Você está na página 1de 11

CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU

BACHARELADO EM FARMÁCIA

BRUNA KAROLAYNE MOREIRA BARROS - 01353571


KARLLA MICAELLA NAZÁRIO ROCHA - 01358047
VYVIAN LARISSA FERREIRA SANTOS - 01383304
RAYLA KARLA DE ARAÚJO COSTA - 01343917

ANTI HIPERTENSIVOS UTILIZADOS NA GESTAÇÃO

ARAPIRACA-AL
2023
BRUNA KAROLAYNE MOREIRA BARROS - 01353571
KARLLA MICAELLA NAZÁRIO ROCHA - 01358047
VYVIAN LARISSA FERREIRA SANTOS - 01383304
RAYLA KARLA DE ARAÚJO COSTA - 01343917

ANTI HIPERTENSIVOS UTILIZADOS NA GESTAÇÃO

Trabalho enviado à disciplina de


Tópicos Integradores II (Farmácia),
ministrada pelo professor Jeferson Lau
da Silva para obtenção de nota.

ARAPIRACA- AL
2023
ANTI HIPERTENSIVOS UTILIZADOS NA GESTAÇÃO

Introdução

O tratamento farmacológico inicial de escolha para hipertensão na


gestação é feito com Metildopa, pois é a droga mais estudada e sem efeitos
adversos para o feto. A dose inicial é de 250 mg, 2 a 3 vezes ao dia,
aumentando a cada 2 dias conforme necessário, utilizar até de 6 em 6 horas
(dose máxima de 3000 mg/dia). As contraindicações são hipersensibilidade,
doença hepática ativa e uso concomitante com inibidores da Monoamina
Oxidase (MAO).
Quando houver necessidade de uma segunda droga para controle
da pressão arterial ou quando a Metildopa não estiver disponível, pode-se
utilizar a Nifedipino de liberação lenta (Retard) de 30 a 90 mg/dia (aumentar em
intervalos de 7 dias; dose máxima 120 mg/dia) ou Hidralazina 25 mg, meio
comprimido, quatro vezes ao dia (aumentando de 12,5 a 25 mg/dia a cada 2 a
4 dias; dose máxima 200 mg/dia).
A escolha deve ter por base o acesso à medicação e o perfil de
efeitos adversos. Anlodipino e Verapamil podem ser consideradas drogas
alternativas, porém há poucos dados sobre o uso dessas medicações na
gestação. Clonidina também pode ser utilizada, porém devido a efeitos
adversos e risco de rebote, outras medicações são preferidas.
Para gestantes portadoras de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
crônica que estão em uso de anti-hipertensivos, com pressão arterial abaixo de
120/80 mmHg e sem lesão em órgão-alvo, recomenda-se reduzir ou mesmo
descontinuar o tratamento e iniciar monitoramento cuidadoso da pressão
arterial. Quando houver necessidade de manutenção do tratamento, diuréticos
tiazídicos podem ser mantidos. No entanto, na presença de pré-eclâmpsia e/ou
crescimento intrauterino restrito (CIUR), devem ser descontinuados. Deve-se
sempre suspender o uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina
ECA (Captopril, Enalapril), antagonistas dos receptores da Angiotensina II
(Losartan) e de Espironolactona.
A manutenção de betabloqueadores deve ser avaliada
individualmente, uma vez que sua segurança é controversa e foram associados
em estudos observacionais com CIUR, apneia neonatal, bradicardia e
hipoglicemia. Deve-se considerar manter o uso em casos de arritmia ou
cardiopatia isquêmica, por exemplo. Dentre os betabloqueadores, preferir o uso
de Metoprolol.
Na HAS não-complicada, o alvo da pressão é de 130 a 150 mmHg
de sistólica e de 80 a 100 mmHg de diastólica. Em pacientes com HAS
complicada (lesão em órgão-alvo, doença cardiovascular concomitante) o alvo
é de 120 a 140 mmHg de sistólica e de 80 a 90 mmHg de diastólica. Os anti-
hipertensivos utilizados na HAS crônica não protegem contra a progressão
para pré-eclâmpsia sobreposta.
Na suspeita de pré-eclâmpsia, a paciente deve ser avaliada em
Emergência Obstétrica/ Centro Obstétrico imediatamente. Crise hipertensiva na
gestação (pressão arterial sistólica maior ou igual a 160 mmHg ou pressão
arterial diastólica maior ou igual a 110 mmHg) também é indicado
encaminhamento para Emergência Obstétrica/ Centro Obstétrico.

