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Por: Lorena Menegussi

Síndromes Hipertensivas da Gestação

1. Introdução:

-> As síndromes hipertensivas são, juntamente com as síndromes hemorrágicas e infecciosas, as


grandes responsáveis pela maioria dos óbitos maternos no mundo.

-> Esse grupo de doenças ocorre em aproximadamente 10% das gestações e está relacionado
à morbidade aguda grave, incapacidade prolongada e morte materno-fetal.

A hipertensão ocorre em 6% a 17% das mulheres nulíparas e em 2% a 4% das mulheres


multíparas.

-> Essa patologia destaca-se por ser a primeira causa de morte materna no Brasil e a segunda
no mundo, responsável por 10% a 15% dos óbitos maternos diretos.

-> As principais complicações que desencadeiam as mortes maternas por distúrbios


hipertensivos são aquelas presentes na pré-eclâmpsia:

• Insuficiência Renal • Edema Agudo de Pulmão


• Acidente Vascular Encefálico • Coagulopatias
• Insuficiência Cardíaca • Insuficiência Hepática

-> Já as complicações fetais e neonatais devem-se, principalmente à:

• Insuficiência Placentária • Prematuridade

-> A maioria dessas mortes poderiam ser evitadas com cuidados adequados durante a
gestação, por meio de medidas preventivas durante o pré-natal e tratamento precoce.

(a) Fatores de Risco =

• História Prévia de Pré-Eclâmpsia • IMC Elevado


• HAS e/ou DM Preexistentes • Gestação Múltipla
• Doença Renal Crônica • Síndrome do Anticorpo Fosfolipídio
• Idade Materna Avançada

(b) Classificação =

- Os distúrbios hipertensivos da gestação englobam a doença hipertensiva específica da


gestação (DHEG) que pode se manifestar de diferentes formas:
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• Hipertensão Gestacional • Eclâmpsia


• Pré-Eclâmpsia • Pré-Eclâmpsia Sobreposta à
• Síndrome HELLP Hipertensão Crônica

Os novos protocolos da ACOG (Colégio Americano de GO) trazem também a “Hipertensão do


Avental Branco”, que nada mais é do que o aumento da PA em consultório que não se confirma
em verificações seriadas da PA.

Ela não deve ser considerada totalmente benigna porque, ao longo da gravidez, 8% a 40%
desses casos irão progredir para pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, respectivamente.

- Além dessas, a hipertensão arterial crônica também pode estar presente na gestante,
naqueles casos em que ela a adquiriu antes de engravidar.

-> A hipertensão arterial crônica na gestação pode ser classificada em:


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Leve a moderada -> PAS de 140-159 mmHg e PAD de 90-109 mmHg

Grave -> PAS maior ou igual a 160 mmHg e PAD maior ou igual a 110 mmHg.

Na gestação, a presença de níveis pressóricos de hipertensão grave deve ser manejada tal qual
uma crise hipertensiva, com indicação de encaminhamento à emergência obstétrica ou centro
obstétrico para o uso de anti-hipertensivo tão logo quanto possível, idealmente dentro de 30 a
60 minutos.

2. Cuidados na aferição da PA na gestação (indicações do AAS na prevenção da pré -


eclâmpsia):

-> O diagnóstico da hipertensão durante a gestação é realizado por medida seriada e


adequada da PA, quando a sistólica é maior ou igual a 140 mmHg e/ou diastólica maior ou
igual a 90 mmHg.

Devem ser realizadas pelo menos DUAS medidas de PA, com pelo menos 4 horas de intervalo,
pois aproximadamente 15% das pessoas que apresentam medidas aumentadas de PA no
consultório têm hipertensão arterial do avental branco.

Se a PAS for maior ou igual a 160 mmHg ou PA diastólica maior ou igual a 110 mmHg, a
confirmação dentro de 15 minutos é suficiente.

-> Aumento da PA em consultório, que não se confirma em aferições seriadas da PA, é


considerada hipertensão do avental branco e não necessita de tratamento farmacológico.

