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1. DEFINIÇÃO
A palavra tanatologia origina-se do grego thanatus que quer dizer morte e do sufixo logia
que significa estudo. É o ramo da medicina legal que se ocupa do estudo da morte e dos
fenômenos com ela relacionados.
Noutras palavras, é o ramo da medicina legal que estuda a morte e as suas consequências
jurídicas, além de outros aspectos relacionados aos fenômenos cadavéricos e ao momento
estimado em que ocorreu o óbito.
Obs.: apesar da dificuldade de conceituar a morte, hoje, prevalece o entendimento que esta
ocorre com a cessação da atividade encefálica.
“O Conselho Federal de Medicina, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei nº
3.268/57, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de
1958, e CONSIDERANDO que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à
morte, conforme já estabelecido pela comunidade científica mundial.”
Obs.: morte cerebral não se confunde com a morte encefálica, pois o cérebro é um dos
órgãos formadores do encéfalo. Nesse sentido, o encéfalo se divide em: 1- cérebro (região
que abriga a consciência e a vontade); 2- cerebelo (controla o equilíbrio e a coordenação
motora); 3- ponte (possui importante centros nervosos); 4- bulbo (formado por centros
cardiorrespiratórios).
2. TIPOS DE MORTE:
2.1.Natural: É a que resulta da alteração orgânica ou perturbação funcional provocada
por agentes naturais, inclusive os patogênicos sem a interveniência de fatores
mecânicos em sua produção.
(morte por antecedentes patológicos) – decorrente de um estado mórbido adquirido
ou de uma perturbação congênita.
morte natural é a decorrente de causas patológicas ou por grave malformação,
incompatível com a vida extrauterina prolongada.
2.2.Súbita: Morte imprevista, que sobrevém instantaneamente e sem causa manifesta,
atingindo pessoas em aparente estado de boa saúde.
Define-se a morte súbita como toda que ocorre de forma inesperada, que se produz
inesperadamente, precedida ou não de agonia, de modo que não é possível explicá-
la ao tempo de evolução da causa da morte.
2.3. Violenta: É aquela que tem como causa determinante a ação abrupta e intensa, ou
continuada e persistente de um agente mecânico, físico ou químico sobre o
organismo. Ex.: Homicídio, suicídio ou acidente.
Há relação de causa e efeito entre agressão e a morte. Tem origem por ação externa
nas quais se incluem o homicídio, o suicídio e o acidente.
morte violenta é a resultante de ação exógena e lesiva, ainda que tardiamente, contra
o corpo, podendo ser causada por acidente, suicídio ou crime.
2.4. Materna: Morte de uma mulher durante uma gestação ou dentro de um período de
42 dias após o término da gestação, independente da duração ou localização da
gravidez.
2.5. Catastrófica: É toda morte violenta de origem natural ou de ação dolosa do homem
em que por um mesmo motivo, ocorre um grande número de vítimas fatais.
2.6. Presumida: É a morte que se verifica pela ausência ou desaparecimento de uma
pessoa, depois de transcorrido um prazo determinado pela Lei.
2.7. Agônica: se arrasta por dias ou semanas, ocorre paulatinamente, num tempo
relativamente longo.
A morte agônica é a considera lenta, sofrida, em tempo relativamente longo.
2.8. Suspeita: ocorre de forma duvidosa e sobre a qual não se tem evidência de ter sido
de causa natural ou de causa violenta.
Por morte suspeita, compreende-se a que ocorre em pessoas de aparente boa saúde
e, inesperadamente, sem causa evidente, ou com sinais de violência definidos (por
exemplo, simulação de suicídio) ou indefinidos, incute-se desconfiança sobre sua
origem. Assim, é a morte em que sempre houver a possibilidade de não ter sido
natural a sua causa
Obs.: as consequências jurídicas da morte variam conforme a causa que deu decorrência
a esta.
Por causas jurídicas, tem-se o intento de estabelecer se a morte foi natural ou não,
especialmente se violenta. Isso é, causa jurídica da morta toda e qualquer causa violenta
– homicídio e suicídio – ou acidental capaz de determinar a morte.
4.2.Acidente
4.3.Homicídio:
4.3.1. Etimologia: A palavra homicídio vem do latim homicidium / hominis
excidinis / homo = homem e caedo = matar.
4.3.2. Definição: É a eliminação voluntária ou involuntária da vida de uma pessoa,
por ação ou omissão de uma outra pessoa. É a violenta ocisão do homem
praticada por outro homem.
