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Colestase em lactentes:
Um tema do Pediatra
Departamento Científico de Hepatologia
Presidente: Gilda Porta
Secretária: Sandra Maria Gonçalves Vieira
Conselho Científico: Alexandre Rodrigues Ferreira, Cibele Dantas Ferreira Marques, Elisa de Carvalho,
Irene Kazue Miura, Marise Elia de Marsillac, Sandra Lucia Schuler
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Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra
to, em algumas situações, a icterícia pode ser é a biliverdina, que é convertida em bilirrubina
sinal de doenças, como nos casos de colestase pela enzima biliverdina redutase. Essa forma
neonatal, que cursam com aumento da bilirru- de bilirrubina é denominada não conjugada
bina direta (BD) e traduz a presença de doença ou indireta (BI) e é lipossolúvel. A BI liga-se à
hepatocelular ou biliar. Para estes pacientes, albumina, forma pela qual é transportada no
o esclarecimento precoce do diagnóstico etio- plasma. A BI é rapidamente captada pelo hepa-
lógico e a instituição do tratamento adequado tócito e transportada ao retículo endoplasmá-
podem exercer influência decisiva na sobre- tico, por meio de transportadores, onde é con-
vida e na qualidade de vida. Sendo assim, po- vertida pela ação da enzima uridina difosfatase
demos considerar a colestase neonatal uma glicuronosiltransferase (UGT) em compostos
urgência em Gastroenterologia e Hepatologia solúveis em água que são o monoglicuronato
Pediátricas. (15% do total) e o diglicuronato (85% do total)
A icterícia consiste na coloração amarelada de bilirrubina (bilirrubina conjugada ou direta).
da pele, escleróticas e membranas mucosas. É Esses compostos são transportados através da
decorrente da deposição da bilirrubina nestes membrana canalicular para a bile, processo que
tecidos, quando esta se encontra em níveis ele- requer energia, sendo uma das etapas mais sus-
vados no plasma (hiperbilirrubinemia). Torna- ceptíveis de comprometimento na vigência de
-se clinicamente evidente quando a concentra- lesão hepática. Uma vez excretada do hepatóci-
ção sérica de bilirrubina total ultrapassa 2,5 a to para o canalículo biliar, a bilirrubina é trans-
3mg/dL. Como a icterícia é ocasionada por uma portada por meio da bile, pelas vias biliares,
anormalidade no metabolismo da bilirrubina, para o intestino (duodeno).
estabelecer os passos da sua formação e excre- Assim, o metabolismo da bilirrubina envolve
ção é fundamental para a compreensão do seu seis passos importantes: a formação da bilirru-
diagnóstico diferencial. bina indireta nas células do retículo endotelial;
A bilirrubina é o principal produto de de- o transporte da bilirrubina indireta pelo plas-
gradação do heme, cujas fontes no organismo, ma, ligada à albumina; a captação da BI pelo he-
são a hemoglobina, a mioglobina e as hemo- patócito; a conversão da bilirrubina não conju-
proteínas. A principal fonte de bilirrubina é gada em conjugada, no hepatócito; o transporte
a hemoglobina proveniente da destruição de da bilirrubina conjugada pela membrana biliar;
eritrócitos maduros, a qual contribui com cerca e o fluxo da bilirrubina pelo sistema biliar até
de 80% a 85% da produção total. Os restantes o intestino. A alteração em qualquer um destes
15% a 20%, são provenientes da destruição passos pode ocasionar a icterícia.
