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Terapia familiar estrutural
que provam que o filho é desobediente. Ele in- solver as disputas dos filhos, estes não aprende-
terrompe para dizer que ela fica sempre no seu rão a lutar suas próprias batalhas.
pé, que jamais lhe dá uma folga. Essa altercação As fronteiras interpessoais variam de rí-
espontânea revela um envolvimento intenso gidas a difusas (ver Figura 7.1). Fronteiras rí-
entre mãe e filho – uma preocupação mútua, gidas são excessivamente restritivas e permi-
não menos intensa por ser conflituosa. Contu- tem pouco contato com subsistemas externos,
do, essa seqüência não nos conta toda a histó- resultando em desligamento. Indivíduos ou
ria, porque não inclui o pai nem os outros fi- subsistemas desligados são independentes, mas
lhos. Eles precisam ser envolvidos para obser- isolados. Do lado positivo, isso estimula a au-
varmos seu papel na estrutura familiar. Se o tonomia. Por outro lado, o desligamento limi-
pai tomar o partido da esposa, mas parecer ta a afeição e a ajuda. Famílias desligadas pre-
despreocupado, pode ser que a preocupação cisam chegar a um estresse extremo antes de
da mãe com o filho esteja relacionada à falta mobilizarem ajuda mútua.
de envolvimento do marido. Se os filhos mais Os subsistemas emaranhados fornecem
jovens tenderem a concordar com a mãe e des- um sentimento amplo de apoio mútuo, mas à
creverem o irmão como mau, fica claro que custa da independência e da autonomia. Pais
todos os filhos são próximos da mãe – próxi- emaranhados são amorosos e atenciosos; pas-
mos e obedientes até certo ponto, depois pró- sam muito tempo com os filhos e fazem muito
ximos e desobedientes. por eles. Entretanto, os filhos emaranhados
As famílias diferenciam-se em subsistemas com os pais tornam-se dependentes. Sentem-
baseados em geração, gênero e interesses co- se menos à vontade sozinhos e podem ter difi-
muns. Agrupamentos óbvios como os pais ou os culdade em se relacionar com pessoas de fora
filhos adolescentes são, às vezes, menos significa- da família.
tivos que coalizões encobertas. Uma mãe e seu Minuchin descreveu algumas das carac-
filho caçula podem formar um subsistema tão terísticas dos subsistemas familiares em seu
fechado que os outros são excluídos. Outra famí- trabalho mais acessível, Families and family
lia pode se dividir em dois campos, com a mãe therapy (Minuchin, 1974). A família começa
e o filho de um lado, e o pai e a filha de outro. quando duas pessoas se unem para formar um
Embora certos padrões sejam comuns, as possi- casal. Duas pessoas que se amam concordam
bilidades de subagrupamentos são infinitas. em compartilhar a vida, o futuro e as expecta-
Cada membro da família desempenha tivas, mas um período de ajustamento, geral-
muitos papéis em vários subgrupos. Mary pode mente difícil, é necessário antes que elas pos-
ser esposa, mãe, filha e sobrinha. Em cada um sam completar a transição do namoro para uma
desses papéis, pode ser exigido dela um com- parceria funcional. Elas precisam aprender a
portamento diferente. Se ela for flexível, será acomodar as necessidades mútuas e os estilos
capaz de variar seu comportamento e adaptá- preferidos de interação. Em um casal sadio,
lo a diferentes subgrupos. Censurar pode estar ambos dão e recebem. Ele aprende a acomo-
bem para uma mãe, mas pode causar proble-
mas a uma esposa ou filha.
Os indivíduos, subsistemas e a família in- Fronteira rígida
teira são demarcados por fronteiras interpes-
soais, barreiras invisíveis que regulam o conta- Desligamento
to com os outros. Uma regra que proíbe telefo-
nemas durante o jantar estabelece uma frontei- Fronteira clara
ra que protege a família de intrusões externas.
Quando as crianças pequenas têm permissão Intervalo normal
para interromper livremente a conversa dos pais,
a fronteira que separa as gerações é desgastada. Fronteira difusa
Subsistemas que não são adequadamente pro- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Nesta acomodação mútua, o casal tam- Embora possa tentar ajudar a esposa, é prová-
bém precisa negociar a natureza das frontei- vel que veja algumas de suas exigências como
ras entre eles e das fronteiras que os separam desmedidas.
dos outros. Uma fronteira difusa entre o casal Os filhos requerem diferentes estilos de
é aquela em que ambos costumam se telefonar cuidados parentais nas diferentes idades. Os
durante o trabalho, em que nenhum tem ami- bebês precisam basicamente de cuidados e ca-
gos próprios ou atividades independentes e em rinho. As crianças precisam de orientação e
que passam a se ver como um par, e não como controle, e os adolescentes, de independência
duas personalidades diferentes. Por outro lado, e responsabilidade. O que representa bons cui-
a fronteira é rígida se eles passam pouco tempo dados parentais para uma criança de 2 anos
juntos, têm quartos separados, tiram férias se- pode ser inadequado para uma de 5 ou para
paradamente, têm contas separadas no banco, um adolescente de 14 anos.
e ambos investem mais na carreira ou em rela- Minuchin (1974) alerta os terapeutas fa-
cionamentos externos do que no casamento. miliares para que não confundam as dores do
Cada parceiro tende a se sentir mais à crescimento com patologia. A família normal
vontade com o nível de proximidade que exis- sente ansiedade e tem problemas conforme
tia em sua família. Já que essas expectativas seus membros se adaptam ao crescimento e à
diferem, segue-se uma luta que pode ser o as- mudança. Muitas famílias buscam ajuda em
pecto mais difícil da nova união. Ele quer jo- estágios transicionais, e os terapeutas devem
gar golfe com os rapazes; ela se sente abando- ter em mente que elas podem, simplesmente,
nada. Ela que conversar; ele quer assistir à estar no processo de modificar sua estrutura
ESPN. O foco dele é a sua carreira; o foco dela para acomodar novas circunstâncias.
é o relacionamento. Cada um acha que o ou- Todas as famílias enfrentam situações que
tro não está sendo razoável. estressam o sistema. Embora não exista nenhu-
Os casais também precisam definir uma ma linha divisória clara entre famílias sadias e
fronteira que os separe de suas famílias de ori- não-sadias, podemos dizer que as famílias sa-
gem. De repente, as famílias em que cresce- dias modificam sua estrutura para acomodar
ram passam a segundo plano no novo casa- circunstâncias modificadas; as famílias disfun-
mento. Este, também, é um ajustamento difí- cionais aumentam a rigidez das estruturas e
cil, tanto para os recém-casados quanto para deixam de ser efetivas.
seus pais. As famílias variam na facilidade com
que aceitam e apóiam essas novas uniões.