4.3.3. Legislação: • Código Penal: Art. 121 • Código Civil: Art. 1537 •
Constituição Federal: Art 5º, caput e XLIII.
4.3.4. Espécies:
a) Culposo: Quando o agente não quis o resultado morte, nem assumir o
risco de sua produção, mas causou o evento por sua conduta imprudente,
negligente ou imperita.
b) Doloso: Quando o agente quis, com sua conduta, causar o resultado
morte, ou assumiu o risco de produzi-la (podendo o dolo ser direto ou
indireto).
c) Simples: É o tipo fundamental enunciado no Art. 121 do CP sem
qualquer elemento que possa reduzir ou aumentar a quantidade penal ali
estabelecida.
d) Privilegiado: É o tipo derivado autorizador da especial redução da pena
(l/3 a 1/6), quando o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou o domínio de violenta emoção, logo
em seguida injusta provocação da vítima.
e) Qualificado: É o tipo derivado autorizador de uma sanção penal mais
grave. Nos termos do § 2º do Art. 121 do CP, mediante paga, ou
promessa de recompensa, ou motivo torpe, por motivo fútil, emprego de
veneno, etc.
4.3.5. Meios:
Inúmeros são os meios pelos quais pode um homicídio ser perpetrado.
a) DIRETOS: Quando utilizado pessoalmente pelo agente para consecução
de seu objetivo.
b) INDIRETOS: Quando acarretam a morte sem a participação pessoal do
agente, que apenas propicia o evento fatal.
4.3.6. Perícia:
Identificação do cadáver; quantidade, tipo e sede das lesões, instrumento ou
meio que as produziram, a causa da morte, nexo causal, tempo decorrido do
óbito, identificação do agente, sua periculosidade, existência de agravantes,
lesões ''intra vitam ou Post Mortem", exames laboratoriais, atos libidinosos,
vestígio de luta e defesa, etc
4.4.Suicídio
4.4.1. Etimologia: A palavra suicídio vem do latim (sui = si e caedo = matar).
4.4.2. Definição: É o ato mediante o qual uma pessoa, livre e conscientemente,
suprime a própria vida
4.4.3. Legislação: Legislação: C.P. (Art.122): Induzir (fazer nascer a idéia) ou
instigar (estimular a idéia já existente) alguém se suicidar ou prestar-lhe
auxílio para que o faça.
Pena: 2 a 6 anos – morte 1 a 3 anos – lesão grave
Figuras típicas qualificadoras: - por motivo egoístico ( inveja, vantagem )
- menor idade da vítima ( 14 - 18 )
- diminuída a capacidade de resistência
Figuras: Induzir – incutir, persuadir, fazer nascer a idéia... Instigar –
Estimular a idéia já existente, aplaudir... Auxiliar – Auxilio material, dar
arma, a corda, o veneno...
Sujeitos: Ativo – Qualquer pessoa penalmente imputável. Passivo –
Qualquer pessoa, desde que seja capaz de praticar o suicídio com vontade
livre, não viciada. Objeto: Material – O homem vivo Jurídico – A vida
Elemento Subjetivo: Dolo genérico – vontade de induzir, instigar ou auxiliar
Qualificação Doutrinária: Crime comum, material, plurisubsistente,
Consumação: Resultado morte ou lesão corporal grave.
Tentativa: Não admite a tentativa.
Ação Penal: Pública Incondicionada (Tribunal do Júri)
4.4.4. Teorias explicativas:
a) Psicopatológicos (BIONDEL): Se atribui a um estado psicopatológico
(ato sintomático) crônico ou eventual.
b) Sociológica (DURKHEIM): A própria sociedade produz as condições
que levam o indivíduo ou suicídio.
c) Psicanalítica (FREUD): O suicídio resultaria de um auto-sadismo, ou
seja, de uma energia agressiva contra o próprio agente. Essa teoria
explica, também, os equivalentes de "suicídio" (alcoolismo acidentes
intencionais etc.)
d) Psicogenética (BONNET): Essa teoria explica que o suicídio sempre
tem origem em um psicotrauma.
4.4.5. Meios mais comuns:
• Envenenamento • Precipitação • Fogo • Arma de fogo • Afogamento •
Monóxido de carbono • Arma Branca • Enforcamento • outros.
4.4.6. Perícia:
-Identificação do morto -Quantidade, tipo e sede das lesões, -Instrumento ou
meio que as produziram -Nexo causal da morte -Tempo decorrido do óbito.