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A sinonímia na terminologia da Tecnologia de Carnes

Maria de Lourdes Lima

DLCV/ FFLCH/USP - Universidade de São Paulo (USP)


Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 – Cidade Universitária – 05508-900 – São Paulo – SP
– Brasil
mllima@usp.br ou loulimamg@yahoo.com.br

Abstract. This article analyses the synonymy in the terminology of the


Technology of meat. The theoretical foundation of this paper is placed in works
of the typology of intralinguistic synonymy proposed by Contente et al. (2005).

Keywords. Synonimy; synonymology; intralinguistic synonimy; terminological


synonymy; diferential synonymy.

Resumo. Este artigo analisa a sinonímia na terminologia da Tecnologia de


Carnes. A fundamentação teórica do presente trabalho situa-se no âmbito dos
estudos da tipologia intralingüística da sinonímia proposta por Contente et al.
(2005).

Palavras-chave. Sinonímia; sinonimologia; sinonímia intralingüística;


sinonímia terminológica; sinonímia diferencial.

1. Introdução
Diferentemente das teorias terminológicas clássicas, as teorias recentes,
notadamente as relacionadas à socioterminologia e à pragmática, aceitam a existência da
sinonímia em terminologia. Vale lembrar que, nessa perspectiva, há poucos trabalhos e
os existentes costumam estudar o assunto a partir da sinonímia geral da língua, fazendo
uma transposição da análise da sinonímia entre unidades lexicais para uma sinonímia de
unidades terminológicas.
Neste artigo, pretendemos destacar, resumidamente, alguns resultados relativos à
sinonímia na terminologia da Tecnologia de Carnes. O corpus analisado é constituído
de livros, dissertações, teses, revistas e sites especializados. Para tanto, utilizamos a
tipologia intralingüística da sinonímia proposta por Contente et al. (2005).

2. Abordagem Teórica
Segundo Kocourek (KOCOUREK, 1991, p. 192, apud CONTENTE et al., p. 3), a
sinonímia é um princípio universal das línguas “elle peut être analysée, aménagée,
réduite, mais non éliminée”. Há alguns pontos pertinentes das línguas de especialidade a
serem considerados, entre eles: o ideal da bi-univocidade, por exemplo, e a
pressuposição da ausência de ambigüidade; o ideal de defender a pluralidade de funções
e de liberdade de experimentação individual que permitam garantir o conhecimento
objetivo e aplicável.
Sob o ponto de vista de Contente et al., — o que parece estar em consonância com
Kocourek —, no sistema lingüístico, a sinonímia deve ser limitada com a finalidade de

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uma harmonização para facilitar uma comunicação não-ambígua. Assim, deve-se
procurar evitar ‘colisões sinonímicas’ que possam interferir na clareza do discurso.
Lembramos que Kocourek apresenta as seguintes definições de sinônimo
terminológico (KOCOUREK, 1984, p.53, apud CONTENTE et al., p. 3):
Le terme synonyme du terme A est um terme formellement différent, appelé terme
B, qui, dans le même système terminologique, désigne le même significatum ou
sens (la même notion) que le terme A et qui est capable de remplir la même
fonction syntaxique.
“Le terme synonime du terme A est um terme B qui est interchangeable avec le terme A
dans le definiendum (= défini) de sa définition.”
Neste trabalho, adotamos a abordagem e a tipologia de Contente et al. (2005) para
tratar da sinonímia na terminologia da Tecnologia de Carnes.
Para esses autores, num plano teórico, as línguas de especialidade constituem
microssistemas com particularidades que as distinguem da língua geral ou corrente,
procurando eliminar os sinônimos para alcançar o ideal de univocidade da comunicação.
No entanto, ressaltam que, na prática, quase não ocorre esse princípio “para um conceito
um único termo”.
A sinonímia, em terminologia, expõe características diferentes das da língua
corrente: estas “são de ordem intralingüística, dependentes do tipo de conceito e
indissociáveis das exigências das várias situações de comunicação especializada”.
Sinonímia intralingüística é definida pelos autores como a:

Sinonímia no interior de um mesmo sistema lingüístico em que a identidade


conceptual das denominações concorrentes é fundamental. Um conceito é composto
por caracteres distintivos, podendo ser descritos ou enumerados numa definição.
Estes caracteres ou traços distintivos são intrínsecos ou inerentes, mas podem ser
extrínsecos ou relacionais (CONTENTE et al., 2005, p. 6).

