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GÊNEROS TEXTUAIS:

DEFINIÇÃO E
FUNCIONALIDADE

LEONARDO GIAMARUSTI (ALPHA COC)


GÊNEROS TEXTUAIS COMO
PRÁTICAS SÓCIOINTERATIVAS
■ Todo texto, por cumprir uma função comunicativa, pode ser entendido como um gênero textual.
■ “Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveisl. dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a
necessidades e atividades sócioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente
perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à
comunicação escrita.” (p.1)
■ “...os gêneros expandem-se com o flores cimento da cultura impressa para, na fase intermediária de industrialização
iniciada no século XVlII, dar início a uma grande ampliação. Hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica,
com o telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente o computador pessoal e sua aplicação mais notável, a
intemet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na
escrita [...]”. (p.1)
■ “São de difícil definição formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sóciopragmáticos
caracterizados como práticas sóciodiscursivas. (grifo nosso, p.1)
CARACTERÍSTICAS GERAIS
■ Para Bahktin (1979), os gêneros discursivos (doravante textuais) são um conjunto de enunciados linguísticos
relativamente estáveis moldados por sua esfera de circulação. Para o autor, ainda possuem as seguintes
características:

(i) Tema: função comunicativa do gênero. Atente-se, uma vez que não se trata do conteúdo do texto especificamente;
(ii) Estilo: diz respeito às normas linguísticas selecionados pelo texto; o nível de formalidade ou informalidade do
texto;
(iii) Forma composicional: é a parte estrutural dos gêneros; diz respeito à estrutura linguística do texto: tempos
verbais, extensão, estrutura dos parágrafos etc. A forma composicional também pode ser chamada de
TIPOLOGIA TEXTUAL (MARCUSCHI, 2002) ou de SEQUÊNCIAS TEXTUAIS (BROCKART, 1999).

*Entender um gênero é fundamental para uma boa interpretação e compreensão do texto.


ANÁLISE DE TEXTO
GÊNEROS X TIPOS TEXTUAIS
■ “Em outros termos, partimos da ideia de que a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. Essa posição,
defendida por Bakhtin (1997) e também por Bronckart (1999) é adotada pela maioria dos autores que tratam a língua em
seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas peculiaridades formais. Esta visão segue uma noção de língua
como atividade social, histórica e cognitiva. Privilegia a natureza funcional e interativa e não o aspecto formal e
estrutural da língua.” (p.4)
■ “Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza lingüística de
sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem
cerca de meia dúzia de categorias conhecidaUsamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga
para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-
comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.
■ Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção. (p.6)
■ Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam:
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de
condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência,
carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. (p.5)
■ Um texto nunca é classificado tipologicamente por exclusividade, mas por predominância.
GÊNEROS X TIPOS TEXTUAIS
DOMÍNIO DISCURSIVO
■ “Usamos a expressão domínio discursivo para designar uma esfera ou instância de produção
discursiva ou de atividade humana. Esses domínios não são textos nem discursos, mas
propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Do ponto de vista dos domínios,
falamos em discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso etc., já que as atividades
jurídica, jornalística ou religiosa não abrangem um gênero em particular, mas dão origem a vários
deles. [...]” (p.6)
■ “Constituem práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de
gêneros textuais que, às vezes, lhe são próprios (em certos casos exclusivos) como práticas ou
rotinas comunicativas institucionalizadas.” (p.6)
■ Em provas, as esferas mais comuns são:
(i) Jornalística;
(ii) Virtual;
(iii) Acadêmica/escolar;
(iv) Vida pública.
REFERÊNCIAS
■ BAKHTIN, M. (1952-53). Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
■ BRASIL (SEF/MEC). Parâmetros Curriculares Nacionais – 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. Língua Portuguesa.
Brasília: SEF/MEC, 1998.
■ BRONCKART, Jean-Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos. Por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo:
PUC/SP, 1999.
■ DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita: elementos para reflexões sobre
uma experiência suíça (francófona). In: SCHNEUWLY, B., DOLZ, J. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado de Letras, 2004, p. 41-70.
■ FÁVERO, Leonor Lopes & KOCH, Ingedore Villaça (1987). Contribuição a uma tipologia textual. In: Letras & Letras. Vol.
03, nº 01. Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 1987, p. 3-10. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros
textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
■ SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. Os gêneros escolares – das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: SCHNEUWLY,
B. & DOLZ, J. et al. Gêneros orais e escritos na escola, Campinas: Mercado de Letras, 2004, p. 71-91. SWALES, John M.
Genre analysis. English in academic and research settings. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
■ TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Um estudo textual-discursivo do verbo no português. Campinas, Tese de Doutorado / IEL /
UNICAMP, 1991, 330 + 124 pp. ___. Tipelementos e a construção de uma teoria tipológica geral de textos. In: FÁVERO,
Leonor Lopes; BASTOS, Neusa M. de O. Barbosa &
■ MARQUESI, Sueli Cristina. (Org.). Língua portuguesa pes- DEPARTAMENTO DE LETRAS SOLETRAS, Ano X, Nº 20,
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■ WEIRINCH, Harald. Estrutura e función de los tiempos em el lenguaje. Madrid: Gredos, 1968.

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