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o que é estruturalismo?
*Lévi-Strauss buscara diversos contos, mitos de diversas culturas, buscando identificar padrões que
estruturam os mesmos.
* Com a análise estruturalista, percebeu-se que línguas, religiões, mitos e mesmo teorias científicas
estuturam-se frequentemente em binarismo ou em pares de opostos. Ex.: sagrado/profano, alto/baixo,
claro/escuro e etc.
Tema 2 - Pós-estruturalismo em RI
8. O pós-estruturalismo entra nas RI na Grande Virada Reflexiva nos anos de 1980. O realismo, mais
especificamente o neorrealismo de Kenneth Waltz, e todas as demais teorias vigentes, sofriam
críticas muito fortes por seu caráter positivista, onde buscava explicar as RIs de maneira objetiva;
buscavam descobrir "a verdade" por trás das coisas e interações estatais. Para os pós-
estruturalistas, essa verdade não pode ser alcançada, porque ela sequer existe: devemos, na
verdade, sempre interpretar a realidade da forma que ela é, tendo noção de que, por conta de
fatores regionais, fatores históricos, não conseguimos nos ausentar de nossos vieses na hora de
analisar e interpretar. Por isso, devemos estar sempre abertos ao senso crítico.
9. Toda teoria é uma perspectiva, um esforço interpretativo feito com base em um conjunto de
vieses (linguísticos, culturais e políticos).
* Analisar o porquê de premisas e teses por trás de teorias serem como são: por que se dispõem dessa
maneira. Ou seja, há certos preceitos, narrativas que ficam em nossas cabeças, que moldam nossa
percepção e argumentação. Tenta trazer à luz os motivos que acabam ficando omissos por conta dos
vieses argumentativos; o pós-estruturalismo, acaba, muita das vezes, trazendo mais dúvidas do que
respostas por questionar demais.
- Crítica à centralidade teórica do Estado e engajamento cr´tico em temas como fronteiras, violência e
identidade.
14. Como determinadas temáticas passam a se configurar como problemas a serem respondidos ou
solucionados?
16. Para Foucault, o poder não tem a mesma concepção repressiva de Marx e Weber, mas tem como
característica o poder de construir, gerar conhecimento.
17. Ruptura com a tradição positivista, onde o conhecimento científico seria imune às relações de
poder. Ex.: um médico quando desenvolve sua tese a respeito de um paciente, leva em
consideração sua posição de poder e influência, e, a partir do momento que esse conhecimento
é considerado neutro e científico, ele será utilizado para justificar esse ponto de vista enquanto
verdadeiro
21. Concepção cartesiana: ser humano como sujeito universal e atemporal, que se distingue pelo
uso da razão consciente; que é capaz de se afastar e se abster de seu objeto de estudo.
22. Concepção pós-estruturalista: ser humano como sujeito histórico, moldado pelas relações de
poder de seu contexto
24. A linguagem não apenas representa a realidade (função representacional), mas também produz
realidade (função performativa)
*EX.: quando nomeamos algo, essa nomeação também lhe atribui características, como, por ex., chamar
os muçulmanos que interpretam a jihad de forma extremada como "terroristas". Queremos nos referir
ao mesmo grupo de pessoas, porém, com o termo "terroristas", ja lhes atribuímos um significado
pejorativo.
26. Para Foucalt, tudo é discurso: teorias, discursos falados, atos e etc.
* Uma teoria academicamente aceita, por exemplo, o livre mercado pregado pelo liberalismo, será norte
para produção e compreensão da realidade. A ONU, ao incentivar o livre mercado, democracias e demais
aspectos alinhados ao liberalismo, neste contexto, ajuda-nos a compreender a realidade e moldá-la a
partir desse escopo.
Texto e textualidade em Derrida
28. A realidade é ela própria uma forma de texto, ou seja, um sistema de signos acessado por meio
de um processo necessariamente interpretativo e mediado pela linguagem
* Ou seja: a nossa realidade é como um texto: utilizamos de signos para significar o que vemos e
interpretamos esses diversos signos, fazendo uma síntese de tudo à medida que compreendemos o que
esses signos nos indicam.