-> Os cuidados recomendados na aferição da PA da gestante estão listados abaixo:

1. A gestante deve estar sentada em repouso por, no mínimo, 5 minutos


2. Certificar-se de que ela não esteja com a bexiga cheia, não praticou atividade física há
pelo menos 1 hora, não ingeriu bebida alcoólica, café ou alimentos e nem fumou nos
últimos 30 minutos
3. O braço utilizado para a verificação da PA deve estar estendido na altura do coração
4. O manguito deve ser do tamanho adequado
5. No método auscultatório, obedecer a técnica correta de medição:

• O estetoscópio deve ser colocado levemente sobre a artéria


braquial
• O manguito deve ser insuflado a uma pressão de aproximadamente
30 mmHg maior que a sistólica (estimada pelo método palpatório)
• O manguito deve ser esvaziado lentamente a uma taxa de 2 a 3
mmHg por segundo
• A PAS é a pressão na qual o pulso é ouvido pela primeira vez
• A PAD é definida quando ocorre o desaparecimento do último som
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-> Mulheres portadores de hipertensão arterial crônica são consideradas de risco para a
sobreposição de pré-eclâmpsia. Assim, as melhores evidências disponíveis apoiam duas
intervenções para a redução de riscos para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia:

• Uso de AAS 100-150 mg/dia • Dieta ou Suplementação de Cálcio


(1,5-2,0 g/dia)

O AAS deve ser administrado durante a noite, em torno da 12ª semana de gravidez, não
devendo retardar o seu início para depois da 16ª semana. Pode ser suspenso após a 36ª
semana de gestação, pois permite a renovação de plaquetas com plena capacidade funcional
para as demandas do parto.

Quanto ao cálcio, evidências mostram que exista baixa ingestão desse micronutriente na
população brasileira, assim, gestantes com alto risco para pré-eclâmpsia devem suplementá-lo
desde o início da gestação até o parto.

-> Além da presença de hipertensão arterial crônica, outros fatores de risco devem ser
considerados para essa terapia de prevenção de pré-eclâmpsia:

• Gestante com mais de 40 anos • Gemelaridade


• Nulíparas • Obesidade
• Antecedente Familiar de Pré- • Doença Renal Crônica
Eclâmpsia (mãe, irmã) • Síndrome do Anticorpo
• História Prévia de Pré-Eclâmpsia Antifosfolipídio
• DM Pré-existente

3. Hipertensão Arterial Crônica:

-> Hipertensão crônica é a presença de elevação da PA em dois momentos distintos, com


intervalo de pelo menos 4 horas, antes da 20ª semana de gestação ou diagnóstico de
hipertensão prévio antes da gestação.

(a) Manejo Não Farmacológico =

• Exercícios físicos 3 ou mais vezes por semana, por cerca


de 50 minutos por dia, para gestantes com HAC com
pressão controlada
• Alimentação saudável -> não se recomenda restrição de
sal durante a gravidez como prevenção para pré-
eclâmpsia ou hipertensão gestacional
• Evitar ganho de peso excessivo
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Nos casos de hipertensão gestacional/pré-eclâmpsia/hipertensão mal controlada, exercício


físico aeróbico, treinos de força ou treinos isométricos puros estão desaconselhados.

(b) Manejo Farmacológico =

- Recomenda-se iniciar o tratamento anti-hipertensivo em todas as gestantes com PA a partir de


140/90 mmHg.

Os resultados dessa abordagem incluem a redução de pré-eclâmpsia com características


graves, de parto prematuro, de descolamento de placenta e de morte fetal ou neonatal.

- Todas as gestantes com hipertensão crônica grave devem ser tratadas farmacologicamente e
em tempo hábil para reduzir morbimortalidade.

Para gestantes portadoras de hipertensão crônica, que estão em uso de anti-hipertensivos com
PA abaixo de 120/80 mmHg e sem lesão de órgão-alvo, recomenda-se reduzir ou mesmo
descontinuar o tratamento e iniciar o monitoramento cuidadoso da PA.