O nascimento de um filho transforma ins- DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS
tantaneamente a estrutura da nova família, DE COMPORTAMENTO
criando um subsistema parental e um subsistema
filial. É típico os cônjuges terem padrões dife- Os sistemas familiares precisam ser sufi-
rentes de comprometimento com o bebê. O cientemente estáveis para garantir continuida-
comprometimento da mulher com uma unida- de, mas suficientemente flexíveis para se aco-
de de três provavelmente começa com a gravi- modar a mudanças nas circunstâncias. Os pro-
dez, pois o bebê dentro de seu útero é uma blemas surgem quando estruturas familiares
realidade inevitável. O marido, por outro lado, inflexíveis não conseguem se ajustar de forma
talvez só comece a se sentir pai quando o filho adequada a desafios maturacionais ou situa-
nascer. Muitos homens não aceitam o papel de cionais. Mudanças adaptativas na estrutura são
pai até os filhos terem idade suficiente para necessárias quando a família ou um de seus
reagir a eles. Assim, mesmo em famílias nor- membros enfrenta um estresse externo e quan-
mais, os filhos trazem consigo grande poten- do são atingidos pontos de crescimento tran-
cial de estresse e conflito. A vida da mãe em sicionais.
geral é transformada mais radicalmente que a A disfunção familiar resulta de uma com-
do pai. Ela se sacrifica muito e, tipicamente, binação de estresse e fracasso em se realinhar
precisa de mais apoio por parte do marido. O para lidar com a situação (Colapinto, 1991).
marido, enquanto isso, continua trabalhando, Os estressores podem ser ambientais (um dos
e o novo bebê não altera tanto a sua vida. pais fica desempregado, a família se muda) ou
TERAPIA FAMILIAR 187
desenvolvimentais (um dos filhos atinge a ado- inerentes às idéias em si. Relacionamentos ten-
lescência, os pais se aposentam). O fracasso denciosos, seja qual for a razão para eles, po-
da família em lidar com a adversidade pode se dem ser problemáticos, embora nenhum mem-
dever a falhas em sua estrutura ou simples- bro da família deva ser culpabilizado ou res-
mente à sua incapacidade de se ajustar a cir- ponsabilizado por corrigir, unilateralmente, o
cunstâncias modificadas. desequilíbrio.
Nas famílias desligadas, as fronteiras são As hierarquias podem ser frágeis e inefi-
rígidas, e a família não consegue mobilizar cazes ou rígidas e arbitrárias. No primeiro caso,
apoio quando necessário. Pais desligados po- membros mais jovens da família podem ficar
dem não perceber que um filho está deprimi- desprotegidos pela ausência de orientação; no
do ou com dificuldades na escola até o proble- segundo, seu desenvolvimento como indiví-
ma avançar muito. Nas famílias emaranhadas, duos autônomos pode ser prejudicado, ou lu-
por outro lado, as fronteiras são difusas, e os tas de poder podem ser o resultado. Exatamen-
membros da família reagem exageradamente te como uma hierarquia funcional é necessá-
e se envolvem com os outros de maneira intru- ria para a estabilidade de uma família sadia, a
siva. Pais emaranhados criam dificuldades ao flexibilidade é necessária para que seus mem-
impedir o desenvolvimento de formas mais bros se adaptem a mudanças.
maduras de comportamento em seus filhos e A expressão mais comum do medo da
ao interferir em sua capacidade de resolver os mudança é a evitação do conflito, quando os
próprios problemas. familiares evitam tratar de suas discordâncias
Em seu livro sobre estudos de caso, Family para se protegerem da dor de se enfrentarem
healing, Minuchin e Nichols (1993) descrevem com verdades duras. As famílias desligadas
um exemplo comum de emaranhamento quan- evitam o conflito minimizando o contato; as
do um pai se intromete para resolver peque- famílias emaranhadas evitam o conflito negan-
nos desentendimentos entre os dois filhos – do diferenças, ou por meio de constantes alter-
“como se os irmãos fossem Caim e Abel, e o cações, o que lhes permite ventilar os senti-
ciúme fraterno pudesse levar ao assassinato” mentos sem pressionar por mudanças ou re-
(Minuchin e Nichols, p. 149). O problema, evi- solver as questões.
dentemente, é que, se os pais sempre interrom- Os terapeutas familiares estruturais utili-
pem as brigas dos filhos, estes não aprenderão zam alguns símbolos simples para diagramar
a lutar as próprias batalhas. problemas estruturais, e esses diagramas nor-
Embora falemos sobre famílias emaranha- malmente deixam claro quais mudanças são
das e desligadas, é mais exato falar sobre sub- necessárias. A Figura 7.2 mostra alguns dos
sistemas específicos como emaranhados ou símbolos usados para diagramar estruturas fa-
desligados. De fato, emaranhamento e desli- miliares.
gamento costumam ser recíprocos, de modo Um problema com freqüência observado
que, por exemplo, seja provável um pai exces- pelos terapeutas familiares é aquele em que os
sivamente envolvido com seu trabalho se en- pais, incapazes de resolver conflitos entre si,
volva menos com a família. Um padrão fre-
qüentemente encontrado é a síndrome mãe
emaranhada/pai desligado – “o arranjo carac- Fronteira rígida
terístico da família de classe média perturba- Fronteira nítida
da” (Minuchin e Nichols, 1993, p. 121). Fronteira difusa
Feministas têm criticado a noção de uma Coalizão
síndrome mãe emaranhada/pai desligado por-
que rejeitam a divisão estereotípica do traba- Conflito
lho (papel instrumental para o pai, papel ex-
pressivo para a mãe) e porque não querem Desvio
culpar as mães por um arranjo que é cultural-
mente sancionado. Ambas as preocupações são Emaranhamento
válidas. Todavia, preconceito e acusações são
devidos à aplicação insensível dessas idéias, não FIGURA 7.2 Símbolos de estrutura familiar.
188 MICHAEL P. NICHOLS
desviam o foco de preocupação para a criança. bem cuidados maravilhosos: os pais lhes dão
Em vez de se preocuparem um com o outro, muita atenção. Embora esses pais estejam can-
preocupam-se com a criança (ver Figura 7.3). sados demais de cuidar dos filhos para terem
Embora isso reduza a tensão no pai (P) e na muito tempo para si mesmos, o sistema pode
mãe (M), vitimiza a criança (C) e, portanto, é ter um sucesso moderado. Entretanto, se esses
disfuncional. pais dedicados não ensinarem os filhos a obe-
Um padrão alternativo, mas igualmente decer a regras e respeitar a autoridade, os fi-
comum, é os pais continuarem a brigar por lhos podem não estar preparados para nego-
meio da criança. O pai diz que a mãe é permis- ciar seu ingresso na escola. Acostumados a im-
siva demais; ela, que ele é rígido demais. Ele por sua vontade, é possível que se tornem re-
pode se afastar, fazendo com que ela critique beldes e agitados. Algumas conseqüências pos-
sua falta de preocupação, o que, por sua vez, síveis dessa situação levam a família a trata-
faz com que ele se afaste ainda mais. A mãe mento. As crianças podem relutar ir à escola, e
emaranhada reage às necessidades da criança seus medos, ser reforçados por pais “compre-
com preocupação excessiva. O pai desligado ensivos” que permitem que continuem em casa
tende a não reagir mesmo quando uma res- (Figura 7.6). Esse caso pode ser rotulado como
posta é necessária. Ambos podem se criticar fobia escolar e piorar se os pais permitirem que
mutuamente, mas perpetuam o comportamen- os filhos continuem em casa por mais de al-
to do outro com o seu próprio. O resultado é guns dias.
uma coalizão geracional cruzada entre a mãe Alternativamente, as crianças de tais fa-
e a criança, que exclui o pai (Figura 7.4). mílias podem ir à escola, mas como não apren-
Algumas famílias funcionam bem quan- deram a se acomodar aos outros, podem ser
do os filhos são pequenos, mas não conseguem rejeitadas pelos colegas. Essas crianças muitas
se ajustar à necessidade de disciplina dos fi- vezes ficam deprimidas e se retraem. Em ou-
lhos que estão crescendo. Os filhos pequenos tros casos, as crianças emaranhadas com os pais
nas famílias emaranhadas (Figura 7.5) rece- passam a ser um problema disciplinar na esco-
la, e as autoridades escolares podem iniciar um
aconselhamento.