Vale ressaltar que, inicialmente, os caracteres (intrínsecos ou extrínsecos) do


conceito devem estar presentes nas definições. Mas, por outro lado, a definição não
admite todas as vezes estabelecer, por si mesma, uma identidade conceptual de dois ou
mais termos sinônimos — é preciso recorrer à rede conceptual do domínio e aos
contextos discursivos de diversos níveis de especialização em que os termos ocorrem.
Além disso, é fundamental fazer uma análise do contexto para investigar os vários
traços semântico-conceptuais.
A sinonímia pode efetuar-se com relação ao aspecto lexical entre dois termos,
também entre um termo e um sintagma ou entre dois sintagmas. Além disso, pode ser
estudada sob os pontos de vistas semântico e morfológico de formação dos termos.
Desse modo, a análise semântica dos termos admite distinguir termos sinônimos e
parassinônimos; a cada termo corresponde um sentido (significatum) e a formulação do
sentido é o definido. O sentido determina semanticamente o lugar do termo no sistema
terminológico e a sua relação com os termos semanticamente próximos. Algumas vezes,
essa relação é semântica paradigmática; em outras circunstâncias, no contexto de uma
comunicação especializada, encontram-se relações semânticas sintagmáticas. Outro
ponto interessante é que essas relações distinguem os sinônimos paradigmáticos
(substitutos) dos sinônimos sintagmáticos (contextuais).

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Ainda segundo Contente et al., a sinonímia em terminologia é sempre relativa, uma
vez que não existe troca perfeita de termos. É sob essa ótica que Duquet-Picard (1986,
apud CONTENTE, 2005, p. 7) apresenta a diferença de sinonímia neutra e sinonímia
marcada.
A sinonímia neutra ocorre quando diversas denominações, que expressam somente
um conceito, podem ser empregadas indistintamente, sem alteração paraconceptual do
contexto em que estão estabelecidos.¹
Essa sinonímia neutra propõe os seguintes tipos: afixal, analógica, aspectual,
eponímica, morfossintática, parafrástica, erudita e usual.
Contente et al. ressaltam que, para identificar se uma sinonímia é neutra, tal
identificação somente é possível pela pesquisa de uma documentação especializada que
combine heterogeneidade e homogeneidade; a documentação deve ser heterogênea para
admitir a identificação de séries sinonímicas representativas e exaustivas, que possa
garantir a presença de uma comunicação científica de natureza homogênea, tanto sob a
ótica conceptual como sociolingüística, consentindo, assim, determinar o caráter neutro
de alguns sinônimos.
Finalmente, a análise funcional dos sinônimos neutros será feita em função da
sistematização do conjunto terminológico do domínio ou setor de atividade ou
especialidade que deveria ser feita por especialistas do domínio por meio de uma
normalização terminológica espontânea, conceito proposto por Duquet-Picard (1986,
p. 245, apud CONTENTE et al., p. 8).
Já a sinonímia marcada ocorre quando duas ou diversas denominações são usadas
na mesma língua de especialidade para expressar um mesmo conceito, no interior de
uma mesma rede conceptual, sem, no entanto, ser permutável com as outras
denominações em todos os macrocontextos.
No sentido terminológico, é a característica conotativa que concede a uma
denominação o seu caráter marcado em relação a uma denominação neutra, não
propagando nenhuma informação paraconceptual. A sinonímia terminológica marcada
é classificada segundo os seguintes tipos: temporal ou diacrônica, geográfica ou
diatópica, de nível ou diastrática, lingüística, empréstimos formais integrais (termos
latinos), empréstimos semânticos externos (anglicismos ou outros), empréstimos
semânticos internos (empréstimos de outro domínio), decalque.
Contente et al. salientam que, para identificar se uma unidade terminológica está
inserida em determinado sistema conceptual terminológico, é preciso analisar se uma
forma estrangeira é utilizada como um xenismo (xenotermo), para o qual não há
nenhum equivalente, ou se faz uso de um empréstimo para o qual existem equivalentes
na língua.
Outra sugestão dada por Contente et al. é fazer um paralelo entre as definições que
há em manuais, contextos definidores, dicionários especializados, normas para garantir
a presença de traços semânticos adequados, determinando, assim, a identidade
conceptual das denominações sinonímicas —, ou seja, basta haver um traço semântico
adicional que mude o conceito, especificando-o ou generalizando-o ou até mesmo a
ausência de um aspecto semântico relevante, para identificar que não ocorre sinonímia.
Outro aspecto que garante identificar se ocorre a sinonímia entre duas ou mais
denominações é a averiguação da ‘comutatividade denominativa’ no nível de
microcontextos. Já o macrocontexto é utilizado para determinar a propriedade da
sinonímia. Ademais, o terminólogo investiga se as denominações consideradas
sinônimos são comutáveis entre si nos microcontextos, e se, com relação ao aspecto
semântico, a substituição se torna impossível, não ocorre sinonímia.