Definição

Os valores da pressão arterial alteram com o ritmo circadiano e com


o avançar da gestação, mas se considera alterada, sustentada, quando ela
está igual ou superior a 140 mmHg de sistólica e igual ou superior a 90 mmHg
de diastólica. Na hipertensão na gestação, isso não é diferente.

Classificação dos distúrbios hipertensivos da gravidez

A elevação de PA durante a gestação pode ser classificada das


seguintes formas:
 Hipertensão crônica: Quando ocorre elevação da PA
anterior à gestação ou PA associada à idade gestacional de
até 20 semanas e presente 12 semanas após o parto
 Hipertensão gestacional: Quando a hipertensão é
diagnosticada depois das 20 semanas de gestação, sem sinal
de proteinúria ou de outros critérios de pré-eclâmpsia
 Pré–eclâmpsia: Diagnóstico de hipertensão após 20
semanas de gestação, associada à proteinúria ou a
alterações laboratoriais, como trombocitopenia, piora da
função hepática e/ou apresente quadro clínico de edema
pulmonar, distúrbios cerebrais ou visuais.
 Eclâmpsia: Crises convulsivas associadas à pré-eclâmpsia
 Síndrome de HELLP: Síndrome caracterizada por hemólise,
enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia

O que fazer?

Perante pacientes com hipertensão na gestação, é necessário que


haja acompanhamento mais rígido. Com o objetivo de reconhecer de forma
mais precoce alterações, tanto laboratoriais como sinais e sintomas clínicos
que possam piorar o prognóstico dessa gravidez. É orientado que a rotina das
consultas do pré-natal seja mensal até a 30ª semana, quinzenais até a 34ª
semana e, após isso, semanais até o parto.

Anamnese

Na primeira consulta de acompanhamento pré-natal, é necessário


realizar uma avaliação geral dessa paciente para avaliar o risco para o
desenvolvimento de pré-eclâmpsia ao longo da gestação.

Exame físico

A PA da gestante precisa ser aferida em todas as consultas, A forma


correta de realização desse exame é com a gestante sentada, com o braço no
mesmo nível do coração e com um manguito de tamanho apropriado. Caso se
tenha um resultado de PA consistentemente mais elevado em um dos braços,
o braço com os maiores valores deve ser usado para todas as medidas.
Devido a fisiologia da gestação, tanto em gestantes normotensas
como nas que possuem diagnóstico de hipertensão, haverá uma queda da PA
no fim do primeiro trimestre, com retorno ao valor pré-concepcional durante o
terceiro trimestre.
Em gestantes, a PA é classificada como: normal (< 140 × 90 mmHg),
hipertensão leve a moderada (140-159 × 90-109 mmHg), ou hipertensão
severa (≥ 160 × 110 mmHg).

Conduta proposta

 Objetivos do tratamento dos distúrbios hipertensivos

Os objetivos fundamentais do tratamento dos distúrbios


hipertensivos são:
a) Conclusão da gestação com o mínimo de trauma possível
para binômio mãe e feto
b) Nascimento de um recém-nascido (RN) que tenha condições
de se desenvolver
c) Restaurar a saúde materna.

 Tratamento medicamentoso quando ele vai ser


instituído?

Usa-se medicação na hipertensão gestacional severa (≥ 160 × 110


mmHg). No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda controle da PA com uso
de anti-hipertensivos em níveis pressóricos superiores a 150 mmHg e/ou 100
mmHg. Essa também pode ser considerada a meta pressórica no tratamento
de hipertensas crônicas. Em mulheres que já tenham lesão em órgão-alvo,
uma PA inferior a 140/90 mmHg é a cifra para meta pressórica.
Suspendem-se os anti-hipertensivos se a PA se manter em níveis
inferiores a meta, devido existir benefício na redução agressiva de PA (abaixo
de 120/80 mmHg).

