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I – VISÕES GERAIS
Contudo, isto não quer dizer que as relações políticas entre pessoas de
comunidades distintas deixaram de existir a partir do século XVII, nem
que, antes dessa época, tais relações não eram objecto de estudo de
outras disciplinas ou foco de formas estilizadas de prática da política. O
que antecedeu ao estudo das Relações Internacionais – como disciplina
orientada para determinar o fundamento político das relações entre
pessoas de comunidades distintas – foi o chamado “direito das gentes”
(jus gentium).
Com efeito, no caso das ciências sociais, a teoria não pode assumir a
natureza de conjunto de generalizações, dedutivamente ligadas entre si,
que possam ser demonstradas ou verificadas, ou de conjunto coerente
de proposições verificáveis e deduzidas de uma série de outras
proposições (postulados ou axiomas) admitidas como hipótese, que são
o que qualifica as ciências ditas exactas.
Observe-se, por outro lado, que não é forçoso que os teóricos dos vários
ramos de ciência recorram aos mesmos processos e instrumentos de
análise e a idênticos paradigmas. Não é de admirar, portanto, que os
Só que tal alargamento não tem sido feito de maneira unificada, tendo
antes sido alvo de posições bem diferenciadas. Por um lado Roger Pinto,
com maior preocupação pela posição considera relações internacionais
todas as relações de índole social em que os participantes ou o conteúdo
estão ligados a duas ou mais sociedades estatais. Há também uma
corrente – a do americano James Rosenau e seus seguidores – que acha
simplesmente que no conceito de relações internacionais é necessário
fazer incluir quaisquer situações que exercem a sua influência para além
do âmbito do Estado. Outro norte – americano, G. Schwarzenberger, já
referido, tomando a figura da sociedade internacional (em que inclui
indivíduos e grupos não-estatais) considera que o estudo das relações
internacionais é o ramo da sociologia que dela se ocupa, traçando a sua
evolução e analisando a sua estrutura. Há ainda quem encare as
relações internacionais fazendo apelo ao fenómeno “Facto social ”, para
afirmar que, embora os Estados estejam no centro da Sociedade
Internacional, qualquer manifestação de ordem social, mesmo a mais
anódina ou mais privada, pode, em certas circunstancias, ter efeitos
internacionais. Os que pensam dessa maneira acham que, em vez de se
estabelecer a existência de relações internacionais em si, mais valeria
falar da internacionalização dos factos sociais. Desse ponto de vista, a
Ciência das Relações Internacionais seria, pois, a ciência dos factos
sociais internacionalizados. Mas já é tempo de notar nas Ciências
Sociais, ao lado da teoria há, pelo menos a componente história e a
sociologia e, num caso ou noutro, também a disciplina da Doutrina.
Avaliando por relação aos Estados Unidos o poder dos outros grandes
países, calculou o valor 674 para a ex-URSS e 415 para a China.
Perspectivando o desenvolvimento provável até o ano 2000, conclui que
nessa data a China será a primeira potência do mundo, com um poder
duas vezes superior aos dos poderes reunidos da URSS e dos Estados
Unidos. Pensou que nessa data o Japão seria a quarta potência mundial
ultrapassando o poder reunido da Grã-Bretanha e da Alemanha.
Provocou então algumas inquietações, mas os factos inquietantes foram
progressivamente outros.
Os homens, para Hobbes, são, por instinto, egoístas, têm por objectivo
apenas a procura de meios que lhes garantam a felicidade, e a estes
meios Hobbes chama “poder”.
INTRODUÇÃO
2 - O IDEALISMO:
Foi a partir da Guerra dos Trinta Anos, que surgiram na literatura jurídica,
propostas de criação de estruturas de cooperação internacional
Kant que viveu numa época conturbada no plano das relações entre os
Estados preocupa-se, por outro lado, com a forma de evitar os conflitos
armados. Para ele, a guerra não poderá ser ultrapassada senão pelo
reconhecimento de um direito universal incorporado numa sociedade
civil universal. A razão prática irá então obrigar os homens a esforçarem-
se por ultrapassar o estado de guerra, por organizar a paz universal. As
provas porque terão de passar levá-los-ão a tentar sair do estado de
anarquia e entrar numa sociedade de nações.
Augusto Zimmermann *
1 - Considerações Iniciais
Kant escreveu relativamente pouco sobre política pragmática, mas a sua
notável excepção foi o ensaio acerca da Paz Perpétua (1795), quando
este filósofo alemão elaborou um consistente projecto de federalismo
mundial. Neste, ademais, postulou uma forma relativamente
democrática de governo, inserida no contexto republicano de
participação política, assim como de necessidade primordial do
desenvolvimento de um novo Direito Internacional, fundando em um
conjunto de normas superiores coercivas e oponíveis aos Estados.