- Metildopa é considerada a medicação de primeira linha para as gestantes com HAS.

Doses iniciais -> 250 mg a 500 mg de 12/12h ou de 8/8h, podendo-se realizar ajustes a cada 2
dias, até dose máxima de 3g/dia.

- Dentre as medicações de primeira linha que podem ser utilizadas, tem-se que:
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- Os anti-hipertensivos de segunda e terceira linha são:

- Os anti-hipertensivos contraindicados na gestação são:

• IECAs (captopril, enalapril) • Atenolol e Propanolol


• BRAs (losartana) • Espironolactona
• Inibidores Diretos da Renina
(alisquireno)
- Não há consenso sobre o alvo ideal da PA em gestantes em tratamento farmacológico.
Valores de pressão sistólica entre 110 e 139 mmHg e valores de diastólica entre 80 e 89 mmHg
são considerados adequados pelas sociedades.

Deve-se reduzir ou descontinuar tratamento se a PAD for menor que 80 mmHg.

(c) Monitoramento =

- É necessário avaliar lesões em órgãos-alvo e solicitar exames complementares precocemente,


idealmente junto aos exames do 1º trimestre.

- Recomenda-se a verificação da PA pelo menos uma vez por semana, na unidade de saúde ou
em domicílio, com registro dos controles.

- Os exames complementares nas gestantes com HAC são listados abaixo:

Hemograma -> no 1º trimestre. Repetir se houver suspeita de pré-eclâmpsia sobreposta.

Creatinina/Ureia/Potássio Sérico -> no 1º trimestre. Repetir se creatinina > 1,1 mg/dl ou


aumento de 2x o valor basal ou suspeita de pré-eclâmpsia sobreposta.

TGO/AST e TGP/ALT -> no 1º trimestre.

Glicemia em Jejum e TOTG-75g -> entre 24 e 28 semanas. Para rastreio de DM gestacional.


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IPC/EAS/Proteinúria de 24h/Microalbuminúria -> no 1º trimestre. Repetir se houver proteinúria,


aumento da PA basal, sintomas de pré-eclâmpsia, creatinina > 1,1 mg/dl ou aumento de 2x da
basal.

US de rins e vias urinárias -> se creatinina > 1,1 mg/dl ou se o valor da creatinina basal duplicar
em paciente sem outra patologia renal.

US obstétrica -> realizar mensalmente, a partir da 24ª semana, para acompanhamento do


crescimento fetal e da quantidade de líquido amniótico.

ECG e ECO -> realizar no início do pré-natal, se hipertensão mal controlada há mais de 4 anos
ou naquelas com mais de 30 anos de idade.

- As consultas devem ser semanais nos casos de pacientes com hipertensão mal controlada.
Nas hipertensas controladas, consultas a cada 4 semanas (até 28 semanas de gestação);
quinzenais (até 34 semanas de gestação); e semanais (até o fim da gestação).

Em casos em que há suspeita de restrição do crescimento fetal ou outras complicações ligadas


à doença hipertensiva, recomenda-se realizar dopplervelocimetria. Geralmente esse
monitoramento é feito com 28, 32 e 36 semanas, e pode reduzir significativamente a morte
perinatal, bem como orientar o momento do parto.

4. Hipertensão Gestacional:

-> Hipertensão gestacional é a presença dessa elevação de PA, a partir da 20ª semana, em
gestante previamente normotensa, em que a PA volta ao normal após a 12ª semana de pós-
parto.

-> Não há consenso quanto à prescrição de anti-hipertensivos para gestantes com hipertensão
gestacional leve ou moderada. As recomendações das principais referências estão resumidas
abaixo:
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(a) Manejo Farmacológico =

- O tratamento farmacológico inicial de escolha é a metildopa.

- Quando houver necessidade de uma segunda droga para o controle da PA ou quando a


metildopa não estiver disponível, pode-se utilizar nifedipino de liberação lenta ou hidralazina.

