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Sumário
Diagnóstico e Datação da Gestação ............................................................................................... 3
Assistência Pré Natal ...................................................................................................................... 6
Infecção Urinária na Gestação ..................................................................................................... 11
Mudanças Fisiológicas na Gestação ............................................................................................. 16
Puerpério...................................................................................................................................... 19
Hemorragias da Primeira Metade da Gestação ........................................................................... 24
Hemorragias da Segunda Metade da Gestação ........................................................................... 28
Sofrimento Fetal Agudo – LHC ..................................................................................................... 31
Infecções Perinatais e Arboviroses............................................................................................... 33
Diabetes mellitus Gestacional ...................................................................................................... 41
Rotura Prematura de Membranas Ovulares ................................................................................ 45
Síndromes Hipertensivas.............................................................................................................. 48
Gestação Gemelar ........................................................................................................................ 56
Doença Hemolítica Perinatal ........................................................................................................ 61
O diagnóstico da gestação se baseia sempre na IG, a qual é calculada a partir do primeiro dia
da última menstruação (DUM), e o primeiro sintoma a aparecer é a amenorreia, que pode vir
acompanhada de outros sintomas.
• Diagnóstico de Possibilidade: entre 4 e 6 semanas. Acompanhado de náuseas e vômitos
(êmese ou hiperêmese gravídica, a depender da intensidade), congestão mamária maior
que a habitual, polaciúria, sonolência e tonturas.
• Diagnóstico de Probabilidade: 6-14 semanas. Acompanhada de alterações uterinas ao
toque vaginal, como aumento de volume, alterações na consistência (Sinal de Hegar,
consistência amolecida) e no formato (Sinal de Piskacek, abaulamento na região da
nidação), aumento do volume abdominal (palpação uterina somente após 12 semanas)
• Diagnóstico de Certeza: > 14 semanas. Acompanhada do sinal de Puzos (rechaço
intrauterino) após 14 semanas, percepção de movimentos e segmentos fetais após 18
semanas e ausculta do BCF (110-160 bpm).
Teste rápido de gestação: disponível na atenção básica, com a urina da paciente, e pesquisa
a molécula total de hCG. Feito quando se há um atraso menstrual maior de 7 dias.
Beta-hCG: usa o sangue ou a urina como material de análise, fazendo a pesquisa penas da
parte beta da molécula. Pode ser feito até 7 dias antes da amenorreia (se for usar sangue) e 1
dia depois da amenorreia (se for usar urina).
• Diagnóstico ultrassonográfico:
USG transvaginal:
-Saco gestacional: 4 semanas
-Vesícula vitelínica: 5-6 semanas. Cada embrião tem a sua, ajuda a diferenciar gestação múltipla
de gestação única
-Eco embrionário com BCE: 6-7semanas
-Cabeça fetal: 11-12 semanas
-Placenta: 12 semanas
• Datação da Gestação:
Datação clínica: Usa-a DUM da paciente, caracterizando qual foi o primeiro dia dela, assim
como foi o último sangramento, se foi semelhante ou não às anteriores, além disso perguntar se
estava usando algum método de proteção e qual era a duração média dos ciclos anteriores (a
data da ovulação influencia no momento concepção, uma paciente com ciclo regular de 25 dias
ovulou mais precocemente do que uma com o ciclo regular de 32 dias).
Medida da AU: palpar a borda superior da sínfise púbica, e o fundo uterino. Colocar uma
fita métrica inextensível entre esses dois locais, e realizar a medida.
O objetivo para a divisão foi dar maior segurança ao RN. Os nascidos na gravidez a termo
precoce apresentavam com frequência algumas complicações características da prematuridade
(proporcionalmente ao tempo menor de gestação). No caso dos nascidos na gravidez a termo
tardia (quanto mais próximo a 42 semanas, apresentavam com frequência complicações de
gestação pós termo.
Como conclusão, esse período de gravidez a termo completo é o momento ideal para o
nascimento, seja ele espontâneo ou programado (indução de TP ou cesárea). Nascimentos
anteriores a esse período, só deve acontecer a interrupção por orientação médica.
• Objetivos da assistência:
• Organização da assistência:
Avaliação do risco obstétrico pode mudar o número de consulta. Para pacientes de baixo
risco:
• Mensal até 32 semanas
• Quinzenais entre 32-36 semanas
• Semanais a partir de 36 semanas até o momento do parto.
A paciente só ganha alta do pré-natal após o parto, pois é ao final da gestação que se tem
mais número de complicações, logo, devem ser acompanhadas até o fim
Cartão pré-natal: é o documento da gestante, orientar sempre que a mulher ande com ele
dentro da bolsa, pois em casos de emergência ele será de grande valia.
Para isso, devemos preencher corretamente e completamente o cartão, pois isso faz parte do
pré-natal de qualidade. É uma obrigação do médico.
Consulta inicial: avaliar idade, cor, estado civil, escolaridade, história familiar e
pregressa, história gineco-obstétrica pregressa. Avaliar também a história gineco-obstétrica
atual e as intercorrências clínicas
Cálculo da idade gestacional pela DUM ou pelo primeiro USG que a paciente tiver.
Cálculo da DPP – regra de Naegele: se refere ao dia em que a paciente completa 40 semanas de
gestação
Anamnese especial: abordar hábitos vida pois o tabagismo pode causar CIUR (crescimento
intrauterino restrito), DPP (descolamento prematuro de placenta), TPP (trabalho de parto
prematuro). Estimular hábitos saudáveis e atividade física regular.
Na primeira consulta deve ser sistêmico, avaliar mucosas, tireoide, varizes, peso, PA, edema,
mamas, pulsos, ausculta.
Nas consultas subsequentes avalia-se:
HAS:
PAS >140 e/ou PAD >90 mmHg.
PAD > 110 mmHg em uma única aferição.
Confirmar com a paciente em DLE após 30 minutos
Classificação clínica:
+/4+: até a tíbia
++/4+: coxas e membros superiores
+++/4+: todo o corpo, exceto cavidades serosas
++++/4+: anasarca
• Palpação obstétrica:
• Altura uterina (AU): cresce em torno de 4cm ao mês e auxilia a avaliar a IG.