Nos dias de hoje, observa Octávio Ianni em sua análise sobre o advento
a) Tese dualista
A concepção dualista, deriva do voluntarismo pluriestadual, devendo
sobretudo à Triepel e Anziolotti.
2. 2 - O REALISMO CLÁSSICO
A teoria realista que floresceu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra
em reacção ao moralismo utópico do estilo de política de Woodrow
Wilson rapidamente ganhou adeptos. O debate entre o realismo e o
idealismo ocorreu entre o final da Segunda Guerra Mundial e meados dos
anos 1950, sendo marcado pelo final da Guerra da Coreia (1953). A
resultante ascendência ganha pelo realismo influenciou homens de
estado como Dean Acheson, George Kennan e Henry Kissinger. O
realismo tornou-se assim uma importante referência teórica para a
política externa americana no período da Guerra Fria. Em outras
palavras, a teoria realista serviu para fundamentar a política externa
americana por muitos anos. Como disse Hoffmann:
A teoria realista que floresceu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra
em reacção ao moralismo utópico do estilo de política de Woodrow
Wilson rapidamente ganhou adeptos. O debate entre o realismo e o
idealismo ocorreu entre o final da Segunda Guerra Mundial e meados dos
anos 1950, sendo marcado pelo final da Guerra da Coreia (1953). A
resultante ascendência ganha pelo realismo48 influenciou homens de
estado como Dean Acheson, George Kennan e Henry Kissinger. O
realismo tornou-se assim uma importante referência teórica para a
política externa americana no período da Guerra Fria. Em outras
palavras, a teoria realista serviu para fundamentar a política externa
americana por muitos anos. Como disse Hoffmann:
O debate entre utópicos e realistas foi substituído por uma nova geração
intelectual que deu os seus frutos de cada lado da divisória original e sob
a forma de um debate renovado, desta feita entre neo-realistas e neo-
liberalistas. O elemento fulcral deste debate não é a discórdia acerca da
existência da anarquia, que aliás ambas reconhecem, mas antes o
significado e as implicações dessa anarquia, assim como a capacidade
de que dispõem instituições como as Nações Unidas, a Organização do
Tratado do Atlântico Norte ou a União Europeia para transcenderem as
características estruturais básicas do sistema internacional anárquico.
A) O Neo-realismo
O conjunto das críticas ao realismo, como se viu acima, é muito rico e
variado, tendo aberto o campo de estudos das Relações Internacionais
para uma ampla gama de questões. Mas, longe de significar um declínio
da visão realista da política internacional, essas críticas encorajaram um
depuramento conceptual daquela escola. Não apenas o realismo
manteve adeptos ao longo da década de 1970 (como mantém até
hoje), mas a Guerra do Afeganistão, que interrompeu o abrandamento
da Guerra Fria associado à Política da Détente, instaurou um ambiente
político propício para uma retomada dos argumentos realistas.
B) Neo-Liberal
Parecia, afinal, que Keohane havia conseguido ficar com o melhor dos
três mundos: manteve o pressuposto realista da racionalidade dos
estados ao mesmo tempo em que desqualificava extensamente a
“teoria da estabilidade hegemónica”; redobrou o rigor e o formalismo
analítico de suas proposições teóricas centrais, alinhando o seu discurso
com o estilo intelectual dominante na Ciência Política americana; e
confirmou orgulhosamente o argumento substantivo dos antigos
institucionalistas liberais, sem fazer concessões ao idealismo.
CAP. IV.
5.1 INTRODUÇÃO
Como bem evidencia este texto, Lenine considera “justa” a guerra que
visa libertar os povos oprimidos e dependentes. E declara que, tanto os
povos subjugados e oprimidos, como as classes exploradas e
dependentes, têm direito à revolta e a recorrer aos mecanismos
revolucionários para instituir sociedades socialistas e sem classes, única
forma de assegurar a paz política, económica e social entre as nações e
no interior de cada nação. Por isso se diz que Lenine inverteu o axioma
Por seu turno, Marcel Merle, que também rejeita as teses da escola
clássica, fez uma análise sociológica das relações internacionais com
base na perspectiva sistémica, tendo concluído que, no sistema
internacional, a acção dos múltiplos actores exerce-se através das
pressões e dos limites geográficos, económicos, culturais e ideológicos.
Para Merle, as forças transnacionais constituem actualmente elementos
importantes da vida internacional, na medida em que “o Estado” –
sublinha Merle – “surge geralmente como uma máscara que dissimula a
acção de numerosos actores secundários internacionais cujos governos
estão longe de controlar a acção. Qualquer que seja o interesse que o
estudo do equilíbrio de forças apresente, este estudo só relata uma parte
da actividade internacional porque assenta no postulado de uma
competição entre os actores que se presume agirem cada um deles
como um único homem”.