29. A textualidade refere-se à estrutura interna que sustenta os significados desse texto
30. As noções de texto e de textualidade podem ser aplicadas à análise da realidade internacional,
assim como nas teorias que buscam explicá-la.
31. Observa-se, também, que as duas grandes teorias: realismo e liberalismo, podem ser explicadas
através de binarismos, pois são calcadas nisso para suas arguentações: gueera/paz;
interno/externo; soberania/anarquia e etc.
33. Essa problematização pode ser feita por meio de métodos históricos (genealogia) ou de análise
textual (desconstrução)
35. Tais oposições binárias apresentam-se em uma relação de hierarquia e de exclusão mútua. Um
dos termos denota presença, plenitude ou identidade que falta ao outro.
* Como o conceito de guerra e paz para os realistas, onde a natureza das coisas é o conflito, e o conceito
de Alta Política (segurança e soberania) está no topo, a despeito da Baixa Política (cultura, economia e
etc.).
*EX.: militarização nas favelas do RJ: por que a violência nas favelas foi apontada como um problema pra
resolvido a priori, e não a falta de educação ou saneamento básico, po ex. E por que, uma vez decidido
que o maior problema é a violência, o método escolhido para lidar é a militarização e o combate
armado. Este tipo de análise, é a Genealogia de Foucault.
40. Análise do papel das descontinuidades, das contradições, dos acidentes e das casualidades que
são apagadas pela retórica historiográfica positivista.
42. Tem um dialogo crítico com, de contestação, com as ideologias predominantes, mais
especificamente o realismo e o neorrealismo, sob a alegação de que os realistas tinham muita
dificuldade em explicar as transformações que o mundo passava. Por conta de seus critérios
meramente materias (luta pela sobrevivência, poderio bélico e etc.) era difícil de se explicar as
mudanças, visto que o método realista era demasiado rígido e criterioso.
Cabe dizer que, por conta da relevância e hegemonia da teoria neorrealista de Waltz, as críticas da
época, seriam deliberadamente direcionadas à teoria neorrealista e seus pressupostos.
43. Os construtivistas incorporam ciências sociais a sua tese, mais especificamente, o problema
agência/estrutura de Anthony Giddens. Este debate girava em torno de quem influencia quem?
os agentes, indivíduos que influenciam a estrutura (por "estrutura" pode-se entender como uma
empresa, Estado, sociedade e etc.), ou o contrário: a estrutura que influencia os agentes.
* Giddens chega à conclusão de que é uma relação de coconstituição, onde ambos se influenciam
mutuamente: os indivíduos moldam e formam a estrutura, mas, uma vez formada, essa estrutura
influenciará a formação do indivíduo. Wendt então chega a seguinte conclusão: é incoerente que os
Estados sejam apenas fruto da anarquia internacional, uma vez que essa anarquia também é produto do
que os Estados a fizeram.
44. Crítica à forma como os Estados são caracterizados (autointeresse e segurança), visto que os
Estados e seus papéis são produtos da socialização.
45. Revisa a ênfase nos aspectos materiais da realidade internacional (poder e recursos bélicos), sob
a alegação de que não são os únicos importantes para a definição do Estado. As ideias,
identificação dos povos e inúmeros fatores periféricos, são determinantes na equação final.
46. Crítica à naturalização da "anarquia" como princípio imutável da realidade internacional e como
principal explicação para o comportamento dos atores.
* Tendo em mente o principal debate dos construtivistas, o de coconstituição, seria inevitável uma critica
a esse modelo da realidade internacional.
47. Revisão dos pressupostos positivistas por meio da introdução de contribuições oriundas da
teoria social e da filosofia da linguagem (sobretudo no caso de Onuf e Kratochwil)
48. Onuf e Kratochwil rompem de maneira mais radical com as teorias dominantes e colocam em
xeque a centralidade do Estado nas RI; rompem de maneira mais acentuada com as teorias
dominantes.
