assunto sério, cabelo pra mulher é um assunto sério. Pra mim também
é que cabelo grande começa a achar cabelo um assunto sério, tem que ter
cuidados, mas é o assunto sério. Mas essas marcas, oh, começando tirando onda,
Forever Liss, U.T.I, T.P.M,​ ​Desmaia Cabelo​, minha mulher usa esse aqui, desmaia
cabelo, vi no box e que porra é essa? Anabolizante, ai tem o concorrente já, a Lola.
Eu sei o que você fez na química passada, aperte o cinto que a ponta dupla sumiu,
abaixo a ditadura dos lisos,​ Lola de farmácia o shampoo, isso já é outra empresa já.
Já existe dois ​players ​no mercado de shampoo pra mulher que resolveram não se
levar a sério.
Vê o menu do site da Lola, é assim: ​home​, por produto, contato, e tem aqui
por drama. Por drama, ou seja, por situação, drama, “pra quem andou fazendo
besteira e está com tranquila mas não favorável”. “Pra quem andou fazendo mais
besteira e tá começando a se preocupar”. “Pra quem tem problema de queda”, pra
quem não sei o que, enfim, ela conseguiu, prum negócio que é sério, cabelo, sério,
trazer uma parada engraçada.
Uma ​Start Up de um amigo meu 99 Jobs, ​Dudu​, eles fizeram um evento que
todos os títulos dos debates, em vez de ser, debate sobre viralização de vídeos,
não, “meu deus, nosso vídeo de programa de estágio ficou igual o da empresa
concorrente”, “foda-se os puffs coloridos e as mesas de pebolim, seja bem-vindo ao
futuro do trabalho”. Como você pode, sabe, simplesmente aceitar, fazer uma
analogia com algum outro universo e tal. Aí você pode perguntar ah “mas isso só
funciona em empresa pequena”​, ​start up,​ é difícil num negócio grande e tal.
Você lembra o que aconteceu no encerramento dos Jogos Olímpicos no
Brasil? Num é um negócio pequeno, é um negócio grande, é o maior evento
esportivo do mundo. No encerramento das Olimpíadas do Rio, rolou isso aqui oh.
Vídeo​. Eu fico imaginando a reunião que o primeiro cara deu essa ideia. Cara fala
rapaz, tive uma ideia… E se… a gente bota o primeiro ministro fantasiado de Mário,
saindo pelo cano, em muitos contextos… primeiro, ele nem falaria isso, porque ele
já julgaria antes ou ele falaria e receberia um “tá louco, rapaz?”. Cara, sempre que
alguma idéia gerar um “tá louco?” Fica atento, tem alguma coisa aí, porque o tá
louco significa essa ideia quebra padrões, essa ideia combina universos
incombináveis, como assim, primeiro ministro fantasiado. Fantasia e Primeiro
Ministro do Japão já não combinam. Combinam sim, podem combinar sim e criam
um negócio como o narrador falou lá, o cara do ​Canal Tech​, sensacional.
Já que eu resolvi esculhambar o negócio do Einstein e revelar a fonte das
coisas, eu vou abrir um parênteses só pra revelar a fonte desse negócio aí, do
Mário, do Japão. Na olimpíada anterior, de Londres, na cerimônia de abertura, no
caso a do mário foi a de encerramento, na abertura, rolou isso aqui, lembra? ​Vídeo​.
Incrível também e aparentemente não é a mesma coisa, mas se você der um
zoom out, ​você pode extrair o que? O conceito de misturar uma grande autoridade,
uma autoridade séria como primeiro ministro, como rainha e misturar com o
universo ficcional. Mário e James Bond, apesar de não ser desenho animado,
James Bond também é ficcional, ligado ao cinema e como você pode misturar os
dois universos e através de um jogo de telão e coisa real criar uma mistura de ficção
com realidade, usando autoridade. É a mesma coisa se você der um ​zoom out,​ taí a
inspiração deles, fecha parênteses.
Então, ​“pense como um comediante”​, pode ser ​“pense como criança” ​e
também pode ser ​“pense como louco”​, comediante é louco, criança são meio
loucas também. E os loucos são criativos, cientistas são sempre retratados como
loucos, sempre ah, de volta pro futuro, professor Beakman, todos criativos e todos
loucos.
O próprio Einstein é sempre essa coisa visto como louco. Cê lembra da
história do Arquimedes lá, o processo criativo, quando ​Arquimédes ​grita Eureca! e
sai correndo, sabe o que dizendo dele? ​Vídeo​. “Não bate bem, hehehe”. Ou seja, é
louco. Pessoas criativas loucas, aqui oh, tudo doido. Monk é um doido, Sherlock é
um doido, House é um doido, doidos criativos. Comediantes são doidos, os
palhaços são todos loucos.
