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Teorias contemporâneas das RI

Aula 1 - Pós-estruturalista (compreensão de cada fator estuturante na


estrutura)

Tema 1 - Fontes teóricas do pós-estruturalismo


· Tem fonte em pensadores franceses a partir dos anos 1960 como Michel Foucalt, Jacques
Derrida e Gilles Deleuze

· Se propõe a dialogar e aperfeiçoar o estruturalismo que era vigente na academia

o que é estruturalismo?

2. É uma abordagem teórico-metodológica presente em diversas áreas do conhecimento, mas


sobretudo na linguística e antropologia.

3. Os precurssores são Émile Durkheim, que focara no entendimento da sociedade, e Ferdinand de


Saussure, que focou em estudar a linguistica, mas quem de fato de corpo ao estruturalismo foi
Claude Lévi-Strauss.

4. O principal argumento do estruturalismo é de que os elementos de uma totalidade não podem


ser compreendidos isoladamente, mas apenas em relação com os demais elementes dessa
totalidade.

*Lévi-Strauss buscara diversos contos, mitos de diversas culturas, buscando identificar padrões que
estruturam os mesmos.

5. O conjunto dessas relações individuais forma a estrutura de determinada totalidade. É uma


analogia equiparável: o esqueleto formado pelas vigas estruturais (elementos) em uma
construção (a totalidade) .

6. O objetivo da análise estruturalista, assim, é desvendar: (1) os elementos estuturais de uma


totalidade, e (2) como esses elementos se relacionam - a estrutura dessa totalidade.

* Com a análise estruturalista, percebeu-se que línguas, religiões, mitos e mesmo teorias científicas
estuturam-se frequentemente em binarismo ou em pares de opostos. Ex.: sagrado/profano, alto/baixo,
claro/escuro e etc.

7. A novidade introduzida pelo pós-estruturalismo está em compreender tais binarismos como


expressões de relações de poder na sociedade e na história. Inclusive, criticavam o
estruturalismo por negligenciar o passado enquanto fator determinante, pois, para eles
(estruturalistas), o importante era o que ocorria de fato.

Tema 2 - Pós-estruturalismo em RI
8. O pós-estruturalismo entra nas RI na Grande Virada Reflexiva nos anos de 1980. O realismo, mais
especificamente o neorrealismo de Kenneth Waltz, e todas as demais teorias vigentes, sofriam
críticas muito fortes por seu caráter positivista, onde buscava explicar as RIs de maneira objetiva;
buscavam descobrir "a verdade" por trás das coisas e interações estatais. Para os pós-
estruturalistas, essa verdade não pode ser alcançada, porque ela sequer existe: devemos, na
verdade, sempre interpretar a realidade da forma que ela é, tendo noção de que, por conta de
fatores regionais, fatores históricos, não conseguimos nos ausentar de nossos vieses na hora de
analisar e interpretar. Por isso, devemos estar sempre abertos ao senso crítico.

9. Toda teoria é uma perspectiva, um esforço interpretativo feito com base em um conjunto de
vieses (linguísticos, culturais e políticos).

10. o objetivo do pós-estruturalismo não é desvendar a verdade, mas problematizar as perspectivas


a respeito dela.

11. Perceber como as relações de poder vigentes na realidade internacional se expressam, de


maneira por vezes inconcientes, nas teorias que buscam analisá-la

* Analisar o porquê de premisas e teses por trás de teorias serem como são: por que se dispõem dessa
maneira. Ou seja, há certos preceitos, narrativas que ficam em nossas cabeças, que moldam nossa
percepção e argumentação. Tenta trazer à luz os motivos que acabam ficando omissos por conta dos
vieses argumentativos; o pós-estruturalismo, acaba, muita das vezes, trazendo mais dúvidas do que
respostas por questionar demais.

12. Contribuições para a área:

- Análise das relações entre conhecimento e poder e entre política e ética

- Novas metodologias, como a desconstrução e a genealogia

- Crítica à centralidade teórica do Estado e engajamento cr´tico em temas como fronteiras, violência e
identidade.

Tema 3 - Relação entre poder e conhecimento e crítica ao sujeito cartesiano


13. Problematização (Foucault): colocar sob análise as perguntas, os objetos e as metodologias que
embasam a produção de conhecimento

14. Como determinadas temáticas passam a se configurar como problemas a serem respondidos ou
solucionados?

15. Como determinados individuos ou grupos passam a monopolizar a produção de respostas ou


soluções para tais problemas?

16. Para Foucault, o poder não tem a mesma concepção repressiva de Marx e Weber, mas tem como
característica o poder de construir, gerar conhecimento.
17. Ruptura com a tradição positivista, onde o conhecimento científico seria imune às relações de
poder. Ex.: um médico quando desenvolve sua tese a respeito de um paciente, leva em
consideração sua posição de poder e influência, e, a partir do momento que esse conhecimento
é considerado neutro e científico, ele será utilizado para justificar esse ponto de vista enquanto
verdadeiro

18. Poder e conhecimento estão mutuamente implicados

19. Relações de poder criam campos de conhecimento e corpos de especialistas (psiquiatria,


criminologia, estatística)

20. Conhecimento colabora para criar, manter ou alterar relações de poder

Crítica ao sujeito cartesiano

21. Concepção cartesiana: ser humano como sujeito universal e atemporal, que se distingue pelo
uso da razão consciente; que é capaz de se afastar e se abster de seu objeto de estudo.

22. Concepção pós-estruturalista: ser humano como sujeito histórico, moldado pelas relações de
poder de seu contexto

*Ênfase nas dimensões inconscientes e opacas da subjetividade humana

Tema 4 - Linguagem, Discurso e Textualidade


23. O pós-estruturalismo deu à linguagem um lugar central na análise das RI

24. A linguagem não apenas representa a realidade (função representacional), mas também produz
realidade (função performativa)

*EX.: quando nomeamos algo, essa nomeação também lhe atribui características, como, por ex., chamar
os muçulmanos que interpretam a jihad de forma extremada como "terroristas". Queremos nos referir
ao mesmo grupo de pessoas, porém, com o termo "terroristas", ja lhes atribuímos um significado
pejorativo.

