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SOBRE A TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO DA CASA-ÁRVORE-PESSOA

(HOUSE-TREE-PERSON. H-T-P)

Por mais de 50 anos, os clínicos têm usado a técnica projetiva de desenho da Casa-
Árvore-Pessoa (House-Tree-Person, H-T-P), consiste em uma técnica gráfica não
verbal, para obter informação sobre como uma pessoa experiencia sua individualidade
em relação aos outros e ao ambiente do lar. Como todas as técnicas projetivas, o HTP
estimula a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflito dentro da
situação terapêutica. A utilização desse teste é indicada em casos de avaliação da
personalidade e das respectivas interações com o ambiente.

A tarefa pode ser vista como uma amostra inicial de comportamento que possibilita ao
clínico o acesso às reações do indivíduo a uma situação consideravelmente não
estruturada. A capacidade do cliente e do clínico de permanecerem em contato e de
articularem experiências sob essas circunstâncias é um importante indicador
prognóstico. Portanto, os desenhos estimulam o estabelecimento de interesse,
conforto e confiança entre o examinador e o cliente.

O HTP estimula a projeção de áreas de conflito dentro da situação terapêutica e


proporciona uma compreensão dinâmica do funcionamento do indivíduo. Este teste
permite que o avaliador realize interpretações frente ao conteúdo trazido. Em virtude
da ambiguidade dos estímulos, as respostas são determinadas pelo conteúdo
idiossincrático trazido pelo indivíduo.

A proposta atual do HTP sugere uma avaliação menos detalhada e mais global do
desenho. Tal proposta tende a evitar interpretações pouco consistentes, calcadas na
análise simplista do item pelo item, permitindo assim uma melhor compreensão dos
aspectos psicopatológicos e das características gerais da personalidade.

O HTP não deve ser considerado como um instrumento único em um processo


diagnóstico. Assim, recomenda-se o seu uso para indicação de caminhos no processo
de investigação realizado a posteriori, discriminando características bizarras salientes
e servindo como um complemento para corroborar informações advindas de fontes
adicionais.
Os testes projetivos proporcionam obter informações sobre diferentes níveis de
funcionamento da personalidade e, para isso, são oferecidos ao examinando
estímulos
pouco estruturados, que ele organizará em conformidade com aspectos de seu mundo
interno.

O objetivo das provas projetivas é permitir um estudo do funcionamento psíquico


individual numa perspectiva dinâmica, ou seja, apreciar tanto as condutas psíquicas
possíveis de serem localizadas, como suas articulações singulares e suas
potencialidades de mudança

Sobre técnicas projetivas, pode-se dizer que: Interessam à psicologia projetiva as


funções e os processos psicológicos que compõem a personalidade total de um
sujeito; apresentam estímulos pouco estruturados de modo que o indivíduo possa
exteriorizar algo de seu mundo interno baseado no material apresentado; Aspectos
adaptativos e não adaptativos, assim como a interpretação de qualquer conduta pode
servir como base para a compreensão de aspectos da personalidade.

O HTP quando aplicado em pacientes com funcionamento em nível psicótico, são


frequentes as produções bizarras, com distorções importantes, que resultam no
aparecimento de figuras ilógicas e irrealísticas.

ADMINISTRAÇÃO

O H-T-P é aplicado geralmente em uma situação face a face, como parte de uma
avaliação inicial ou de uma intervenção terapêutica em andamento de um determinado
indivíduo. Na situação de avaliação, o H-T-P pode ser empregado como uma tarefa de
aquecimento inicial ou como uma ponte entre uma avaliação com lápis e papel e uma
entrevista clínica completa.
INTERPRETACÃO

O material obtido durante a sessão dos desenhos do H-T-P não será "avaliado" pelo
senso comum. O Protocolo de Interpretação do H-T-P pretende ser apenas um
instrumento para ajudar o clínico a concentrar-se mais nas características relevantes
dos desenhos do cliente para desenvolver uma interpretação clínica.

Aspectos Gerais do Desenho

Capacidade Crítica e Rasuras


A capacidade para ver o trabalho de alguém objetivamente, para criticá-lo e para
aprender com a crítica é uma das primeiras funções intelectuais a ser afetada na
presença de forte emotividade e/ou de processos orgânicos. Alguns comentários
verbais sobre a capacidade artística, tais como "Nunca aprendi a desenhar" ou "Isto
aqui está fora de proporção" são comuns. Quando excessivos, tais comentários
indicam
potencial para patologia, especialmente se não houver tentativas para corrigir as
falhas
identificadas verbalmente.

Características Gerais do Desenho

Distância aparente em relação ao observador. A distância é normalmente sugerida


pelo tamanho muito pequeno do desenho, localização do desenho no alto de uma
colina ou em um vale profundo, ou por um grande número de detalhes localizados
entre o observador e o objeto desenhado. Essa distância implica em uma forte
necessidade de manter o "se/f' afastado e inacessível.

Posição.
Os desenhos geralmente estão de frente para o observador, mas com uma sugestão
de profundidade ou, alternativamente, são desenhados em perfis parciais. A ausência
de qualquer sugestão de profundidade sugere um estilo rígido e intransigente, que
compensa sentimentos de inadequação e de insegurança.

