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Guarujá
2004
Maristela Cortese Cardoso
Guarujá
2004
RESUMO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 6
1.1 Problema............................................................................................................ 6
1.2 Objetivo...............................................................................................................7
1.3 Justificativa......................................................................................................... 7
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................8
2.1. Definição de autismo.........................................................................................8
2.2 Diagnóstico diferencial......................................................................................12
2.3 Planejamento terapêutico.................................................................................14
2.4. Educação e treinamento..................................................................................16
2.5.Métodos de educação.......................................................................................16
2.6. Modificação de comportamento.......................................................................17
2.6.1. Uso da modificação de comportamento em educação física e esportes
adaptados............................................................................................................ 19
2.7. Reorganização neurológica.............................................................................20
2.8. Terapia da vida diária......................................................................................23
2.9. Atividade fisica.................................................................................................25
2.10. Estudos de casos...........................................................................................27
2.10.1Comportamento motor de um autista, durante três anos...........................27
2.10.2 Efeitos de exercícios intensos no comportamento estereotipado em
autistas................................................................................................................ 28
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................30
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................31
5. APÊNDICE............................................................................................................ 33
5.1 Entrevista com mãe de um autista hoje com 27 anos......................................33
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo elencar os benefícios da atividade
física para pessoas portadoras de autismo, entre os quais a grande melhora no
transtorno comportamental e em atividades cotidianas básicas como vestir uma
roupa, escovar os dentes, tomar banho, enfim, proporcionar sua independência
mínima, mas significativa. Também é de grande valia no trabalho mostrar
claramente a definição do autismo como sendo uma síndrome, além de citar
alguns meios de tratamentos possíveis como a reorganização neurológica e a
terapia da vida diária, sendo estas opostas na metodologia de trabalho.
1.1 PROBLEMA
Um dos aspectos mais difíceis em relação ao autista é a introspeção e a
indiferença, que apresentam em qualquer relacionamento, notando-se uma
ausência do sorriso social, aparente aversão a contato físico, tendência a se
interessar apenas por parte da pessoa e o relacionamento anormal com objetos,
usados para rodá-los, jogá-los e sacudí-los e, como não tem a menor
compreensão de regras sociais básicas, costuma, ao sair de casa, gritar na rua,
chutar as pessoas, riscar paredes, etc. Faz-se necessário reavaliar a maneira de
lidar com essas pessoas, “entrando em seu mundo”, com muita paciência e
determinação, sendo que isto não se torna possível nos primeiros contatos.
Através da atividade física estes contatos podem se tornar mais acessíveis
facilitando a intervenção educador/aluno, já que esta é um fator importante para a
possível diminuição da hiperatividade, agressividade e movimentos
estereotipados.
1.2 OBJETIVO
Pretendeu-se mostrar através da literatura o papel fundamental da
Educação Física para pessoas autistas, sendo a atividade física um dos fatores
mais importantes para acalmar a natureza destas pessoas e torná-las mais
sociáveis e independentes. Procurou-se evidências de que através dos jogos e
brincadeiras o autista passa a fazer parte de um grupo e não vive isolado do
mundo.
1.3 JUSTIFICATIVA
Para o profissional de Educação Física conhecer, diferenciar, trabalhar e
entender uma criança autista é de suma importância no tratamento e na evolução
do prognóstico. Verifica-se a melhora em relação a família, sendo esta alvo de
muitas críticas e incompreensões. A diminuição do transtorno comportamental,
torna essas pessoas um pouco mais sociáveis e com uma independência, mesmo
que mínima, mas significativa.
Além desses conhecimentos das características do autista, é importante
que seus familiares saibam que existem ações que possibilitam a melhora de seu
comportamento.
A literatura, embora escassa, apresenta essas ações através das atividades
físicas, o que justificou plenamente o presente trabalho.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Surdez
Segundo LEBOYER (1987) a ausência de respostas aos sons, observados
nos autistas, sugere freqüentemente o diagnostico de surdez. Todavia o autista
responde a sons fracos ou a música quando cooperativos. Já as pessoas que
apresentam surdez congênita, tendem a desenvolver comportamentos autísticos
como o isolamento, as estereotipais e a resistência à mudanças, mas estas por
sua vez aprendem a se comunicar quando lhes é ensinada, perdendo as
manifestações autísticas.