Noções de discurso de Foucault

25. Conjuntos de enunciados ou afirmações produzidos em contextos institucionais específicos e


organizadores das praticas que têm lugar neles.

26. Para Foucalt, tudo é discurso: teorias, discursos falados, atos e etc.

* Uma teoria academicamente aceita, por exemplo, o livre mercado pregado pelo liberalismo, será norte
para produção e compreensão da realidade. A ONU, ao incentivar o livre mercado, democracias e demais
aspectos alinhados ao liberalismo, neste contexto, ajuda-nos a compreender a realidade e moldá-la a
partir desse escopo.
Texto e textualidade em Derrida

27. Derrida expande a ideia de texto para além da escrita

28. A realidade é ela própria uma forma de texto, ou seja, um sistema de signos acessado por meio
de um processo necessariamente interpretativo e mediado pela linguagem

* Ou seja: a nossa realidade é como um texto: utilizamos de signos para significar o que vemos e
interpretamos esses diversos signos, fazendo uma síntese de tudo à medida que compreendemos o que
esses signos nos indicam.

29. A textualidade refere-se à estrutura interna que sustenta os significados desse texto

30. As noções de texto e de textualidade podem ser aplicadas à análise da realidade internacional,
assim como nas teorias que buscam explicá-la.

31. Observa-se, também, que as duas grandes teorias: realismo e liberalismo, podem ser explicadas
através de binarismos, pois são calcadas nisso para suas arguentações: gueera/paz;
interno/externo; soberania/anarquia e etc.

Tema 5 - Metodologias pós-estruturalistas para as RI


32. Metodologias pós-positivistas: problematizam a presumida objetividade dos discursos acerca da
realidade internacional. Ou seja, acabam com a presunção de que haja uma verdade a ser
descoberta, e dá lugar a um mundo interpretativo; interpretações essas, passíveis dos vieses dos
teóricos: sejam históricos, regionais e etc.

33. Essa problematização pode ser feita por meio de métodos históricos (genealogia) ou de análise
textual (desconstrução)

- em ambos os os casos, trata-se de relacionar a produção de conhecimento às relações de poder

Estratégias textuais: a desconstrução

34. Pretende ultrapassar os argumentos ou as intenções declaradas de um texto, a fim de chegar à


sua estrutura interna não declarada: as oposições binárias que sustentam seus significados.

35. Tais oposições binárias apresentam-se em uma relação de hierarquia e de exclusão mútua. Um
dos termos denota presença, plenitude ou identidade que falta ao outro.

* Como o conceito de guerra e paz para os realistas, onde a natureza das coisas é o conflito, e o conceito
de Alta Política (segurança e soberania) está no topo, a despeito da Baixa Política (cultura, economia e
etc.).

36. Opera-se, então, a desconstrução ou desestabilização desses binaarismos, desfazendo a relação


hierárquica e mostrando as zonas de intersecção entre eles
*EX.: soberania/anarquia ou gerra/paz nas teorias realistas.

Estratégias historicistas: genealogia

37. Procura identificar o processo de formação de discursos em torno de certas temáticas ou


populações, geralmente caracterizadas como problemas a serem geridos ou solucionados.

*EX.: militarização nas favelas do RJ: por que a violência nas favelas foi apontada como um problema pra
resolvido a priori, e não a falta de educação ou saneamento básico, po ex. E por que, uma vez decidido
que o maior problema é a violência, o método escolhido para lidar é a militarização e o combate
armado. Este tipo de análise, é a Genealogia de Foucault.

38. Enfatiza os macanismos de encobrimento e exclusão de enunciados alternativos esquecidos pela


história tradicional.

39. Rompe com a visão linear e teleológica da história.

40. Análise do papel das descontinuidades, das contradições, dos acidentes e das casualidades que
são apagadas pela retórica historiográfica positivista.

Aula 2 - Construtivismo nas RI (Coconstituição Estado-anarquia)

Tema 1 - construtivismo nas RI


41. Surge no campo de estudos das RI durante o 4° debate das RI nos anos de 1980.

42. Tem um dialogo crítico com, de contestação, com as ideologias predominantes, mais
especificamente o realismo e o neorrealismo, sob a alegação de que os realistas tinham muita
dificuldade em explicar as transformações que o mundo passava. Por conta de seus critérios
meramente materias (luta pela sobrevivência, poderio bélico e etc.) era difícil de se explicar as
mudanças, visto que o método realista era demasiado rígido e criterioso.

Cabe dizer que, por conta da relevância e hegemonia da teoria neorrealista de Waltz, as críticas da
época, seriam deliberadamente direcionadas à teoria neorrealista e seus pressupostos.

43. Os construtivistas incorporam ciências sociais a sua tese, mais especificamente, o problema
agência/estrutura de Anthony Giddens. Este debate girava em torno de quem influencia quem?
os agentes, indivíduos que influenciam a estrutura (por "estrutura" pode-se entender como uma
empresa, Estado, sociedade e etc.), ou o contrário: a estrutura que influencia os agentes.

* Giddens chega à conclusão de que é uma relação de coconstituição, onde ambos se influenciam
mutuamente: os indivíduos moldam e formam a estrutura, mas, uma vez formada, essa estrutura
influenciará a formação do indivíduo. Wendt então chega a seguinte conclusão: é incoerente que os
Estados sejam apenas fruto da anarquia internacional, uma vez que essa anarquia também é produto do
que os Estados a fizeram.
44. Crítica à forma como os Estados são caracterizados (autointeresse e segurança), visto que os
Estados e seus papéis são produtos da socialização.

45. Revisa a ênfase nos aspectos materiais da realidade internacional (poder e recursos bélicos), sob
a alegação de que não são os únicos importantes para a definição do Estado. As ideias,
identificação dos povos e inúmeros fatores periféricos, são determinantes na equação final.

46. Crítica à naturalização da "anarquia" como princípio imutável da realidade internacional e como
principal explicação para o comportamento dos atores.

* Tendo em mente o principal debate dos construtivistas, o de coconstituição, seria inevitável uma critica
a esse modelo da realidade internacional.