49. Wendt aceita a premissa da centralidade do Estado, mas discorda de sua caracterização
tradicional (autointeresse, baixa capacidade de cooperação, foco na segurança).
* Trás o conceito de identidade onde, a depender de como o Estado se vê, pode mudar sua atuação no
sistema internacional e, eventualmente, modifica sua estrutura como um todo; afinal, temos um agente
agindo de forma diferente.
Interessante reparar: Wendt apresenta um caráter mais tradicionalista, uma espécie de alinhamento ao
realismo, enquanto Onuf e Kratochwil são completamente pós-positivistas e críticos às teorias
dominates.
- Possuem capacidade reflexiva de aprendizadoe de ação inovadora (podem alterar sua agência)
- Revisam, a partir da série de interações com outros atores estatais, o que querem (interesses) e a
maneira como veem a si mesmos e aos demais (identidades)
51. Ruptura com o privilégio teórico dado aos aspectos materiais (poder e recursos bélicos) da
realidade internacional: não há "um ponto de material esvaziado de ideias" (Wendt)
- Aspectos materiais (segurança, poder militar e etc.) e ideacionais (conhecimentos, crenças, conjecturas,
linguagens) não podem ser separados
- A interação entre atores é sempre mediada por processos interpretativos, ou seja, a capacidade dos
agentes se comunicarem, se entenderem, se modificarem são fatores determinantes para o bom
convívio.
* Trás-nos a ideia de sociedade entre os agentes, diferente de sistema, onde as coisas "ja seriam dadas"
e tendem à inércia.
52. Debate agência/estrutura (a constituição mútua como possível solução, de acordo com Giddens)
é incorporado no debate.
53. A anarquia é uma construção social produzida a partir das interações e dos entendimentos
comuns entre os agentes do sistema
55. Dá muita ênfase em atores internacionais como as organizações internacionais, e rompe com o
papel central do Estado
56. Discorre a importância de normas e regras para mediar a relação dos atores internacionais
57. Fundamenta-se na teoria dos atos de fala, desenvolvida por John Austin: linguagem como ação
que permite "fazer coisas" (função performativa)
* Para Kratochwil, as habilidades discurssivas, como, por exemplo, um texto, só é possível analisar sua
função, uma vez dado o contexto: o que se quer passar através desse texto. Aproxima-se um pouco dos
pós-estruturalistas que criam que ao nomear as coisas, exercemos conhecimento. Esse contexto só pode
ser adquirido através de uma análise dos fatos marginais a ele; só o compreendemos quando olhamos os
aspectos que circundam esse discurso.
58. Estudo das "palavras-ação" (o que falamos está diretamente ligado ao que fazemos): aquelas
que produzem efeitos normativos sobre a realidade: falamos, e o que falamos produz um efeito
direto na realidade. Quando falamos, nossa fala, caso tenha possibilidade de representar uma
ação, quem nos escuta pode ouvir, acatar e entender que isso faz parte do "jogo" cotidiano de
interação discurssiva.
59. Dimensões ilocucionária, que é, basicamente o que é dito de forma literal; ex.: "está chovendo
lá fora", quem escuta entende o que foi comunicado e pronto: "está chovendo"; tem um
potencial meramente informativo, constatativo. Já a dimensão perlocucionária da fala, tem
poder normativo, ou seja, de dar ordens e levar à ações; ex.: "feche a porta"
* Acordos, ameaças e promessas são palavras-ação de entendimentos normativos comuns e, por isso, o
contexto se mostra tão importante: é necessário que quem te ouça saiba como funciona o "jogo" onde
essas palavras estão inseridas.
60. Estudar como as trocas comunicativas entre os atores internacionais pressupõem, reforçam ou
alteram "estruturas normativas subjacentes à ação".