 Medicamentos de escolha
A metildopa é a medicação de primeira linha no tratamento da
hipertensão na gestação. Outras medicações que também podem ser usadas
são os betabloqueadores (metoprolol), os bloqueadores dos canais de cálcio
(nifedipina) e os vasodilatadores (hidralazina).
Diuréticos tiazídicos podem ser mantidos em mulheres que já os
utilizaram previamente. Todavia, não podem ser utilizados para se iniciar o
tratamento e devem ser descontinuados caso a mulher apresente pré-
eclâmpsia.
Os IECA (captopril, enalapril) e os BRA II (losartana) não devem ser
usados durante toda a gestação devido causarem restrição do crescimento
fetal, oligo-hidrâmnio e morte neonatal. E as pacientes em uso desses
fármacos precisam substituí-los. Os antagonistas dos receptores
mineralocorticoides (espironolactona) também não devem ser utilizados.

Interrupção da gestação

Em mulheres com hipertensão crônica que não tenham tido


complicações materno-fetais, o parto deve ser realizado depois das 38
semanas de gestação. Já nas gestantes com hipertensão gestacional ou que
apresentem pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade, o parto deve ser planejado
para 37 semanas, não é recomendado prolongar a gestação para além desse
marco.
Em mulheres com pré-eclâmpsia grave e idade gestacional igual ou
superior a 34 semanas ou com condição materno-fetal instável em qualquer IG,
é necessário realizar o parto assim que possível. Nos casos onde a idade
gestacional é inferior a 34 semanas, é preciso administrar corticoides para
maturação pulmonar fetal, aguardando o período de pelo menos 48 horas para
o parto.

Perguntas Frequentes

1. Quais os medicamentos usados para tratar hipertensão na


gestação?
Resposta: A metildopa é primeira linha de tratamento, mas a
prescrição de metoprolol, nifedipino e hidralazina também pode ser feita. Evitar
IECAs e BRAs.

2. Quando tratar hipertensão na gestação?


Resposta: O Ministério da Saúde recomenda controle da PA com
uso de anti-hipertensivos em níveis pressóricos superiores a 150 mmHg e/ou
100 mmHg. Em mulheres com LOA, tratar se PA > 140/90 mmHG.

3. O que significa Síndrome HELLP?


Resposta: A síndrome corresponde a um mnemônico caracterizado
por H – Hemolysis (hemólise), EL – Elevated Liver Enzymes (enzimas
hepáticas elevadas) e LP – Low Platelet Count (Plaquetopenia).
REFERÊNCIAS

1. August P. Management of hypertension in pregnant and postpartum women.


Waltham (MA): UpToDate, 2018. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/management-of-hypertension-in-pregnant-
and-postpartum-women
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. (Série A. Normas e
Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32). Brasília: Ministério da
Saúde; 2012:318p. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_pren
atal.pdf
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico.
(Série A. Normas e Manuais Técnicos). 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde;
2012:302p. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risc
o.pdf
4. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ, Duncan MS, Giugliani C, editores.
Medicina Ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências.
4ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2013.
5. Dynamed Plus. Record n. 116522. Hypertensive disorders of pregnancy
[Internet]. Ipswich (MA): EBSCO Publishing, 2018. Disponível em:
http://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T116522/Hypertensive-disorders-of-
pregnancy
6. Freitas FM et al. Rotinas em obstetrícia. 7ª ed. Porto Alegre: ArtMed; 2017.
7. Harzheim E, Katz N, Agostinho MR, organizadores. Protocolos de
encaminhamento para obstetrícia (pré-natal de alto risco). Porto Alegre:
Secretaria Estadual da Saúde; TelessaúdeRS-UFRGS; 2016:21p.
8. Magloire L. Gestational hypertension. Waltham (MA): UpToDate, Inc.; 2018.
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/gestational-hypertension
9. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e
Comunidade. 2ª Edição ed. Porto Alegre: 2019.
10. DUNCAN, Bruce (organizador). Medicina Ambulatorial: conduta de atenção
primária baseada em evidência. Bruce B. Duncan; Maria Inês Schmidt, Elsa RJ
Guilianiet al. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. ISBN 8536326182

Você também pode gostar