47. Revisão dos pressupostos positivistas por meio da introdução de contribuições oriundas da
teoria social e da filosofia da linguagem (sobretudo no caso de Onuf e Kratochwil)

Nova caracterização do Estado

48. Onuf e Kratochwil rompem de maneira mais radical com as teorias dominantes e colocam em
xeque a centralidade do Estado nas RI; rompem de maneira mais acentuada com as teorias
dominantes.

49. Wendt aceita a premissa da centralidade do Estado, mas discorda de sua caracterização
tradicional (autointeresse, baixa capacidade de cooperação, foco na segurança).

* Trás o conceito de identidade onde, a depender de como o Estado se vê, pode mudar sua atuação no
sistema internacional e, eventualmente, modifica sua estrutura como um todo; afinal, temos um agente
agindo de forma diferente.

Interessante reparar: Wendt apresenta um caráter mais tradicionalista, uma espécie de alinhamento ao
realismo, enquanto Onuf e Kratochwil são completamente pós-positivistas e críticos às teorias
dominates.

50. Possuem Wendt, os Estados não são entidades imutáveis:

- Possuem capacidade reflexiva de aprendizadoe de ação inovadora (podem alterar sua agência)

- Revisam, a partir da série de interações com outros atores estatais, o que querem (interesses) e a
maneira como veem a si mesmos e aos demais (identidades)

- O comportamento estatal, portanto, muda ao longo do tempo

51. Ruptura com o privilégio teórico dado aos aspectos materiais (poder e recursos bélicos) da
realidade internacional: não há "um ponto de material esvaziado de ideias" (Wendt)

- Aspectos materiais (segurança, poder militar e etc.) e ideacionais (conhecimentos, crenças, conjecturas,
linguagens) não podem ser separados
- A interação entre atores é sempre mediada por processos interpretativos, ou seja, a capacidade dos
agentes se comunicarem, se entenderem, se modificarem são fatores determinantes para o bom
convívio.

* Trás-nos a ideia de sociedade entre os agentes, diferente de sistema, onde as coisas "ja seriam dadas"
e tendem à inércia.

Nova visão sobre a anarquia

52. Debate agência/estrutura (a constituição mútua como possível solução, de acordo com Giddens)
é incorporado no debate.

53. A anarquia é uma construção social produzida a partir das interações e dos entendimentos
comuns entre os agentes do sistema

"A anarquia é o que os Estados fazem dela" (Wendt)

Tema 2 - Friedrich Kratochwil


54. Ênfase no papel da linguagem para a interação entre os atores internacionais e para a
construção de uma ordem normativa internacional

55. Dá muita ênfase em atores internacionais como as organizações internacionais, e rompe com o
papel central do Estado

56. Discorre a importância de normas e regras para mediar a relação dos atores internacionais

57. Fundamenta-se na teoria dos atos de fala, desenvolvida por John Austin: linguagem como ação
que permite "fazer coisas" (função performativa)

* Para Kratochwil, as habilidades discurssivas, como, por exemplo, um texto, só é possível analisar sua
função, uma vez dado o contexto: o que se quer passar através desse texto. Aproxima-se um pouco dos
pós-estruturalistas que criam que ao nomear as coisas, exercemos conhecimento. Esse contexto só pode
ser adquirido através de uma análise dos fatos marginais a ele; só o compreendemos quando olhamos os
aspectos que circundam esse discurso.

58. Estudo das "palavras-ação" (o que falamos está diretamente ligado ao que fazemos): aquelas
que produzem efeitos normativos sobre a realidade: falamos, e o que falamos produz um efeito
direto na realidade. Quando falamos, nossa fala, caso tenha possibilidade de representar uma
ação, quem nos escuta pode ouvir, acatar e entender que isso faz parte do "jogo" cotidiano de
interação discurssiva.

59. Dimensões ilocucionária, que é, basicamente o que é dito de forma literal; ex.: "está chovendo
lá fora", quem escuta entende o que foi comunicado e pronto: "está chovendo"; tem um
potencial meramente informativo, constatativo. Já a dimensão perlocucionária da fala, tem
poder normativo, ou seja, de dar ordens e levar à ações; ex.: "feche a porta"

* Acordos, ameaças e promessas são palavras-ação de entendimentos normativos comuns e, por isso, o
contexto se mostra tão importante: é necessário que quem te ouça saiba como funciona o "jogo" onde
essas palavras estão inseridas.

60. Estudar como as trocas comunicativas entre os atores internacionais pressupõem, reforçam ou
alteram "estruturas normativas subjacentes à ação".

61. Por não abrangerem estes aspectos, a teoria realista é incapaz de explicar como uma ordem
normativa internacional surge, assim como o neoliberalismo institucional é incapaz de explicar
como os regimes se alteram

Tema 3 - Nicholas Onuf


62. Assim como Kratochwil, incorpora a "teoria dos atos de fala" para a análise da realidade
internacional

63. Tece críticas ao realismo pois se limitam aos aspectos materiais e são incapazes de analisar os
aspectos subjetivos que permeiam as RI, sobretudo, os discurssivos: Estados estão
frequentemente anunciando compromissos, ordens, declarando intenções e, se dermos a devida
atenção a esses sinais, compreenderemos melhor as RI

64. Descarta a centralidade do Estado ns RI e chama a atenção para como a dimensão material
(poder bélico) e a dimensão social (a das interações - sobretudo linguísticas - entre os atores)
"contaminam-se mutuamente"

65. As interações comunicativas produzem "vínculos normativos fracos", porque, digamos, diferente
do cenário doméstico, onde temos um orgão regulamentador (Estado) que ao ocorrer infrações
da lei, pode e tem autoridade de punir o transgressor; no cenário internacional, as relações não
são tão simples, pois não há de fato uma punição eficaz aos trangressores. Os Estados geram
vínculos fracos pois, através de suas interações, geram normas e expectativas mútuas entre eles,
e esta expectativa só tem como alicerce a confiança mútua.

- Os vínculos podem ser reforçados ou transformados por interações subsequentes

- Os vínculos podem ser ampliados quando mais atores são inseridos nas interções comunicativas

* Regimes (OIs com pautas definidas, como a do meio ambiente), por ex., começam com um grupo que
tem interesse nessa pauta, mas, com o passar do tempo podem adquirir novos atores engajados à causa.

