Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As Tirrmase Ganguesde
Adolescentes
DAVID E. ZIMERMAN
A FORMAÇAO DE GANGUES
de uma gangueé o
o aspectomaiscaracterístico
Tal como antesfoi consignado.
predominância
daspulsõesagressivo-destrutivas,
muitasvezescomrequintesde
versidade e de crueldade. Por oue isso? A resoosta não é fácil. oois as
nãosãoúnicase nemsimples,pelocontrário,sãomúltiplas,comple
determinantes
xas e abrangemfatores tanto da naturezado psiquismo intemo como aqueles
dizem respeitoàscircunstânciasda família, os aspectossócio-culturais,econômicog
oolíticos e também a influência da mídia.
Sabemosque existeuma constanteinteraçãoentre o indivíduo e a sua socieda
de, e que a identidadedo sujeito - especialmentea do adolescente- fica seriamentc
ameaçadaquandohá um incrementode angústias,quer as provindasde dentro dele'
quer aquelasque, vindasde fora, abatem-sesobreele com exigênciase privaçõesde
todaordem.
COMOTRABAL}IAMOSCOM GRUPOS . 65
cia entre o que os pais dizem,Íazem, e o que, de fato, eles rdo. Por exemplo, os pais
podem pregar verdadeirosdiscursosde alertacontra os vícios, ao mesmotempo que
ostensivamentecultivam o seu vício ao cigarro, à comida, ou a remédios,etc.
O que essencialmentediferenciaâ existênciade uma turma e de uma gangueé
que,na primeira,alémdeuma buscasadiapor emancipação, prevalecemos sentimentos
amorosos,ainda que essesestejamcamuflados por uma capa de onipotência e de
pseudo-agressão. A turma se dissolve ao natural, porquanto os seus componentes
crescem,tomam diferentescaminhosna vida e ficam absorvidospelo eslúlishment.
É diferente nas gangues:neste câso, há a predominânciados sentimentosde
ódio e vingança, com a ausênciamanifestade sentimentosde culpa e de intentos
reparatórios,ancoradosque aquelesestãona idealizaçãode sua destrutividade.Em
casode dissoluçãoda gangue,os seusmembrosseguema mesmatrilha de delinqüên-
cia ao longo da vida, tantoporqueos conflitos sócio-econômicosestãocontinuamen-
te reforçandoe justificando a violência como porque o processode separaçãoentre
elesnãofoi devidoa um Drocesso naturaldecrescimento. mas. de
um foco infeccioso,cadaum delesvai inoculandoo vírus nas
o
ter a violência provinda das ganguesorganizadasem tomo de líderesque fazem da
crueldadeo seu ideal de vida. Mesmo em paísesdo primeiro mundo, com todos os
recursoseconômicose com técnicosespecializadosà disposiçãodas autoridades,o
desafiodo problemadeliqüencialnão estásendovencido; pelo contrário.
Não se pode esquecer,no entanto,que, melhor do que simplesmentecruzar os
braçosou fazer o inútil jogo da retórica bonita - é efetivar uma real tomadade inici-
ativasque sedirijam não tantounicamenteà necessáriaaçãorepressivadirigida isola-
damentea indivíduos ou algumasgangues,mas sim ao investimentoem processos
educacionais,de tal sorteque,desdemuito cedo,a criançamarginalizadapossarespei-
tar, admirar, e assim incorporar novos modelos de valores provindos de técnicos,
educadores.
É desnecessárioesclarecerque a ênfase aqui tributada à educaçãode forma
nenhumaexclui a necessidade simultâneade uma açãorepressivapor partedasautori-
dades competentes,especialmenteporque a melhor maneira de mostrar amor por
uma criançaou adolescenteé saberimpor limites adequadosà sua onipotência.
As outrasmedidasque idêalmentepoderiamsolucionaro problemadasgangues
violentassãoutópicase totalmenteinviáveis para a nossarealidadeatual,porém não
custafazer algumascogitações:
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
BION, W. ( l96l) tVcriôncìa contgnqtos.Rio dc JnneirorImago, 1970.
ERIKSON, E. (1968)Idcntkkttl,juvenwtl l crìsis.ÌlucnosAiresrPaidós,l97l.
FREUD, S. (1920)Mais alén do príncípiotlo pru;o: S.E.B.vol. XVIII. Rio dc JanciÍo:Imâgo, 197
MORAES. V. dc. Crutto de Ossatin (letra musicnÌ).
QUINTANA, M. I)o cadentoH.Por1o Alegrc:Clobo, 1973.
WATZLAWICK, P. ct d. (196'/) Teoriu tl,: la contutticacíóttlarnrma. Bucnos Aircs: Tiemp
ConternDorÍnlro. I971.