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PRECONCEITO, ESTEREÓTIPOS E DISCRIMINAÇÃO

Racismo, sexismo, segregacionismo – todos estes termos referem-se de uma forma ou


de outra, a atitudes ou comportamentos negativos direcionados a indivíduos ou
grupos, baseados num julgamento prévio que é mantido mesmo diante de fatos que o
contradigam.
O preconceito é tão velho quanto a humanidade, e, por isso, de difícil erradicação.
Nenhum exemplo, entretanto, fornecem a dimensão acurada dos males profundos que
se escondem por trás do preconceito e de suas consequências, ora sutis, ora
extremamente violentas.
- Meados da década de 90: ódio entre sérvios, bósnios, croatas e montenegrinos na
aparente pacífica Iuguslávia.
- 2ª Guerra Mundial: exemplo estarrecedor – Holocausto (milhões de judeus foram
massacrados na Europa). Extermínio de populações judaicas inteiras, atos de crueldade
organizados e sistemáticos, operações premeditadas de matança com requintes de
crueldade.
- Meados dos anos 90, O. J. Simpson, herói do futebol americano, astro e figura de
grande notoriedade na sociedade norte-americana foi acusado de ter assassinado sua
esposa e um acompanhante. Simpson tinha uma considerável história de abuso e
ameaças de violência contra a esposa. Testes sanguíneos confirmaram haver amostras
de seu sangue no local do crime, no seu carro, roupas etc. Ele tentou fugir. Sua defesa
levantou a hipótese de preconceito racial por parte da polícia, o caso mudou de rumo
e de perspectiva.
- Brasil – o trabalho escravizado. Não houve criação de mecanismos efetivos para uma
emancipação das populações negras e descendentes que permitisse a igualdade em
termos de acesso a bens, educação, oportunidades, etc.
Os trabalhadores pretos e pardos recebem pouco mais da metade (55%) do
rendimento médio dos brancos no Brasil. É o que mostra pesquisa sobre mercado de
trabalho, a Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE em 2017, referente aos dados do
terceiro trimestre do ano. De acordo com o instituto, nesse período, enquanto o
rendimento médio dos brancos foi de R$ 2.757, o dos negros ficou em apenas R$
1.531, diferença de R$ 1.226.2
- QUALQUER GRUPO SOCIAL – E NÃO APENAS AS MINORIAS – PODE SER ALVO DE
PRECONCEITO. ALÉM DISSO, ESTAMOS DIANTE DE UMA VIA DE MÃO DUPLA, COM
SENTIMENTOS HOSTIS FLUINDO TAMBÉM DAS MINORIAS PARA AS MAIORIAS.
- Historicamente, a ideia de se encarar o preconceito como um constructo científico
emergiu apenas ao longo dos anos 20, relacionado principalmente à questão racial.

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Fonte: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/
18282-populacao-chega-a-205-5-milhoes-com-menos-brancos-e-mais-pardos-e-pretos
2
Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2017/11/pretos-e-pardos-recebem-pouco-
mais-da-metade-da-renda-media-dos-brancos.html
Até então, e basicamente durante o século XIX, quase toda a comunidade científica
americana e europeia não se preocupava com a questão porque partia da premissa de
que realmente havia diferenças entre as raças, que seriam umas inferiores às outras.
- Foi dos anos 30 para cá que se fizeram sentir mudanças na visão do preconceito,
passando este a ser encarado como irracional e injustificado, fruto de defesas
inconscientes, expressão de necessidades patológicas, influenciado por normas sociais,
manifestação de interesses grupais ou como inevitável consequência do processo de
categorização social, que divide as pessoas em grupos: os seus próprios versus os dos
outros, com o consequente despertar de respostas discriminatórias contra o grupo que
não é o seu.