prematura, na medula óssea ou no baço, de eri- De modo resumido, a icterícia pode ocor-
trócitos recém-formados; e do heme não eri- rer por: aumento da produção da bilirrubina,
troide e de hemoproteínas hepáticas tais como diminuição de sua captação, redução da con-
mioglobina, citocromo e catalases, formados jugação pelos hepatócitos e diminuição da sua
no fígado. secreção. Os três primeiros processos cursam
Em condições fisiológicas, a maioria dos eri- com elevação da BI, enquanto a diminuição da
trócitos normais é sequestrada da circulação secreção biliar apresenta-se com aumento da
após 120 dias de vida, pelas células reticuloen- bilirrubina conjugada (BD). Assim, definir se a
doteliais do baço, do fígado e da medula óssea. icterícia é decorrente do aumento da BI ou da
Nestas células, ocorre a lise dos eritrócitos e a BD ou de ambas é o primeiro passo importante
degradação da hemoglobina. A globina é degra- para o diagnóstico diferencial do paciente icté-
dada, o anel de ferroprotoporfirina é quebrado rico. A Figura 1 ilustra o metabolismo da bilir-
e o ferro parcialmente reutilizado para a sínte- rubina e as principais etapas responsáveis pela
se do heme. O produto tetrapirrólico resultante elevação da bilirrubina.
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Figura 1 – Metabolismo da bilirrubina. A figura demonstra as etapas que mais comumente são responsáveis pela eleva-
ção da bilirrubina (aumento da produção e diminuição da captação, da conjugação e da secreção biliar.
Heme
Células do SRE Sinusóides Biliverdina
Heme
P
Ca Bilirrubina Co
Biliverdina não conjugada
RE
Bilirrubina Bilirrubina
Espaço
de Disse Bilirrubina S
Circulação conjugada
CB
Bilirrubina-albumina
Hepatócito
SRE: sistema reticuloendotelial, RE: retículo endoplasmático, CB: canalículo biliar, P: produção, Ca: captação, Co: conjugação, S: secreção.
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quarto dia de vida, atinge o pico máximo na se- da atividade da UGT1 é leve, os níveis de bilirrubi-
gunda semana e permanece até a oitava semana na costumam ser menores que 6mg/dL.
de vida. Entretanto, pode persistir além da décima Em resumo, a atividade da UGT é ausente na
semana nos lactentes em aleitamento materno síndrome de Crigler–Najjar tipo I, muito reduzida
exclusivo. RN e lactentes com icterícia pelo leite na tipo II, e reduzida na síndrome de Gilbert. Des-
materno são, em geral, saudáveis, com ganho de sa forma, a evolução clínica dos pacientes com
peso adequado, coloração de fezes, urina e exa- síndrome Crigler–Najjar tipo II e de Gilbert é fa-
me físico normais. Os níveis séricos totais ou de vorável, enquanto as crianças com Crigler–Najjar
BI raramente excedem 12 mg/dL. Vários compo- tipo I necessitam de uso prolongado de fototera-
nentes do leite materno tais como pregnanodiol, pia e, em última análise, de transplante hepático,
cortisol, estriol, ácidos graxos não esterificados, em vista do grande risco de encefalopatia por
β-glucoronidase e fator de crescimento epidérmi- impregnação do córtex cerebral e dos gânglios da
co têm sido implicados na sua patogênese, além base pela bilirrubina. A síndrome de Crigler–Na-
de mutações da enzima envolvida no primeiro jjar tipo I não responde ao uso de fenobarbital,
passo da conjugação da bilirrubina: a UGT1A1. enquanto a Crigler–Najjar tipo II e a síndrome de
Outras causas menos comuns de hiperbilirru- Gilbert apresentam resposta parcial a este fárma-
binemia indireta resultam de mutações genéticas co. A função do fígado e a histologia hepática es-
no gene da UGT. O fenótipo mais grave é a síndro- tão normais nestas três entidades.
me de Crigler–Najjar, que resulta na glicuronida-
ção ineficiente da bilirrubina. Esta síndrome pode
se apresentar em duas formas, que manifestam Icterícia por aumento
diferentes graus de hiperbilirrubinemia: a tipo de bilirrubina direta
I, com hiperbilirrubinemia grave; e a tipo II, com
formas mais leves. O defeito genético observado De modo diferente da hiperbilirrubinemia
na síndrome de Crigler–Najjar tipo II parece dimi- indireta, que pode ser fisiológica, a elevação da
nuir a glicuronidação da bilirrubina e do fenol, por BD correlaciona-se sempre com estados patoló-
meio da redução da ligação da bilirrubina à UGT1, gicos e traduz a diminuição da secreção biliar por
deixando outras isoformas da UGT codificadas doença hepatocelular ou biliar, ou seja, colestase.