• Ausculta fetal:
6 -7 semanas: USG
10-12 semanas: Sonar Doppler
18-22 semanas: Pinard
• Avaliação ginecológica:
• Exames complementares:
Devem ser feitas 3 rotinas de exames durante a gestação, uma em cada trimestre.
Hemoglobina, hematócrito, ABO/RH, glicemia de jejum, sorologias de sífilis, toxoplasmose e
rubéola (IgM e IgG), HIV e hepatites virais, TSH
Urina tipo 1 com cultura e antibiograma, repetindo próximo a 30 semanas
Sorologias devem ser repetidas próximo a 30 semanas
TOTG entre 24-28 semanas para diagnostico de diabetes gestacional
Cultura para Streptococos do grupo B: realizada entre 35-37 semanas. Se cultura + se faz ATB
venoso durante o trabalho de parto (ampicilina ou penicilina)
Se houver história previa de ITU por estreptococo ou RN prévio com sepse pelo patógeno
se faz ATB IV.
Em cesariana sem trabalho de parto ou rotura de membrana e que tiverem cultura
positiva, não é preciso fazer o ATB.
USG:
Entre 11 e 14 semanas para a transluscência nucal e datação da gestação.
Entre 19 e 23 semanas se faz a morfologia fetal (USG morfológico)
Entre 34 e 37 semanas se faz o USG para avaliar o crescimento fetal, o volume de líquido
amniótico e a localização placentária.
• Vacinação:
• Suplementação:
Ácido fólico: idealmente iniciado 2-3 meses antes da concepção. Mas se faz o início no
momento do diagnóstico da gestação. Manter até a 12ª semana
Dose: 0,4 a 0,8 mg/dia.
Em caso de má absorção, uso de anticonvulsivante ou gestação previa com má formação de tubo
neural aumentar para 4 a 10 mg/dia.
Ferro: 40mg de ferro elementar por dia durante toda a gestação e até o 3º mês pós-parto
para todas as gestantes.
Está entre as infecções mais comuns entre os adultos, especialmente entre as mulheres.
Na gestação pode cursar com complicações maiores, logo, o diagnóstico precoce deve ser feito.
Infecção em:
• Uretra e bexiga: ITU baixa —> uretrite e cistite
• Rins e ureteres: ITU alta —> pielonefrite
• GESTANTES QUE FAZEM PIELONEFRITE, TEM 20% DE CHANCE DE EVOLUIR PARA SEPSE
Na gestação além dessas duas formas clínicas, devemos reconhecer e tratar a bacteriúria
assintomática.
• Etiologia e Fisiopatologia
O principal micro-organismo envolvido é a bactéria E. Coli (até 90%) dos casos. Seguida de
outros patógenos, também próprios da flora vaginal: Enterobacter, Klebsiella, S. Agalactie,
Pseudomonas sp.
Curta distância entre o ânus e o meato uretral externo feminino facilita a chegada dos micro-
organismos até o introito vaginal e sua ascensão ao trato urinário inferior, onde se aderem à
mucosa através de fímbrias
Progesterona em altos níveis durante a gestação faz com que ocorra um relaxamento da
musculatura lisa, causando hipotonicidade e dilatação delas, além de causarem hipomotilidade
do trato urinário. Isso causa uma hidronefrose e um refluxo vesico ureteral fisiológicos.
Aumento do fluxo plasmático e da TFG, que faz aumentar o débito urinário e tornar a urina
menos concentrada e menos ácida. Isso, associado ao aumento da liberação de glicose e
aminoácidos, torna a urina um excelente meio de cultura para tais patógenos
Dextrorotação uterina: durante a gestação, o útero fica levemente virado para a direita, o
que comprime mais a via urinária desse lado, fazendo uma estase maior de urina e promovendo
aumento das afecções em ureter e rim direitos
Complicações maternas
Trabalho de parto pré-termo: mesmo em ITU leves, pode haver uma evolução para
corioamnionite que ativa prostaglandinas que iniciam o trabalho de parto
Rotura prematura de membranas
Complicações perinatais
• Bacteriúria assintomática
É uma alteração mediada geneticamente, ocorre nas que tem tendência, por uma ativação
gênica.
A cada 7 mulheres com BA tratadas se previne 1 pielonefrite.
Pesquisada através do rastreamento pré-natal universal, com urocultura e antibiograma a
cada trimestre de gestação.
Urocultura positiva: acima de 100.000 UFC/mL da mesma bactéria no jato urinário médio.
Valores entre 10.000 e 100.00 devem ser comprovados mediante outro exame.
Se houver presença de mais de um tipo de micro-organismo se considera que houve uma
contaminação.
Se houver um resultado positivo já se pode iniciar o tratamento.
Antibioticoterapia por 5-7 dias conforme o antibiograma
Controle de cura após 7 a 10 dias para confirmar a eficácia do tratamento
Orientações para o exame: Lavagem adequada das mãos antes de coletar a urina, fazer a
higiene da região vulvar, desprezar o jato inicial e final, colher apenas o jato médio.
• ITU baixas
Cistite e uretrite
Quadro clínico:
-Disúria
-Polaciúria
-Urgência miccional
-Dor supra púbica
-Hematúria
Nem tudo que arde é ITU: examinar sempre, buscando algum corrimento, ferida etc.
Diante da suspeita clínica se trata empiricamente, optando por tratamento de longa duração,
solicitar a urocultura antes de iniciar o tratamento, para confirmar qual é o patógeno envolvido
e, caso seja necessário, trocar o tratamento.
• Pielonefrite
H. Prévia de ITU
ITU prévia durante a gestação atual
Malformações e/ou litíase do TU
Doenças endócrino-metabólicas
HAS
Anemia (por qualquer etiologia)
• Sinais e sintomas
Febre
Calafrios
Náuseas e vômitos
Queda do estado geral
Dor em flanco, e sensibilidade na região costo-vertebral
Sinal de Giordano positivo: punho-percussão em loja renal
• Exames
• Antibioticoterapia venosa:
Após 48 horas que a paciente estiver afebril e com melhora clínica, então se pode passar
para antibioticoterapia oral e completar 10 dias de tratamento.
