Você está na página 1de 10

Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Politicas e Relações Internacionais

Tema :Enquadramento bibliográfico e doutrinal Dos Deveres “De Officiis”

Docente Discentes

Lisa Langa Santos Augusto

Shadey Ferreira

Mónica Domingos

Maputo, Maio de 2022

1
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3
Objectivos gerais ......................................................................................................................... 3
Objectivos específicos ................................................................................................................. 3
Enquadramento bibliográfico e doutrinal de “Dos Deveres” ......................................................... 4
Das 4 divisões da natureza e a essência da honestidade ................................................................. 6
O útil, honestidade e utilidade ........................................................................................................ 8
Conclusão........................................................................................................................................ 9
Bibliografia ................................................................................................................................... 10

2
INTRODUÇÃO
No presente trabalho,vamos abordar o tema enquadramento bibliográfico e doutrinal de” Dos
Deveres” de Cícero ou “De Officiis”.

Na obra “Dos Deveres” ,Cícero considera que nada em nossa vida escapa dos deveres. Para ele os
deveres seriam amizade, justiça, caridade, honestidade, verdade e temperança, mas só para os
cidadãos romanos. Para Cícero a igualdade brilha por si mesma, a dúvida é sempre presunção de
injustiça.

Nesta obra endereçada ao seu filho Marco Túlio Cícero, Cícero estabelece preceitos de rectidão
para o homem público. Neste livro ele resgatou as ideias dos filósofos da Grécia Antiga, como o
Estoicismo(doutrina que propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a
indiferença em relação a tudo que e externo).

É uma obra dividida em três partes . Dos Deveres apresenta a princípio o conceito de honestidade.

A segunda parte é dedicada a ideia da utilidade. Cícero finaliza a obra comparando os dois
conceitos e exaltando a prevalência do primeiro sobre o segundo .

Apoiando-se nos grandes pensadores da sua época e em uma já extensa carreira política, Cícero
explora a essência da honestidade e nos leva a reflectir sobre o dever cívico.

Marco Túlio Cícero, mais conhecido por Cícero foi um advogado, político, escritor, orador e
filosofo, se aprofundou no conhecimento das leis e doutrinas filosóficas da República Romana,
nascido na Itália no ano 106 a.C. e morreu no ano 43 a.C.

Objectivos gerais
• Avaliar o enquadramento bibliográfico e doutrinal de “Dos Deveres” ao seu todo.

Objectivos específicos
• Aprofundar os nossos conhecimentos a cerca da doutrina de cada obra de “Dos Deveres” .
• Especificar e descrever as mesmas.

3
Enquadramento bibliográfico e doutrinal de “Dos Deveres”
Dos deveres foi escrito numa época de crise política logo após do assassinato de Júlio César em
44 a.C.

Constitui uma obra filosófica de Cícero, na qual ele formula valores políticos e éticos da sociedade
romana, a partir de seu ponto de vista de homem de Estado.

De Officiis é considerado um valioso resumo da ética antiga, ou seja, dos preceitos e deveres que
fizeram a grandeza do povo romano, traz na sua essência, os eternos princípios que restauram o
pensamento e na fé nos destinos da humanidade.

Nesta obra são claras as influências estóicas no pensamento do filosofo romano em particular a
ética estóica, como a ideia de que as paixões devem ser eliminadas, de uma lei natural de onde
provém a obrigação da consciência humana e pela inspiração dos Tratado dos deveres do filósofo
estóico Panecio de Rodes que levou a escrever a obra.

Nestas cartas que Cícero manda para seu filho em forma de 3 livros, contém o que consiste o dever
de homem que se baseia em uma conduta moral tendo como base a honestidade para alcançar o
que é justo, alcançando assim uma harmonia na República e a liberdade dos cidadãos que o
objectivo maior a ser defendido. Um livro que deve ser lido não apenas por aqueles que querem
assumir cargos políticos como muita gente indica, mas para todos aqueles que querem tomar uma
posição moral mais correcta, sendo homens de bem aqueles que colocam seus deveres acima de
qualquer interesse pessoal. É um livro com diversos pontos positivos além de conduta moral, e que
infelizmente nossa sociedade não mudou muito de há 200 anos até aos dias actuais. Uma obra de
referência a seguir.

No livro I reflectem-se alguns aspectos importantes como por exemplo a essência da honestidade,
a grandeza da alma e os deveres do cidadão. Veremos que há uma hierarquia dos deveres e o
quanto é importante saber escolher um mais do que outro para preservar a sua honra. Veremos
também que o principal dever é respeitar a honestidade fundada na prática das virtudes essências:
a sabedoria, a moderação, a justiça e a firmeza .

A obra foi escrita para o seu filho Marcus para lhe transmitir os valores necessários para uma vida
pública e faze-lo consciente dos valores .

No livro II, mostra a função do que e útil, que nunca deve ser confundido com o honesto nem
com a aparente utilidade que não passa de esperteza .

4
O livro III mostra a função do que e útil, considerando que a honestidade deve sempre prevalecer.
Exibe os percalços na separação do útil e do honesto os casos de prevalência nesse confronto, as
consequências do juízo honesto com aparência do útil, a oposição de certos prazeres a virtude.
Cícero inova em relação ao seu modelo, supõe um eventual conflito entre o útil e o honesto.