Estes pontos analíticos não têm porque se excluir uns aos outros, até
porque a compreensão dos processos e sistemas de tomada de decisões
ao nível nacional é essencial para compreender a interacção entre as
várias unidades nacionais do sistema internacional. Os realistas estruturais
concentram a sua preocupação ao nível de análise representado pelo
sistema internacional enquanto fonte de padrões de conduta de
importância fundamental. A estrutura afecta a forma de as unidades ou
agentes se relacionarem, ou interagirem, com os outros. Privilegiar o
processo nacional de tomada de decisões significa estudar aquilo que
pode identificar-se como um subsistema do sistema internacional. Deste
modo, a nossa atenção concentra-se particularmente naqueles
teorizadores cuja abordagem inclui o sistema internacional e os seus
subsistemas regionais.
Por sua vez, John Burton escreveu que o conceito de sistema implica
“relações entre unidades”. As unidades pertencem a mesma categoria,
Um sistema pode ser descrito através dos seus vários possíveis estados.
Pode ser estável ou instável e pode estar organizado de forma mais ou
menos escrita. Para desequilibrar um sistema estável é necessário exercer
um poder considerável; um sistema instável é mais precário, e o seu
equilíbrio é mais facilmente perturbável. Um sistema estável é capaz de
absorver novos componentes e de processar uma grande variedade de
dados (imputes) sem deixar de funcionar normalmente, de se ajustar à
mudança e de corrigir a sua conduta através de reacções apropriadas
a qualquer feedback (retroacção) negativo (isto é, informação relativa
a um desvio de percurso, como quando vamos na estrada e
processamos mentalmente toda informação que vai aparecendo com o
objectivo de evitar o trânsito difícil).
Os sistemas de menor dimensão (ou subsistemas) podem existir dentro de
sistemas mais abrangentes. Basta pensar por exemplo, num determinado
departamento dentro de uma faculdade ou instituto superior – Ciência
política, Relações Internacionais ou História – como subsistema dessa
faculdade ou instituto superior. Por sua vez, as faculdades ou institutos
superiores podem ser considerados como subsistemas do sistema
universitário global.
A Teoria dos Jogos tem merecido a especial atenção dos teóricos, uma
vez que a guerra normalmente se define e é parte integrante nos termos
do processo de decisão.
O que tudo isto tem que ver com as relações internacionais? Em primeiro
lugar deve ficar claro que as relações internacionais – ou o
funcionamento do sistema internacional – não podem ser
Numa outra crítica recente dos modelos de Allison, David Welch conclui
que os modelos do processo organizacional e da política burocrática
encerram princípios que se afastam dos factos da crise dos mísseis de
Cuba. Segundo Wech, a existência de rotinas organizacionais não é
suficiente para explicar o comportamento dos decisores encarregues da
imensa (e perigosa) tarefa de resolverem esta situação de crise. Na
medida em que entendem ser necessário, o presidente Kennedy e os
seus conselheiros desenvolverem respostas sem uma preocupação
Cada política
Antes dos dos atores
ajustes Cada política
(perseguida
políticos dos actores
independente
(perseguida mente dos
independente
interesses dos
mente dos outros) é vista
interesses dos
como
outros ) é vista São feitas tentativas
obstáculo para
como de ajuste de
obtenção dos
facilitadora políticas?
Si seus Nã
para a m objectivos o
obtenção dos
seus As políticas dos atores se
tornam significativamente
objectivos
mais compatíveis?
Si Nã
m o
Depois dos Harmo Cooperaç Discórdia
ajustes nia ão
políticos
Coisa do passado?
O estudo de regimes, como a maior parte da literatura de Relações
Internacionais, é consideravelmente americanizado, e, num
contexto de decadência do poder norte-americano e de todas as
suas instituições, cada vez mais perde o sentido discutir os regimes
internacionais.
Imprecisão
Poucas palavras em Relações Internacionais abrigam um debate
tão importante quanto a definição de um termo. Há autores que
divergem da noção de Keohane e afirmam que os regimes se
referem ao processo de decisão em trono do qual as expectativas
dos autores convergem, ora numa definição de como esta é
possível, ora ate que haja regimes sem cooperação (como se diz
que há entre Israel e Síria).
Preconceito de valor
A palavra regime é impregnada de valor, seja o do tipo dieta, seja
o do tipo politica, o regime de Estaline, ancien regime etc. Em
todos os casos, a palavra remete a uma ordem que ascende e cai.
Visão estética
Os regimes internacionais dão a impressão de ser algo, no sentido
semântico, estável, quase imutável, mas, na verdade, cooperação
e o quer que signifiquem os regimes são tudo, menos estáveis…
Estado-cêntrica
Por último e o mais importante, segundo Strange, a análise de
regimes dá demasiada ênfase aos países, ignorando as próprias
OIs, alem das ETNs, OINGs etc., o que, segundo ela, é ilógico, dado
o peso dos actores não-estatais nas relações internacionais
contemporâneas.