- A interação discursiva constrói a realidade internacional ao produzir entendimentos compartilhados


(regras) entre atores

66. As regras ou normatividades emergentes das interações entre os atores internacionais são de
três tipos:

- Regras de instrução: atos de fala assertivos, onde se coordena alguém a fazer algo

- Regras diretivas: atos de fala diretivos, onde já se remete à ordem de se fazer; a uma hierarquia

- Regras de compromisso: atos de fala de compromisso, onde se pode ser reforçado por tratado, regras,
leis e etc.

Cada uma dessas regras ou normatividades produz e sustenta diferentes tipos de relação assimétrica
entre os atores

Tema 4 - Alexander Wendt


67. Diferente de Onuf e Kratochwil, ele não rompe tão radicalmente com as teorias dominantes
(com ênfase no realismo): ele acaba por analisar e complementar pontos negligenciados pela
teoria.

68. Aceita a centralidade do Estado como unidade de análise

69. Trabalha ainda com a noção de anarquia no sistema internacional, mas ela pode gerar efeitos
distintos a depender das identidades e dos interesses construídos socialmente pelos Estados. Ou
seja, incorpora o debate agência/estrutura de Giddens; crê na interferência mútua entre
estrutura e agente: a coconstituição.

* Mudando sua identidade, ou seja, a maneira que o Estado se vê em meio à estrutura anárquica, pode-
se alterar essa estrutura.

70. Rejeita a ênfase exclusiva nos aspectos materiais (distribuição de poderes) do sistema
internacional: ele deve ser pensado como "cultura" (crenças, normas, ideologias, instituições,
conhecimentos prévios, etc.). O que isto que dizer? Quer dizer que o sistema internacional é
como uma espécie de sociedade, com habilidades de socialização e aprendizado; esse sistema
não é imutável, uma vez que temos essa habilidade de adaptação e a dinâmica de identidade.

* Os interesses e as identidades dos atores estatais são construídos por essa cultura.

* Não necessáriamente, temos um cenário de disputa nesta anarquia (cenário hobbesiano), mas, se o
tivermos, é fruto da cultura.

71. Sendo dotados de agência e de reflexividade, os Estados podem revisar seus interesses e
identidades à luz de novas interações, alterando seus comportamentos e, assim, a própria
estrutura (a cultura e a distribuição de poder) do sistema internacional.
72. Para Wendt, "a anarquia é o que os Estados fazem dela"

73. A condição anárquica do sistema internacional pode tomar diferentes formas ou culturas a
depender dos interesses e das identidades construídos socialmente pelos Estados. Dito isso,
pontua as formas como:

- Forma hobbesiana: forma descrita pelos realistas, onde a competição e a rivalidade, a desconfiança
prevalece; o sistema anárquico tradicional

- Forma lockeana: onde os atores constróem rivalidade, mas, ainda sim, reconhecem a legitimidade e
soberania dos demais

- Forma kantiana: essa visão bebe um pouco do liberalismo com a ideia de "paz perpétua" do Kant, e
entende que o sistema anárquico internacional pode se estabelecer através da colaboração, formação de
alianças e etc.

Tema 5 - Estudos empíricos de orientação construtivista


74. O construtivismo é especialmente adequado para a análise de transformações na realidade
internacional; mudanças na economia política global ou nos regimes internacionais.

* Era pelo fato de focarem em aspectos materiais que o realismo (balanceamento de poder) e o
liberalismo (questões econômicas, principalmente) que essas teorias têm dificuldade de explicar as
transformações no sistema internacional; são muito rígidos em seus métodos e buscam a "verdade" por
trás do sistema, por isso são chamados positivistas.

* O choque do petróleo, ja trouxe luz à dificuldade de explicação do realismo, e as teorias da


interdependência complexa e institucionalismo ganham força; no entanto, essas teorias ainda focavam
muito na materialidade e negligenciavam aspectos ideacionários e sociais. Com a Grande Virada
Reflexiva, no pós Guerra Fria, as teorias mainstream (principalmente o realismo) sofrem pra explicar
como a guerra terminou sem um conflito direto e gerou a eclosão, de dentro pra fora, da União
Soviética.

75. Agendas de pesquisa influenciadas pelo construtivismo:

- Comunidades epistêmicas: uma teoria que busca entender como grupos de especialistas que
desenvolvem, geram conhecimento, têm habilidade de de incorporar e, de certa forma, dirigir os
estudos e produção de conhecimento a partir da validação e aceitação dos conhecimentos outrora
desenvolvidos. Ou seja, como este conhecimento é incorporado, validado e norteia as práticas.

- Estudos estratégicos: se voltam para aspectos bélicos, como número de armas, como avança e se dá a
guerra... enfim, analisam aspectos mais materiais nesse quesito. Mas incorpora os aspectos sociais ao
estudo: como os líderes pensam e gerenciam a guerra, como a sociedade encara esse conflito e etc.

- Teoria da securitização: trás a teoria dos "atos de fala" para o campo da segurança e diz que, muitas
vezes, uma declaração de guerra, por exemplo, pode estar diretamente atrelada aos aspectos
discursivos; dando ênfase maior no "alarmismo" no que na ameaça de fato e necessita de medidas que
podem fugir das políticas tradicionais. Foca no processo de construção social de uma ameaça. Um bom
exemplo disso é a declaração de guerra às drogas que temos no Brasil, pois sequer sabemos de fato o
que é e como se dá essa guerra.
Aula 3 - A Teoria Crítica nas RI
Tema 1 - as bases da teoria crítica em relações internacionais
Karl Marx e Engels

76. Essa teoria bebe de fontes marxistas e incorpora o materialismo histórico, conceito de Max onde
a explicação da mudança histórica se dá com base nos processos de produção da vida material; o
trabalho, propriamente dito.

77. Para Marx, a história se baseia na distribuição de trabalho e recursos, que, por consequência
gera classes sociais; essas classes sociais geram entre si o conflito de classes: cenário onde uma
classes quer que seus interesses se sobreponham em ralação ao interesse da classe adversária.
Este conflito de classes impacta e gera mudanças sociais. Um ex., pode ser sindicatos que
reivindicam seus direitos em detrimento da instituição, chefe, empresa e etc.