Este conflito não e mais do que teórico já que, de fato, tudo o que é bom e honesto é igualmente
útil e vice-versa. Porém é preciso saber distinguir o "útil aparente” do útil real, o primeiro, mal
definido, e gerador de confusão e de discórdia, o segundo só continua de acordo com a
honestidade.

Marco Túlio Cícero nasceu em Arpino, uma localidade próximo de Roma no seio de uma família
abastado em 13 de Janeiro de 106 a.C. e morreu em 7 de Dezembro de 43 a.C. em Formia ,Itália.
Recebeu aprimorada educação, com os maiores oradores e júris consultas da sua época. Viveu em
um período especialmente turbulento da história de Roma. Cícero foi advogado, orador, senador,
escritor e se aprofundou no conhecimento das leis e doutrinas filosóficas .

5
Das 4 divisões da natureza e a essência da honestidade
Há quarto fontes de onde decorrem tudo o que e honesto. A honestidade consiste em descobrir a
verdade pela astúcia do espírito, ou em manter a sociedade humana dando a cada um o que é seu
e observando fielmente as convenções, encontra-se, ainda ou na nobreza e força da alma indómita
e inquebrantável ou nessa ordem é medida perfeita da palavras e acções, resultando dai a
moderação e o comedimento.

• A primazia da justiça e manutenção dos laços sociais.


Bem amplo é o princípio segundo a qual a sociedade dos homens e a comunidade da vida
se agrupam. Tal princípio se divide em duas partes :a justiça em esplendor da virtude atinge
o ponto máximo e a partir do qual os homens são chamado bons. O primeiro ditame da
justiça é ninguém prejudicar o outro, a não ser quando provocado por acto injusto. Não
nascemos apenas para nós e a pátria parte de nosso nascimento e amigo. E, com querem os
estóicos, todas as coisas geradas na terra, o foram para o uso dos homens a fim de que entre
si se ajudassem. Há dois géneros de injustiça: o daqueles que o produzem e o daqueles que
podendo não repelem a injustiça praticada pelo outros. As injustiça praticadas com a
finalidade de prejudicar, são muitas vezes motivados pelo medo. Muitas pessoas se deixam
arrastar a um ponto tal, que esquecem a justiça quando cedem ao desejo de comando, honra
e glória.
Sucedem com frequência casos em que acções aparentemente dignas de um homem justo,
o dito homem bom transforma-se em seu contrário.
De todas as formas de injustica, nenhuma há, mais criminosa do que praticada por aqueles
que, enganando ao maximo, fazem-se passar por homens de bem.
Quando a gente usa a razão para avaliar seu acto, ira proceder de tal modo a não causar
dano a outrem, nunca tomará bens públicos como particulares, usando coisas publicas em
comum, e apenas suas coisas próprias em particular.
Covém recorrer aos fundamentos de justica: primeiro a ninguém prejudicar, depois servir
a utilidade comum.

• A grandeza da alma
A elevação da alma que se percebe nos perigos e trabalhos quando se afasta da justiça, não
pela manutenção do bem comum mas por sua própria comunidade e viciosa. É odioso que
dessa elevação e grandeza de alma, nasçam facilmente a paixão desmedida pela primazia
a verdadeira sabiá grandeza da alma julga honesto aquilo que a natureza persegue de perto
e que reside, não na gloria mas nos actos. Que tem animo forte pode ser facilmente
induzido a práticas injustiças e pelo anseio da gloria. Uma alma corajosa e grande

6
distingue-se principalmente por duas características: uma deles e desprezo do dos bens
exteriores, não deve ceder a ninguém, a nenhum tribulação nem sequer via fortuna. A outra
consiste em praticar mesmo com desprezo de bens exteriores acções grandiosas e sobretudo
úteis e tarefas arriscadas que interessem a vida. Para tanto, duas actividades se exigem que
julguem bom somente o que e honesto esteja livre de tribulações e que julgar insignificante
e desprezíveis as coisas que a maioria apoia exige animo corajoso e forte. Fujamos, pois
,igualmente de paixões como a cede de dinheiro. Nada é mais honesto e grandioso do que
desprezar o dinheiro quando não o temos, destina liberdade. Em suma, aquela honestidade
que procuramos em animo grandioso e engendrada pelas energias da alma e não do corpo.
Esta honestidade que buscamos, está toda no cuidado da alma e pensamento.

• Do coveniente
Afirma-se tambem para nos que e preciso levarem conta o que e coveniente,pois,tudo
aquilo que e covenientee honesto, e aquilo que e honesto e coveniente.
Mas o que poderiamos analisar que seria coveniente? Segundo o filosofo,isso pode ser mais
compreendido do que explicado. Naquilo que e coveniente,sempre verificamos uma pre-
condicao da honestidade.
Para isso,e que ha necessidade de se usar a razao com prudencia e ponderacao, analisando
em tudo o que deverdadeiro existe e defender o que e verdadeiro. E nisso que consiste o e
coveniente,enquanto que enganar-se, errar e faltar a verdade, ser induzido em um erro tão
coveniente como delirar.