pelo locus do gene UGT não acometidas. O impac- Este é um quadro que representa uma urgência
to dessa mutação não é tão grave, e os pacientes e que deve ser identificado precocemente pelo
são capazes de produzir o monoglicuronídeo de pediatra.
bilirrubina e uma pequena fração de diglicuroní- Colestase é o termo utilizado para descrever,
deo, o que permite um fenótipo hiperbilirrubinê- do ponto de vista fisiopatológico, os estados pa-
mico mais leve. Na tipo I, como existe ausência da tológicos que cursam com a redução da secreção
atividade enzimática da UGT, os níveis séricos de biliar, por alterações anatômicas ou funcionais do
bilirrubina podem ser maiores que 20mg/dL, o sistema biliar. Do ponto de vista clínico, os prin-
que acarreta o risco de Kernicterus e de óbito. Na cipais achados são a icterícia, a hipocolia ou aco-
tipo II, como a diminuição da enzima é moderada, lia fecal, a colúria, o prurido e os xantomas. Em
os níveis séricos de bilirrubina podem ser maio- relação às alterações laboratoriais, o diagnóstico
res que 6mg/dL, mas não ultrapassam 20mg/dL. de colestase é sugerido pelo aumento da BD, das
A síndrome de Gilbert também é causa de hi- enzimas canaliculares [gamaglutamiltransferase
perbilirrubinemia indireta e, embora possa ocor- (GGT) e fosfatase alcalina (FA)], dos ácidos biliares
rer uma mutação na região codificadora do gene e do colesterol. No exame histopatológico, a co-
UGT1, a alteração mais comum ocorre na região lestase apresenta-se com acúmulo de pigmento
reguladora do gene UGT1, na qual a mutação do bilirrubínico nos hepatócitos e canalículos bilia-
elemento TATAA diminui a expressão de transcri- res, além de outros achados relacionados à etio-
ção da UGT1. Como nesta síndrome, a diminuição logia do caso.
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Icterícia
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Quando o quadro colestático tem como ma- é amplo, englobando doenças com diferentes
nifestação clínica a icterícia, a doença é mais prognósticos.
facilmente reconhecida. Entretanto, em alguns Progressos importantes na descoberta de
lactentes com colestase as consequências da muitas doenças e na elucidação de seus meca-
deficiência das vitaminas lipossolúveis podem nismos fisiopatológicos ocorreram nas últimas
ser os únicos sinais/sintomas da presença de três décadas. Na década de 1970, o diagnós-
colestase. Nestas crianças a hiperbilirrubinemia tico diferencial do RN com aumento da BD se
pode não ser clinicamente evidente e o atraso limitava à atresia biliar, que era responsável
no diagnóstico pode causar graves problemas, por 25% dos casos; às infecções virais, como
como a hemorragia intracraniana decorrente da toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, her-
deficiência de vitamina K. Assim, as coagulopa- pes e outros vírus (3%), e a algumas doenças
tias devem ser investigadas nos lactentes com genético-metabólicas, como galactosemia, ti-
hiperbilirrubinemia direta, e a administração rosinemia, fibrose cística e miscelâneas (7%).
imediata de vitamina K deve ser instituída. Nesta época, a maioria dos pacientes (65%) fi-
Após a identificação da icterícia colestáti- cava como portador de hepatite neonatal idio-
ca, procede-se a investigação do diagnóstico pática, um termo conveniente para definir os
etiológico. Inicialmente, deve-se estabelecer se pacientes com colestase, sem causa específica
a doença é obstrutiva ou não, isto é, se o trata- de diagnóstico etiológico. Nas últimas décadas,
mento será clínico ou cirúrgico. Nos RN e lacten- uma grande mudança deste perfil ocorreu gra-
tes jovens, investigar a possibilidade de atresia ças aos avanços da genética molecular que per-
biliar é muito importante, pois a correção cirúr- mitiu o reconhecimento de muitas doenças que
gica precoce aumenta as chances de drenagem antes eram classificadas como hepatite neona-
biliar bem sucedida após a portoenterostomia. tal idiopática. Os maiores progressos ocorreram
É fundamental identificar as causas tratáveis da no campo dos erros inatos do metabolismo e
colestase. nas alterações genéticas de processos funda-
mentais do metabolismo ou da função excre-
tora hepática, como: alteração da fisiologia da
Diagnóstico diferencial membrana (transporte), biossíntese de ácidos
biliares e disfunção de organelas.
