Você está na página 1de 3

Aspectos da Ética Individual

Os aspectos da ética individual representam as formas de coexistência com os outros, a


saber: Amor, Indiferença, Ódio e Sentimentos.
O Amor
O amor (lat. Amor: afeição, simpatia) é a tendência da sensibilidade susceptível a
transportar-nos para um ser ou um objecto reconhecido ou sentido como bom. Ex.: o
amor materno, o amor da glória.
Segundo Japiassú (2001: 12) Amor é o sentimento de inclinação e de atracção ligando
os homens uns aos outros, à Deus e ao mundo, como também o individuo a si mesmo. O
amor é uma emoção da alma causada pelo movimento dos espíritos, levando-a a unir-se
voluntariamente aos objectos que lhe parecem ser convenientes (DESCARTES citado
por JAPIASSÚ, 2001: 12).
Há vários tipos de amor: o amor familiar (fraterno, filiar, maternal, paternal); o amor à
pátria (ligado às grandes causas ou grandes princípios, como o amor à verdade ou à
honestidade); o amor à Deus (chamado de amor puro); o amor-próprio traduzido em
sentimento de dignidade pessoal e respeito a si (ARANHA & MARTINS, 2000: 143).
As teorias sobre o amor propostas pelos filósofos ao longo do tempo tende a agrupar-se
ao redor de duas posições fundamentais:
         O amor como total unidade e identificação. Nas palavras de Hegel o amor é o
sentimento pelo qual dois seres não existem se não em uma unidade perfeita e poe nessa
identidade toda a sua alma e o mundo inteiro. Nessa perspectiva, o amor deixa de ser
um fenómeno humano para ser fenómeno cósmico (natural) ou princípio de realidade
suprema. O amor humano, finito como aspiração de identidade e fusão com o infinito
está condenado ao insucesso. Os principais representantes dessa corrente são: Spinoza,
Hegel, Feuerbach, Bergson e os românticos (Idem: 143).  
         O amor como troca reciproca entre dois seres que preservam a individualidade e
autonomia. A troca reciproca, é emotivamente controlada de atenções e cuidados, tem
por finalidade o bem do outro como se fosse o seu próprio. Na forma feliz desse tipo de
amor, há reciprocidade, há união, mas não unidade. Esta corrente é representada por
Platão, Aristóteles, S. Tomas, Descartes, Leibniz, Scheler e Russell.
A Indiferença
Este e o relacionamento mais comum em sociedade. Tematizado por autores
personalistas e existencialistas esta forma de relacionamento tem, fundamentalmente
duas características: «outro» é, em primeiro lugar, a função que desempenha, sendo a
pessoa substituída pelo funcionário; a segunda característica é o tratamento com o outro
na terceira pessoa: o outro não é um «tu» mas um «ele». Este Ele implica uma certa
objectivação da pessoa e a redução da subjectividade à soma da qualidade e função.
Portanto, o outro lado, este «ele» significa «ausência» em relação a mim. Não uma
ausência espacial como e óbvio mas uma ausência acfetiva. Se enquanto funcionário, o
outro pode muito bem ser constituído por uma maquina, então «ele» é como se noa
existisse. Estamos no reino da fria burocracia e tecnocracia.
Ódio
É uma outra forma de relacionamento. Enquanto o amor, como vimos, e afirmação e a
promoção do outro, odio e a negação e a rejeição do outro. Neste caso, talvez, não se
deve usar o termo «objectivação». Se outro ficasse «objetivado», deixaria de pode ser
odiado. O objecto não se odeia nem se ama. O odio é a negação ou a rejeição do Outro
enquanto sujeito. O ódio é a rejeição da subjectividade do outro e a sua «apropriação».
Enquanto na indiferença, o outro e «como se não existisse; o odio exige, por assim
dizer, existência do outro, não para o promover, mas para o rejeitar.
Os Sentimentos
Sentimentos são reacções positivas ou negativas, discretas e suaves, sobre alguém.
Sentimento pode significar: o mesmo que emoção, no significado mais geral, ou algum