ESTEREÓTIPOS: A BASE COGNITIVA DO PRECONCEITO


Na base do preconceito estão as crenças sobre características pessoais que atribuímos
a indivíduos ou grupos, chamadas de estereótipos. O termo foi utilizado pelo jornalista
Walter Lippman (1922), para se referir à imputação de certas características a pessoas
pertencentes a determinados grupos, aos quais se atribuem determinados aspectos
típicos.
Etimologicamente, deriva de duas palavras gregas: stereos e túpos, significando
“rígido” e “traço” respectivamente.
O termo refere-se a crenças compartilhadas acerca de atributos – geralmente traços
de personalidade – ou comportamentos costumeiros de certas pessoas ou grupo de
pessoas.
Tendemos a enfatizar o que há de similar entre pessoas, não necessariamente
similares, e a agir de acordo com esta percepção.
O estereótipo, em si, é frequentemente apenas um meio de simplificar e “agilizar”
nossa visão do mundo. Como vivemos sobrecarregados de informações, tendemos a
nos poupar, muito compreensivelmente, de gastos desnecessários de tempo e energia.
Podemos dizer que os estereótipos pertencem à mesma família do conceito de “avaros
cognitivos”, pelo qual utilizamos atalhos ou heurísticas para evitar dispêndios
desnecessários de tempo e de energia para o entendimento do complexo mundo
social que nos rodeia, apesar de estarmos condenando o outro a uma espécie de
simplista – e muitas vezes equivocado – “eterno desfile em trajes típicos”.
PENSE NUM HOMEM ITALIANO
DESCREVA-O
ALTO – MORENO - QUE COME MASSAS - FALA ALTO - GESTICULA MUITO - GOSTA DA
MÃE - FANÁTICO POR FUTEBOL – IMPULSIVO - BONITO
Possivelmente, se não todas, várias destas características podem ser encontradas em
algum romano. Mas um morador do Norte ou do Sul da Itália provavelmente não
deterá sequer um terço das características acima levantadas.
BRASILEIRA TÍPICA

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Fonte: https://www.stile.it/2015/06/26/le-dieci-migliori-qualit-delluomo-italiano-20616-id-100754/
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NEGRA OU MESTIÇA – SENSUAL – COM SENSO DE RITMO – BONITA – LIBERADA –


ALÉM DE IMPULSIVA – EXPANSIVA – CARNAVALESCA.
Imagem fruto da influência dos meios de comunicação de massa, de filmes, romances
ou até dos relatos de viajantes mais entusiasmados que aqui possam ter estado. Agora
olhe em volta, na sua sala de aula, quantas brasileiras típicas você conseguiria
detectar?
- PESQUISA ACERCA DE ESTEREÓTIPOS DE ALUNOS DE PSICOLOGIA NO CAMPUS
UNIVERSITÁRIO DA PUC-RJ (1968) apontou:

 Problemáticos

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https://www.recantodasletras.com.br/poesias/6302810
 Pesquisadores
 Idealistas
 Observadores
 Humanos

- ESTEREÓTIPO DO PSICANALISTA: na mídia, nas seções ou nos quadros de humor, é


comum vermos psicanalistas – gordinhos e de barbicha – sendo sempre retratados
com um bloquinho de anotações na mão, atrás de um paciente deitado num divã.

- Os psicólogos sociais tradicionalmente usavam um sistema de lista de adjetivos para


detectar estereótipos. No estudo original de Katz e Braley (1933), por exemplo, alunos
da Universidade de Princeton foram solicitados a escolher 5 dentre 84 adjetivos que
melhor descreveriam diferentes grupos sociais ou étnicos. 75% dos estudantes brancos
selecionaram como os adjetivos que melhor retratariam os negros as palavras:
preguiçosos, supersticiosos, ignorantes, musicais e imprevidentes. Quando se referiam
a si mesmos, a descrição era outra: trabalhadores, inteligentes, materialistas,
empreendedores e progressistas. Este método permite avaliar o conteúdo dos
estereótipos sociais, além do grau de consenso em torno dele.
- OUTROS MÉTODOS DE AFERIÇÃO DE ESTEREÓTIPOS:

 Pesquisadores solicitam aos participantes que pensem em termos de


porcentagem do grupo alvo, em vez de em sua totalidade (“quantos por cento
de indivíduos do grupo X poderiam ser descritos como...?”).