O RN e o lactente apresentam uma reco- Na elucidação do diagnóstico etiológico
nhecida propensão colestática, por imaturidade deve-se ter como prioridade, a identificação de
dos mecanismos relacionados à produção da situações que ameaçam a vida e que têm possi-
bile, especialmente no que se refere ao meta- bilidade de tratamento, como a atresia biliar, as
bolismo dos ácidos biliares. Por este motivo, doenças infecciosas, as metabólicas (galacto-
doenças que não ocasionam colestase no adul- semia, tirosinemia, erro inato do metabolismo
to, o fazem no RN e no lactente, como é o caso dos sais biliares) e as endocrinopatias (hipopi-
da infecção do trato urinário. Assim, no período tuitarismo). O Quadro 1 descreve as principais
neonatal, o diagnóstico diferencial da colestase etiologias da colestase neonatal.
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Quadro 2 – Dados da história clínica de lactentes colestáticos, que podem ser sugetivos do diagnóstico etiológico.
História familiar
História pré-natal
Achados da Cisto colédoco, que pode ser isolado ou associado com atresia biliar
ultrassonografia Colelitíase
no pré-natal Anomalias intestinais
Suspeita de síndromes
Colestase da gravidez Mutações do gene da PFIC
Alterações mitocondriais
Esteatose hepática Deficiência neonatal da 3-hidroxiacil-coenzima A desidrogenase de
aguda da gravidez cadeia longa (LCHAD)
Infecções maternas Toxoplamamose
Rubéola
Citomegalovírus
Sífilis congênita
Herpes vírus
Oligodramnio Hemocromatose neonatal
Fibrose hepática congênita em forma fetal (neste caso, associado à
hipoplasia pulmonar e fácies de Potter)
História do RN/lactente
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continua...
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Quadro 3 – Dados do exame físico de lactentes colestáticos, importantes para o diagnóstico etiológico.
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... continuação
I- COLESTASES HERDADAS
SÍNDROME DE ALAGILLE
Gene- JAG1 ou NOTCH2
DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-AT (A1AT)
Gene- SERPINA 1
CITRULINEMIA TIPO II, COLESTASE INTRAHEPÁTICA NEONATAL DEVIDO À DEFICIÊNCIA DE CITRINA)
Gene- SLC25A13
ARTROGRIPOSE, DISFUNÇÃO RENAL E COLESTASE 1
Gene- VPS33B (15q26.1)
ARTROGRIPOSE, DISFUNÇÃO RENAL E COLESTASE 2
Gene- VIPAS39
DOENÇA POLICÍSTICA RENAL E HEPÁTICA 1 AUTOSSÔMICA RECESSIVA (ARPKD)
Gene- PKHD1
continua...
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V- DOENÇAS DE DEPÓSITO
LISOSSOMAL
NIEMANN PICK C
Genes - NPC1 e NPC2
DOENÇA DE FARBER
Gene ASAH (8p21.3-p22)
DOENÇA DE GAUCHER TIPO 2
Gene- GBA
DE GLICOGÊNIO
DOENÇA DE ARMAZENAMENTO DE GLICOGÊNIO DE TIPO IV (GSD4, Doença de Andersen, ou
amilopectinose)
Gene- GBE1 (3p12)
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VIII - OUTRAS
FIBROSE CÍSTICA
Gene- CFTR – mutação ∆F-508 associada à insuficiência pancreática exócrina na doença
Observação 2 -Sepse necessita ser descartada sempre. Sepse recorrente pode sugerir distúrbio
metabólico.
