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Big Five: o que é essa

metodologia?
agosto 20, 2021 | Recrutamento e Seleção

A metodologia do Big Five é uma das mais importantes no campo da psicologia organizacional. E
certamente uma das mais renomadas. É com ela que estudiosos e acadêmicos vêm descrevendo
traços de personalidade de inúmeros indivíduos. Sempre pautados em ciência e evidências
concretas.

Mas você sabe do que se trata essa metodologia? Sabe por que ela é importante e como ela se
aplica ao RH? É disso que falaremos neste texto.

Vamos lá?

1. O que é o Big Five?


2. Um pouco de história: os antecedentes do Big Five
3. Os cinco fatores do Big Five
1. Conscienciosidade
2. Agradabilidade
3. Extroversão
4. Abertura à Experiência
5. Neuroticismo
4. Estabilidade das Características
5. O que influencia os traços de personalidade?
6. Big Five no processo seletivo

1. O que é o Big Five?


O Modelo dos Cinco Grandes (em inglês, “Big Five”), também conhecido como Modelo dos Cinco
Fatores (MCF) ou fatores globais de personalidade, é a teoria da personalidade mais amplamente
aceita pelos psicólogos nos dias de hoje.

A teoria afirma que a personalidade pode ser “reduzida” a cinco fatores principais, conhecidos pela
sigla OCEAN (“oceano”):

O – openness to Experience (Abertura à Experiência)

prefere rotina, prática vs. imaginativa, espontânea

C – conscientiousness (conscienciosidade)

impulsivo, desorganizado vs. disciplinado, cuidadoso

E – extraversion (Extroversão)

reservado, atencioso vs. sociável, amante da diversão

A – agreeableness (Agradabilidade)

suspeito, não cooperativo vs. confiante, útil

N – neuroticism (Neuroticismo)

calmo, confiante vs. ansioso, pessimista

É muito comum ver esses cinco fatores aparecendo num diagrama, como mostrado abaixo. Nele,
você percebe a influência que os fatores exercem sobre a personalidade do indivíduo.
No modelo Big Five, a personalidade é influenciada por: 1) abertura à experiências; 2) conscienciosidade; 3)
extroversão; 4) agradabilidade; e 5) neuroticismo. (Fonte: Wikipédia)

Ao contrário de outras teorias de personalidades que classificam os indivíduos em categorias


binárias (ou seja, introvertidos ou extrovertidos), o Big Five afirma que cada traço de personalidade
é um espectro, com muitas nuances.

Portanto, os indivíduos são classificados em uma escala entre as duas extremidades.

Por exemplo, ao medir Extroversão, a pessoa não seria classificada como puramente extrovertida
ou introvertida, mas colocada em uma escala que determinasse seu nível de extroversão.

Ao classificar os indivíduos em cada uma dessas características, é possível medir com eficácia as
diferenças individuais da personalidade.

2. Um pouco de história: os antecedentes do Big Five


O modelo do Big Five resultou das contribuições de muitos pesquisadores independentes. Vamos
citar alguns deles aqui só para que você saiba de quem estamos falando. E quais fontes você deve
buscar caso queira se aprofundar.

Gordon Allport e Henry Odbert formaram pela primeira vez uma lista de 4.500 termos relacionados
a traços de personalidade em 1936. Esse trabalho forneceu a base para outros psicólogos
começarem a determinar as dimensões básicas da personalidade.

Na década de 1940, Raymond Cattell e seus colegas usaram a análise fatorial (um método
estatístico) para reduzir a lista de Allport a dezesseis características.

No entanto, vários psicólogos examinaram a lista de Cattell e descobriram que ela poderia ser
reduzida a cinco características. Entre esses psicólogos estavam Donald Fiske, Norman, Smith,
Goldberg e McCrae & Costa. Você pode conferir mais sobre eles neste artigo.