• Prevenção de recorrências: Profilaxia com ATB (reduz até 95% a chance de nova
infecção)
Quando fazer:
Opções de ATB
• Modificações mamárias
• Modificações cutâneas
• Modificações hematológicas
Pela possibilidade de perda volêmica grande durante o parto o corpo aumenta a volemia
materna, aumentando o volume de plasma em até 40%. Esse acréscimo se inicia na 6ª semana
de gestação e tem uma expansão mais acelerada durante o segundo trimestre, até reduzir sua
velocidade e alcançar o platô nas últimas semanas da gestação.
Além disso, ocorre aumento de 20% da concentração eritrocitária, com maior
incremento no terceiro trimestre. Aumenta também a eritropoietina, que justifica nas pacientes
gestantes uma ligeira reticulocitose a partir do segundo trimestre.
• Modificações hemodinâmicas
• Modificações respiratórias
• Modificações gastrintestinais
• Modificações osteoarticulares
• Modificações urinárias
A TGF aumenta em 50% após a sexta semana, porém o fluxo de plasma aumenta em até
60%, fazendo com que a paciente retenha glicose na urina (glicosúria). Ocorre uma dilatação
pielocalicinal à direita, por causa de uma compressão do sistema coletor.
• Modificações metabólicas
Puerpério fisiológico
• Útero:
Logo antes do nascimento ele se encontra na altura do rebordo costal, e logo após o
nascimento ele já pode ser encontrado entre 4-3 cm acima da cicatriz umbilical. Após 1 semana
esse útero se encontra a meio caminho entre a cicatriz umbilical e a sínfise púbica, e após 2
semanas temos a total recuperação endometrial.
Além disso há a loquiação, que é formada pela camada superficial da decídua, associada
a sangue, exsudato, elementos celulares e bactérias, e os lóquios podem ser de três tipos:
Lóquia rubra: ocorre nos primeiros 4 dias, composta de restos da decídua e sangue, por
isso a coloração avermelhada
Lóquia serosa: persiste por até 3 semanas pós-parto, tendo cor acastanhada, de “sangue
velho”.
Lóquia Alba: coloração amarelada pela presença de leucócitos, persiste por até 6
semanas pós-parto.
Lóquios podem perdurar por até 42 dias, mas em média duram de 24-36 dias.
• Colo uterino:
No primeiro dia pós-parto ele estará dilatado, com cerca de 3-4 cm, e ao final da primeira
semana estará com 1-2 cm. Nas pacientes nuligestas o colo é puntiforme e nas multigestas ele é
em fenda.
• Vagina/Períneo:
Logo após o parto é possível que a vagina esteja hiperemiada e edemaciada e isso pode
perdurar por 3 semanas, ela começa a se contrair lenta e gradualmente. Quando há lacerações
pequenas, elas cicatrizam espontaneamente.
O Períneo pode estar edemaciado e pode ter havido lacerações grandes, que devem ser
suturadas, para prevenir infecções e deiscência.
As hemorroidas são muito comuns na gestação, pela alteração do hábito intestinal, com
maior consistência fecal, além do aumento da pressão abdominal, geralmente após o parto há
regressão espontânea, e não requer maiores cuidados
O HCG normalmente já está com seu valor normal após 2-4 semanas pós-parto. A
ovulação geralmente retorna a partir da 4ª semana pós-parto na mulher que não está
amamentando, e após o 6º mês na mulher que estava amamentando o bebê exclusivamente.
• Mamas:
A lactação é desencadeada pela dequitadura, e alguns hormônios vão ter uma queda
durante o período puerperal, e outros terão uma elevação, por participarem da lactação.
• Aparelho digestivo:
• Aparelho urinário:
O débito urinário pode estar reduzido após o parto, pela desidratação, esforço físico e
perdas sanguíneas. Nos dias subsequentes esse débito urinário pode estar aumentado, pela
reabsorção do edema.
• Aparelho circulatório
Puerpério patológico:
• Infecção puerperal:
Infecção de canal de parto: menos comum, pois, a cicatrização é muito boa. Quando
ocorre geralmente é por deiscências, lacerações, hematomas e antissepsia inadequada. Esse
quadro pode ser identificado por hiperemia, calor, dor, edema e secreção purulenta.
Infecção de ferida operatória: geralmente manifesta-se entre 5-7 dias pós-parto, estando
associada a alguns fatores de risco:
-Alterações hipertensivas
-Obesidade
-Ruptura prematura de membrana
-Parto prévio por cesariana
-Imunossupressão
-Longo tempo cirúrgico
-Diabetes mellitus gestacional
Nos casos graves teremos celulite e abcesso de parede, que cursam com mal-estar geral,
febre, dor intensa e comprometimento sistêmico.
Temos que realizar a cultura da secreção sempre que possível.
A conduta é internação com abordagem cirúrgica e esquema de associação de
Clindamicina e Gentamicina EV.
Tromboflebite séptica pélvica: é raro, se trata de uma infecção que evolui com trombose
de veias miometriais, pélvicas e ovarianas. É um diagnóstico difícil, feito por exclusão, e se dá a
partir de uma febre na primeira semana de pós-parto que não tem explicação.
Tratamento: antibiótico até que a paciente fique 48 horas sem febre e haja redução da
leucocitose. A associação de anticoagulantes é controversa na literatura.
Mastite: infecção da mama, levando a edema, dor, febre e indisposição. A pele local fica
hiperemiada e endurecida, com sinais de calor. A causa principal é um ingurgitamento mamário
e galactocele, estando normalmente associada a fissuras que abrem uma porta de entrada para
bactérias (S. aureus é a principal), durante a lactação.
A prevenção é pela pega correta do bebê e o esvaziamento mamário completo.
• Hemorragia pós-parto:
Traumas do trato genital: geralmente por lacerações por uso de fórceps, manobras
obstétricas e parto taquitócito. Tratamos com a revisão do trajeto e suturas aonde for necessário.
Ruptura uterina: quadro grave, causado por cicatriz uterina prévia, uso de uterotônicos
(ocitocina ou misoprostol em quem tem cirurgia prévia). O tratamento é com laparotomia com
sutura ou histerectomia.
Retenção placentária: são restos que ficaram dentro da cavidade, que acabam fazendo
um volume que impede o útero de se retrair. Pode ser por material que não saiu ou por acretismo
placentário (placenta aderida que não dequita completamente). O tratamento é feito com
extração manual, curagem ou curetagem, e antibioticoterapia.