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Fonte: http://eremitha.blogspot.com/2011/11/charge-psicanalitica.html
 Outros procuram comparar características do grupo estudado, estimando-as
“contra a população em geral”.
 Alguns trabalhos têm procurado saber o quanto certo traço pode servir para
um determinado grupo-alvo, utilizando para tanto escalas.

ESTEREÓTIPOS PODEM SER CORRETOS OU INCORRETOS. E TAMBÉM, POSITIVOS,


NEUTROS OU NEGATIVOS. O fato de, num primeiro momento, facilitarem suas reações
frente ao mundo esconde a realidade de que, na maioria das vezes, estereotipar pode
levar a generalizações incorretas e indevidas, principalmente quando você não
consegue “ver” um indivíduo com suas idiossincrasias e traços pessoais, por trás do
véu aglutinador do estereótipo.

GORDON ALLPORT – referia-se ao ato de estereotipar como fruto da “lei do menor


esforço”.

ATIVAÇÃO AUTOMÁTICA X ATIVAÇÃO CONTROLADA DE ESTEREÓTIPOS (Devine, 1989)


Na ativação automática não temos controle: crenças muito disseminadas
culturalmente nos sobrevêm à mente assim que nos deparamos com certas pessoas
em dadas circunstâncias.
Mas, após a ativação automática, uma pessoa pode conscientemente checar e refletir
sobre o que acabou de pensar sobre aquele membro de um grupo que não o seu e,
consequentemente, reavaliar sua primeira impressão ou avaliação. Isso seria a
ativação controlada, e que poria um freio no processo de discriminação, impedindo-o
de prosseguir adiante.

ROTULAÇÃO
Bastante similar ao ato de estereotipar.
Caso especial do ato de estereotipar.
Atribuímos aos outros certos rótulos capazes de fazer com que certos
comportamentos possam ser antecipados.
A atribuição de um rótulo a uma pessoa nos predispõe a pressupor comportamentos
compatíveis com o rótulo imputado.
Nossas percepções são distorcidas e isto pode acarretar uma ou duas consequências
importantes:
1. Comportamentos que não se harmonizem com o rótulo imposto tendem a
passar desapercebidos ou sejam deturpados para se adequarem aos rótulos.
2. As expectativas ditadas pelo rótulo podem nos fazer agir não consciente e
consistentemente, de modo a induzir o rotulado a se comportar da maneira
que esperamos, tal como é preconizado pelo fenômeno da profecia auto
realizadora.
UMA VEZ ATRIBUÍDO, NÓS TENDEMOS A PERCEBER OS COMPORTAMENTOS DA
PESSOA À LUZ DO RÓTULO.
IDEOLOGIA INCONSCIENTE – Conjunto de crenças que aceitamos implícita e não
conscientemente, porque não conseguimos sequer perceber a possibilidade de
concepções alternativas.

ESTEREÓTIPOS E GÊNERO
- Experimentos clássicos que ilustram o fenômeno:

 Goldberg (1968) solicitou a alunas universitárias que avaliassem artigos


acadêmicos em termos de competência, estilo, profundidade etc. Para algumas
participantes, o artigo era assinado por uma mulher, enquanto para outras por
um homem. (Joan e John T. McKay). Apesar de o artigo ser o mesmo para os
dois grupos, aquele assinado por uma mulher era invariavelmente menos
elogiado que o supostamente escrito por um homem.
 QUANDO O ESTEREÓTIPO É SUFICIENTEMENTE FORTE, ATÉ OS MEMBROS DO
GRUPO-ALVO TENDEM A ACEITÁ-LO.