78. Marx conceitua a seguinte estrutura para explicar a sociedade:

- Infraestrura: forças produtivas e relações sociais de produção. Esta é a base de toda a sociedade e
acontecimentos históricos.

* Os conceitos de classe social e conflito de classe, são as forças motrizes da história e são fruto da
infraestrutura.

- Superestrutura: Estado, direito, política, cultura e demais agentes que extrapolem a infraestrutura; é
sustentada pela infraestrutura e submissa a ela.

79. A teoria crítica, por ter seu berço a Escola de Frankfurt, aceita esse modelo de Marx, mas foca
seus estudos na superestrutura, coisa considerada secundária para os marxistas ortodoxo.

Antonio Gramsci

80. Antonio Gramsci reformula a metáfora base/estrutura, pois anteriormente a ele, todos que se
propunham a olhar a superestrutura, focavam no papel do Estado e como ele exercia o poder de
coerção. Gramsci atribui papel central a sociedade civil, como a família, escola, igreja e etc., para
compreender a reprodução do sistema vigente: o capitalismo; chama esse consualismo a
respeito do poder de "hegemonia". Antes focavam no Estado como ferramenta de coerção e
dominação de uma classe sobre outro, mas Gramsci diz que a manutenção dessa sistema não se
dá apenas pela coerção, mas também pela unidade da forma de pensar, se comportar, interagir
em sociedade, educar e demais maneiras como os indivíduos convivem entre si, que levam os
indivíduos a propagarem o pensamenro da classe dominante.

81. Dois conceitos mais importantes de Gramsci:

- Hegemonia: consualidade de pensamento da classe dominante

- Bloco histórico: união da classe hegemônica (classe dominante) a qual, por meio da educação, mídia e
demais instituições impõe seus pensamentos e perpetua-os na outra classe: a classe subalterna (classe
dominada), que é influenciada, mas é dotada da habilidade de mudar seu pensamento através de
cultura própria e pode negar ao pensamento hegemônico vigente.
Escola de Frankfurt

82. Adotando um postura investigativa sobre a afirmação de Karl Marx, onde, por conta de suas
muitas contradições, o capitalismo acabaria sucumbindo - inevitelmente - assim como o
feudalismo caiu e surgiu mercantilismo e depois o capitalismo. Essa queda se dá porque há um
sistema melhor que o vigente. Marx apontou que seria o socialismo o sucessor do capitalismo, e
o comunismo o sucessor do socialismo.

83. Mas já era século XX e o capitalismo não havia acabado ainda, portanto, assim como Gramsci, a
Escola de Frankfurt se propõem a compreender por quê.

84. Fazem, portanto, a distinção entre "teoria tradicional" (teorias que buscam uma "verdade" que
deveria ser descoberta, positivistas e que servem para perpetuar o poder) e "teoria crítica" (que
buscava questionar a estrutura, a relação poder-conhecimento e compreender os mecanismos
de coerção).

85. Encaram positivismo como conservadorismo teórico.

Tema 2 - Pressupostos fundamentais da teoria crítica


86. Tem como característica o rompimento e crítiva às teorias tradicionais da área. Critica o caráter
positivista das mesmas, a noção de que o teórico poderia se afastar do objeito de estudo -
estando à parte do mesmo -, e se colocam em contrapartida como teorias que buscam entender
as características do sistema. Alega também que as teorias tradicionais são normativamente
conservadores, perpetuam a visão dominante e são a-históricas, ou seja, - incapaz de explicar a
mudança na realidade internacional.

* Essas teorias positivas ou tradicionalistas são cunhadas como "problem-solving" por Robert Cox

87. Pressupostos da teoria crítica:

- Análise da ordem mundial em uma perspectiva histórica, com enfâse nos processos de mudança.

* Se assemelha ao construtivismo, mas a teoria crítica está muito atada ao materialismo como força
motriz.

- A estrutura histórica da ordem mundial constitui-se a partir da interação entre condições materiais,
padrões de pensamento e instituições criadas pelos atores.

* Demonstra a retirada da centralidade na infraestrutura e põe a infrastrutura, ou seja, atores


internacionais, instituições, indivíduos e etc. como agentes.

88. Como os Estados não são monolíticos, imutáveis, os demais agentes podem e interferem nesse
Estado, que por sua vez, pode alterar o sistema internacional.

Tema 3 - Robert Cox


89. Criador da vertente neogramsciana, pois incorpora o conceito de hegemonia e dá importância a
superstrutura da visão marxista.

90. Traz a diferenciação a diferença entre teoria tradicional ou "problem-solving", que cria haver
uma verdade a ser descoberta, portanto, positivista e garantista da homeostase do sistema de
opressão; e teoria crítica, que entendia a complexidade da ordem,e tem caráter emancipatório,
ou seja, buscava compreender o sistema e alterá-lo.

91. Constata que todas teorias são vitimas da interferência social, de poder, cultural e que têm um
teoria por trás. Diz que por conta dessa estrutura que compõe o desenvolvimento de uma
teoria, o teórico, por mais que se esforce, não conseguirá se abster do objeto de estudo; não
conseguirá abster seu estudo de conceitos já pré estabelicidos em si mesmo. Portanto, os
teóricos críticos compreendem que interferem nas teorias com seus escopos culturais,
ideológicos e etc., e mostram a necessidade de desenvolver uma teoria emancipatória, que visa
transformar a sociedade, a forma que recursos são distribuídos, não só no âmbito internacional,
mas no doméstico também.

92. Diz que a ordem mundial é uma "estrutura histórica", que não se organizou por acaso, mas sim,
é fruto de relações entres os agentes que se alteram ao longo do tempo; não vem do nada essa
estrutura de dominação, na verdade ela é fruto de contrução histórica. Essa estrutura histórica é
composta por três aspectos que estão em mútua interação:

- Capacidades materiais: São as capacidades que garantem a sua capacidade de exercer poder perante
os demais. Podem ser duas: produtivas: tecnologias, cooperação entre Estados, comércio internacional;
e destrutivas: poder bélico, em suma.

- Ideias: Valores, visões, ideologias compartilhadas entre os Estados e indivíduos

- Instituições: Essas instituições são garantidores de normas, regras e também, por que não, a
dominação.