Essa frase aqui tinha no meu antigo apartamento ​“as pessoas que são
loucas o suficiente pra pensar que podem mudar o mundo são aquelas que
mudam o mundo”​. Tem que ser meio louco. Tem dois livros que falam sobre isso,
da ​Linda​, que é fundadora da Endeavor, ​De empreendedor e louco, todo mundo
tem um pouco. Esse livro aqui, ​Seja Insensato​, seja meio louco, claro que estamos
falando da loucura boa, da loucura que a gente usa só pra abrir novos caminhos e
claro que depois a gente combina com as leis, né, combina com a ética, com a
moral e por aí, vai.
A loucura ruim pra mim é essa aqui “Insanidade é continuar fazendo
sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”​. Isso pra mim é loucura,
fazer as coisas do mesmo jeito e esperar resultados diferentes, é muita loucura. É
tratamento psiquiátrico urgente. Porra, as coisas não melhoram, não consigo fazer
nada diferente. Cara, você faz as coisas do mesmo jeito, as mesma combinações,
as mesmas tentativas de sempre? E espera mágica? Isso é loucura, tem que
procurar especialista pra resolver.
“Toda loucura tem um pouco de utilidade”​, ​Osho ​dizia ​“Ficar louco de
vez em quando, é necessidade básica para se manter são”​. Ficar louco é
necessidade pra se manter são. Einstein “Se, a princípio, a ideia não é absurda,
não há esperança pra ela”​. É a história do tá louco? Que loucura, tá louco? Que é
isso aí? Que a princípio, a princípio ela parece não possível porque ela mistura
coisas não misturáveis, porque ela quebra padrões, mas alguns segundos depois
você pode concluir que ela merece ser evoluída.
Júlio Ribeiro​, da ​Agência Talent,​ ​“sempre é tempo de darmos mais
espaço ao marinheiro bêbado que temos dentro de nós, em lugar de ficarmos
sob o comando do implacável pastor protestante.” Dá espaço pro marinheiro
bêbado, marinheiro bêbado, esse cara, ele luta normal ou ele luta de forma criativa?
Ele não luta assim “ah, vou lutar” e dá um tiro na cara, mete a espada aqui. Ele joga
a espada ali pra cortar o fio pra cair em cima do cara, ele luta do jeito criativo, ele é
o tal do marinheiro bêbado.
Vê esses personagens aqui: Jack Sparrow, Coringa, Máscara, Pernalonga,
Pica-pau, Saci Pererê. Que que eles têm em comum? Pode falar, fala aí, a gente
escuta, tem uma tecnologia que… Que que eles têm em comum, todos são
personagens ficcionais, são personagens, todos são cultura pop, é… todos são
meio cômicos, não são? Meio loucos, meio diferentes, meio malandros. Concorda
que todos esses caras, eles dão soluções criativas pros problemas deles, seja qual
for. Alguns mais do mal, outros menos do mal, mas todos criativos.
E não é atoa que esses personagens parecem tanto porque todos são
baseados no mesmo arquétipo, uma comédia antiga na Itália, ​Commedia DellArte,
uma comédia de rua, uma comédia muitas vezes improvisada de rua, que tinha um
jogo de máscaras muito interessante.
Vê que louco, cada máscara representava um personagem, então, quando
entrava um cara com a tal máscara, você já sabia que aquele cara tinha algumas
características. Ou seja, num precisava tá acompanhando a história tipo ​Friends que
você precisa acompanhar alguns episódios pra descobrir que Ross é meio assim,
que Chandler é engraçadinho, que Mônica tem mania de arrumação, você precisa
de um tempo. Lá não, na Commedia DellArte a máscara já trazia um monte de
informação, já trazia um arquétipo pra aquele personagem que quando entrava,
você já conhecia.
E uma das máscara da Commedia DellArte era essa daqui, que essa
máscara era o personagem ​Brighella​, que era uma das subdivisão do Zani, que em
inglês tem um nome muito interessante que é ​Trickster.​ O cara com essa máscara,
ele era o cara que faz ​tricks,​ que faz, era o malandro, era, no bom sentido, o
carioca, o cara que desenrola as paradas e tal. E todos aqueles personagens são
trickster​, alguns mais do mal, como eu falei, mas todos soluções criativas e todos
são meio comediantes, meio infantis, meio loucos.
Tem até um livro, ​A economia dos desajustados​, que só extraindo lições
criativas dos desajustados que no caso são piratas, bandidos, criminosos,
traficantes, mas que muitas vezes são criativos.
Lembra? O homem que vestiu de Papai Noel que roubou um helicóptero?
Porra, isso é uma ideia que uma criança daria. “Oh, deu problema, precisa roubar
um helicóptero, como é que faz?” A criança chega querendo, “bota ele de Papai
Noel, papai, diz que vai alugar pro natal”, é uma ideia de comediante né.
Esse filmes de assalto a banco, esse filme aqui incrível.