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Fonte: https://grandesnomesdapropaganda.com.br/anunciantes/pesquisa-da-unilever-mostra-
impacto-dos-estereotipos-na-equidade-de-genero/
FILME: BONECAS NEGRAS NO YOUTUBE:
https://www.youtube.com/watch?v=15bUmKFWxnw
TESTE DAS BONECAS NO BRASIL:
https://www.youtube.com/watch?v=K3_b18h70kU

O famoso experimento, conduzido por Clark e Clark nos EUA (1947), mostrou que
crianças negras já aos três anos exibiam preferências por bonecas de cor branca.
A diminuição da autoestima, como se vê, pode começar cedo.
Uma pessoa com a autoestima abalada pode se convencer de que não merece uma
educação de bom nível, trabalhos decentes, moradias idem, além de um perverso e
difuso sentimento de inferioridade, que, se acompanhado por sentimento de culpa,
pode leva-la a uma situação de desamparo e sofrimento.
Embora haja muitos progressos desde a data das pesquisas originais, há de se olhar
com cautela. O preconceito pode ter se tornado MAIS SUTIL, MENOS EXPLÍCITO.
RACISMO MODERNO – (OU RACISMO SUTIL, OU RACISMO ENVERGONHADO: as
pessoas, pressionadas por normas sociais mais liberais e que pregam maior tolerância
para com as diferenças, podem abrandar seu comportamento discriminatório, mas,
internamente, mantêm seus preconceitos.

ESTEREÓTIPOS E ATRIBUIÇÃO
- ATRIBUIÇÃO DE CAUSALIDADE: Quando observamos uma pessoa realizando uma
ação, tendemos a fazer deduções acerca dos motivos que possam ter causado aquele

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Fonte: https://crismoraes.com.br/tag/estereotipos-de-genero/
comportamento. O preconceito frequentemente contamina nossas percepções. PIADA
do padre saindo do prostíbulo.
UM EFEITO COLATERAL INDESEJÁVEL DE ATRIBUIÇÃO DE RÓTULOS ESTÁ, QUANDO O
MESMO É FORTE O SUFICIENTE, NA INTROJEÇÃO, POR PARTE DO GRUPO-ALVO, DO
ESTEREÓTIPO.
Por exemplo: As mulheres tendem a incorporar tais ideias de inferioridade e a se
comportar de forma a endossá-las. APESAR DE TODOS OS PROGRESSOS RESULTANTES
DO MOVIMENTO DE EMANCIPAÇÃO FEMININA, AINDA NÃO SE ESPERA DE UMA
MULHER SIGNIFICATIVO SUCESSO PROFISSIONAL. E QUANDO ISTO ACONTECE, TODOS
TENDEM A ATRIBUÍ-LO A UMA CAPACIDADE FORA DO COMUM EM TERMOS DE
MOTIVAÇÃO OU A UMA SORTE, IGUALMENTE RARA.
- Características desagradáveis: os outros são / nós estamos

PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
Se o estereótipo é a sua base cognitiva, os sentimentos negativos em relação a um
grupo constituiriam o componente afetivo do preconceito, e as ações, o componente
comportamental. Em sua essência, o preconceito é uma atitude: uma pessoa
preconceituosa pode desgostar de pessoas de certos grupos e comportar-se de
maneira ofensiva com eles, baseado em uma crença segundo a qual possuem
características negativas.
O PRECONCEITO PODERIA SER DEFINIDO COMO UMA ATITUDE HOSTIL OU NEGATIVA
COM RELAÇÃO A UM DETERMINADO GRUPO, NÃO LEVANDO NECESSARIAMENTE,
POIS, A ATOS HOSTIS OU COMPORTAMENTOS PERSECUTÓRIOS.
Quando estamos nos referindo à esfera do comportamento (expressões verbais hostis,
condutas agressivas etc.), fazemos uso do termo DISCRIMINAÇÃO. Neste caso,
sentimentos hostis somados a crenças estereotipadas deságuam numa atuação que
pode variar de um tratamento diferenciado a expressões verbais de desprezo e a atos
manifestos de agressividade.
- Se dois grupos possuem objetivos conflitantes e metas que só podem ser atingidas à
custa do fracasso do grupo rival, seus membros se tornarão hostis entre si. (insultos,
perseguições, ataques, destruição de bens, formação de estereótipos com criação de
apelidos difamatórios – COXINHA, PETRALHA...).
- A hostilidade se vai quando os grupos se juntam para alcançar objetivos maiores que
sejam realmente importantes para a promoção do bem comum.

CAUSAS DO PRECONCEITO
- Difícil distinguir as origens.
- Próximas da agressividade.
- Aprendizagem pode ser responsabilizada.