Em particular, Lewis Goldberg defendeu fortemente cinco fatores primários de personalidade. Seu
trabalho foi expandido por McCrae & Costa, que confirmaram a validade do modelo e forneceram o
modelo usado hoje: consciência, afabilidade, neuroticismo, abertura à experiência e extroversão.

O modelo ficou conhecido como “Big Five” (termo inglês para “Grandes Cinco”) e tem recebido
muita atenção desde então. Esse modelo foi pesquisado em muitas populações e culturas. E
continua a ser a teoria de personalidade mais aceita hoje.

As categorias são bem amplas


Cada um dos cinco fatores do Big Five representa categorias extremamente amplas, que
abrangem muitos termos relacionados à personalidade. Cada característica contém uma infinidade
de outras facetas.

Segundo os professore John & Srivastava, que contribuíram ativamente para consolidação do
modelo Big Five:

Por exemplo, o traço de Extroversão é uma categoria que contém rótulos


como Gregário (sociável), Assertividade (forte), Atividade (energética), Busca
de Excitação (aventureiro), Emoções positivas (entusiasmado) e Calor
(extrovertido).

Portanto, ainda que não esgote todas as possibilidades, o Big Five cobre virtualmente todos os
termos relacionados à personalidade.

Outro aspecto importante do Big Five é sua abordagem para medir a personalidade. Ele se
concentra em conceituar características como um espectro, em vez de categorias em preto e
branco. Ele reconhece que a maioria dos indivíduos não está nas extremidades polares do
espectro, mas sim em algum lugar no meio.
3. Os cinco fatores do Big Five

Vamos então destrinchar cada um desses fatores para que você possa entendê-los mais a fundo.

Conscienciosidade
A consciência descreve a capacidade de uma pessoa de regular seu controle de impulso a fim de
se envolver em comportamentos direcionados a um objetivo (Grohol, 2019). Ele mede elementos
como controle, inibição e persistência de comportamento.

Todas as tabelas mostradas aqui fazem parte do estudo publicado em 1999 por dois grandes
professores da Universidade da Califórnia. Caso você queria baixar o estudo para ler com mais
calma, basta clicar aqui.

De qualquer forma, as facetas da conscienciosidade incluem o seguinte:


ALTO BAIXO

Competência Incompetência

Organização Desorganização

Obediência Sem cuidado

Esforço de conquista Procrastinação

Autodisciplina Indisciplina

Deliberação Impulsividade

Consciência vs. Falta de Direção

Aqueles que pontuam alto em conscienciosidade podem ser descritos como organizados,
disciplinados, detalhistas, atenciosos e cuidadosos. Eles também têm um bom controle de impulso,
o que lhes permite completar tarefas e atingir objetivos.

Aqueles que têm pontuação baixa em termos de conscienciosidade podem ter dificuldades para
controlar os impulsos, dificultando a realização de tarefas e objetivos.

Eles tendem a ser mais desorganizados e podem não gostar de muitas estruturas. Eles também
podem se envolver em um comportamento mais impulsivo e descuidado.

Agradabilidade
Amabilidade se refere a como as pessoas tendem a tratar os relacionamentos com outras pessoas.
Ao contrário da extroversão, que consiste na busca de relacionamentos, a amabilidade se
concentra na orientação das pessoas e nas interações com outras (Ackerman, 2017).

As facetas de agradabilidade incluem o seguinte:


BAIXO
ALTO

Cético
Confiar (perdoar)

Exigente
Franqueza

Insulta e menospreza os outros


Altruísmo (gosta de ajudar)
Teimoso
Observância

Mostrar
Modéstia

Antipático
Simpático

Não se importa com o que as outras


Empatia
pessoas sentem

Amabilidade vs. Antagonismo

Aqueles que são muito agradáveis podem ser descritos como de coração mole, confiantes e
queridos. Eles são sensíveis às necessidades dos outros e são prestativos e cooperativos. As
pessoas os consideram confiáveis e altruístas.

