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23/12/2023, 21:24 Referendo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Referendo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Referendo (do latim referendum) é um instrumento da democracia semidireta por meio do qual
os cidadãos eleitores são chamados a pronunciar-se por sufrágio direto e secreto sobre
determinados assuntos de relevante interesse à nação. Normalmente é utilizado quanto a decisões
excepcionais, cuja resposta se torna vinculativa.

Atualmente, em Portugal, um referendo pode ocorrer mediante uma proposta da Assembleia da


República, ou do Governo, ao Presidente da República, que decidirá sua realização. No Brasil,
depende de expedição de decreto legislativo pelo Senado ou pela Câmara dos Deputados, nos
termos da Lei 9.709/98, para que seja realizado.

A diferença entre plebiscito e referendo no direito latino é que o plebiscito é convocado antes da
criação da norma (ato legislativo ou administrativo), e é o povo, por meio do voto, que vai aprovar
ou não a questão que lhe for submetida. Já o referendo é convocado após a edição da norma,
devendo o povo ratificá-la ou não. No direito anglo-saxónico, os termos "plebiscite" e
"referendum" são usados quase como sinónimos; sua distinção é enevoada.

Referendos em Portugal
A Constituição da República Portuguesa dispõe, nos termos do seu artigo 115º, que, sob proposta
da Assembleia da República, do Governo ou por iniciativa de um grupo de cidadãos dirigida à
Assembleia da República, pode o Presidente da República convocar o referendo no qual podem ser
chamados a votar todos os cidadãos recenseados no território nacional, o que exclui deste tipo de
sufrágio os emigrantes.

O uso perverso do referendo


O referendo de 1933 em Portugal tornou-se um exemplo clássico do uso perverso de um referendo.
No referendo de 1933 não só as abstenções foram somadas à contagem do "sim" - falseando os
resultados de apoio da maioria, que mesmo sem este subterfúgio votou "sim" - como esse
referendo tinha um caráter nitidamente "delegatório", que serviu para institucionalizar a ditadura
de Salazar. Embora a constituição mencionasse a expressão plebiscito, o que houve em Portugal
em 1933 foi tecnicamente um referendo.

Esse uso delegatório do referendo não é mais permitido pelas modernas constituições
democráticas, que instituem salvaguardas para evitar essas distorções. A atual constituição
portuguesa incorpora múltiplas salvaguardas para evitar o uso distorcido dos seus referendos;
uma, dentre muitas, é que os resultados do referendo só serão vinculativos (obrigatoriamente

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adotados) se a participação tiver sido superior a 50% do eleitorado. Caso esse número não seja
atingido (até 2007 ainda não tinha sido), os resultados do referendo servem apenas como uma
recomendação popular, encaminhada ao Governo.

Referendos no Brasil
A constituição brasileira (1988) prevê, em seu artigo 14, que "a soberania popular será exercida
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da
lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular".

1963
O Brasil já realizou um plebiscito sobre o sistema de governo, em 6 de janeiro de 1963, durante a
gestão de João Goulart. O país havia adotado o parlamentarismo pouco depois que Jango assumira
a presidência, em 7 de setembro de 1961, mas a maioria dos eleitores preferiu retornar ao sistema
presidencialista.

1993
O plebiscito de 21 de abril de 1993 sobre a forma e o sistema de governo no Brasil (monarquia
parlamentar ou república; parlamentarismo ou presidencialismo) é usualmente confundido com
um referendo. Na ocasião, a maior parte do povo brasileiro optou por manter a forma republicana
e o sistema presidencialista.

2005
Em 23 de outubro de 2005 foi realizado um referendo sobre a proibição da comercialização de
armas de fogo e munições, com vistas à aprovação ou não do disposto no art. 35 da Lei nº 10.826,
de 23 de dezembro de 2003, conhecida como Estatuto do desarmamento. Nesta consulta, os
eleitores podiam votar pelo "sim", a favor da proibição, ou pelo "não", contra a proibição. A
maioria do eleitorado optou pelo "não".

Ver também
Plebiscito
Constituição
Demoex - democracia experimental
Democracia direta
Democracia representativa
Audiência pública

Fontes
SGARBI, Adrian. O Referendo, Rio de Janeiro: Editora Renovar, 1999.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Referendo 2/3
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SGARBI, Adrian. O Regime Jurídico-Constitucional do Referendo Popular Brasileiro e sua


Especificação. Revista Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política, São Paulo,
Revista dos Tribunais, n° 27, 1999.

Ligações externas
«Por que 2016 está fazendo o mundo repensar o uso de referendos» (https://www.nexojornal.c
om.br/expresso/2016/10/06/Por-que-2016-est%C3%A1-fazendo-o-mundo-repensar-o-uso-de-r
eferendos) (Nexo Jornal + Rafael Iandoli, 6 de outubro de 2016)

(inclusive (https://archive.is/NhdSl) respectivo archiving, no Archive.is)

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