- Recomenda-se manter os valores da PA entre 110 a 139 x 85 mmHg e reduzir ou descontinuar


esquema anti-hipertensivo de pressão diastólica < 80 mmHg.

(b) Monitoramento =

- Os exames complementares para o acompanhamento da paciente com hipertensão


gestacional são:

(c) Crise Hipertensiva =

- Ocorre nos casos em de hipertensão grave cuja PAS é maior ou igual a 160 mmHg e a PAD é
maior ou igual a 110 mmHg.

- É uma urgência obstétrica e a paciente deve ser levada ao PS para a utilização de medicação
por via IV.

- O tratamento deve ser imediato com a meta de manter a PAS alvo de 130 a 150 mmHg e PAD
alvo de 80 a 100 mmHg.

- Caso não sejam imediatamente tratadas, essas pacientes podem evoluir com:
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• Eventos Cerebrovasculares (AVE) • Insuficiência Renal


• Eventos Cardíacos (Edema • Morte
Pulmonar)

- As drogas usadas na crise hipertensiva são:

Labetalol -> bloqueador alfa e beta combinado. É a droga de 1ª escolha nos EUA, porém, não
está disponível no Brasil.

Hidralazina -> vasodilatador periférico. Ampola de 20 mg/ml. Dose máxima de 30mg/ por
evento de tratamento.

Nifedipino -> bloqueador dos canais de cálcio. Cápsulas de 10 mg. Dose máxima de 30 mg.
Não administrar por via sublingual.

Nitroprussiato de sódio -> vasodilatador arterial. Ampola de 50 mg/2ml. É um potente


vasodilatador arterial, porém, ele é o último recurso.

- Esquema da crise hipertensiva com hidralazina:

HIDRALAZINA
(01 ampola 20mg + 19 água destilada)

5 mg, IV, correr em 1 a 2 minutos

PA alvo em 20 minutos?

SIM NÃO

5 a 10 mg, IV, correr em 2 minutos

PA ALVO - SIM PA ALVO - NÃO

Controle Clínico

5 a 10 mg, IV, correr


em 2 minutos
Mudar medicação
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O objetivo do tratamento é diminuir a PA materna em 15% a 25%, atingindo-se valores de PAS


entre 140 mmHg e 150 mmHg, e da PAD entre 90 mmHg e 100 mmHg.

5. Pré-Eclâmpsia:

(a) Definição Clínica =

- Pré-Eclâmpsia:

• Pressão arterial elevada após a 20ª semana de gestação.

Sistólica maior ou igual a 140 mmHg ou diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em 2 ocasiões, 4h
de intervalo, em mulheres previamente normotensas.

• Proteinúria:

Maior ou igual a 300 mg/urina ou relação proteína/creatinina maior ou igual a 0,3 ou leitura em
fita igual a +1.

- Pré-Eclâmpsia com Características Graves:

• PAS maior ou igual a 160 mmHg ou PAD maior ou igual a 110 mmHg, em 2 ocasiões, 4h
de intervalo.

Associado a hemólise, trombocitopenia (menor que 100.000), testes de função hepática 2x


maior que o basal ou dor persistente no quadrante superior direito/epigástrio, creatinina sérica
maior que 1,1 mg/dl ou duplicação de creatinina na ausência de outra doença renal, edema
pulmonar e sintomas cerebrais ou visuais de início recente.

A pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica ocorre quando, após a 20ª semana
de gestação, ocorre o aparecimento ou a piora da proteinúria já detectada na sua primeira
metade (sugere-se atenção se o aumento for maior que 3x o valor inicial); quando gestante s
portadoras de HAC necessitam de associação de anti-hipertensivos ou incremento das doses
terapêuticas iniciais; na ocorrência de disfunção de órgãos-alvo.

(b) Manejo =

- A condução da pré-eclâmpsia depende de dois fatores: gravidade da doença e idade


gestacional.