As instituições as ideias são intrinsicamente ligados e criam meios para os Estados possam administrar
conflitos com menor uso da força. Para além disso, por estarem intrinsecamente ligadas, as ideais
formam o imaginário e orientam a conduta dos indivíduos eas instituições garantem a manutenção e
disseminação dessas ideias. Temos então a hegomia apontada por Gramsci.

93. A dominação pela capacidade material é condição necessária, mas não suficiente para a
hegemonia de um Estado sobre outros.

94. Transformação na natureza dos Estados se dá a partir da dinâmica conflituosa interna aos
“blocos históricos” (alterações na estrutura de classes e nos processos produtivos), e essa
mudança na dinâmica interna dos Estados pode transbordar as fronteiras nacionais.

Tema 4 - Andrew Linklater


95. Se apega muito às normatividades da teoria e propõe de forma mais veemente a emancipação,
visando um mundo mais igualitário.

96. Acredita na possibilidade de formação de uma comunidade global regida por uma ética
cosmopolita, ou seja, uma sociedade de é ligada entre si e se identificam como tal, tendo como
critério que todos são humanos; não teríamos mais nações, Estados e etc. Cria que é função dos
teóricos, promover essa noção global, visando o cosmopolitismo.

* Kant cria fortemente nessa ética cosmopolita.


97. A crescente interconexão política, econômica e ambiental entre os Estados produz efeitos que
afetam potencialmente toda a humanidade. Um bom exemplo, é a própria questão ambiental,
que por conta do desmatamento, gera instituições e mobilizações internacionais para garantir o
freio desse perigo mundial. Logo, esses problemas que transbordam as fronteiras nacionais, ou
seja, que um único país não concegue contê-los, justifica e necessita a criação de uma sociedade
cosmopolita global, que adota os direitos humanos como guia.

98. Estudar tentativas históricas de criação de “convenções cosmopolitas de dano”: proteções


universalistas sem distinção de nacionalidade ou etnia, como, por exemplo, a guerra russo-
ucraniana deveria mobilizar (como de fato mobiliza) pessoas pelo mundo em prol de proteger o
lado vitimado e repudiar o agressor.

99. Prevê, então, que não devemos causar "dano" partindo do pressuposto da ética cosmopolita.

* São deveres negativos, pois nega de fazermos o "mal", e positivos, pois devemos incentivar e promover
as boas condutas.

100. Comunidade global esbarra em difenças morais e culturais entre as sociedades, e para
contornar essas diferenças e alcançar a sociedade cosmopolita, devemos recorrer à ética do
diálogo; proposta por Habermas.

Tema 5 - Principais contribuições da teoria crítica às RIs


101. Essa teoria é caracterizada pelo alto engajamento e crença na possibilidade que o
teórico de relações internacionais tem papel importante para desenvolver teorias visando mudar
o status quo; visado a emancipação.

102. Reconhece a natureza conflituosa entre Estado e indivíduos, e diz que esses desacertos
podem servir para iniciar uma mudança, de certa forma, revolucionária, na sociedade.

103. Recupera importância da história para as RIs (característica do materialismo dialético


hisórico).

104. Questiona a normatividade implícita nas teorias da área, pois ela é um fruto do contexto
em que foi criado, dos vieses do contexto histórico e do teórico. Sendo produto do pensamento
dominante, ela servirá, mesmo que implicitamente, para pertuação e disseminação dessas ideias
dominantes.

Andrew Linklater

105. Expande a agenda de pesquisa sobre diferentes formas de exclusão ou dano no cenário
internacional.

106. Possibilidade de pensar a democracia e o direito em uma perspectiva cosmopolita.

Robert Cox

107. Estimula a agenda de pesquisa sobre as transformações do capitalismo global e o papel


das ideias e das instituições nessas transformações.

108. Fudador do neogramscismo.


Aula 5 - O Pensamento pós-colonial e decolonial nas RI
Tema 1 - Raízes do pensamento pós-colonial
109. Assim como as demais teorias citada, essa advem de outras áreas do conhecimento.

110. Há dois possíveis sentidos ao termo pós-colonialismo:

- O mais óbvio, um período histórico posterior aos processos de independência de ex-coloniaseuropeias


na Ásia e na África;

- Autores, obras e teorias que fazem uma análise crítica da experiência do colonialismo e de seu legado
político, econômico, cultural e epistemológico para as ex-colonias.

111. Colonialismo, neocolonialismo e imperialismo : proximidades e diferenças:

- Colonialismo: dominação formal, territorial, onde um país é explicitamente subalterno à metrópole

- Neocolonialismo: dominação e subalternação da colonia à metrópole, mas é feita de modo indireto:


podem ser tratados, contratos e afins., e se aproxima e até conversa com o imperialismo;

- Imperialismo: é o neocolonialismo visando a expansão do mercado da metrópole sob outros países.


Acaba gerando a subalternação, também.

112. A abordagem pós-colonial se propõe a criticar a eurocentralidade da história e como


essa foi feita com base na visão do dominador, negligenciando a visão do dominado.

113. Esse colonialismo deixa-nos de herança uma epistemologia que atrapalha a


compreensão da história sob o escopo dominado.

114. Marcos importantes para o surgimento de uma abordagem pós-colonial:

- Conferência de Bandung, em 1955: reunião de países asiáticos e africanos que clamavam por não se
alinharem a nenhum bloco durante a Guerra Fria. Esses países recém tinha adquirido independência e
queria andar "por suas próprias pernas" nas RI.

- Reflexões teóricas e práticas políticas de figuras como Gandhi, Du Bois e Amílcar Cabral

- Tríade francesa: Césaire, Memmi e Fanon

- O livro Orientalismo (1978) do Edward Said, onde problematiza a forma como o Ocidente representa o
Oriente (Orientalismo); critica a esterotipação do oriente; e critica o pensamento de que o Oriente é
fruto do Ociente.

- Grupo de Estudos Subalternos, que reunia intelectuais de origem sul-asiática como Ranajit Guha e
Gayatri Spivak; problematiza a historiografia dominante sobre a Índia e restaurar as histórias suprimidas
pelo colonialismo; analisa os efeitos da relação entre colonizador e colonizado para a constituição da
identidade de ambos; a noção de “subalterno”; e a aversão do ocidental para com o oriental.