Aqueles com baixa agradabilidade podem ser percebidos como suspeitos, manipuladores e não
cooperativos. Eles podem ser antagônicos ao interagir com outras pessoas, o que os torna menos
propensos a serem queridos e confiáveis.

Extroversão
A extroversão reflete a tendência e intensidade com que alguém busca a interação com seu
ambiente, principalmente socialmente. Abrange os níveis de conforto e assertividade das pessoas
em situações sociais. Além disso, também reflete as fontes das quais alguém retira energia.

As facetas da extroversão incluem o seguinte:


BAIXO
ALTO

Prefere a solidão
Sociável

Cansado de muita interação social


Energizado pela interação social

Reflexivo
Em busca de excitação

Não gosta de ser o centro das


Gosta de ser o centro das atenções
atenções

Extrovertido
Reservado

Extroversão vs. Introversão

Aqueles que estão no alto da extroversão são geralmente assertivos, sociáveis, amantes da
diversão e extrovertidos. Eles prosperam em situações sociais e se sentem confortáveis para
expressar suas opiniões. Eles tendem a ganhar energia e ficar animados por estarem perto de
outras pessoas.

Aqueles com pontuação baixa em extroversão são frequentemente chamados de introvertidos.


Essas pessoas tendem a ser mais reservadas e mais caladas. Eles preferem ouvir os outros em vez
de precisar ser ouvidos.

Os introvertidos geralmente precisam de períodos de solidão para recuperar as energias, pois


participar de eventos sociais pode ser muito cansativo para eles. É importante notar que os
introvertidos não necessariamente não gostam de eventos sociais, mas os consideram cansativos.

Abertura à Experiência
A abertura para a experiência refere-se à vontade de tentar coisas novas, bem como de se envolver
em atividades imaginativas e intelectuais. Inclui a capacidade de “pensar fora da caixa”.

As facetas de abertura incluem o seguinte:


ALTO BAIXO

Curioso Previsível

Imaginativo Não muito imaginativo

Criativo Não gosta de mudança

Aberto a experimentar coisas novas Prefira rotina

Não convencional Tradicional

Abertura vs. Fechamento para a Experiência

Aqueles que pontuam alto em abertura à experiência são vistos como criativos e artísticos. Eles
preferem variedade e valorizam a independência. Eles são curiosos sobre o que os rodeia e gostam
de viajar e aprender coisas novas.

Pessoas com baixa pontuação em abertura à experiência preferem a rotina. Eles se sentem
desconfortáveis com mudanças e tentando coisas novas, então preferem o familiar ao
desconhecido. Como são pessoas práticas, muitas vezes têm dificuldade em pensar de forma
criativa ou abstrata.

Neuroticismo
O neuroticismo descreve a estabilidade emocional geral de um indivíduo por meio de como eles
percebem o mundo. Ele leva em consideração a probabilidade de uma pessoa interpretar os
eventos como ameaçadores ou difíceis. Também inclui a propensão de experimentar emoções
negativas.

As facetas do neuroticismo incluem o seguinte:


ALTO BAIXO

Ansioso Não se preocupa muito

Hostilidade com raiva (irritável) Calma

Experimenta muito estresse Emocionalmente estável

Autoconsciência (tímido) Confiante

Vulnerabilidade Resiliente

Experimenta mudanças dramáticas de Raramente se sente triste ou


humor deprimido

Neuroticismo vs. Estabilidade Emocional

Aqueles que têm pontuação alta em neuroticismo geralmente se sentem ansiosos, inseguros e
com pena de si mesmos. Frequentemente, são vistos como temperamentais e irritáveis. Eles são
propensos a certa tristeza e baixa autoestima.

Aqueles com pontuação baixa em neuroticismo são mais propensos a se acalmar, se sentir seguros
e satisfeitos. É menos provável que sejam percebidos como ansiosos ou mal-humorados. Eles são
mais propensos a ter boa autoestima e permanecer resilientes.