Quanto à gravidade -> pode ser PE sem deterioração clínica/laboratorial OU PE com


deterioração clínica/laboratorial
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Quanto à idade gestacional -> dividida em gestações com menos de 24 semanas, entre 24-34
semanas, e maiores de 34 semanas.

- PE sem características graves (menos de 37 semanas):

A conduta é expectante e deve contar com a avaliação materno-fetal.

Materno -> avaliação diária dos sintomas e sinais de vida + testes laboratoriais semanais
(plaquetas, enzimas hepáticas e função renal) + corticoterapia (para a maturação pulmonar em
gestantes com menos de 35 semanas).

Fetal -> avaliação do movimento fetal + cardiotocografia 2x/semana + monitorar crescimento


fetal a cada 3 semanas + avaliação do volume de líquido amniótico pelo menos 1x/semana.

- PE sem características graves (com 37 semanas ou mais):

A conduta é a indução do parto. Essa conduta mostrou taxa reduzida de desfechos maternos
adversos, especialmente o desenvolvimento de hipertensão grave. Além disso, há menor
incidência de parto cesáreo e melhor qualidade de vida comparada a conduta expectante.

- PE com características graves (menos de 24 semanas):

A conduta expectante é um pouco controversa. Sabe-se que viabilidade neonatal é muito baixa
e pode ser acompanhada de várias complicações e de sequelas graves.

Estudos mostram 80% de mortalidade perinatal e 27% a 71% de morbimortalidade materna.

Discute-se o caso com a paciente e os familiares para a interrupção da gravidez.

- PE com características graves (entre 24 semanas e 34 semanas):

A conduta é expectante. Deve-se monitorizar os sinais vitais, ingesta de líquidos e débito


urinário. Além disso, deve-se realizar testes laboratoriais diários (hemograma, função renal e
hepática), vigilância do bem-estar fetal (cardiotocografia e doppler), fazer corticoterapia
(betametasona 12 mg/IM a cada 24h por 48h) e empregar sulfato de magnésio se pensar em
interromper a gestação.

Se houver deterioração clínico/laboratorial ou sofrimento fetal a paciente deve ser colocada na


sala para realizar o parto cesariano.

- PE com características graves (com 34 semanas ou mais):


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Ainda que as complicações relacionadas à prematuridade sejam menores a partir da 34ª


semana, elas ainda existem. Assim, o parto pode ser postergado para próximo do termo desde
que a vitalidade fetal esteja preservada e a condição clinico/laboratorial materna também.

As mães e os seus parceiros devem ser totalmente informados dos riscos envolvidos em
interromper logo a gestação ou de postergar o parto para o termo.

Gestações com 37 semanas ou mais devem ser conduzidas com a indução do parto.

- Existem condições que indicam a imediata resolução da gestação (interrupção):

• Síndrome HELLP • Alterações Laboratoriais


• Eclâmpsia Progressivas
• Descolamento Prematuro de • Restrição Grave do Crescimento
Placenta Fetal
• Hipertensão Refratária ao • Alterações de Vitalidade Fetal
Tratamento com 3 Drogas Anti- • Óbito Fetal
Hipertensivas

5. Eclâmpsia e Iminência de Eclâmpsia (profilaxia da convulsão):


Por: Lorena Menegussi

-> É a manifestação convulsiva da pré-eclâmpsia, marcada por convulsão tônico-clônica


generalizada autolimitada (de mais ou menos 90 segundos).

As convulsões focais, multifocais ou coma são menos comuns.

-> Tem pico de incidência por volta dos 20 anos e após os 35 anos de idade.

-> Os estudos mostram que, quanto mais pobre for o país, maior é a incidência da eclampsia.

-> Costuma ocorrer em 60% das vezes antes do parto, 20% das vezes durante o part o, e 20%
após o parto (cerca de 90% durante a 1ª semana pós-parto).

