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Objetivo 01

Abrangência 01

Definição 01

Referência 02

Anexo 02

OBJETIVO:

Diagnosticar de forma precoce Síndromes Hipertensivas.

ABRANGÊNCIA

Equipe médica, enfermeiros, técnicos de enfermagem envolvidos no atendimento a


gestante. Nos seguintes setores: emergência, centro cirúrgico, andar, e CTI materno e
Neonatal.

DEFINIÇÃO
Pressão arterial igual ou maior que 140/90 mmHg baseada na média de pelo menos duas
medidas. Considera-se pressão sistólica o primeiro ruído (aparecimento do som) e a
pressão diastólica o quinto ruído de Korokt Koff (desaparecimento do som). A hipertensão
é um distúrbio clínico comum, que acomete 20 a 30% dos adultos nos EUA e que
complica até 5 a 8% de todas as gestações. Os distúrbios hipertensivos na gestação
estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade maternas. De acordo com as
diretrizes da Organização Mundial de Saúde (WHO), cerca de 15% da mortalidade
materna são atribuíveis à hipertensão. A hipertensão grave aumenta o risco de ataque
cardíaco, insuficiência renal, acidente vascular encefálico e insuficiência cardíaca na mãe.
O feto e o recém-nascido também correm risco aumentado de complicações, como
transferência placentária insuficiente de oxigênio, restrição do crescimento fetal,
nascimento prematuro, descolamento de placenta, natimorto e morte neonatal.

DIAGNÓSTICO
- Pressão sistólica ≥ 140 mmHg
e/ou
- Pressão diastólica ≥ 90 mmHg
(WHO 2008 / FEBRASGO 2004)

CLASSIFCAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NA GESTAÇÃO


- Hipertensão arterial não classificada (HANC)
- Hipertensão crônica
- Pré-eclâmpsia leve, grave e eclampsia
- Pré-eclâmpsia e eclâmpsia superposta a hipertensão crônica

HIPERTENSÃO CRÔNICA / HANC

- História de hipertensão, hipertensão antes da 20ª semana de gestação ou diagnosticada


pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto.
- Avaliação por fundoscopia (fundo de olho), função renal, cardiológica e clínica.
- Critérios para o uso de drogas:
 PA ≥ 160 x 110 mmHg
 Idade Materno ≥ 40 anos
 Hipertensão há mais de 10 anos
 Hipertensão secundária
 Hipertensão com comprometimento de órgão-alvo
- Droga de escolha: α-metildopa, labetalol, diurético (pacientes sensíveis ao sal, disfunção
diastólica ventricular esquerda, evidência de congestão pulmonar). Suspender em caso
de PE e RCIU.
- Critérios para o tratamento hospitalar:
 PA ≥ 160 x 110 mmHg persistente
 Pré-eclâmpsia / eclâmpsia sobreposta
 RCIU
 HAS secundária descompensada
- Exames complementares:
 Laboratório: HG, plaquetas, TGO, TGP, DHL, ácido úrico, ureia creatinina,
clearence de creatinina, proteínas séricas, glicemia de jejum, TTG com 26
semanas, proteinúria de 24 hs ou teste randomizado, TP, TTP
 USG precoce, doppler das artérias uterinas após 23 semanas, USG mensal a partir
das 26 semanas → CIUR → doppler
 Avaliações clínicas (FO, ECG, ecocardiografia, TM, RM)

FIG.01 - Algoritmo de manejo para hipertensão crônica na gestação


PAD – pressão arterial diastólica e PAS – pressão arterial sistólica
FIG. 02 - TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO CRÔNICA DURANTE A GRAVIDEZ

O quadro acima apresenta as drogas mais usadas para o tratamento de hipertensão


crônica na gravidez, com suas respectivas dosagens e efeitos colaterais. Quando mais de
uma droga for necessária, baixas dosagens de drogas de diferentes categorias devem ser
utilizadas ao invés do uso de mono terapia até a sua dose máxima, antes de adicionar o
segundo agente.

PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE, GRAVE E ECLÂMPSIA


- PEL – PA ≥ 140 e/ou 90 mmHg, proteinúria ≥ 300 mg/24 hs ou medida por fita índice de
proteínas/creatinina ≥ 0,5 ml
- PEG – PA ≥ 160 e/ou 110 mmHg, proteinúria ≥ 2g/24 hs ou critérios para PE
- Eclâmpsia – convulsão
- Exames complementares:
 Laboratório: HG, plaquetas, TGO, TGP, DHL, ácido úrico, ureia creatinina, BI, BD,
proteinúria de 24 hs ou teste randomizado, TP, TTP
 USG precoce, doppler 23 semanas.
A presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos da
doença requerem uma monitoração mais rigorosa da PA e detecção de proteinúria.