Uma mudança importante na composição
P M familiar que requer ajustamento estrutural
ocorre quando cônjuges divorciados ou viúvos
casam-se novamente. Essas “famílias mistura-
das” ou reajustam suas fronteiras ou logo pas-
C sam a ter conflitos transicionais. Quando uma
FIGURA 7.3 Designação de um bode expiatório para des- mulher se divorcia, ela e as crianças precisam
viar o conflito. primeiro aprender a se reajustar a uma estru-
tura que estabelece uma clara fronteira, sepa-
rando os cônjuges divorciados, mas ainda per-
mite contato entre o pai e os filhos; então, se
M P ela casa novamente, a família precisa apren-
P der a funcionar com um novo marido e padras-
to (Figura 7.7). Às vezes, é difícil para a mãe e
Torna-se M C os filhos permitirem que o padrasto participe
P M C
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Filhos Escola
FIGURA 7.5 Pais emaranhados com os filhos. FIGURA 7.6 Fobia escolar.
TERAPIA FAMILIAR 189
M P
M P
○ ○ ○ ○
Filhos
Johnny
M P
Torna-se
Filhos ou
M Padrasto M Interesses
Torna-se ○ ○ ○ ○
externos
Filhos P
Johnny
como parceiro no novo subsistema parental. A Por que a mãe está emaranhada com o
mãe e os filhos estabeleceram regras transacio- filho? Talvez ela esteja desligada do marido.
nais e aprenderam a se acomodar uns aos ou- Talvez seja uma viúva que não encontrou no-
tros. O novo pai pode ser tratado como um es- vos amigos, um trabalho ou outros interesses.
tranho, de quem se espera que aprenda a ma- A melhor maneira de ajudar Johnny a resolver
neira “certa” (costumeira) de fazer as coisas, e sua depressão talvez seja ajudar sua mãe a sa-
não como um novo parceiro que dará, assim tisfazer as próprias necessidades de proximi-
como receberá, idéias sobre criação de filhos dade com o marido ou amigos.
(Figura 7.8). Quanto mais a mãe e os filhos Já que os problemas são uma função da
insistirem em manter seus padrões familiares estrutura familiar inteira, é importante incluir
sem incluir o padrasto, mais frustrado e zan- todo o grupo na avaliação. Contudo, às vezes,
gado ele ficará. O resultado pode levar ao abu- nem mesmo atender a família inteira é suficien-
so da criança ou a brigas crônicas entre os pais. te. A família nem sempre é o contexto comple-
Quanto mais cedo essas famílias entrarem em to ou mais relevante. A depressão de uma mãe
tratamento, mais fácil será ajudá-las a se ajus- poderia dever-se mais a relacionamentos no
tarem à transição. trabalho do que em casa. Os problemas esco-
Aspecto importante dos problemas estru- lares de um filho poderiam dever-se mais ao
turais da família é que os sintomas de um de contexto estrutural escolar do que ao familiar.
seus membros não apenas refletem os relacio- Nesses casos, o terapeuta familiar estrutural
namentos dessa pessoa com os outros, mas são trabalha com o contexto mais relevante para
também uma função de ainda outros relacio- amenizar os problemas apresentados.
namentos na família. Se Johnny, de 16 anos, Por fim, alguns problemas podem ser tra-
está deprimido, ajuda saber que está emara- tados como do indivíduo. Conforme Minuchin
nhado com a mãe. Descobrir que ela exige dele (1974, p. 9) escreveu, “A patologia pode estar
uma obediência absoluta e se recusa a deixá- dentro do paciente, em seu contexto social ou
lo ter idéias próprias ou relacionamentos com no feedback entre eles”. Alhures, Minuchin
pessoas de fora ajuda a explicar a sua depres- (Minuchin, Rosman e Baker, 1978, p. 91) se
são (Figura 7.9). Todavia, esta é uma visão referiu ao perigo de “negar o indivíduo e entro-
apenas parcial do sistema familiar. nizar o sistema”. Enquanto entrevista a família
para ver como os pais lidam com os filhos, o
terapeuta cuidadoso pode perceber que uma das
M Padrasto crianças tem um problema neurológico ou uma
○ ○ ○ ○ incapacidade de aprendizagem. Esses problemas
precisam ser identificados, e os encaminhamen-
Filhos
tos necessários, feitos. Habitualmente, quando
FIGURA 7.8 Fracasso em aceitar um padrasto. uma criança tem dificuldades na escola, existe
190 MICHAEL P. NICHOLS
seus sentimentos. Ela ainda é uma menina, qual ela está organizada. Supõe-se que, se a
precisa da sua ajuda”. organização mudar, o problema também vai
Além de trabalhar com encenações, o tera- mudar. Talvez seja importante acrescentar que
peuta estrutural está atento a seqüências com- as dificuldades costumam refletir problemas na
portamentais espontâneas que ilustram a estru- maneira pela qual a família inteira está orga-
tura familiar. Criar uma encenação é como diri- nizada. Portanto, supõe-se que, se ocorrer uma
gir uma peça de teatro; trabalhar com seqüên- mudança entre a mãe e a filha, as coisas tam-
cias espontâneas é como focalizar um refletor em bém mudarão entre marido e mulher.
uma ação que ocorre sem direção. Ao observar e Os terapeutas estruturais fazem avaliações
modificar tais seqüências cedo na terapia, o primeiro reunindo-se à família para criar uma
terapeuta evita se atolar na maneira habitual e aliança e, depois, pondo a família em movimento
improdutiva da família de fazer as coisas. Lidar pelo uso de encenações, diálogos na sessão que
com comportamentos problemáticos assim que permitem ao terapeuta observar como os mem-
ocorrem permite ao terapeuta organizar a ses- bros da família realmente interagem.
