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1. Introdução:
-> Esse grupo de doenças ocorre em aproximadamente 10% das gestações e está relacionado
à morbidade aguda grave, incapacidade prolongada e morte materno-fetal.
-> Essa patologia destaca-se por ser a primeira causa de morte materna no Brasil e a segunda
no mundo, responsável por 10% a 15% dos óbitos maternos diretos.
-> A maioria dessas mortes poderiam ser evitadas com cuidados adequados durante a
gestação, por meio de medidas preventivas durante o pré-natal e tratamento precoce.
(b) Classificação =
Ela não deve ser considerada totalmente benigna porque, ao longo da gravidez, 8% a 40%
desses casos irão progredir para pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, respectivamente.
- Além dessas, a hipertensão arterial crônica também pode estar presente na gestante,
naqueles casos em que ela a adquiriu antes de engravidar.
Grave -> PAS maior ou igual a 160 mmHg e PAD maior ou igual a 110 mmHg.
Na gestação, a presença de níveis pressóricos de hipertensão grave deve ser manejada tal qual
uma crise hipertensiva, com indicação de encaminhamento à emergência obstétrica ou centro
obstétrico para o uso de anti-hipertensivo tão logo quanto possível, idealmente dentro de 30 a
60 minutos.
Devem ser realizadas pelo menos DUAS medidas de PA, com pelo menos 4 horas de intervalo,
pois aproximadamente 15% das pessoas que apresentam medidas aumentadas de PA no
consultório têm hipertensão arterial do avental branco.
Se a PAS for maior ou igual a 160 mmHg ou PA diastólica maior ou igual a 110 mmHg, a
confirmação dentro de 15 minutos é suficiente.
-> Mulheres portadores de hipertensão arterial crônica são consideradas de risco para a
sobreposição de pré-eclâmpsia. Assim, as melhores evidências disponíveis apoiam duas
intervenções para a redução de riscos para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia:
O AAS deve ser administrado durante a noite, em torno da 12ª semana de gravidez, não
devendo retardar o seu início para depois da 16ª semana. Pode ser suspenso após a 36ª
semana de gestação, pois permite a renovação de plaquetas com plena capacidade funcional
para as demandas do parto.
Quanto ao cálcio, evidências mostram que exista baixa ingestão desse micronutriente na
população brasileira, assim, gestantes com alto risco para pré-eclâmpsia devem suplementá-lo
desde o início da gestação até o parto.
-> Além da presença de hipertensão arterial crônica, outros fatores de risco devem ser
considerados para essa terapia de prevenção de pré-eclâmpsia:
- Todas as gestantes com hipertensão crônica grave devem ser tratadas farmacologicamente e
em tempo hábil para reduzir morbimortalidade.
Para gestantes portadoras de hipertensão crônica, que estão em uso de anti-hipertensivos com
PA abaixo de 120/80 mmHg e sem lesão de órgão-alvo, recomenda-se reduzir ou mesmo
descontinuar o tratamento e iniciar o monitoramento cuidadoso da PA.
Doses iniciais -> 250 mg a 500 mg de 12/12h ou de 8/8h, podendo-se realizar ajustes a cada 2
dias, até dose máxima de 3g/dia.
- Dentre as medicações de primeira linha que podem ser utilizadas, tem-se que:
Por: Lorena Menegussi
(c) Monitoramento =
- Recomenda-se a verificação da PA pelo menos uma vez por semana, na unidade de saúde ou
em domicílio, com registro dos controles.
US de rins e vias urinárias -> se creatinina > 1,1 mg/dl ou se o valor da creatinina basal duplicar
em paciente sem outra patologia renal.
ECG e ECO -> realizar no início do pré-natal, se hipertensão mal controlada há mais de 4 anos
ou naquelas com mais de 30 anos de idade.
- As consultas devem ser semanais nos casos de pacientes com hipertensão mal controlada.
Nas hipertensas controladas, consultas a cada 4 semanas (até 28 semanas de gestação);
quinzenais (até 34 semanas de gestação); e semanais (até o fim da gestação).
4. Hipertensão Gestacional:
-> Hipertensão gestacional é a presença dessa elevação de PA, a partir da 20ª semana, em
gestante previamente normotensa, em que a PA volta ao normal após a 12ª semana de pós-
parto.
-> Não há consenso quanto à prescrição de anti-hipertensivos para gestantes com hipertensão
gestacional leve ou moderada. As recomendações das principais referências estão resumidas
abaixo:
Por: Lorena Menegussi
(b) Monitoramento =
- Ocorre nos casos em de hipertensão grave cuja PAS é maior ou igual a 160 mmHg e a PAD é
maior ou igual a 110 mmHg.
- É uma urgência obstétrica e a paciente deve ser levada ao PS para a utilização de medicação
por via IV.
- O tratamento deve ser imediato com a meta de manter a PAS alvo de 130 a 150 mmHg e PAD
alvo de 80 a 100 mmHg.
- Caso não sejam imediatamente tratadas, essas pacientes podem evoluir com:
Por: Lorena Menegussi
Labetalol -> bloqueador alfa e beta combinado. É a droga de 1ª escolha nos EUA, porém, não
está disponível no Brasil.
Hidralazina -> vasodilatador periférico. Ampola de 20 mg/ml. Dose máxima de 30mg/ por
evento de tratamento.
Nifedipino -> bloqueador dos canais de cálcio. Cápsulas de 10 mg. Dose máxima de 30 mg.
Não administrar por via sublingual.
HIDRALAZINA
(01 ampola 20mg + 19 água destilada)
PA alvo em 20 minutos?