4 grandes categorias para classificar as causas do preconceito:


1. Competição e conflitos políticos e econômicos
2. O papel do bode expiatório
3. Fatores de personalidade
4. Causas sociais do preconceito, a aprendizagem social, conformidade e
categorização social

COMPETIÇÃO E CONFLITOS ECONÔMICOS:


A competição é um dos caminhos que mais facilmente conduzem à formação de
estereótipos, preconceitos e atos discriminatórios. Conflitos ligados ao status social, ao
poder político e ao acesso a recursos limitados fornecem fermento poderoso a este
tipo de hostilidade.
CONFLITO GRUPAL REALISTA – é o nome desta formulação teórica, que prediz que, a
reboque de objetivos conflitivos, advirão tentativas de depreciar o grupo adversário,
inclusive através de estimulação de crenças preconceituosas. Aparentemente, é mais
fácil atacar – sem remorsos – um adversário, se o mesmo for dotado de péssimas
características de personalidade, hábitos nocivos ou se for claramente mal
intencionado. Um estereótipo negativo acerca do competidor une o próprio grupo em
torno do ataque ao rival (in-group versus out-group: dentro-do-grupo versus fora-do-
grupo).
Vale a pena citar que as pesquisas vêm demonstrando que, quanto menor a distância
na escala socioeconômica entre brancos e negros (e, por conseguinte, maior a
possibilidade de competição intergrupal), tanto maior o preconceito manifestado pelos
primeiros (Myers, 1996).
Competição e conflito são claramente capazes de provocar reações de hostilidade e de
criar inimigos onde antes havia paz, ou, ao menos, tolerância mútua.

O PAPEL DO BODE EXPIATÓRIO


Este constructo é uma espécie de complemento da causa anterior. Uma vez
despertadas a raiva, a hostilidade ou a frustração, a quem dirigi-las? Muitas vezes, a
causa real do sofrimento é muito vaga, ou muito grande, ou poderosa. Quando um
país atravessa um período de recessão e de desemprego, fica difícil para o cidadão
comum atacar um abstrato sistema econômico.
O que a História tem mostrado é que nestas ocasiões a raiva é deslocada para grupos
minoritários, sem muito poder e facilmente detectáveis. Segundo Aronson (1995), os
antigos hebreus tinham um costume pelo qual o sacerdote – durante um período de
expiação de culpas da tribo – pousava as mãos na cabeça de um bode e através das
devidas rezas, exortações e enunciação dos pecados cometidos, transferia-os para o
animal, que depois era abandonado no deserto para morrer, levando consigo os
pecados e limpando a comunidade de seus erros. O termo ficou e hoje é usado para
designar aqueles que levam a culpa de algo, ainda que sendo inocentes.
Exemplo: Jogos de Futebol e Violência doméstica8
Mesmo em um nível microssocial, procuramos transferir nossos sentimentos de raiva
ou de inadequação, colocando a culpa de um fracasso pessoal em algo externo ou
sobre os ombros de uma outra pessoa. Se chego tarde no trabalho, é mais fácil culpar
o trânsito do que assumir a responsabilidade por não ter tomado a precaução de sair
um pouco mais cedo.
FATORES DE PERSONALIDADE
A priori, pode-se dizer que uma pessoa, mais do que outra, seja mais propensa a ser
preconceituosa. Segundo Adorno e cols. (1950), algumas pessoas – em função do tipo
de educação recebida em casa – estariam mais predispostas a se tornarem
preconceituosas. Denominaram de Personalidade Autoritária o conjunto de traços
adquiridos que tornariam uma pessoa mais rígida em suas opiniões, intolerante para
com quaisquer demonstrações de fraqueza, em si ou nos outros, pronta a adotar
valores convencionais, desconfiada, propensa a adotar ou pregar medidas de caráter
punitivo e a dedicar respeitosa submissão a figuras de autoridade de seu próprio
grupo, e clara rejeição aos que não pertencem ao seu ciclo restrito de relações.

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Fonte: http://www.justicadesaia.com.br/

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