são, para sublinhar o processo e modificá-lo. Suponha, por exemplo, que uma jovem
Um terapeuta experiente desenvolve pal- se queixa de uma indecisão obsessiva. Ao res-
pites sobre a estrutura familiar antes mesmo ponder às perguntas do terapeuta durante um
da primeira entrevista. Por exemplo, se a famí- encontro inicial com a família, a jovem fica in-
lia procura a clínica por causa de uma criança decisa e olha de relance para o pai. Ele fala e
“hiperativa”, é possível ter algum palpite sobre esclarece o que ela não consegue. Agora a inde-
a estrutura familiar e as seqüências que aconte- cisão da filha pode ser ligada à prestimosidade
cerão quando a sessão começar, pois o compor- do pai, o que sugere um padrão de emaranha-
tamento “hiperativo” muitas vezes é uma fun- mento. Quando o terapeuta pede aos pais que
ção do emaranhamento da criança com a mãe. conversem sobre suas opiniões sobre os proble-
O relacionamento da mãe com a criança pode mas da filha, eles têm dificuldade em falar sem
ser produto da falta de diferenciação hierárqui- discutir reativamente, e a discussão não segue
ca dentro da família; isto é, pais e filhos se rela- adiante. Isso sugere desligamento entre os pais,
cionam entre si como iguais. Além disso, o ema- o que pode se relacionar (como causa e efeito)
ranhamento da mãe com a criança “hiperativa” ao emaranhamento entre o pai e a filha.
provavelmente será tanto um resultado quanto Observe como a avaliação estrutural se
uma causa da distância emocional com o mari- estende além do problema apresentado e pas-
do. Sabendo que este é um padrão comum, o sa a incluir a família inteira e – sejamos fran-
terapeuta pode antecipar que a criança “hipera- cos – a suposição de que as famílias com pro-
tiva” começará a se comportar mal logo no iní- blemas geralmente apresentam algum tipo de
cio da primeira sessão, e que a mãe será incapaz problema estrutural subjacente. Entretanto, é
de lidar com esse mau comportamento. Arma- importante notar que os terapeutas estruturais
do com este palpite informado, o terapeuta não fazem suposições sobre como as famílias
pode lançar luz sobre essa seqüência assim que deveriam ser organizadas. Famílias monoparen-
ela ocorrer. Se a criança “hiperativa” começar tais podem ser perfeitamente funcionais, tanto
a correr pela sala e a mãe protestar, mas não quanto as famílias com mamães e papais, ou,
fizer nada de efetivo, o terapeuta poderia dizer: na verdade, qualquer outra variação familiar.
“Eu vejo que seu filho se sente à vontade para É o fato de a família buscar terapia para um pro-
ignorar você”. Este desafio pode levar a mãe a blema que foi incapaz de resolver o que dá ao
se comportar de maneira mais competente. terapeuta a licença de supor que algo, na manei-
ra específica pela qual essa família está organiza-
da, talvez não esteja dando certo para ela.
TERAPIA A melhor maneira de fazer uma avaliação
Avaliação é focalizar o problema apresentado e, então,
explorar a resposta da família a ele. Considere
Uma avaliação estrutural baseia-se na su- o caso de uma menina de 13 anos cujos pais se
posição de que as dificuldades da família via queixam de que ela mente. A primeira pergun-
de regra refletem problemas na maneira pela ta poderia ser: “Para quem ela mente?” Diga-
TERAPIA FAMILIAR 193
mos que a resposta é “para ambos os pais”. A xergarem aquilo para o qual estavam olhando.
pergunta seguinte seria: “Quão bons são os pais Através das lentes da teoria familiar estrutural,
em perceber quando a filha está mentindo?” interações familiares previamente confusas
Depois, menos inocentemente: “Qual dos dois entravam em foco de súbito. Onde outros viam
percebe melhor quando a filha está mentindo?” apenas caos e crueldade, Minuchin via estru-
Talvez seja a mãe. De fato, digamos que a mãe tura: famílias organizadas em subsistemas
está obcecada por detectar as mentiras da filha – com fronteiras. Esse livro de imenso sucesso
a maioria das quais tem a ver com buscar inde- (mais de 200 mil cópias impressas) não só nos
pendência, de uma maneira que eleva a ansie- ensinou a enxergar emaranhamento e desliga-
dade da mãe. Assim, uma mãe preocupada e mento, como também nos deu a esperança de
uma filha desobediente estão aprisionadas a que mudar isso era apenas uma questão de reu-
uma luta a respeito de crescer que exclui o pai. nir-se a, encenar e desequilibrar. Minuchin fez
Levando adiante essa avaliação, o tera- com que mudar famílias parecesse simples.
peuta estrutural exploraria o relacionamento Não é.
entre os pais. A suposição, entretanto, não seria Quem observasse Minuchin trabalhando
de que os problemas da filha são resultado dos 10 ou 20 anos depois da publicação de Families
problemas conjugais, mas simplesmente que o and family therapy veria um terapeuta criativo
relacionamento mãe-filha poderia estar ligado ainda evoluindo, não alguém congelado no
ao relacionamento entre os pais. Talvez os pais tempo no ano de 1974. Ainda haveria confron-
tenham se dado bem até a primogênita entrar tações claras (“Quem é o xerife nesta família?”),
na adolescência, quando a mãe passou a se mas haveria menos encenações, menos diálo-
preocupar muito mais que o pai. Seja qual for gos encenados e dirigidos. Ainda ouviríamos
o caso, a avaliação também envolveria conversar uma miscelânea tomada emprestada de Carl
com os pais sobre como foi crescer na família Whitaker (“Quando foi que você se divorciou
de cada um, a fim de explorar como seus pas- da sua mulher e se casou com seu trabalho?”),
sados ajudaram a torná-los do jeito que são. Maurizio Andolfi (“Por que você não mija no
O Dr. Minuchin e colaboradores escreve- tapete, também?”) e outros. Minuchin combi-
ram, recentemente, um livro em que o proces- na muitos pontos em seu trabalho. Para aque-
so de avaliação é organizado em quatro etapas les familiarizados com seu trabalho anterior,
(Minuchin, Nichols e Lee, no prelo). A primei- tudo isso levanta a pergunta: Minuchin ainda
ra etapa é fazer perguntas sobre o problema é um terapeuta familiar estrutural? A pergun-
apresentado até os membros da família come- ta, evidentemente, é absurda; nós a levanta-
çarem a perceber que o problema vai além da mos para enfatizar um ponto: a terapia fami-
pessoa que apresenta o sintoma e inclui a fa- liar estrutural não é um conjunto de técnicas –
mília toda. A segunda etapa é ajudar os mem- é uma maneira de olhar para as famílias.
bros da família a perceber como suas interações No restante desta seção, apresentaremos
podem, inadvertidamente, estar perpetuando o esboço clássico da técnica familiar estrutu-
o problema. A terceira etapa é uma breve ex- ral, com o seguinte alerta: depois que o tera-
ploração do passado, focalizando como os adul- peuta dominar os aspectos básicos da teoria
tos da família chegaram às perspectivas que estrutural, precisa aprender a traduzir a abor-
agora influenciam suas interações problemáti- dagem de uma maneira que se adapte ao seu
cas. A quarta etapa é explorar opções que os estilo pessoal.
membros da família possam pôr em prática Em Families and family therapy, Minuchin
para interagir de maneiras mais produtivas, que (1974) listou três fases que se sobrepõem no
criem uma mudança na estrutura familiar e aju- processo da terapia familiar estrutural. O te-
dem a resolver a queixa apresentada. rapeuta (1) se reúne à família em uma posição
de liderança, (2) mapeia sua estrutura sub-
jacente e (3) intervém para transformar essa
Técnicas terapêuticas estrutura. Este programa é simples, no sentido
de que segue um plano claro, mas muito com-
Em Families and family therapy, Minuchin plicado devido à infinita variedade de padrões
(1974) ensinou os terapeutas familiares a en- familiares.
