Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2, Junho de 2018
1
Caderneta de Saúde da Criança: Instrumento de Promoção do Desenvolvimento
Tabela 1
Desenvolvi-
Coordenação Coordenação Resolução
mento Linguagem Linguagem
Idade Motora Motora Autoajuda de
Socio- Compreensiva Expressiva
Ampla Fina Problemas
emocional
Postura Mãos Segura Olha para Brinca com Se dirige em Sorri, vocaliza
simétrica. abertas, brevemente rostos novos, as mãos, direção a uma socialmente.
arranha e no peito leva objetos reconhece a voz, para de
4 meses
agarra. ou garrafa, à boca e olha mamadeira. chorar com
mamadeira. para chocalho voz calmante
na mão. ou conhecida.
2
Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento • Sociedade Brasileira de Pediatria
e como são feitos os estímulos familiares deve ser distância de um palmo da sua face, deixe que o
levantada. Uma redução da força ou tônus muscu- fixe bastante, e vá mudando a direção do objeto
lar (hipotonia) ou do controle motor deve ser pen- pela linha média do seu corpo e veja se ela acom-
sada e investigada, lesões ou malformações do panha este movimento com a cabeça e os olhos
sistema nervoso central (SNC), paralisia cerebral, e se esboça uma tentativa, mesmo que modesta,
doenças musculares e até mesmo degenerativas de alcançá-lo. Utilize as trajetórias horizontal e
do SNC devem ser descartadas. Neste momento, vertical e observe se os olhos do lactente acom-
poderá ser orientado um encaminhamento para panham o objeto.
uma avaliação especializada.
De acordo com a CSC, aos 6 meses a criança
já tem uma busca ativa por objetos e pessoas, ini-
Avaliação dos reflexos primitivos ciando nesta idade uma fase importante do de-
de 4 a 6 meses: senvolvimento social, a atenção compartilhada,
• Preensão palmar: a partir dos 4 meses já de- em que já se inicia de forma dinâmica uma reci-
saparece e os movimentos já vão se tornando procidade social, uma busca maior pelo interesse
voluntários. no outro. No colo da mãe, busque a atenção da
criança com um objeto ou brinquedo. Veja se ela
• Reflexo de Moro: começa a desaparecer e per-
tenta buscá-lo de forma ativa, deixe que pegue o
siste até, no máximo, 6 meses de vida.
objeto, observe se o manipula de forma adequa-
• Reflexo tônico-cervical: a persistência nesta da, com as duas mãos, o leva à boca e posterior-
idade já representa uma possível lesão cerebral mente o pega novamente. Neste momento, ela irá
grave. compartilhar com os olhos e o rosto a trajetória do
mesmo, tentando buscá-lo e dividindo o mesmo
• Reflexo da procura ou voracidade: deve desa-
interesse, aproveite para levá-lo até o seu rosto e
parecer por volta dos 4 meses de vida.
busque um contato visual e social com a criança.
Na criança de 4 meses, teste sua resposta ati- Aos 4 meses, a criança já emite alguns sons
va ao contato social ficando à sua frente e conver- (gugu, eee, etc), murmura, vocaliza socialmente,
sando com ela. Veja se ela responde com sorriso grita e sorri. Aos 6 meses, consegue emitir sílabas
e emissão de sons como se estivesse “conversan- isoladas, com combinação de consoante e vogal
do” com você, ou peça para a mãe ou cuidador (ba, da, ga) e consegue, também, obter a localiza-
fazer o mesmo teste. Aproxime um objeto a uma ção da fonte sonora.
3
Caderneta de Saúde da Criança: Instrumento de Promoção do Desenvolvimento
Frente a uma criança de 4 a 6 meses, obser- treio do desenvolvimento infantil serve para iden-
ve se ela emite estes sons supracitados, conver- tificar estas alterações em um período de tempo
se com ela, tente interagir socialmente e ofereça em que a avaliação formal e a intervenção seriam
algo que pode chamar a sua atenção. Pergunte cruciais para as crianças, aproveitando a neuro-
aos pais ou cuidadores se estes sons e comporta- plasticidade, para que o SNC possa organizar res-
mentos acontecem em casa. postas mais funcionais e mais próximas do espe-
rado para a idade da criança. É importante se ter
Com a criança de 4 meses, no colo da mãe ou
em mente que o processo de formação da criança
deitada, faça um barulho suave (sino, chocalho,
acontece como um todo e durante todo o tempo,
chave, etc.) próximo a uma das orelhas da criança
através de estímulos globais, de forma dinâmica e
e observe se a mesma direciona a cabeça e o olhar
vendo que desta forma será mais fácil encontrar o
para a fonte sonora. Repita do lado oposto e veja
que a impede de exercer suas capacidades e fun-
a resposta. Caso ainda não sejam observadas es-
ções de forma livre e plena.