4. Estabilidade das Características


As pontuações do Big Five das pessoas permanecem relativamente estáveis durante a maior parte
de suas vidas, com algumas pequenas mudanças desde a infância até a idade adulta. Um estudo
de Soto e John (2012) tentou rastrear as tendências de desenvolvimento dos cinco grandes traços.

Eles descobriram que a gentileza e a consciência gerais aumentavam com a idade. Não houve
tendência significativa para extroversão geral, embora o gregarismo diminuiu e a assertividade
aumentou.
A abertura à experiência e ao neuroticismo diminuiu ligeiramente da adolescência até a idade
adulta média. Os pesquisadores concluíram que havia tendências mais significativas em facetas
específicas (ou seja, aventura e depressão), em vez de nas cinco características gerais.

5. Influências o Big Five

Como todas as teorias da personalidade, os fatores do Big Five são influenciados tanto pela
natureza quanto pela criação.

Genética
Estudos com gêmeos descobriram que a herdabilidade (a quantidade de variância que pode ser
atribuída aos genes) das cinco características principais é de 40-60%.

Foi conduzido um estudo com 123 pares de gêmeos idênticos e 127 pares de gêmeos fraternos.
Eles estimaram a herdabilidade de conscienciosidade, afabilidade, neuroticismo, abertura à
experiência e extroversão em 44%, 41%, 41%, 61% e 53%, respectivamente.

Este achado foi semelhante aos achados de outro estudo, onde a herdabilidade de
conscienciosidade, afabilidade, neuroticismo, abertura à experiência e extroversão foi estimada em
49%, 48%, 49%, 48% e 50%, respectivamente.
Esses estudos com gêmeos demonstram que os traços de personalidade do Big Five são
significativamente influenciados pelos genes e que todos os cinco traços são igualmente
hereditários. A herdabilidade para machos e fêmeas não parece diferir significativamente.

Estudos de diferentes países também apoiam a ideia de uma forte base genética para os cinco
grandes traços de personalidade.

Diferenças de gênero
Foram observadas diferenças nos cinco fatores do Big Five entre os gêneros, mas essas diferenças
são pequenas em comparação com as diferenças entre indivíduos do mesmo gênero.

Costa et al. (2001) reuniram dados de mais de 23 mil homens e mulheres em 26 países. Eles
descobriram que “as diferenças de gênero são modestas em magnitude, consistentes com os
estereótipos de gênero e replicáveis ​entre as culturas”.

As mulheres relataram ser mais elevadas em Neuroticismo, Amabilidade, Calor (uma faceta da
Extroversão) e Abertura aos Sentimentos em comparação com os homens. Os homens relataram
ser mais elevados em Assertividade (uma faceta da Extroversão) e Abertura às Ideias.

Outra descoberta interessante foi que diferenças maiores de gênero foram relatadas em países
ocidentais industrializados. Os pesquisadores propuseram que a razão mais plausível para essa
descoberta eram os processos de atribuição.

Eles presumiram que as ações das mulheres em países individualistas teriam mais probabilidade
de ser atribuídas à personalidade dela, ao passo que as ações das mulheres em países coletivistas
teriam mais probabilidade de ser atribuídas ao cumprimento das normas de papéis de gênero.

6. Big Five e o teste de personalidade


Por fim, nada melhor do que pegar esse conhecimento todo e aplicar na prática, certo? Afinal, o
melhor conhecimento é aquele que pode ser aplicado — e é aplicado!

A metodologia Big Five serve para mapear traços de personalidade dos indivíduos analisados.
Portanto, é possível usá-la para estruturar testes de personalidade usados no processo de
recrutamento e seleção.
Pensando nisso, a Mindsight aproveitou todo o conhecimento de especialistas para criar o mais
robusto teste de personalidade do mercado.

Quer saber como ele funciona? Então assista ao vídeo abaixo, no qual explicamos detalhadamente
quais fatores são mapeados no nosso teste e como o mapeamento é feito.

PERSONALIDADE dos CANDIDATOS: R&S de Verdade #9

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