194 MICHAEL P. NICHOLS
Para serem efetivos, os movimentos do garantido. Eles, não seus filhos, são solicita-
terapeuta não podem ser pré-planejados ou dos primeiramente a descrever seus problemas.
ensaiados. Bons terapeutas são mais do que Se uma família elege uma pessoa para falar
técnicos. A estratégia da terapia, por outro lado, pelas outras, o terapeuta percebe, mas não
precisa ser organizada. Em geral, a terapia fa- contesta isso de início.
miliar estrutural segue estes sete passos: As crianças também têm preocupações e
capacidades especiais. Elas devem ser saudadas
1. União e acomodação gentilmente e questionadas com perguntas sim-
2. Encenação ples, concretas. “Oi, eu sou fulana de tal; qual
3. Mapeamento estrutural é o seu nome? Oh, Shelly, é um nome muito
4. Focalização e modificação de interações bonito. Em que escola você estuda, Shelly?”
5. Criação de fronteiras Com crianças mais velhas, tente evitar as habi-
6. Desequilibração tuais perguntas fingidas dos adultos (“E o que
7. Desafio de suposições improdutivas você quer ser quando crescer?”). Tente algo mais
inovador (como “O que você mais detesta na
escola?”). As que quiserem ficar em silêncio
União e acomodação devem ter “permissão” para isso. Elas ficarão
caladas, de qualquer maneira, mas o terapeuta
Já que a maioria das famílias tem padrões que aceita sua reticência terá dado um passo
homeostáticos firmemente estabelecidos, a te- importante no sentido de mantê-las envolvidas.
rapia familiar às vezes requer confrontação. “E o que você pensa sobre esse problema?” (Si-
Contudo, desafios ao estilo habitual da família lêncio total.) “Entendo, você não está com von-
serão descartados a menos que sejam feitos de tade de dizer nada agora? Tudo bem, talvez você
uma posição respeitosa. As famílias, como você queira dizer alguma coisa mais tarde.”
e eu, resistem às tentativas de mudança por O fracasso em se reunir e se acomodar à
parte de alguém que elas sentem que não as família produz resistência, e a culpa geralmen-
entende nem aceita. te recai sobre a família. Pode ser confortador
Os pacientes individuais em geral entram culpar os clientes quando as coisas não vão bem,
em tratamento já predispostos a aceitar a au- mas isso não ajuda em nada. Podemos chamar
toridade do terapeuta. Ao buscar terapia, o os membros da família de “negativos”, “rebel-
indivíduo tacitamente reconhece uma necessi- des”, “resistentes” ou “desafiadores”, e vê-los
dade de ajuda e uma disposição a confiar no como “desmotivados”, mas ainda é mais útil fa-
terapeuta. Isso não acontece com as famílias. zer um esforço extra para conectar-se com eles.
O terapeuta familiar é um estranho im- É particularmente importante reunir-se
portuno. Afinal de contas, por que ela insistiu aos membros fortes da família e também aos
em conversar com toda a família? Os membros que estão zangados. Devemos fazer um esfor-
da família esperam ouvir que estão fazendo ço especial para aceitar o ponto de vista do pai
algo errado e estão preparados para se defen- que acha que terapia é bobagem ou do adoles-
der. A família, portanto, é um grupo de não- cente que se sente um criminoso acusado. Tam-
pacientes que se sentem ansiosos e expostos; bém é importante reconectar-se com essas pes-
eles estão determinados a resistir. soas a intervalos freqüentes, particularmente
Primeiro o terapeuta precisa desarmar quando as coisas começam a esquentar.
defesas e aliviar a ansiedade. Isso é feito pela Um bom começo é saudar a família e de-
criação de uma aliança de entendimento com pois perguntar a opinião de cada pessoa sobre
cada membro da família. O terapeuta saúda o problema. Ouça cuidadosamente e reconhe-
cada pessoa pelo nome e faz algum tipo de ça a posição de cada um, devolvendo o que
contato amigável. você ouviu. “Entendo, Sra. Jones, a senhora
Essas saudações iniciais transmitem res- acha que a Sally deve estar deprimida por al-
peito, não só pelos indivíduos da família, mas guma coisa que aconteceu na escola.” “Então,
também por sua estrutura hierárquica e organi- Sr. Jones, você vê algumas coisa que a sua es-
zacional. O terapeuta demonstra respeito pe- posa também vê, mas não está convencido de
los pais ao tomar sua autoridade como algo que este é um problema sério. É isso?”
TERAPIA FAMILIAR 195
Encenação não precisa ouvir descrições do que acontece
em casa para perceber a incompetência execu-
A estrutura familiar se manifesta na ma- tiva. Se mãe e filha se enfurecem e vociferam
neira pela qual os membros da família intera- entre si enquanto o pai continua sentado silen-
gem. Ela nem sempre pode ser inferida a par- ciosamente no canto, não é necessário pergun-
tir de suas descrições. Portanto, fazer pergun- tar quão envolvido ele é em casa. De fato, per-
tas como: “Quem está no comando?” ou “Vocês guntar pode transmitir um quadro menos exa-
dois concordam?” tende a ser improdutivo. As to do que aquele revelado espontaneamente.
famílias geralmente se descrevem mais como
acham que deveriam ser do que como são.
Fazer com que os membros da família Mapeamento estrutural
conversem entre si contraria suas expectativas.
Eles esperam apresentar seu caso para um es- As famílias habitualmente concebem os
pecialista e então receber uma orientação so- problemas como localizados no paciente iden-
bre o que fazer. Se solicitados a discutir algu- tificado e determinados por acontecimentos do
ma coisa na sessão, eles dirão: “Nós já falamos passado. Esperam que o terapeuta mude o pa-
sobre isso muitas vezes” ou “Não vai adiantar ciente identificado – com o mínimo possível
nada, ele (ou ela) não escuta” ou “Mas o espe- de alteração na família. Os terapeutas familia-
cialista não deveria ser você?” res consideram os sintomas do paciente iden-
Se o terapeuta começar dando a cada tificado como uma expressão dos padrões
pessoa a chance de falar, habitualmente alguém disfuncionais que afetam toda a família. Uma
dirá algo sobre outro que pode ser um trampo- avaliação estrutural amplia o problema além
lim para uma encenação. Quando, por exem- dos indivíduos para o sistema familiar e trans-
plo, um dos pais diz que o outro é rígido de- fere o foco de acontecimentos isolados do pas-
mais, o terapeuta pode dar início a uma ence- sado para as transações que estão acontecen-
nação dizendo: “Ela diz que você é rígido de- do no presente.