Transparências.
Os indivíduos que apresentam um desenho em que um objeto, que normalmente
estaria coberto por alguma coisa esteja ainda visível cometem uma falha grave no
teste de realidade, o que leva a pensar em um funcionamento psicótico.

Movimento.
A interpretação do movimento em um desenho envolve a intensidade ou a violência do
movimento, o prazer ou desprazer envolvidos no movimento e o grau em que o
movimento é voluntário

Detalhes
Detalhes essenciais. Mesmo a ausência de apenas um detalhe essencial deve ser
vista como séria; as implicações patológicas são maiores quanto mais detalhes
essenciais estiverem faltando e mais desenhos estiverem envolvidos.

Detalhes irrelevantes. Quando usados de forma limitada, como arbustos desenhados


próximo à casa; pássaros em árvores ou no céu; ou um animal de estimação com a
pessoa, indicam uma insegurança básica moderada ou uma necessidade de
estruturação da situação de maneira mais segura. Quando usados excessivamente,
eles sugerem uma ansiedade ''flutuante livre" existente ou potencial na área
simbolizada pelo detalhe.

Sombreamento do detalhe. Sombreamentos saudáveis são produzidos de forma


rápida, leve e com poucos rabiscos casuais. Sombreamentos que indicam patologia na
forma de ansiedade e conflito são produzidos lentamente com atenção e força
excessivas ou sem respeitar os contornos.
Características do Desenho Específicas da Figura

CASA

Estimula associações conscientes e inconscientes referentes ao lar e às relações


interpessoais íntimas. Nível de contato com a realidade e grau de rigidez do indivíduo
Capacidade para agir sob estresse e tensões relacionadas aos relacionamentos.

Proporção:
Telhado grande – necessidade de fantasia
Dimensão horizontal maior e enfatizada – vulnerabilidade às pressões sociais
Dimensão vertical maior e enfatizada – muita fantasia e evitação de contato com a
realidade.

Portas pequenas – sent. de inadequação e dificuldades de contato


Portas grandes – superdependência dos outros e necessidade de reforço emocional.

Perspectiva:
Perspectiva dupla – deficiência mental
Paredes das extremidades maiores que a central – esquizofrenia
transparência – perturbação importante

Detalhes:
Telhado e paredes representam o Ego. Os limites periféricos da personalidade são
representados pelos limites da parede e do telhado.

O telhado pode se estender até o chão e tornar-se, na verdade, tanto uma parede
como um telhado. Esse tipo de casa é produzido por esquizofrênicos que parecem
estar simbolicamente enfatizando o fato de que seu mundo é em grande parte
fantasia.
Telhado com janelas e a porta - tendência nitidamente psicótica.
Paredes com extremidades rachadas - funcionamento em nível psicótico.
A porta e janelas usualmente representam acessibilidade; ausência de portas e
janelas indica funcionamento em nível psicótico.

ÁRVORE

Permite maior associação com o inconsciente. É a expressão gráfica da experiência


de equilíbrio sentida pelo indivíduo e da visão de seus recursos de personalidade.
Capacidade de avaliar criticamente suas relações com o ambiente Contato com a
realidade e as relações interpessoais.

Proporções:
Árvore pequena – sentimentos de inadequação para lidar com o ambiente.
Árvore muito grande (especialmente se cortada pelas margens da folha) –
hipersensibilidade; grande e vigorosa indica ambiente restritivo e compensação.

Perspectiva:
Transparências: Raízes que estão obviamente abaixo do solo, mesmo assim são
visíveis, sugerem fortemente uma falha patológica no contato com a realidade.
Desenho abaixo do olhar do observador – depressão
Árvore em cima da montanha superioridade ou luta por autonomia

Detalhes:
Galhos quebrados ou mortos – traumas
Galhos grossos e curtos (cortados) – tendência ao suicídio
Frutos – comuns em grávidas

Ênfase no detalhe.
Ênfase exagerada nos galhos do lado esquerdo: desequilíbrio de personalidade
ocasionado por forte busca de satisfação emocional direta e imediata.
Ênfase exagerada nos galhos do lado direito: desequilíbrio de personalidade
ocasionado por forte tendência a evitar ou adiar satisfação emocional e busca de
satisfação por esforço intelectual.
PESSOA

Associações mais conscientes e expressão da imagem corporal Capacidade de


relacionar-se. Indivíduos paranóicos ou psicopatas podem se recusar a desenhar.
Autoconceito, consciência de seu papel, sexualidade, relacionamentos interpessoais

Proporção:
Acentuada diferença entre lado esquerdo e lado direito – desequilíbrio de
personalidade e confusão no papel sexual
Cabeça muito grande – ênfase na inteligência e empobrecimento afetivo
Cabeça pequena – obsessivos – compulsivos; negação dos pensamentos dolorosas;
sentimento de culpa.

Perspectiva:
Perfil total – retraimento e tendências oposicionistas (paranoia)
De costas – rejeição ao convívio social; afastamento esquizoparanóico

Transparências:
Órgãos visíveis (coração, pulmões) – forte presença de patologia

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