A presença de defeitos na comunicação não verbal diferencia crianças
autistas das surdas ou das que têm afasia do desenvolvimento. Estes defeitos
ocorrem em todas as formas de comunicação não verbal (gestos, expressão
facial, postura), características das crianças autistas, apesar de sua habilidade
verbal. Tanto a compreensão quanto a expressão são deficientes e, ao contrário
das crianças surdas ou afásicas, elas não tentam compensar por gestos ou
expressão facial o que não conseguem comunicar verbalmente (GAUDERER
1993).
Cegueira
A cegueira congênita é associada a movimentos dos braços e mãos
semelhantes aos dos autistas, mas esses movimentos estão ligados as respostas
às estimulações do ambiente (LEBOYER,1987). As crianças cegas estabelecem
relações sociais normais quando nenhuma patologia do SNC é associada à sua
cegueira.
Retardo Mental
Segundo a definição da American Association of Mental Deficiency, uma
criança para ser classificada como Deficiente Mental deverá apresentar as
seguintes características:
“ Inteligência global significantemente abaixo da média (medidas por testes
padronizados);
Existência concomitante de déficits de comportamentos adaptativos;
Manifestação durante o período de desenvolvimento”( GAUDERER, 1993
p.136).
Segundo GAUDERER (1993), todo tratamento nesta área deve ter quatro
metas principais:
1. A estimulação de um desenvolvimento normal.
2. A redução de rigidez e da esteriotipia que caracterizam o funcionamento da
criança autista.
3. A eliminação de comportamentos mal adaptativos não específicos.
4. A diminuição do sofrimento familiar.
A primeira meta é bastante óbvia e para alcançá-la deve-se conhecer bem
o desenvolvimento normal de uma criança. A criança normal aprende com
experiências corriqueiras, desenvolvendo e estimulando o cognitivo, enquanto as
crianças lesadas não têm estas experiências diárias e quando deixadas sozinhas
tendem a estabelecer atividades solitárias, esteriotipadas e repetitivas. Segundo
RUTTER In: GAUDERER (1993), é necessário estruturar e objetivar o ensino para
que um aprendizado razoável seja obtido. As comunicações devem ser mantidas
de forma simples, direta e de preferência, concreta.
A segunda meta do tratamento consiste na redução da rigidez, repetição de
esteriótipos, através de muita rotina, ambientes muito bem estruturados e
atividade motora.
A terceira meta do tratamento consiste em tentar eliminar comportamentos
mal adaptativos, tais como medo, acessos de raiva e violência, autodestrutividade
etc. Métodos comportamentais, baseados na análise funcional de comportamento,
têm-se mostrado muito eficientes como a modificação de comportamento.
Independente da técnica utilizada é muito importante dividir comportamentos
complexos em unidades menores tornando-se, assim, mais fáceis de serem
analisados e trabalhados (RUTTER, In: GAUDERER, 1993).
A quarta meta é o alívio do nível de tensão e sofrimento familiar. A família
tem dificuldade de lidar com situações anormais causadas pelo autista e também
não sabe quais as providências tomar. A demanda emocional é muito estafante e
todos necessitam de fibra e paciência para conseguir supervisionar, estruturar e
controlar o meio ambiente. De acordo com o autor, a abordagem terapêutica deve
lhes proporcionar a oportunidade de falar sobre essas preocupações, ansiedades
e sensações de culpa consciente ou inconsciente.
2.5.MÉTODOS DE EDUCAÇÃO
Tipos de Reforçadores
Vários tipos de reforçadores podem ser empregados no controle de
comportamento entre os quais se destacam:
Reforçadores primários ou não condicionados: são estímulos de
sobrevivência, como água, comida e outros como sono , aquecimento e estímulo
sexual.
Reforçadores secundários ou condicionados: adquirem propriedades de
reforço por meio da aprendizagem. Como elogios, notas, dinheiro, participação em
uma tarefa.
Reforçadores Vicariantes: consiste na observação das conseqüências de
reforço ou da punição sobre o comportamento de outra pessoa.
EXERCÍCIOS DO MÉTODO
O método de Reorganização Neurológica preconiza uma rotina de
atividades diárias entre as quais destacam-se as seguintes:
Padronização Homolateral: feita em decúbito ventral, com o rosto voltado
para o mesmo lado em que um dos membros inferiores e superiores estão
flexionados. Os membros do outro lado ficam em extensão para baixo ao longo do
corpo. Troca-se de lado, alternadamente.