SIM NÃO
Controle Clínico
5. Pré-Eclâmpsia:
- Pré-Eclâmpsia:
Sistólica maior ou igual a 140 mmHg ou diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em 2 ocasiões, 4h
de intervalo, em mulheres previamente normotensas.
• Proteinúria:
Maior ou igual a 300 mg/urina ou relação proteína/creatinina maior ou igual a 0,3 ou leitura em
fita igual a +1.
• PAS maior ou igual a 160 mmHg ou PAD maior ou igual a 110 mmHg, em 2 ocasiões, 4h
de intervalo.
A pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica ocorre quando, após a 20ª semana
de gestação, ocorre o aparecimento ou a piora da proteinúria já detectada na sua primeira
metade (sugere-se atenção se o aumento for maior que 3x o valor inicial); quando gestante s
portadoras de HAC necessitam de associação de anti-hipertensivos ou incremento das doses
terapêuticas iniciais; na ocorrência de disfunção de órgãos-alvo.
(b) Manejo =
Quanto à idade gestacional -> dividida em gestações com menos de 24 semanas, entre 24-34
semanas, e maiores de 34 semanas.
Materno -> avaliação diária dos sintomas e sinais de vida + testes laboratoriais semanais
(plaquetas, enzimas hepáticas e função renal) + corticoterapia (para a maturação pulmonar em
gestantes com menos de 35 semanas).
A conduta é a indução do parto. Essa conduta mostrou taxa reduzida de desfechos maternos
adversos, especialmente o desenvolvimento de hipertensão grave. Além disso, há menor
incidência de parto cesáreo e melhor qualidade de vida comparada a conduta expectante.
A conduta expectante é um pouco controversa. Sabe-se que viabilidade neonatal é muito baixa
e pode ser acompanhada de várias complicações e de sequelas graves.
As mães e os seus parceiros devem ser totalmente informados dos riscos envolvidos em
interromper logo a gestação ou de postergar o parto para o termo.
Gestações com 37 semanas ou mais devem ser conduzidas com a indução do parto.
-> Tem pico de incidência por volta dos 20 anos e após os 35 anos de idade.
-> Os estudos mostram que, quanto mais pobre for o país, maior é a incidência da eclampsia.
-> Costuma ocorrer em 60% das vezes antes do parto, 20% das vezes durante o part o, e 20%
após o parto (cerca de 90% durante a 1ª semana pós-parto).
(b) Manejo =
CONVULSÃO
Caso a paciente persista com as convulsões, mesmo na vigência do tratamento com sulfato de
magnésio, deve-se pedir um parecer ao neurologista, bem como, realizar exames de
neuroimagem para descobrir a causa de fato das convulsões.
SULFATO DE MAGNÉSIO
Ampola de 10 ml a 50%
SIM NÃO
8 ml MgSO4 + 12 AD Bomba de infusão disponível 8 ml MgSO4 + 12 AD
- A via de parto de escolha é a cesariana e deve ser feita logo após a estabilização materna.
Por: Lorena Menegussi
6. Síndrome HELLP:
Hemólise -> presença de anemia (hemoglobina menor que 11 mg/dL) e/ou esquizócitos e
equinócitos em sangue periférico e/ou elevação dos níveis de desidrogenase láctica (DHL)
maior que 600 UI/L e/ou bilirrubinas indiretas maiores que 1,2 mg/dL
Comprometimento Hepático -> elevação de AST e ALT maior que 2x o valor basal
Oligúria -> diurese menor que 500 ml/24 h. Pode ser facilmente visualizada pela presença de
edema intenso (anasarca)
Insuficiência Renal Aguda -> creatinina sérica maior ou igual a 1,2 mg/dL
Por: Lorena Menegussi
Dor Torácica -> pode estar associada ou não à respiração, tanto ao comprometimento
endotelial pulmonar quanto da parte cardíaca.
Edema Agudo de Pulmão -> associado ou não a insuficiência cardíaca e/ou hipertensão
pulmonar.
-> A síndrome HELLP é considerada uma forma especialmente grave da PE, com frequência
estimada entre essas pacientes de até 20%.
- Geralmente apresentam queixas de mal-estar pouco definido com náuseas, cefaleia, icterícia e
dor epigástrica e/ou em hipocôndrio direito. Essas duas últimas são marcantes e devem ser
valorizadas.
(b) Diagnóstico =
- É importante ter em mente que todas as gestantes com idade gestacional acima de 20
semanas que procuram assistência com queixa de dor em hipocôndrio direito, eventualmente
associada a vômitos, devem ser consideradas elegíveis para o diagnóstico de HELLP.
(c) Tratamento =
Além disso, os exames laboratoriais precisam ser realizados a cada 6 horas, até a estabilização
do quadro.
- Gravidezes com 34 semanas ou mais, o parto é imediato e deve ser feito através da via
cesariana. Algumas literaturas falam sobre a indução do parto com o misoprostol para a
interrupção da gestação pela via parto natural, entretanto, se não há infraestrutura que garant a
a seguridade desse processo para a mãe e o bebê, deve-se priorizar a cesariana.
Dose -> 1 unidade para cada 10 kg de peso, devendo ser repetida a cada 8 ou 12 horas,
conforme quadro clínico.
- Deve-se acompanhar a evolução clínica e laboratorial até que haja melhora da função hepática
e elevação da contagem de plaquetas.
- O controle laboratorial deve ser feito a cada 24h por meio de:
- A diurese deve ser mantida maior que 25 ml/h. Caso apresente hipertensão grave, a PA deve
ser mantida abaixo de 150x100 mmHg. Da mesma forma, caso pertinente, o sulfato de
magnésio deverá ser mantido durante pelo menos 24h.