Tema 2 - Pós-colonialismo e RIs


115. Colonialismo, neocolonialismo, raça e escravidão nunca tiveram centralidade nas RIs;
sendo negligenciadas de fato, ao dar ênfase maior no papel dos Estados.

116. Problematiza fortemente o eurocentrismo no discurso da disciplina sobre o sistema


internacional. Por exemplo, o sistema de países-nação, é normativizado e é um processo
europeu: muitos países da África não tinham essa configuração entre si, mas foram moldadas
através da colonização.

117. Coloca a subalternação como foco da abordagem.

118. Evidencia como forças históricas não ocidentais foram fundamentais para a constituição
do Ocidente.

119. Diz que as teorias predominantes nas RIs são eurocentricas e negligenciam a dinâmica
de subalternação neocolonialista.

Tema 3 - A América Latina e o "giro decolonial"


120. Traz a proposta de "descolonizar" a América Latina, sob o legado colonial europeu
epistemológico.

121. Mesmo assim, acabam "bebendo" de fotos europeias como Foucalt, Derrida e Deleuze.

122. Expandem a perspectiva crítica que ja vinha da teoria da subalternação. Mas rompem
com ela e criam os estudos subalternos da América Latina, pois eles focavam, evidentemente
por serem asiáticos, no campo oriental (África e Ásia) explorado, negligenciando a América do
Sul.

123. Por conta de estudiosos que ainda se baseavam na visão eurocentrica (citado no
segundo item), houve uma ruptura entre os integrantes que abriu margens para novos grupos
como:

Grupo Modernidade/Colonialidades

124. Autores como o peruano Aníbal Quijano e o argentino Walter Mignolo

125. Cunha-se o conceito de "colonialidade", onde, tradicionalmente, a vemos como um fato


na modernidade (de certa forma, "dispensável" na constituição da modernidade), mas na
verdade, ela é fator determinante pra formação moderna. É uma coconstituição mútua.

126. A América Latina como primeira vítima do esquema colonial/imperial moderno.

127. Articulação entre divisão internacional do trabalho e hierarquia étnico-racial globalizada.


É uma expansão da teoria dos países centrais e periféricos, mas abrangem conceitos raciais.

Tema 4 - A Relação entre modernidade, raça e colonialidade


128. Quijano, quando cunha o termo "colonialidade", se refere ao processo contínuo dos
colaterais coloniais, tanto aos países centrais, quanto aos periféricos; pois a construção da
modernidade - e do capitalismo nos países centrais- se dá graças ao colonialismo, enquanto os
países periféricos são sucateados por conta da "herança maldita" do colonialismo. O sujeito
periférico já se dá subalterno graço à epistemologia eurocênterica.
129. A invasão e conquista europeia das Américas como início da formação de uma ordem
capitalista/ colonial global, criando a primeira "periferia" a ser explorada.

130. A mundialização a partir das Américas constrói novas formas de diferença que justifica a
exploração: o "Outro" tem uma raça inferior, portanto é passível de ser colonizado e subalterno.

131. Capitalismo institucionalizou o racismo na modernidade, fator esse, que permitiu seu
desenvolvimento a partir da exploração.

132. Cria-se uma normatividade no sistema internacional que justifica a dinâmica


exploratório enquanto legitima e institucional.

133. A colonialidade pode servir como norte pra entendermos nosso desenvolvimento,
modernização, democratização e contrução da paz, no cenário internacional.

Tema 5 - Colonialidade do saber e geopolítica do conhecimento


134. Quijano diz que a colonialidade, sobretudo, surte efeito e está enrraigada no saber,
poder e do ser.

- colonialidade do saber: efeitos do padrão global de poder oriundo do colonialismo sobre a produção
de conhecimento na modernidade, ou seja, validamos o ocidente (mais especificamente, a Europa)
como produtor legítimo de conhecimento. Mas o problema se encontra justamento na forma que esses
estudos se dão: estudos norteados pelo eurocentrismo, e feitos sobre os outros, ou seja, trata a outra
nação, cultura, etnia, como um mero objeto de estudo, ausente de características personalíssimas;
viramos passivos de nossa própria história.

* gera um racismo epistêmico, onde os subalternos não têm qualificação suficiente para produzir saber

135. Devemos, portanto, decolonizar o conhecimento, redescobrindo e revalorizando os


conhecimentos da periferia da ordem global, os saberes práticos e tradicionais

136. Temos a "geopolítica do conhecimento", onde o Norte produz conhecimento


academicamente aceito e propagado, enquanto o Sul produz apenas dados para pesquisa, sendo
assim irrelevantes na intelectualidade acadêmico-científica internacional.

Aula 6 - A nova Ordem Mundial e as Teorias das Relações


Internacionais
Tema 1 - O debate entre neorrealismo e neoliberalismo
137. Esse debate, também chamado de debate neo-neo, se cria no cenário da reformulação
das ditas teorias positivistas (liberal e realista), onde se revisa muitas premissas clássicas de
ambas vertentes, e há certa convergências entre as perspectivas.

138. Se propunham a analisar as características emergentes do sistema internacional em um


contexto de fortalecimento da globalização; boa parte, advento da Guerra Fria.

Neoliberalismo
139. A principal obra desta corrente é "Power and Interdependence (1977)", de Keohane e
Nye Jr, onde introduzem o conceito de interdependência complexa

140. Surge tentando explicar o advento da Crise do Petróleo, onde países pequenos
exportadores de petróleo, reduzem sua produção e selecionam seus compradores. Os realistas,
que davam ênfase total aos Estados, não puderam explicar como essa crise se desencadeou.

141. Vão além da concepeção de "poder" realista, pois, em um cenário onde a


interdependência econômica é crescente e de grande impacto, os Estados vão aos poucos
perdendo suas autonomia.

* Cunham também, os conceitos de sensibilidade e vulnerabilidade, que são métricas para saber o quão
autossuficientes são os Estados:

- Sensibilidade: um país sensível, em meio à crise, dispõe de mecanismos que o fará contornar a
situação sem ter de alterar sua política interna, por ex.