Padronização Cruzada.: também em decúbito ventral. A cabeça continua
voltada para o lado do braço que está flexionado, O outro membro superior fica
com a mão sobre as costa e é a perna deste lado que vai ser flexionada, enquanto
a outra sempre em extensão. Assim braço e perna flexionados se opõem. Troca-
se o lado alternadamente.
Rolar: Com os braços e pernas estendidos sobre o eixo do tronco
Rastejar Homolateral: Na mesma posição usada na padronização
homolateral. O indivíduo impulsiona o corpo com o halux do membro inferior
flexionado e, com a mão do mesmo lado aderida ao solo, puxa o corpo todo para
frente, sempre alternando os lados.
Rastejar Cruzado: Com o corpo um pouco mais elevado, o indivíduo
procura rastejar sozinho. Caso não consiga fazê-lo de forma coordenada
(movimento cruzado), a melhoria nos exercícios de padronização cruzada o levará
a execução por si próprio.
Engatinhar: de forma natural.
Exercício do macaco: Engatinhar com as pernas em extensão. Trabalha-se
muito com a força do braço neste exercício.
Ficar de cócoras e levantar: Deve ser feito com a planta dos pés apoiada no
chão. Nota-se que há uma fase na evolução das crianças, na qual ficam muito
tempo de cócoras, brincando.
Marcha Cruzada: De pé, a marcha deve ser feita com movimentos
acentuados para se estimular bem os proprioceptores. Uma das mãos toca as
costas enquanto a outra bate no terço distal da coxa oposta, que deve ser
elevada. Esse exercício é recomendado para crianças maiores de três anos.
Porém deve ser contra indicado para indivíduos que, mesmo em idade superior a
três anos , ainda não tenha alcançado esta idade neurológica.
Pular Corda: È um exercício muito importante para a aquisição e melhoria
da orientação têmporo-espacial.
Há ainda outros exercícios, tais como, pular em um só pé, saltitar, marchar
saltitante com ritmo, etc. Pode-se incluir algumas brincadeiras infantis, pois fazem
parte do desenvolvimento natural da criança.
Os exercícios acima devem ser feitos na mesma ordem em que foram
apresentados. Pode-se notar que nessas atividades o indivíduo passa da posição
horizontal para a postura vertical, tal como ocorre no desenvolvimento normal
(PADOVAN, 1994).
Os resultados em geral, para qualquer idade, apresentam uma melhora na
capacidade global das funções do indivíduo, inclusive na fala, linguagem e escrita
coerente com seu sistema nervoso sensitivo e motor.
Ao citar a Reorganização Neurológica, não se pode esquecer do papel
fundamental exercidos pelos pais. São eles que passam a maior parte do dia, da
semana, da vida com seus filhos e, assim sendo, devem motivar e conduzir seus
filhos a prática constante dos exercícios trabalhando com eles estimulando-os
muitas vezes ao dia e pôr vários minutos.
“Somente esses pais são capazes de reabilitar seu filho, de dedicar horas e
horas, sem cobrá-los para vê-los bem” (DOMAN, 1989 p.246.).
2.8. TERAPIA DA VIDA DIÁRIA
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
BROWN, W. Guia prático para quem trabalha com crianças autistas. In:
GAUDERER, E.C. Autismo. 3ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1993. p.139-163.
GILBERG,G. Infantile autism diagnosis and treatment. 1990 In: SPROVIERI, H.S;
ASSUMPÇÃO, F.B. Dinâmica familiar de crianças autistas. Arquivos de Neuro
psiquiatria. São Paulo, v.59, n.2 A, jun.2001
KEHRER e sintomas para o, N, E. Catálogo de características conhecimento da
Síndrome de Autismo In: GAUDERER, E.C. Autismo e outros atrasos de
desenvolvimento: uma atualização para os que atuam na área: do especialista
aos pais, Brasília: Corde,1993 p.141-144.
WING, L. Crianças à parte: o autista e sua família. In: GAUDERER, E.C. Autismo.
3ed. Rio de Janeiro: Atheneu,1993.p.109-138.
5.1 Entrevista com Libera Stela, mãe de um autista hoje com 27 anos.