mais; você pode responder a ela?” Escolher um Até os terapeutas familiares muitas vezes
ponto específico para resposta é mais efetivo categorizam as famílias com construtos que se
que pedidos vagos, como: “Por que vocês dois aplicam mais a indivíduos que a sistemas. “O
não falam sobre isso?” problema nesta família é que a mãe sufoca os
Depois que a encenação começar, o tera- filhos” ou “Esses filhos são desafiadores” ou “Ele
peuta pode descobrir muitas coisas sobre a es- não se envolve”. Os terapeutas familiares es-
trutura da família. Por quanto tempo duas pes- truturais tentam avaliar a inter-relação entre
soas podem conversar sem serem interrompi- todos os membros da família. Com os concei-
das – isto é, quão clara é a fronteira? Alguém tos de fronteiras e subsistemas, a estrutura de
ataca, o outro defende? Quem é central, quem todo o sistema é descrita de maneira que apon-
é periférico? Os pais envolvem os filhos em suas ta para mudanças desejáveis.
discussões – isto é, eles estão emaranhados? Avaliações preliminares baseiam-se em
As famílias demonstram emaranhamento interações ocorridas na primeira sessão. Nas
quando se interrompem com freqüência, falam sessões posteriores, essas formulações são aper-
por outros membros, fazem coisas para os fi- feiçoadas e revisadas. Embora haja certo peri-
lhos que estes podem fazer sozinhos ou bri- go de forçar as famílias a se encaixarem em
gam constantemente. Nas famílias desligadas categorias quando as aplicamos precocemen-
podemos ver um marido sentado impassivel- te, o maior perigo é esperar demais. Costuma-
mente enquanto a mulher chora, uma total mos enxergar as pessoas mais claramente du-
ausência de conflito, uma surpreendente igno- rante o contato inicial. Mais tarde, quando pas-
rância de informações importantes sobre os fi- samos a conhecê-las melhor, nós nos acostu-
lhos ou falta de consideração pelos interesses mamos às suas idiossincrasias e logo deixamos
dos outros. de percebê-las.
Se, assim que a primeira sessão começar, As famílias rapidamente induzem o tera-
as crianças passarem a correr pela sala enquan- peuta à sua cultura. Uma família que, de iní-
to os pais protestam ineficazmente, o terapeuta cio, parece ser caótica e emaranhada, logo pas-
196 MICHAEL P. NICHOLS
sa a ser apenas a conhecida família Jones. Por suas implicações estruturais exige um foco no
essa razão, é essencial desenvolver hipóteses processo, não no conteúdo. Nada sobre estru-
estruturais relativamente cedo no processo. tura é revelado ao se ouvir quem é a favor de
De fato, convém refletir e palpitar sobre castigos ou quem fala bem de quem. A estrutu-
a estrutura da família antes mesmo da primei- ra familiar é revelada por quem diz o que a
ra sessão. Isso dá início a um processo de pen- quem e de que maneira.
samento ativo e monta o cenário para obser- Talvez uma esposa se queixe: “Nós temos
var a família. Por exemplo, suponha que você um problema de comunicação. Meu marido
vai atender uma família formada por uma mãe, não fala comigo, ele nunca expressa seus sen-
uma filha de 16 anos e um padrasto. A mãe timentos”. O terapeuta então inicia uma ence-
telefonou para se queixar do mau comporta- nação para ver o que realmente acontece. “A
mento da filha. Qual você imagina que pode- sua mulher diz que vocês têm um problema de
ria ser a estrutura e como pode testar a sua comunicação; você pode responder a isso? Fale
hipótese? Um bom palpite seria que a mãe e a com ela.” Se, quando eles conversarem, a mu-
filha estão emaranhadas, excluindo o padras- lher se tornar dominadora e crítica e o marido
to. Isso pode ser testado ao se verificar se mãe passar a falar cada vez menos, o terapeuta verá
e filha conversam principalmente uma sobre a o que está errado: o problema não é que ele
outra na sessão – quer positiva, quer negativa- não fala, o que é uma explicação linear. O pro-
mente. O desligamento do padrasto poderá ser blema também não é que ela importuna, tam-
confirmado se ele e a esposa não conseguirem bém uma explicação linear. O problema é que,
conversar sem a intrusão da filha. quanto mais ela importuna, mais ele se afasta,
Avaliações estruturais levam em conta tan- e quanto mais ele se afasta, mais ela importuna.
to o problema que a família apresenta quanto a O truque é modificar esse padrão. Isso
dinâmica estrutural revelada. Incluem todos os pode requerer uma intervenção enérgica, ou o
membros da família. Neste caso, saber que mãe que os terapeutas estruturais chamam de in-
e filha estão emaranhadas não é suficiente: você tensidade.
também precisa saber o papel que o padrasto Minuchin fala com as famílias com um
desempenha. Se ele é razoavelmente próximo impacto dramático e convincente. Ele regula a
da esposa, mas distante da filha, encontrar ati- intensidade de suas mensagens para exceder
vidades mutuamente prazerosas para padrasto o limiar que os membros da família têm para
e enteada ajudará a torná-la mais independen- não escutarem desafios à sua maneira de per-
te da mãe. Por outro lado, se a proximidade da ceber a realidade. Quando Minuchin fala, as
mãe em relação à filha parecer uma função de famílias escutam.
sua distância do marido, então o par conjugal Minuchin é enérgico, mas a intensidade
poderia ser o foco mais produtivo. não é meramente uma função da personalida-
Sem uma formulação e um plano estru- de; ela reflete claridade de propósito. O co-
turais, o terapeuta fica defensivo e passivo. Em nhecimento da estrutura familiar e o compro-
vez de saber aonde ir e mover-se deliberada- metimento em ajudar as famílias a mudar pos-
mente, ele se recosta e tenta lidar com a famí- sibilitam poderosas intervenções.
lia, ou apagar incêndios e ajudá-los a enfren- Os terapeutas estruturais atingem inten-
tar uma sucessão de incidentes. Um conheci- sidade pela regulação seletiva de afeto, repeti-
mento consistente da estrutura da família e o ção e duração. Tom, volume, ritmo e escolha
foco em uma ou duas mudanças estruturais de palavras são usados para aumentar a inten-
ajuda o terapeuta a enxergar por trás das várias sidade afetiva das declarações. Ajuda se você
questões de conteúdo que os membros da fa- souber o que quer dizer. Aqui vai um exemplo
mília trazem à baila. de uma declaração sem energia: “As pessoas
sempre se preocupam consigo mesmas, como
que vendo a si próprias no centro das atenções
Focalização e modificação de interações e só procurando aquilo que lhes interessa. Não
seria mais legal, para variar, se todo o mundo
Quando as famílias começam a interagir, começasse a pensar sobre o que pode fazer
surgem transações problemáticas. Reconhecer pelos outros?” Compare isso com: “Não per-
TERAPIA FAMILIAR 197
gunte o que o seu país pode fazer por você – a mula proverbial do fazendeiro – às vezes é
pergunte o que você pode fazer por seu país”. preciso bater na cabeça delas para obter a sua
As palavras de John Kennedy tiveram impacto atenção.
porque foram bem escolhidas e claramente Intensidade também pode ser obtida com
enunciadas. Os terapeutas familiares não pre- o aumento da duração de uma seqüência além
cisam discursar, mas, ocasionalmente, precisam do ponto em que a homeostase se reinstala.
falar com energia para se fazer entender. Um exemplo comum é o manejo de explosões
A intensidade afetiva não é apenas uma de raiva. Explosões de raiva são mantidas por
questão de enunciado claro. Você tem de saber pais que cedem. A maioria dos pais tenta não
como e quando ser provocativo. Por exemplo, ceder; eles só não tentam o tempo suficiente.