61. Por não abrangerem estes aspectos, a teoria realista é incapaz de explicar como uma ordem
normativa internacional surge, assim como o neoliberalismo institucional é incapaz de explicar
como os regimes se alteram
63. Tece críticas ao realismo pois se limitam aos aspectos materiais e são incapazes de analisar os
aspectos subjetivos que permeiam as RI, sobretudo, os discurssivos: Estados estão
frequentemente anunciando compromissos, ordens, declarando intenções e, se dermos a devida
atenção a esses sinais, compreenderemos melhor as RI
64. Descarta a centralidade do Estado ns RI e chama a atenção para como a dimensão material
(poder bélico) e a dimensão social (a das interações - sobretudo linguísticas - entre os atores)
"contaminam-se mutuamente"
65. As interações comunicativas produzem "vínculos normativos fracos", porque, digamos, diferente
do cenário doméstico, onde temos um orgão regulamentador (Estado) que ao ocorrer infrações
da lei, pode e tem autoridade de punir o transgressor; no cenário internacional, as relações não
são tão simples, pois não há de fato uma punição eficaz aos trangressores. Os Estados geram
vínculos fracos pois, através de suas interações, geram normas e expectativas mútuas entre eles,
e esta expectativa só tem como alicerce a confiança mútua.
- Os vínculos podem ser ampliados quando mais atores são inseridos nas interções comunicativas
* Regimes (OIs com pautas definidas, como a do meio ambiente), por ex., começam com um grupo que
tem interesse nessa pauta, mas, com o passar do tempo podem adquirir novos atores engajados à causa.
66. As regras ou normatividades emergentes das interações entre os atores internacionais são de
três tipos:
- Regras de instrução: atos de fala assertivos, onde se coordena alguém a fazer algo
- Regras diretivas: atos de fala diretivos, onde já se remete à ordem de se fazer; a uma hierarquia
- Regras de compromisso: atos de fala de compromisso, onde se pode ser reforçado por tratado, regras,
leis e etc.
Cada uma dessas regras ou normatividades produz e sustenta diferentes tipos de relação assimétrica
entre os atores
69. Trabalha ainda com a noção de anarquia no sistema internacional, mas ela pode gerar efeitos
distintos a depender das identidades e dos interesses construídos socialmente pelos Estados. Ou
seja, incorpora o debate agência/estrutura de Giddens; crê na interferência mútua entre
estrutura e agente: a coconstituição.
* Mudando sua identidade, ou seja, a maneira que o Estado se vê em meio à estrutura anárquica, pode-
se alterar essa estrutura.
70. Rejeita a ênfase exclusiva nos aspectos materiais (distribuição de poderes) do sistema
internacional: ele deve ser pensado como "cultura" (crenças, normas, ideologias, instituições,
conhecimentos prévios, etc.). O que isto que dizer? Quer dizer que o sistema internacional é
como uma espécie de sociedade, com habilidades de socialização e aprendizado; esse sistema
não é imutável, uma vez que temos essa habilidade de adaptação e a dinâmica de identidade.
* Os interesses e as identidades dos atores estatais são construídos por essa cultura.
* Não necessáriamente, temos um cenário de disputa nesta anarquia (cenário hobbesiano), mas, se o
tivermos, é fruto da cultura.
71. Sendo dotados de agência e de reflexividade, os Estados podem revisar seus interesses e
identidades à luz de novas interações, alterando seus comportamentos e, assim, a própria
estrutura (a cultura e a distribuição de poder) do sistema internacional.
72. Para Wendt, "a anarquia é o que os Estados fazem dela"
73. A condição anárquica do sistema internacional pode tomar diferentes formas ou culturas a
depender dos interesses e das identidades construídos socialmente pelos Estados. Dito isso,
pontua as formas como:
- Forma hobbesiana: forma descrita pelos realistas, onde a competição e a rivalidade, a desconfiança
prevalece; o sistema anárquico tradicional
- Forma lockeana: onde os atores constróem rivalidade, mas, ainda sim, reconhecem a legitimidade e
soberania dos demais
- Forma kantiana: essa visão bebe um pouco do liberalismo com a ideia de "paz perpétua" do Kant, e
entende que o sistema anárquico internacional pode se estabelecer através da colaboração, formação de
alianças e etc.