- Vulnerável: em contrapartida, um país vulnerável, é atingido fortemente em meio a imprevistos, tendo,


por vezes, de se individar demasiadamente e alterar suas políticas internas.

142. Crescente importância dos regimes e organizações internacionais.

143. As interações, pautas e etc., não possuem hierarquia entre si, e estão submissas à OIs e
comoção social, por ex.

Neorrealismo

144. A principal obra é "Theory of International Politics (1979)", de Kenneth Waltz, onde
introduz a estruta ou sistema internacional.

145. Diz-nos que o cenário internacional continua sendo anárquico, todavia, um Estado toma
sua decisão com base em sua posição hierarquica nessa estrutura. Encara o Estado como
imutável e monolítico, porém ele sempre agirá visando a autoajuda. Um Estado em alta posição
sistêmica, tem mais condição de alterar os demais em seus interesses.

* Waltz usa como métrica para ranquear os países o poderio militar, mas já começa a reconhecer a
importância de aspectos econômicos.

146. As OIs e, por conseguinte, os regimes, têm sua capacidade limitada: como são feitas por
Estados, acabam virando espaço para perpretar os interesses estatais através delas.

Tema 2 - O Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem Internacional


147. Ao contrário do que se cria, não há uma unidade de poder, pois surgem novos atores no
cenário intenacional, contestando a ideia de uma hegemonia norte-americana.

148. Reconfigura-se o cenário internacional de poder, pois temos diversas potencias no


sistema, e a distribuição desigual de poder. Temos potencias locais, que contribuem para o
continente, por ex., e acabam influenciando no cenário internacional.

149. Globalização acelera ainda mais a descentralização do poder, e temos o spillover de


temas internos dos Estados.

150. As naturezas do conlito bélicos passam por transformações: agora temos conflitos
intraestatais, também; ou seja, indivíduos x Estado.

* Podemos conjecturar que isso é fruto da globalização, onde os Estados perderam a eficiência em
manter a ordem e monopólio do poder, e as pessoas perceberam isso e se rebelaram. Há também a
possibilidade que essas pautas sempre existiram, porém, eram suprimidas, e agora têm um cenário ideal
pra florescerem.

- Conflitos nacionalistas e étnicos

- Novas ameaças à segurança internacional como o terrorismo

151. Nye traz a ideia de "xadrez tridimensional" para explicar as transformações


internacionais. São essas dimensões em ordem hierárquica:

- Militar;

- Econômica;

- Atores internacionais.

Tema 3 - Globalização e Estados Nacionais


152. Se dá a partir dos fluxos econômicos (financeiros, comerciais, investimento e de
tecnologia), mas também através do indivíduos componentes desse Estado, que geram uma
indentificação, parcimônia que corrobora para a interação

* Vale dizer que a discussão sobre globalização nos anos 90, não é sinal da existência a partir dessa
época, porque temos essa dinâmica desde que Estados passam a interagir econômicamente.

153. O comércio internacional cresce de 57 bilhões (pós-guerra) a 6 trilhões (final da década


de 1990).

154. Financeirização da economia, onde o capitalismo especulativo ganha muita força;


resumidamente, a ascensão do neoliberalismo. O Estado é muito reduzido e o mercado é o
regulador da economia. O problema é que, por ser um capitalismo "improdutivo", gera a
volatilidade do mercado, além da dificuldade fiscal para taxar essas transações.

* O neoliberalismo prevê a desigualdade social enquanto necessidade, e de fato, a acentua. O Estado,


por sua vez, deve aumentar a repressão para lidar com tal aumento de desigualde, que inevitavelmente -
resulta em criminalidade.

155. Crescente relevância das empresas internacionais.

156. Mesmo com toda essa descentralização, os Estados ainda importam, pois calcam as
políticas que serão sustentáculos à economia.

157. Gilpen diz que toda essa estrutura internacional, necessita de uma hegemonia para se
perpretarem.
158. Segundo Nye Jr., os Estados continuam sendo os únicos capazes de garantir segurança
física, bem-estar econômico e identidade comum aos cidadãos.

159. Globalização e cultura global: hibridismo e localização. Ao contato e mistura de cculturas


distintas, há uma sintese e cria-se uma nova cultura calcada nas anteriores.

Tema 4 - Globalização e Integração Regional


160. Com a ascensão do neoliberalismo, que criou uma dificuldade ainda maior à
competitividade internacional, conveio aos Estados juntarem forças em blocos para
aumentarem, em conjunto, seu poder, e garantir-lhes possições privilegiadas no sistema.

* Os liberais defendiam que essa cooperação era o ideal a ser efeito, enquanto os realista eram céticos a
respeito da possível perda de autonomia do Estado.

161. possíveis significado de regionalismo: abertura gradual à globalização ou estratégia de


defesa contra seus efeitos.

162. Há sempre uma tensão entre cooperar e manter autonomia.

163. Há a difculdade de artilação em parlamentos supranacionais, devido aos variados


interesses.

* obstáculos ao regionalismo: crises econômicas e migratórias, desigualdades entre países e ascensão


do nacionalismo

Tema 5 - Atores Transnacionais


164. A globalização, evidentemente, aumenta a interação de atores societais de diferentes
países; interações essas, que são muitas vezes rotineiras e despretensiosas, mas que acabam
fazendo política involuntariamente.

165. Essas interações estão além do alcance estatal, e tem capacidade de alteração sistêmica
de dentro pra fora; alterações epistemológicas, tambem, por que não.

166. Os neoliberais tecem fortes críticas à enfâse dos realistas no papel dos Estados em
detrimentos dos atores internacionais

167. Há a necessidade de alteração conceitual sobre política internacional, não olhando


somente para a Alta Política, mas, sobretudo na política cotidiana, onde tudo de fato é feito e
construído, abarcando os novos atores.

Atores Internacionais

168. Para ser classificado como um ator internacional relevante, ele deve ser capaz de
influenciar processos e esferas decisórias internacioanis, mesmo sem recursos bélicos.

169. Esses atores influenciam na agenda política internacional. Um bom ex. é a Black Lives
Matter que trouxe a pauta racial, de forma mais expressiva, ao mundo.

170. Há diferença entre empresas e organizações da sociedade civil, que influenciam neste
processo.

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