Produção textual, análise de gêneros e compreensão
Luís Antônio Marcuschi Noção de gênero textual, tipo textual e domínio discursivo Marcuschi (2008) afirma que os gêneros textuais são entidades dinâmicas que se dão de acordo com as nossas atividades sócio-comunicativas, como forma de legitimação discursiva. Apresentando padrões caracterizados por suas composições funcionais, pelos objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. (MARCUSCHI, p. 154-155, 2008) Os tipos textuais, ou modos textuais são uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo). Caracterizam-se como sequências linguísticas ou retóricas. Existem cinco modos textuais: narrativo, argumentativo, expositivo, descritivo e injuntivo. (MARCUSCHI, p. 154-155, 2008) Imagine que você está preparando um de bolo de chocolate. Será necessário utilizar alguns ingredientes para fazer a massa desse bolo, como leite, óleo, trigo, chocolate ou achocolatado, açúcar, ovos e fermento. Esses ingredientes misturados formaram uma massa que depois de assada formará o bolo de chocolate. Os tipos textuais funcionam como os ingredientes desse bolo, eles servem para construir a nossa comunicação verbal e oral, que logicamente estruturadas formam um gênero textual, nesse caso a receita do bolo de chocolate. Em síntese, os tipos textuais são os ingredientes usados para a produção do bolo, enquanto que gênero textual é produto desses ingredientes materializados. Os gêneros textuais são designações sociorretóricas e os modos textuais são designações teóricas, ambos possuem uma relação de complementaridade. É importante ressaltar que para distinguir os tipos textuais é necessário utilizar critérios linguísticos e estruturais, enquanto que para distinguir os gêneros é necessário recorrer aos critérios funcionais da língua. Segundo Marcuschi (2008) o domínio discursivo constitui práticas discursivas nas quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que às vezes lhe são próprios ou específicos como rotinas comunicativas institucionalizadas e instauradas de relações de poder, que indica instâncias discursivas, como um discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso, etc. É bem difícil definir o domínio discursivo, por isso ele deve ser analisado de forma sistemática e menos intuitiva. (MARCUSCHI, p. 155, 2008) Gêneros textuais como sistema de controle social Os gêneros textuais são nossa forma de inserção, ação e controle social no dia-a-dia, pois estamos inseridos numa sociedade que nos molda sob vários aspectos e nos conduz a determinada ações. (MARCUSCHI, p. 162, 2008) Em outras palavras os gêneros textuais estabilizam a nossa atividade sociocomunicativa de acordo com nossas vivências sociais e culturais. Determinamos nossa comunicação oral ou verbal conforme o evento que estamos participando. Em uma igreja ou esfera religiosa, nós não iremos utilizar os mesmos recursos linguísticos para nos comunicar que utilizamos quando estamos assistindo a um jogo de futebol. Certamente na igreja nossa linguagem será mais culta e formal, enquanto que na partida de futebol iremos usar uma linguagem mais técnica, menos formal e por vezes inapropriadas ao ambiente religioso. Isso também ocorre com os textos escritos, nossa atividade discursiva é controlada conforme o ambiente que estamos introduzidos. Os universitários durante sua vida acadêmica, por exemplo, irão se deparar frequentemente com esses gêneros textuais: ensaios, teses, artigos científicos, resumos, conferências, etc. (MARCUSCHI, p. 162, 2008)