Assaltos a banco são sempre soluções criativas. Por favor, eu não estou
pregando fazer coisas erradas, apenas estou dizendo que a gente pode aprender
até com os criminosos, com os desajustados, é. Bem, de tudo isso, muita gente
quando ouve isso tudo pensa “ah, mas o que vão pensar de mim?. Assim, se eu
começar a ser assim, se eu começar a ficar muito infantil”. Primeiro que de fato tem
que ir aos poucos, tem que ir devagarzinho, não pode mudar de um dia pro outro
né, mas “será que vão deixar eu ser assim?”, ah, num sei o que, como é que eu
faço pra ser assim e eu queria lembrar uma coisa.
Lembra o livro lá, os quatro compromissos, eu falei do primeiro compromisso
“seja impecável com a sua palavra”​. Eu falei depois, pulei pro quarto
compromisso que é “sempre faça seu melhor” e agora eu vou revelar o segundo
compromisso. O segundo compromisso é​ “não leve nada para o lado pessoal”​.
É muito profundo isso aí, eu vou explicar por alto. Em outras palavras, é...
releve um pouco, alguns tipos de críticas, comentários de outros. Quando alguém
fala sobre você ou crítica porque você tá agindo de um jeito diferente e tal, é sempre
lembrar que essa é uma crítica baseado nos ​inputs ​daquela pessoa.
Cada um, cada pessoa vive uma realidade, cada pessoa vive uma realidade
baseado no que ela acha, no que ela sabe e as pessoas quando elas falam algo é
de acordo com a realidade delas, entendeu? Então a gente pode levar menos as
coisas pro lado pessoal e quando você começar a se mostrar diferente, é… e ver
que as pessoas tão começando a lhe criticar, entenda isso como uma confirmação
de que você está passando por uma formação de ser um pouco menos adulto e um
pouco mais criança livre.
É… essa frase é muito interessante, de um humorista, ​Ricky Gervais​, ​“é
melhor criar alguma coisa que os outros criticam do que não criar nada e
criticar os outros”. Então, pense como comediante, pense como criança, pense
como louco, pense como pirata, pense como artista. Livro incrível esse aqui ​Pense
como um artista, t​ em vários livros de criatividade que pegam a mentalidade do
artista no sentido clássico de artista de belas artes, de pintor, de escultor. Esse livro
aqui fala sobre isso, o jeito do artista e mostra como o artista também tem essa
mente que se abre a imaginar combinações viajadas.
Bloqueio do Adulto, esqueça essas lições, a gente tem que reaprender que
as brincadeiras podem fazer parte, devem, da vida profissional. Dá pra misturar
tudo, papai, tudo pode ser combinado, tudo pode ser misturado. Tem que se expor
mais.
É, esse Bloqueio do Adulto se fosse resumir em uma palavra eu resumiria em
“pense como um comediante”​, simples assim. Inclusive, pense como um
comediante virou a razão social da empresa, a razão Pense como um Comediante
LTDA., que a ideia de colocar uma frase, como razão social veio, já que tô
revelando minhas fontes, por causa da ​Perestroika,​ que é uma escola de atividades
criativas de amigos meus, cujo CNPJ deles é uma frase que é meio que o mantra
deles, o CNPJ é “vai lá e faz LTDA.”
Inclusive vai lá e faz é um mantra incrível, virou um livro também ​Vai lá e faz,
tá disponível VLEF.ME em e-book gratuito. Esse é um mantra incrível, um mantra
de planejar um pouco menos, não é deixar de planejar, é planejar um pouco menos
e executar mais. É sair da camada das ideias e vai lá e faz. Vai lá e faz é começar
mesmo antes de estar pronto. É vai lá e faz, sabe? Num precisa estar tão pronto
demais. O mundo hoje em dia permite, usando ​Lean Start Up,​ aquele, aquele jeito
enxuto de medir, executar as coisas, permite a gente, sabe, parar de falar que vai
fazer, parar de planejar demais, vai lá e faz, vai lá e faz! Não fica esperando um
sinal eterno chegar. Tem gente que parece que quer fazer uma coisas mas fica
esperando o dia que vai amanhecer e vai ouvir uma voz dizendo assim “hoje é o dia
de você fazer as coisas” e aí a parada nunca chega esse sinal e ela nunca faz,
então assim, vai lá e faz! Vai lá e faz. Acabou. É isso.
Pra finalizar, queria deixar uma reflexão que eu vi um adesivo uma vez no
computador, tirei a foto e postei no Instagram, reflexão é “o que a criança que você
já foi acharia do adulto que você se tornou?” O que a criança que você já foi acharia
do adulto que você se tornou agora? Criança, imagine você, na idade de Gabriel, 11
anos, aqui na sua frente agora, olhe pra você, o que ela acharia do adulto que você
se tornou? É uma reflexão interessante.
Finalizar com uma musicazinha, eu lembrei daquela imagem lá do adulto
lembrando como era bom essas brincadeiras aqui de criança e ai eu conectei com
Molejão ​aqui, oh, quando eu era adolescente, encontrei o Anderson Leonardo e pra
finalizar essa aula, brincadeira de criança, Molejão! ​Vídeo​.

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