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Quando há uma condição lógica de ligação ao mesmo hiperônimo (genérico) e aos
mesmos hipônimos, as denominações são sinônimas. Essa investigação é feita a partir
das definições e dos contextos e conclui-se por meio de uma consulta ao corpus textual
e ao corpus documental (índices de obras especializadas ou thesaurus, entre outros).
Outra condição para que a sinonímia terminológica ocorra é quando as
denominações às quais o terminólogo atribui um mesmo hiperônimo e os mesmos
hipônimos ou co-hipônimos ocupam a mesma representação na organização conceptual
de uma investigação terminológica.
Além dessas exigências, é condição fundamental para admitir se há sinonímia
terminológica: analisar se todos os sinônimos terminológicos são comutáveis no que diz
respeito ao aspecto conceptual. Essa análise deve ser feita também em relação à
comunicação especializada (aspecto pragmático), de forma a determinar as
denominações sinonímicas comutáveis em todos os contextos (micro e
macrocontextos). Dessa forma,

a comutatividade contextual permite identificar as classes de sinónimos, sinónimos


neutros, comutáveis em todos os contextos (micro e macro), e os sinónimos
marcados que podem ser comutáveis nos micro-contextos (sinonímia diatópica,
sinonímia de escolas) mas que não podem ser comutáveis em todos os macro-
contextos, apesar de serem equivalentes no plano conceptual ou semântico
(CONTENTE et al., 2005, p. 10).

As denominações sinonímicas são identificadas pelo terminógrafo para determinar


uma seleção e incorporar resultados numa série sinonímica, o que é feito por meio de
uma ponderação analítico-descritiva que se baseia em diferençar os sinônimos neutros e
os sinônimos marcados.
Com relação à escolha do termo, há que se levar em conta o uso verdadeiro no
discurso especializado. É preciso averiguar qual a denominação sinonímica mais
freqüente num determinado discurso e num determinado grau de especialização. Além
desses critérios, há outros pontos de vista a serem considerados: exaustividade,
representatividade, fiabilidade e neutralidade, conforme Rondeau (1984, p. 98-99, apud
CONTENTE, p. 10).
É sabido que há vários estudos sobre a sinonímia em terminologia, os quais
apresentam abordagens peculiares, principalmente, no que diz respeito à tipologia —
na próxima seção, apresentamos a análise do corpus, de acordo com a tipologia
intralingüística da sinonímia .
No que diz respeito à tipologia intralingüística da sinonímia, Contente et al.
afirmam que quando os termos são permutáveis num certo tipo de discurso, esse fato
não acarreta uma igualdade em relação à significação e à referência, há, portanto,
somente uma relação de hiperonímia/hiponímia. Já a correferência não exige a
igualdade dos termos com um conceito; contudo, ela varia em virtude da relação do
semantismo ligado a cada termo, e das peculiaridades cognitivas.
Além disso, numa relação sinonímica denominativa, um conceito equivale a dois ou
mais termos que retratam diferentes formas de denominá-lo, sem alterá-lo enquanto
entidade que descreve um referente. Outro aspecto interessante é que a coexistência de
uma sinonímia em língua de especialidade provém de traços cognitivos, revestindo-se
de fatores que requerem uma análise socioterminológica.