PRÉ-ECLÂMPSIA
- Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação (ou antes, em caso de doença
trofoblástica gestacional ou hidropsia fetal) acompanhada de proteinúria, com
desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Na ausência de proteinúria, a suspeita se
fortalece quando o aumento da pressão aparece acompanhado por cefaleia, distúrbios
visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento das enzimas hepáticas.

FIG. 03 - TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO AGUDA GRAVE NA PRÉ-ECLÂMPSIA

A terapia anti-hipertensiva deve ser adotada para níveis de pressão diastólica


persistentemente acima de 105 ou 110 mmHg. Em gestantes adolescentes cujos os
níveis anteriores estavam abaixo de 75 mmHg deve-se considerar o tratamento para
níveis acima de 100 mmHg. Ver figura 03.

- Gestação ≥ 36 semanas
1. Hospitalização
2. Tratamento dos episódios de HA aguda
3. Prevenção de convulsões
4. Avaliação do grau de comprometimento e fetal (< 36 semanas)
5. Interrupção da gestação e, se possível, por indução.

- Indicações para o parto → a antecipação do parto é o único tratamento definitivo para a


pré-eclâmpsia e as indicações estão no quadro abaixo:

INDICAÇÕES PARA O PARTO NA PRÉ-ECLÂMPSIA


- Aumento persistente da PA até níveis de gravidade
- Cefaleia grave e distúrbios visuais persistentes
- Dor epigástrica grave e persistente, náuseas ou vômitos
- Contagem de plaquetas < 100.000 mm3
MATERNAS
- Deterioração progressiva da função hepática
- Deterioração progressiva da função renal
- Suspeita de deslocamento de placenta
- Trabalho de parto ou sangramento
- Restrição grave do crescimento fetal
- Suspeita ou comprometimento da vitalidade fetal
FETAIS - Oligohidrâmnio (índice de líquido amniótico < p10 para a idade
gestacional)
- Idade gestacional confirmada de 40 semanas

- Gestação < 36 semanas


 PEL – interrupção com 36 semanas
 PEG com mais de 32 semanas – interromper
 PEG com menos de 32 semanas com risco de vida materno ou fetal (SF, HELLP,
CIUR, ECLÂMPSIA, HEMATOMA HEPÁTICO, HA grave e incontrolável) –
interromper. Cuidar da plaquetopenia.
CONDUTA CONSERVADORA
Peso de 2/2 dias, PA (diurno), repouso (relativo), dieta sem restrição
MÃE
de NA+, laboratório (7 dias ou menos de 7 dias)
BCF, MF, PBF, cardiotocografia, USG, ecodoppler (artérias umbilicais),
FETO corticoide (28-34 semanas – betametazona 12 mg IM 24/24 hs, 2
doses)

ECLÂMPSIA

Prevenção e tratamento → Sulfato de magnésio (MgSO4)

- Dose de ataque: 4 g de MgSO47H2O (de 8 ml a 10 ml de sulfato a 50% em 12 ml de


água destilada) EV em 5 a 10 minutos.
- Dose de manutenção: EV 1 a 2g EV (10 ml de sulfato de magnésio a 50% mais 240 ml
SF em bomba de infusão 50 ml/h (1 g) ou 100 ml/h (2 g) UTI
- Dose de manutenção de IM: 10 ml 50% nádega a cada 4 hs

Importante: avaliar diurese (> 25 ml/h), reflexo patelar, FR (14-16) = gliconato de cálcio 10
%, 10 ml, 1 g EV lentamente.

- 2/2 hs EV
CONTROLES
- 4/4 hs IM

Cuidado: avaliar sempre função renal

Esquema de Pritchard

- Dose de ataque: 20 ml de MgSO4 20% EV lento mais 10 ml de sulfato 50% em cada


glúteo
- Dose de manutenção: 10 ml de sulfato de magnésio 50% IM 4/4 hs
- Mesmos cuidados
Na recorrência de convulsões, utiliza-se mais 2 g IV e aumenta-se a velocidade de
infusão do sulfato de magnésio. Na persistência delas, com crise subentrantes, pode-se
optar pela fenil-hidantoina, segundo o esquema:

- Dose de ataque: 250 mg + SG 5% 250 ml IV em gotejamento até completar a dose total


de 750 mg
- Dose de manutenção: 100 mg de 8/8 hs IV e, a seguir, 100 mg de 8/8 hs via oral até a
alta