Inversão uterina: o útero vira ao avesso e sai pelo colo uterino, geralmente pela tração
excessiva do cordão umbilical. Pode ser reversível com manobras de Taxe ou Johnson, associado
a uterolíticos, para evitar sua contração na posição errada. Uma vez revertido usamos
uterotônicos. É possível também fazer o tamponamento da cavidade uterina, com compressas,
por 2 horas, para fazer um volume lá dentro e evitar que ele se reverta novamente (pois isso é
uma tendência).
Fatores de risco:
1. Idade avançada materna: anomalia genética nos óvulos maior risco de alterações
cromossomiais e de bebês sindrômicos.
2. Abuso de álcool e cafeína
3. Cocaína e tabagismo
4. Abortamento prévio
5. Medicações como AINE e Misoprostol
AMIU: é uma seringa que forma um vácuo, introduz no útero e puxa o material lá de
dentro, mais atraumática que a curetagem.
Velas de Hegar: as vezes o colo está fechado, e precisamos dilatá-lo para entrar com a
cureta para a raspagem do material. Podemos fazer guiado por USG, o que seria melhor para
evitar perfuração uterina, ou às cegas. No aborto infectado, evitar fazer as cegas sem tratamento
antimicrobiano primeiro, pois se perfurar, a infecção cai na cavidade abdominal. Além disso,
preferir o AMIU nesses casos.
Tratamento: vácuoaspiração com AMIU ou elétrica, e, se após isso não conseguir retirar
as vesículas, fazer a curetagem, e até pensar em histerectomia ou histerotomia (abrir o útero,
tirar vesículas e fechar, se quiser preservar fertilidade). Pedir RX de tórax e avaliar metástase.
Fazer imunoglobulina pois se a paciente for RH- para impedir sensibilização na eritoblastose
fetal. Após isso, fazer o seguimento semanal com beta HCG, que deve estar se reduzindo.
Durante o acompanhamento ela não pode engravidar, logo, fornecer anticoncepção de longa
duração.
Esvaziamento por histerectomia geralmente é feito na mola incompleta, em que o
diagnóstico é mais tardio, além disso há o feto. Multíparas, acima de 40 anos, com tumor uterino
grande também é indicativo de histerectomia.
Estadiamento:
Estágio 1: restrito ao útero
Estágio 2: invade estruturas genitais
Estágio 3: expressão pulmonar
Estágio 4: o tumor se disseminou para outros órgãos, como cérebro, fígado, rins e/ou
trato gastrointestinal.
A metástase pulmonar é a principal de acontecer, logo, sempre acompanhar com RX de
tórax.
O normal é o útero com a placenta em seu fundo, e não há obstrução alguma do canal
do parto. Ao USG se vê o fundo, a placenta e o bebê, nessa sequência. Ela pode estar até um
pouco lateralizada, mas não interfere.
Placenta prévia total: obstrui todo o canal do parto, ficando toda sob o orifício do colo.
Placenta prévia marginal: apenas uma parte do colo está ocluída pela placenta.
Placenta de inserção baixa: está até 2cm do colo.
Placenta prévia tem indicação absoluta de cesárea. Se for marginal até poderia nascer,
mas se já tiver esse diagnóstico, preferir cesárea. No caso de placenta de inserção baixa, a
indicação não é absoluta.
Quadro clínico: sangramento indolor, vermelho vivo, sem relação com esforço ou
traumatismo, visto que a própria movimentação do bebê é capaz de fazer sangrar. Chamado de
sangramento sentinela, pois ele é autolimitado e deve ser investigado com USG. Exame físico
com exame especular (toda queixa de sangramento no terceiro trimestre deve ser feito o exame
físico especular). No primeiro momento evitar o toque pelo risco de deslocamento da placenta
e aumento do sangramento. A investigação deve ser feita com USG TV ou RNM (menos
disponível, mas muito importante).
Avaliar se há instabilidade hemodinâmica, se não houver devemos manter conduta
expectante, com programação da cesárea. Conduta ativa se instabilidade ou idade fetal acima
de 37 semanas, nesse caso não esperar, pode tirar o bebê, pois ele já não é prematuro e os riscos
são altos.
Mãe estável, feto inviável: se perguntar se conseguimos fazer o parto em 6 horas, se não,
cesárea de urgência. Mãe instável, cesárea de urgência.
Feto morto: vigilância alta. Considerar amniotomia, para acelerar o parto.
DPP crônico: paciente tem ao USG um descolamento placentário. Se pode ter conduta
conservadora, mas isso é muito controverso na literatura.
Complicações
Choque hipovolêmico
Insuficiência renal
Necrose hipofisária: Síndrome de Sheehan
DPP: quadro súbito e grave, hemorragia única e dolorosa, podendo ser oculta, dor
presente, sangramento escuro, aspecto de coágulos, anemia importante, sofrimento fetal
rápido, hipertonia, estado materno grave, USG não deve ser esperado para diagnosticar.
Vasa prévia: inserção anômala do cordão umbilical. O cordão umbilical sai do meio da
placenta, e, normalmente, ele é encapado, porém nesses casos ele fica com seus vasos
desprotegidos, e eles passam na frente do colo. Ao toque, podemos sentir vasos próximos à
membrana amniótica. Durante a amniorrexe, sangramento abundante e súbito, deve intervir
rapidamente pelo risco de exanguinação fetal, e óbito. A conduta é cesárea imediata. Se no USG
morfológico virmos essa alteração, programar a cirurgia com 34 semanas, pois não corremos o
risco de ela entrar em trabalho de parto.
Fatores de risco:
Diagnóstico:
Feito a partir do perfil biofísico fetal
Cardiotocografia: medida da frequência cardíaca fetal, primeiro parâmetro alterado.
Movimentação fetal
Movimento respiratório fetal
Tônus fetal
Líquido amniótico: quando alterado é sinal de sofrimento crônico.
Além disso, há outras medidas, como o Mobilograma, que consiste em pedir a mãe que
após a refeição se deite em DLE e contabilize quantos movimentos ocorreram em 1h. Se estiver
entre 5-10 está normal. Inferior a 5, repetir esse processo para confirmar o valor. Se mantiver
inferior a 5, procurar a maternidade.