* Era pelo fato de focarem em aspectos materiais que o realismo (balanceamento de poder) e o
liberalismo (questões econômicas, principalmente) que essas teorias têm dificuldade de explicar as
transformações no sistema internacional; são muito rígidos em seus métodos e buscam a "verdade" por
trás do sistema, por isso são chamados positivistas.
- Comunidades epistêmicas: uma teoria que busca entender como grupos de especialistas que
desenvolvem, geram conhecimento, têm habilidade de de incorporar e, de certa forma, dirigir os
estudos e produção de conhecimento a partir da validação e aceitação dos conhecimentos outrora
desenvolvidos. Ou seja, como este conhecimento é incorporado, validado e norteia as práticas.
- Estudos estratégicos: se voltam para aspectos bélicos, como número de armas, como avança e se dá a
guerra... enfim, analisam aspectos mais materiais nesse quesito. Mas incorpora os aspectos sociais ao
estudo: como os líderes pensam e gerenciam a guerra, como a sociedade encara esse conflito e etc.
- Teoria da securitização: trás a teoria dos "atos de fala" para o campo da segurança e diz que, muitas
vezes, uma declaração de guerra, por exemplo, pode estar diretamente atrelada aos aspectos
discursivos; dando ênfase maior no "alarmismo" no que na ameaça de fato e necessita de medidas que
podem fugir das políticas tradicionais. Foca no processo de construção social de uma ameaça. Um bom
exemplo disso é a declaração de guerra às drogas que temos no Brasil, pois sequer sabemos de fato o
que é e como se dá essa guerra.
Aula 3 - A Teoria Crítica nas RI
Tema 1 - as bases da teoria crítica em relações internacionais
Karl Marx e Engels
76. Essa teoria bebe de fontes marxistas e incorpora o materialismo histórico, conceito de Max onde
a explicação da mudança histórica se dá com base nos processos de produção da vida material; o
trabalho, propriamente dito.
77. Para Marx, a história se baseia na distribuição de trabalho e recursos, que, por consequência
gera classes sociais; essas classes sociais geram entre si o conflito de classes: cenário onde uma
classes quer que seus interesses se sobreponham em ralação ao interesse da classe adversária.
Este conflito de classes impacta e gera mudanças sociais. Um ex., pode ser sindicatos que
reivindicam seus direitos em detrimento da instituição, chefe, empresa e etc.
- Infraestrura: forças produtivas e relações sociais de produção. Esta é a base de toda a sociedade e
acontecimentos históricos.
* Os conceitos de classe social e conflito de classe, são as forças motrizes da história e são fruto da
infraestrutura.
- Superestrutura: Estado, direito, política, cultura e demais agentes que extrapolem a infraestrutura; é
sustentada pela infraestrutura e submissa a ela.
79. A teoria crítica, por ter seu berço a Escola de Frankfurt, aceita esse modelo de Marx, mas foca
seus estudos na superestrutura, coisa considerada secundária para os marxistas ortodoxo.
Antonio Gramsci
80. Antonio Gramsci reformula a metáfora base/estrutura, pois anteriormente a ele, todos que se
propunham a olhar a superestrutura, focavam no papel do Estado e como ele exercia o poder de
coerção. Gramsci atribui papel central a sociedade civil, como a família, escola, igreja e etc., para
compreender a reprodução do sistema vigente: o capitalismo; chama esse consualismo a
respeito do poder de "hegemonia". Antes focavam no Estado como ferramenta de coerção e
dominação de uma classe sobre outro, mas Gramsci diz que a manutenção dessa sistema não se
dá apenas pela coerção, mas também pela unidade da forma de pensar, se comportar, interagir
em sociedade, educar e demais maneiras como os indivíduos convivem entre si, que levam os
indivíduos a propagarem o pensamenro da classe dominante.
- Bloco histórico: união da classe hegemônica (classe dominante) a qual, por meio da educação, mídia e
demais instituições impõe seus pensamentos e perpetua-os na outra classe: a classe subalterna (classe
dominada), que é influenciada, mas é dotada da habilidade de mudar seu pensamento através de
cultura própria e pode negar ao pensamento hegemônico vigente.