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3. Análise

Nesta seção, apresentamos a análise do corpus da terminologia da Tecnologia de


Carnes, conforme a tipologia intralingüística da sinonímia proposta por Contente et al.
(2005). Do vasto elenco dos tipos de sinonímia, ressaltamos apenas alguns.

a) Sinonímia de nível ou sinonímia diastrática - resultante de níveis de especialização


em que, muitas vezes, um termo-sinônimo pertence à língua corrente. No primeiro
exemplo, temos “coureamento” - como a esfola é denominada no Sul; já, no segundo
exemplo, em algumas regiões, como Vitória da Conquista, Itapetinga e Itororó, na
Bahia, são produzidas as carnes-de-sol, “serenada”, “mole”, a “serenada”.
esfola / coureamento de suínos
carnes-de-sol / serenada / mole / serenada
b) Sinonímia temporal ou diacrônica - quando um termo é considerado envelhecido. O
único exemplo encontrado refere-se à carne desidratada pelo calor, processo bastante
utilizado na 2ª Grande Guerra Mundial, quando o transporte marítimo tornou-se escasso
e temeroso, exigindo a economia de espaços para garantir a integridade da natureza dos
produtos durante os deslocamentos das tropas em ação. De fato, não se trata de produto
de boa receptividade, razão pela qual ser considerado carne de guerra ou de
emergência.
carne de guerra / carne de emergência
c) Multissinonímia - quando existem mais do que dois termos para o mesmo conceito.
De acordo com os autores, a coexistência de sinônimos são resultantes de vários fatores:
usos, escolas e/ou regiões, nível, grafia, transformações em sigla, elipses de vários tipos,
decalque do termo inglês e decalque do termo francês:
carne de consumo / carne de açougue / carne de comércio
Acém / posta gorda / agulha / lombo-de-agulha / alcatrinha /lombo d’acém / tirante /
lombinho do acém
d) Sinonímia gráfica - resultante de variantes gráficas:
chã de dentro / chã-de-dentro
vida de prateleira / vida-de-prateleira
e) Monotermo/monotermo com diferenciação denominativa - quando coexistem
denominações diferentes:
textura / maciez / tenrura
peito /granito
f) Monotermo/denominação sintagmática - em que é freqüente encontrarmos um termo
com uma denominação sintagmática com constituintes diferenciados:
paulista / lombo paulista
g) Denominação sintagmática diferenciada - resultante da diferença de construção
sintagmática semântico-lexical:
tripa-grossa / cólon de bovino e suíno
salga mista / salmouragem combinada com a salga mista
h) Denominação sintagmática eponímica/denominação sintagmática - este processo
de sinonímia, no caso da terminologia da Tecnologia de Carnes, remete o primeiro
termo para o inventor do processo, Appert, enquanto o segundo termo descreve o
conceito. Vale ressaltar que a unidade lexical appertização não está dicionarizada:
Appert /appertização / processo de esterilização comercial
Radappertização / esterilização de alimentos com a aplicação de doses acima de 10kGy

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i) Denominação sintagmática/fraseotermo (paráfrase definidora) e/ou por
denominação eponímica - multissinonímia diferenciada de denominação sintagmática
ou paráfrase definidora, no nível lexical e semântico-conceptual:
encelopatia esponjiforme bovina (BSE) / mal da vaca louca
j) Monotermo/empréstimo externo (xenotermo) - denominação diferenciada de termo
lingüístico e sinônimo de empréstimo semântico externo:²
exudação / drip
pernil / M. Bíceps femoris
l) Empréstimo formal integral (latim)/ termo - sinonímia lingüística com empréstimo
formal integral e termo simples. No primeiro exemplo, trata-se de um protozoário
Toxoplasma gondii causador da doença toxoplasmose:
Toxoplasma gondii / toxoplasmose
Trichinella spiralis / nematóide
m) Empréstimo formal integral (latim)/monotermo (sigla) - sinonímia lingüística com
empréstimo formal integral e sigla. A seguir, temos exemplos de músculos com as
respectivas siglas e denominações de cortes cárneos:
Semispinalis capitis / SC = sobrepaleta
Semimembranosus / SM = coxão mole
n) Denominação sintagmática/monotermo de empréstimo semântico externo (sigla)
-quando se verifica a existência de uma unidade terminológica sintagmática e uma sigla
de empréstimo externo:
carnes do tipo PSE / carnes PSE / pale, soft, exsudative / carnes pálidas, macias/flácidas
e exsudativas / PSE
processo de liofilização acelerada / AFD
o) Denominação sintagmática de empréstimo semântico externo/monotermo de
empréstimo semântico externo (sigla) - quando existem empréstimos semânticos
externos com denominação sintagmática e sigla:
High Pressure Processing / HPP = Processamento sob altas pressões
Food Safety Inspection Service / FSIS = Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos
p) Denominação sintagmática braquigráfica/sigla braquigráfica - diferenciação entre
denominação sintagmática braquigráfica e sigla braquigráfica:
intensidade de vermelho / a*
diferença total de cor / ΔE*
q) Monotermo/sigla braquigráfica - diferenciação denominativa de termo e sigla
braquigráfica:
vermelho-rósea / NOHB
poliamida / PA