Mike Nichols trabalhou com uma família em Recentemente, uma menina de 4 anos come-
que o paciente identificado era uma mulher de çou a berrar como louca quando a irmã saiu
29 anos com anorexia. Embora a família man- da sala. Ela queria ir com a irmã. Seus berros
tivesse uma fachada de união, era rigidamente eram quase insuportáveis, e os pais estavam
estruturada; a mãe e a filha anoréxica eram prontos para recuar. Entretanto, o terapeuta
emaranhadas, enquanto o pai era excluído. os exortou a não se darem por vencidos e su-
Nessa família, o pai era o único a expressar geriu que a segurassem até ela se acalmar, “para
raiva abertamente, e esta constituía parte do lhe mostrar quem mandava”. Ela berrou por
motivo de sua exclusão. A filha tinha medo da 30 minutos! Todo o mundo na sala estava em
raiva dele, o que ela reconhecia francamente. frangalhos. Contudo, a garotinha, finalmente,
O que estava menos claro, contudo, era que a percebeu que desta vez não conseguiria impor
mãe a ensinara veladamente a evitar o pai, sua vontade, de modo que se acalmou. Depois,
porque ela, a mãe, não conseguia lidar com a os pais foram capazes de empregar a mesma
raiva dele. Conseqüentemente, a filha cresce- intensidade de duração para fazê-la abando-
ra temendo o pai e os homens em geral. nar esse hábito altamente destrutivo.
A certo ponto, o pai falou sobre como se Às vezes, intensidade requer repetição de
sentia isolado da filha; ele disse que achava um tema em uma variedade de contextos. Pais
que era por ela ter medo da raiva dele. A filha infantilizadores precisam ouvir que não devem
concordou, “É culpa dele, sim”. O terapeuta pendurar o casaco da filha, não devem falar
perguntou à mãe o que ela achava, e a mãe por ela, não devem levá-la ao banheiro e não
respondeu: “Não é culpa dele”. O terapeuta fa- devem fazer muitas outras coisas que ela é ca-
lou: “Você está certa”. Ela continuou, negando paz de fazer por si mesma.
seus reais sentimentos para evitar conflito: O que estamos chamando de “intensida-
“Não é culpa de ninguém”. O terapeuta res- de” pode parecer a alguns excessivamente
pondeu de uma maneira que chamou a aten- agressivo. Embora não se possa negar que
ção dela: “Isso não é verdade”. Surpresa, ela Minuchin e seus seguidores tendem a ser inter-
perguntou o que ele queria dizer. “A culpa é vencionistas, o objetivo da intensidade não é
sua”, respondeu ele. intimidar as pessoas, e sim empurrá-las além
Este nível de intensidade era necessário do ponto em que desistem de alcançar-se mu-
para interromper um padrão rígido de evitação tuamente. Uma estratégia alternativa para as
de conflito que mantinha uma aliança destru- interações que estão em um impasse é o uso
tiva entre mãe e filha. O conteúdo – quem re- da empatia, para ajudar os membros da famí-
almente está com medo da raiva – é menos lia a irem além da superfície de suas altercações
importante que o objetivo estrutural: libertar defensivas.
a filha de sua posição de envolvimento exces- Se, por exemplo, os pais de uma criança
sivo com a mãe. desobediente estão aprisionados em um ciclo
Os terapeutas, com muita freqüência, di- de brigas improdutivas, em que a mãe ataca o
luem suas intervenções ao qualificar exagerada- pai por não se envolver, e ele responde com
mente, pedir desculpas ou divagar. Isso não é desculpas, o terapeuta pode usar intensidade
um problema tão sério na terapia individual, para incentivá-los a planejar como lidar com o
em que via de regra é melhor eliciar interpre- comportamento do filho. Em outra alternati-
tações do paciente. As famílias são mais como va, o terapeuta pode interromper sua discus-
198 MICHAEL P. NICHOLS
são e, por meio da empatia, conversar com um Se o terapeuta tivesse esperado que o caos re-
de cada vez sobre como se sentem. A mulher começasse antes de dizer à mãe que deveria
que só demonstra raiva pode estar encobrindo ser firme, a mensagem seria: “Você é incom-
a mágoa e os anseios que sente. O marido que petente”.
não se envolve nem briga quando se sente ataca- Sempre que possível, os terapeutas es-
do pode estar irritado demais com a raiva da truturais evitam fazer o que os membros da
mulher para perceber que ela precisa dele. família são capazes de fazer sozinhos. Aqui,
Quando essas emoções mais genuínas forem ar- também, a mensagem é: “Vocês são compe-
ticuladas, podem servir de base para os clientes tentes, conseguem fazer isso”. Alguns terapeu-
se reconectarem de maneira menos defensiva. tas justificam o assumir funções da família
Dar forma à competência é outro méto- chamando isto de “modelagem”. Independen-
do para modificar interações e é uma marca temente de como for chamado, tem o impac-
registrada da terapia familiar estrutural. A in- to de dizer aos membros da família que são
tensidade geralmente é usada para bloquear o inadequados. Recentemente, uma jovem mãe
fluxo de interações. Criar competência é como confessou que não soubera como dizer aos
dar uma cutucada a fim de mudar a direção do filhos que iam falar com um terapeuta de fa-
fluxo. Ao salientar e dar forma aos aspectos mília e, então, dissera simplesmente que iam
positivos, o terapeuta estrutural ajuda os mem- dar uma volta. Querendo ajudar, o terapeuta
bros da família a adotarem alternativas funcio- então explicou às crianças que “A mamãe me
nais que já fazem parte de seu repertório. disse que há alguns problemas na família, de
Um erro comum cometido por terapeutas modo que nós todos estamos aqui para con-
inexperientes é tentar desenvolver um desem- versar sobre as coisas a fim de ver se pode-
penho competente apenas com o apontamen- mos melhorá-las”. Esta adorável explicação diz
to dos erros. Isso focaliza o conteúdo sem le- às crianças por que elas vieram, mas confir-
var em conta o processo. Dizer aos pais que ma a mãe como incompetente para fazê-lo.
eles fazem algo errado ou sugerir que façam Se, em vez disso, o terapeuta tivesse sugerido
algo diferente tem o efeito de criticar sua com- à mãe: “Você gostaria de dizer a eles agora?”