Cardiotocografia
Feita no período expulsivo, para mães de baixo risco de 15/15 min, de alto risco 5/5 minutos.
Parâmetros:
Medidas de reanimação:
Toxoplasmose
Rubéola
Citomegalovírus
Herpes e Hepatites
Sífilis
Toxoplasmose
Alta prevalência na região sul e Sudeste, e por isso tem baixa incidência durante a
gestação. A transmissão fetal pode ocorrer em qualquer período da gestação, e durante o
primeiro trimestre, a infecção é transmissível em até 15% dos casos, e no terceiro trimestre pode
chegar a cerca de 60%.
No entanto, a gravidade da infecção fetal é inversamente proporcional ao risco de transmissão,
desse modo, um bebê infectado no primeiro trimestre tem mais riscos de desenvolver sequelas
e morte fetal muito maior quando comparado a um bebê que adquiriu a doença 15 dias antes
de nascer.
Consequências fetais
• Abortamento
• Surdez
• CIUR
• Catarata
• Microcefalia
• Hidropisia fetal
• Esplenomegalia
Transmissão: a principal forma é por via oral, com a ingestão de oocistos e cistos
teciduais, através do consumo de carne crua ou mal-cozida, água contaminada e até higiene
precária (ingesta de ovos presentes nas fezes de animais contaminados). Na fase aguda, a mãe
pode ter quadro febril e sintomas gripais, e a doença pode passar despercebida. Essa fase dura
até 4 semanas, e por isso, muitas pessoas nem sabem que já tiveram.
Na suspeita de infecção aguda (IgM positivo), vamos lançar mão do IgA e do teste de
avidez (avalia grau de interação entre antígeno e anticorpo, e quanto maior for, há mais avidez e
maior tempo de doença).
• Avidez < 30%: infecção recente (há menos de 4 meses)
• Avidez > 60%: infecção antiga (há mais de 4 meses)
Tratamento:
Instituído assim que houver suspeita, antes do resultado do exame, para reduzir risco de
transmissão transplacentária.
Tratamento da mãe: Espiramicina 3g/dia de 8/8h
Tratamento do feto: feito se a PCR vier positiva, começar tratamento após 20 semanas
pois são drogas teratogênicas. Fazemos o esquema alternado:
Primetazina 50mg/dia + Sulfadiazina 3g/dia + Ácido folínico 15mg/dia 2x/semana por 4 semanas
Seguido de:
Espiramicina 3g/dia por 2 semanas
Manter esse esquema até 36 semanas, e a partir desse momento, fazer somente
Espiramicina até o parto. Acompanhar o bebê com USG quinzenal e após o nascimento, fazer a
propedêutica fetal, acrescida de punção lombar.
Rubéola
Doença viral aguda, que no adulto não tem muitas consequências, mas no feto pode
causar morte ou sequelas. Na mãe podemos ter febre baixa, conjuntivite e linfadenopatia, pode
Não há tratamento para a doença, e devemos manter sintomáticos, caso seja necessário.
A notificação é compulsória.
Rubéola congênita:
• Até 12 semanas: maior risco de sequela fetal e de transmissão, pode haver abortamento,
morte intraútero e malformações.
• Até 18 semanas: principal consequência fetal é a surdez.
• Após 18 semanas: raro haver consequências fetais
A pesquisa de infecção fetal é feita após 18 semanas, pela PCR do líquido amniótico. Se
vier negativa o bebê não foi infectado, se vier positiva houve o contágio. Devemos acompanhar
pelo USG, e qualquer alteração deve ser comunicada aos pais. Se vier normal podemos fazer
cordocentese para avaliar alterações sistêmicas.
Profilaxia: vacinação em todas as mulheres em idade fértil e não grávidas, pois ela é
contraindicada na gestação, em imunodeprimidas e durante quadros febris.
Sífilis
A doença pode ser congênita ou adquirida (IST), e pode ser dividida em primária,
secundária, terciária ou latente (entre secundária e terciária). A adquirida pode ser precoce ou
tardia.
Diagnóstico
Tratamento:
A paciente pode dizer que após tomar a primeira dose do medicamento apresentou
quadro de febre, mialgia, cefaleia e hipotensão e relata ter “alergia a penicilina”, no entanto isso
é a chamada Reação de Jarisch-Herxheimer, causada pela destruição dos antígenos, e ela deve
continuar o esquema terapêutico, acompanhando com o VDRL.
Tratamento incompleto:
• Paciente não comprova que foi tratada
• Titulação que não cai
• Parceiro não tratado ou não testado
• Tratamento concluído em até 1 mês antes do parto
• Tratamento feito com algum remédio que não é penicilina (tratou a mãe, o feto não)
Citomegalovírus
A infecção fetal pode ocorrer pela infecção aguda materna ou reativação viral, e pode
ocorrer através de secreções corporais, leite materno, transfusão sanguínea e transplantes. A
transmissão fetal pode ocorrer via transplacentária, canal do parto ou leite materno.
Os sintomas maternos geralmente são inespecíficos e semelhantes a quadro gripal, com
febre, mialgia, cefaleia, faringite, diarreia, tosse e náuseas. Os efeitos no recém-nascido podem
ser surdez ou até retardo mental.
Até 20% das crianças têm síndrome citomegálica: hepatoesplenomegalia, icterícia,
petéquias, púrpura, baixo peso, prematuridade, trombocitopenia e retinocorioidite. Dessas
crianças, 1/3 morre em algumas semanas, e dentre as sobreviventes, 90% têm alguma sequela.
Quando a infecção ocorre antes das 20 semanas de gestação ela é mais grave, pois o bebê ainda
está em formação.
Diagnóstico:
Sorologia materna e teste de avidez
Rastreio: não recomendado, pois não se sabe a forma de transmissão e não há nenhuma
vacina ou imunidade permanente
Avaliação fetal: punção do líquido amniótico e PCR após 20 semanas. No USG podemos
ver alterações, como microcefalia, CIUR, óbito intraútero etc. Sempre que houver alteração
detectada devemos informar à mãe.
Nos dois últimos casos nem precisaria fazer a coleta com Swab, pois já é indicativo de
fazer profilaxia mesmo se ele vier negativo.