tas situações, é importante descartar inicialmente
uma alteração auditiva, com uma testagem espe- Desta forma, deve-se estar atento a fatores de
cífica com fonoaudiólogo e/ou otorrinolaringolo- risco pré-natais, como prematuridade, baixo peso
gista. Além disto, é importante também investigar e alterações de crescimento intrauterino, pós-na-
causas ambientais, como falta de diálogo com a tais como anóxia neonatal, ventilação mecânica
criança, mãe com depressão, lar disfuncional ou, prolongada, sepse, meningite, crises convulsivas,
até mesmo, excesso de cuidadores causando es- baixo nível socioeconômico, depressão paren-
tresse ou outros fatores. tal, dentre outros. Deve sempre ser investigado
algum transtorno do desenvolvimento em todas
Não havendo resposta satisfatória após orien-
as crianças de 4 meses que não emitem sons, ba-
tações específicas para cada caso, encaminhar
rulhos ou gargalhadas, que não trazem as mãos
para equipe de reabilitação. No diagnóstico dife-
até a linha média do corpo de forma espontânea
rencial devemos considerar, também, a possibili-
e que não sorriem. Da mesma forma, em todas
dade de transtorno de comunicação social e/ou
as crianças de 6 meses que não acompanham os
linguagem, transtorno do desenvolvimento, defi-
sons ou não compartilham a atenção dos familia-
ciência intelectual e disfunção motora.
res e cuidadores, que não passam objeto de uma
mão para outra, que não expressam sorriso social
espontâneo ou com estímulo. Quando estes des-
Considerações finais vios do desenvolvimento são observados, os pe-
diatras são os primeiros responsáveis para que os
pais saiam do consultório com orientações sobre
Compreender o desenvolvimento normal é os encaminhamentos especializados necessários
importante para que o pediatra seja capaz de re- e as primeiras intervenções a serem feitas por
conhecer os atrasos e desvios de trajetória. O ras- eles em casa.
4
Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento • Sociedade Brasileira de Pediatria
Instrumento de Vigilância do
Desenvolvimento de Crianças
de Zero a 12 meses
Registre na escala: P = marco Presente A = marco Ausente NV = marco Não Verificado
Marcos do
Como pesquisar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
desenvolvimento
Postura: barriga
Deite a criança em superfície plana, de
para cima, pernas
costas; observe se seus braços e pernas ficam
e braços fletidos,
flexionados e sua cabeça lateralizada.
cabeça lateralizada
Posicione seu rosto a aproximadamente 30cm
Observa um rosto acima do rosto da criança e observe se ela olha
para você, de forma evidente.
Bata palma ou balance um chocalho a cerca de
30cm de cada orelha da criança e observe se ela
Reage ao som
reage com movimentos nos olhos ou mudança
da expressão facial.
Posicione a criança de bruço e observe se ela
levanta a cabeça, levantando (afastando) o
Eleva a cabeça
queixo da superfície, sem se virar para um dos
lados.
Sorria e converse com a criança; não lhe faça
Sorriso social
cócegas ou toque sua face. Observe se ela
quando estimulada
responde com um sorriso.
Observe se em alguns momentos a criança abre
Abre as mãos
as mãos espontaneamente.
Observe se a criança emite algum som que não
Emite sons seja choro. Caso não seja observado, pergunte
ao acompnhante se ela faz em casa.
Movimenta
Observe se a criança movimenta ativamente os
ativamente os
membros superiores e inferiores.
membros
Fique à frente do bebê e converse com ele.
Resposta ativa ao Observe se ele responde com sorriso e emissão
contato social de sons como se estivesse “conversando” com
você. Pode pedir que a mãe/cuidador o faça.
Ofereça um objeto tocando no dorso da mão
ou dedos da criança. Esta deverá abrir as mãos
Segura objetos
e segurar o objeto pelo menos por alguns
segundos.
Fique à frente da criança e converse com ela.
Emite sons
Observe se ela emite sons (gugu, eeee etc.).
De bruço, Coloque a criança de bruço, numa superfície
levanta a cabeça, firme. Chame sua atenção à frente com objetos
apoiando-se ou seu rosto e observe se ela levanta a cabeça
nos antebraços apoiando-se nos antebraços.
Coloque um objeto ao alcance da criança
Busca ativa de (sobre a mesa ou na palma de sua mão)
objetos chamando sua atenção para o mesmo.
Observe se ela tenta alcançá-lo.
Leva objetos à Coloque um objeto na mão da criança e observe
boca se ela o leva à boca.
Faça um barulho suave (sino, chocalho etc.)
próximo à orelha da criança e observe se ela vira
Localiza o som
a cabeça em direção ao objeto que produziu o
som. Repita no lado oposto.
Coloque a criança em superfície plana de barriga
Muda de posição
para cima. Incentive-a a virar para a posição de
ativamente (rola)
bruço.
5
Caderneta de Saúde da Criança: Instrumento de Promoção do Desenvolvimento
BIBLIOGRAFIA:
4. Knobloch H, Pasamanick B. Gesell and Amatruda’s 11. Swaiman KF, et. al. Neurologic Examination after
developmental diagnosis. New York: Harper; Newborn Period until 2 Years of Age. Swaiman’s
1974. Pediatric Neurology, 2012; 5th ed.: e33-41.
5. Funayama CAR. Evolução Neurológica. Exame 12. Diament A, Cypel S. Exame neurológico do
Neurológico da Criança 2004-FUNPEC Ed.: 50- Lactente. Neurologia Infantil-Atheneu, 2005; 4ª
80. edição: 35-66.
6
Diretoria
Triênio 2016/2018