ECLÂMPSIA

Dez passos!!!
1. Aspirar secreções mais protetor bucal
2. O2 3 l/min
3. SG 5% em via periférica
4. Laboratório
5. Sulfato de Magnésio (MgSO4)
6. Hidralazina EV ou Nifedipina SL se PA ≥ 160 x 110 mmHg
7. Cateter vesical
8. Aguardar a recuperação do sensório
9. Interromper a gestação (indicação de cesariana – 4/6 hs se não complicada –
hipoxemia e acidose)
10. Pós-operatório / puerpério imediato em UTI

TRATAMENTO DA CRISE HIPERTENSIVA


1. Aspirar secreções mais protetor bucal
2. O2 3 l/min
3. Paciente em decúbito lateral esquerdo
4. SG 5% em via periférica
5. Nifidipina 5-10 mg VO a cada 30 min S/N - dose máxima: 20 mg, se persistir HA
6. Hidralazina 5 mg EV, S/N 5-10 mg EV a cada 20 min, dose máxima 20 mg
7. Cuidar: PA, FCF
8. Labetalol ou Nitroprussiato de sódio
Síndrome HELLP
H Hemolyses (HDL > 600 UI/L, BT > 1,2 → anemia microangiopática
EL Elevated lived enzines – TGO ≥ 70 UI/L
LP Low platelets (< 100.000)

- Epigastralgia, mal-estar, náuseas, cefaleia e escotomas

HELLP-PARCIAL = PEG + EL ou LP
Pós = UTI
FIG. 04 – SUBFASCIAL DRAINS USED AT TIME OF CESAREAN-SECTION

FIG. 05 – SUBCAPSULAR HEMATOMA IN PATIENT WITH HELLP


Conclusão:

Os distúrbios hipertensivos da gravidez estão entre as causas mais comuns de


desfechos materno e perinatal adversos. Esses distúrbios podem ser considerados como
um espectro de doença, incluindo, desde a hipertensão crônica isolada até a pré-
eclâmpsia e eclâmpsia. A hipertensão crônica leve ou moderada isolada parece ter pouco
efeito sobre o desfecho da gravidez. As taxas de morbidade e de mortalidade são maiores
entre pacientes com pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia.
O manejo apropriado da hipertensão crônica recém diagnosticada consiste em uma
pesquisa completa à procura de uma causa subjacente. É necessária uma observação
materna e fetal rigorosa, e deve-se manter um alto índice de suspeita quanto ao
desenvolvimento de pré-eclâmpsia sobreposta.
O manejo da pré-eclâmpsia é influenciado por muitos fatores, incluindo gravidade
da doença, idade gestacional e condição fetal. O manejo ótimo requer um reconhecimento
da complexidade da doença e uma familiarização com suas manifestações em múltiplos
sistemas orgânicos. Os riscos e benefícios maternos e fetais devem ser avaliados
minuciosamente. Devem-se formular planos de tratamentos individualizados, que devem
ser discutidos com o paciente.
A paciente deve ser incentivada a participar nas principais decisões relativas à sua
assistência. Nos casos atípicos devem-se considerar diagnósticos alternativos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 Zugaib Obstetrícia – 1º edição 2008 – cap. 34 – Doença Hipertensiva da Gestação


– 599-627
 Obstetrics – Normal and Problem Pregnancies- Fifth Edition- Steve G. Gabbe,
Jennifer R. Niebyl, Joe Leigh Simpson, chapter 33- Hypertension – Baha M. Sibai
 Report of the National High Blood Pressure Education Program. Working Group
Report on High Blood Pressure in Pregnancy. Am J Obstetric Gynecol 183:51,2000
 Sibai BM : Diagnosis and Management of gestational hypertension and
preeclampsia. Obstetric Gynecol 102:181,2003.
 American College of Obstetricians and Gynecologists – Chronic hypertension in
pregnancy. ACOG Pratice Bulletin Nº 29. Obstetric Gynecol 2001; 98:177. PMID
11508256
 Altman D; Carroli G, Duley L, et al. Magpie Trial Collaboration Group: Do women
with preeclampsia and their babies, benefits from magnesium sulfate? The Magpie
Trial : A randomized placebo-controlled trial. Lancet 2002; 359:1877-1898 PIMD
12057549
 Current Diagnosis and treatment OBGYN 11th edition 2014 Gestacional
hypertension and preeeclampsia.
 Gestação de alto-risco Manual Técnico BVS/MS – bvsms.saúde.gov.br 2015
 Gestação de alto risco Manual Técnico 2016 MS/2016
REFERÊNCIAS
Não se aplica

ANEXOS
Não se aplica

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