Tratamento:
Feito durante o TP
Diagnóstico:
• Clínico
• Citológico: células gigantes multinucleadas
• Testes sorológicos
• PCR
Transmissão neonatal: ocorre no momento do parto pelo contato direto com as lesões.
A doença herpética neonatal pode ocorrer em até 3 semanas pós-parto, podendo ser cutânea
ou generalizada (muitas vezes fatal).
Tratamento
Escolha adequada da via de parto: se não há lesões durante o parto, pode ser via vaginal
ou cesárea. No entanto, quando há lesões a cesariana é a indicação. A amamentação pode ser
mantida desde que não haja lesões em mamas.
O tratamento medicamentoso não é uma rotina, a não ser que a paciente tenha infecção
disseminada ou lesões no fim da gestação
Hepatites virais
Hepatite B: a transmissão pode ocorrer por via sexual, transfusão sanguínea, saliva e
leite materno. Quando ocorre infecção do feto 90% se tornam portadores crônicos da doença, e
25% morrerão por cirrose ou carcinoma. Na forma aguda da infecção 90% evoluem com cura
espontânea, e o restante pode ter cirrose aguda ou hepatite.
Na gestação devemos identificar e prevenir transmissão ao RN. A gestação não influencia no
curso da doença materna, e a doença aguda depende do comprometimento materno, logo, se a
mãe estiver mais debilitada, maior chance de abortamento, morte fetal e TP prematuro.
Hepatite C: Os sintomas são inespecíficos e a maioria dos quadros são crônicos, com
alteração de transaminases, o risco para a mãe é um DM gestacional e para o RN pode ter ruptura
prematura de membrana, baixo peso, necessidade de UTI.
O momento da transmissão é desconhecido.
A via de parto não precisa ser alterada, mas se tiver coinfecção com HIV, preferir cesárea
pois aumenta muito risco de transmissão
A amamentação não é contraindicada, exceto se houver sangramento mamilar
O tratamento não é indicado na gestação pelo risco para o feto, geralmente medidas de suporte.
Arboviroses
Dengue: Na gestação a evolução é a mesma, assim como o tratamento, que são medidas
de suporte. Há a fase febril, seguida da fase crítica, em que há uma falsa melhora, e logo após
esse momento se instala um quadro de dor abdominal e aumento de hematócrito, podendo
haver choque hipovolêmico, acidose metabólica, CIVD.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: PRÉ ECLAMPSIA E SÍNDROME HELLP
Zika vírus: Gera um quadro de muita dor articular e no corpo, com exantema e prurido
intenso, febre baixa. Complicação neurológica com Guillain-Barre. Tratamento sintomático e
hidratação. O risco fetal e maior no primeiro trimestre, podendo causar microcefalia, morte fetal
intrauterina e abortamento.
Conceito
DM diagnosticado durante a gestação e que não preenche critérios clássicos de DM
prévio.
Quando diagnosticado na gestação é chamado de overt diabetes.
Critérios de risco de DM
Tipos de DM
• DM 1
• DM 2
• Gestacional
• Outros tipos específicos
Diabetes gestacional
Fisiopatologia:
Os hormônios que têm seu pico durante a gestação (com 24-28 semanas) como cortisol,
lactogênio placentário e progesterona, são anti-insulínicos e, nesse período, fazem aumento da
glicemia materna, independente da ingesta da mulher, de modo a disponibilizar glicose para o
feto. Paralelamente há aumento da produção de insulina pelas células beta, para compensar
essa situação, e temos uma gestação normal.
No DM gestacional há aumento da resistência à insulina, mas por algum motivo, não há
produção de insulina suficiente para neutralizar esse excesso, e isso aumenta a glicemia materna
sem contraposição. Possivelmente por um sobrepeso materno, SOP, sd. Metabólica etc. Nesse
cenário ocorre instalação do DM.
O feto recebe esse grande aporte de glicose, mas ele não é diabético, ele produz insulina
desde o primeiro trimestre, e, por ser um hormônio anabólico, o feto começa a depositar
gordura em excesso, se tornando macrossômico.
Fatores de risco
Complicações
Para a mãe
• Tocotraumatismos
• Aumento da frequência de cesariana
• Pré-eclâmpsia e HAS gestacional
• Risco de DM e Sd. metabólica no futuro
Para o bebê
Malformações não são comuns, pois o período de hormônios insulínicos ocorre após o
período de organogênese, então, no DM gestacional elas são menos frequentes. Isso não é
verdade quando falamos de pacientes que já eram diabéticas antes da gestação, essas sim têm
risco. As mais comuns são defeitos de tubo neural e transposição de grandes vasos.
Rastreamento
GJ na primeira consulta
• <92 mg/dL: normal
• >126 mg/dL: diagnóstico de DM prévio
• 92-125 mg/dL: considerar diagnóstico de DM gestacional
Tratamento
Pontos de corte:
120 mg/dL após 2 horas
140 mg/dL após 1 hora
Entre 60-100 mg/dL em jejum
Esquema de Insulinoterapia
Insulina NPH
0,2 – 0,3 UI/kg: 2/3 de manhã e 1/3 a noite
Metformina: não há estudo a longo prazo sobre os efeitos no feto de mães que usaram
o medicamento. Por isso, só uso na paciente que precisa ser medicada, mas não tem condição
de fazer o controle, possui dificuldade ou estresse ao usar insulina, ou está em uso de doses altas
da insulina (especialmente nas pacientes obesas em que a dose ultrapassa 100UI), ou nas
pacientes que não fazem o controle diretamente. O medicamento age reduzindo a resistência
periférica a insulina.
Controle fetal:
Parto
Durante o TP, a glicemia dele estar mantida entre 80 e 110 mg/dL, sempre em
monitorização. Geralmente, após a retirada da placenta os níveis glicêmicos são normalizados,
no entanto, cerca de 44% das pacientes com DM gestacional podem evoluir com DM 2 em até
12 anos após o parto. Logo, o pré-natal é um ótimo momento para orientações gerais e
mudanças de estilo de vida.
Após 6 semanas, a paciente deve ser submetida a um novo controle, para saber se ela
se tornou diabética ou não.
