definição e funcionalidade. In.: BEZERRA, Maria Auxiliadora; DIONISIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel (orgs). Gêneros textuais e ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. pág. 19-36.
RESENHA CRÍTICA
Luiz Antônio Marcuschi (1946-2016) era doutor em filosofia da linguagem, pela
Universidade de Erlangen-Nuremberga e pós-doutor em questões de oralidade e escrita, pela Universidade de Friburgo, na Alemanha. Foi professor titular em linguística do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde criou o Núcleo de Estudos Linguísticos da Fala e Escrita (NELFE). Publicou diversas pesquisas pioneiras na área de linguística e diversas obras como: Linguística de Texto: o que é e como se faz? (1983); Análise da conversação (1986); e Da fala para a escrita: atividades de retextualização (2001).
O Marcuschi (2005) escreveu o capítulo Gêneros textuais: definição e
funcionalidade, no livro Gêneros textuais e ensino (2005), que é o texto referência desta resenha. No item 1, Gêneros textuais como práticas sócio- históricas, Marcuschi (2005) analisa da contribuição dos gêneros textuais na ordenação e estabilização das atividades comunicativas do dia-a-dia. Para o autor, os gêneros textuais “são entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa” (2005, p.19). Por meio das culturas que os gêneros textuais surgem, são situados e integrados, funcionando comunicativamente, cognitivamenta e institucionalmente. CURSO DE LETRAS No item 2, Novos gêneros e velhas bases, Marcuschi (2005) propõe uma discussão sobre como o uso das novas tecnologias intensificam e interferem nas atividades comunicativas cotidianas, possibilitando o surgimento de novos e inovadores gêneros textuais. Ao citar Mikael Bakhtin, o autor diz que esse linguista russo já em sua época dialogava sobre o surguimento de novos gêneros quando notado “na transmutação dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos” (MARCUSCHI, 2005, p.21).
No item 3, Definição de tipo e gênero textual, a proposta é compreender que a
não é possível uma comunicação verbal, a não ser com uso de gêneros e algum texto. Esse modo que pensar parte da “noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva, privilegia a natureza funcional e interativa ” (MARCUSCHI, 2005, p.22). Para o autor, o texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Já o discurso, é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva, se realizando nos textos. Desta forma, os tipos textuais são uma espécie de sequência teórica, definida em sua composição por sua natureza linguística.
Ainda sobre os tipos textuais, no item 4, Algumas observações sobre os tipos
textuais, o autor faz um desdobramento sobre a tipologia textual, dizendo ser heterogêneo, formado por um conjunto de traços que formam uma sequência e não um texto. Ele afirma um texto bem coeso é aquele onde o autor demonstra a capacidade “em fazer essa costura ou tessitura das sequências tipológicas como uma armação de base, ou seja, uma malha infraestrutural do texto” (MARCUSCHI, 2005, p.27). Marcuschi (2005) chama a atenção para as três características a construção dos gêneros: da composicional, do conteúdo temático e o estilo. E conclui o item dizendo que “os gêneros são [...] o reflexo das estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura” (MARCUSCHI, 2005, p.29). CURSO DE LETRAS No item 5, Observações sobre gêneros textuais, postula que, em alguns contextos, gêneros agem a fim de legitimar o discurso, situando-se numa relação sócio-histórica. Deste modo, os gêneros textuais são “realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas” (MARCUSCHI, 2005, p.32). Em seguida, no item 6, Gêneros textuais e ensino, observa que os gêneros são modelos comunicativos e servem, muitas vezes para criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para determinada reação. E conclui no item 7, Observações finais, afirmando que o trabalho com gêneros textuais é uma oportunidade para observar a língua no dia a dia.
O presente capítulo, escrito por Marcuschi (2005), é um ótimo enunciado para
graduandos em licenciatura dialogar sobre a importância do ensino de gêneros textuais com base em uma perspectivo discursiva do ensino da língua. A importância que o autor apresenta no uso dos gêneros textuais, não só como um tipo linguístico e formal, mas como fonte de compreensão sócio-comunicativa e discursiva, apresenta uma proposta contextualizada da produção textual, que vai muito além a justificativa de uma escrita individual.