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Gênero e sexualidade na escola: desinformação

provoca polêmicas sobre o tema


As instituições de ensino devem ser um espaço de respeito às diferenças e de combate à violência, defende psicóloga
clínica, que abordará essa temática no programa Conversa de Professor na quarta-feira, 14

A sexualidade acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida. Mesmo assim, o tema ainda ainda é
um tabu, inclusive dentro das escolas. A psicóloga clínica e especialista em Estudos de Gênero pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Fernanda de Oliveira Alves, afirma que o assunto, dentro das
instituições de ensino, diz respeito ao espaço íntimo de cada pessoa.
“É o reconhecimento de limites entre o eu e o outro e também da forma de funcionamento do corpo”,
explica.
Na próxima quarta-feira, 14, Fernanda abordará a temática Gênero na escola: como dialogar com
nossas crianças? no programa Conversa de Professor, da Fundação Ecarta. A atividade iniciará as 19h ao
vivo pelo canal da Fundação Ecarta no Youtube.
Voltado aos professores que atuam na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, o
programa Conversa de Professor tem como objetivos o aprofundamento teórico, a ampliação de
conhecimentos, o debate sobre metodologias de trabalho em sala de aula e relatos de experiência. Pressupõe
também interação, diálogo, socialização. As inscrições são gratuitas.
Fernanda, que também atuou por quatro anos como coordenadora do Grupo de Apoio e Debates de
Questões LGBTQIA+ na UFSM, destaca que, assim como a sexualidade, as questões de gênero também não
estão distantes da vivência das crianças e adolescentes.
Apesar de ser um tema silenciado, de acordo com Fernanda, a escola tem papel importante na
formação do indivíduo e na discussão desses assuntos.
“Nada mais justo que a escola possa contribuir com essa constituição de si enquanto homem ou
mulher e dos valores que agregamos a isso. Além disso, a escola tem a chance de desenvolver uma educação
de gênero mais saudável e respeitosa às diferenças, evitando assim a disseminação da violência”, afirma a
psicóloga.
Sem nenhum amparo do Plano Nacional de Educação (PNE), as questões de gênero e sexualidade
são tidas como algo “privado, um assunto apenas para a família ou especialistas”, explica Fernanda.
Para ela, o professor que for levar este assunto para sala de aula precisa estar preparado para defender
a importância do tema em sala de aula. Neste sentido, Fernanda destaca como fundamental a formação
continuada dos professores na área.
Limite de idade
Além do autoconhecimento, as questões de gênero e sexualidade também promovem um olhar mais
atento e respeitoso com o próximo. Apesar de sofrer ataques, inclusive de políticos que se valem da ideia de
“ideologia de gênero”, este tema evolui junto ao estudante, explica Fernanda.
“Com a evolução da idade, se evolui também as experiências pelas quais esses alunos passam, as
realidades com que convivem e isso permite abrir outros debates, como o da orientação sexual, por exemplo,
falar sobre machismo e feminismo, ou seja, formas mais elaboradas de se pensar gênero e sexualidade”,
esclarece.
Em 2011, políticos da bancada evangélica fizeram forte oposição aos materiais didáticos do
Programa Escola sem Homofobia. O objetivo do projeto era combater a violência e a discriminação contra
pessoas LGBT nas escolas. Fernanda explica que as pessoas que levantam essas bandeiras acreditam que
“ensinar gênero na escola é o mesmo que produzir homossexuais e transexuais”.
“Não podemos negar que a população LGBTQIA+ existe. Propor esse debate na escola é só iluminar
o que já está lá, está no mundo, na cultura, na sociedade de forma geral, existindo e querendo viver com os
mesmos direitos que pessoas heterossexuais ou cisgêneras”, salienta Fernanda. Para ela, é inconcebível a
ideia de uma educação excludente.
Douglas Glier Schütz é estagiário de jornalismo. Matéria elaborada com supervisão de Valéria
Ochôa, edi

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