Escola de Frankfurt
82. Adotando um postura investigativa sobre a afirmação de Karl Marx, onde, por conta de suas
muitas contradições, o capitalismo acabaria sucumbindo - inevitelmente - assim como o
feudalismo caiu e surgiu mercantilismo e depois o capitalismo. Essa queda se dá porque há um
sistema melhor que o vigente. Marx apontou que seria o socialismo o sucessor do capitalismo, e
o comunismo o sucessor do socialismo.
83. Mas já era século XX e o capitalismo não havia acabado ainda, portanto, assim como Gramsci, a
Escola de Frankfurt se propõem a compreender por quê.
84. Fazem, portanto, a distinção entre "teoria tradicional" (teorias que buscam uma "verdade" que
deveria ser descoberta, positivistas e que servem para perpetuar o poder) e "teoria crítica" (que
buscava questionar a estrutura, a relação poder-conhecimento e compreender os mecanismos
de coerção).
* Essas teorias positivas ou tradicionalistas são cunhadas como "problem-solving" por Robert Cox
- Análise da ordem mundial em uma perspectiva histórica, com enfâse nos processos de mudança.
* Se assemelha ao construtivismo, mas a teoria crítica está muito atada ao materialismo como força
motriz.
- A estrutura histórica da ordem mundial constitui-se a partir da interação entre condições materiais,
padrões de pensamento e instituições criadas pelos atores.
88. Como os Estados não são monolíticos, imutáveis, os demais agentes podem e interferem nesse
Estado, que por sua vez, pode alterar o sistema internacional.
90. Traz a diferenciação a diferença entre teoria tradicional ou "problem-solving", que cria haver
uma verdade a ser descoberta, portanto, positivista e garantista da homeostase do sistema de
opressão; e teoria crítica, que entendia a complexidade da ordem,e tem caráter emancipatório,
ou seja, buscava compreender o sistema e alterá-lo.
91. Constata que todas teorias são vitimas da interferência social, de poder, cultural e que têm um
teoria por trás. Diz que por conta dessa estrutura que compõe o desenvolvimento de uma
teoria, o teórico, por mais que se esforce, não conseguirá se abster do objeto de estudo; não
conseguirá abster seu estudo de conceitos já pré estabelicidos em si mesmo. Portanto, os
teóricos críticos compreendem que interferem nas teorias com seus escopos culturais,
ideológicos e etc., e mostram a necessidade de desenvolver uma teoria emancipatória, que visa
transformar a sociedade, a forma que recursos são distribuídos, não só no âmbito internacional,
mas no doméstico também.
92. Diz que a ordem mundial é uma "estrutura histórica", que não se organizou por acaso, mas sim,
é fruto de relações entres os agentes que se alteram ao longo do tempo; não vem do nada essa
estrutura de dominação, na verdade ela é fruto de contrução histórica. Essa estrutura histórica é
composta por três aspectos que estão em mútua interação:
- Capacidades materiais: São as capacidades que garantem a sua capacidade de exercer poder perante
os demais. Podem ser duas: produtivas: tecnologias, cooperação entre Estados, comércio internacional;
e destrutivas: poder bélico, em suma.
- Instituições: Essas instituições são garantidores de normas, regras e também, por que não, a
dominação.
As instituições as ideias são intrinsicamente ligados e criam meios para os Estados possam administrar
conflitos com menor uso da força. Para além disso, por estarem intrinsecamente ligadas, as ideais
formam o imaginário e orientam a conduta dos indivíduos eas instituições garantem a manutenção e
disseminação dessas ideias. Temos então a hegomia apontada por Gramsci.
93. A dominação pela capacidade material é condição necessária, mas não suficiente para a
hegemonia de um Estado sobre outros.
94. Transformação na natureza dos Estados se dá a partir da dinâmica conflituosa interna aos
“blocos históricos” (alterações na estrutura de classes e nos processos produtivos), e essa
mudança na dinâmica interna dos Estados pode transbordar as fronteiras nacionais.