No TOTG, se a glicemia estiver acima de 200 mg/dL duas horas depois da ingesta da
sobrecarga de glicose, ou se a GJ foi acima de 126 mg/dL. Se estiver nos níveis intermediários
(GJ entre 110-125 mg/dL e TOTG entre 140 e 199 mg/dL), devemos orientá-la a levar uma vida
saudáveis e estimular MEV e alimentação saudável.
Amniorrexe espontânea que acontece antes do início do trabalho de parto (TP). Quando
ocorre antes de 37 semanas, chamados de RPMO pré-termo, e após esse período é chamada de
RPMO termo.
A RPMO pré-termo ainda pode ser subdividida quando ocorre:
• Abaixo de 24 semanas
• Entre 24 e 34 semanas
• Entre 34 e 37 semanas
Causas:
Complicações:
Diagnóstico
• Clínico
• Anamnese: perda abundante de líquido
VIRGÍNIA GUERSON MED 116 45
• Exame físico: líquido exteriorizando pelo OE do colo ou líquido livre em fundo de saco.
Evitar toque vaginal, pois aumenta progressivamente o risco de infecção. Só faço quando
ela está francamente em TP.
• USG: pode-se avaliar a presença de líquido em quantidade adequada ou não, além de
avaliar a vitalidade fetal
• Testes
Testes
• Papel de nitrazina: usado para identificação de pH, e quanto mais ácido ele for, mais
amarelado o papel fica, e quanto mais alcalino, mais azul ele fica. Secreção vaginal tem
pH ácido (papel amarelo), e LA tem pH alcalino (papel fica azul).
• Cristalização: se pega um pouco de líquido vaginal e colocar numa lâmina e deixar secar.
Se ao microscópio percebermos um padrão de cristalização parecido com folhas de
samambaia, muito provavelmente se trata de uma amniorrexe.
• Teste do fenol vermelho: coleta de um pouco de líquido vaginal com um tampão e se
pinga um pouco desse líquido, de coloração alaranjada, na secreção. Se ela ficar em tom
rósea- avermelhada, sugere amniorrexe.
• Teste do Azul do Nilo: pesquisa de elementos fetais em conteúdo vaginal, como
presença de lanugem, escamas e células da epiderme fetal, que se tornam alaranjadas
(chamadas de orangiófilas) após o contato com a solução.
• Testes rápidos: mais caro, mas mais sensível e mais específico que os demais.
Identificam proteínas do LA (alfa 1 microglobulina placentária e IGFBP-1). Realizados
com swab vaginal.
Condutas
Condutas gerais:
1. Internação
2. Rastreio infeccioso: hemograma e PCR a cada 48h
3. Monitorizar o bebê com Cardiotocografia
4. Coleta de cultura para estreptococo do grupo B da região anal e vaginal, mesmo que ela
não esteja entre 35-37 semanas
5. Cultura cervical para pesquisa de clamídia e gonorreia
6. Rastreio de sinais de corioamnionite:
Critérios clínicos:
Temperatura acima de 37,8ºC E ao menos dois dos seguintes:
• Útero doloroso
• Odor vaginal desagradável
• Taquicardia materna (acima de 100bpm) ou fetal (acima de 160bpm)
• Leucocitose acima de 15000 cels/mL
Condutas específicas
Quando estiver em TP ou for induzir o parto em gestante pré-termo ou quando for termo
e estiver com bolsa rota acima de 18h.
• Penicilina G benzatina 5.000.000UI EV dose de ataque + 2.500.000 a cada 4h até o parto.
Para ser considerada efetiva, o parto deve ocorrer em até 4h após a dose de ataque.
Se não tiver penicilina pode-se usar Ampicilina 2g IV + manutenção de 1g a cada 4h.
Pré-eclâmpsia
Fatores de risco
• HAS e DM pré-existentes
• H. Familiar de pré eclampsia (mãe teve, filha pode ter)
• Obesidade (IMC > 30)
• Extremos da vida reprodutiva
A profilaxia com AAS 100mg/dia se mostrou muito eficaz em reduzir esses riscos, e deve
ser feita em pacientes que possuem 1 fator de alto risco ou 2 de moderado risco.
Devemos classificar o risco de a paciente ter pré-eclâmpsia com base em algoritmos,
adicionando com o Doppler das uterinas e marcadores laboratoriais (se tiver), para definir quem
deve usar.
A partir do momento em que a invasão das arteríolas ocorre de forma inadequada ocorre
hipóxia e estresse oxidativo, com liberação de mediadores químicos que levam a vasoconstrição,
que causam ainda mais hipóxia e estresse, culminando em um ciclo vicioso de ausência de
oxigênio. A falência do remodelamento vascular impede uma resposta adequada do fluxo
sanguíneo necessário para que a gestação se desenvolva de forma adequada.
Essas relações são especialmente “boas” quando vem negativas, visto que o índice de
confiança de que a paciente não terá pré-eclâmpsia nos próximos 7 dias é muito alto. A
recomendação é não fazer esses marcadores de rotina, pois se vierem positivos, podemos
preocupar a paciente sem necessidade, devido ao baixo valor preditivo positivo. A avaliação
clínica da paciente aliada ao Doppler de uterinas são os parâmetros usados no dia a dia.
Profilaxia:
• AAS 100-150 mg/dia. Iniciar antes de 16 semanas, após isso não há benefício.
• Cálcio (mais benefício nas com baixa ingesta): 1g/dia de carbonato de cálcio
Classificação de pré-eclâmpsia
Quanto à gravidade
• Sem sinais de gravidade: leve
• Com sinais de gravidade: grave
Diagnóstico
Avaliação clínica: pesquisa de sintomas, avaliação da PA, avaliação do ganho de peso, avaliação
fetal
Laboratório: proteinúria de 24h ou relação UA/UC (melhor para paciente de ambulatório)
clearance renal, TGO e TGP, plaquetas, hemograma e bilirrubinas
Avaliação fetal: USG obstétrico e USG com Doppler de uterinas, umbilical e cerebral média,
Cardiotocografia, perfil biofísico fetal.
Tratamento
Pré-eclâmpsia leve:
• Controle ambulatorial: vigilância da paciente, consultas semanais ou quinzenais
• Avaliação das condições fetais e placentária
• Doppler no primeiro trimestre para identificar a anormalidade do fluxo arterial, Doppler
com 28 semanas para identificar presença da incisura protodiastólica, Doppler com 34
semanas para avaliar condições fetais.