• Da comparação entre as divisões do honesto


De que modo sejam deduzidos os deveres apartir das divisões da própria honestidade,
julgamos te-lo exposto satisfatoriamente. Entretanto podem surgir as vezes problemas e
comparações oes para saber-se qual de dois actos honestos é o mas honesto, ponto que
Panesio deixou de lado.
Pois embora toda a honestidade se origine de quatro partes, das quais uma é o pensamento,
outra a comunidade, a terceira é a magnanimidade e a quarta a moderação, não raro, no
exame do dever, é necessário compará-la entre si.
Parecem então mais concordes com a natureza os deveres deduzidos apartir da comunidade
do que os deduzidos apartir do pensamento.
A primera de todas as virtudes é a sabedoria que os gregos chamam Sophia.
Mas a sabedoria que se afirma ser a primera é o conhecimento das coisas divinas e
humanas, incluindo aí a socialidade dos deuses e dos homens entre si.

7
O útil, honestidade e utilidade
Das cinco divisões constituídas para os deveres, as duas primeiras se referem à honestidade; as
duas seguintes às circunstâncias da vida, aos bens, às riquezas, ao crédito; a quinta, à escolha a ser
feita entre a honestidade e o útil, quando parecem em oposição.

Sócrates odeia àqueles que primeiro defenderam a opinião de que a natureza e a verdade não se
separam nunca. E os estóicos penetraram de tal sorte no sentir de Sócrates, que, segundo eles, tudo
o que é honesto é útil; que mesmo nada é útil que não seja honesto.

Se Panecio tivesse sido daqueles que dizem que não se deve praticar a virtude a não ser tendo em
vista o que ela traz, como os que só apreciam as coisas desejáveis pelo prazer que dão,ou pelo mal
que espalham, podem pretender algumas vezes que a utilidade possa ser contrária a honestidade.
Mas, como ele era, ao contrário, dos que entendiam que nada há de bom que não seja honesto,e
que as coisas que têm qualquer aparência de utilidade e não são contrárias à honestidade não fazem
a vida humana nem melhor nem pior do que é, parece que não se deve estabelecer ou deliberar que
o que parece útil possa ser posto em comparação com o honesto.

Muitas pessoas se deixam arrastar a um ponto tal que esquecem a justiça quando cedem ao desejo
de comando, honra e glória.

Quem ignora as grandes influêncas da fortuna em outro sentido na prosperidade e na adversidade?

A fortuna por si só tem em seu poder todo o cortejo restante das desgracas, que são mais raras: as
provenientes dos seres inanimados e outra proveniente dos animais.

De sorte que todas as coisas que os homens atribuem a alguém para engrandecê-lo e honrá-lo
fazem-no por benevolência.

8
Conclusão
• Do nosso trabalho podemos concluir que a Cícero devemos o conhecimento de muitas
doutrinais, que de outro modo estariam perdidas. Conceitos como “indução”, ”qualidade”;
”individual”; “elemento”; “definição”, ”noção” e outros foram introduzidos por ele na
língua latina.

• A ele atribuímos a definição de certos valores que perduram até os dias atuais em nossa
sociedade. Valores que apesar de serem conhecidos e aprovados nem sempre são postos
em pratica.

• Por Os Deveres ser uma obra de carácter moral ele faz uma reflexão filosófica unido a
acção política sobretudo em defesa dos princípios da república, e exerceu grande influencia
na pedagogia da moral para os sacerdotes. Teve também reflexos na formação do
pensamento Cristão partir do momento que Cieiro aprova um coração que sabe perdoar
(assemelhando-se ao conselho cristão se perdoar seu irmão até setenta vezes sete vezes).
Cícero, juntamente com Aristóteles, e considerado uma “suprema autoridade antiga” no
âmbito religioso (católico).

• Não podemos deixar de lado a relação de Cícero com o Estoicismo, doutrina na qual ele
busca os fundamentos naturais de uma legislação. A filosofia jurídica de Cícero tem como
fim justificação da república romana. Para ele a lei natural só tem sentido na República,
pós ele e o espaço propicio para a vivencia harmónica entre o homem e a sua natureza.
Assim a República pressupõe o Direito, o direito pressupõe as leis e as leis pressupõem as
leis naturais que, em ultima instancia pressupõe a Deus. O pensamento de Cícero
influenciou profundamente toda a filosofia do Direito dai para frente.

9
Bibliografia
• CÍCERO, Marcos Túlio. Dos Deveres (De Officiis). Textos Filosóficos.
Lisboa-Portugal; Edições 70, 2000.

• MEDEIROS, M Alexandre. Marco Túlio Cícero (2019). Acesso em 7de maio de 2022.
https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/marco-tulio-cicero/

• CLARET, Martins. Cícero Dos Deveres (De Officiis). PUC-Minas.


São Paulo; Editora Martin Claret, 2001.

• De Officiis. Um artigo da Wikipedia, a enciclopédia gratuita. Acesso em 5 de maio de 22.


https://pt.frwiki.wiki/wiki/De_officiis

10

Você também pode gostar