96. Acredita na possibilidade de formação de uma comunidade global regida por uma ética
cosmopolita, ou seja, uma sociedade de é ligada entre si e se identificam como tal, tendo como
critério que todos são humanos; não teríamos mais nações, Estados e etc. Cria que é função dos
teóricos, promover essa noção global, visando o cosmopolitismo.
99. Prevê, então, que não devemos causar "dano" partindo do pressuposto da ética cosmopolita.
* São deveres negativos, pois nega de fazermos o "mal", e positivos, pois devemos incentivar e promover
as boas condutas.
100. Comunidade global esbarra em difenças morais e culturais entre as sociedades, e para
contornar essas diferenças e alcançar a sociedade cosmopolita, devemos recorrer à ética do
diálogo; proposta por Habermas.
102. Reconhece a natureza conflituosa entre Estado e indivíduos, e diz que esses desacertos
podem servir para iniciar uma mudança, de certa forma, revolucionária, na sociedade.
104. Questiona a normatividade implícita nas teorias da área, pois ela é um fruto do contexto
em que foi criado, dos vieses do contexto histórico e do teórico. Sendo produto do pensamento
dominante, ela servirá, mesmo que implicitamente, para pertuação e disseminação dessas ideias
dominantes.
Andrew Linklater
105. Expande a agenda de pesquisa sobre diferentes formas de exclusão ou dano no cenário
internacional.
Robert Cox
- Autores, obras e teorias que fazem uma análise crítica da experiência do colonialismo e de seu legado
político, econômico, cultural e epistemológico para as ex-colonias.
- Conferência de Bandung, em 1955: reunião de países asiáticos e africanos que clamavam por não se
alinharem a nenhum bloco durante a Guerra Fria. Esses países recém tinha adquirido independência e
queria andar "por suas próprias pernas" nas RI.
- Reflexões teóricas e práticas políticas de figuras como Gandhi, Du Bois e Amílcar Cabral
- O livro Orientalismo (1978) do Edward Said, onde problematiza a forma como o Ocidente representa o
Oriente (Orientalismo); critica a esterotipação do oriente; e critica o pensamento de que o Oriente é
fruto do Ociente.
- Grupo de Estudos Subalternos, que reunia intelectuais de origem sul-asiática como Ranajit Guha e
Gayatri Spivak; problematiza a historiografia dominante sobre a Índia e restaurar as histórias suprimidas
pelo colonialismo; analisa os efeitos da relação entre colonizador e colonizado para a constituição da
identidade de ambos; a noção de “subalterno”; e a aversão do ocidental para com o oriental.
118. Evidencia como forças históricas não ocidentais foram fundamentais para a constituição
do Ocidente.
119. Diz que as teorias predominantes nas RIs são eurocentricas e negligenciam a dinâmica
de subalternação neocolonialista.
121. Mesmo assim, acabam "bebendo" de fotos europeias como Foucalt, Derrida e Deleuze.
122. Expandem a perspectiva crítica que ja vinha da teoria da subalternação. Mas rompem
com ela e criam os estudos subalternos da América Latina, pois eles focavam, evidentemente
por serem asiáticos, no campo oriental (África e Ásia) explorado, negligenciando a América do
Sul.
123. Por conta de estudiosos que ainda se baseavam na visão eurocentrica (citado no
segundo item), houve uma ruptura entre os integrantes que abriu margens para novos grupos
como:
Grupo Modernidade/Colonialidades
130. A mundialização a partir das Américas constrói novas formas de diferença que justifica a
exploração: o "Outro" tem uma raça inferior, portanto é passível de ser colonizado e subalterno.
131. Capitalismo institucionalizou o racismo na modernidade, fator esse, que permitiu seu
desenvolvimento a partir da exploração.
133. A colonialidade pode servir como norte pra entendermos nosso desenvolvimento,
modernização, democratização e contrução da paz, no cenário internacional.