tipo ou forma superior de emoção.
Os sentimentos caracterizam-se pela presença de adesões intelectuais ou representativas
imagens, ideais, representações e a quase de repercussões fisiológicas.
Dai pode se definir os sentimentos como reações que na se excedem nem pela violência
nem pela desorganização ou desadaptação da pessoa.
Tendo em conta o número das nossas tendências, multiplicidade de obejctos com que
cada um se pode relacionar e a diversidade de situações em que nos podemos encontrar,
facilmente poderemos imaginar a qualidade de sentimentos maus, e forçosamente, uma
vida infeliz. Alguns dos sentimentos desadaptados que tem sido objecto de estudo da
psicologia: inferioridade, inadaptação, culpabilidade, morbosa, recusa e não – aceitação
ou esprito de contradição insegurança, ressentimento, hostilidade, ansiedade e
frustração.
Para o controlo e orientação dos nossos sentimentos, devemos ter em conta os seguintes
princípios:
a)      A facilidade com que os sentimentos, deixados a si mesmo, se transforme em emoções
e paixões, com os respectivos desajustamentos.
b)      Os sentimentos positivos, optimistas e altruístas devem predominar sobre os
sentimentos negativos, pessimistas, egoístas. Os primeiros dilatam a alma, activam o
bom funcionamento de todo o organismo; todo o organismo; enquanto os segundos
atrofiam, oprimem, azedam o sangue.
c)      Para controlar os sentimentos e necessário dominar os actos e as ideias, pois as ideias
precedem e promovem os actos: os actos e as ideias modificam os sentimentos.
d)     Agir como, se de facto, tivéssemos os sentimentos bons que desejamos ter. Por
exemplo: se desejarmos amar alguém que não simpatizamos, comecemos a por ver nele
o lado bom, relacionam-nos com ele como se, de facto fosse nosso amigo…e pouco a
pouco, amá-lo-emos.
Outros factores psíquicos ligados aos sentimentos são as emoções, paixões e humores.
Apesar da grande importância que eles têm no desenvolvimento dos sentimentos não
lhes dedicaremos muita atenção, senão uma simples informação:
         Emoções: são respostas psicofísicas intensas, ordinariamente repentinas e imprevistas,
ligadas a acontecimentos que alteram bruscamente o equilíbrio do comportamento
humano, e por isso, marcadas por modificações psicológicas normalmente fortes.
Existem diferentes espécies de emoções, sendo de destacar as seguintes dimensões:
rapidez, e intensidade e nível de excitação, agradabilidade, desagradibilidade, atracão ou
rejeição.
         Paixões: são estados afectivos intensivos, duradouros polarizadores da vida psíquica da
pessoa humana. A paixão e uma inclinação dominante que tende a tornar-se exclusiva,
podendo chegar dirigir todo o nosso comportamento, comandar os nossos juízos de
valor, impedir o exercício imparcial do raciocínio, absorver, por assim dizer, a
inteligência, a imaginação, o coração e a vontade.
A paixão e um caracter absorvente ou centralizador, imperioso estável, intenso e, por
vezes, violento. Reveste-se também, frequentemente de um certo caracter de fatalidade,
fazendo perder o controlo ou o domínio pessoal.
         Humores: são estados ou disposições, de ânimo difusos, passageiros ou persistentes,
sem objecto nem estímulos bem precisos. Predispõem, inconscientemente, as pessoas
para um determinado comportamento emocional, incluindo-as para a exaltação ou a
depressão, a calma ou tensão, a alegria ou a tristeza, a euforia u melancolia. São uma
espécie de «música de fundo» permanente da vida afectiva.
Não existe uma linha rigorosa que separa o sentimento dos humores. Contudo, os
humores são persistentes, penetram com frequência mais fortemente na personalidade,
invadem mais globalmente a vida psíquica.

Você também pode gostar