Oligodrâmnio
Doença policística renal e hepática 1 autossômica recessiva (ARPKD) – gene PKHD1
Dismorfismo
Deficiência de mevalonatoquinase- Gene MVK
Síndrome de Zellweger- Genes PEX
Síndrome de Refsum neonatal– Genes PEX1, PEX2
Síndrome de Alagille- genes JAG1, Notch2
continua...
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Distúrbio neurológico
Síndrome de Zellweger - Genes PEX
Síndrome de Refsum neonatal - Genes PEX1, PEX2
Síndrome de Niemann-pick C - Genes NPC1, NPC2
Síndrome de Gaucher tipo 2- Gene GBA
Deficiência de mevalonatoquinase - Gene MVK
Síndrome de depleção mitocondrial - Genes dGK, POLG, MPV17
Insuficiência hepática de início mais tardio em crianças (síndrome de Alpers-Huttenlocker) - Gene
POLG
Hipoglicemia
Deficiência de complexo III - Gene BCS1L
Síndrome de depleção mitocondrial - Genes dGK, POLG, MPV17
Observação 1 - A Glicogenose IV não leva à hipoglicemia.
Observação 2 - Além de infecção, suspeitar de infecção insuficiência hepática aguda, ou
distúrbio metabólico (p.ex. galactosemia, tirosinemia tipo 1, intolerância hereditária à frutose),
ou pan-hipopituitarismo.
Observação 3 - Seguindo jejum curto, associada à cetoacidose: sugere também intoxicação
metabólica (galactosemia, tirosinemia tipo 1, intolerância hereditária à frutose).
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Insuficiência renal
Doença policística renal e hepática 1 autossômica recessiva (ARPKD) – gene PKHD1
Rins policísticos
Doença policística renal e hepática 1 autossômica recessiva (ARPKD) – gene PKHD1
Síndrome de Zellweger - Genes PEX
Alterações laboratoriais
Citopenia (trombocitopenia, anemia e neutropenia)
Síndrome de Niemann-pick C- Genes NPC1, NPC2
Síndrome de Gaucher tipo 2- Gene GBA
Os exames complementares, de modo geral, estes devem ser solicitados conforme a principal
têm dois objetivos diferentes. O primeiro é ava- suspeita, direcionada pelos achados clínicos. O
liar a presença de colestase e definir a gravida- Quadro 6 ilustra os exames solicitados, nos dife-
de da doença e do acometimento hepático. No rentes níveis de investigação no lactente coles-
seguimento, definida a presença da colestase, os tático, enfatizando a necessidade de individuali-
exames buscam diagnosticar a etiologia da do- zar cada caso, a idade da criança e o estágio da
ença. Como o diagnóstico diferencial é amplo, doença.
Exames nível 1
Objetivos: definir gravidade da doença hepática e etiologia da colestase.
Sangue: Hemograma, reticulócitos e plaquetas, eletrólitos, cálcio, fosfato, magnésio, ureia,
creatinina
INR (TAP), TTPA
AST, ALT, FA, GGTP, BTF, proteinograma e glicose.
Alfa-1-antitripsina/fenótipo (Pi)
TSH e T4L
CMV, herpes (simples, zoster, humano tipo 6), hepatite B, rubéola, reovirus tipo 3,
Adeno e enterovirus, parvovirus B19, HIV, toxoplasmose, sífilis.
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Exames nível 2
Exames nível 3
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A campanha do alerta amarelo orienta que se criança apresentar aumento de BD, a criança deve
o RN ou lactente apresentar: acolia/hipocolia fe- ser encaminhada para serviços especializados.
cal e colúria (em qualquer idade) ou persistir com Este procedimento simples conseguiu melhorar o
icterícia com idade igual ou maior que 14 dias, prognóstico de pacientes com atresia biliar em vá-
deve ser avaliado do ponto de vista clínico (glo- rios países. A Figura 7 resume a campanha do Aler-
bal e coloração das fezes e urina) e laboratorial ta Amarelo, que deve ser divulgada em todas as
(bilirrubinas). Se as fezes foram “suspeitas” ou a regiões brasileiras, com os centros de referência.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Diretoria
Triênio 2016/2018
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