4. Conclusão

No corpus analisado, entre os processos mais produtivos são, a saber: o da


multissinonímia, ou seja, quando há mais do que dois termos para o mesmo conceito,
principalmente, no que diz respeito a cortes cárneos; denominação sintagmática
braquigráfica/sigla braquigráfica, diferenciação entre denominação sintagmática
braquigráfica e sigla braquigráfica, representados pela linguagem das cores, tipos de
embalagem, processos .
Há outros processos representativos, a saber: monotermo/sigla braquigráfica
representados pela linguagem das cores e tipos de embalagem; empréstimos de origem
predominantemente inglesa, monotermo/empréstimo externo (xenotermo);

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monotermo/sigla braquigráfica, diferenciação denominativa de termo e sigla
braquigráfica. Além dos monotermos/empréstimos externos (xenotermos), encontramos
bastantes sintagmas/empréstimos externos (xenotermos), notadamente os de origem
inglesa, alguns em latim, poucos em francês, um em hebraico/iídiche, um em árabe,
dois em italiano.
Foi encontrada uma única sinonímia temporal ou diacrônica. Além disso, há
poucas ocorrências de: denominação sintagmática/fraseotermo (paráfrase definidora)
e/ou por denominação eponímica, multissinonímia diferenciada de denominação
sintagmática ou paráfrase definidora, no nível lexical e semântico-conceptual;
empréstimo formal integral (latim)/ termo, sinonímia lingüística com empréstimo
formal integral e termo; denominação sintagmática de empréstimo semântico
externo/monotermo de empréstimo semântico externo (sigla), quando existem
empréstimos semânticos externos com denominação sintagmática e sigla, os quais são,
predominantemente, de origem inglesa; denominação sintagmática/monotermo de
empréstimo semântico externo (sigla), quando se verifica a existência de uma unidade
terminológica sintagmática e uma sigla de empréstimo externo; empréstimo formal
integral (latim)/monotermo (sigla), sinonímia lingüística com empréstimo formal
integral e sigla, principalmente para denominar músculos e cortes cárneos; empréstimo
formal integral (latim)/ termo, sinonímia lingüística com empréstimo formal integral e
termo, aqueles que dizem respeito a protozoários e microorganismos causadores de
doenças; denominação sintagmática eponímica/denominação sintagmática,
multissinonímia diferenciada de denominação sintagmática ou paráfrase definidora, no
nível lexical e semântico-conceptual; denominação sintagmática
eponímica/denominação sintagmática; sinonímia afixal, resultante de variantes afixais
que dão origem a denominações diferenciadas; Sinonímia de nível ou sinonímia
diastrática, resultante de níveis de especialização em que, muitas vezes, um termo-
sinônimo pertence à língua corrente.
Finalmente, foi sob a perspectiva de Contente et al. que realizamos uma análise
descritiva, semântica, conceptual e socioterminológica, que proporcione os dados
essenciais para determinar a diferença específica entre os diversos sinônimos. Essa
diferenciação sinonímica entre dois ou mais termos deve ser realizada pela descrição
dos traços semântico-conceptuais de cada termo, os quais são determinados pelo
sistema funcional de cada língua de especialidade.

Notas:
1. Conforme Contente et al., alteração paraconceptual é qualquer informação exterior ao
conceito propriamente dito veiculado por uma denominação marcada de um ponto de
vista sociolingüístico ou lingüístico mas nunca do ponto de vista semântico.
2. Além dos monotermos/empréstimos externos (xenotermos), encontramos bastantes
sintagmas/empréstimos externos (xenotermos), notadamente os de origem inglesa,
poucos em francês, em italiano, um em árabe e um em hebraico/iídiche. Exemplos:
recortes de carnes / trimmings
encurtamento pelo frio / cold shortening
pré-misturas de matérias-primas / preblending
pasta de fígado enlatada / patê de foie gras
embalagem a vácuo / vacuum skin packaging
carnes resfrigeradas / chilled beef

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