petência. Apesar das boas intenções, ainda é Então a mãe, não o terapeuta, teria de se com-
humilhante. Embora esse tipo de intervenção portar como uma mãe capaz.
não possa ser de todo evitado, uma aborda-
gem mais efetiva é apontar o que eles estão
fazendo certo. Criação de fronteiras
Mesmo quando as pessoas cometem mui-
tos erros, normalmente é possível escolher algo A dinâmica familiar disfuncional é pro-
que fazem bem. Um senso de momento certo duto de fronteiras demasiado rígidas ou difu-
ajuda. Por exemplo, em uma grande família sas. Os terapeutas estruturais intervêm para
caótica, os pais eram muito ineficazes no con- realinhar as fronteiras, aumentando ou a proxi-
trole dos filhos. Em certo momento, o terapeuta midade ou a distância entre os subsistemas
se voltou para a mãe e disse: “Está muito baru- familiares.
lhento aqui; você poderia acalmar as crianças?” Nas famílias emaranhadas, as interven-
Sabendo que era difícil para ela controlar os ções do terapeuta têm o objetivo de fortalecer
filhos, o terapeuta estava pronto a comentar as fronteiras entre subsistemas e aumentar a
imediatamente qualquer passo na direção de independência dos indivíduos. Os membros da
um manejo efetivo. A mãe teve de gritar “Quie- família são exortados a falar por si mesmos;
tos!” algumas vezes antes que as crianças pa- interrupções são bloqueadas, e díades são aju-
rassem momentaneamente o que estavam fa- dadas a concluir suas conversas sem intrusão
zendo. Rapidamente – antes que as crianças de outros. O terapeuta que quer apoiar o sub-
retomassem o mau comportamento –, o tera- sistema dos irmãos e protegê-lo da intrusão
peuta cumprimentou a mãe por “amar os fi- parental desnecessária poderia dizer: “Susie e
lhos o suficiente para ser firme com eles”. As- Sean, conversem sobre isso, e todos os outros
sim, a mensagem transmitida foi: “Você é uma vão escutar atentamente”. Se os filhos inter-
pessoa competente, você sabe como ser firme”. rompem os pais com freqüência, o terapeuta
TERAPIA FAMILIAR 199
poderia desafiar os pais a reforçarem a fron- o contato entre si. Sem agir como juiz ou árbi-
teira hierárquica dizendo: “Por que vocês não tro, o terapeuta encoraja os membros da fa-
dizem a eles para caírem fora, de modo que mília a se enfrentarem honestamente e a li-
vocês dois, adultos, possam resolver isso?” darem com suas dificuldades. Quando tera-
Embora a terapia familiar estrutural co- peutas inexperientes vêem desligamento, ten-
mece com o grupo familiar total, sessões sub- dem a pensar em maneiras de aumentar inte-
seqüentes podem ser realizadas com indivídu- rações positivas. De fato, o desligamento cos-
os ou subgrupos a fim de reforçar as fronteiras tuma ser uma maneira de evitar brigas. Por-
que os cercam. Um adolescente excessivamen- tanto, cônjuges isolados um do outro costu-
te protegido pela mãe é apoiado como pessoa mam precisar brigar antes de poderem se tor-
independente ao participar de sessões indivi- nar mais amorosos.
duais. Pais tão emaranhados com os filhos que A maioria das pessoas subestima o grau
nunca conseguem conversar em particular po- de influência de seu comportamento sobre as
dem começar a aprender a fazê-lo em sessões pessoas que as cercam. Isso vale especialmen-
terapêuticas só para eles. te nas famílias desligadas. Os problemas, via
Quando uma mulher de 40 anos telefo- de regra, são vistos como o resultado do que
nou para a clínica querendo ajuda por estar outra pessoa está fazendo, e as soluções re-
deprimida, foi solicitada a comparecer com o querem que os outros mudem. Há queixas típi-
restante da família. Logo ficou aparente que cas. “Nós temos um problema de comunicação;
essa mulher estava sobrecarregada por seus ele nunca me diz o que sente.” “Ele só se im-
quatro filhos e recebia pouco apoio do marido. porta com aquele maldito trabalho dele.”
A estratégia do terapeuta foi reforçar a fron- “A nossa vida sexual é péssima – a minha
teira entre a mãe e os filhos e ajudar os pais a mulher é frígida.” “Ninguém consegue conver-
se aproximarem. Fez-se isso em estágios. Pri- sar com ela. Ela fica o tempo todo se queixan-
meiro, o terapeuta se reuniu com a filha mais do das crianças.” Cada uma dessas afirmações
velha, de 16 anos, e apoiou sua competência sugere que o poder de mudança está unicamente
como uma potencial ajudante da mãe. Depois na outra pessoa. Esta é a visão quase universal-
disso, a menina conseguiu assumir uma série mente percebida da causalidade linear.
de responsabilidades pelos irmãos menores, Embora a maioria das pessoas veja as coi-
tanto nas sessões como em casa. sas dessa maneira, os terapeutas familiares
Liberados das preocupações com os filhos, percebem a circularidade inerente da interação
os pais agora se deparavam com a oportunida- sistêmica. Ele não diz à esposa o que sente
de de conversar mais. Contudo, tinham pouco porque ela reclama e critica, e ela reclama e
a dizer. Isso não resultava de um conflito ocul- critica porque ele não diz a ela o que sente.
to, mas refletia o casamento de duas pessoas Os terapeutas estruturais levam as discus-
relativamente não-verbais. Após várias sessões sões familiares da perspectiva linear para a
em que tentou fazer com que o par conversas- perspectiva circular ao enfatizar a complemen-
se, o terapeuta percebeu que, apesar de algu- taridade. À mãe que se queixa de que o filho é
mas pessoas gostarem de conversar, outras não desobediente se ensina a refletir sobre o que
gostam. Então, para fortalecer o vínculo entre estará fazendo para desencadear ou manter o
o casal, o terapeuta pediu que planejassem uma mau comportamento dele. A pessoa que pede
viagem especial juntos. Eles escolheram fazer mudanças precisa aprender a mudar seu jeito
um passeio de barco em um lago próximo. de tentar obter isso. A mulher que importuna
Quando voltaram para a sessão seguinte, esta- o marido para que passe mais tempo com ela
vam radiantes. Tinham se divertido muito. precisa aprender a tornar mais atraente o maior
Depois, decidiram passar algum tempo sozi- envolvimento. O marido que se queixa de que
nhos toda a semana. a mulher jamais o escuta precisa escutá-la mais,
Famílias desligadas tendem a evitar con- antes de que ela se disponha à reciprocidade.
flitos e, assim, minimizam a interação. O tera- Minuchin enfatiza a complementaridade
peuta estrutural intervém para desafiar a evita- ao pedir aos membros da família que ajudem
ção do conflito e bloquear os desvios, a fim de uns aos outros a mudar. Quando forem relata-
ajudar os membros desligados a aumentarem das mudanças positivas, ele provavelmente
200 MICHAEL P. NICHOLS
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