(a) Sinais e Sintomas =

- Os principais sinais e sintomas premonitórios à convulsão são:

• HAS (75%) • Distúrbios Visuais (escotomas; 27%)


• Dor de Cabeça Frontal ou Occipital • Dor no QSD ou Epigástrio (25%)
(66%) • Assintomática (25%)

- Ao exame físico, sintomas neurológicos podem incluir hiperreflexia, defeitos na percepção e


processo visual, alteração do estado mental, déficit de memória e disfunção de nervos
cranianos.

(b) Manejo =

- O gerenciamento da convulsão deve seguir o seguinte passo:

1. Desobstrução das vias aéreas superiores – pode por cânula de Guedel


2. Prevenir aspiração – colocar em decúbito lateral esquerdo
3. Prevenção da hipóxia – oxigenação suplementar (8 a 10 L/min)
4. Tratamento da Hipertensão Grave, se presente
5. Prevenção de Convulsões Recorrentes – sulfato de magnésio
Por: Lorena Menegussi

CONVULSÃO

Duração de até 2 minutos Duração de 5 minutos Sem acesso IV

Lorazepam 4mg, IV,


2mg/min
Sulfato de magnésio Midazolam 10 mg, IM
Repetir com 3 a 5 min se a
convulsão continuar

Caso a paciente persista com as convulsões, mesmo na vigência do tratamento com sulfato de
magnésio, deve-se pedir um parecer ao neurologista, bem como, realizar exames de
neuroimagem para descobrir a causa de fato das convulsões.

SULFATO DE MAGNÉSIO
Ampola de 10 ml a 50%

SIM NÃO
8 ml MgSO4 + 12 AD Bomba de infusão disponível 8 ml MgSO4 + 12 AD

DOSE DE ATAQUE: DOSE DE ATAQUE:


4g, IV, 5 a 10 minutos 4 g, IV, 5 a 10 min
10 g, IM (1 amp em cada glúteo)
DOSE DE MANUTENÇÃO:
1 a 2g/hora (50 a 100 ml/hora) DOSE DE MANUTENÇÃO:
5 g, IM, 4/4h (1 ampola)

Se nova convulsão -> administrar 2 g por via venosa.

- A eclâmpsia é contraindicação absoluta para conduta expectante.

- A via de parto de escolha é a cesariana e deve ser feita logo após a estabilização materna.
Por: Lorena Menegussi

(c) Resultados Maternos e Neonatais =

• Descolamento de Placenta • Parada Cardiopulmonar


• Coagulação Intravascular • Hematoma Hepático
Disseminada • Síndrome HELLP
• Edema Pulmonar • Morte Perinatal
• Insuficiência Renal Aguda • Prematuridade
• Pneumonia Aspirativa

6. Síndrome HELLP:

-> Refere-se a intensa hemólise (hemolysis), comprometimento hepático (elevated liver


enzymes) e consumo de plaquetas (low platelets count) em pacientes com pré-eclâmpsia.

-> Essas alterações são definidas da seguinte forma:

Hemólise -> presença de anemia (hemoglobina menor que 11 mg/dL) e/ou esquizócitos e
equinócitos em sangue periférico e/ou elevação dos níveis de desidrogenase láctica (DHL)
maior que 600 UI/L e/ou bilirrubinas indiretas maiores que 1,2 mg/dL

Comprometimento Hepático -> elevação de AST e ALT maior que 2x o valor basal

Plaquetopenia -> menor que 100.000 mm³

Oligúria -> diurese menor que 500 ml/24 h. Pode ser facilmente visualizada pela presença de
edema intenso (anasarca)

Insuficiência Renal Aguda -> creatinina sérica maior ou igual a 1,2 mg/dL
Por: Lorena Menegussi

Dor Torácica -> pode estar associada ou não à respiração, tanto ao comprometimento
endotelial pulmonar quanto da parte cardíaca.

Edema Agudo de Pulmão -> associado ou não a insuficiência cardíaca e/ou hipertensão
pulmonar.

-> A síndrome HELLP é considerada uma forma especialmente grave da PE, com frequência
estimada entre essas pacientes de até 20%.