- colonialidade do saber: efeitos do padrão global de poder oriundo do colonialismo sobre a produção
de conhecimento na modernidade, ou seja, validamos o ocidente (mais especificamente, a Europa)
como produtor legítimo de conhecimento. Mas o problema se encontra justamento na forma que esses
estudos se dão: estudos norteados pelo eurocentrismo, e feitos sobre os outros, ou seja, trata a outra
nação, cultura, etnia, como um mero objeto de estudo, ausente de características personalíssimas;
viramos passivos de nossa própria história.
* gera um racismo epistêmico, onde os subalternos não têm qualificação suficiente para produzir saber
Neoliberalismo
139. A principal obra desta corrente é "Power and Interdependence (1977)", de Keohane e
Nye Jr, onde introduzem o conceito de interdependência complexa
140. Surge tentando explicar o advento da Crise do Petróleo, onde países pequenos
exportadores de petróleo, reduzem sua produção e selecionam seus compradores. Os realistas,
que davam ênfase total aos Estados, não puderam explicar como essa crise se desencadeou.
* Cunham também, os conceitos de sensibilidade e vulnerabilidade, que são métricas para saber o quão
autossuficientes são os Estados:
- Sensibilidade: um país sensível, em meio à crise, dispõe de mecanismos que o fará contornar a
situação sem ter de alterar sua política interna, por ex.
143. As interações, pautas e etc., não possuem hierarquia entre si, e estão submissas à OIs e
comoção social, por ex.
Neorrealismo
144. A principal obra é "Theory of International Politics (1979)", de Kenneth Waltz, onde
introduz a estruta ou sistema internacional.
145. Diz-nos que o cenário internacional continua sendo anárquico, todavia, um Estado toma
sua decisão com base em sua posição hierarquica nessa estrutura. Encara o Estado como
imutável e monolítico, porém ele sempre agirá visando a autoajuda. Um Estado em alta posição
sistêmica, tem mais condição de alterar os demais em seus interesses.
* Waltz usa como métrica para ranquear os países o poderio militar, mas já começa a reconhecer a
importância de aspectos econômicos.
146. As OIs e, por conseguinte, os regimes, têm sua capacidade limitada: como são feitas por
Estados, acabam virando espaço para perpretar os interesses estatais através delas.
150. As naturezas do conlito bélicos passam por transformações: agora temos conflitos
intraestatais, também; ou seja, indivíduos x Estado.
* Podemos conjecturar que isso é fruto da globalização, onde os Estados perderam a eficiência em
manter a ordem e monopólio do poder, e as pessoas perceberam isso e se rebelaram. Há também a
possibilidade que essas pautas sempre existiram, porém, eram suprimidas, e agora têm um cenário ideal
pra florescerem.
- Militar;
- Econômica;
- Atores internacionais.
* Vale dizer que a discussão sobre globalização nos anos 90, não é sinal da existência a partir dessa
época, porque temos essa dinâmica desde que Estados passam a interagir econômicamente.
156. Mesmo com toda essa descentralização, os Estados ainda importam, pois calcam as
políticas que serão sustentáculos à economia.
157. Gilpen diz que toda essa estrutura internacional, necessita de uma hegemonia para se
perpretarem.
158. Segundo Nye Jr., os Estados continuam sendo os únicos capazes de garantir segurança
física, bem-estar econômico e identidade comum aos cidadãos.
* Os liberais defendiam que essa cooperação era o ideal a ser efeito, enquanto os realista eram céticos a
respeito da possível perda de autonomia do Estado.
165. Essas interações estão além do alcance estatal, e tem capacidade de alteração sistêmica
de dentro pra fora; alterações epistemológicas, tambem, por que não.
166. Os neoliberais tecem fortes críticas à enfâse dos realistas no papel dos Estados em
detrimentos dos atores internacionais
Atores Internacionais
168. Para ser classificado como um ator internacional relevante, ele deve ser capaz de
influenciar processos e esferas decisórias internacioanis, mesmo sem recursos bélicos.
169. Esses atores influenciam na agenda política internacional. Um bom ex. é a Black Lives
Matter que trouxe a pauta racial, de forma mais expressiva, ao mundo.
170. Há diferença entre empresas e organizações da sociedade civil, que influenciam neste
processo.