• Manter PA de até 140x90 mmHg: melhora peso fetal, reduz prematuridade e casos de
HA grave.
• Se a paciente e o feto estiverem estáveis podemos aguardar o início espontâneo do TP.
Se houver algum agravamento devemos considerar resolução por cesariana a partir de
37 semanas. Não é indicação absoluta de cesariana, devem avaliar os demais critérios.
Sempre avaliar se a paciente está fazendo intoxicação por magnésio, para isso, podemos
observar a presença de reflexo patelar (se presente é sinal de que está tudo bem) ou pelo débito
urinário (se estiver acima de 30 ml/h). Se houver redução desse fluxo urinário ou ausência do
reflexo devemos dosar o magnésio sérico para avaliar intoxicação.
Eclâmpsia
Tratamento
• Internação
• Controle pressórico com Nifedipina ou Hidralazina
• Tratamento das convulsões com sulfato de magnésio: infusão de 2g/h
• Controle fetal
• Interrupção da gestação
Síndrome HEELP
É um quadro laboratorial em que há plaquetopenia, hemólise e elevação de enzimas
hepáticas.
Tratamento
• Prevenção de convulsões: sulfato de magnésio por até 48h pós-parto
• Controle de PA
Maior responsável pela piora do quadro materno e consequências fetais. Pode ser
classificada em leve ou grave.
Tratamento
Conduta obstétrica
Complicações obstétricas
Pré natais:
• Hiperêmese gravídica: aumento significativo da quantidade de Beta-hCG circulante.
• Anemia: aumento da demanda por ferro e ácido fólico
• Abortamento: as gestações gemelares são vistas como “erros” pelo organismo
• Pré-eclâmpsia
• Polidramnia
• TP prematuro: sobredistenção uterina
• Amniorrexe prematura
• DPP
• CIUR
Intraparto
• Prematuridade
• Discinesias uterinas
• Apresentações anômalas
• Prolapso de cordão
• DPP
Pós-parto
• Hemorragia: atonia uterina devido a sobredistenção
Gêmeos idênticos: não há fator hereditário ligado à sua formação, é um evento aleatório.
Dizigotícos: como os fetos são independentes, em 100% dos casos essas gestações serão
dicoriônicas e diamnióticas.
USG: essencial para classificar o tipo de gestação. Quando feito no primeiro trimestre
conseguimos datar com precisão a IG da paciente, detectar o número de placentas e sacos
amnióticos, observar malformações e avaliar crescimento fetal e comunicações vasculares.
Se passar dessa fase ideal se perde um pouco essa capacidade de detecção de problemas,
quantas placentas e quantos sacos amnióticos existem.
Permite:
• Contagem de embriões
• Datação da gestação pelo CCN: pode haver diferença de 3-5% entre os fetos até 13
semanas e 6 dias. Nesse caso consideramos a medida do maior para fazer a datação. Se
for maior de 10% a discordância entre os CCN podemos prever desfechos ruins para os
fetos, como abortamento e morte fetal, discrepância de peso ao nascimento, parto
prematuro e malformações. Quando o USG é feito após 14 semanas, usamos a
circunferência cefálica do maior feto para datar a gestação.
• Avaliação da Corionicidade: principal fator prognóstico dos gemelares, pois a
monocoriônica está associada a complicações. A melhor idade gestacional para realizar
essa avaliação é até 13s e 6d.
Quando os fetos dividem uma placenta é comum que os vasos dos cordões umbilicais ao
invés de irem apenas para a placenta, fazem anastomoses entre si, fazendo uma comunicação
das circulações fetais. Isso ocorre em até 90% dessas gestações, mas, felizmente, a maioria dos
casos permanece em equilíbrio do balanço do volume sanguíneo.
Restrição de crescimento intrauterino seletivo: ocorre quando um gêmeo está com peso abaixo
do percentil 10 com Doppler de artéria umbilical alterado. Além disso, se houver diferença acima
de 25% pede peso entre os fetos, já é indicativo de que há um problema.
Abordagem
Resolução da gestação:
Parto vaginal: possível quando o primeiro feto estiver cefálico. Se o segundo não estiver,
podemos fazer a versão interna e extração pélvica dele. Fazer monitorização contínua do
segundo gemelar.
Cesárea para o segundo gemelar: feita quando o segundo evolui para sofrimento fetal
agudo, ou está em uma posição anômala que não pode ser corrigida, quando há descolamento
prematuro de placenta, prolapso de cordão, parada da descida de apresentação e complicações
maternas.
Quadro clínico
• Anemia leve em 50% dos casos, com icterícia discreta
• Anemia moderada, hepatoesplenomegalia e icterícia precoce em 25% dos casos
• Anemia grave (nesse caso o bebê tenta compensar eliminando hemácias jovens
e aumentando o consumo de proteínas), edema generalizado (hidropsia fetal).
Geralmente não há clínica materna nem nos casos graves de anemia, no entanto, em
poucos casos pode haver a síndrome espelho, onde a mãe e o bebê não estão bem, e ela fica
anêmica também.
Rastreio
Teste de Coombs Indireto: observa se a mãe tem anticorpos contra antígenos
eritrocitários. Quando vem negativo, a mulher é não sensibilizada, se positivo, ela tem anticorpos
e é considerada sensibilizada.
Tipagem paterna: não considerada como rastreio e nem condução do caso, pois o pai
pode ser diferente do relatado pela mãe.
Acompanhamento:
Repetir o exame todo mês até 28 semanas se ela for sensibilizada, isso pois a partir desse
tempo, aplicamos imunoglobulina anti-RH (anti D) na paciente, para que haja neutralização de
hemácias fetais RH positivas, impedindo produção de anticorpos. Devemos fazer novamente
Após o nascimento do bebê fazemos imunoglobulina para proteção materna contra nova
ocorrência da doença em gestações futuras, visto que os quadros tendem a ser cada vez mais
graves pelo aumento crescente do número de anticorpos. Isso culmina em maiores
consequências fetais.
Pesquisa de Du: é um antígeno D mais fraco, e quando a paciente tem Du deve ser
considerada como positiva e conduzida como tal.