(a) Quadro Clínico =

- Geralmente apresentam queixas de mal-estar pouco definido com náuseas, cefaleia, icterícia e
dor epigástrica e/ou em hipocôndrio direito. Essas duas últimas são marcantes e devem ser
valorizadas.

(b) Diagnóstico =

- É importante ter em mente que todas as gestantes com idade gestacional acima de 20
semanas que procuram assistência com queixa de dor em hipocôndrio direito, eventualmente
associada a vômitos, devem ser consideradas elegíveis para o diagnóstico de HELLP.

- A trombocitopenia é a principal e mais precoce modificação laboratorial encontrada, s endo


que a alteração do tempo de protrombina, tempo parcial da tromboplastina e fibrinogênio
apenas irão ocorrer em fases avançadas (queda de plaquetas vai além de 30.000/mm³).

Nessas ocasiões, a paciente pode apresentar um quadro de coagulação intravascular


disseminada, com hemorragia difusa (petéquias, sangramento gengival, hematúria,
hematêmese, sangramento nos locais de punção), além dos riscos nos procedimentos
operatórios.
Por: Lorena Menegussi

(c) Tratamento =

- A conduta inicial é muito semelhante ao tratamento da pré-eclâmpsia com características


graves. Deve-se internar e estabilizar hemodinamicamente a paciente, fazer avaliação da
vitalidade fetal, administrar sulfato de magnésio para a prevenção de convulsões e anti-
hipertensivos para o controle da hipertensão grave (PA maior ou igual a 160x110 mmHg).

Além disso, os exames laboratoriais precisam ser realizados a cada 6 horas, até a estabilização
do quadro.

- Gravidezes com 34 semanas ou mais, o parto é imediato e deve ser feito através da via
cesariana. Algumas literaturas falam sobre a indução do parto com o misoprostol para a
interrupção da gestação pela via parto natural, entretanto, se não há infraestrutura que garant a
a seguridade desse processo para a mãe e o bebê, deve-se priorizar a cesariana.

- A administração de corticoide em gestações abaixo de 34 semanas pode ser realizada, porém,


o parto só deve ser adiado para a aplicação do ciclo completo de corticoide se houver
estabilidade materna e fetal.
Por: Lorena Menegussi

- A transfusão de plaquetas está indicada na presença de trombocitopenia grave (< 20.000),


mesmo sem sangramento. Recomenda-se também a transfusão quando a contagem for menor
do que 50.000/mm³ nas mulheres que vão interromper a gestação via cesariana.

Dose -> 1 unidade para cada 10 kg de peso, devendo ser repetida a cada 8 ou 12 horas,
conforme quadro clínico.

Cada unidade de concentrado de plaquetas eleva as plaquetas em cerca de 5 .000 a 10.000


/mm³ em um adulto de 70 kg.

(d) Assistência ao Puerpério =

- As primeiras 72h do puerpério merecem vigilância cuidadosa, em vista da possibilidade d o


agravamento das condições maternas decorrente do consumo de plaquetas e fatore s da
coagulação, principalmente após parto cesáreo.

- Deve-se acompanhar a evolução clínica e laboratorial até que haja melhora da função hepática
e elevação da contagem de plaquetas.

- O controle laboratorial deve ser feito a cada 24h por meio de:

• Hemograma com Plaquetas • Transaminases Hepáticas


• DHL • Creatinina Plasmática

- A diurese deve ser mantida maior que 25 ml/h. Caso apresente hipertensão grave, a PA deve
ser mantida abaixo de 150x100 mmHg. Da mesma forma, caso pertinente, o sulfato de
magnésio deverá ser mantido durante pelo menos 24h.

(e) Resultados Maternos em Gestações Complicadas por Síndrome HELLP =

• Sangramento (55%) • Edema Pulmonar (6%)


• Coagulação Intravascular • Hematoma Hepático Subescapular
Disseminada (21%) (1%)
• Descolamento de Placenta (16%) • Descolamento de Retina (1%)
• Lesão Renal Aguda (8%) • Morte (1%)
Por: Lorena Menegussi

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